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RIO DE JANEIRO
SETEMBRO/2018
VALDNEY FREIRE KNUPP
RIO DE JANEIRO
SETEMBRO/2018
RESUMO
1 - INTRODUÇÃO________________________________________________________ 01
5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS_____________________________________________ 24
6 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS______________________________________ 26
1
1 – INTRODUÇÃO
Todos os campos científicos são influenciados diretamente pela sociedade, sua forma
de governo, cultura, ideologia, economia e filosofia. Desta forma, faz-se necessário observar,
que em uma sociedade regida pelo sistema econômico capitalista, em todos os âmbitos existe a
necessidade de um retorno de maior instância que o investimento, e com um tempo adequado.
Assim, nota-se uma ansiedade natural em obter retornos rápidos, da maneira como foi
programado, e dentro do prazo estipulado.
Vamos observar que na maioria dos transtornos, se não em todos, parte do tratamento
envolve a família, e pessoas do círculo de convívio do indivíduo, que através de TCC (Terapia
Cognitiva Comportamental), mudança de hábitos, desenvolvimento da autoestima e controle da
angustia gerada pela patologia, podemos conduzir o indivíduo ao tratamento de sua disfunção.
No entanto, no campo teológico, a mente sendo tratada de forma subjetiva, torna-se um
facilitador para todas essas diretrizes científicas.
2
Objetiva-se com este trabalho demonstrar que um caso pode e deve ser avaliado por
diversos pontos de vista. Esta afirmação nos leva a crer que, a Teologia não é detentora da
verdade absoluta, assim como a psicologia também não é. Da mesma forma que esta faz o
diagnostico de um transtorno de ansiedade, a outra aponta para um caminho, subjetivo sim, mas
que ao lado de um tratamento físico, ajudará na restituição integral do ser humano.
3
A autora escreve que o medo e a ansiedade vão caminhar lado a lado, levando ao
desenvolvimento dos múltiplos transtornos de ansiedade, mas salienta que são agentes
diferentes. O medo é uma sensação percebida quando uma ameaça é identificada, e pode levar
o individuo a agir por impulso, tomando diversas atitudes, em busca de defesa. A ansiedade,
por sua vez, é um estimulo de se precaver, normalmente, que levará a esquiva desta ameaça.
Tendo em vista um nicho incalculável de ameaças que o individuo pode identificar para
si, cada caso deve ser avaliado de forma bem particular e distinto, ou seja, não podemos
generalizar um conceito. Justamente por conta desta quantidade de vaiáveis, a conceituação
desta psicopatologia1, é formulada de maneira empírica, a partir de relatos e avaliações de um
profissional que usará todo o seu conhecimento e vivência.
Em Coelho (2006, p. 3), nos apresenta uma tentativa de conceituar a ansiedade através
da demonstração da variedade de possibilidades quanto à forma e eventos como esta se
apresenta. Além de pensamentos colocados por diversos autores como Skinner (1945, p. 8), que
trabalha a observação do fenômeno a partir de emoções, pensamentos e sentimentos, nos dando
uma ideia de quão subjetiva é a tentativa de encontrarmos uma única definição para a
ansiedade.
Outra tentativa de conceituação é a tratada por Pessotti (1978, p. 97), onde o autor
descreve como sendo a “evolução cultural”2, quem dita o conceito que será adotado para a
ansiedade, ou seja, esta será analisada sob o prisma da temporalidade, e atualizado de acordo
1
Patologia de origem psicológica.
2
Adendos na sociedade, adquiridos a medida que esta se desenvolve, criando marcas que se tornarão verdadeiros
legados para gerações vindouras.
4
com tal. Sendo assim, os transtornos de ansiedade que verificamos hoje, possivelmente daqui
a algumas décadas, serão conceituados de forma diferente, ou mesmo, terão diagnósticos
diferentes, gerando novos desdobramentos.
Coelho (2006, p. 5), nos chama a atenção que com tantos autores, escritores, pensadores
e filósofos fazendo incursões na tentativa de conceituar a ansiedade, por muitas vezes a
discordância será observada, isto ocorre pelo grau de complexidade e amplitude do assunto.
No entanto, todos concordam em um ponto: os eventos acontecem à medida que o individuo é
estimulado pelo medo. Pode ser ocasionado por uma memória, ou por uma imaginação de
ameaça, que o levarão a uma angustia intensa.
Também não podemos desconsiderar, que todos esses eventos passam pelo viés da
cultura e da sociedade, para Pessotti (1978, p. 97), é como um óculos usado pelo indivíduo par
enxergar cada uma das situações que deverá encarar. Ao mesmo tempo, o profissional precisará
se atualizar em relação ao meio para dar um diagnostico mais fidedigno, prescrevendo o melhor
tratamento.
Devido a grande quantidade de casos observados e sob vários pontos de vista, alguns
desdobramentos são estudados de forma separada e pontual variando pelas situações em que as
crises de ansiedade são observadas, os elementos que levam ao desencadeamento, objetos e
momentos.
3
Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais, Volume 5.
5
desenvolvimento do indivíduo, durar mais de quatro semanas, começar antes dos 18 anos e
causar sofrimento ou prejuízo significativo, conforme Nascimento (2014, p. 190).
Com crianças é normalmente observada pelo fato de não se sentir a vontade em ir para
casa de um amigo ou sempre solicitar dormir no quarto dos pais, ou um irmão, ou parente
próximo, criar uma resistência maior de sair de casa sozinha. Também pode ser verificado com
uma dificuldade de se manter na escola, e realizar suas tarefas neste ambiente.
O tratamento para este transtorno, assim como a maioria das psicopatologias dependem
de uma parceria e entendimento geral do paciente juntamente com sua família. Desta forma a
maior parte do tratamento está ligada a princípios não farmacológicos, que são altamente
eficazes e menos agressivos. A Terapia Cognitiva Comportamental, por exemplo, é um
excelente tratamento para o TAS e normalmente resulta na restauração do indivíduo, conforme
Rey (2015, p. 12).
Abrahão (2009, pg. 91), escreve um artigo com as referencias de tratamento como sendo
de alta relevância, em primeira instância, trabalhar o controle do momento ansioso. É
necessário rapidamente uma conscientização que é uma sensação passageira que faz parte de
um processo por conta da enfermidade, que a sensação não é real, o perigo não existe e que o
imaginário irá desaparecer. Faz-se necessário colocar em prática técnicas de relaxamento a
partir do controle da respiração, e trabalhar os pensamentos negativos.
2.7 – Agorafobia
Preocupações e ansiedade excessiva que ocorrem na maioria dos dias por um período
igual ou superior a seis meses, o indivíduo considera impossível controlar a preocupação e
apresenta pelo menos três sintomas como: inquietação e sensação de estar com os nervos à flor
da pele, fatigabilidade, dificuldade de concentrar-se com sensação de “branco na mente”,
irritabilidade, tensão muscular, perturbação do sono com dificuldade de manter ou ter um sono
satisfatório, conforme Nascimento (2014, p. 222).
O primeiro passo para o tratamento surtir efeito, conforme Machado (2016, artigo), é a
conscientização do individuo que possui a psicopatologia. Em uma grande quantidade dos
casos o individuo entende que a patologia é algo normal que faz parte do seu temperamento. A
TCC tem sido altamente significativo no tratamento da Ansiedade Generalizada. Mudança de
hábitos, como a ingestão de estimulantes, ou mesmo a cafeína, refrigerantes, a prática de
exercícios físicos. Para completar, a psicoterapia e a fármacoterapia, em casos em que todas as
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outras não surtirem efeito, no entanto só alcançará resultado satisfatório, associada a uma das
outras formas de tratamento e obedecido o tempo de “desmame” dos fármacos na fase final.
Existe uma grande variedade de causas, e na verdade, ainda não se consegue ter com
precisão o que provoca os Transtornos de Ansiedade. O que se tem registrado é que até meados
do Século XX muitos foram os estudos para entender e conceituar os Transtornos de Ansiedade,
e que a partir do início do século XXI, observamos o foco em encontrar tratamentos específicos
e altamente eficientes, a fim de levar o indivíduo ao total livramento de tal perturbação. No
entanto, não se percebe, uma preocupação específica em mensurar as causas e desta forma evitar
as patologias.
No site do Hospital Santa Mônica em São Paulo, encontramos a matéria preparada pelo
Dr. Claudio Duarte, Psiquiatra e Coordenador da ala de psiquiatria, onde o mesmo nos dá uma
luz através da sua experiência profissional. Seguem abaixo algumas das possíveis causas
apontadas pelo Dr. Claudio Duarte:
Duarte (2017, artigo) mostra que questões de gênero também foram observadas.
Sabemos que existem patologias que são mais suscetíveis de serem encontradas nas mulheres,
assim como algumas são, quase, que exclusiva dos homens. Por uma questão de hormônios, as
mulheres, normalmente tem uma dificuldade maior em controlar as emoções, sendo assim,
embora a ansiedade seja verificado em um quantitativo bem elevado nos homens, o fator do
gênero é bem relevante para o desenvolvimento entre as mulheres.
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O estresse é um estado que em níveis normais se torna até vital para a sobrevivência.
No entanto em uma sociedade imediatista e capitalista, e com a busca de resultados sempre de
melhor expressão, se torna uma verdadeira “bomba” com o pavio aceso esperando somente
queimá-lo por completo para explodir um dos transtornos de ansiedade. Deste modo indivíduos
em constante exposição a situações estressantes são bem propensos a desenvolver transtornos
de ansiedade.
Duarte (2017, artigo), ainda relata que noites de sono bem dormidas, com um descanso
para a mente e o corpo, preparam o individuo para todas as atividades que terá que desenvolver.
No entanto, quando a insônia entra em pauta, começa desencadear uma série de eventos
conduzidos pelos hormônios que levam o indivíduo a um alto nível de estresse e preocupação.
Normalmente em um período de insônia surgem os pensamentos negativos e preocupações
exacerbadas com problemas financeiros e emocionais, por exemplo. Após uma noite com
episódio de insônia, provavelmente desencadeará um dia com oscilações de humor e
dificuldade no desenvolvimento de algumas tarefas funcionais, levando ao desenvolvimento da
ansiedade.
Sob o ponto de vista Teológico, alguns desdobramentos são verificados, mas a priori a
orientação é: “Não andeis ansiosos por motivo algum...” (Filipenses 4.6ª – BKJ). Durante toda
a sagrada escritura, verificamos homens e mulheres sendo orientados a depositar toda a
ansiedade em Deus, o Senhor da provisão, porque Ele tem cuidado de nós, (I Pedro 5.7 – BKJ).
Assim, viver em ansiedade pode transparecer falta de fé, uma vez que “A fé é a garantia dos
bens que se esperam e a prova das realidades que não se veem.” (Hebreus 11.1 – B. Jerusalém).
Ainda em discussão, Champlin (2017, p. 178), relata que se Cristo é Senhor da vida,
conforme o texto de João 14.6, e tem em suas mãos a chave da morte e do Inferno, conforme
Apocalipse 1.18, significa que todas as decisões devem passar por Ele, e desta forma, não
devemos nos deixar ser levados por ansiedade alguma. Com base neste pensamento, usando o
texto de Mateus 6.25-34, em seu comentário, Champlin (2017, pp. 328-330), relata oito motivos
pelos quais os cristãos não devem andar ansiosos.
Dentre eles veremos a citação que a vida humana é mais que somente a parte física, e
que na verdade, esta é a parte finita e que deve ser descartada, se Deus cuida dos animais
“inferiores”, certamente cuidara do ser humano. O estado ansioso é incapaz de alterar alguma
situação em nossa vida, assim como resolver algum problema, se Deus veste as plantas com
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certeza vestirá os seus. Os gentios se preocupam com suas necessidades, mas como cristãos
devemos agir de forma diferente, pois o Pai conhece todas as nossas necessidades, com certeza
as proverá se buscarmos a sua justiça todos os dias.
Observamos então, que todas as opções de escolha altamente relevantes da vida, estão
em Cristo. Sendo assim, apesar do estado de ansiedade ser uma realidade, uma vez que somos
mortais e finitos, essa questão foi resolvida em Cristo, e por isso, se depositarmos nEle a nossa
esperança, teremos um resultado satisfatório a nossas angustias, entendendo que todo o nosso
fardo deve ser trocado pelo dEle, fazendo com que nosso caminhar esteja no centro do
entendimento dEle para nossas vidas, conforme discorre Champlin (2017, p. 178).
Com base nesta informação, estaremos estudando alguns casos que surgem no cânon
bíblico, personagens cujo momento vivenciado é carregado de fortes evidencias que se
assemelham à crises de ansiedade, ao ponto de serem descritos pelos escritores canônicos.
Verificaremos então, o fato, de que forma ocorreu, o possível motivo, e qual foi a tratativa para
estes casos. Com isso a posteriori faremos um paralelo ao ponto de vista dos transtornos de
Ansiedade por parte da Psicologia e mostraremos que as duas ciências podem dialogar.
velhos, chegam a porta de Ló e clamam para que este traga os seus visitantes para fora de sua
casa, a fim de que pudessem abusar deles. Em outras versões, como a da Bíblia King James
(BKJ), por exemplo, as expressões usadas são de ordem para que tragam os homens para fora
com a finalidade de terem relações sexuais.
O autor comenta ainda, que Ló embora tivesse um caráter tratado, estaria adaptado à
cidade que escolhera, inclusive de forma ambiciosa, para desenvolver e prosperar. Pois vendo
as facilidades da cidade, se tornou um negociador e não vivia mais da agricultura e pecuária,
mas negociava os produtos e serviços à porta da cidade, por isso, estava sentado lá no momento
em que os anjos chegam (v. 1).
Sob esta avaliação, verificamos com base no trabalho de Nascimento (2014, Pg.189),
que as descrições são equivalentes a uma crise de ansiedade, onde o indivíduo necessita escapar
da situação que o comete desta crise, a fim de supera-la. Como foi mencionado no início deste
capítulo, vamos verificar nas escrituras fatos que direcionam para uma situação extrema de
ansiedade, evidenciada através do relato, no entanto, não conseguiremos efetuar um diagnóstico
preciso, por falta de dados.
Champlin (2017, p. 141), comenta a respeito do engano cometido, em que muitos olham
para um Deus Juiz que impele sua sentença, e fica do céu observando o cumprimento desta,
fundamentando o Deísmo, no entanto, em contrapartida a este pensamento, Ló angustiado,
argumenta a fim de convencer os anjos a deixa-lo ir para a cidade de Zoar, (vv. 19-20), neste
14
Jonas é um profeta que tem sua história narrada no livro que leva seu nome. No contexto
dos fatos relatados no livro, podemos fazer um paralelo entre a cidade de Gomorra com a cidade
de Nínive, onde veremos a informação de que a maldade da cidade de Nínive chegou até Deus
(BKJ, p. 1669)4, e que se o povo não se arrependesse e se convertesse, viria à destruição sobre
a cidade, sendo assim, o profeta Jonas deve ir à cidade de Nínive pregar o arrependimento.
Da reação a esta ordem, irrompe o nosso estudo de caso. Ao receber a ordem, Jonas é
tomado de tal forma por uma crise de ansiedade que foge para cidade de Tarsis, onde Champlin
(2001, p. 3553), comenta que era o lugar mais distante que se tinha conhecimento que uma
embarcação saída daquela região da Palestina poderia ir, cerca de 4000 km de distância,
podemos chamar como o “fim do mundo” da época, ou seja, a angustia e o medo de Jonas foram
tão grandes, que não bastava fugir, precisa chegar ao lugar mais longe que se possuía
informação que existia.
Champlin (2001, p. 3553), nos dá algumas pistas do por que desta atitude de fuga do
profeta Jonas. A cidade de Nínive, era conhecida na época como a grande cidade, com cerca
de 600.000 habitantes, o que para época era, uma imensidão de gente. Por ser, naquele
momento a capital do império Assírio, chegavam de todos os lados as notícias de que era uma
cidade inóspita com peregrinos que iam contra os seus usos e costumes, tendo como peso ainda,
um império que já havia oprimido o povo de Israel de uma forma muito cruel.
4
Bíblia King James (Nota de estudo).
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Jonas, mas que chegou ao seu conhecimento. Desta forma, o medo e a ansiedade angustiante
de encarar uma situação real, ou não, vão sintomatizar uma visualização da possibilidade de tal
evento se repetir na sua pessoa, fazendo com que tomasse a atitude de esquiva e fuga, conforme
relato do texto.
Sob o ponto de vista do pensamento exclusivista, podemos fazer uma ponte deste livro
do profeta Jonas com o texto de João 3.16. Conforme Champlin (2017, p. 580), ambos os textos
vão tratar do amor universal de Deus, justamente para sinalizar o sentimento exclusivista que
permeava o povo de Israel, mostrando que Deus não é Deus só de um povo, mas é um Deus
criador, universal, que ama a sua criação de uma forma completa, como pode ser o observado
em Jonas (4.11), e desta forma quer salvar a todos.
Mas uma vez como tratativa ao caso de ansiedade, contrastando com a orientação de:
“não andeis ansiosos...” (Filipenses 4.6ª), ao invés de um Deus acusador, juiz, que parece
distante, somente dando ordens, e punindo aos que não as cumpre, verá justamente o propósito
do livro em ação, um ato de graça e misericórdia, possibilitando que Jonas tivesse mais uma
chance de cumprir a tarefa designada, e tendo sua vida poupada, a despeito de toda uma situação
embaraçosa que contemplamos no primeiro capítulo de seu livro.
No entanto, por fazer parte de uma tradição muito forte em textos paralelos com datas
do mesmo período, os quais são citados e mostrados por vários pais da igreja, conforme afirma
Pfeiffe (1968, p. 98), é aceito e teve seu relato no cânon bíblico, onde a Bíblia de Jerusalém (p.
1829)5, declara que foi atestado por inúmeros documentos no Sec. II, e que sua omissão seria
pelo cuidado de evitar um rebaixamento de Jesus o deixando demasiadamente humano.
Halley (1994, p. 460), relata que em todo o sofrimento da vida de Cristo este seria o
incidente mais doloroso, onde a angústia, o medo, e a ansiedade fora tão cruel que houve a
necessidade de um enviado celestial para confortar o nosso Senhor. Halley prossegue relatando
que podemos ver vários outros mártires, tanto personagens das sagradas escrituras, quanto
históricos, padecendo e dando graças, ou mesmo, em um momento de gozo cantando e
visualizando anjos os cercando, mas jesus, expressa com um grito atenuante de “... afasta de
mim este cálice...” (v. 42 – B. Jerusalém).
Sobre esse medo e angústia exprimidos por Jesus, Pfeiffer (1968, p. 98) traz a tona uma
questão bastante interessante. O ser humano mediante a prática do pecado, normalmente tende
a entristecer-se, por não se achar digno de entrar na presença de Deus e se afasta dEle, muitas
5
Bíblia de Jerusalém (Nota de Estudo).
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vezes por conta de um pecado cometido por ele. Colocando-se no lugar de Cristo, estava sobre
Ele todo o pecado da humanidade, tudo o que a humanidade pratica e que a afasta de Deus.
Sob esta perspectiva, para Cristo que se esvaziou de sua natureza divina conforme
(Filipenses 2.5-11), assumindo a forma de homem, e como forma de homem se colocou em
obediência seguindo o caminho até a morte de cruz, passou por isso tudo sem haver cometido
pecado algum, naquele dia o que afasta o homem de Deus, sendo apenas dele, está reunido em
peso de toda a humanidade sobre Cristo, o que explica a angustia, e o medo exacerbado naquela
noite no jardim do Getsêmani, no monte das Oliveiras.
A Bíblia King James (p. 1994)6, relata o grau de demonstração das emoções humanas
vivenciadas por Jesus Cristo na cruz, onde começa a ser evidenciando uma crise aguda de
Hematidrose, que é a mistura de sangue ao suor, e se revela em casos de angústia severa e
alterações emocionais, o que fundamenta uma crise de ansiedade mediante a uma situação
eminente. Também verificamos a tentativa de fuga e esquiva à medida que Jesus Cristo faz a
prece de passar dEle aquele cálice. Essas evidencias são fundamentadas em Nascimento (2014,
p. 190), descrevendo os transtornos de ansiedade.
Ainda observando o tratado de Nascimento (2014, p. 190), Cristo passa pelo processo
de Hematidrose, após terminar prece – “Pai, se queres, afasta de mim este cálice! Contudo, não
a minha vontade, mas a tua seja feita!” (Lucas 22.42 – B. Jerusalém). Ao final desta frase, a
escolha dEle foi tomada, e começa a encarar o fato de que passaria por todos os momentos que
já sabia, e isso acontece sob demasiada angustia e dor, evidenciando mais uma vez a crise de
ansiedade.
Sobre esta angustia e sofrimento vivenciados por Cristo de forma tão aguda neste
evento, Moltmann (2011, pp. 50-56), trata um tópico específico sobre a aflição de Deus.
Moltmann descreve da necessidade deste sofrimento, uma vez que na mitologia, na cultura
Nórdica, e na cultura pagã, está cheia de deuses que vivem as suas vidas em julgamentos, apenas
olhando a humanidade e esperando que através das suas escolhas definam o fim de seus dias.
Mas Deus precisava demonstrar o seu infinito amor para com a humanidade, fundamentando ai
o Deísmo em confronto ao Teísmo sugerido.
6
Bíblia King James (Nota de Estudo)
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viver a nossa angústia, vivenciar o que são as nossas tentações, vivenciar a nossa eminencia de
perigo, o processo ansioso e conflitante do paradoxo da ansiedade conforme descrito por
Champlin (2017, p. 177), onde existe pela finitude de uma vida mortal e desta forma, declarar,
eu venci o mundo! (João 16.33).
Sendo assim, como escreve Peterson (2006, p. 15), é necessário admitir que o ministério
pastoral vive em um constante duelo entre um lado consumista e um lado mercadológico
vivenciado em uma parte exterior, com a necessidade de adequar o seu lado interior a uma
espiritualidade necessária para as atribuições da vocação, o que implica em uma realidade nada
simpática.
No entanto, não podemos negligenciar os sintomas que temos vivido. Muitas vezes
tentamos camuflar de nós mesmos, na usurpação de nos tornarmos verdadeiros super seres
humanos, e nos esquecemos de que somos seres finitos e limitados pela nossa carne e osso, e
que inclusive, homens e mulheres que viveram uma potencial vocação para Deus, no cânon
bíblico, tiveram suas crises e seus conflitos, como os três estudos de caso que mencionamos
neste artigo no capítulo anterior ressaltando o exemplo de nosso Senhor Jesus Cristo, nosso
modelo.
Peterson (2006, p. 15), fala da necessidade de cuidar do outro, como sendo algo que o
vocacionado ao ministério pastoral não consegue negligenciar, no entanto, se faz necessário
cuidar de si mesmo para não incorrer no erro de, cuidando de outros, a fim de discipular
20
ensinando o Reino de Deus, se envolva tanto, que se coloque na posição de desqualificado para
tal. Ou seja, o líder espiritual é tão humano como qualquer outro e precisa de cuidados como
qualquer outro, como relata Swindoll (1983, p. 154).
Sob esse aspecto, podemos fazer um paralelo com Jesus no Getsêmani. Se para o líder
espiritual já é bastante complicado lidar com suas limitações, seus Golias, ursos e leões, imagina
ainda ter que carregar todos os problemas evidenciados pelos seus discípulos. Conseguimos,
de certa forma e em proporções muito menores, ter uma noção do que Jesus vivenciou no monte
das Oliveiras quando pediu para que Deus passasse dele aquele cálice, em que Pfeiffer (1968,
p. 98), atribui ao fato de estar nEle a culpa, e o pecado de toda a humanidade.
O fato é que, independente do motivo, seja por falta de fé, seja por que o líder espiritual
se dedica tanto ao cuidado de outros, que esquece que devemos amar o próximo como a nós
mesmos (Marcos 12.31), e não cuida de si mesmo. No entanto, a ansiedade é uma patologia
que tem se enraizado em meio ao ministério pastoral, e que como toda doença, precisa ser
diagnosticada, acompanhada e tratada.
Desta forma Cury, (2017, p. 80), trabalha a ansiedade como fruto da síndrome do
pensamento acelerado (SPA). Retrata a sociedade como sendo altamente dinâmica,
disponibilizando uma grande quantidade de informações e demandas, as quais, no ministério
pastoral são totalmente vivenciadas, e precisam ser tratadas, tanto em discípulos, quanto em
líderes espirituais. Sendo assim, elimina-las e praticamente impossível, então se faz necessário
pelo menos gerencia-las.
Cury (2017, pp. 80-91), retrata oito técnicas para gerenciar a ansiedade gerada através
da SPA. Os próximos parágrafos tratarão destas técnicas de gerenciamento. O primeiro ponto
a ser trabalho é tomar a decisão de sair da plateia, deixar de assistir as produções de sua mente
sem freia-la, e gerenciar o que ela esta assimilando e produzindo, quando não nos
21
O segundo ponto é ser livre para pensar e não escravo do pensamento, o que são coisas
totalmente diferentes. Ser livre para pensar é deixar os seus pensamentos voarem, brilharem,
serem criativos; produzir o que ninguém produziu, criar o que ninguém criou, falar o que nunca
foi dito. Bem diferente de se deixar dominar por pensamentos pessimistas, carregados de juízo
de valor, e pior, valor negativo. Ou seja, devemos usar nosso pensamento para ajudar a
transformar situações de crise em oportunidades de crescimento e amadurecimento.
O quarto ponto é fazer a higiene mental a partir da técnica do DCD (Duvidar, Criticar,
Decidir). Devemos duvidar de tudo que nos aprisiona, Criticar todo pensamento autodestrutivo,
e Decidir alcançar metas para continuarmos crescendo e desenvolvendo. Vale ressaltar que esta
técnica é tão importante quanto à higiene corpórea e bucal, no entanto não damos os créditos
necessários a ela. Assim como tomamos banho com uma frequência média de 20h, escovamos
os dentes com uma frequência média de 4 às 6h, devemos ter uma frequência de higiene mental.
Cury (2017, p. 84), relata que esta frequência deve ser em média 5 segundos após um
pensamento autodestrutivo ou pessimista que vai nos desmotivar e nos levar a caminhos de
destruição do nosso eu, ocasionando a ansiedade, por se colocar como cativo dele. É como dar
gritos de liberdade contra cada um dos pensamentos que tenta nos dominar, tomando a régia da
situação e entregando a quem pode resolver, o autor e consumador de nossa fé, nosso Senhor
Jesus Cristo.
22
O quinto ponto é reciclar as falsas crenças que vamos desenvolvendo ao longo de nossa
vida. À medida que o tempo vai passando nossas experiências nos formatam a acreditar no que
somos capazes de fazer, ou mesmo, e na maioria das vezes com impacto mais significativo, as
tarefas ou situações que não somos capazes de realizar. Precisamos reavaliar tais crenças todo
os dias, a fim de desmonta-las e reconstruí-las para que possamos controlar nossa ansiedade.
O Sexto ponto, e esse é deveras importante: Não ser uma máquina de trabalhar. O
ministério pastoral exige muita dedicação, autodoação, negação de si mesmo em prol do
tratamento e atendimento da necessidade do outro. Embora sejam louváveis essas atitudes e
inclusive, foram orientadas por Cristo em Marcos 12.31, como parte do maior mandamento,
precisam ser dosadas.
Não estou aqui dizendo que precisamos nos acomodar, deixar de lado nosso
comprometimento com o Reino de Deus. É necessário muita dedicação, muito empenho, muito
envolvimento para que o Reino Divino seja propagado, e para que as ovelhas do Senhor sejam
cuidadas, no entanto, precisamos entender que não somos máquinas, e temos limites. Esses
limites precisam ser observados e respeitados.
Como exemplo podemos citar um empreendedor que trabalha muito, se dedica tanto
para ter melhores resultados, e ter as ideias mas audaciosas que se não e policiar se tornará
rapidamente, o melhor empreendedor que o cemitério pode ter, como descreve Cury (2017, pp.
86-89). Não esqueçamos que o nosso maior exemplo, Jesus Cristo passou por uma crise de
ansiedade e angustia extrema, conforme já abordamos anteriormente.
O sétimo ponto de discussão de Cury (2017, p. 89), não somos uma máquina de
informações. Na atualidade existem computadores fantásticos, com HD’s em tamanhos
absurdos, os quais podem armazenar exponencialmente mais informações que a memória
humana. No entanto a quantidade de informação que um computador pode armazenar, não está
diretamente ligado à capacidade técnica deste.
O oitavo passo discutido por Cury (2017, p. 90), é que não devemos ser traidores da
qualidade de vida. Para Cury esse é um erro dramático, dissertando sobre o fato de que
praticamente todos já fomos traídos, de alguma forma, e também já traímos, e o mais
surpreendente é que continuamos nos traindo a todo instante. Isso é tão intenso que não
conseguimos dedicar nosso tempo mais ao que realmente importa, que é o relacionamento com
quem amamos, por exemplo.
Usamos nosso tempo para tantas coisas que não temos mais tempo para os nossos
relacionamentos, para os diálogos pessoais, para nossa família, lazer, etc... Hoje embora
tenhamos uma vida mais longa, biologicamente, morremos mais cedo para o ser humano. Não
buscamos mais o relacionamento interpessoal, e me permita colocar que se o fazemos com
quem está ao nosso lado vendo e convivendo, imagina com Deus?
Precisamos realizar sempre nossa higiene mental, praticar nossa auto avalição, usar e
abusar dos exercícios de DCD, de forma a organizar nossa mente, não deixando que nos pregue
peças, mas tendo o domínio sobre ela, assim como o corpo é dominado pelo halterofilista,
precisamos dominar nossa mente, a ponto de orienta-la para nos levar a onde precisamos chegar.
(Cury, 2017, pp. 80-91).
5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
mergulhado de cabeça em diversos transtornos, não sabendo como lidar com a situação, uma
vez que acreditam que não podem ser acometidos por tal disfunção.
Ainda verificamos que, se não bastassem todas essas variáveis para fazer um tratamento
correto, o diagnóstico depende da avaliação pessoal de um profissional, que analisará a luz do
seu conhecimento e vivência, que será influenciado diretamente pelas observações anotadas ao
longo de sua carreira, além da fundamentação de Pessotti (1978, p. 97), que defende a
atualização cultural da ansiedade, abrindo um leque para novas pesquisas.
Champlin (2017, p. 177), relata que a ansiedade é algo natural, uma vez que é inerente
a raça humana, que vive num espaço temporal, portanto finito, e a angústia da briga entre a
finitude a natureza da criação para a eternidade vão travar um duelo, mas este tem o seu fim
quando aponta par Cristo, enquanto aquele que venceu a morte, e por conta disso tem suas mãos
a chave para a eternidade, o que significa que se Ele venceu a morte e o mundo (João 16.33),
tão somente precisamos depositar nEle nossas ansiedades (Filipenses 4.6).
Verificamos três estudos de caso, de personagens bíblicos, que foram acometidos por
crises de ansiedade, uma vez que a Bíblia não vai relatar casos de ansiedade, até pela causa
última de sua escrituração, que é o relato de fé do povo de Israel. Estes personagens tiveram
suas patologias tratadas, não pela mão de um juiz, como esperavam que ocorresse, mas por um
Deus amoroso e misericordioso que, mesmo em Jesus, o caso mais estremo dos três, mandou
um representante para conforta-lo, conforme Lucas 22.43.
lado, é necessária a busca por uma espiritualidade para as atribuições da vocação, por outro, as
tendências mercadológicas e competitivas de uma sociedade capitalista e consumista ao
extremo, tornam essa tarefa cansativa e muito complexa.
Vivencia-se uma briga diária pela negação de seus desejos, e vontades, se voltando para
a cruz seguindo, o exemplo maior de Jesus. É exatamente aqui, onde a ansiedade ganha espaço
para se desenvolver dentro do Ministério Pastoral. Como ser humano, o líder possui limitações,
instintos e vontades, mas olhando para Cristo, precisa vencê-los. No entanto, muitas vezes,
assim mesmo como em Cristo, vai sentir a angústia do fardo de muitos sobre sua
responsabilidade.
Verificamos, então, que no ministério pastoral a expectativa dos resultados precisa estar
centralizada em Cristo, no entanto, mesmo entendendo que é necessário depositar todas as suas
ansiedades nEle, observamos que se não conseguimos compreender a necessidade de cuidar de
nosso corpo físico, por sermos seres humanos, estamos propensos a desenvolver uma patologia
psicossomática.
6 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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