TCC - Ansiedade - O Excesso de Futuro

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CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA

UNIDADE ACADÊMICA DE GRADUAÇÃO

CURSO DE PSICOLOGIA

RUTE SANTOS LIMA

ANSIEDADE – O EXCESSO DE FUTURO

Rio de Janeiro – RJ

2020

RUTE SANTOS LIMA


ANSIEDADE - O EXCESSO DE FUTURO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Graduação em Psicologia do
Centro Universitário Augusto Motta como requisito
parcial à obtenção ao título em bacharel.

Orientador:

Professor Ms. José Candido Pereira Neto

Rio de Janeiro – RJ

2020
CENTRO UNIVERSITÁRIO AUGUSTO MOTTA

CURSO DE PSICOLOGIA

ANSIEDADE – O EXCESSO DE FUTURO

RUTE SANTOS LIMA

Apresenta o Trabalho de Conclusão de Curso.

Aprovado em: 28 de junho de 2021.

(Professor Ms. José Candido Pereira Neto).


AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus que me deu inspiração para a escritura desse trabalho,

me proporcionando situações a fim de realmente praticar o que me incitava a escrever nesse

projeto, mostrando que nada está verdadeiramente em nossas mãos, mas tudo é regido por Sua

soberania.

Agradeço aos meus pais e irmãos que sempre acreditaram em mim e contribuíram para

o crescimento dessa obra.

Agradeço ao meu esposo, por me ouvir relatar as diversas intempéries durante o

processo de criação e atualização dessa obra, por ter lido por diversas vezes o mesmo texto

infinitas vezes e confiado na minha capacidade criativa.

Agradeço ao professor José Neto por me orientar durante a criação dessa obra, sempre

apoiando as minhas ideias e corrigindo o necessário para que a mesma saia com a melhor

qualidade, e sempre sendo solicito aos meus questionamentos, explicando os mesmos com

excelência.
Ao Criador e Senhor da mente humana, que essa obra faça seus

ensinamentos para a gestão da emoção ser conhecidos, e assim

sejam colocados em prática a fim de apaziguar nossas

tempestades.

Aos meus pais, irmãos e meu esposo Daniel, que com muito

carinho me apoiaram e não mediram esforços para que eu

chegasse até essa etapa da minha vida com sucesso.

Sumário

INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 7
MÉTODO........................................................................................................................ 9

RESULTADOS (ARTIGOS ENCONTRADOS)............................................................ 9

DISCUSSÃO ................................................................................................................ 11

CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................ 17

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................... 18
INTRODUÇÃO

Segundo os autores Coutinho, Dias e Bevilaqua (2013) podemos dizer que a


ansiedade faz parte da humanidade ao longo da história assumindo diferentes perspectivas. Ao
longo da história a ansiedade foi analisada dentro das diversas abordagens, como
antropológica, filosófica, religiosa, médica e psicológica, o que mostra como esse evento vem
intrigando e motivando pesquisadores a buscar novos entendimentos a respeito desse
sentimento que há tanto tempo faz parte da humanidade.
Relatos da antiguidade apontam a ansiedade como característica presente no quotidiano dos
gregos, pois na mitologia desse país, havia um deus chamado Pã, que cuidava dos
bosques, campos, rebanhos e dos pastores, e que este era temido por aqueles que precisavam
passar pelas florestas durante a noite. No início do séc. XVII, o termo ansiedade começou a
aparecer na escrita médica em relação a doenças mentais, o termo ansiedade era usado para
fazer distinção entre os níveis normais vividos pela população em geral após desilusões
amorosas, preocupações financeiras, problemas de saúde e os níveis excessivos apresentados
por pessoas que reagiam de forma mais intensa a eventos similares. O que atualmente
consideramos síndrome de ansiedade grave, naquele período estava vinculado a quadros
depressivos.
No séc XVIII, acreditava-se que a ansiedade tinha um cunho biológico por trás, passando a ser
considerada a partir de aspectos físicos e sendo estes destacados por sintomas corporais. Na
França, os ataques de pânico eram compreendidos como crises de angústia agudas, que segundo
o médico Landré-Beauvais poderiam ser definidas como ''certo mal estar, inquietude, agitação
excessiva''. Sintomas como taquicardia, tontura e inquietude ainda eram vistos como parte de
uma doença neurocirculatória. Ainda em meados do séc. XIX, os sintomas de ansiedade
podiam ser encontrados nas classificações médicas espalhadas pelas seções dedicadas ao
coração, orelha e intestino e cérebro. Dessa forma, a ansiedade ainda continuava a ser vista e
tratada pelo âmbito físico. A partir de 1850 começou-se a esboçar uma mudança a cerca da
ansiedade, onde suas causas somáticas até então aceitas, começaram a dividir a atenção com
causas psicológicas.
Segundo Gentil (1997) e Skinner (1953), a ansiedade pode ser definida a partir de um
estado emocional desagradável que acompanha desconfortos de origem somática, relacionada
à outra emoção - o medo. Tal estado emocional geralmente está relacionado ao futuro, e às
vezes é desproporcional a uma ameaça real. Esse desconforto tem se apresentado comumente
por meio de sensações como frio na barriga, coração apertado, nó na garganta, mãos suadas,
sendo características de um sentido paralisante. Já para Skinner (1953) a ansiedade de acordo
com essas perspectivas envolveria a previsão de que algo aversivo está para acontecer, ou seja,
a ansiedade é acarretada de um futuro carregado de aversidade, o que para uma análise
científica, a explicação de comportamentos baseados em eventos futuros é bastante imprecisa.
Para os autores Gentil (1998) e Kanfer e Phillips (1970) alguns elementos comuns na
definição de ansiedade seria a apresentação regularmente de manifestações de cunho biológico,
autonômicas e musculares (taquicardia, hiperventilação, sensações de afogamento ou
sufocamento, sudorese, tremores e dores), redução da eficiência comportamental (dificuldades
de concentração e debilidade de habilidades sociais), respostas como fuga e/ou esquiva
(sugerindo assim a expectativa ou um controle por eventos futuros, acompanhados de relatos
verbais de estados internos desagradáveis (angústia, apreensão, medo, insegurança, mal-estar
indefinido, etc.).
Em síntese a Organização Mundial da Saúde – OMS (1998) se refere à qualidade de
vida como algo relacionado a fatores físico, mental, funcional e emocional e relativo a
elementos pessoais como trabalho, família, amigos e situações quotidianas, assim como a
percepção de que suas necessidades estão sendo satisfeitas. No caso da ansiedade, quando a
mesma é reconhecida como patológica, gera desconforto emocional intenso, prejudicando
diretamente a qualidade de vida do indivíduo portador e indiretamente das pessoas que
convivem com o mesmo.
As terapias cognitivas surgiram ao final dos anos 60, em parte como resultado de uma
insatisfação com os modelos de forma estritamente comportamental, que não reconheciam a
importância dos processos cognitivos que mediam o comportamento. Dentre os autores desse
movimento, Albert Bandura (1969 - 2008) foi um dos mais importantes críticos ao modelo
operante, ao propor uma compreensão da aprendizagem sem tentativa, conhecida como
modelação, o que é frequente entre os seres humanos e que ocorre pela observação de um
modelo, sem a necessidade de reprodução de um comportamento. Como afirma Dowd (1997),
as demonstrações empíricas de Bandura com a caixa preta, mostrou que a mesma poderia ser
entendida cientificamente e que os esforços percebidos eram mais efetivos do que os reais.
Vários eventos científicos aconteceram na década de 50 enfatizando a teoria do processamento
da informação, passando a ser esta cada vez mais utilizada na compreensão de fenômenos
clínicos, como por exemplo a mediação cognitiva da ansiedade. Segundo Jacobson (1987), a
incorporação das teorias e das terapias cognitivas à terapia comportamental foi tão completa
que é difícil encontrar atualmente terapeutas comportamentais puros no trabalho com seus
pacientes. As abordagens cognitivistas apresentam diferenças de princípios e de procedimentos.
Autores construtivistas também consideram que as terapias de Beck e a de Elis, assim como
outras formas de abordagens cognitivo-comportamental, são racionalistas, uma vez que seus
pressupostos filosóficos existem um mundo externo que pode ser percebido de forma correta
ou incorreta.
O modelo de reestruturação cognitiva proposto por Beck et al. consiste em ensinar
habilidades cognitivas específicas (Hollon & Beck, 1994, citado por Gabalda, 1997). Deste
modo, o presente estudo tem como objetivo apresentar a ansiedade, assim como o transtorno de
ansiedade e como a Teoria Cognitiva e Comportamental, por meio de uma revisão literária pode
colaborar para o manejamento e enfrentamento desse tipo de transtorno.

MÉTODO

Foi realizada uma foi revisão bibliográfica, a fim de fazer um levantamento de artigos
científicos sobre a ansiedade. Para isso foi utilizada uma busca nas bases de dados Google
Acadêmico e Scientific Electronic Library Online – Scielo e aplicados os seguintes descritores
Ansiedade, Teoria Cognitiva e Comportamental e Transtorno de Ansiedade Foram encontrados
no total cerca de 15.500 artigos, porém após análise de título e resumo apresentado, os artigos
selecionados foram 11, estando eles em um período a partir de 2015 até 2020.

RESULTADOS (ARTIGOS ENCONTRADOS)

Título Periódico Base Ano Loc Profissão dos Autores Tipo de


de al autores document
dado o
s
Érico
Felden
Qualidade de Rev. Brasileira Sciel 2012 SP Revisão
Pereira
vida: de educação o Bibliográfi
abordagens, física e esporte. ca
Clarissa
conceitos e
Stefani
avaliação.
Teixeira
Anderlei
dos
Santos

Ana
Regina
Transtornos de Revista 2000 SP AMBULANSIA Revisão
GL
ansiedade. Brasileira de. Sciel Bibliográfi
Castillo
Psiquiatria o ca
Programa de
Residência Médica do Rogéria
Hospital São Lucas Recondo
(PUC-RS)

Fernando
LIM-27 (Laboratório
R Asbahr
de Investigações
Médicas) Gisele G
Manfro.

Programa de Pós-
graduação em
Ciências Médicas:
Psiquiatria, UFRGS.

Um panorama Revista Peps 2005 SP Professor da Denis Revisão


analítico- Brasileira de ic Faculdade de Roberto Bibliográfi
comportamental Terapia Ciências Humanas e Zamigna ca
sobre os Comportamenta Sociais ni
transtornos de l e Cognitiva
ansiedade
Professor Titular do Roberto
Departamento de Alves
Métodos e Técnicas Banaco
da Faculdade de
Psicologia e do
Programa de Estudos
Pós-Graduados em
Psicologia
Experimental

História e Revist Peps 2007 RJ Professor Bernard Revisão


panorama atual ic Pimentel
a Brasileira de
das terapias Rangé
Professora Bibliográfi
Terapias
cognitivas no
ca
Brasil Cognitivas
Eliane
Psicóloga
Mary de
Oliveira
Falcone

Aline
Sardinha

DISCUSSÃO

Segundo os autores Amorim et al.(2018), Hyde, Ryan & Waters (2019) e Lucado (2017),
a ansiedade pode ser entendida como uma relação de conflito, impotência, de suspeita, de
apreensão, sendo este caracterizado por processos neurofisiológicos entre a pessoa e o
ambiente, em que o indivíduo se sente confrontado por determinada situação ou evento onde
não se sente capaz de responder as demandas do ambiente e se sente ameaçado por ele, podemos
considerar a ansiedade como uma chuva de meteoros que se mostram do tipo, e se? Como por
exemplo, E se não conseguir fechar a venda? E se eu não conseguir tal emprego? Podemos
observar que os sintomas mais frequentes são preocupação, apreensão e nervosismo na qual são
continuadas através da incerteza sobre o resultado da situação. Para Lucado (2017), a
consequência de toda essa incerteza seria o estado de ansiedade, que poderia ser descrita como
uma sensação de medo, pavor, sendo esta uma vaga intuição sobre o que poderia acontecer
futuramente em algum momento. Lucado (2017) relata que a ansiedade e o medo podem ser
considerados primos, uma vez que ambos parecem trabalhar juntos, porém há uma distinção
bem tênue, enquanto o medo vê uma ameaça real, a ansiedade imagina tal ameaça e se configura
a partir dessa imaginação.
De acordo com Lucado (2017) e Etkin (2010) não podemos dizer que ela (ansiedade)
seja de fato algo ruim, pois ela faz parte da nossa resposta apropriada e adaptativa, com o intuito
de alertar o organismo a cerca de riscos que pode haver no ambiente, porém quando a mesma é
desencadeada a um grau elevado e inadequado e de forma prolongada, podemos considerá-la
como um transtorno, ou seja, uma ansiedade limitada pode ser de grande proveito, pois através
dela somos alertados sobre os perigos, podemos comparar o trabalho da ansiedade limitada
como o da amígdala que tem como principal trabalho é provocar uma reação frente a uma
eminente ameaça, através de dilatação da pupila a fim de haver uma melhora na visão, a
respiração aumenta bombeando mais oxigênio para os pulmões, a frequência cardíaca aumenta,
a fim de injetar mais sangue no sistema, e a adrenalina nos da à força de Hércules entre outros
demais processos, e a partir dessa atitude ela nos coloca num estado de luta ou fuga a fim de
preservar a vida. Podemos comparar a ansiedade demasiada com amígdalas supersensíveis, as
quais disparam sinais de alerta e fazem todo o processo descrito anteriormente a todo o
momento, não deixando que tranquilizantes como a serotonina e dopamina façam os seus
papéis, em concordância com os autores vemos que o autor (Fajemiroye et al., 2014), relata que
a ansiedade é numa escala global um transtorno que compromete o bem estar humano, tendo
como prevalência na população mundial de 3,6% e na brasileira de 9,3% (Who, 2017)
Para entender melhor a ansiedade, precisamos compreender o fenômeno de registro
automático da memória (Fenômeno RAM), a cerca disso Cury (2015) relata que esse evento
registra automaticamente e involuntariamente experiências que tenham maior carga emocional,
ou seja, quanto mais experiências envolvendo emoções, mais elas serão armazenadas de forma
privilegiada ficando disponíveis para participar de pensamentos, sentimentos, ações e reações,
comportamentos entre outros. Para tal é necessário compreender que a qualidade de
experiências vivenciadas na infância determina características que serão manifestadas na vida
adulta, como por exemplo, a ansiedade. O fenômeno RAM de certa forma tem como intuito o
armazenamento e potencial resgate de situações miseráveis e prazerosas uma vez que elas
tenham maior carga emocional. Podemos pensar como exemplo que uma pequena taquicardia
e sensação de desmaio no elevador possam levar a uma possível claustrofobia, ou, que uma
ofensa em público possa gerar um bloqueio nas atividades sociais, entre outros exemplos. Desse
modo não somente o profissional como o paciente necessita estar ciente de que pensamentos e
emoções que acontecem no passado ou no presente serão os alicerces no qual será construído o
futuro daquele ser.
De forma a alimentar o fenômeno RAM, temos o fenômeno de autofluxo, que como seu
próprio nome indica, é o responsável pelo fluxo de pensamentos e emoções, produzindo
milhares de leituras de memória que podem acontecer muitas vezes aleatoriamente, sendo assim
grande parte das angústias, apreensões, sonhos e expectativas não estão estritamente ligadas ao
estímulo externo, mas ao conjunto de pensamento diário, sendo esse conjunto fonte de prazer
ou terror. O X da questão nesse caso é que se as ideias produzidas pelo fenômeno do autofluxo
forem negativas, adivinham, elas serão registradas privilegiadamente pelo fenômeno RAM,
retroalimentando por assim dizer: fobias, pânico, insegurança, ansiedades, entre outros (CURY,
2015).
Nesse caso, precisaremos reescrever os arquivos que tecem as experiências conscientes
e inconscientes, reescrever porque não temos como apagar os incidentes acontecidos, pois tal
coisa só é possível através de tumor cerebral, trauma craniano ou Alzheimer, mas, destruir tais
arquivos também seria esfacelar nossa identidade, em relação a isso, o Criador não deu
liberdade ao homem de mexer ou apagar os arquivos de sua memória, uma vez que isso
conspiraria contra sua própria liberdade. Portanto, esses mecanismos citados anteriormente,
estão protegidos dos ataques do eu, sendo impossível apagar a memória, somente reeditá-la. Ou
seja, não há milagres no tratamento psicoterapêutico, independente da corrente psicoterapêutica
usada, só há sucesso quando o paciente aprende a reescrever seus conflitos, gerenciando
pensamentos e usar o fenômeno gatilho da memória, da âncora da memória, do autofluxo, assim
como o fenômeno RAM (CURY, 2015).
Segundo Cury (2015) ao falarmos sobre reescrever nossos arquivos de memória temos
que entender o fenômeno de gatilho, que como o próprio nome indica, ele parte de um estímulo
que pode ser físico ou psíquico, produzindo nossas impressões, reações, sentimentos e
pensamentos. O gatilho, tem como o intuito o deslocamento da leitura para uma área da
memória, fazendo o autofluxo a lê-las e produzir ideias relacionadas a ela continuamente e
fixamente sobre tal impasse ou como podemos dizer, os gatilhos deslocam a leitura de memória
para uma determinada região, confinando o fenômeno de autofluxo nessa área. Por exemplo,
um paciente com crise de pânico, produzirá pensamentos e emoções relacionadas a informações
contidas nessa zona específica da memória.
De acordo com Cury (2015) o fenômeno da âncora de memória modifica o território da
leitura de memória, deslocando assim o fenômeno do autofluxo a uma experiência saudável ou
traumática, literalmente ancorando o processo de leitura a determinada área, fazendo com que
o ego (eu) viva um circuito fechado da memória, fazendo assim com que venha a agir instintivo
e impulsivamente, através do bloqueio das demais janelas, causando assim uma
despersonalização, fixando o foco naquela situação tensional.
Nesse caso, reescrever a memória consiste em resgatar a liderança do eu, que nesse caso
não é o ego de Freud (1976), mas a identidade consciente psíquica e social do homem, sendo
isto, o mesmo não pode ser destruído, e sim transformado, através de novas experiências. Esse
resgate se dá através dos focos de tensão e ao gerenciamento de reações instantâneas, como as
da ansiedade, do desespero ou do medo, que são atingidas pelo fenômeno de gatilho de
memória. Quando há essa liderança do eu, há a dominação do foco da tensão e a administração
dos territórios da leitura de memória, realizando assim a mudança nos pensamentos do
autofluxo, ainda mais se estes forem fixos. Podemos pensar nesse resgate do eu como a técnica
de questionamento socrático, realizada através da teoria cognitiva e comportamental, que
consiste em avaliar se tais pensamentos produzidos tem validade ou não, realizando assim um
novo foco de pensamento, ou seja, o foco é retirado da zona de tensão e colocado sobre o pensar
sobre o pensamento, questionar, criticar pensamentos que possam ser angustiantes (CURY,
2015).
Para tal, o processo psicoterapêutico deve ser continuado pelo paciente em sua
rotina/vida diária, de forma que a prática se estenda além das sessões, para que aprendam a lidar
com suas intempéries dentro e fora do foco tensional, reescrevendo-os e organizando os
arquivos em sua mente, construindo ideias que sejam saudáveis, criativas e criticas, diversas
vezes, tanto a favor como contra a tensão. Para exemplificar o que esta sendo dito, podemos
utilizar um exemplo bem quotidiano relacionado a plantas, se queremos que sejam saudáveis
devemos cuidar de suas raízes, mantendo-as bem adubadas e livres de pragas, assim também
devemos tratar nossa mente, buscando a raiz de focos tensionais, reescrevendo-os e sempre que
possível questionar e desfazer quaisquer ideias ou crenças que não tenham validade (CURY,
2015). Outro exemplo totalmente válido é do vice-almirante James B. Stockdale que teve o
avião derrubado e virou prisioneiro de guerra no Vietnã, sofreu torturas, enfrentou períodos na
solitária e nem havia garantia de que sairia dali com vida, porém mesmo em meio a todo esse
evento o mesmo não focou na situação em que vivia, mas em que poderia ser feito para alterar
a situação a seu favor, começou se responsabilizando pelos outros homens que estavam presos
junto a ele (no qual era a patente mais alta) ajudando na sobrevivência destes enquanto
comandava a resistência norte-americana, o mesmo instituiu uma série de regras de condutas
coerentes, as quais proporcionavam aos prisioneiros esperança e capacitação, além de criar uma
comunicação interna que poderia ser utilizado durante solitárias ou períodos de silêncio
forçado. Sob o risco de tortura ou morte caso fosse descoberto, Stockdale desenvolveu modos
de passar informações de inteligência para o governo dos Estados Unidos por meio de cartas
com permissão obtida como pretexto de comunicar-se com a esposa. Stockdale foi libertado e
recebeu 26 medalhas, assim como a de honra, porém seu exemplo, nos mostra mais do que
coragem, mas confiança no processo, de aproveitar a experiência para desenvolver a sua
estrutura egóicas, ele não estipulava um prazo para sua libertação, ou que sobreviveria a
situação, mas fortaleceu seu ego ao ter em mente que se deve manter o foco, a fé no resultado,
independente de quais sejam as adversidades e dificuldades, e simultaneamente enfrentar os
fatos mais brutais da realidade atual, sejam quais forem. (STOCKDALE, 1984; TANKSLEY,
2018)
Segundo Cury (2015), a reescrição de situações estressantes pode ajudar a gerenciar os
pensamentos e assim utilizar ao seu favor os fenômenos descritos pelo autor – fenômeno de
gatilho de memória, fenômeno de âncora de memória, autofluxo e fenômeno RAM – Quando
há a reescrição da situação/memória, há o resgate da liderança do ego, que é transformado
através da nova experiência ao qual é obtida pelo foco tensional e assim possibilitar um
gerenciar as reações instantâneas.
De acordo com Peters-Tanksley (2018) para que haja uma mudança no estado ansioso
do paciente é preciso que a relação paciente e terapeuta se baseiem nas técnicas de:
• Psicoeducação
Segundo Barlow e colaboradores (2009) é um recurso psicoterapêutico que tem como
objetivo principal a orientação ao paciente em diversos aspectos, seja a respeito das
consequências de um comportamento, a construção de crenças, valores, sentimentos e como os
mesmos afetam a vida do mesmo e de terceiros, buscando nortear o paciente e a família a cerca
da existência da doença física, genética ou psicológica e de seus sintomas e suas sequelas.
A técnica recorrente da teoria cognitiva e comportamental é uma forma de aprendizagem
que proporciona ao indivíduo o desenvolvimento de ideias, pensamentos e reflexões sobre si,
sobre terceiros e sobre o mundo, colaborando para a reflexão sobre valores individuais e
coletivos, acompanhado de orientações a cerca do modelo cognitivo e como os pensamentos
podem influenciar os comportamentos assim como a retirada de dúvidas. Podendo esta ser
definida como um ensino de princípio e conhecimentos relevantes para o cliente, além de
promover a motivação para a continuidade do tratamento (D.DOBSON e K.S.DOBSON, 2010).

• Reestruturação cognitiva
O modelo de reestruturação cognitiva proposto por Beck et al. consiste em ensinar
habilidades cognitivas específicas ao paciente, tendo como objetivo a aprendizagem e
identificação de pensamentos disfuncionais e as crenças relacionadas a eles, proporcionando
assim uma percepção mais apurada do pensar, assim como a correção de pensamentos
irracionais associados aos comportamentos ansiosos (HOLLON & BECK, 1994, citado por
GABALDA, 1997).

• Registro de Pensamentos Disfuncionais


É um instrumento utilizado para verificar quais pensamentos passaram pela mente do
paciente diante de determinada situação, e, a partir desses pensamentos, encontrar as crenças
centrais que geraram tais emoções e comportamentos ao paciente, visa fazer o paciente perceber
e estar atento aos hábitos de pensamentos e sentimentos que surgem durante a rotina diária,
lembrando sempre que propósito dessa técnica é de observar e entender os motivos de seus
pensamentos e não de se autocriticar (BECK, 1997).
Podemos ilustrar melhor essa técnica com as seguintes perguntas:
1. No que estou pensando nesse exato momento?
2. Porque estou pensando isso?
3. Como esse pensamento faz eu me sentir?

• Questionamento socrático
Após o paciente reconhecer seus pensamentos e sentimentos, será a vez de confrontar
eles, de analisar a veracidade de cada um deles a fim de compreender qual a raíz ou crença ou
gatilho que os trouxe a tona e assim desmembrar todo o pensamento.
Podemos ilustrar essa técnica utilizando os seguintes exemplos:
1. Nunca conseguirei terminar esse projeto. (até que ponto isso seria
verdade, e até que ponto não seria?).
2. Todos acham que eu sou um fracasso. (que motivos o levaram a pensar
isso?).
Além dessas técnicas a autora Peters-Tanksley (2018), relata que outros fatores podem
ajudar significantemente a ansiedade como a alimentação, exercícios físicos, descanso e vida
social, além do desenvolvimento do hábito de estar atento as informações que são consumidas
através de mídias e mensagens, fazendo-as passar sempre pelo filtro de levar cativo todo o
pensamento (2 Coríntios 10:5), ou seja que toda informação que chegar até o individuo deve
passar por uma criteriosa análise como a do questionamento socrático, a fim de assumir não
somente o controle do que pensa, como também seu ponto de vista sobre os assuntos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo abordou a questão da ansiedade como um excesso de futuro, avaliando suas
facetas e seus sintomas por meio de embasamento literário. Nesta pesquisa os autores Coutinho,
Dias e Bevilaqua (2013) fizeram suas contribuições para o desenvolvimento histórico e
progressivo do transtorno psicológico conhecido como ansiedade, dessa forma a autora buscou
esboçar as facetas da ansiedade no indivíduo partindo do pressuposto somático e emocional
Gentil (1997) e Skinner (1953), relacionados ao pensamento aversivo que se apresenta ao
sujeito. Foi levantado a história da ansiedade e seu conceito, assim como das terapias
cognitivas, concluindo-se que o procedimento psicoterapêutico pode ser um grande aliado para
o manejamento da ansiedade quando há a continuidade do mesmo na rotina diária do paciente,
sendo a prática estendida para além das sessões estando elas dentro e fora do foco tensional,
fazendo com que o sujeito reescreva e organize seus pensamentos e construa ideias saudáveis e
criativas que sejam a favor ou contra a tensão (CURY, 2015).

A fim de elucidar melhor a ansiedade e seu funcionamento, é inserido na discussão a analise da


ansiedade referenciando ao funcionamento das amigdalas e aos fenômenos mentais que
contribuem para a compreensão da ansiedade, e como os focos tensionais podem ser alterados
a favor do sujeito, caso que é discutido utilizando o exemplo do vice-almirante James B.
Stockdale. Havendo a reescrição da situação/memória, há o resgate da liderança do ego, resgate
esse que é obtido através das relações paciente-terapeuta e ensinamento-prática
(STOCKDALE, 1984; TANKSLEY, 2018; CURY, 2015;).
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