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Organizadores
Estanislau Alves da Silva Filho
Ivan Ramos Estevão
Diagramação: Marcelo Alves
Capa: Gabrielle do Carmo
252p.
ISBN 978-65-85725-03-3
DOI 10.22350/9786585725033
1. Psicanálise – Princípios. I. Silva Filho, Estanislau Alves da. II. Estevão, Ivan
Ramos
CDU 159.964.2
APRESENTAÇÃO
INÍCIO 11
Estanislau Alves da Silva Filho
ENSAIOS
1 21
SE FOSSE SÓ UM CAFÉ...
Talita Minervino Pereira
2 27
O DINHEIRO E O PAGAMENTO NAS PRELIMINARES
Luiz Eduardo de V. Moreira
VINHETAS
3 35
PRIMEIRO TEMPO DA TRANSFERÊNCIA E A LEITURA DOS PREFIXOS
Victória Kniest
4 38
MUITOS QUASE
Luiza Azem Camargo
5 40
A CAUSA DA MINHA DOR NAS COSTAS – UM OBSESSIVO
Carina Cruvinel
6 44
DA CHEGADA DE BENTO
Karina Destro
DENSIDADES CLÍNICAS
7 51
PALAVRA APÓS PALAVRA
Cirlana Rodrigues de Souza
8 73
AS MI(G)RAGENS DA ANÁLISE DO IMIGRANTE: HÁ SINGULARIDADE NA ENTRADA EM
ANÁLISE DE UM IMIGRANTE?
Gabriel Inticher Binkowski
9 92
A ENTRADA EM ANÁLISE E A CATÁSTROFE: FUNDAR A SUBJETIVIDADE NA
PRECARIZAÇÃO DA VIDA
Clarice Pimentel Paulon
10 112
SOBRE ENTRADA EM ANÁLISE E ENCAMINHAMENTOS CLÍNICOS: A RESPEITO DA
IDENTIDADE E CORPOREIDADE DO PAR ANALÍTICO
Augusto Coaracy
Mayara Pinho
11 131
PRIMEIROS CUIDADOS PSICOLÓGICOS – O QUE PODE ESCUTAR A PSICANÁLISE?
Julia Bartsch
12 149
DE UM REAL A OUTRO
Aline Accioly Sieiro
PROSPECTOS TEÓRICOS
13 175
CONSTRUÇÕES CLÍNICAS SOBRE A ENTRADA EM ANÁLISE
Estanislau Alves da Silva Filho
14 230
RIGOR E RIGIDEZ NAS (ENTRE)LINHAS DA PSICANÁLISE
Enzo Cléto Pizzimenti
Andressa Dumarde
AS MI(G)RAGENS DA ANÁLISE DO IMIGRANTE:
8
HÁ SINGULARIDADE NA ENTRADA EM
ANÁLISE DE UM IMIGRANTE?
Gabriel Inticher Binkowski 1
1
Psicanalista e Professor no Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. Mestre em Clínica
Transcultural e Doutor em Psicologia pela Université Sorbonne Paris Nord; Membro do Laboratório de
Psicanálise, Sociedade e Política (PSOPOL) e da Unité Transversale de Recherche Psychogenèse et
Psychopathologie. Supervisor clínico no Grupo Veredas: Psicanálise e Migração, coordena o eixo de
Atendimentos Clínicos. Também é um dos coordenadores do Relapso – Grupo Interuniversitário de
Pesquisa em Religião, Laço Social e Psicanálise.
74 • Princípios psicanalíticos: de entradas e variedades casuais
num certo ordenamento do que pode vir a fazer sentido. Temos, então,
rituais de passagem ou de tratamento (pela cultura) e soluções sociais
que tentam dar sentido a essas rupturas do lugar do sujeito diante do
Outro, da pregnância da imagem especular (sua eficácia simbólica) e da
Lei.
Neste escrito, mais especificamente, levo adiante a hipótese de que
há três momentos (lógicos) bastante específicos que exigem uma grave
reorganização subjetiva dessa relação com o Outro. Logo, são momentos
lógicos pois implicam a própria lógica da constituição do sujeito no
âmago de sua relação com o Outro. Estes configuram-se como
momentos privilegiados, no sentido subjetivo, porque, malgrado a
existência de tramas simbólico-imaginárias que apontem certos
recalques e, portanto, que uma reorganização do gozo para o sujeito é
possível, elas simplesmente não dão conta, visto que o sujeito está
diante de um encontro grave, ou seja, que tenta gravar algo do real.
Contudo, sabemos que o real não se grava, não se inscreve. Ele não
fica registrado senão a partir de uma borda do simbólico, fenda, que dá
uma certa dimensão meio que miragem de falta, ou mesmo de perda.
Podemos até tentar imaginarizá-lo, o que gera frutos, claro, mesmo que
a partir de uma lógica do faltante. Diante disso, a propósito dessas três
modalidades de experiência, aponto o luto, a experiência de
paternidade/maternidade e, por fim, a da migração.
Tendo em vista que me atenho nesse ensaio ao terceiro tipo de
exigência de reposicionamento, relativo à migração, aponto apenas en
passant que tanto a experiência da perda e, portanto, aquilo que pode
implicar um luto, como também a da maternidade/paternidade,
Gabriel Inticher Binkowski • 75
REFERÊNCIAS
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