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INTRODUÇÃO À TEORIA
PSICANALÍTICA: GÊNESE E
ESTRUTURA DA PSICANÁLISE
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São Paulo
Platos Soluções Educacionais S.A
2021
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Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Turchetti Bacan Gabiatti
Camila Braga de Oliveira Higa
Giani Vendramel de Oliveira
Gislaine Denisale Ferreira
Henrique Salustiano Silva
Mariana Gerardi Mello
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Coordenador
Camila Turchetti Bacan Gabiatti
Revisor
Karla Cristina Gaspar
Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco
Carolina Yaly
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal
ISBN 978-65-89965-20-6
CDD 150
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Evelyn Moraes – CRB-8 SP-010289/O
2021
Platos Soluções Educacionais S.A
Alameda Santos, n° 960 – Cerqueira César
CEP: 01418-002— São Paulo — SP
Homepage: https://www.platosedu.com.br/
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SUMÁRIO
O trabalho do sonho__________________________________________ 45
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O desenvolvimento da teoria
psicanalítica.
Autoria: Isadora Di Natale Nobre
Leitura crítica: Karla Cristina Gaspar
Objetivos
• Contextualizar os fundamentos da teoria
psicanalítica.
Fonte: clu/iStock.com.
Dessa forma, a cura se dá pela palavra, como talking cure (cura pela fala)
por meio de chimney sweeping (limpeza de chaminé), termos utilizados
pela própria paciente Anna O, no período em que ela só falava em inglês,
referindo-se ao fato dos sintomas serem eliminados pela narração.
Freud percebe que algumas ideias parecem estar prontas para serem
associadas, como que em uma superfície, uma vez vencida a resistência,
elas emergem. Porém, elas não são propriamente as verdadeiras ideias
patogênicas, mas ideias que formam um elo, um caminho para elas,
indicando a direção do tratamento.
Referências
BREUER, Josef; FREUD, Sigmund. Obras completas, volume 2: estudos sobre a
histeria (1893-1895). São Paulo: Companhia das Letras, 2016.
FREUD, Sigmund. Cinco lições de psicanálise (1910). São Paulo: Cienbook, 2019.
FREUD, Sigmund. Obras completas, volume 13: conferências introdutórias à
psicanálise (1916-1917). São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
MEZAN, Renato. Freud: a trama dos conceitos. São Paulo: Perspectiva, 2013.
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Objetivos
• Contextualizar o desenvolvimento da primeira
concepção de aparelho psíquico na teoria freudiana.
Sob essa perspectiva, a consciência seria o sistema que viria logo após
o pré-consciente. Enquanto o inconsciente quer garantir a descarga
livre da excitação acumulada, o pré-consciente transforma essa carga
de afeto (soma de excitação), desviando-a para, assim, possibilitar uma
satisfação parcial e indireta, que seja tolerada pela consciência. O pré-
consciente trabalha, portanto, na inibição da descarga.
Tal função inibidora é realizada por outro sistema, que Freud denomina
pré-consciente, impedindo que a atividade do primeiro sistema,
inconsciente, resulte em desprazer, trabalhando como um filtro na
passagem de conteúdo para a consciência.
Referências
FREUD, Sigmund. Cinco lições de psicanálise (1910). São Paulo: Cienbook, 2019.
FREUD, Sigmund. Obras completas, volume 4: a interpretação dos sonhos (1900).
São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
FREUD, Sigmund. Obras completas, volume 13: conferências introdutórias à
psicanálise (1916-1917). São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
GARCIA-ROZA, Luiz A. Freud e o inconsciente. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.
MEZAN, Renato. Freud: a trama dos conceitos. São Paulo: Perspectiva, 2013.
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Objetivos
• Apresentar a teoria dos sonhos na Psicanálise.
Freud afirma que o sonho tem um sentido, que está oculto, e que
pode ser desvendado por sua interpretação em análise. Tal descoberta
ocorreu a partir de seus próprios atendimentos, nos quais os pacientes,
ao serem orientados a comunicar quaisquer pensamentos e associações
que lhe viessem à mente, começaram a contar seus sonhos.
Figura 1 – Sonho
Fonte: Choreograph/iStock.com.
Mas que desejos são esses? O que provoca essa deformação? Freud se
questiona. São desejos reprimidos, desagradáveis, os quais muitas vezes
a pessoa não quer ter conhecimento. A deformação funciona como uma
dissimulação para que eles não sejam reconhecidos ou percebidos pelo
sonhador. Conforme Garcia-Roza (1985, p. 63) “O objetivo é proteger o
sujeito do caráter ameaçador dos seus desejos”.
É pela análise dos sonhos que ele chega à conclusão de que o sonho
possui um sentido oculto, secreto, que constitui a realização de um
desejo. É comum que o sonho relatado ocorra de forma incompleta e,
durante a análise, ressurge a lembrança de partes excluídas do sonho.
Tais partes constituem elementos essenciais à sua interpretação.
Fonte: Choreograph/iStock.com.
Existem desejos que todos possuem, mas que prefeririam que não
existissem, que não são admitidos pela consciência. Em sonhos com
tais conteúdos, por exemplo, de tendências masoquistas, a realização
do desejo está tão deformada e disfarçada que são irreconhecíveis,
justamente por conterem uma aversão, uma intenção de reprimir o
tema do sonho ou o desejo revelado.
Muitos desejos ainda existem, mesmo que exista também uma inibição
que se contrapõe a eles. Há, mais uma vez, a constatação de sistemas
psíquicos diferentes que mantêm relação e conflito constantes entre si.
Mais uma vez Freud se depara com cenas infantis, em que o material
censurado consiste em conteúdo de ordem sexual.
Freud (2019 [1900]) também conclui que cada sonho tem também uma
parte que não consegue ser interpretada, como que um umbigo, que
se vincula a um desconhecido, um ponto em que ele é insondável, que
deve ser deixado na obscuridade.
Referências
FREUD, Sigmund. Obras completas, volume 4: A interpretação dos sonhos (1900).
São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
GARCIA-ROZA, Luiz A. Freud e o inconsciente. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.
MEZAN, Renato. Freud: a trama dos conceitos. São Paulo: Perspectiva, 2013.
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O trabalho do sonho.
Autoria: Isadora Di Natale Nobre
Leitura crítica: Karla Cristina Gaspar
Objetivos
• Apresentar as particularidades do trabalho do
sonho.
Freud explica que “os elementos dos sonhos são formados a partir de
toda a massa de pensamentos oníricos e cada um deles parece ser
multiplamente determinado em relação aos pensamentos oníricos”
(2019 [1900], p. 325).
Fonte: mustafaipek34/iStock.com.
Os símbolos exercem aqui grande papel, pois são usados pelo trabalho
do sonho para disfarçar seus conteúdos latentes. Como os símbolos
são coletivos, comuns, com frequência podem ser interpretados não
simbolicamente, mas em seu sentido próprio. Porém, o sonhador pode,
também, associar a esse sentido relações com o seu pensamento,
recorrendo a um material especial de suas próprias lembranças.
Freud (2019 [1900], p. 365) conclui que todo sonho trata da pessoa do
sonhador, sem exceções. Ele afirma que “os sonhos são absolutamente
egoístas”. E todos os comentários que o sonhador realiza sobre o seu
sonho possui uma importância à sua interpretação, por exemplo,
durante a sessão, ao relatar um sonho, fala “essa parte está um tanto
borrada para mim”, a posterior análise pode trazer a reminiscência
infantil de se limpar após defecar.
Assim sendo, podemos concluir que o sonho tem como objetivo sempre
a realização de desejos inconscientes. A maioria dos sonhos, para Freud,
trata de material sexual, expressando desejos eróticos.
e, por isso, não pode ser imediatamente comparado a este. Não pensa,
calcula e julga; antes se limita a transformar. É possível descrevê-lo
exaustivamente, quando se leva em conta as condições que seu resultado
tem de satisfazer. Esse produto, o sonho, deve ser principalmente
subtraído à censura, e para isso o trabalho do sonho recorre ao
deslocamento das intensidades psíquicas, até chegar à transmutação
de todos os valores psíquicos; os pensamentos devem ser reproduzidos
exclusiva ou predominantemente no material de traços mnêmicos
visuais e acústicos, e dessa exigência resulta para o trabalho do sonho a
consideração pela representabilidade, a que ele atende mediante novos
deslocamentos. Devem (provavelmente) ser produzidas intensidades
maiores do que as disponíveis nos pensamentos oníricos durante a noite,
e para essa finalidade serve a ampla condensação que é empreendida com
os componentes dos pensamentos oníricos. (FREUD, 2019 [1900], p. 556-
57)
Referências
BRENNER, Charles. Noções básicas de psicanálise: introdução à psicologia
psicanalítica. 4. ed. Rio de Janeiro: Imago, 1987.
FREUD, Sigmund. Obras completas, volume 4: A interpretação dos sonhos (1900).
São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
FREUD, Sigmund. Obras completas, volume 13: Conferências introdutórias à
psicanálise (1916-1917). São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
NASIO, Juan-David. O prazer de ler Freud. Rio de Janeiro: Zahar, 1999.
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BONS ESTUDOS!