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ANAIS DA IX MOSTRA CIENTÍFICA DO CESUCA – NOV.

/2015
ISSN – 2317-5915

Recordar, repetir, elaborar: estudo de um caso de depressão à


luz das teorias de Freud e outros psicanalistas.

Gracieli Mühl Zapello¹


Jonatas de Oliveira¹
Kellen Luana da Silva Duarte Tardeti¹
Jessica Maieski Ferreira¹
Carulina Hoff¹
Evanisa Helena Maio de Brum²
Resumo: O presente artigo objetiva apresentar um estudo de um caso de
depressão realizado a partir de dados coletados em laboratório de observação.
Foram observadas duas sessões de psicoterapia de orientação psicanalítica,
nesse artigo serão relatadas as sessões de psicoterapia e quais critérios foram
utilizados para definição do diagnóstico de depressão. Por fim, foi discutido o
que a teoria psicanalítica tem a auxiliar na compreensão da subjetividade do
caso.

Palavras chave: Depressão; Psicoterapia Psicanalítica; Freud.

Abstract: This paper presents a study of a case of depression conducted from


data collected from observation laboratory. Two sessions of psychoanalytic
psychotherapy were observed, this paper will be reported psychotherapy
sessions and what criteria were used to define the diagnosis of depression.
Finally, it was we discussed what the psychoanalytic theory has to assist in
understanding the subjectivity of the case.

Keywords: Depression; Psychoanalytic Therapy; Freud.

1. INTRODUÇÃO

O presente artigo objetiva relatar um caso clínico através de um recorte de


observações de duas sessões de psicoterapia de orientação psicanalítica. As observações
foram realizadas em laboratório, específico para fins didáticos, em uma instituição de
ensino superior da região metropolitana de Porto Alegre. O objetivo principal do trabalho
foi de construir uma visão geral do quadro clínico da paciente e analisar os seus sintomas à

¹ Acadêmica do curso de Psicologia do Cesuca- Faculdade Inedi. Email: gracizapello@gmail.com.


¹ Acadêmico do curso de Psicologia do Cesuca- Faculdade Inedi. Email: jonatasdeoliveira@gmail.com.
¹ Acadêmica do curso de Psicologia do Cesuca- Faculdade Inedi. Email: luanatardeti@gmail.com.
¹ Acadêmica do curso de Psicologia do Cesuca- Faculdade Inedi. Email: jeh_maieski@hotmail.com.
¹ Acadêmica do curso de Psicologia do Cesuca- Faculdade Inedi. Email: karol_hoff@hotmail.com.
² Doutora em Psicologia pela (UFRGS); Mestre em Saúde Mental Coletiva pela (ULBRA); Especialista em Saúde
Coletiva – Epidemiologia; Especialista em Psicopatologia do bebê (Instituto Leo Kanner e Universidade Paris Nord,
ILK/UPN); Psicoterapeuta Psicanalítica (Instituto de Terapias Integradas de Porto Alegre, ITI); Graduada em Psicologia
pela (PUC-RS); Coordenadora e professora do curso de Psicologia do Cesuca- Faculdade Inedi. Email:
evanisa.helena@cesuca.edu.br.
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luz da teoria psicanalítica. A paciente foi informada que a sessão seria observada e assinou
o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Nas observações das sessões de psicoterapia com a paciente buscou-se


compreender suas angústias e frustrações através de um olhar psicanalítico que, segundo
Freud (1912), é um campo clínico que investiga a psique humana através do inconsciente.
Dessa forma, em um processo terapêutico o paciente passa por momentos de transições e
descobertas, entretanto, às vezes os fatos descobertos sempre estiveram presentes sem que
a pessoa fosse consciente dos mesmos. Isso vai de encontro à teoria de Bollas (1992),
denominada como o conhecido não pensado, o autor refere que o indivíduo coloca em
palavras pela primeira vez algo que lhe é familiar, algo que ele já sentiu ou viveu, mas que
não havia sido pensado e nomeado anteriormente.

Cabe ressaltar a importância da fase de desenvolvimento do indivíduo em um


processo terapêutico, pois existem estágios a serem desenvolvidos para se passar por um
novo ciclo, este momento pode ter ligação direta com seu desejo inconsciente de liberdade
e autonomia, no qual o paciente tenta se mostrar forte o suficiente para não precisar de
ninguém, podendo vir a sentir-se diante de incertezas (WINNICOTT, 1983). O fato dessas
incertezas e questionamentos existirem, entre outras questões, pode fazer com que o
paciente apresente sintomas depressivos.

A depressão é uma doença cujos sintomas podem ser intensos, prolongados e seus
efeitos causam interferência direta na vida do indivíduo, fazendo com que o mesmo mude
hábitos e costumes que possuía antes (RIVERO, 2009). Este momento pode ter relação
com perdas e acontecimentos que não vieram ao consciente para serem solucionados,
causando assim um luto mal elaborado. É válido lembrar que quando o indivíduo não
possui os recursos necessários para lidar com determinadas situações, ou seja, quando a
integridade do ego é colocada em risco ele pode utilizar mecanismos de defesa (ANNA
FREUD, 1946) que lhe dêem recursos para encarar os fatos de uma forma mais suave.

No seu importante trabalho, “recordar, repetir e elaborar”, Freud (1914) postulou


que alguns comportamentos dos sujeitos nada mais são do que compulsões a repetições,
que no final passam a ser entendidas como a forma que o mesmo lança mão para recordar
situações já vividas. Podemos dizer ainda que por vezes o paciente se comporta de modo
que parece não ter nascido psicologicamente, fato este explicado por não terem sido
sanadas suas necessidades nos primeiros meses de vida (WINNICOTT, 1983). Dessa
forma, tende a transferir seus sentimos, emoções e frustrações ao terapeuta o que,
naturalmente leva a sentimentos contratransferencias do mesmo (ZIMERMAN, 1999).
Nesse trabalho, busca-se a compreensão do funcionamento psíquico da paciente, na
tentativa de entender a depressão como um sentimento de falta e vazio que necessita ser
reelaborado.

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2. DESCRIÇÃO DA PACIENTE

Chamaremos a paciente de F., ela tem 40 anos, é casada, possui três filhos.
Trabalha em um negócio próprio que envolve atendimento de crianças, a mesma participou
de dois atendimentos psicológicos em uma Clínica Escola.

3. RELATO DOS ATENDIMENTOS

No primeiro encontro F. relatou não ter vontade de fazer nada, nem ir à igreja,
trabalhar, não enxergava saída para o momento de sua vida, estava triste, desanimada e
chorou bastante ao longo da sessão. Disse que não costumava chorar durante o dia,
somente quando estava sozinha. Tinha alteração no sono, durante o dia sentia vontade de
dormir e a noite só conseguia dormir com a luz ligada. Relatou que tinha alteração no
apetite e já havia adquirido 6 kg em poucos meses, pensou em se matar, mas não queria
fazer os outros sofrerem, principalmente seu filho mais novo. Não sabia explicar o que
estava acontecendo, disse que sempre quis as coisas e agora não queria mais e que iria
passar por um procedimento cirúrgico, pois tinha cólicas fortes, sangramento e na cirurgia
iria retirar o útero.

Em relação a sua infância referiu que foi tranquila, contou que seu pai casou com
sua mãe quando ela já estava grávida dela, foi um pai maravilhoso e que nunca conheceu
seu pai biológico. Tinha dois irmãos e brincava muito na infância, sentia saudade desse
tempo, e lamentava não poder voltar. Seus pais tiveram separações rápidas, mas ainda
estavam casados. Relatou que a mãe tinha alterações de humor, tomava medicação
psiquiátrica e já havia passado por uma internação, mas ela era criança e não recordava
direito.

Engravidou num momento não planejado, se sentiu sem chão, "virada do avesso", o
pai ficou triste, mas não brigou com ela, porém lhe disse que sua mãe não queria ver sua
barriga crescer, então teve que sair de casa. A paciente e seu namorado na época foram
morar na casa de um parente. O relacionamento com o pai do bebê durou até seis meses
após o nascimento do filho. Após contar sua história de abandonos e do quanto ficou só a
terapeuta referiu que: “A impressão que eu tenho é que tu se sente solta no ar”, com o que
a paciente concordou.

F. contou que sua mãe sempre foi superficial, nunca teve uma conversa franca com
ela, quando seu filho tinha um ano e meio, relatou ter começado o relacionamento com o
seu atual marido e que seus pais pararam de falar com ela por não aprovarem a relação.
Com o novo marido teve um filho que faleceu, pois nasceu com problemas cardíacos, foi
operado, mas morreu no dia seguinte, F. perdeu o chão novamente. Referiu que esta

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gravidez havia sido planejada e muito desejada. Nessa fase o seu pai começou a se
relacionar novamente com ela.

Engravidou pela terceira gravidez e durante a gestação teve que tomar fluoxetina,
porque se descontrolava demais, tinha medo que algo acontecesse ao bebê. Quando ainda
bebê, seu filho não queria mamar, mais uma frustração para F., "aquilo era muito ruim".
Quando ele nasceu F. voltou a estudar e fez magistério. Sobre o filho mais velho fala que
ele já havia saído de casa para morar com seu pai, F. se sentia culpada, pois não conseguiu
harmonizar as brigas de seu marido com seu filho.

Há alguns anos abriu um negócio próprio que envolvia o atendimento de crianças. F


disse não se sentia bem e que e tomou a decisão de fechar seu negócio. A terapeuta
perguntou se em algum momento teve medo de agredir as crianças, F. respondeu que sim.
Próximo ao final da sessão a terapeuta questiona: “Fiquei pensando que tua tristeza e
depressão tem relação com as perdas da tua vida, ganhar o bebê e perder a tua família, ao
longo dos anos tu ficastes muito desamparada, sozinha, até encontrar o teu marido e ter a
tua família”. No entanto F. não vê sentido nesta interpretação da terapeuta.

No segundo atendimento a terapeuta perguntou como havia sido a semana, F.


respondeu que tinha sido melhor, porém estava com problemas com seu filho mais velho,
ele estava incomodando demais. A terapeuta questiona se algo abordado na sessão anterior
tinha feito sentido pra ela, F. responde que “fez, por que realmente é o que acontece, o
acúmulo vai enchendo o copo e uma hora transborda”. F. também diz: “fiquei pensando no
que tu me disse que isso não caiu do céu, sabe lembrei que eu não consegui tirar minha
carteira de habilitação, isso me frustrou”.

F. relatou crises de choro durante a semana, que não havia conseguido ir trabalhar
naquele dia, pois não tinha condições, “imagina, chorar na frente das crianças”, afirmou
ela. A terapeuta questionou a possibilidade de alguém substituí-la, F. fala que não
conseguia confiar em ninguém e que recebia cobranças do marido para que voltasse a
trabalhar. Logo acrescentou que sempre teve sonhos, mas nunca tinha se deixado abater,
que existiam momentos de desânimo, mas nunca havia se sentido assim, tinha um
sentimento de como se fosse o último dia de vida. A terapeuta perguntou se F. pensava em
suicídio, ela falou que não pensava como iria fazer, mas que apenas gostaria que
acontecesse, pois só tinha machucado os outros. F. começou a chorar, demonstrou muita
tristeza, parecia carregar um fardo, suas emoções estavam à flor da pele, seu corpo parecia
estar imobilizado, exausto e sem ânimo. Relatou não gostar da própria história, com fala
embargada e lágrimas escorrendo no rosto, demonstrou estar desapontada com o filho mais
velho que estava tendo comportamentos que ela não aprovava.

F. disse que sua vida era uma sequência de coisas erradas, quando olhava pra sua
história não via nada, a terapeuta disse que ela precisava ser ajudada, cuidada, e expõe que
a ansiedade e a depressão estavam ocorrendo juntas e que ela realmente não estava bem,
mas que existia tratamento para depressão e para a ansiedade. A terapeuta perguntou se ela
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conseguiu trabalhar durante a semana, F. contou que foi só pelas manhãs que estava
totalmente desanimada, ansiosa, não conseguia mais atender as crianças, pois se irritava
facilmente. Relatou estar com insônia, disse que dormia com a luz ligada, demonstrou estar
sem perspectivas de futuro e já não se preocupava com questões financeiras.

No final da sessão a terapeuta afirmou que ninguém escolhe estar doente e F.


relatou que não sabia o que falar para as suas clientes e, logo a terapeuta explicou que
apenas ela e sua família precisavam compreender o que ela tinha para que pudessem ajudá-
la. F. relatou sentimento de culpa, a terapeuta comentou sobre a possibilidade dela se
afastar por um tempo do trabalho, porém F. referiu que havia se comprometido com seus
clientes de trabalhar mais alguns meses e não queria faltar com sua palavra. A terapeuta
lembrou-se da tia que lhe ajudou quando adolescente F. contou que a tia até já tinha se
oferecido para ajudar ela no trabalho, mas que ela acabou negando sua ajuda, a terapeuta
salientou o fato que ela precisava aceitar ajuda, seja da tia ou de outra pessoa.

A terapeuta disse para F. que ela se encontrava em um quadro depressivo, visto que
amadureceu cedo demais e que dentro dela ainda havia uma criança pequenininha,
desamparada, assustada que precisava de colo e atenção e de ser cuidada. F. estava
inconformada, não conseguia se aceitar deprimida, pois sempre havia sido forte, disse que
não se aprovava, não se aceitava. A terapeuta lhe disse que não existia certo ou errado para
o que ela estava vivendo, por que a depressão era maior do que ela. Posteriormente F.
relatou que sempre se agarrou a algo e hoje não tinha mais chão, em seguida a terapeuta
falou que na situação dela era normal não ter esperança, mas que ela iria ser ajudada e
tinha recursos para ficar boa logo. A paciente seguiu em atendimento na Clínica Escola e
foi encaminhada para atendimento psiquiátrico.

4. DISCUSSÃO

A fala da paciente transmitiu a ideia de que ela sofria de um luto mal elaborado,
ocasionado por sucessivas perdas e abandonos (FREUD, 1914), os conflitos com a mãe, o
fato de o seu pai ter a mandado ir embora de casa quando engravidou, o abandono do pai
do seu primeiro filho, a saída de casa do filho mais velho, que foi morar com seu ex
marido, o filho que faleceu ainda bebê e agora a perda da própria saúde. A paciente disse
que era agressiva em casa, esse comportamento poderia ser uma repetição inconsciente do
comportamento da mãe, tal atitude de repetição seria uma forma de colocar o inimigo em
cena, pois de acordo com Freud (1914) não é possível lutar contra um inimigo invisível.

A paciente também disse não querer a ajuda de outras pessoas, como a tia, esta
atitude pode estar demonstrando um desejo de ser independente e não necessitar de mais
ninguém, no entanto, segundo Winnicott (1983), a independência total é uma ilusão,
sempre dependemos emocionalmente de alguém. Também sobre o fato da paciente dizer
que sua mãe sofria de distúrbios psiquiátricos, pode-se pensar que a mãe não desenvolveu
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a preocupação materna primária (WINNICOTT, 1956) e essa falta da unidade dual com a
mãe poderia ter ocasionado na paciente a criação de um falso self (WINNICOTT, 1983),
isto se evidenciou em muitos momentos da sessão, pois a paciente demonstrou ser
totalmente inconsciente das origens de seus conflitos.

Embora esta inconsciência estivesse o tempo todo presente, houve um momento, na


primeira sessão, que a terapeuta utilizou de sua contratransferência (ZIMERMAN, 1999)
objetivando um insight na paciente (ZIMERMAN, 1999): “A impressão que eu tenho é que
tu te sente solta no ar” e a paciente pareceu ter se deparado com o conhecido não pensado
(BOLLAS, 1992), pois a mesma afirmou: “Ah, mas é isso mesmo que eu sinto”.

A paciente evidenciava sofrer de depressão grave, com ideação suicida, contudo,


sem planejamento. O diagnóstico de quadro depressivo justificou-se pelo fato do
decorrente desânimo incapacitante para sua atividade laboral, além de distúrbio do sono,
choro frequente, desesperança, grande tristeza e a ideação suicida (DSM-V). Ficou nítida a
utilização de alguns mecanismos de defesa do ego (ANNA FREUD, 1946) principalmente
o recalque e a negação quando percebemos que F. discordou da interpretação da terapeuta
ao final da primeira sessão não conseguindo associar que a causa de sua depressão
poderiam ser sequências de fatos tristes que viveu com sua mãe, seu pai, seu filho mais
velho, ex-marido, e o filho (recém nascido e morto). E ao inicio da segunda sessão a
mesma recobrou o pensamento da terapeuta, mas dessa vez concordou, tendo um insight
reflexivo (ZIMERMAN, 1999) e isto representou um grande progresso o fato que a
paciente começou a se dar conta da origem dos seus problemas e trouxe para a consciência
os seus conflitos mal elaborados a fim de obter a sua cura (FREUD, 1914).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Compreendemos através da análise do caso e com auxilio da literatura que a


paciente F. encontrava-se em um momento de crise, na medida em que seu falso self
falhou (WINNNICOTT, 1960), não conseguindo elaborar e resolver seus conflitos internos
e assim os sentimentos e frustrações se acumularam, a paciente estava fragilizada,
sobrecarregada devido às sucessivas perdas que sofreu ao longo do seu desenvolvimento.
A terapeuta procurou utilizar de sua contratransferência, a fim de ajudar a paciente a
mudar, melhorar e elaborar seus conflitos, procurou entrar em contato com o verdadeiro
self da paciente para que ela pudesse nascer psicologicamente (WINNNICOTT, 1960) e
reconstruir sua história.

Por fim, embora a paciente estivesse vivenciando um momento delicado,


apresentando um quadro depressivo com ideação suicida e ansiedade, mostrou possuir
recursos cognitivos necessários para evoluir o seu estado atual, trabalhando suas angústias
juntamente com a terapeuta em um processo terapêutico contínuo.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOLLAS, Cristhopher . O conhecido não-pensado: primeiras considerações. In: ______.


A sombra do objeto: psicanálise do conhecido não-pensado. Rio de Janeiro: Imago, 1992.
p. 335-342.

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. DSM-V: Manual Diagnóstico e Estatístico


de Transtornos Mentais.. Porto Alegre: Artmed, 2014.

FREUD, Anna. O ego e os mecanismos de defesa. Porto Alegre: Artmed, 2006. (Texto
original publicado em 1946).

FREUD, Sigmund. Recordar, Repetir e elaborar. In: _____. Edição Standart Brasileira das
Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1980 (Texto
original publicado em 1914).

RIVERO, Catarina. Depressão: um desafio as emoções. p.1-5, 2009. Disponível em:


<http://www.catarinarivero.com/depressao.php>. Acesso em: 10 nov. 2014.

WINNICOTT, Donald. Distorções do ego em termos de falso e verdadeiro self. In:______.


O ambiente e os processos de maturação. Porto Alegre: Artmed, 1983.

_______. Da dependência à independência no desenvolvimento do indivíduo. In:______.


O ambiente e os processos de maturação. Porto Alegre: Artmed, 1983.

_______. Preocupação Materna Primária. In: _______.Textos selecionados da pediatria à


psicanálise. Rio de Janeiro: Imago, 1956. p.399-405.

ZIMERMAN, David. Fundamentos Psicanalíticos: teoria, técnica e clínica. Porto Alegre:


Artes Médicas, 1999.

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