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Módulo 4

Aula 1
FREUD E SUA VISÃO SOBRE A
ESTRUTURA DO PSIQUISMO HUMANO

Introduzindo
A teoria psicanalítica foi desenvolvida pelo
neurologista austríaco Sigmund Freud ( 1856 a
1936) e está intimamente relacionada a sua
prática psicoterapêutica. É uma teoria que
procura descrever a etimologia (ou seja a origem,
de onde deriva ):
1 - Os Transtornos Mentais

Que podemos chama-los de "Disturbios Psiquicos",


ou melhor dizendo: são alterações do
funcionamento da mente que prejudicam o
desempenho da pessoa na vida familiar, no
convívio social e pessoal, no ambiente profissional
e acadêmico, também atrapalha na compreensão
de si mesmo e dos outros, interfere na possibilidade
de auto critica, na tolerância frente aos problemas
e altera as possibilidade de prazer na vida. Afeta o
ser humano em um todo. Porque falamos de
transtornos mentais e não de doenças mentais?
Vale ressaltar que o
termo transtornos, é
reservado para
designar agrupamentos
de sinais e sintomas
associados a alterações
de funcionamento sem
origem conhecida
Na teoria psicanalítica
buscamos descobrir
essas origens e trata-las
a fim possibilitarmos que
o individuo tenha uma
restauração emocional,
possibilitando- o
desfrutar de uma vida
plena e abundante com
harmonia e saude
emocional.
Os transtornos mentais,
em geral resultam da
soma de muitos fatores.

Como:
- Alterações no
funcionamento do
cérebro ( nesse caso
indica-se o
profissional medico
- Fatores genéticos. apto para cuidar).
- Fatores da própria personalidade do
indivíduo - Esse é uma linha de estudo
bem estudada por Freud.
- Condições da educação que o individuo teve acesso
( Essa também é uma linha de pensamento bem estudada
na psicanalise).
- A soma de um grande
número de eventos
estressantes.

- O resultado de agressões de
ordem física e psicológica.
- As perdas, as decepções,
as frustrações e os
sofrimentos físicos e
psíquicos que perturbam o
equilíbrio emocional.

- ATENCÃO
- Ao observarmos todos os pontos citados ate aqui
podemos

então afirmar que os transtornos


mentais não tem uma causa precisa,
específica mas que são formados por
fatores biológicos, psicológicos e
sócio- culturais.
A teoria psicanalítica procura descrever a etimologia:
2 - O desenvolvimento do homem e de sua personalidade além explicar a motivação humana.

PERSONALIDADE PERSONA
é o conjunto das
características marcantes
de uma pessoa, é a força Persona significa máscara.
ativa que ajuda a A palavra vem do teatro
grego, onde cada
determinar o
personagem utilizava uma
relacionamento das pessoa máscara para construir seu
baseado em seu padrão de personagem. A palavra
individualidade pessoal e personagem, por sua vez,
surgiu da palavra persona.
social, referente ao pensar,
Em latim, per-sona que dizer
sentir e agir. através do som.
Lembrando que várias mentes brilhantes
estudaram a psique humana; e
na psicanalise nos mergulhamos em uma
metodologia especifica usada por anos e
validada através dos resultados da pratica
terapêutica ao longo de décadas.

E ao conjunto formado pela teoria deu-se a prática


psicoterapêutica nela baseada e os métodos
utilizados dá-se o nome de psicanalise.

Com base nesse corpo teórico Freud


desenvolveu um tipo de Psicoterapia.
Mesmo que muitas vezes o universo da
psicanálise pareça complicado, difícil e
até confuso, iremos detalhadamente
mostrando que grande parte das ideias,
do conteúdo e das definições básicas da
psicanálise formuladas por Freud tem
origem em um "raciocínio simples e bem
lógico". Você perceberá que ao montar o
“quebra cabeça” tudo fará muito sentido.

Muitas vezes nossos conteúdos e aulas vão parecer repetitivos, porém nossa intensão é que você finalize
essa formação cheio de certeza referente ao conhecimento de tudo que engloba o universo psicanalítico
Quando chegamos a encontrar
dificuldade no entendimento da
estrutura metodológica dos seus
estudos, se dá pelo fato de muitos
institutos psicanalíticos
mantiveram a linguagem "mais
rebuscada da época”, em que foi
escrita com os termos técnicos
passando de geração para
geração.
Essa linguagem “técnica era de
fato muito técnica" e por vezes de
difícil entendimento.

Por isso fazemos questão de


“manter a linguagem técnica”,
depois nos abrimos um parêntese
e acrescentamos sempre que
podemos uma linguagem mais
clara acrescentando os
sinônimos referente ao termo
técnico usado acrescentando um
termo mais coloquial, facilitando
a compreensão do conteúdo e ao
mesmo tempo mantendo a
fidelidade ao ensino
psicanalítico.
Os conceitos “Estrutura do Psiquismo Humano no
básicos da Ponto de Vista de Freud”.

psicanálise são
mantidos pois
são a identidade
no universo
terapêutico. A
partir de agora
nos vamos
conhecer a
A cura pela palavra, na
concepção de Sigmund Freud
Ouvir para Freud se tornou
bem mais do que uma arte,
“ouvir” se tornou um método
terapêutico, uma via
privilegiada para o
conhecimentos que lhe
davam acesso ao seu
paciente.

"Conhecermos sobre esta


questão é poder"

resgatar a Psicanálise na sua


origem, na sua essência,
buscando o alicerce no qual
ela esta fundada e
fundamentada por décadas
Indicação de livros
Continuando…
Foi necessário que Freud percorresse um
caminho marcado pela arte de ouvir,
conhecida de a arte da "escuta" para que
através dos resultados ele viesse a
formular os conceitos importantes como
o conceito do inconsciente, o conceito da
transferência, o conceito da resistência e
tantos outros que falaremos mais
adiante.
O pai da Psicanalise nunca teve outro interesse em denominar a Psicanálise "senão
como a ciência do inconsciente". Apesar dos grandes desafios por ele enfrentados,
destaca-se o fato de que os primeiros escritos de Freud foram recebidos com
restrições, e foi necessário muita coragem, muita ousadia e determinação da sua
parte para que ele mesmo não desistisse de suas convicções.
Freud era muito apegado à ciência
mais evoluída da sua época, ele
queria fazer da psicologia uma
ciência natural. Dessa forma ele
tentou, em 1895, num manuscrito
inacabado, formular algumas
correlações entre as estruturas
cerebrais e o aparelho psíquico.
Porém rapidamente Freud percebeu
que isso não seria possível,
certamente

por isso ele passou a


dedicar-se em construir uma teoria
puramente psíquica.
“Porque a cura pela
fala ”? Pelo fato de que
o método proposto pela
psicanálise tem sua
origem na escuta do
indivíduo que sofre, da
pessoa que esta em
crise. Por isso é
fundamental que esta
"escuta analítica" se
desdobre numa escuta
de si.
Espera! deixa eu te explicar melhor o que é uma "escuta analítica" -
é a "escuta" que, desde Freud, tem possibilitado ao individuo que
sofre, encontrar-se naquilo que ele mesmo diz, ou seja, naquilo que
ele mesmo "fala". Através da “fala, da palavra, do discurso" é que o
individuo revela seus sintomas

( A bíblia bem já dizia: a boca fala daquilo que esta cheio o coração - Mateus 12:34)
fantástico né.
E no método psicanalítico
percebeu-se que é só através da
“fala, da palavra” que o
individuo pode se livrar do que
lhe incomoda.

Em atendimento no consultório
no início da análise geralmente
as queixas referem-se à sua
mãe, ao seu pai, aos seus
irmãos, aos primos, aos avos, ao
padrastos ou madrastra, ao
conjuge, aos filhos, aos colegas
de trabalhos, aos patrões, aos
pastores, aos vizinhos, a Deus,
geralmente a culpa é bem
terceirizada.
Porém logo surgem novas queixas com o por exemplo a falta de sorte, o caso do destino... Por ai vai, e em alguns
casos, a lista é enorme; chegam a citar objetos, sociedade, cidade , sistema politico... São citadas algumas vítimas
que nada têm a ver com o que lhes acontece e nada podem fazer a respeito da desordem em que se encontram,
porque foram "colocados" neste lugar.

O trabalho do terapeuta (analista) é


mostrar ao analisando sua insubstituível
colaboração para sair desta desordem. O
terapeuta (analista) escuta o discurso do
paciente sem tentar de imediato
compreender o que este lhe fala, ao
contrário, "lê (com os ouvidos kkk )
observa aquilo que escapa aos outros
campos de discurso", trabalha com os
lapsos da fala (que são as palavras que
saem na distração do
discurso), ouve os sonhos, interroga
sobre os esquecimentos, sobre as
lembranças e os sintomas.
Interessante como um sintoma sempre diz algo,
mesmo em forma de enigma; mas poucos querem
saber sobre as causas dos sintomas, por exemplo: A
análise possibilita ao individuo descobrir acerca do
desejo inconsciente que o mantém ligado aos
sintomas. E é possivel se organizar observando o
seu discurso, avaliando miniciosamente até
encontrar o fio que permite sair do labirinto de seu
próprio desejo.
Porq
ue a
em d doec
eter eram
mom mina
ento do
vida de s
s? uas

As emoções mal
resolvidas adoecem
o corpo .

Trabalhamos com o desejo


inconsciente que é território de
descoberta. Muitos clientes se
assustam quando descobrem
que o porque ! Pois bem , o que
isso quer dizer ?
Porque não conseguem parar de comer em excesso?

Muitos casos de “gula e


obesidade” são mecanismo
de defesa se protegendo de
um abuso sexual por
exemplo, mae da cesta
básica paciente que foi
dona se bordel .
Porque fracassam em atividades no trabalho?
Pode ser crença limitante, ex:
–Filho que ouviu que nunca seria ninguém.
–Ouviu que o dinheiro não traz felicidade.
Porque são tão ciumentos nas relações?
–Já foi traído ?
–Alguém da família já foi traído ?
–Ensinaram que não poderia confiar em ninguém?

Relatos de pacientes:
–Minha mãe sofreu com a traição.
–Eu fui traída .
Porque não conseguem aceitar a ideia
de ter filhos?
Investigando o inconsciente se descobre praticante tudo.
Pode ser:
Mae não gostava de ter filhos.
Mãe e filhos foram abandonados
Teve abortos.
Etc
Porque são dependentes químicos?
Fuga .
Encontrou no vício o
esconderijo de alguma
dor.
Porque são dependentes emocionalmente de alguém?
Quando a sua felicidade começa a depender de qualquer outra pessoa, realização
ou resultado – ou uma combinação destes – é possível que você seja
emocionalmente dependente.

E por ai vai uma lista interminável de porquês!


Esses porquês dizem ou deixam de dizer muito sobre nós, do que está consciente e do que está
inconsciente ! E tem conseqüências no corpo e em muitas coisas que acontecem em suas vidas.

Ocupamo-nos, especialmente com aquilo que "não anda" para o paciente, seus impedimentos,
fracassos, doenças. E trabalhamos com cada sujeito em particular. Se cada indivíduo tem sua
história, (seu lugar ao nascer - se foi desejado ou não, cada indivíduo tem sua posição na cadeia
familiar, na ordem entre os irmãos) sua subjetividade, (sua singularidade - particularidades ).

Como terapeutas analisamos cada caso como único, não existindo uma resposta coletiva ou
ortopédica, nenhum tratamento massivo. ( avaliado em massa ).
Somente falando no dispositivo
analítico, de si mesmo, de sua
própria história é que cada um
pode descobrir seu próprio
desejo inconsciente. Foi assim
que a interpretação dos seus
próprios sonhos, iniciada antes
mesmo da análise dos sonhos de
seus pacientes, permitiu a Freud
adentrar na complexidade do
inconsciente e seu
funcionamento.
Adentrar ao mundo complexo e
misterioso do inconsciente constitui
uma quebra de paradigma no campo das
ciências, na medida em que ele próprio
se implica no processo de construção da
sua teoria, passando a olhar para dentro
si mesmo. A partir dessa espécie de
“auto-análise” empreendida por Freud e
a partir de Anna O.
– paciente de Breuer, cujo caso clínico
foi publicado em 1895, na obra Estudos
sobre a Histeria
–, este método de tratamento inédito
passa a tomar contorno. O caso citado
fora tratado através da catarse e ab-
reação.
De acordo com o Dicionário de
Psicanálise de Roudinesco (1998), o
método catártico é o procedimento
terapêutico pelo qual um sujeito
consegue eliminar seus afetos
patogênicos e, então, “ab-reagi-los”,

revivendo os acontecimentos
traumáticos a eles ligados. A fala é o
meio pelo qual estes afetos são
eliminados. Segundo Ribeiro da Silva
(1996), pela primeira vez na história, é
dado à histérica o direito de usar a
palavra e, apesar da impossibilidade
de Freud traduzi-la, esse discurso
jamais foi considerado coisa do diabo,
como o era até então.
É provável que, já
nesse momento,
Freud estivesse
escutando para além
da moralidade, ( sem
juízo de valor -
julgamento ou
críticas) criando a
primeira forma de
conhecimento que
tenha dado voz à
loucura.
A psicanálise tenta, a todo instante, afastar-se da ideia de
que o sofrimento psíquico resulta de uma falta de adaptação
ao meio, rompendo, desde aí, com o paradigma médico.
Podemos pensar que Freud rompeu com a medicina de muitas
outras formas, como por exemplo, colocando o saber no
paciente, uma vez que eram as pacientes que forneciam a ele
o que constituíam os sintomas, e não o contrário.

Segundo Siqueira (2007), quando Freud passou a ouvir a


histérica e não apenas olhá-la, subverteu a ordem médica, já
que outra história era

escutada além daquela que os pacientes contavam. E foi


dessa forma que tirou a histeria do campo da medicina. Ao
acessar conteúdos
inconscientes através da fala, o paciente tem a oportunidade
de tomar contato com o que Freud chamou de força atuante
da representação não ab-reagida.
Por fim, é importante salientar as duas formas mais comuns
de se atingir a ab-reação. A primeira é um acontecimento
espontâneo em que a mente por si só realiza o processo. Na
segunda, o profissional direciona o paciente a um estado
mental ao fazê-lo regredir dentro de si e o faz encontrar o
ponto chave.
Vejamos o que entende-se por “Afeto
estrangulado”:

Estrangulado
Que se
estrangulou,
apertou, sufocou,
asfixiou, esganou.
Apertado, estreito:
passagem Ao permitir que o “afeto estrangulado”
encontre uma saída através do discurso,
estrangulada. esta representação é submetida a uma
nova cadeia associativa.
Exemplo:

"Para mim pintar é


uma maneira de
esquecer a vida. É um
grito na noite, um
riso estrangulado."
- Georges Rousult
O efeito curativo de que Freud fala nos seus
primeiros textos sobre a histeria (1893-1895), diz a
respeito a um afeto dissociado ( separado ) da
ideia original recalcada. O afeto estrangulado é
reprimido e se pode se expressar de maneiras
diversas, inclusive negativas.

Ressignificar: E é exatamente a re-signifi cação deste afeto que


a fala ( a ideia de Freud ) possibilita entender e
Retificar afeto de ajustar.

alguma coisa. Ressignificar, de maneira pragmática, é dar um


novo significado a alguma experiência. Se
fizermos uma análise da palavra podemos ver que
o “re” significa “de novo” ou “novamente”. Sendo
assim, traz a noção de significar de novo. Mas se
formos na raiz, veremos que essa palavra
significa: “retirar AFETO de alguma coisa”.
Continuando

Aula 2
No mesmo texto, ao falar de trauma psíquico,
Freud expõe que , quando a reação é
reprimida, o afeto permanece vinculado à
lembrança. Entende-se por “reações ” todo
tipo de “reflexos involuntários, desde as
lágrimas aos atos de vingança”. (Estudo de
Caso: Natal quando as famílias se juntam …
Irritabilidade por afeto estrangulado , negado
e reprimido - Sentimento se medo de ser
rejeitado).

Prosseguimos dizendo que, quando a reação


ocorre em grau suficiente, grande parte do
afeto desaparece e faz uso de expressões
cotidianas como “desabafar pelo pranto” ou
“desabafar através um acesso de cólera”,
a fim de explicar o processo
terapêutico realizado através da fala.
( Acionou um gatilho
emocional se um afeto
estrangulado ).

Tudo isto, para reforçar sua


tese de que a linguagem
serve como substituta da
ação, ou seja, com a ajuda da
linguagem, um afeto pode ser
“ab-reagido” quase com a
mesma eficácia que uma
vingança, por exemplo.
Por meio da fala, é dada ao
paciente a oportunidade de se
conectar com ideias
recalcadas que produzem os
sintomas atuais. Assim, ele
passa a ter uma nova
compreensão desta memória.
No artigo “Estudos de Psicanálise | Belo
Supõe-se que, na medida em que o Horizonte-MG | n. 36 | p. 165–
paciente mantém ideias 172 | Dezembro/2011 167” focado sobre: “A cura
recalcadas de eventos ligados ao pela fala Pertence a paciente Anna O.” a
passado, este passado torna-se expressão que dá o título a este trabalho,
presente, uma vez quando nomeou “a cura pela fala” e empregou o
que é constantemente atualizado termo “limpeza de chaminé” ao referir-se ao
através dos sintomas. Quando a tratamento que lhe foi dado por meio da
reação é reprimida, o afeto palavra.
permanece ligado à lembrança e
produz o sintoma.
A cura pela fala

Segundo Peter Gay (1989), um dos motivos que fi zeram


de Anna O. uma paciente tão ilustre refere-se ao fato
de que ela realizou sozinha grande parte do trabalho de
imaginação. Considerando a importância que Freud
atribuiria ao dom da escuta do analista, é cabível
considerar que uma paciente tenha contribuído para a
formação da teoria psicanalítica, quase tanto quanto
seu terapeuta Breuer, ou o teórico Freud.

Mais tarde Breuer alegou que o tratamento desta


paciente continha “a célula germinativa do conjunto
da Psicanálise”. Ou seja a célula( de ideias iniciais) das
que originaram a teoria psicanalítica.

Foi a partir das conversas com Breuer sobre este caso


que, para Freud, ouvir tornou-se um método, uma via
privilegiada para o conhecimento, a qual as pacientes
lhe davam acesso.
Esse processo de descoberta pode ser
acompanhado através de seus textos: “por fim seus
distúrbios foram removidos pela fala” (FREUD,
1893-1895, p.70 – caso Anna O.). “Quem tem olhos
para ver e ouvidos para ouvir fi ca convencido de
que os mortais não conseguem guardar nenhum
segredo” (Ibidem, p.78 – caso Dora). “... uma ofensa
revidada, mesmo que apenas com palavras, é
recordada de modo bem diferente de outra que teve
que ser aceita” (Ibidem, p.82).

A fala mostrava reminiscências, concluiu Freud.


Continuando…

A fala mostrava reminiscências, concluiu Freud. Portanto, precisava ser anunciada como um
segredo, patogênico ou inconsciente, que o deixava em estado de alienação. Foi, também, em uma
das sessões com a paciente Emmy que Freud percebeu que deveria deixá-la falar livremente,
quando ela própria sugeria que ele a deixasse falar sem interrompê-la com perguntas.

Segundo Peter Gay (1989), foi essa paciente que permitiu a Freud ver que a hipnose era de fato
“inútil e sem sentido”. Até o início dos anos 90 do século XIX, Freud tentara extrair, à maneira de
Breuer, através da hipnose, as lembranças significativas que os pacientes relutavam em
apresentar. As cenas trazidas à mente tinham frequentemente, um efeito catártico.

Mas, alguns pacientes não eram hipnotizáveis e a fala sem censuras pareceu a Freud um meio de
investigação muito superior. ( De fato é!) Ao abandonar, aos poucos, a hipnose, Freud caminhava
para a adoção de um novo modo de tratamento.

Planejava-se o caminho para a construção da associação livre que, nos anos posteriores, passou a
ser considerada a regra fundamental da Psicanálise. Segundo Freud, a livre associação permitia
atingir com maior facilidade os elementos que estavam em condições de “liberar os afetos”, ( sejam
esses afetos estrangulados ou não), liberavam as lembranças e as representações.

E foi dessa forma que Freud foi levado a escutar os sonhos que seus pacientes
passaram a lhe contar. Em 1912, no texto Recomendação aos Médicos que Exercem
a Psicanálise, Freud introduziu a noção de uma escuta que não privilegiava nem
um nem outro conteúdo.
Surgiu também o conceito da atenção flutuante, que
é um conceito que vem da psicanálise. Refere-se ao
estado especial de consciência de que o terapeuta
necessita para ser capaz de ouvir o paciente e
detectar o que há de mais significativo em sua
história. Algo como abrir mão de coisas que não são
importantes ou relevantes no que ele diz e atender
apenas aquelas que servem para captar a essência
do problema. Dito assim, parece fácil, mas a atenção
flutuante requer um longo treinamento e um nível
de alerta muito peculiar. E, às vezes, precisa focar a
concentração em algo diferente da fala do outro
para capturar o que é verdadeiramente substancial.
Continuando…
O analista, da mesma forma que o
paciente, utiliza-se da associação livre
como se naquele momento abrisse mão
de seu pensamento consciente. A escuta,
assim como a fala, assume um lugar
central na Psicanálise.
Freud nos ensina que escutamos
Os sofrimentos mentais são tão antigos
quanto a busca por explicá-los. o paciente com o nosso
inconsciente e, por isso, não
devemos nos preocupar em
memorizar o que o paciente diz.
( * Eu particularmente discordo
um pouco aqui , eu anoto
palavras, frases, me atento
“conscientemente” para algumas
falas do meu analisado , elas
podem ser chaves
importantíssimas no
atendimento).
Há quase 300 anos antes de Cristo,
Hipócrates, considerado o “pai da
medicina”, já tentava explicar
sintomas como aversão à comida,
falta de ânimo e insônia como sendo
um desequilíbrio de bílis negra no
corpo.

Daí a origem grega da


palavra Melancolia:
Melan (Negro) e
Cholis (Bílis).
No entanto, nada se
Ao longo do tempo, novas encontrava nas
teorias surgiriam para diversas autópsias
tentar explicar e, por vezes, realizadas no corpo
e, principalmente,
curar tais sofrimentos
no cérebro.
psíquicos, com diversos
médicos que, assim como
Hipócrates, dedicaram-se a
buscar no organismo as
causas biológicas que
pudessem explicar esses
estados.
É nesse contexto que Sigmund Freud começa
também sua investigação. Ele preferiu focar menos
nessa tentativa de encontrar a causa biológica e
mais em uma forma prática de tratar seus
pacientes, sendo então um pilar dos conceitos
básicos da Psicanálise: A fala, o termo de que a da
cura vem por meio da palavra, inovando a forma de
olhar os problemas dos pacientes ao permitir
apenas que eles falassem.
A cura pela fala é o processo fundamental
para um processo de análise, e deve conter em
Apesar da revolta da medicina da época, o método sua abordagens alguns “conceitos
conseguiu resultados espantosamente fundamentais”:
promissores. 1- O não julgamento.
2- Fala livre de interrupção
Iniciada e tematizada pelo próprio analisando.
3- Na escolha da “verdade”.

O real impulso, seja ele algo já realizado ou


que ainda esteja na esfera do desejo
recalcado no inconsciente manifestado na
fala, ou as regras sociais , culturais,
religiosas ou familiares. Ou ainda
expressados através de símbolos… Sonhos …
Por isso é de suma importância que o
paciente fique à vontade para acessar e
“falar a verdade” . ( por isso não julgar e não
interromper é tão importante e fundamental
no processo ).
Complexo
A Teoria dos Complexos surge a partir da experiência de Jung
com o Teste de Associações de Palavras. Ela aparece de
maneira difundida nos trabalhos de Lacan, “mas Freud trouxe o
conceito para a psicanálise e foi ele quem ajudou a popularizar
o termo”. Neste teste, o indivíduo deveria responder as
primeiras palavras que lhe vinham à mente quando ouvisse
determinada palavra estímulo, por exemplo: ao aplicador falar
a palavra “casa”, o indivíduo deveria dizer a primeira palavra
que ele associasse a “casa”, e assim por diante.

Um é um padrão central de emoções e


memórias, percepções e desejos no
inconsciente pessoal organizado em torno
de um tema comum, como poder ou status.
Principalmente um termo psicanalítico , é
encontrado extensivamente nas obras de
Freud e Jung. Na psicanálise, o termo foi
usado como equivalente para uma
estrutura de “catexia da libido” (?!) , Freud
chamava um grupo de ideias catexizado
de complexo.
Nestas aplicações, Jung percebeu que em algumas palavras estímulo o
indivíduo demora longo tempo para responder, em outros casos alguns
nem conseguiam fazer associações e noutros, mais frequentes, uma
associação era feita quase que imediatamente. Isso ocorria, muitas
vezes, sem que o indivíduo percebesse ou soubesse explicar o motivo da
demora na resposta.

Devido a essas diferenças, Jung começa a investigar quais elementos


ou conteúdos podem estar envolvidos com essas reações tão adversas
no mesmo indivíduo.

Trata-se de um dos vários mecanismos que classificam uma


perturbação mental: o complexo concentra uma série de afetos, ou seja,
situações que criaram algum tipo de impacto no indivíduo sobre um
mesmo tema.
Jung chega à conclusão de que
as palavras nas quais o
indivíduo demora ou não
estabelece associação podem
estar associadas a uma
situação conflituosa para o
indivíduo e, portanto, haveria
uma evitação por parte do Ego
para que se pensasse naquele
determinado assunto.
Dessa forma, ele admitia que a Consciência
era perturbada por esses estímulos verbais e
que havia fatores inconscientes envolvidos.
Neste sentido, podemos afirmar que o
Complexo é apenas um conjunto de ideias e
que esse conjunto não apresenta uma
realidade má ou ruim. Ele é apenas um
conjunto de conteúdos. Todavia, é atribuída
ao Complexo a potencialidade de gerar um
transtorno mental.
Se o Complexo pode perturbar as
ações normais da Consciência,
não é de duvidar que essa
perturbação forneça elementos
para o desenvolvimento de uma
patologia.
No experimento de associações, observamos primeiro
se a intenção da pessoa experimental é reagir rapida e
corretamente. Esta intenção é perturbada pela
intervenção do complexo, de modo que a associação,
contrariamente à expectativa, seja em parte desviada
do sentido do complexo ou substituída por alusões
fragmentárias ou, ainda, seja tão perturbada a ponto
de tornar a pessoa experimental incapaz de produzir
qualquer reação, sem saber de onde vem o distúrbio.
Algumas características dos
Complexos: eles se formam a partir de
Dessa forma, o complexo se comporta de forma
um aglomerado de ideias e imagens que
autônoma em relação às intenções do indivíduo. Por
possuem um núcleo afetivo que os une, e
isso, a reprodução incorreta deve ser considerada
esses aglomerados vão se organizando
por sua vez uma característica de complexo, o que é
desde a infância através de conflitos
interessante também sob o aspecto teórico, pois
emocionais recorrentes e gerados na
mostra que inclusive as palavras associadas a um
relação do indivíduo com o meio interno
complexo encontram-se sob certas condições
e externo;
excepcionais; tendem a ser rapidamente esquecidas
ou substituídas.
É como se a pessoa estivesse sob
o poder de um demônio, uma
força muito superior à sua
vontade. Isso gera um
sentimento de impotência.

sã o c o mo
c o m p le x o s
os m a s q ue
d a d e sa u t ô n o
pe rs o n a l i
n a r no ss as
o d e m d ir ecio
p , s e m um
ta s v e ze s
atitudes, mui a d a de
o d e to m
pro c es s m
m o se e
sc iê n ci a , co
co n o Ego
o sm o m e n t o s
de te r m in a d
la fo r ç a d e um
pe
fosse tomado o.
d o C om p l ex
determina
Disso advém, não raras vezes: o esquecimento, os
lapsos e as atitudes estranhas à personalidade do
indivíduo.
Em alguns momentos determinados, o
“complexo” pode se encontrará carregado
psicologicamente e a Consciência já se
encontra em estado perturbado.

Mesmo que a pessoa se observe enquanto está se


tornando a vítima relutante de uma compulsão
interior para dizer ou fazer alguma coisa que ela
sabe que seria preferível deixar por dizer ou fazer,
o roteiro desenrola- se como previsto, e as
palavras são ditas, os atos são realizados. Com
isso, diz-se que uma força intrapsíquica foi
chamada à ação por uma situação vivenciada,
por um gatilho que foi acionado. Esses complexos
possuem energia especifica própria.
Esse momento é marcado pela
tomada do Complexo. O Ego,
nesta situação, pouco pode
fazer contra ele, como se fosse
subjugado. Todavia, o
Complexo não se apresenta de
todo como algo ruim. Se
pensarmos que s tá tão esses
conflitos com as realidades que
promovem o desenvolvimento
da personalidade, teremos que
o ele auxilia o enfrentamento e
o fortalecimento do Ego
através desses entrechoques.
Em ambos os casos, o Complexo aparece
apenas como algo a ser olhado e analisado
pelo Ego consciente, olhar esse que se
refere ao processo de assimilação da
energia do primeiro ( do complexo) pelo
segundo ( do Ego) - Lembrando que um
complexo é um padrão central de emoções
e memórias, percepções e desejos no
inconsciente pessoal organizado em torno
de um tema comum.

Esse processo não se dá apenas de forma


intelectual, tendo em vista que o Complexo
não busca apenas seu entendimento, mas
também uma experiência que leve em
consideração toda a sua carga afetiva.
Neste sentido, há um processo de
entendimento do conflito, mas também de
uma reação emocional a ele (algo que acione
o gatilho ).
Seria como se todo o conjunto corpo/psique
reagisse na resolução do conflito, (uma catarse.)

Isso ocorre pois, ao “tocarmos” um Complexo, o que


normalmente ocorre é que o indivíduo perde sua
estruturação consciente e adentra campos conflituosos.
Podemos dizer que ele, nestes casos, perde o controle sobre
si e torna-se “possuído” pelo complexo, uma explosão
emocional como se
o indivíduo vivenciasse o
momento em que se instalou
o conflito em sua Psique.

Podemos usar como exemplo um


indivíduo que tenha alguma relação
de conflito com baratas. Ao se falar
sobre baratas com esse indivíduo,
ocorrem reações psicossomáticas nas
quais o Ego consciente não consegue
manter o controle.
Neste caso, o simples entendimento de seu conflito
não diminuiria o conflito em si, devendo haver junto
com esse conhecimento intelectual um “reviver
emocional do fato”. Essa atitude frente ao conflito
promoveria a resolução do conflito e a energia até
então contida no Complexo se tornaria parte do Ego,
fazendo com que esse indivíduo tenha nova postura
com relação as baratas e aos objetos que lembrem a
barata.

Como sabemos, esse ato não é tarefa fácil e


possui um grande investimento de energia.
Na prática psicológica, observamos isso
através das palavras nas quais o indivíduo
expressa sua afetividade e, nestes casos, a
afetividade até então reprimidas pelo
Complexo.
Vejamos então como podemos, de forma prática,
reconhecer o momento em que nos deparamos
com um Complexo.

Temos que ter claro a convivência de Esta ação se tornará mais


que o “Ego deve ser capaz de compreensiva se
minimizar as alterações de complexo
levarmos em
a fim de que o indivíduo tenha
capacidade de adaptar-se e sobreviver consideração que ele é
em sociedade”. bastante carregado
emocionalmente, ou seja,
sua presença pode ser
detectada através da
intensidade da alteração
emocional da pessoa.

A palavra reprimida ilustra bem o momento, pois é como se o Complexo


represasse (reservasse) uma quantidade de energia e a prendesse, a fim
de continuar cada vez mais carregado, e a sua resolução promovesse o
fluxo dessa energia que ficaria à disposição do Ego.
A falta do controle do Ego, em menor ou maior grau, dará
início a um processo patológico ( doentio).
Podemos verificar um complexo e identificar seu valor
energético através de observações, pelos seus indicadores
e pela sua intensidade emocional. No primeiro caso, temos
que um determinado Complexo muitas vezes não se
manifesta na consciência, ele pode aparecer em sonhos e
outras formas disfarçadas fazendo com que o observador
tenha extrema atenção aos fatos pormenores e simbólicos
a fim de que compreenda seu significado.
Um exemplo disso está nas pessoas que dizem não precisar
de cuidado, mas sempre o estão recebendo. Na verdade,
esta pessoa está tomando atitudes que manipulam a
realidade, algo como um complexo de poder que pode não
ser reconhecido conscientemente. Quando sua atitude é
investigada , essa pessoa provavelmente irá negar sua
manipulação, alegando não raras vezes que faz tudo pelos
demais.
De acordo com a teoria, deve-se buscar sempre a posição oposta quando a atitude
consciente se mostrar unilateral e inflexível. Neste ponto, busca-se as reais intenções do
indivíduo e, consequentemente, o complexo que está mais atuante na vida desse indivíduo.

Ocorre que uma postura


extremada pode muitas
vezes ser apenas uma
forma de o Ego não entrar
em contato com o
Complexo, negando-o a
fim de afirmar e reafirmar
uma postura consciente
que está prestes a ser
abalada por ele. Nesse
caso, encontramos todos
os distúrbios que podem
alterar o processo
Continuando .. consciente.
FIM.

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