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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS

UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

LICENCIATURA EM FÍSICA

A HISTÓRIA DA TERMODINÂMICA E SUAS LEIS.

MARCOS MONTEIRO DOS SANTOS

ORIENTADOR: Prof. MSc. Renato Medeiros

ANÁPOLIS

Dezembro de 2012
MARCOS MONTEIRO DOS SANTOS

A HISTÓRIA DA TERMODINÂMICA E SUAS LEIS.

Monografia apresentada como Trabalho de


Conclusão do Curso de Licenciatura em
Física, para a obtenção do título de
Licenciado em Física pela Universidade
Estadual de Goiás.

ORIENTADOR: Prof. MSc. Renato Medeiros

ANÁPOLIS

Dezembro de 2012
Dedicatória

A minha esposa Edineide Cavalcante e às minhas filhas

Emilly e Evellyn.
Agradecimentos

 À Deus em primeiro lugar, pela perseverança que me deste e por colocar pessoas
maravilhosas no meu caminho para contribuir nesta jornada.

 Ao professor MSc. Renato Medeiros que me orientou com competência e seriedade.

 À minha esposa e filhas que me entenderam por todas as vezes que me fiz ausente.

 Ao meu amigo, sócio e irmão Jonas Monteiro por todo o incentivo, força e
contribuição em todas as horas.
 À Adailton Neres de Castro, pelo companheirismo, amizade e respeito no decorrer do
curso.

.
Resumo
Neste trabalho investigou-se fontes bibliográficas. Este tema foi escolhido devido à grande
necessidade por parte de interessados no assunto em encontrar material estruturado sob uma
forma lógica de cronologia e que seja acima de tudo fidedigna; objetivando elaborar um
material de apoio para pesquisas subsidiarias voltada para o ensino da Termodinâmica no
ensino médio, a qual pode ser mediada pelo uso da história da ciência, para contextualizar
princípios da Termodinâmica de forma mais significativa. Principiamos esta pesquisa
relatando acerca das contribuições mais remotas possíveis do desenvolvimento das máquinas
térmicas, passando pela revolução industrial, evolução do conceito de calor, relatos sobre a
vida de alguns de seus pensadores e culminaremos com a apresentação das leis da
Termodinâmica.

Palavras- chave: máquinas térmicas, calor, história da ciência, leis da Termodinâmica.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Eolípila 03
Figura 2 – Turbina de impulsão 05
Figura 3 – Evangelista Torricelli 06
Figura 4 – Blaise Pascal 06
Figura 5 – Christiaan Huygens 07
Figura 6 – Robert Boyle 07
Figura 7 – Marmita de Papin 07
Figura 8 – Esquema da máquina de Savery 09
Figura 9 – Esquema da máquina de Newcomen 09
Figura 10 – James Watt 11
Figura 11 – Joseph Black 13
Figura 12 – Máquina de Watt 14
Figura 13 – Regulador de Watt 15
Figura 14 – Ilustração da relação entre horse Power e Watt 16
Figura 15 – Revolução Industrial 16
Figura 16 – Edmund Cartwright 19
Figura 17 – Richard Trevithick 19
Figura 18 – Henry Cavendish 19
Figura 19 – Joseph Priestley 19
Figura 20 – Laurent Lavoisier 20
Figura 21 – Marquis de Laplace 22
Figura 22 – Calorímetro 22
Figura 23 – Rumford 23
Figura 24 – Humphry Davy 25
Figura 25 – Joseph Louis Gay-Lussac 25
Figura 26 – Julius Robert Von Mayer 25
Figura 27 – James Prescott Joule
27
Figura 28 – Hermann Ludwig Ferdinand Von Helmholtz
29
Figura 29 – Nicolas Léonard Sadi Carnot
31
Figura 30 – Livro de Carnot
31
Figura 31 – Representação gráfica da máquina de Carnot
34
Figura 32 – Rudolf Julius Emanuel Clausius
35
Figura 33 – Josiah Willard Gibbs
38
Figura 34 – Ludwig Eduard Boltzmann 38
Figura 35 – Walther Hermann Nernst
38
Figura 36 – Ernst Ludwig Plank
38
Sumário
Introdução..............................................................................................................................................1
A história da Termodinâmica...................................................................................................................3
1.1 A era de James Watt...................................................................................................................10
1.2 A Revolução Industrial................................................................................................................14
1.3 Teoria do Calórico......................................................................................................................18
1.4 Benjamin Thompson e os canhões.............................................................................................23
1.5 Equivalente mecânico................................................................................................................27
As Leis da Termodinâmica....................................................................................................................30
2.1 Postulado de Nernst...................................................................................................................40
2.2 Postulado de Planck...................................................................................................................40
Considerações Finais........................................................................................................................43
REFERÊNCIAS....................................................................................................................................44
Introdução
O ramo da física que estuda a energia em trânsito e como esta energia produz
movimento é o que conhecemos por Termodinâmica. Ela tem a sua origem firmada na
necessidade de se obter uma maior eficiência para as máquinas a vapor, esta denominação
contempla a face de uma ciência experimental que se trata de aparatos que funcionam
mediante a expansão do vapor de água.

A mais remota contribuição, mesmo que despropositada, foi a de Heron de


Alexandria, com a construção da (aeolipilae) eolípila, embora desconheça seu uso para a
produção de trabalho útil. No entanto estas informações se perderam no tempo e mais de um
milênio após começaram o borbulhar de idéia que de fato constituem um caminho inteligível
para a construção das máquinas térmicas.

Nesta pesquisa almejamos, trilhar este caminho histórico através de revisões


bibliográficas construindo um auxílio para a abordagem pedagógica contextualizada com as
biografias de alguns dos grandes nomes da termodinâmica, tendo como alvo facilitar o uso do
método de ensino mediado pela história da ciência para alunos do ensino médio.

Durante a história da humanidade, na concepção da termodinâmica acumularam- se


um grande número de fatos e nomes que marcaram diretamente ou indiretamente este ramo da
ciência, assim tem como alvo traçar uma linha do tempo estruturada com assuntos
fundamentais e peculiares ao ensino médio; uma vez que o PCN 1, BRASIL (2002 p.21)
orienta:

A História da Ciência tem sido útil na proposta de ensino, pois o conhecimento das
teorias do passado pode ajudar a compreender as concepções dos estudantes do
presente, além de também constituir conteúdo relevante do aprendizado.

Para então compreendermos o conhecimento cientifico como resultado de uma construção


humana inserida em um processo histórico e social.

As metas específicas a serem alcançadas focam o facilitar da vinculação dos conceitos


termodinâmicos aos contextos históricos de forma a humanizar estes conceitos, pois esta é
uma inovação para se construir um conhecimento suficiente e o que é mais importante
desencadearem um conexo com as atividades cognitivas do aluno. Quando se pensa na

1
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Parâmetros Nacionais Curriculares

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preparação de um plano de aula e seus prospectos de produção, no que tange as fontes de
auxilio, principalmente provindas da internet é repente o caos e fatalmente traz confusão por
variações nos resultados encontrados pelo simples fato da diversidade de informações que
assim divergem entre si; assim quando na pretensão de usar a história da Termodinâmica
também como as outras ademais é necessário entender que para obter êxito e agilidade e
preciso uma fonte confiável; e como conseguir boas informações histórias para a preparação
das aulas de Termodinâmica para o ensino médio?

É preciso entender que não existem ordens regulamentadoras que limitem o escrever
sobre o tema, e que existem alguns que se acham no poder de escrever inconsistências sobre a
física e na realidade são como meninos que brincam nas teclas de um piano, achando saber
tocar musica, mas quem achar a história da ciência recalcada de importância para merecer seu
escrever sobre o tema ao menos procure fazê-lo bem (MARTINS, 2001).

Neste ritmo ousamos com a ideia de fazer um apanhado histórico que se preze por
suas referências e busca de confiabilidade, passando pela concepção mais rústica das
máquinas térmicas envolvendo suas bases motivadoras e como seus resultados influenciaram
a sociedade da época demandando o início da era da revolução industrial; quais contribuições
surgiram, como surgiram e em que ordem surgiu para que hoje tivéssemos tantos benefícios
mediados por estas descobertas?

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Capítulo 1:

A história da Termodinâmica
Direcionando as mais remotas informações sobre a origem da Termodinâmica, somos
levados a considerar a contribuição de Heron de Alexandria, no século I a.C. 2. Heron era um
dos mais conhecidos na famosa biblioteca de Alexandria, onde se relacionava com grandes
como Arquimedes de Siracusa, Ptolomeu de Alexandria e outros, eles compartilhavam mais
de 500.000 pergaminhos científicos e filosóficos, hoje a cidade de Alexandria é a segunda
maior cidade do Egito PATERLINI (2003). Heron sem nenhuma pretensão científica constrói
o que poderíamos chamar de protótipo de uma maquina térmica, denominada de Eolípila
(Fig.1), esta era composta de uma esfera de cobre com dois dutos torcidos em forma de “L”
ligados a esfera nos extremos opostos, então quando colocada água no interior desta esfera e
sustentada por um tripé sobre o fogo, a água se fazia em vapor e assim saía pelos orifícios dos
dutos que em direções opostas proporcionavam um movimento de rotação.

Figura1 Fonte:<http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Aeolipile_illustration.png>

Como não havia um propósito científico para esta descoberta, Heron, deixa sua
contribuição em forma de relatos que se perdem no tempo, pois a sociedade daquela época
usufruía da mão de obra escrava, logo não havia cogitações de ter aparato que fizesse ou ao
menos amenizasse o trabalho que um escravo fazia.

Os conhecimentos empíricos advindos dos diversos tipos de mudanças que acontecem


nos corpos quando são submetidos a aquecimentos ou resfriamentos foram ao longo dos anos
sendo observados e assim se posicionando como alvo de estudo de grande interesse; Cláudio
Galeno (129-200 a.C.) foi um médico grego que esteve pesquisando nesta área e propôs
segundo pensamentos aristotélicos, a existência de quatro graus de temperatura partindo de
um ponto neutro considerado pela mistura de medidas equivalentes de gelo e água fervente;
2
Existe uma grande dificuldade de estabelecer a data em que ele viveu.<http://www-history.mcs.st-
andrews.ac.uk/Biographies/Heron.html>

4
também admitia que cada indivíduo portasse uma temperatura própria e quando o mesmo
estava doente esta temperatura sofria uma alteração, seu conceito estava associado às
sensações de quente e frio (SANTOS, 2002). A conceituação de temperatura foi debatida
entre os filósofos naturais como Aristóteles (384-322 a.C.) que concebia o quente e o frio
como duas das quatro qualidades primarias da matéria; Galeno era um médico então afirmava
que o temperamento se restabelecia com a medicação e este era o grau legitimo de calor ou
frio (MÜLLER, 2007).

A história da termometria desenvolveu-se de forma conturbada devido sua construção


ser embasada em consequências e das reflexões feitas sobre fenômenos do dia a dia.

Considera possivelmente a construção do primeiro instrumento de medição para


temperaturas sendo inventados por Galileu Galilei (1564-1642) em meados de 1592, estes
instrumentos tomaram nome de termoscópios apenas a partir dos anos de 1617, e ainda
resguardou-se da intitulação de termômetro até este nome ser usado por um matemático
Frances Jean Leurechon (1593-1670) na sua obra La Récréation Mathématique.
(SANDFORT, 1962).

Em meados de 1601, Giovanni Baptiste Della Porta (1535 -1615), nascido em


Nápoles, na Itália, descreve em seu livro Pneumaticorum a possibilidade de se conduzir água
de um nível mais baixo para um nível mais alto usando uma câmara com vapor a ser
condensado, no entanto havia outros estudiosos que tinham a compreensão do fenômeno, mas
embora houvesse sido patenteado um aparato desta forma nada se sabe sobre este dispositivo
(BRITANNICA, 2012).

Segundo Sandfort (1962) Giovanni Branca (1571-1642), arquiteto italiano, imagina


algo diferente da ideia Heron para o funcionamento de uma turbina de impulsão (Fig.2), neste
princípio o vapor a alta pressão passa por um duto estacionário a qual colide com as lâminas
da turbina proporcionando assim uma rotação para fazer trabalho, mas não é certa a
construção desta máquina, porém de todo caso as percas seriam muito grandes
desfavorecendo assim seu projeto, logo então ficou esquecido. “This method of applying the
force of steam has no analogy to any application of steam in modern engines” (Este método
de aplicação da força do vapor não tem analogia a qualquer aplicação de vapor de água em
motores modernos) (LARDNER, 1909p.21).

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Figura 2: Fonte:http://en.wikipedia.org/wiki/File:BracaDampturbin.jpg

Nesta época de plena efervescência de descobertas científicas bem sucedidas ou não, a


construção dos termômetros se destacou possibilitando medições térmicas mais precisas e
também trabalhos para a determinação de grandezas como: coeficiente de dilatações, pontos
de fusão e ebulição de alguns materiais; em 1643 Evangelista Torricelli (1608-1647) (Fig.3) e
Blaise Pascal (1623-1662) (Fig.4) estudando as propriedades do ar e da água, desenvolveram
o barômetro, instrumento usado para medir a pressão atmosférica, foi observado que:

Além de demonstrar a existência do vazio, o ponto mais importante da chamada


experiência de Torricelli foi à proposição de que a atmosfera era finita, pois a
pressão exercida era exatamente aquela decorrente do peso do ar. Blaise Pascal
efetuou diversas "medidas" com a coluna de Torricelli, e as fez realizando o
experimento repetido várias vezes, à medida que subia uma montanha. Assim, ele
demonstrou que, à medida que a altitude se tornava maior, menor era a altura da
coluna de mercúrio. Tal ideia constitui-se no princípio de funcionamento do
barômetro (PIRES, 2010, p.30).

Ficou estabelecido nesta época que em um líquido em repouso ou equilíbrio, as


variações de pressão transmitem-se igualmente e sem perdas para todos os pontos da massa
líquida (princípio de Pascal). Este é o princípio básico do funcionamento do macaco
hidráulico. Pascal foi homenageado com a unidade de pressão. (Pascal: 1 Pa = 1 N/m²).

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Figura 3 Figura 4

Fonte fig.3: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro: Libr0367.jpg


Fonte fig.4: http://www.uff.br/revistaleph/N1_7/numero_01/blaise_pascal.jpg

Após Heron de Alexandria começaram aparecer alguns trabalhos com o vapor d’água,
mas desta vez com a ideia de se usufruir as potencialidades desenvolvidas; Denis Papin
(1647-1710) professor de matemática e inventor francês nascido em Blois na França, pioneiro
do conceito da transmissão pneumática, inventou máquinas movidas a pressão atmosférica e a
vapor, tornando-se também um dos pioneiros dos estudos do vapor. Foi educado na escola
Jesuíta de Blois, entrou para Universidade de Angers (1661) e graduou-se em medicina
(1669). Papin não foi bem sucedido na medicina e foi para a Inglaterra.

[…] where the celebrated Boyle associated him in several of his experiments with
the air pump [...] (onde se associou ao célebre Boyle em várias de suas experiências
com a bomba de ar) (LARDNER, 1909 p.37)

Seu interesse nesta área cresceu quando ajudou Christiaan Huygens (1671-1674)
(Fig.5) e Robert Boyle (1627-1691) (Fig.6) em experimentos com uma bomba de ar, assim
em 1679, inventa o que se chamava “marmita de Papin” (Fig.7), um protótipo da estimável
panela de pressão na qual consistia de um cilindro de ferro fundido com uma tampa
apropriada hermeticamente e uma válvula de segurança posteriormente desenvolvida, era
conseguida com isso uma alta pressão, assim o ponto de ebulição da água aumentava de forma
considerável.

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Figura 5 Figura 6

Figura 7

Fonte fig.5: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro: Christiaan-huygens4.jpg


Fonte fig.6: http://www.crystalinks.com/robert_boyle.jpg
Fonte fig.7: http://salesol.files.wordpress.com/2010/05/mar1 jpg

Após uma década (1689) Papin inventa uma máquina centrífuga que é, nada mais nada
menos, que uma bomba de sucção para elevar água de um nível baixo a outro mais alto, era
uma máquina constituída de um único cilindro que servia também como caldeira, colocava
determinada quantidade de água na parte inferior do cilindro e aquecia-se até produzir vapor.
A pressão do vapor empurrava um pistão acoplado ao cilindro, enquanto eliminava a fonte de

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calor da parte inferior. À medida que o cilindro se esfriava, o vapor se condensava e a pressão
do ar na parte externa ao pistão exterior o empurrava novamente para baixo. (INFOPÉDIA,
2012), nesta mesma época ele escreve um artigo (De novis quisbundam machinis) relatando o
funcionamento da bomba entre outras observações sobre a utilização do vapor para produzir
movimento.

Embora Papin tenha trabalhado como colaborador Huygens e de Boyle em seus


estudos sobre o vácuo e ganhado muita experiência, feito considerações sobre a construção de
submarinos, como conservar alimentos sob o vácuo entre outras publicações científicas e por
ser admitido na Royal Society ele se tornou celebre mesmo foi por ser o primeiro a ter a
concepção da força elástica do vapor que fora aplicada na “marmita de Papin” (INFOPÉDIA,
2012).

Apesar de Papin ter construído uma máquina térmica, seu trabalho não teve uma
utilidade prática, entretanto seus estudos e ideias puderam influenciar trabalhos de inventores
como o Thomas Savery (1650-1716), engenheiro inglês que em 1698 se tornou o primeiro a
construir uma máquina a vapor de real utilidade prática.

A princípio a madeira era utilizada para, através da queima, aquecer as residências


durante o período do inverno e também ser utilizada nas indústrias que iam se instalando. A
utilização sem controle da madeira provocou uma devastação muito grande das florestas,
principalmente na Inglaterra. No século XVII, já não havia mais madeira suficiente para o
consumo; e então recorreram ao carvão de pedra (mineral).

Nesta época de grande devastação nas florestas, a Inglaterra estava criando um grande
problema, pois passara a usar uma nova fonte de energia que era a do carvão mineral extraído
nas minas; nestas minas de extração do carvão, frequentemente era enfrentado o problema de
alagamentos; a retirada desta água era feita manualmente ou até mesmo com manejo de
animais o que constituía-se um problema para os mineiros. Savery desenvolveu um
dispositivo que produzia um vácuo pela condensação do vapor d’água, ao acoplar um duto a
este dispositivo ligado a mina alagada, o mesmo sugava a água devido uma formação de
vácuo, (Fig.8) Savery pode então proporcionar um grande auxílio aos trabalhadores das
minas, assim ficou conhecido como o “amigo do mineiro”, sua ideia foi patenteada e obteve
grande êxito embora trouxesse riscos, pois poderia explodir por utilizar vapor à alta pressão
(LEILA, 2012).

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Figura 8 Figura 9

Fonte fig.8: http://www.feiradeciencias.com.br/sala08/image08/08_HC_01_02.gif

Fonte fig.9: http://www.feiradeciencias.com.br/sala8/image08/08_HC_01_03.gif

No entanto além de não oferecer segurança, consumia muito carvão para gerar vapor e
era ineficiente para as minas muito profundas (GREF, 2012); mesmo com as imperfeições
desta máquina, Savery obteve sua patente por longos 35 anos com grande sucesso comercial
sendo utilizada em larga escala. Savery publicou vários livretos contendo suas invenções, e
aproveitou o nome carinhoso que lhe foi atribuído para titular um deles “amigo do mineiro” o
qual descreveu o funcionamento de sua máquina e como ela deveria ser manipulada pelos
mineiros (MARCO BRAGA et al., 2005).

Pensando em resolver os problemas que a máquina de Savery trazia aos usuários


Thomas Newcomen (1663-1729) ferreiro e mecânico inglês, em 1705 aperfeiçoa a máquina
de Savery construindo cilindros, pistões e uma caldeira de dimensões consideráveis, tanto
pistões quanto cilindros foram polidos a fim de que se ajustassem, quando o vapor se
expandia elevava o pistão, e por causa de um resfriamento havia a formação de um vácuo e
em consequência a pressão atmosférica baixava o pistão formando assim um movimento
sucessivo numa espécie de vaivém dos pistões (QUADROS, 2008), (Fig.9) Newcomen contou
com a colaboração de John Calley (1663-1717) que era um encanador e vidraceiro, para
construir sua ideia que fora embasada com similaridades em Della Porta e Savery
(SANDFORT, 1962).

A máquina de Newcomen tinha vantagens inovadoras que consistiam da caldeira


independente do cilindro, a forma de transmissão de movimento, além da composição móvel
1
de um pistão que a princípio resolvia as desvantagens da máquina de Savery embora as
válvulas existentes devessem ser fechadas manualmente. Toda esta mudança era de
representável sucesso, mas sua invenção ficou detida legalmente pela patente requerida por
Savery e não pode ser utilizada em escala comercial até meados de 1730, mas após esta
patente ser expirada seu trabalho teve grande êxito comercial, não só na Inglaterra como
também em requeridas exportações para outros países. Apesar de todo o sucesso da máquina
de Newcomen uma considerável parte de calor era desperdiçada quando a água usada para
condensar o vapor também resfriava o cilindro, tornando ainda baixa a eficiência desta
máquina.

Newcomen contou com aprimoramentos de Jonh Smeaton (1724-1792), inglês


conhecido como “o pai da engenharia civil” por estar dedicado a projetos de várias
construções de pontes, portos, além de sua habilidade nesta área ele também tinha bom
entendimento no que conhecemos hoje por engenharia mecânica, isso pode em muito
contribuir para melhoria na máquina de Newcomen, não fazendo mudanças no funcionamento
básico da máquina, mas aperfeiçoando na precisão dos pistões e balanceamento, o que fazia
com que o rendimento da máquina fosse bem maior; embora Smeaton se intitulasse como
primeiro engenheiro civil o reconhecimento formal desse título foi dado a Thomas Tredgold
(SANDFORT, 1962).

1.1 A era de James Watt

Assim como Smeaton utilizou suas habilidades para trazer benefícios a máquina de
Newcomen, James Watt (1736-1819) (Fig.10) um jovem escocês nascido em Greenok numa
família de professores, empreiteiros e construtores de instrumentos, havia ido trabalhar e
estudar em Londres (QUADROS, 2008), mas ao retornar a Escócia se tornou um funcionário
da universidade de Glascow para trabalhar como construtor de instrumentos onde, em 1764,
recebera em suas mãos uma missão de consertar uma máquina de Newcomen, que na verdade
seria mesmo um protótipo usado para dar aulas (SANDFORT, 1962).

1
Figura 10

Fonte:http://sites.estvideo.net/college.anne.fr/dossier2/images2/images_copains_d_albert/image08_02_portrait_watt.g

Segundo Sandfort, Watt tinha grande prestígio na universidade onde trabalhava e


apresentava respeitáveis apontamentos sobre ciência e foi honrado como eminente cientista e
engenheiro.

Ao reparar os danos na máquina de Newcomen, Watt nota que as avarias eram


causadas por alguns problemas que faziam com que houvesse além de estragos um grande
desperdício de vapor (que custava muito dinheiro para ser produzido) (MEDINA;
NISENBAUM). Nesta época Watt tinha conhecido um professor e cientista chamado Joseph
Black (1728-1799) (Fig.11), e compartilhando ideias deu instruções a Watt sobre as
propriedades do vapor d’água; Watt começa então a analisar as perdas de vapor em cada fase
da máquina de Newcomen e propõe estruturá-la para diminuir estes desperdícios, em suas
tentativas ele usou diferentes materiais para construir revestimentos para os cilindros da
máquina e até consegue utilizando madeira passada por um processo de tratamento, mas não
se torna viável, pois a madeira não tinha resistência o suficiente e rachava. (QUADROS,
2008).

Watt estava intrigado com o sistema de Newcomen, pois o vapor que ficava contido
no cilindro precisava ser condensado para assim produzir o tão desejado vácuo que era
utilizado para bombear água, mas quando isto era feito por intermédio de injeção de água, o
cilindro se esfriava e a máquina perdia potência para reaquecê-lo no ciclo seguinte; então ele
se dispõe a encontrar uma medida exata de água para condensar o vapor de forma que esta
quantidade não resfriasse o cilindro. Segundo Quadros (2008), ele consegue fazer isto e a
máquina se torna econômica, porém diminui muito sua eficiência; Watt com suas experiências
chegam ao resultado de uma teoria de Joseph Black em 1750, na qual ele denomina o calor

1
latente como certa quantidade de calor necessária para que a matéria complete a transição de
fase.

Figura 11

Fonte:http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/6/62/Joseph_Black_b1728.jpg/491px-
Joseph_Black_b1728.jpg

Estava difícil para Watt conceber a ideia de um único cilindro que deveria estar ora
quente e ora frio com um tempo mínimo de alternância, então ele tem a ideia de separar o
sistema de condensação do cilindro de trabalho, fazendo com que o vapor d’água fosse
empurrado antes da condensação e a água condensada fosse então bombeada novamente para
a caldeira, com isso Watt resolve a questão das perdas de calor na máquina de Newcomen,
além de outras melhorias como a introdução de sistemas de válvulas fazendo com que o
êmbolo pudesse funcionar em ambos os tempos (subida e descida) (MÜLLER, 2007).

A máquina de Watt (Fig.12) vai além de um a bomba de extrair água da minas, pois
ele consegue converter em rotação o movimento dos pistões e assim aplicá-lo a rodas de fiar,
teares e posteriormente a navios, locomotivas entre outros. Watt desejava construir sua
máquina e isso requeria equipamentos e dinheiro.

Segundo Müller (2007) foi John Roebuk (1718-1794) quem se tornou o primeiro
parceiro de Watt, após algum tempo Mathew Boulton (1728-1809) se torna também um
parceiro e juntos fundam a empresa Boulton& Watt para produzir em 1775 a máquina a
vapor. Ambos eram visionários e a princípio não vendiam suas máquinas apenas as
instalavam com acordo de receberem a proporção de combustível economizado em relação às
máquinas de Newcomen e até mesmo as pastagens quando se era utilizado animais para
realizar o trabalho, o que era bastante comum na época (SCALON, 2006). Em 1788 Watt
inventa o regulador de Watt, que apresentamos a seguir (Fig.13):

1
Figura 12

Fonte: http://www.tecnologias.us/IMAGENES/watt%2maquina%20de%20vapor.png

Figura 13

Fonte:http://mecfunnet.faii.etsii.upm.es/Xitami/webpages/REGODIS.gif

O problema de Watt era manter o fluxo de vapor constante através de um tubo,


mesmo com variações na pressão da caldeira de vapor. Como conseguir isso?
Primeiro, desviava-se uma pequena parte do fluxo de vapor para um tubo
secundário, no qual se localizava um dispositivo com duas bolas balanceadas que
girava conforme o fluxo de vapor no tubo secundário. Se este fluxo aumentasse, as
bolas se afastavam devido à força centrífuga; se o fluxo diminuísse, as bolas se
aproximavam. Este movimento das bolas resultava na subida ou descida de um
pequeno eixo, que estava acoplado a uma válvula no tubo principal de vapor.
Assim, o aumento de fluxo resultava num fechamento da válvula, restabelecendo o
fluxo desejado; uma diminuição do fluxo levava a uma maior abertura da válvula.
Este mecanismo de retroação garantia a estabilidade da máquina a vapor. Note que
apenas uma pequena parcela de energia era retirada do fluxo principal, mas quando
seu efeito era re-alimentado à tubulação principal, a consequência era uma alteração
possivelmente grande no fluxo de energia (Pessoa, 2001).

Watt teve a ideia de relacionar a potência de sua máquina com o poder de tração dos cavalos
ao puxarem as cargas de dentro das minas de carvão, então observa que um cavalo gastava 1

1
minuto para elevar a uma altura de 0,3048m uma carga de 14,98kg ver (Fig.14), deixando
assim definido o (Horse Power) que posteriormente é aceito no SI como 1HP (horse power) =
745,6987158227022 W(watt) (INFOPÉDIA, 2003; MÜLLER, 2007); e o CV(cavalo vapor)
que também tem um valor muito aproximado do HP só que em relação a tração de 75 Kg com
um valor igual a 735,49875W, e atualmente é muito usado para classificar a potência dos
motores automobilísticos.

Figura 14

Fonte:http://www1.appstate.edu/dept/physics/labs/QuickGuides/images/horsepower_1.jpg

Em meados de1790 Watt estava interessado em saber como a pressão variava com
a posição do pistão dentro do cilindro, então ele desenvolveu um aparato a qual ele chamou de
indicador de Watt (BALMER, 2011), que é um cilindro revestido de papel milimetrado que se
move sobre um eixo vertical acionado pelo movimento produzido pelo pistão e esta rotação é
proporcional ao volume ocupado pelo gás dentro do cilindro com isso é registrado no papel as
variações entre a pressão e o volume ocupado pelo gás (RAPIN; JACQUARD, 1997). Em
1800 Watt havia implantado alguns sistemas de engrenagens em suas máquinas, conseguindo
várias melhorias e já contava com uma grande eficiência que ultrapassava seus 1000 HPs
(SERRANO, 2009) As máquinas de Newcomen não competiram em eficiência e Watt vendeu
suas máquinas alcançando um grande sucesso pra época que o levou a ser além de tudo um
homem rico(QUADROS, 2008).

1.2 A Revolução Industrial


A retirada da água que alagava as minas de carvão mineral foi a problemática que
moveu a situação do processo de produção da manufatura para a maquinofatura, uma vez que

1
a busca da resposta para esta questão conduziu cientistas a construírem máquinas que em
certo momento chegaram ao modelo de Watt, ele foi quem pode através de suas ideias obter
um rendimento relativamente bom para aquela época e com sistemas de engrenagens
transformar este movimento em rotação que por sua vez podia ser aplicado as mais variadas
áreas. Estas aplicações estiveram no contexto histórico do desencadeamento da revolução
industrial (Fig.15).

Figura 15 Fonte:http://pessoal.educacional.com.br/revolu
%C3%A7%C3%A3o%20industrial%20prim%C3%B3rdios.jpg

A revolução industrial não foi um evento repentino e é muito importante saber o


porquê aconteceu esta mudança e por que aconteceu neste período em particular do
desenvolvimento das máquinas térmicas. As ideias por trás da máquina a vapor foram
discutidas por vários cientistas, mas Watt através de sua habilidade na construção de
instrumentos científicos e seu interesse pelo assunto fez com que trouxesse melhorias praticas
levando a máquina a vapor a ser a precursora de uma era marcada pela aplicação de sua
invenção; estas aplicações na sua maior parte foram feitas por homens comuns em seus
próprios ramos de trabalho, e não por cientistas; como exemplo o tear, na área têxtil, que fora
adaptado por Edmund Cartwright (1743-1823) (Fig.16) que teve marca crucial na revolução
industrial (MORE, 2000). “Thus Watt’s machine became the motor of the industrial
revolution.” (Assim a máquina de Watt tornou se o motor da revolução industrial) [Müller,
2009, p.49].

1
Figura 16 Figura 17

Fontefig.16:http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/c/c2/Edmund_Cartw.
jpgCartwright_2.jpg
Fonte fig.17: http://www.moorerail.com/stockton/images/rich_trev.jpg

Este período chamado de Revolução Industrial teve como país pioneiro a Inglaterra e é
a passagem da manufatura à maquinofatura, do sistema doméstico para o de fábrica, além das
aplicações na área têxtil, como a adaptação de Edmund Cartwriht nos teares, também houve
adaptações para máquinas de fiar, nas lançadeiras aumentando consideravelmente a
produtividade das indústrias têxteis; a indústria do aço também contribuiu de forma
indispensável para alavancar a revolução industrial, pois assim foi possível fazer cada vez
mais peças duráveis e próprias para as máquinas a vapor.

Entre tantas contribuições, o desenvolvimento conjunto das indústrias de aço e das


máquinas a vapor trouxe através do inglês Richard Trevithick (1771-1833) (Fig.17) a
invenção da carruagem movida a vapor em 1801 (BALDOW; JR, 2010); que posteriormente
em 1805 inaugurou uma locomotiva a vapor testada numa mina de carvão puxando setenta
homens em cinco vagões a uma velocidade de 8km/h por longos 15km. (DONOSO, 1994)
Nesta época a área dos transportes já havia tido algum desenvolvimento por volta do ano 1787
John Fitch (1743-1798) tinha construído um barco movido a vapor, mas o primeiro navio a
fazer uma viagem usando apenas vapor foi o Sirius em 1838 cruzando o canal da mancha
(BALDOW; JR, 2010).

Transcrevemos a seguir benefícios que estavam chegando, conforme (BURNS, 1975):

“A revolução industrial não só ampliou ainda mais a esfera dos grandes


empreendimentos comerciais, mas ainda se estendeu aos domínios da produção.
Tanto quanto é possível reduzí-la a uma fórmula sintética, pode-se dizer que a
revolução Industrial compreendeu: 1) a mecanização da indústria e da agricultura; 2)
a aplicação da força motriz à indústria; 3) o desenvolvimento do sistema fabril; 4)
um sensacional aceleramento dos transportes e das comunicações; e 5) um

1
considerável acréscimo do controle capitalista sobre quase todos os ramos de
atividade econômica.” (p.89)

Todo este conhecimento na área das máquinas térmicas se relacionava agora de forma
íntima com o aspecto histórico da humanidade, pois conduzia gradativamente a uma nova
forma de sociedade. Enquanto isso acontecia uma grande mudança na forma de trabalho, já
estava acontecendo, artesãos que dominavam a produtividade em sua totalidade se viam agora
regidos por um sistema subdividido de trabalho. As conquistas tecnológicas fizeram com que
a produção artesanal não prevalecesse contra a fabril, e os trabalhadores artesãos levados ao
sistema de trabalho assalariado onde perderam o controle de sua produtividade e passaram a
submeter-se ao que conhecemos hoje por controle capitalista. Ao lado dessas questões,
precisamos colocar em pauta que a revolução industrial também trouxe a facilidade de
organização dos operários, capacitando-os a usar o poder da ação coletiva para obter salários
mais altos e, por fim, a melhoria das condições de trabalho, que na época eram precárias onde
os trabalhadores eram sujeitos a lugares pequenos abafados e sem estrutura higiênica. Além
disso, é incontestável que as classes inferiores foram beneficiadas pela baixa de preços
decorrente da produção em massa.

Estas transformações que tiveram peso fundamental nos processos de produção, na


qual acabamos de relatar, foram consequentemente responsáveis por valiosas inovações no
setor têxtil, aumentando grandemente a produtividade (MORE, 2000). Ainda Segundo
(MORE, 2000 p.3) a produção agrícola e de serviço se expandiu bastante neste período da
revolução industrial a qual ele diz implicar em industrialização, pois ambos geram
crescimento e expansão relativa aos outros setores, em contrapartida temos a Grã-Bretanha no
sec. XIX que passa por um período de industrialização, mas a produção agrícola continua em
queda.

O aperfeiçoamento da máquina a vapor trouxe também um desenvolvimento


excepcional na extração do carvão, ferro como na produção de derivados têxteis entre tantos
outros. No desenvolvimento da máquina a vapor, as reservas de energia estavam, em grande
parte, à mercê das variações climáticas. No decorrer das secas, o abaixamento do nível dos
rios forçava os moinhos a limitar suas atividades ou até mesmo restringí-lo completamente.
Os navios, em suas viagens oceânicas não conseguiam fazer seu percurso em um tempo hábil
e atrasavam várias semanas por falta da força do vento, mas com as devidas adaptações a
máquina de Watt revoluciona o transporte, possibilitando o desenvolvimento do comércio
abrindo oportunidades na comercialização tanto quanto na produção, que passara da
1
manufatura a maquinofatura, montando nações industrializadas com potencialidades de
grande riquezas e poder (BURNS, 1975).

1.3 Teoria do Calórico

Toda etapa de construção da máquina a vapor e todos os constituintes de sua formação

foram muito importantes para o desenvolvimento da Termodinâmica. Entretanto, no momento

em que acontecia a construção destas máquinas havia uma teoria que prevalecia como

verdadeira:

É geralmente atribuída ao médico e químico alemão George Ernst STAHL (1660-1734)


a criação da teoria do flogisto, um princípio material responsável pela combustibilidade
das substâncias. Na realidade essa teoria foi proposta em 1669 pelo alquimista, também
alemão, Johann Joachim Becher(1635-1682), num livro intitulado “Physica
Subterrânea”. Esse princípio seria talvez uma mistura dos conceitos de fogo aristotélico
e de enxofre alquímico. Stahl, no início do séc. XVIII, quando professor de medicina na
Universidade de Halle, retoma as ideias de Becher e, em1703 na obra “Specimen
Beccherianum” promove o flogisto considerando-o um princípio inflamável. Afirma
que qualquer metal é formado pela combinação de uma matéria terrosa (que se designou
por “cal”), variável consoante o metal, com uma substância (o dito flogisto) que é
sempre a mesma. A palavra “flogisto” derivou do grego phlogistós, que quer dizer
"passado pela chama"; A combustão era então explicada como o resultado do fato do
flogisto abandonar a matéria que estava a ser queimada, indo para o ar; quando um
metal é queimado, o flogisto abandona-o deixando as cinzas, que já não possuindo essa
substancia deixa de arder (BRITO, 2008 ,p.52).

O flogisto era assim definido como um componente intrínseco dos materiais


combustíveis. Embora muitos a mencionam como ridículo, a teoria do flogisto não foi apenas
um “relâmpago” da ciência e por isso perdurou por longos 50 anos, teve sua importância
aceita e adotada por inúmeras mentes brilhantes entre elas Henry Cavendish (1703-1783)
(Fig.18) quem nos deu a honra da descoberta do elemento nitrogênio, Joseph Priestley (1733–
1804) (Fig.19) a quem se atribui a descoberta do oxigênio.

1
Figura 18 Figura 19

Fonte fig.18: http://2.bp.blogspot.com/_9YoRVtLVsrI/AG8/Wr3_ZgGIZmU/S350/Henry+Cavendish.jpg

Fonte fig.19http://upload. wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/d/d5/Priestley.jpg/20px-Priestley.jpg

Joseph Black (1728-1797), ao contrário de outros cientistas não se ocupava em


encontrar a natureza do calor, estava, no entanto voltado a medir o calor e suas consequências,
“Black definiu a quantidade de calor de forma bastante natural, sem tentar uma explicação do
seria o calor (QUADROS, 2008, p.45).” Black faz um experimento onde ele coloca em um
forno um disco de ferro e uma quantidade de água na mesma porção do ferro e os submetem a
um aquecimento, partindo ambos com mesma temperatura, ao fazer isso ele percebe que após
um tempo o ferro adquire uma temperatura maior que a água; então deveria haver alguma
propriedade específica da matéria que fizesse com que o efeito do calor fosse maior ou menor
para determinados materiais (QUADROS, 2008).

Black afirmou que, quando começou a pensar sobre esse assunto, a partir do ano de
1760, percebeu que ambas as concepções estavam erradas; nem a concepção de que
o calor era proporcional à massa, nem a de que o calor era proporcional ao volume
estavam corretas. Ele aceitava a hipótese de que o calor era uma espécie de fluido,
que podia passar de um corpo para outro. Concluiu então que para atingir o
equilíbrio entre si ou para aumentar as suas temperaturas em número igual de graus,
as quantidades de calor que diferentes tipos de matéria recebem não estão em
proporção à quantidade de matéria em cada uma delas, nem em proporção ao
volume, mas sim em uma proporção muito diferente disso, e para a qual ainda não
se poderia atribuir nenhum princípio geral ou uma razão específica. É nesse contexto
que Black tem a idéia da necessidade de introduzir o conceito de capacidade
térmica, e a essa propriedade ele denominou capacidade calorífica ( CINDRA, J. L.;
TEIXEIRA, O. P. B., 2005, p. 184)

Com o progresso na área da termometria foi possível verificar que diferentes


substâncias possuíam diferentes propriedades térmicas, com estas constatações formulou-se a
2
definição de parede adiabática que é a parede restritiva quanto à passagem de calor e, caso
não seja restritiva ao calor, é classificada como diatérmica (CALLEN, 1985). Na mesma data
de ensaio da calorimetria, a qual se relaciona a temperatura final com duas porções de um
fluido submetido a temperaturas diferentes ponderados por suas respectivas massas (a1,a2):

a1T1 + a2T2
T= (a1 + a2) Eq. 1
ƒ

No entanto, apesar desta equação ter a forma de uma equação conservativa na época
não se tinha claro qual a quantidade se conservava (eles acreditavam na temperatura)
(SCALON, 2006). Black faz modificações nesta equação e sugere que:

[...] a constante de proporcionalidade a deveria ser dividida em duas parcelas:


1)uma relacionada á massa da porção do fluído a ser misturado; 2) outra relacionada
à intensidade com que esta contribuía para o aumento de temperatura, o calor
específico, e estava diretamente relacionado à substância utilizada... Esta teoria
mostrava que outra coisa estava se conservando que não a temperatura. Com base
nisto, Black concluiu que existia um fluído sem peso, invisível e indestrutível a que
denominou por calórico e que diferentes materiais teriam diferentes capacidades de
absorvê-lo. A esta equação de conservação, à proposta e suas explicações foi dado o
nome de ’Teoria do Calórico (SCALON, 2006 p.7).

Antoine Laurent Lavoisier (1743-1794) (Fig.20) em 1783 atribuiu importantes


observações acerca da conservação da massa e do calor gerado numa reação química.
Conforme (QUADROS, 2008), Lavoisier classificava o calórico como um dos elementos, e
por sua idoneidade fazia com que os adeptos do atomismo aderissem ao apelo deste fluído
sutil com vantagens da conservação do calor. Ainda segundo (SCALON, 2006), surgiram
trabalhos que demonstraram a inconsistência da teoria do flogisto fazendo com que a teoria do
calórico fosse totalmente aceita. Esta tal teoria do calórico:

...explicava que o calor era uma substancia fluida, que permeava os corpos, e que era
indestrutível e que não podia ser criada. O trânsito do calor entre dois corpos era
explicado em termos do fluxo desta substância entre eles. Com essa teoria chegou-se
a vários modelos teóricos como os da calorimetria. Mas foi só no século XVIII que
os conceitos de temperatura e calor foram diferenciados, já que muitas vezes, eram
vistos de formas parecidas. Foi Joseph Black, o primeiro a distinguí-lo (BALDOW;
JR, 2010 ,p.5).

2
Figura 20

Fonte: http://fisica.saibamais.pro.br/figuras/lavoisier.jpbg

No artigo Termodinâmica clássica ou termodinâmica do equilíbrio: aspectos


conceituais, o autor cita:

Certamente, a interpretação do que era realmente este calórico, foi além das
observações físicas e adentrou no reino da metafísica. A teoria do calórico tentou
definir a natureza microscópica da quantidade conservada (PÁDUA et al., 2008
apud MODELL;REID,1974)

Black constata o que alguns cientistas já haviam mostrado que era preciso aplicar uma
quantidade de calor muito maior para manter a água em fervura constante do que para fazê-la
entrar em ebulição (QUADROS, 2008; SCALON, 2006), e assim em seus trabalhos ele
intitula de calor latente esta quantidade de calor necessária para que se realizasse a mudança
de fase, sem alterar a temperatura da substância, e introduz também, além do conceito de calor
latente, o conceito de calor sensível, numa época que se ensinava que a temperatura era a
tensão exercida pelo fluido calórico no interior de um corpo (SCALON, 2006).

Conforme Pádua et al., (2008):

Pensava-se que calórico era atraído pelos átomos das substâncias, mas era auto-
repelente. Formava se uma nuvem de calórico em torno de cada átomo e estas
nuvens se repeliam entre si, evitando assim que os átomos se aproximassem
demasiadamente. A temperatura dependia da densidade de calórico na superfície do
corpo. Para aumentar a temperatura, fornecia-se calórico ao corpo. Isso aumentava
não só calórico na superfície, mas também a repulsão entre os átomos, fazendo com
que o corpo aumentasse de volume. (p.68)

Esta teoria estava sendo muito bem aceita pela sociedade científica da época; Johan
Gadolin (1760-1852) escreve matematicamente as ideias de Black sobre o denominado calor
específico como:

2
Q
c= .
m∆T Eq. 2

Gadolin também estudou o calor específico de diversas substâncias (CINDRA;


TEIXEIRA, 2004). Em geral os bons condutores de calor e eletricidade, como os metais, têm
calor específico baixo. Essa é a razão por que uma massa de metal aquece muito mais
rapidamente do que uma massa equivalente de isolantes elétricos. Vários estudiosos se
convenceram com a teoria do calórico e conduziam suas pesquisas respeitando tais postulados
que foram formulados em 1779 demonstrando que: quando atraído pelas partículas
constituintes da matéria, o calórico proporcionava um aquecimento na mesma. A capacidade
calorífica explicada por Black era a comprovação de que diferentes materiais exerciam
atrações com diferentes intensidades. Fatores como o da expansão térmica também se
explicava pelo postulado sobre sua elasticidade. As transições de fase eram concebidas pela
adição de calórico às partículas dos materiais transformando seu estado sem aumentar a
temperatura. A conservação do calórico estava pautada pela impossibilidade de criá-lo e
destruí-lo. O fato de não possuir peso era comprovado quando ao se aquecer um material o
peso permanecia constante (CINDRA, J. L.; TEIXEIRA, O. P. B., 2005; QUADROS, 2008).

Meados de 1783, Lavoisier e Pierre Simon, Marquis de Laplace (1749-1827) (Fig.21)


estavam centrados na teoria de Black e constroem o primeiro calorímetro de gelo, com isso
conseguem medir o calor específico de vários materiais, um ano após eles publicaram um
artigo descrevendo o funcionamento deste calorímetro (Fig.22); este calorímetro era composto
de um recipiente interno que ficava dentro de outros dois recipientes sobrepostos entre si,
ambos cheios de gelo. A parte interna estava isolada do meio externo por meio do gelo
contido no recipiente mais externo, para e medir o calor produzido pela eventual reação na
parte interna do calorímetro era medida pela reação do volume do gelo que se derretia.
Sabendo o calor de fusão do gelo, o calor desprendido por esse processo pode ser calculado
pela massa de gelo fundido durante o processo; calores específicos de cada substância não
eram constantes, já que variavam com a temperatura (CINDRA, J. L.; TEIXEIRA, O. P. B.,
2005).

2
Figura 21

Fonte: http://www.explicatorium.com/images/Personalidades/Simon_Laplace.jpg

Figura 22

Fonte: http://www.scielo.br/img/revistas/qn/v33n9/30f01.gif

Sempre que dois sistemas, a diferentes temperaturas, são colocados dentro de um


recipiente termicamente isolado (não há troca de energia com o ambiente), ocorre
transferência de energia, na forma de calor, do sistema à temperatura mais elevada para o
sistema à temperatura mais baixa, até que o equilíbrio térmico entre eles seja atingindo. Esse
princípio é a lei zero da termodinâmica, mas retomaremos adiante para discorrer sobre esta lei
(TAVARES; PRADO, 2010).

1.4 Benjamin Thompson e os canhões

Benjamin Thompson (1753-1814), intitulado na Inglaterra, de conde de Rumford


(Fig.23); em 1798 estava trabalhando na Alemanha numa fábrica de canhões e havia ficado
2
intrigado quanto a um fenômeno térmico que parecia inexplicável na visão da teoria do
calórico, enquanto ele realizava a perfuração nos cilindros de ferro para a construção dos
canhões, ele observou que quando a broca estava desgastada produzia mais calor do que
quando estava afiado, o que era um desafio para o principio comum da teoria do calórico.
Segundo Quadros esta teoria dizia que os canhões se aqueciam devido ao despedaçamento do
material pela broca, que fazia com que o fluido calórico fosse expelido.

Figura 23

Fonte: http://www.rumford.com/images/rumford.jpg

Na perfuração destes cilindros era utilizada água corrente para resfriar o metal
evitando que os mesmos fundissem por seu superaquecimento, então Thompson cheio de
indagações resolve fazer um teste tentando entender o que acontecia ao perfurar os cilindros
com uma broca totalmente sem corte, o que ele percebeu foi que quando a broca estava ‘cega’
era neste momento que o metal aquecia mais, ou seja, liberava mais calor e não quando a
broca estava afiada, como era previsto pela teoria do calórico, com isso o mais impressionante
foi à quantidade de água que se pode colocar em ebulição, ficando claro que o canhão
certamente não possuía tal quantidade de calórico, pois era impossível tê-lo sem fundir-
se.Deste modo, Rumford concluiu que era impossível o calor existente ser devido a um fluido
calórico dentro de um corpo, e era possível produzir calor, a saber, como exemplo, o atrito de
um corpo sobre outro pode se produzí-lo de forma praticamente inesgotável, com isso ele
chegou ao entendimento que o calor só podia ser uma forma de movimento mecânico
(BALDOW; JR, 2010).

Após a experiência feita com os canhões, Rumford entendeu que o trabalho poderia
ser convertido em calor, e vice e versa, e que a natureza do calor era a mesma do movimento.
E ele deixa uma ideia argumentada da seguinte forma: uma esponja não pode liberar água,

2
indefinidamente, mesmo que a mantivesse apertada o tempo todo, diferentemente a taxa de
produção de calor poderia ser mantida indefinidamente, enquanto o trabalho de usinagem
fosse realizado. Conforme Quadros, (2008) os cientistas da época estavam satisfeitos com a
teoria do calórico e apenas se ocupavam em realizar experiências tentando mostrar como o tal
fluido passava de um material para outro, com isso as conclusões de Thompson foram
ignoradas por durante cinquenta anos; enquanto isso o químico francês Pierre Louis Dulong
(1785 - 1838) e o físico, também francês, Aléxis Thérèse Petit (1791 - 1820) publicaram um
trabalho que confirmou a previsão calórica de que a dilatação térmica é uma função uniforme
de temperatura.

Humphry Davy (1778-1829) (Fig.24) um químico inglês foi uma das pessoas que
apoiaram a idéia de Rumford aderindo a sua teoria dinâmica do calor, Davy trabalhou em dois
interessantes experimentos mostrando a produção do calor através do movimento (BALDOW;
JR, 2010);

Figura 24

Fonte: http://www.biografiasyvidas.com/biografia/d/fotos/davy.jpg

Segundo Silva (2008),“Atualmente, o termo científico calor é herdeiro do termo calor


da teoria calórica, na qual o calor não pode ser criado nem destruído.” Contudo, no século
XVIII, enquanto se predominava a teoria calórica, havia grandes questionamentos sobre a
possibilidade de criar calor. No entanto notamos que o conde Rumford interpretava que o
calor gerado era aproximadamente proporcional ao trabalho realizado pela broca.
Joseph Louis Gay-Lussac (1778-1850) (Fig.25) apresentou um estudo dizendo que um
gás se expande proporcionalmente as suas temperaturas absolutas se forem mantidos a pressão
constante. Assim Julius Robert Von Mayer (1814-1878) (Fig.26), apontou o fato de que a
temperatura diminuiu só quando o gás produz trabalho mecânico empurrando um pistão
quando se expande. Se nenhum trabalho é feito a temperatura permanece a mesma. Mayer
passou a realizar estudos sobre a expansão dos gases, tendo a ideia de que os gases e vapores

2
se expandem da mesma forma; estes trabalhos conforme (CINDRA, J. L.; TEIXEIRA, O. P.
B., 2005) tiveram grande importância sobre a conclusão do princípio da conservação das
“forças-vivas” (energia).

Figura 25 Figura 26

Fonte fig.25: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Gaylussac_2.jpg

Fonte fig.26: http://pt.wikipedia.org/wiki/Julius_von_Mayer_.jpg

Em várias situações vemos um movimento parar sem ter causado outro movimento ou
o levantamento de um peso; mas a energia uma vez em existência não pode ser destruída ela
só pode mudar sua forma; então esta conservação deveria englobar também os fenômenos
térmicos, assim como os mecânicos. Mayer também se apoiou nos trabalhos (citado
anteriormente) de Pierre Louis Dulong (1785-1838), em 1829, sobre os calores específicos
molares dos gases a pressão constante e a volume constante, sendo de grande utilidade.
(CINDRA, J. L.; TEIXEIRA, O. P. B., 2005). O conceito de capacidade calorífica proposto
por Black estava bastante enraizado e os cientistas trabalhavam atribuindo valor unitário para
o calor específico da água, assim quando faziam uma mistura da água com outra substância
com massas iguais e temperaturas diferentes, se podia obter o calor específico desta outra
substancia analisando as por meio da variação da pressão com o volume (QUADROS, 2008).

O calor específico (c) sofre variações com a temperatura e com os condicionamentos


causados pela variação da temperatura: à pressão constante ou a volume constante. Então se
define Pc e Vc para líquidos e sólidos com uma diferença muito pequena que pode ser
desprezada para estudos mais superficiais, pois o volume quase não varia com a pressão,
geralmente, o (c) é determinado nas condições de pressão atmosférica (que é constante), por
essa razão a maioria dos valores de (c) refere-se a Pc. Contudo para gases Pce Vc são bastante
diferentes (BECHTOLD; BRANCO, 2011). A diferença entre os calores específicos a pressão

2
constante e a volume constante deve, então, estar relacionada com a realização do trabalho
externo, e foi com esta relação que Mayer calculou o equivalente mecânico do trabalho.
Quadros (2008 apud Mayer) diz que: “Se energia cinética e potencial são equivalentes ao
calor, é natural que calor seja equivalente às energias cinética e potencial”, e neste cálculo do
equivalente mecânico do trabalho ele deduziu um valor com um erro da ordem de 10%
(PÁDUA et al., 2008).

Todo o trabalho de Mayer ficou, no entanto encarado como meras especulações diante
da principal revista científica (Annales de Chimie) na época, mas a idéia da conservação da
energia foi embalada novamente por outro cientista que falaremos a seguir, ele realizou vários
experimentos no âmbito da na transformação de energia (QUADROS, 2008).

1.5 Equivalente mecânico

James Prescott Joule (1818-1889) (Fig.27), nascido em Salford na Inglaterra, filho de


um cervejeiro rico, teve uma infância conturbada por problemas de saúde, o que lhe fizera ter
uma vida de restrições, mas fez dos livros seu refugio e seu pai lhe proporcionava os melhores
tutores da época; mais tarde quando seu pai falece, ele herda a cervejaria, mas sua vida já
estava a passos largos no caminho científico não se preocupando muito em desenvolver na
administração dos negócios (MÜLLER, 2007; QUADROS, 2008).

Figura 27

Fonte:http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/41/Joule_James_Jeens_engraving.jpg

Joule se dedicou a experimentos voltados as conversões de energia mecânica em calor,


e três de suas experiências são muito famosas; na primeira delas Joule inicialmente mergulha
um cilindro cheio de ar num recipiente cheio de água e mediu a temperatura da água,
seguidamente ele bombeia o ar dentro do cilindro até igualar a com a pressão atmosférica.

2
Conhecendo a lei dos gases a qual dizia que o trabalho mecânico para criar esse aumento de
pressão de ar deveria produzir calor. Com isso Joule mediu um aumento de 0, 2850F na
temperatura da água, e constata que a energia mecânica havia sido convertida em calor
(HAVEN, 2008).

Sua outra experiência teve grande repercussão no meio cientifico, experiência a qual
ele fez rodar por intermédio de uma queda de peso, um esquema de pás metálicas postas
dentro d’água. A agitação destas pás deveria gerar um aquecimento na água, resultado da
conversão da energia mecânica (queda do peso) em calor. Através do aumento da temperatura
da água, ele conseguia medir o calor produzido e fazem uma analogia com o trabalho
mecânico gasto (PÁDUA et al., 2008; QUADROS, 2008).

Conforme Cindra e Teixeira (2005), depois dos trabalhos sistematizados feitos por
Joule sobre a relação entre movimento e calor, as idéias apresentadas por Mayer foram
consideradas de grande importância, sendo então o artigo republicado em 1862. A partir do
estabelecimento da teoria mecânica do calor, a temperatura e o calor como formas de energia
foram tratadas como grandezas escalares, ou seja, não tinham componentes dependentes da
direção e do sentido.

Joule tinha metas obstinadas querendo ir adiante, e isso significava mais do que apenas
estabelecer o equivalente mecânico do calor. Por volta da década de 1840, Joule estava cada
vez mais direcionado para uma teoria dinâmica do calor. Essa teoria foi oficialmente nomeada
em 1851, quando William Thompson (1824-1907) escreveu: “On the Dynamical Theory of
Heat" apresentando uma visão, baseada nos trabalhos experimentais de Joule. Em 1843, Joule
publicou “On the calorific effects of electricity, and on the mechanical equivalent of heat”,
(“Sobre os efeitos caloríficos de eletricidade, com o equivalente mecânico do calor”,) no qual
ele determina por meio de suas experiências que o calor gerado na bobina de um eletroímã é
proporcional ao quadrado da corrente elétrica que a percorre, este seria o primeiro estudo
quantitativo do fenômeno atualmente conhecido como “efeito Joule”(NÓBREGA, 2009);
Essa quantidade de calor dissipado quando uma corrente elétrica de intensidade i atravessa um
fio com resistência elétrica R, durante um intervalo de tempo t, a qual conhecemos também
pela relação (PASSOS, 2005):

Eq. 3
W = RI2t.

2
Joule em 1845, por através de sua famosa terceira experiência, ele media diretamente
o quanto a temperatura se elevava em uma amostra de gás, quando este era comprimido. “A
compressão representava um trabalho mecânico exercido sobre o gás, e seu aumento de
temperatura permitia o cálculo do calor produzido na transformação.”(QUADROS, 2008 p.
56)isto lhe trouxe fama e tornou-se clássico por sua engenhosidade, mediu como já relatamos
o equivalente mecânico do calor com uma excelente precisão para os padrões da época. Algo
interessante que ocorreu em 1847, quando Joule se apresentou numa reunião em Oxford um
de seus resultados mais confiáveis, embora a sociedade acadêmica a qual fora expectadores de
sua apresentação o tivessem recebido friamente, um jovem da platéia demonstrou um grande
interesse pelo assunto, cujo nome era William Thompson, que mais tarde se torna o Lord
Kelvin. Conforme Nóbrega,(2009), Thompson estava posicionado numa privilegiada
aceitação cientifica para avaliar a proposta de Joule concernente ao equivalente mecânico do
calor. Ele havia trabalhado no laboratório de Regnault em Paris, e assim ele conhecia bem os
tipos de medida e quais eram seus significados, e a seriedade das medidas de Joule foi
principal fator que fez considerar na integra a veracidade do trabalho apresentado.

3
Capítulo 2

As Leis da Termodinâmica

Conforme descreve Quadros (2008 p.58), Joule deixa claro que variadas formas de
energia podem ser transformadas, mas jamais criadas ou destruídas; contudo esta formulação
é atribuída a Hermann Ludwig Ferdinand Von Helmholtz (1821-1894) (Fig.28), cientista
alemão que a publica em 1847. Joule na verdade não tinha apresentado descobertas
generalizadas da conservação da energia, nisso foi o que Helmholtz esteve empenhado.

Figura 28
Fonte: http://www-history.mcs.st-and.ac.uk/BigPictures/Helmholtz_4.jpeg

O princípio da conservação da energia constitui a primeira lei da Termodinâmica,


embora ela tenha sido estabelecida por vários cientistas, Mayer e Joule foram os que
admitiram que diversas formas de energia pudessem ser convertidas em outras e que
notoriamente elas podiam ser dissipadas na forma de calor. Tanto Mayer quanto Joule esteve
empenhado exaustivamente em determinar o equivalente mecânico do calor, principalmente
Joule com seus inúmeros experimentos (OLIVEIRA, 2005). Mayer enunciou o princípio da
equivalência do calor e trabalho em 1842, e Joule um ano e meio depois, mesmo assim Mayer
em relação a Joule teve menor reconhecimento, por certo que os trabalhos experimentais bem
elaborados e o apoio de William Thompson (Lord Kelvin) contribuíram para que as ideias e
trabalhos de Joule levassem a comunidade científica a imortalizá-lo associando seu nome à
unidade de energia. (PASSOS, 2009, p.6)
Conforme relata Nascimento et al.
Mayer pode ser considerado o pai da Primeira Lei da Termodinâmica. Isso pode ser
sustentado pelo registro de seus estudos sobre conservação da energia, em que dá

3
prioridade à enunciação da equivalência entre calor e “energia” mecânica. O
trabalho de Mayer foi publicado no Annalen der Chemie und Pharmacie, vol. 42,
pag. 233, 1842, e, depois, na Philosophical Magazine, com o título “Remarkson the
Forces of Inorganic Nature” (série 4, vol. 24, p. 371, 1862). Joule, por suas
experiências, é considerado aquele que deu fundamentação mais rigorosa à Primeira
Lei da Termodinâmica (2004, p.514).

A primeira lei é estabelecida pelo conceito de conservação de energia como vimos


anteriormente, sendo o calor e o trabalho as formas de energia transferidas entre os sistemas
considerados pela diferença entre W e Q que representará a variação da energia interna do
sistema como podemos visualizar na expressão da Primeira Lei da Termodinâmica:
AU = Q − W Eq. 4

Este trabalho é como comentado por Medina e Nisenbaum: “O princípio da


conservação da energia é um dos mais sólidos da ciência.” O estabelecimento deste princípio
tornou-se ainda mais claro com Helmholtz.
Segundo Oliveira (2005, p.13) ao observarmos o princípio da conservação da energia
do ponto de vista microscópico, elaborado por Helmholtz supondo a constituição atômica da
matéria ele estendeu a teoria da conservação da energia mecânica ao movimento
microscópico dos átomos. Helmholtz provou que o trabalho não podia ser produzido do
“nada”, com esta descoberta ele aplica várias situações e formula o princípio da conservação
da energia cinética (HAVEN, 2008); admitindo então que a soma da energia cinética e da
energia potencial dos átomos é constante e montam a energia interna de um corpo.
Em busca de melhoria para as máquinas térmicas o cientista francês nascido em junho,
de 1796, chamado Nicolas Léonard Sadi Carnot (1796-1832), (Fig.29) fez estudos sobre
máquinas hidráulicas e mecânicas. Sadi teve o privilégio de ser instruído por meio dos mais
nobres professores, pois seu pai tinha posses e não economizava com a educação de seu filho.
Embora Carnot não tenha sido tão conhecido na época como seus parentes, ele realizou nobre
feito à humanidade revelando o segredo que a permitiria dominar o fogo (DIAS;
SAPUNARU, 2008).

3
Figura 29
Fonte: http://2.bp.blogspot.com/_DhkxcggKAA1600/Sadi-Carnot1.gif

Em 1824, enquanto ainda ocorria a revolução industrial e com o grande interesse de


aumentar o ritmo dos processos industriais e diminuir o tempo gasto para transportar esta
produção até os mercados consumidores, que cresciam rapidamente em decorrência do grande
aumento da atividade industrial e da migração dos camponeses para o setor urbano,
principalmente na Inglaterra, com isso as máquinas a vapor estavam sendo a cada ano mais
utilizada para suprir estas necessidades da sociedade, mas ainda faltava muita fundamentação
científica (NASCIMENTO et al. 2004).Essa carência foi evidenciada por Carnot que elaborou
toda uma teoria para explicar o rendimento,ou seja, o quanto de calor a máquina transformava
em trabalho, tratado em seu livro “Réflexions sur La puissance motrice Du feu ”, (Fig.30) “
livro de 119 páginas, umas das mais originais e férteis 119 páginas jamais concebidas pelo
gênio humano! ” (Dias et al., 2008 p.32), marcando a história da Termodinâmica com uma
histórico científico fundamental.

Figura 30
Fonte:http://www.scielo.br/img/revistas/qn/v27n3/20184f1.gif

3
Medina e Nisenbaum comentam que antes de todo este trabalho de Carnot as tentativas de
aprimorar o rendimento das máquinas a vapor eram feitas através de tentativas, mas que com
Carnot passamos a ter como fundamento o método científico que desenvolveu partindo de
suas observações e das de outros também, Carnot criou um modelo teórico para as máquinas
térmicas e descobriu qual deveria ser a forma mais eficiente de transformar calor em
movimento.
Como citado anteriormente, Carnot considerava também observações de outros
cientistas, sendo adepto da teoria do calórico observou que:
A produção de potência motriz pelo calor nas máquinas a vapor é dada,
devido não a um consumo real do calórico, mas ao seu transporte de um
corpo quente a um corpo frio, ou seja, o restabelecimento do equilíbrio
(Nóbrega, 2009, p.29. apud CARNOT, 1824, p. 10-11).3

O fluxo deste calórico passando de uma fonte quente à uma fonte fria transformava a
potência motriz em trabalho mecânico de forma análoga ao funcionamento do moinho 4, de
acordo com (PASSOS, 2003, p.10) na página 28 do ensaio, Carnot faz esta analogia, e que
quando a queda da água movimenta o moinho a água possui maior potência motriz quando
esta mais elevada do que quando está mais em baixo. Assim o calórico possui maior potência
motriz quando esta na fonte quente do que quando esta na fonte fria, e quando ele passa desta
fonte quente a outra mais fria produz por intermédio desta diferença o trabalho mecânico.
Nesta analogia, Carnot mesmo usando o conceito errôneo do calórico conclui que o fator
determinante para a eficiência das máquinas térmicas era a diferença de temperatura entre as
fontes (QUADROS, 2008). Ainda segundo Quadros citando Carnot: “A potência motriz do
calor é independente dos agentes que trabalham para realizá-la; sua quantidade é fixada
unicamente pelas temperaturas dos corpos entre os quais se faz o transporte do calórico.”
(2008, p.61)
Com esta analogia entre um fluxo de calor e uma queda d’água Carnot inspirou a fazer
as seguintes considerações como expõe Pádua, A. B. de et al. em parte do relato transladado
de Ben-Dov (1995):
[...] se colocarmos em contato direto uma fonte quente e uma fonte fria, o calor
passará, sem precisar ser forçado, da primeira fonte para a segunda sem produzir
trabalho. Pode-se igualmente transmitir calor entre essas mesmas fontes por
intermédio de um motor, de uma matéria ativa que extraia calor da fonte quente para
cedê-lo à fonte fria, efetuando ao mesmo tempo um trabalho. Nos dois casos, há

3
“La production de la puissance motrice est donc due, dans les machines a vapeur, non a une consummation reelle du
calorique, mas a son transport d’un corps chaud a un corps froid, c’est-a-dire a son retablissement d equilibre” (CARNOT, 1824,
p. 10-11).
4
Um moinho de água, ou azenha, é qualquer tipo de mecanismo capaz de aproveitar a energia cinética da movimentação de
águas e que permite moer grãos, irrigar grandes arrozais, drenar terras alagados e até gerar eletricidade a partir da adaptação
de geradores elétricos. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Moinho_de_%C3%A1gua)

3
transferência de calor (calórico) da fonte quente para a fonte fria, mas no primeiro
essa transferência se efetua sem produção de trabalho, o que, do ponto de vista que
nos interessa, é puro desperdício. Assim como se pode deixar a água cair livremente
ou, ao contrário, aproveitá-la para produzir um trabalho.
Assim, concluiu Carnot, cada vez que o calor (calórico) passa espontaneamente de
um corpo para outro, isto é, cada vez que dois corpos de temperaturas diferentes são
postos em contato, há perda de rendimento. O rendimento de um motor térmico será,
portanto, tanto mais elevado quanto mais se consiga evitar os contatos diretos entre
corpos de temperaturas diferentes. A melhoria introduzida por Watt na máquina de
Newcomen fundava-se exatamente sobre esse princípio: a adjunção do condensador
externo permite evitar o contato entre o vapor quente e as paredes frias do cilindro.
Procurando então conceber um motor térmico que possuísse um rendimento
máximo, um motor que não utilizasse nenhum contato direto entre corpos de
temperaturas diferentes, Carnot imaginou aquecer e depois resfriar a matéria ativa,
por compressão e dilatação, antes de pô-la em contato com a fonte quente e a fonte
fria, respectivamente, de tal modo que os contatos se efetuassem entre corpos de
temperaturas iguais. Tal motor representa, contudo, um limite ideal inatingível na
prática. (PÁDUA, et al. p.62, grifo nosso)

Carnot se propôs a projetar uma máquina teórica que obtivesse o rendimento máximo,
descrevendo uma ideia hipotética, sem considerar as dificuldades técnicas reais idealizou um
ciclo termodinâmico totalmente reversível. Esta máquina teórica é conhecida como máquina
de Carnot e seu funcionamento é a partir deste ciclo e também chamado de Ciclo de Carnot. A
máquina de Carnot é composta de um cilindro com um êmbolo contendo um gás, a princípio
este cilindro é colocado em contato com a fonte quente não deixando existir diferença de
temperatura entre o gás e a fonte, para evitar perda de eficiência, caso contrário haveria
desperdício da força motriz (QUADROS, 2008, p.61).
A máquina de Carnot opera segundo quatro transformações termodinâmicas 5 (Fig.31),
entre duas fontes: estes consistem em uma expansão isotérmica, trocando calor Q1com uma
fonte quente a temperatura T1, seguindo com uma expansão adiabática, diminuindo a
temperatura do sitema para que fique igual à da fonte fria T2. Na terceira transformação é
realizada uma compressão isotérmica a temperatura T2 seguida de uma compressão adiabática
até a temperatura do sistema voltar a T1. Se a máquina térmica operar ao contrário, tem-se o
refrigerador que retira calor da fonte fria e o transfere para a fonte quente, no entanto, esta
transferência de calor só é possível mediante a realização de trabalho sobre o sistema
(BECHTOLD, 2011 p.157).

5
É importante saber que Carnot não apresentou um gráfico do ciclo termodinâmico que ele descreveu, entretanto
a representação do ciclo de Carnot foi apresentada por Benoit-Pierre-Émile Clapeyron (1799-1864) na forma de
um gráfico P-V, em 1834.
3
Figura 31– Ciclo de Carnot: uma expansão isotérmica de a até b a temperatura T1·; uma expansão adiabática de b até c,
diminuindo a temperatura do sistema de T1a T2; uma compressão isotérmica de c até d a temperatura T2; e, finalmente, uma
compressão adiabática de d até a, completando o ciclo.

Conforme Passos (2003, p.9-10) Carnot chega a conclusão que a melhor maneira de se
obter um máximo aproveitamento térmico dependia apenas das temperaturas das fontes
quente e fria respectivamente, tomando esta consideração temos a definição de rendimento de
um ciclo térmico, onde Q1 e Q2 representam as quantidades de calor recebida da fonte quente,
a T1 e cedida à fonte fria, T2, respectivamente, com isso temos o rendimento do ciclo térmico
dado pela equação:
Q2
  1 Eq. 5
Q1
A equação acima mostra que a eficiência só pode valer 1, correspondendo a 100% de
eficiência, se a quantidade de calor Q2 liberada pelo sistema para o reservatório mais frio for
nula. Porém, o chamado rendimento de Carnot, é função apenas da razão das temperaturas
absolutas T1 e T2, conforme a equação:

max  1
T2 Eq. 6

T1

Entretanto estas equações que foram citadas, de acordo com Passos (2009, p.10 ) , não
constam no trabalho de Carnot mas que em seu ensaio ele apresenta argumentos ou teoremas,
que as fundamentam como relata (DIAS; SAPUNARU, 2008).
Conforme Quadros (2008) a ciência do calor foi levada a um impasse com o sucesso
da teoria de Carnot; Kelvin começou a analisar os trabalhos de Mayer - Joule, acreditando que
encontraria alguma falha, uma vez que estava encantado com o pensamento de Carnot e que
3
Mayer - Joule havia provado experimentalmente a conversão do trabalho mecânico em
produção de calórico e essa era à divergência, pois Carnot considerava isso impossível.
Nesta época, muitos estudiosos pesquisadores tinham a noção de relacionar o calor
com outras formas de energia, existindo alguns princípios para explicar o funcionamento das
máquinas térmicas. O Trabalho produzido está relacionado proporcionalmente ao calor, mas
ainda não existia um trabalho para a formulação matemática destas relações. Essa carência
estava evidente, pois uma prescrição newtoniana instituída por Joseph Louis Lagrange (1736-
1813) e Pierre Simon (1794-1827), era fortemente dominadora da comunidade científica; uma
ciência com informações apenas experimentais sem formulação matemática tinha uma difícil
aceitação (POLAK, 2006). Os estudos feitos por Mayer, Joule e Helmholtz, ligados à ideia da
conservação de energia, previam que a quantidade de calor recebida pelo corpo de menor
temperatura deveria ser menor que aquela cedida pelo corpo de maior temperatura. Esta
diferença seria equivalente à quantidade de trabalho produzida; nesse contexto, kelvin levanta
uma questão: “Como a condução de calor entre dois corpos compensa o efeito mecânico que
pode ser obtido da diferença de temperatura inicial?”(POLAK, 2006)
Em 1851, kelvin chegou à conclusão de que é impossível construir uma máquina que
extrai calor de uma dada fonte e o transforma integralmente em energia mecânica sem
provocar alguma mudança nos corpos circunvizinhos (PÁDUA, 2008).
Rudolf Julius Emanuel Clausius (1822-1888) (Fig.32) nascido em Köslin (atual
Kozalin), na Polônia; trabalhou como professor nas universidades de Würzburg e Bonn e no
Instituto Politécnico de Zurique (QUADROS, 2008), se dedicou ao estudo para entender e
eventualmente responder a questão quanto produção de trabalho pelo calor através de
processos cíclicos, assim como proposto por Carnot.

Figura 32
Fonte: http://www-history.mcs.st-and.ac.uk/BigPictures/Clausius_2.jpeg

3
Clausius discorda da visão de Kelvin em aceitar apenas a teoria de Carnot, e diz que é
necessário olhar firmemente para esta teoria que chama calor de movimento. Em suas
palavras:
[…] não imagino que as dificuldades sejam tão grandes quanto Thompson as
considera ser; pois embora seja necessária certa alteração em nossa forma de abordar
o assunto, ainda acredito que isto não esta contradito pelos fatos provados. Nem
sequer e necessário descartar a teoria de Carnot; uma coisa difícil de ser resolvida na
medida em que a experiência até certo ponto tem mostrado uma surpreendente
coincidência com ela. Em uma visão mais próxima do caso, encontramos que a nova
teoria e oposta, não ao real princípio fundamental de Carnot, mas a adição de que
“nenhum calor é perdido”; pois é bem possível que na produção de trabalho ambos
os caminhos possam ocorrer ao mesmo tempo; certa porção de calor pode ser
consumida e outra porção transmitida de um corpo quente para um frio; e ambas as
partes podem estar em uma relação definida com a quantidade de trabalho
produzida. Isto se tornará mais claro à medida que avançamos, e será mostrado,
aliás, que as inferências a serem extraídas e que ambas as suposições podem não só
coexistir, mas que se reforçam reciprocamente (NÓBREGA, 2009 p.44 apud
CLAUSIUS, 1850, p.4).

Clausius entendeu que não há contradição entre os dois princípios, desde que no
Princípio de Carnot seja realizada uma pequena mudança: Clausius aceita sem muitos
questionamentos os resultados de Joule com a ideia de que calor é transformado em trabalho,
pois os experimentos realizados validavam a ideia, então, se trabalho é obtido calor é
consumido. Então ele faz uma correção ao princípio de Carnot, dizendo que o calor retirado
da fonte quente não pode ser todo ele transferido, mas parcela dele é consumida assim ele
diferencia duas operações das máquinas térmicas: a transformação de calor em trabalho ou
consumo de calor, onde parte do calor recebido da fonte quente é transformada em trabalho
durante a expansão isotérmica. Ainda também o transporte de calor da fonte quente para a
fonte fria: A parte restante do calor que foi recebido da fonte quente é transferida para a fonte
fria, durante a compressão isotérmica (DIAS; SAPUNARU, 2008).
Seguindo ainda a ideia original de Carnot de que o princípio de funcionamento da
máquina térmica expressa uma lei de conservação, Clausius sugere uma diferenciação entre os
conceitos de calórico e calor, embora, ele já tivesse se ocupado nesta problemática ainda não
tinha chegado a uma forma conclusiva, desta vez ele tem a grande ideia de definir com
bastante precisão o seu “calórico” como uma nova grandeza a que denominou entropia
(do grego, que significa transformação) e lhe atribuiu o símbolo S, dizendo que é essa
grandeza conservada no ciclo de Carnot, ao contrário do que se pensava (QUADROS, 2008)
Em 1865, colocou o termo entropia no lugar do termo valor de equivalência, que havia
usado em 1854. Portanto, retomando suas ideias sobre esse novo conceito físico, considerou
um ciclo qualquer como constituído de uma sucessão de ciclos infinitesimais de Carnot e
chegou ao célebre Teorema de Clausius. (BASSALO; CATTANI, 1999)

3
A termodinâmica interpreta a entropia como uma medida da irreversibilidade dos
processos físicos. Imaginemos um processo no qual um sistema vai de um estado
inicial I a um estado final F, enquanto troca matéria e energia sob as formas de calor
e trabalho com as vizinhanças. Se for reversível, poderá ser operado de modo
inverso (F → I), e as quantidades de matéria, calor e trabalho no processo inverso
serão as mesmas, em sentido contrário. Já um processo irreversível ou não pode ser
operado de modo inverso ou, se puder, as quantidades de matéria, calor e trabalho
não se compensarão; uma parte da energia sob a forma de trabalho é transformada
em energia sob a forma de calor, e com isso ocorre uma perda definitiva
(irreversível) da capacidade do sistema produzir trabalho. A esta geração de calor é
associado um aumento da entropia. E possível ocorrer um aumento (ou diminuição)
da entropia de um sistema num processo reversível, desde que ocorra também nas
vizinhanças uma diminuição (ou aumento) exatamente igual, de modo que sua
variação total (sistema + vizinhanças) seja nula. Particularmente então há variação
de entropia num processo reversível operado em ciclo (I → F → I). Num processo
irreversível, a variação total de entropia é sempre positiva(BASSALO; CATTANI,
1999 p.455).

Não existe processo com variação total de entropia negativa. Esta é a segunda lei da
termodinâmica segundo Clausius: É impossível a construção de um dispositivo que, operando
em ciclos, produza como único efeito a transferência de calor de um corpo frio a um quente
(QUADROS, 2008), assim fica definido na expressão:

∆S ≥ 0 Eq. 7

Alguns autores afirmam que o enunciado da segunda lei já estaria presente no trabalho
de Carnot, contudo de acordo com Nóbrega (2009) acreditamos que tal conjectura está
baseada num anacronismo, uma vez que só podemos chegar a essa conclusão com o
conhecimento de trabalhos posteriores.
Segundo Quadros (2008) a associação da entropia e a desordem foram apresentadas
pela proposta de Boltzmann que em conjunto com o físico Josiah Willard Gibbs (1839-1903)
(Fig.33) deram inicio ao ramo da física conhecido como mecânica estatística, a qual faz
relação do universo microscópico com o macroscópico; a primeira formulação do conceito de
entropia não relacionava explicitamente uma conexão com estados microscópicos, para isso
Ludwig Eduard Boltzmann (1844-1906) (Fig.34) realizou um grande trabalho que dizia que:
“Quando um sistema recebe calor, aumenta a agitação de suas partes constituintes e
consequentemente aumenta sua desordem microscópica” (QUADROS, 2008 p.82), esta é a
forma mais simples de relacionar uma propriedade macroscópica com uma informação
microscópica que foi proposta por Boltzmann, para um sistema com energia, volume e
número de partículas constantes.

3
Figura.33 Figura 34
Fonte fig.33:http://www.aip.org/history/gap/Images/GIBBS.JPG
Fonte fig.34: http://www.daviddarling.info/images/Boltzmann.jpg

Gibbs publica “On the Equilibrium of Heterogeneous Substances”, estabelecendo que


estes conceitos termodinâmicos também se aplica aos sistemas heterogêneos e com reações
químicas e define o conceito de potencial químico (SCALON, 2006).
Dois grandes cientistas físicos, um deles Walther Hermann Nernst (1864-1941)
(Fig.35) e o outro Max Karl Ernst Ludwig Planck (1858-1947) (Fig.36) estabeleceram
distintamente dois princípios que tentam estabelecer a terceira lei da Termodinâmica,
idealizando sistemas cuja entropia tende a um valor mínimo, ou mesmo zero.

Figura 35 Figura 36
Fonte fig:35:39iki://wikimedia.org/39ikipédia/Walther_Nernst.jpg_Nernst.jpg
Fonte fig.36:http://www.spaceandmotion.com/Images/planck-max-quantum-1.jpg

O enunciado dos postulados de Plank, Nernst e Nernst-Plank transladaremos


integralmente a seguir de Oliveira (2005 p.90, 104):

4
2.1 Postulado de Nernst

A temperatura suficientemente baixa, pode se verificar experimentalmente que a


capacidade térmica dos sólidos decresce apreciavelmente e se anula no limite do
zero absoluto de temperatura. Esse comportamento, contudo não segue
necessariamente das leis da termodinâmica vistas até aqui. Ele é uma das
consequências do postulado de Nernst segundo o qual a entropia de um sistema não
decresce sem limites, mas se aproxima de uma constante no limite do zero absoluto
de temperatura, isto é:

S(T) → S0 quando T → 0

2.2 Postulado de Planck

De acordo com o postulado de Nernst, a entropia molar (s) de um sistema se


aproxima de um determinado valor finito S0 no limite T → 0 e que, além disso, S0 é
independente das variáveis termodinâmicas, ou seja, uma constante. Poderíamos
imaginar essa constante como uma característica da substancia e, portanto, distinto
para cada substancia. Entretanto, Planck postula que S0 tenha o mesmo valor para
qualquer substância em equilíbrio termodinâmico atribuindo então o valor zero à
entropia do zero absoluto. Portanto, o postulado de Nernst acrescido do postulado de
Planck, que denominamos princípio de Nernst - Planck ou terceira lei da
termodinâmica, nos diz que: S(T) → 0 quando T → 0, para qualquer substância em
equilíbrio termodinâmico.

Assim fica estabelecido o princípio básico de que a entropia atinge o seu valor mínimo
à temperatura de 0 K(Kelvin), e à medida que um sistema se aproxima do zero absoluto de
temperatura em qualquer processo, a entropia tende a uma constante.
Um sistema está isolado termicamente quando limitado por paredes adiabáticas, ou
seja, quando não pode trocar energia por calor com a vizinhança. Este é um fato experimental
que qualquer sistema isolado sempre tende a um estado de equilíbrio, isto é, um estado para o
qual as variáveis macroscópicas que o caracterizam, como pressão, volume e temperatura, não
mudam com o tempo. Um sistema está num estado de equilíbrio termodinâmico quando está,
simultaneamente, em equilíbrio térmico, mecânico e químico. Isso só tem sentido falar na
temperatura do sistema se ela é a mesma em todo o sistema e só tem sentido falar na pressão
do sistema se ela é a mesma em todo o sistema. Com isso em mente, podemos dizer que o
sistema está em equilíbrio térmico quando sua temperatura não varia com o tempo, em
equilíbrio mecânico quando sua pressão não varia com o tempo e em equilíbrio químico
quando sua composição não varia com o tempo. Por outro lado, dizemos que um sistema que
pode trocar energia por calor com a vizinhança está limitado por paredes diatérmicas.
4
Dizemos também que o sistema e a vizinhança estão em contato térmico. Colocando em
contato térmico dois sistemas que, isoladamente, estavam em equilíbrio térmico, podemos
observar mudanças em suas variáveis macroscópicas até que estas alcancem novos valores
que permanecem constantes com o tempo. Dizemos, então, que os dois sistemas estão em
equilíbrio térmico um com o outro. O conceito de temperatura está associado como a primeira
grandeza fundamental na Termodinâmica, segundo Pádua (2008). Esta lei naturalmente
deveria preceder as leis já existentes e, portanto, foi então chamada originalmente por William
Alfred Fowler (1911-1970) e Edward Armand Guggenheim (1901-1970) conhecido como lei
zero da Termodinâmica: “Dois sistemas termodinâmicos, quando em equilíbrio térmico com
um terceiro sistema, estão em equilíbrio térmico entre si” (PADUA, 2008 p.74).
Definições de termos como: equilíbrio e equilíbrio térmico ajudam a compreender escopo
de conhecimentos pertinentes à lei zero como que são sugeridos pelo autor acima citado:
Equilíbrio: um sistema termodinâmico está em equilíbrio no sentido macroscópico,
quando suas variáveis macroscópicas de estado são constantes no tempo e uniformes
através de todo o sistema. Equilíbrio Térmico: dois sistemas termodinâmicos estão
em equilíbrio térmico se, quando postos em contato por meio de uma parede
diatérmica, suas variáveis de estado não se alteram. Dois sistemas em equilíbrio
térmico têm a mesma temperatura.(PADUA, 2008 p.74).

4
4
Considerações Finais

Ao desenvolvermos qualquer trabalho acadêmico sempre estamos à mercê das dificuldades,


quando se trata de uma pesquisa bibliográfica estas dificuldades são acrescidas pela falta de
fontes confiáveis e acima de tudo pela divergência entre os assuntos. Assim precisamos
pesquisar acervos de vários idiomas entre livros, artigos, os quais geralmente são extensos e
demandam muito tempo e dedicação para sua leitura, que também precisa ser analítica e
provida de questionamentos para que se apure os fatos de forma cronológica e que seja o mais
aprovada possível. Para que isso ocorra é preciso analisar as entidades publicadoras e escolher
os materiais a serem lidos, que também sejam publicados por aquelas que mantêm um bom
nível de publicações científicas.

Ao desenvolver esta pesquisa nota-se que não é fácil escrever todo o escopo do
desenvolvimento das máquinas térmicas e consequentemente da Termodinâmica, relatando
todos os personagens que montam esta história; este trabalho demandaria com certeza vários
anos de estudo e habilidades peculiares a um pesquisador profissional. Em suma esta pesquisa
explicitou a ideia que as máquinas de fogo (agora chamada máquinas térmicas) que
transformaram o mundo, trazendo preocupações que foram ainda mais importantes; estas
preocupações direcionaram cientistas que se fizeram pioneiros na busca de se conseguir uma
máquina a vapor que se produzisse mais, consumindo menos, e estes estudos levaram ao
desenvolvimento do ramo da física conhecido hoje como Termodinâmica. Esta busca nos
deixou legados, que são as leis da termodinâmica com todas as suas aplicações. Todo este
contexto histórico é necessário para se ensinar Termodinâmica de acordo com os PCNs,
contudo é preciso, para se manter sempre explícitos em nossa memória, bons materiais para
leitura que estejam dispostos de forma organizada, confiável e acessível.

4
REFERÊNCIAS

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Desenvolvimento da Termodinâmica. Alexandria Revista de Educação em Ciência e Tecnologia UFSC.
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