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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura


Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo

Comunicando o programa AmazonFACE

Relatório parcial FAPESP Mídia Ciência Processo


2022/11568-7, vigência: 01/11/2022 a 31/12/2023.
Referente ao período de 01/06/2023 a 31/12/2023.
Originalmente o trabalho se chama:
Estratégias de Comunicação Organizacional para
o projeto AmazonFACE

Orientador: Prof. Dr. David Lapola


Co-orientadora: Profa. Dra. Germana Barata

CAMPINAS,
2024
Agradecimentos:
Gostaria de agradecer à agência de fomento à pesquisa, FAPESP, que em
tempos de desmonte foi a esperança para muitos. A Unicamp que foi uma grande
provedora de conhecimento, mas também de vivência, cultura, comunidade e suporte.
Aos meus orientadores, Germana e David, pela oportunidade. À minha madrinha, Beá,
pela persistência. Aos meus pais, Helô e Jota, por tudo
RESUMO
O AmazonFACE é um megaprojeto científico, Big Science no meio da maior
floresta natural tropical do mundo, e pretende trazer respostas chave sobre a resposta
da floresta amazônica em cenários futuros em que a concentração de CO2 no ar
atmosférico será 50% maior que a de hoje. Deve-se prestar contas à sociedade sobre
toda iniciativa, principalmente, quando há recursos públicos envolvidos. Este projeto
Comunicando o programa AmazonFACE busca criar canais de comunicação com a
população para responder a questionamentos e garantir a divulgação do programa e o
diálogo com a sociedade. Esta pesquisa jornalística traça um plano de comunicação e
executa ações de comunicação para esclarecer o funcionamento do AmazonFACE e
ações de mitigação de seus possíveis impactos.
Para tanto, planejou-se entrevistas e diálogos com pesquisadores e técnicos,
comunidade acadêmica externa e membros de comunidades direta e indiretamente
impactadas pelo AmazonFACE em Manaus (AM). Baseados nos dados coletados foram
produzidos conteúdos de divulgação científica para contribuir para compartilharmos
objetivos, metodologia e resultados do projeto com a sociedade. Outro objetivo foi traçar
um plano para facilitar a continuidade dos esforços de divulgação. As ações de
comunicação estão planejadas em três níveis: midiático, institucional e canais de
comunicação com a população.
ABSTRACT
AmazonFACE is a scientific megaproject, Big Science in the largest natural
rainforest in the world, and intends to answer key questions about the Amazon forest’s
response in a future scenario in which the carbon dioxide concentration in the
atmospheric air will be 50% higher than today. It is needed to report to society about
every initiative, specially, when there is public money involved. This project
Communicating the AmazonFACE program seeks to create communication channels
with the people to answer questions and ensure the program's dissemination and the
dialogue with the society. This journalistic research project will be responsible for
establishing a communication plan and also will be communicating back to society how
AmazonFAce works and its mitigation actions of potential impacts.
For this purpose, we intend to interview and dialogue with the researchers and
technicians; the external academic community; and members of the community in
Manaus (AM) directly and indirectly impacted by AmazonFACE. Based on the gathered
data, scientific dissemination content will be produced to contribute to enlighten the
project's goals, methodology and results to the society. Another goal is to draw a plan to
bring and enable continuity to the communication efforts. The communication actions
are planned in three levels: mediatic, institutional and communication channels with the
societ
Sumário
1 - INTRODUÇÃO ….………………………………………………….…... 5
2 - DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES E RESULTADOS ……………..… 7
2.1 - PLANO DE COMUNICAÇÃO PARA AS REDES ………... 7
2.2 - PRODUÇÕES JORNALÍSTICAS ………………………..… 8
2.3 - PRODUÇÕES PARA REDES ……………………………... 8
2.4 - ACOMPANHAMENTOS DE SERVIÇOS …………….….... 9
2.5 - COBERTURAS DE EVENTOS ………..………………...… 10
2.6 - DEMANDAS COMUNICATIVAS …….…………………..… 11
3 - DISCUSSÃO …….…………………………………….……………..… 11
4 - OBJETIVOS …………...…………………………..……………..……. 15
5- METODOLOGIA ………………………………………………………... 15
6 - CRONOGRAMA ….…………….…………………………………..…. 16
7 - REFERÊNCIAS ………….…………………..……………………..…. 18
8 - ANEXOS ……………………….………………………………….…… 19
I - Reportagem sobre a reunião do comitê científico …………. 19
II- Exemplos de postagens
II.I- Sobre artigo escrito por Nathielly Martins
…………………………………………………………….………… 21
II.II- Sobre livro de Fenologia publicado por cientista AmazonFACE
a ser usado como dado comparativo aos resultados do experimento
………….………….………….………….…………………………. 23
II.III- Sobre as câmaras de topo aberto (open-top chamber)
……………………………………………………………………….. 24
II.IV- Sobre a reunião do comitê científico ……………... 25
II.V- Sobre painel na COP 28 ……………………….…… 27
III- Cartilha de uso interno durante filmagens da BBC ………… 28
IV- Release BBC ………………………………………………...… 31
V- Release COP 28 ………………………………………………... 34
VI- Release para ser compartilhado/ atualizado …………….….. 37
VII- Fotos institucionais ………………………………………….… 40
VIII- Certificado de curso sobre redes sociais …………………... 41
5

1. INTRODUÇÃO
“A comunidade científica precisa de um rosto público, para
justificar o aumento de financiamento” (tradução livre, p. 2523,
Barata, Caldas & Gascoigne, 2017)
A primeira etapa desta bolsa Mídia-Ciência da Fapesp1, foi também um trabalho
de conclusão de curso da especialização em jornalismo científico do Laboratório de
Estudos Avançados em Jornalismo (LabJor) da Unicamp que atingiu a nota máxima (A)
e foi concluído no mês de março de 2023. Sua continuidade se dá devido à demanda
comunicativa do projeto e à vontade das partes de seguir com o trabalho.
O objetivo geral deste projeto é auxiliar na comunicação do AmazonFACE. É um
programa de longa duração, com grande aporte financeiro, que pode surgir muitos
questionamentos. Os objetivos específicos foram atender ao público geral (através das
redes) e o público específico (através da assessoria de imprensa e utilização dos
materiais produzidos na primeira etapa desta bolsa); fazer a cobertura dos principais
eventos do programa, presencialmente e virtualmente; atender às demandas
comunicativas específicas do programa (como o auxílio na produção do plano científico,
acompanhar a produção da identidade visual do programa e de um site novo); e auxiliar
nas questões de comunicação (elaboração de régua de logos, diretrizes para contato
com a imprensa, coordenação de campanhas com outras instituições, etc).
Este projeto objetivou construir um plano de comunicação para as redes sociais
(ver anexos II.I a II.V), mais especificamente o Instagram, com cronograma de
postagens que visava aproximar o público das atividades dos cientistas do
AmazonFACE (artigos publicados e trabalho de campo), assim como do programa em si
e dos eventos internos (como workshops e reunião do comitê científico) e externos
(como a participação do coordenador do evento de 15 do projeto de mudanças
climáticas da FAPESP e a COP28). Outro objetivo deste projeto foi o de suprir as
necessidades da imprensa, produzir e fornecer imagens, e contato com os cientistas.
Assim como suprir as necessidades específicas de comunicação como auxiliar na
contratação de um novo site e da identidade visual do programa.

1
Vigente a partir de 01/11/2022, processo número 2022/11568-7, título Estratégias de Comunicação
Organizacional para o projeto AmazonFACE.
6

O AmazonFACE é um programa científico, com o potencial de ser o maior


laboratório a céu aberto do mundo. Que estudará a resposta da floresta amazônica num
contexto de CO2 aumentado, desde a vida microbiana e raízes no solo, até as folhas na
copa das árvores. Para isso serão construídos em seis parcelas da floresta de 30m de
diâmetro, anéis com 16 torres - que ultrapassam a copa das árvores - para liberar um ar
enriquecido com uma taxa de 50% a mais de CO2 do que na atmosfera hoje em dia. Há
para cada plot um guindaste tipo grua de 45m de altura, que além de possibilitar a
construção e manutenção das torres, é uma ferramenta de pesquisa, já que iça
pesquisadores à copa das árvores.
A pré-inauguração aconteceu depois de 11 anos de espera, no dia 8 de
dezembro de 2022, quando foram instaladas as três primeiras torres de aspersão, como
consta na reportagem Instaladas primeiras torres que medirão efeitos de mudanças
climáticas na Amazônia por Germana Barata ao Jornal da Unicamp. Em dezembro de
2023, a construção de dois anéis estava concluída e o guindaste em funcionamento. O
início da fase de testes está prevista para março de 2024, após a instalação dos canos
que ligam as torres ao tanque de CO2 e todo o light wire (parte de cabos, sensores de
CO2, etc)

FIGURA 1: Foto de um plot. Crédito: Maria Clara Ferreira Guimarães.

A coordenação científica do programa é de duas instituições brasileiras, o Centro


de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (CEPAGRI) na
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), através do Dr. David Lapola, e o
Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas (INPA), ligado ao Ministério de Ciência,
7

Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio do Dr. Carlos Alberto Quesada. O Met Office
(Serviço Nacional de Meteorologia do Reino Unido) tornou-se um parceiro científico. Os
financiadores são o governo britânico através do FCDO (Ministério das Relações
Exteriores, Commonwealth e Desenvolvimento) e o governo brasileiro, Ministério de
Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI), através da Finep e do FNDC. A Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM) também foram financiadores do
programa.

2. DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES E RESULTADOS


As atividades propostas inicialmente para este projeto de bolsa, estavam
baseadas em um trabalho conjunto com a gerente de comunicação do AmazonFACE,
que em julho de 2023 saiu da equipe. Assim, devido às demandas do programa,
algumas atividades foram colocadas em segundo plano, como a realização da
newsletter e o verbete para Wikipedia.
O banco de dados do AmazonFACE se materializou em um release que é
constantemente atualizado de acordo com a demanda de cada jornal e no banco de
imagens armazenados no Google Drive do e-mail institucional afacecom@unicamp.br.
O evento do projeto ODS 2.4-AM ligado ao AmazonFACE foi em Campinas e não
em Manaus, que foi coberto e compartilhado no Instagram do projeto. Houve em
outubro de 2023 a reunião do comitê científico que também foi coberto, porém a visita a
comunidades próximas não foi viável devido às graves secas da época. Além destes
eventos presenciais, foram cobertos a COP28 com uma campanha pré-eventos, o
evento de 15 anos do Programa FAPESP de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas
Globais (PFPMCG) e a edição Latino Americana e Caribenha da Ecosystem Service
Partnership (ESP).

2.1. PLANO DE COMUNICAÇÃO


Neste plano de comunicação estão descritos o plano estratégico onde estão
contidos
AmazonFACE - Plano de Comunicação Redes Sociais
8

as linhas editoriais adotadas para as postagens, exemplos de datas


comemorativas, de eventos internos e externos, assim como o tipo de imagem e de
texto. (link: Cronograma de Posts - AmazonFACE 23 )

FIGURA 2: Parte do cronograma de publicações das redes sociais do AmazonFACE.

2.2. PRODUÇÕES JORNALÍSTICAS:


Foram produzidos uma matéria, dois releases e uma cartilha de pontos
importantes que os cientistas deveriam se atentar durante a gravação de um
documentário da BBC realizado no sítio experimental do AmazonFACE.
Chamamos aqui de produções jornalísticas, os produtos tradicionalmente
jornalísticos, uma vez que as produções para as redes sociais seguiram o mesmo rigor
metodológico de apuração e estruturação do texto, porém com características próprias
ao gênero textual e imagético do Instagram.

2.3. PRODUÇÕES PARA REDES SOCIAIS


Cada rede social tem uma linguagem específica, e precisa de linhas de ação
para haver coesão. Baseado em curso de 25 horas de introdução a redes sociais, com
foco no Instagram, criou-se 4 linhas editoriais, adaptou-se a linguagem, construiu-se um
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cronograma de postagens, o plano de comunicação e uma matriz de interações (que


ainda não foi utilizada dado o baixo engajamento nos comentários das postagens).
Desde 22 de agosto a 5 de janeiro de 2024, foram 44 publicações. Uma média
de 2 ou 3 publicações por semana. Cinco postagens foram colaborações propostas por
outras instituições (como MCTI, INPA e embaixada britânica); seis foram colaborações
elaboradas junto ao Cocen (Coordenadoria de Centros e Núcleos Interdisciplinares de
Pesquisa) da Unicamp e postadas pelo AmazonFACE; 14 postagens foram propostas e
elaboradas pelo AmazonFACE e em colaboração com outras instituições; e 18
publicações sem colaboração.
O número de seguidores passou de 592 para 1.073, o que é um aumento
significativo, porém poderia ser melhor. Na próxima etapa do projeto, os números serão
analisados para entender quais estratégias utilizadas foram de mais sucesso e maior
engajamento, para assim conseguirmos mais seguidores.
A principal rede social desenvolvida foi o Instagram e automaticamente era
postado também no Facebook. Para a próxima etapa do projeto buscaremos a
internacionalização das redes através da rede X (antigo Twitter), onde será postado em
inglês e melhorar os números de seguidores e engajamento para o Instagram e
Facebook, para alcançar uma base onde a matriz de interação seja utilizada, assim
como fornecer novas perguntas para a lista de FAQs (Frequent asked questions).

2.4. ACOMPANHAMENTOS DE SERVIÇOS


Durante o período de vigência da bolsa houveram três serviços que foram
acompanhados. A confecção de um site novo, que consistiu no levantamento de
orçamentos, entrevistas, seleção de material, e a fase de finalização e entrega estão
em curso. O segundo foi o manual de identidade visual do AmazonFACE que, após a
saída da gerente de comunicação, foi incumbido a este projeto dar continuidade e
acompanhar o designer, fazer reuniões, compartilhar com o time, recolher os retornos e
falar com o designer. Assim como fornecer imagens e material para que o manual fosse
realizado. O terceiro foram os detalhes relativos à maquete exposta na COP28 em
Dubai, como a régua de logos do programa, coordenação e patrocinadores.
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2.5. COBERTURAS DE EVENTOS


Seis eventos foram cobertos, dois presencialmente com postagens diárias e
stories para que o público pudesse acompanhar ao vivo.
A participação do professor David Lapola no evento de 15 anos do programa de
mudanças climáticas da Fapesp foi documentada com um trecho de sua fala
disponibilizado no Instagram.
O workshop do projeto ODS-2.4-AM que faz parte do AmazonFACE foi coberto
com postagens diárias sobre as atividades realizadas e um pouco da discussão. Antes
do evento, foi feito um post de explicação e divulgação do projeto e trabalho de campo.
O evento foi em Campinas, na Unicamp e no CNPEM.
Em outubro de 2023, houve a reunião do comitê científico em Manaus que foi
coberta presencialmente, com postagens diárias com o resumo das atividades, alguns
stories e uma reportagem sobre o projeto. Nesta ida a Manaus, foram coletados
materiais para as postagens ao longo do ano seguinte, como três campanhas de
trabalho de campo, uma de hidrologia, uma de mirmecologia e outra de coletas
realizadas com o guindaste. Durante esta viagem também tentou-se fotografar a maior
parte dos integrantes do time AmazonFACE no mesmo local para criar uma identidade
de imagem de corporação, assim como para ter imagens a serem compartilhadas com
a mídia e estarem disponíveis no site do projeto.
Durante a COP28 todos os eventos em que o AmazonFACE participou foram
cobertos, assim como a exposição da maquete do experimento na área externa dos
pavilhões do Brasil e do Reino Unido. A participação do AmazonFACE em dois painéis
foram gravadas em português e inglês e compartilhadas no canal de Youtube do
AmazonFACE. Foi realizada também uma campanha de cinco vídeos, um com
autoridades governamentais - ministra Luciana Santo do Ministério de Ciência
Tecnologia e Inovação e Stephanie Al-Qaq, a embaixadora do Reino Unido no Brasil
convidando as pessoas para acompanhar o AmazonFACE na COP28 e quatro vídeos
dos cientistas explicando a importância do experimento. Além disso, foram realizados
convites para os painéis com links para as transmissões ao vivo; como já comentado, a
disponibilização dos painéis no canal do Youtube do AmazonFACE; e um resumo da
participação em cada um dos pavilhões.
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Três cientistas AmazonFACE estiveram em um congresso no Chile e sua


participação foi compartilhada nas redes sociais através de uma postagem. O relato das
três foi coletado, assim como imagens do evento e compartilhado no Instagram.
Em janeiro de 2024, as atividades do programa Futuras Cientistas do CNPq no
sítio do AmazonFACE foram cobertas e veiculadas no Instagram.

2.6 - DEMANDAS COMUNICATIVAS


O Escritório de Comunicações do AmazonFACE foi montado com atores das
diferentes instituições, como INPA, Unicamp, Met Office, MCTI e embaixada britânica. A
representante do AmazonFACE foi a bolsista deste projeto. Fez também parte deste
projeto a articulação dos representantes de cada uma das instituições para o trabalho
conjunto nas diferentes campanhas. Assim como acordar com o representante de cada
instituição como o programa poderia ser descrito, a ordem e atualização dos logos.
Para entender com os diferentes grupos de cada instituição suas necessidades,
atividades e publicações, manteve-se contato semanal com grupos em Manaus e
Campinas. Reuniões mensais com a comunicação da embaixada britânica no Brasil e
MCTI e por para a campanha da COP28 o Met Office esteve em algumas reuniões.
Para que o contato com os diferentes grupos fosse possível, foram formados
grupos de whatsapp um com voluntários da equipe de Campinas, outro com membros
da equipe em Manaus para fornecer os dados para postagens e saber os eventos e
publicações que estavam por acontecer. Um outro grupo foi formado com um
representante de comunicação de cada instituição, AmazonFACE, INPA, Unicamp,
MCTI e embaixada britânica.

3. DISCUSSÃO
A alfabetização científica, [...] precisa abrir espaço para aproximação e diálogo
e, inclusive, convocar pessoas para debates amplos sobre a relação entre ciência e
sociedade, ciência e mercado, ciência e democracia. (Bueno, 2010, p. 10)

[O] valor que os membros dessa comunidade dão ao trabalho dos


pesquisadores, à sua concepção acerca da ciência, das suas funções e utilidades,
à garantia de retorno social dos investimentos, pois a opinião pública é decisiva
na fixação das políticas governamentais em prol da C&T. (Targino, 2000, p. 24)
12

Como já trazido nos relatórios anteriores, a participação pública nos debates


sobre ciência é necessária para movimentar politicamente a nação. Para que a
população apoie políticas públicas que garantam a perenidade dos programas
científicos.
A opinião da comunidade internacional pode impactar economicamente uma
nação, vide os produtos brasileiros boicotados devido à origem ligada ao
desmatamento na Amazônia2. Assim como as parcerias políticas, o fundo Amazônia
havia sido bloqueado durante os anos do ex-presidente Bolsonaro, por suas posições
negacionistas e o atual presidente Luís Inácio Lula da Silva reativou o fundo3. Defender
a ciência em tempos de desinformação é essencial e pode salvar vidas, como vimos no
caso da vacinação ao longo da pandemia da Covid-19.
É então necessário comunicar-se com público nacional e internacional. Nas
atividades nas redes nos últimos meses do AmazonFACE, apenas agora em janeiro
apareceram dúvidas e preocupações concretas a respeito do experimento. Os
comentários foram sobre a preocupação em liberar mais CO2 na atmosfera, sobre
interferir na floresta, sobre soberania nacional, sobre toxicidade do CO2 e todas foram
respondidas de forma cordial e assertiva.
No caso do AmazonFACE, é necessário ser comunicada e discutida com o
público a compreensão dos limites e da influência que uma pesquisa pode ter em uma
área de preservação, assim como os cuidados necessários em relação ao impacto da
presença de pesquisadores. Como é tratado por Lima, Marjorie et al.(2021), porém no
contexto da arqueologia. É diferente do clássico dilema desenvolvimento versus
preservação ambiental, como no caso da construção da hidrelétrica de Belo Monte
(Almeida & Fleury, 2013).
Alguns comentários negativos não foram adereçados, já que não tinham muito
nexo. Comentários sobre teorias da conspiração em que o Brasil estaria se tornando
uma Venezuela, ou como os “esquerdistas” estariam gastando dinheiro público para

2
Reportagem sobre boicote às mercadorias brasileiras na União Europeia, por Edison Veiga, Deutsche
Welle, 20/06/2020. Europa aperta o cerco contra produtos brasileiros – DW – 20/06/2020
3
Reportagem sobre um dos primeiros atos do presidente Lula
https://g1.globo.com/meio-ambiente/noticia/2023/01/03/apos-lula-reativar-fundo-amazonia-noruega-diz-qu
e-r-3-bilhoes-ja-podem-ser-investidos.ghtml
13

roubar. Comentários que não seriam possíveis de serem respondidos em termos


científicos sobre o projeto não foram respondidos.
Uma das seis áreas de pesquisa do programa AmazonFACE é o socioambiental,
dentro desta área há o projeto ODS-2.4-AM, que busca mapear a relação entre
insegurança alimentar e mudanças climática e, a partir dos resultados, promover
encontros dos diferentes agentes sociais para desenvolver ações que mitiguem o
impacto das mudanças climáticas na vida das pessoas. Chassot (2003, p.91)
argumenta que o entendimento da ciência pode permitir previsões do que ocorre na
natureza e, com isso, a sociedade como um todo pode propor transformações capazes
de melhorar sua qualidade de vida. Nesta área de pesquisa o contato e a comunicação
com tomadores de decisão é um dos objetivos e um dos objetivos da beneficiária desta
bolsa é acompanhar e entender este trabalho.
O principal objetivo do projeto Comunicando o AmazonFACE foi promover a
interação entre esse programa brasileiro de ciência de grande porte e o público em
geral. De acordo com o Relatório de Percepção Pública da C&T no Brasil - 2019,
elaborado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE, 2019), a maioria dos
brasileiros (84,4%) concorda, em alguma medida, que é crucial explicar a importância
dos experimentos, seus impactos e as medidas de mitigação, especialmente no
contexto ambiental, com 76% expressando interesse nesse tema. A população
demonstra grande preocupação com questões como desmatamento na Amazônia
(92%) e mudanças climáticas (83%).
O último estágio do projeto visou a continuação e aprofundamento do diálogo
com o público em geral e atender a mídia. Havia o objetivo de iniciar conversas com
grupos específicos, como formuladores de políticas, comunidades tradicionais e
trabalhadores envolvidos na construção do AmazonFACE. Nenhum dos diálogos foi
possível, com os dois últimos grupos devido a época que o trabalho de campo foi
possível, as construções haviam sido interrompidas devido ao evento interno e devido
às secas os acessos às comunidade estava comprometido, assim como o tempo de
permanência em Manaus contemplou os dias da reunião do comitê científico e
De acordo com a pesquisa de percepção pública conduzida pelo CGEE, 66%
dos entrevistados no Brasil expressaram a opinião de que os investimentos em Ciência
14

e Tecnologia devem ser aumentados, destacando a necessidade de prestação de


contas tanto à comunidade internacional quanto aos próprios brasileiros. Estes últimos
reconhecem o papel fundamental da atividade científica para o futuro do país,
demonstrando respeito e valorização pela ciência e tecnologia. No entanto, enfrentam
limitado acesso a espaços culturais e consomem relativamente poucas informações
sobre esses temas. O desafio de difundir a Ciência e Tecnologia no Brasil é uma
responsabilidade compartilhada entre a sociedade, a comunidade científica e o
governo, exigindo uma união de esforços para alcançar esse objetivo. O montante
investido no AmazonFACE pelos governos britânico e brasileiro é grande e por isso é
fundamental que haja essa comunicação com o público, do ponto de vista da
informação assim como do ponto de vista da troca comunicativa.
Um dos objetivos do projeto dessa bolsa foi a institucionalização da
comunicação, para que as trocas internas e externas fossem documentadas. Algumas
das ações foram centralizar os contatos através do e-mail institucional; manter os
acessos às redes disponíveis para as pessoas a quem tal trabalho compete; ter fotos e
banco de dados organizados no Google Drive institucional; e manter os passos da
comunicação rastreáveis para outras pessoas que venham a ocupar o cargo. Este
programa, que já está em curso há 10 anos, tem mais 10 para frente na etapa do
experimento FACE.
As dificuldades de contato com pesquisadores que muitas vezes estavam em
campo foram sanadas com a criação dos cronogramas e dos grupos de whatsapp, uma
vez que outros pesquisadores responderam às demandas e os que estavam
indisponíveis sabiam já de antemão as necessidades comunicativas e se anteciparam.
A cultura de comunicação de ciência está sendo criada e desenvolvida dentro do
projeto. Os próprios cientistas têm se adiantado e comunicado suas participações em
eventos, assim como artigos que estivessem por sair. O estreitamento dos laços entre
jornalismo e ciência tem gerado uma comunicação mais clara e assertiva.
As atividades realizadas neste período de bolsa tem auxiliado no
desenvolvimento das habilidades de comunicação jornalística da beneficiária, na
produção de conteúdo, na área de assessoria de imprensa e comunicação interna de
uma organização.
15

4. OBJETIVOS
O principal objetivo deste projeto é manter os canais de comunicação com a
sociedade abertos e atualizados: as redes sociais, o site e a comunicação com a
imprensa. Os objetivos específicos são os de:
● dar continuidade ao trabalho iniciado;
● continuar com as postagens;
● analisar os dados para aprimorar em qualidade e alcance;
● iniciar postagens em outras redes sociais com maior alcance na
comunidade científica e internacional, em inglês;
● continuar com o trabalho de assessoria de imprensa e apoiar a
comunicação interna do time AmazonFACE, assim como com as
instituições parceiras;
● trabalhar e publicar os materiais coletados na viagem de campo.

5. METODOLOGIA
Entre os modelos de comunicação utilizados para a divulgação científica do
AmazonFACE destaca-se o diálogo público, conforme descrito por Bucchi (2008). Esse
modelo prevê uma ampla interação entre diversos atores sociais, os quais discutem as
implicações da ciência por meio de rodadas propositivas. A partir desses diálogos e do
trabalho colaborativo, foram elaborados os cronogramas e os conteúdos a serem
divulgados. Apesar de ser um modelo amplamente apoiado pela comunidade
acadêmica que estuda a divulgação científica, ainda não parece ser amplamente
adotado na prática, conforme apontado por Metcalfe (2019).
O modelo conhecido como "modelo de déficit", amplamente praticado pela
comunidade de divulgadores científicos, tem como objetivos primordiais promover a
ciência, atrair talentos para carreiras científicas, informar a população sobre os
resultados e avanços científicos, educar as pessoas e combater a desinformação e
superstições (Bucchi, 2008; Metcalfe, 2019). No entanto, este modelo pressupõe uma
comunicação unidirecional, conhecida como "top-down" (de cima para baixo), na qual
os produtores de informação enviam mensagens aos receptores sem priorizar o debate
16

de ideias, trocas de experiências ou o fortalecimento das relações entre ciência e


sociedade. O diálogo público é justamente o elemento central que inspira e impulsiona
este projeto, seja na concepção das ações ou na criação de canais de comunicação.
O encontro presencial em outubro de 2023 tornou o diálogo mais fluido, atribuiu
rostos e personalidades às pessoas que, até então, conversavam remotamente. O
contato entre os diferentes grupos aproximou os atores, o que possibilitou, por exemplo,
a formação da equipe para as campanhas da COP28. Assim como a dinâmica virtual
dos grupos de whatsapp também passou a ser mais intensa. A produção de conteúdo
passou a ter mais participação do coletivo, assim como as propostas de postagens por
parte dos cientistas aumentaram.
Para realizar este contato da forma mais eficiente, ensinou-se no curso a
adequação de linguagem ao meio e ao público; informações importantes a serem
adicionadas como hashtags e marcar todas as instituições; ou propor colaborações no
Instagram para que houvesse maior alcance da publicação; dias da semana e horários
ideais para publicar os conteúdos; e convites textuais a ações dos usuários. Foi
ensinada uma metodologia de criação de cronograma de postagens baseado em datas
comemorativas; eventos nacionais relevantes; eventos relevantes da área; eventos
internos e depois as linhas editoriais criadas deveriam ser distribuídas pelas semanas
que não havia outros eventos.
Foram trabalhadas também formas de se cobrir eventos nas redes sociais e
como produzir conteúdo durante esses eventos para o resto do ano. Reconhecendo “a
importância da contação de história para garantir que a mensagem ressoe com os
diversos valores das pessoas e enfatize o consenso científico enquanto explica
cuidadosamente as incertezas e o método científico”4 (tradução livre de Howarth, C.,
Parsons, L. & Thew, H 2020), trabalhou-se no curso a adequação da linguagem escrita e
imagética, visando a criação de uma história.

6. CRONOGRAMA

4
“the power of storytelling to ensure that messages resonate with people’s diverse values and
emphasize scientific consensus while carefully explaining uncertainty and the scientific method.”
17

O cronograma proposto inicialmente foi cumprido com algumas alterações já que


só houveram evento do programa em que a participação fosse possível a partir de
fevereiro de 2023. A produção de conteúdo jornalístico foi contínua, porém as
publicações se iniciaram em março de 2023. O plano de comunicação foi criado em
fevereiro e ele serviu de base, junto aos produzidos pelos parceiros do programa,
MetOffice (Serviço Nacional de Meteorologia do Reino Unido), FCDO (Ministério das
Relações Exteriores, Commonwealth e Desenvolvimento), para que a jornalista
contratada cria-se um plano de comunicação para o programa de forma geral. Uma
atividade que foi adicionada ao cronograma, foi a realização dos perfis dos cientistas.
Além do modelo que já havia no programa, os porta-vozes e alguns atores chave do
programa terão um perfil um pouco mais extenso para ser publicado nas redes sociais e
site oficial, esses perfis começaram a ser escritos em março de 2023.
Para os próximos passos do projeto o seguinte cronograma foi idealizado, os
números representam os meses do ano de 2023.

Meses
Cronograma das Atividades
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12

Reunião com supervisores


científico e jornalística

Diálogo com pesquisadores/


Traçar necessidades

Alimentar novo site

Lançamento do novo site

Preparação do cronograma de
postagens do ano

Postagens Instagram

Cobertura atividades
AmazonFACE

Acompanhar demandas da
mídia

Preparação teórica para


postagens no X (Twitter)
18

Postagens no Twitter

Media day

Entrega de materiais coletados


em campo

Coleta de novos materiais

Relatório final

Preparação para mestrado


Labjor

7. REFERÊNCIAS:
Ainsworth, E. A & Long, S. P. 30 years of free-air carbon dioxide enrichment (FACE): What have
we learned about future crop productivity and its potential for adaptation? In: Global Change
Biology, 2020. Disponível em:
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Howarth, C., Parsons, L. & Thew, H. Effectively Communicating Climate Science beyond
Academia: Harnessing the Heterogeneity of Climate Knowledge. In: One Earth, Vol. 2, n. 4.
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Instituto de Pesquisa DataSenado. Redes Sociais, Notícias Falsas e Privacidade de Dados na


Internet. Novembro de 2019. (disponível em:
https://www2.camara.leg.br/a-camara/estruturaadm/ouvidoria/dados/pesquisa-nov-2019-relatori
o-completo)
Lima, Marjorie et al. Desafios das práticas arqueológicas e da preservação: dinâmicas
socioculturais sobre e nos entornos dos sítios arqueológicos na Amazônia. In: Boletim do
Museu Paraense Emílio Goeldi. v. 16, n. 2. 2021 (Disponível em:
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Machado, F. S. A divulgação científica e o enunciado digital. In: Bakhtiniana: Revista de Estudos


do Discurso, v. 11, n. 2, 2016. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/bak/a/8KBkTcRCtqrhjZtQmWvF5SQ/

Metcalfe, J. Comparing science communication theory with practice: An assessment and critique
using Australian data. In: Public Understanding of Science 2019, Vol. 28(4) 382–400. 2019.

Targino, M. G. Comunicação científica: uma revisão de seus elementos básicos. In: Informação
e Sociedade: Estudos, v. 10, n. 2, p. 67-85, 2000.

8. ANEXOS:
I - Reportagem sobre a reunião do comitê científico
Comitê científico do AmazonFACE se reúne para delinear os próximos passos
Durante a atual seca histórica na região amazônica e em paralelo à Semana de Ciência
e Tecnologia, reuniu-se em Manaus, na última semana (de 16 a 20 de outubro), o
Comitê Diretivo Científico Anual do programa de pesquisa AmazonFACE. Nesse
encontro, realizado antes do início da pesquisa em si, o órgão discutiu seu novo plano
científico e as áreas de estudo a serem privilegiadas.

Cientistas de diferentes países elaboraram as perguntas científicas a serem


respondidas e as metodologias a serem usadas. “Apesar de termos hipóteses,
simplesmente não sabemos o que vai acontecer, como e se elas [as plantas] vão se
adaptar”, disse Izabela Aleixo, pós-doutoranda do Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia (Inpa), ao explicar que o rápido aumento na concentração de CO2 é uma
condição a que a vegetação dos dias de hoje nunca teve de se adaptar. Para descobrir
isso, segundo Aleixo, a única via é a experimental. “O AmazonFACE é um programa
dedicado a olhar por uma janela para o futuro e tentar entender o nosso futuro, o que
vai acontecer com a Amazônia”, disse Carlos Alberto Quesada, coordenador do
programa pelo Inpa.
Além de discutir temas propriamente científicos, também foram abordadas questões
administrativas, como o estatuto do projeto, seu código de conduta e seu organograma.
20

Os cinco dias do encontro definiram o novo plano científico do programa, que já mudou,
em relação ao plano orginal, de 2014, quanto à divisão das áreas de pesquisa e às
perguntas científicas a serem levadas em consideração. Ian Hartley, diretor do comitê
científico, conta que “os trabalhos-chave e mais duros são feitos aqui em Manaus, e
também em outras universidades pelo Brasil, mas o comitê diretor científico busca
apoiar esse trabalho aconselhando e orientando com o que puder”.
Participaram das reuniões por volta de 70 pessoas envolvidas no projeto.
Houve um jantar de boas-vindas e uma visita ao sítio experimental. Nas palavras de
David Lapola, diretor do AmazonFACE pela Unicamp e pesquisador do Centro de
Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri), o objetivo foi
atualizar o plano científico. "Primeiro quisemos inspirar as pessoas, trazendo-as aqui
para ver o experimento”. As discussões iniciaram-se no dia 18 com uma cerimônia de
transferência de posse das torres do Met Office (Serviço Nacional de Meteorologia do
Reino Unido), representado por Joe Davies, gerente de diplomacia climática do órgão,
para o Inpa, representado por Marina Anciães, diretora de pesquisa do instituto. O Inpa
sedia o programa e financiou a construção das primeiras torres. “Esse é um gesto oficial
que consolida um pouco mais a soberania nacional na pesquisa sobre a Amazônia”,
comentou Marko Monteiro, professor do Instituto de Geociências da Unicamp e líder da
área de pesquisa socioambiental.
Osvaldo Moraes, diretor do Departamento para o Clima e a Sustentabilidade da
Secretaria de Políticas e Programas Estratégicos do Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovação também esteve presente no evento. Nessa oportunidade, o comitê pôde
conhecer os dois primeiros anéis de torres construídos e vê-los de cima de um
guindaste de 45 metros de altura, que serve também como ferramenta de pesquisa e
não apenas para a construção dos anéis. “Ciência não é feita por cabeça certinha”,
disse Moraes ao falar sobre como nasceu a ideia do AmazonFACE. “Tem que ter
pensamento revolucionário para pensar ciência revolucionária”, completou Moraes.
O gás carbônico a ser liberado nos anéis ainda não conta com financiamento. Há
material apenas para a fase de testes. E outro lado, toda a estrutura a ser usada no
experimento está garantida. “O custo de gás carbônico é difícil de ser estimado agora,
mas serão dezenas de milhões de reais, podendo chegar a centenas”, disse Bruno
Takeshi, gerente operacional e gerente de projetos.
“O processo de armazenamento de carbono é um processo lento e por isso precisamos
de dez anos de experimento para ver alguma mudança significativa,” disse Lapola. “Nós
buscamos, agora, parceiros que nos ajudem a garantir o suprimento de CO2 por dez
anos”, afirmou Andy Wiltshire, líder de ciência terrestre e de mitigação do Met Office.
“Temos de garantir o benefício dessa ciência para todos aqui no Brasil, benefício esse
que, na verdade, será vantajoso para o mundo todo”, completou.
Participaram das reuniões por volta de 70 pessoas, entre membros do comitê científico,
doutorandos, pós-doutorandos, pesquisadores colaboradores, conselheiros e
representantes dos financiadores do projeto (Financiadora de Estudos e Projetos,
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Ministério das Relações Exteriores do
21

Reino Unido e Met Office), da fundação que gerencia os recursos recebidos pelo
governo britânico, Fundação Aurthur Bernardes (Funarbe), do Inpa e da Unicamp.
Experimento
O AmazonFACE, um experimento envolvendo o aumento da concentração de CO2 em
uma área de floresta, é único no mundo. Esse esforço, idealizado há 12 anos, promete
criar um grande laboratório a céu aberto, como dizem os cientistas envolvidos. Com um
financiamento britânico de 7 milhões de libras (aproximadamente R$ 42 milhões), no fim
de 2022, foi possível iniciar a construção dos primeiros anéis necessários para a
realização do estudo. No total serão seis anéis. A montagem dos demais e de um
alojamento para os cientistas conseguiu viabilizar-se graças a um financiamento do
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação no valor de R$ 32 milhões e obtido por
meio da Finep.
A combinação do experimento na floresta com o uso de modelos matemáticos (modelos
ecossistêmicos) promete trazer respostas-chave para entender o futuro da Floresta
Amazônica em meio às mudanças climáticas. Pela primeira vez, a tecnologia FACE
(free-air CO2 enrichment, aumento da concentração de gás carbônico em um espaço
aberto) é aplicada em uma floresta tropical hiperdiversa como a Amazônia, algo citado
por especialistas da área como necessário desde os anos 90.
Para entender como a floresta responderá ao aumento da concentração de CO2 na
atmosfera foram projetadas torres de 35 metros de altura, que ultrapassam a copa das
árvores. No total, haverá 16 torres dispostas dentro de círculos de 30 metros de
diâmetro e uma torre central, na qual estarão os sensores. Em cada plot (“lote” em
inglês), haverá um guindaste de 45 metros de altura.
O experimento completo consiste em seis plots. Em três deles, ocorrerá a liberação de
ar enriquecido com CO2. Os outros três servirão como controle. Além dos dados a
serem coletados durante o experimento, serão usados os dados coletados em 2015,
nas mesmas áreas. Os cientistas também desenvolveram um tipo de algoritmo, um
modelo ecossistêmico chamado Caetê, para prever melhor o futuro da floresta
Amazônica.

II- Exemplos de postagens


II.I- Sobre artigo escrito por Nathielly Martins
📄
🌱🌳
Saiu no 19/12 um artigo científico com resultados importantes sobre o papel das

comportamento de raízes 🏨
raízes finas na serrapilheira e no ciclo do fósforo na floresta
que crescem “para fora da terra”
. A abordagem do
é quase inexistente
na literatura. O artigo em tradução livre é: “Presença de raízes finas e aumento da
disponibilidade de fósforo estimulam a decomposição da madeira em floresta tropical na
Amazônia Central” e faz parte dos experimentos da fase de base do programa
AmazonFACE.
22

Foi testado se a presença das raízes finas na serrapilheira poderia estimular a


decomposição e liberação de nutrientes de detritos de madeiras (materiais com
estruturas complexas) de espécies com diferentes densidades (mais macias ou muito
duras). Além disso, foi testado se esse possível efeito das raízes na decomposição e
liberação dos nutrientes seria de alguma forma limitado pela disponibilidade de fósforo
(P).
Como os solos amazônicos são muito antigos, ao longo de milhares de anos os
nutrientes foram lentamente retirados das rochas. Mais ou menos 60% dos solos da
floresta são pobres e P. Assim, a decomposição da serrapilheira (folhas, galhos,
troncos, etc) é fundamental para “nutrir” as raízes e microrganismos, que precisam de
carbono (C) e outros nutrientes para crescerem e se reproduzirem.
O trabalho principal de decomposição é feito pelos microrganismos e as raízes finas
podem ajudar a acelerar esse processo e liberar nutrientes, fornecendo energia
(carbono) para os microrganismos ou diretamente através de enzimas
Os resultados indicam que a presença das raízes finas na serrapilheira aumenta a
decomposição dos detritos de madeira. Já o aumento na absorção dos nutrientes pelas
raízes só foi observado nos estágios finais do experimento (após 2 anos).
Esse estudo é um esforço contínuo de @nathielly_martins para compreender o papel
das raízes finas na ciclagem de nutrientes. Ela defendeu este ano (2023) o doutorado
no INPA, no AmazonFACE. Hoje ela está na Alemanha pesquisando conosco.
Você pode ler o artigo na íntegra, link na bio!
📷1: Nathielly em campo
📷2: Raízes finas na serrapilheira
📷3: O novo artigo
23

II.II- Sobre livro de Fenologia publicado por cientista AmazonFACE a ser


usado como dado comparativo aos resultados do experimento
No Programa AmazonFACE 🌳🏗️ , o efeito do aumento do CO2 será monitorado 🔎
frutos, quando e como as espécies trocam de folhas ao longo do tempo ⏳
desde as raízes, até a copa das árvores. Vamos acompanhar a produção de flores,
. Porém,
para entender essas mudanças, é necessário que haja dados de comparação sobre
como cada espécie se comporta e para isso usaremos estudos de fenologia das
árvores.
Foi publicado em dezembro de 2023 um livro 📖 que será fundamental para
conseguirmos comparar árvores expostas ao CO2 e entender possíveis mudanças no
ciclo de vida delas. Fenologia - Árvores da Amazônia traz informações sobre 32

👩🏻‍🔬
espécies que foram coletadas ao longo de 50 anos pelo grupo de pesquisa do INPA. A

📄
primeira autora, Izabela Aleixo
seu doutorado .
, faz parte do time AmazonFACE e o livro é fruto do

Como as árvores podem ser centenárias, o monitoramento precisa de muitos anos para
que seus ciclos sejam entendidos. As espécies estudadas são de uso humano e estão
presentes no experimentos em condições muito parecidas (são do mesmo continuum
florestal).
A Fenologia é o estudo do ciclo dos seres vivos e da relação desse comportamento
com o ambiente. Cada espécie apresenta seus ciclos, no caso das árvores amazônicas,
o padrão fenológico indica quando elas produzem flores, frutos ou troca de folhas
(perda e produção de folhas novas). Como podemos saber informações sobre o ciclo de
vida das árvores? Através de observações e coleta de dados ao longo de muitos anos
24

em diferentes indivíduos, para entender os padrões e descartar possíveis anomalias


(anos de seca severa, por exemplo).
Como foi feito esse monitoramento? Ao longo desses 50 anos, quatro técnicos, dois em
cada área, observavam, mensalmente, 1019 (mil e dezenove) árvores com binóculos e
preenchiam um formulário sobre presença de folhas, frutos e flores.
Passa pro lado para ver algumas imagens do trabalho!
📷 1: Recorte da capa do livro Fenologia - Árvores da Amazônia
📷 2: Lorival observando
📷 3: Maciel observando
📷 4: Periquiteira com folhas velhas
📷 5: Louro ferro com sua identificação
📷 6: Angelim com frutos
📷 7: Piquia verdadeiro em fase de regeneração
📷 8: Recorte do formulário preenchido

II.III- Sobre as câmaras de topo aberto (open-top chamber)

💨
Você sabia que nós estamos desde 2019 fazendo experimentos na floresta
enriquecimento de CO2 ?
🌳 com
Sim, através das OTCs (Open-Top Chambers)!
25

Nessas câmaras de topo aberto (OTCs) liberamos um ar enriquecido com 50% a mais
de CO2 que no ar de hoje em dia (a mesma concentração que o experimento
AmazonFACE estudará). São 4 OTCs com ar enriquecido e 4 OTCs controle, com ar
atmoesférico atual.
Nas OTCs conseguimos estudar plantas 🌱 de até três metros de altura no sub-bosque
da floresta. Como essas árvores estão abrigadas abaixo da copa das árvores maduras,

recebem maior incidência dos raios solares☀️


há menor incidência de luz e podem responder de uma forma diferente das árvores que
.
No FACE conseguiremos estudar 🔎 árvores de todas as “alturas” da floresta (estratos).
Curtiu? Segue a gente pra mais e compartilha!
📷 1: OTC em construção vista de cima
📷 2: OTC vista de dentro
📷 3: @dmlapola dentro da OTC
📷 4: tanques de CO2 usados para enriquecer o ar dentro das OTCs

II.IV- Sobre a reunião do comitê científico

experimental 🌳🏗️
Nos dois primeiros dias do comitê saímos para jantar 🍽️🍷 e visitamos o sítio
. No terceiro dia, iniciamos com uma fala da diretora de pesquisa do
INPA Marina Anciães e falas dos nossos financiadores Carlos Alberto Aragão de
Carvalho Filho (FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos) e Rossa Commane
(FCDO - Ministério das Relações Exteriores, Commonwealth e Desenvolvimento
britânico). O coordenador do programa, David Lapola, falou em nome da Ana Carolina
26

Maciel, coordenadora do Cocen (Coordenadoria de Centros e Núcleos Interdisciplinares


de Pesquisa) da Unicamp.
Joe Davies do Met Office falou sobre a parceria durante as construções.
Antes de começarmos as atividades científicas, vivemos um momento histórico e
simbólico em que Joe Davies assinou um contrato de transferência de patrimônio para o
INPA através de Marina Anciães. As torres que formam os anéis do AmazonFACE são
agora propriedade do INPA.

esboço do novo plano científico 📄


Após a cerimônia de abertura, os líderes de cada área de pesquisa apresentaram o
até o momento e todos se dividiram em grupos. O

👩‍🔬👨‍🔬
objetivo é, em coletivo, delinear metodologia, perguntas a serem respondidas e
objetivos do programa AmazonFACE.
As cinco áreas de pesquisa do novo plano científico são: carbono, nutrientes, água,
biodiversidade e socioambiental.
🔎☀️🌱
📷 1: Mesa de abertura
📷 2: Acordo entre Met Office e INPA
📷 3: Cientistas da área de pesquisa carbono
📷 4: Cientistas da área de pesquisa nutrientes
📷 5: Cientistas da área de pesquisa água
📷 6: Cientistas da área de pesquisa biodiversidade
📷 7: Cientistas da área de pesquisa socioambiental
📷 8: Todos os grupos unidos para discutir coletivamente
27

II.V- Sobre painel na COP 28


AmazonFACE participou de um painel sobre o programa, hoje 09/12 às 10:30 de Dubai.
O painel foi conduzido pelos coordenadores Beto Quesada (Instituto Nacional de
Pesquisa da Amazônia - INPA) e David Lapola (Universidade Estadual de Campinas -
Unicamp), juntamente com Andy Wiltshire (Met Office) e Adriane Esquivel (Universidade
de Birmingham), ambos membros do Comitê Científico Diretivo do AmazonFACE,
representando o governo brasileiro, e mediador da conversa, Osvaldo Moraes do MCTI
(Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação), e Stephen Mooney (FCDO - Foreign and
Commonwealth Office).
Stephen Mooney abriu a discussão e falou sobre a colaboração entre o Brasil e o Reino
Unido, dirigindo-se aos cientistas. Quesada apresentou o projeto, sua importância e as
questões de pesquisa sobre carbono, seguido por Wiltshire, que explicou a área de
pesquisa sobre água. Ele mostrou como a precipitação em todo o mundo é influenciada
pela Floresta Amazônica. Esquivel falou sobre biodiversidade e os desafios científicos
que ela representa. O último palestrante foi Lapola, que apresentou as conexões entre
a ecologia estudada e os impactos que ela pode ter nas pessoas (na área
socioambiental).
Após a palestra, a plateia fez perguntas, como a localização, quanto tempo levará para
obter respostas científicas sobre o impacto do aumento de CO2 na floresta, o tipping
point da floresta e como ele é visto pelo programa e pelos cientistas da AmazonFACE,
outras perguntas sobre detalhes da pesquisa científica sobre o que está sendo
observado, dificuldades para conectar processos e áreas de pesquisa e hipóteses
sobre biodiversidade e o que se sabe sobre o aumento de CO2 causado por emissões
humanas.
28

📷 1: membros AmazonFACE, Beto Quesada, Andy Wiltshire, Adriane Esquivel e David


Lapola.
📷 2: maquete em escala de um anel FACE.
📷 3: Stephen Mooney.
📷 4: Beto Quesada.
📷 5: Andy Wiltshire.
📷 6: Adriane Esquivel.
📷 7: David Lapola.
📷 8: Tanara Lauschner (MCTI), Stephen Mooney (FCDO), Beto Quesada (INPA),
Osvaldo Moraes (MCTI), Andy Wiltshire (Met Office), Adriane Esquivel (Birmingham
University), David Lapola (Unicamp), Adriana Alcântara (FCDO) and Richard Betts (Met
Office).

III- Cartilha de uso interno durante filmagens da BBC


USO EXCLUSIVAMENTE INTERNO
Observações importantes quanto ao atendimento à produtora do documentário no sítio
experimental do AmazonFACE:
29

- Conforme solicitação e exposição da linha editorial, o atendimento estará restrito à


parte científica, enfatizando as questões que o projeto se propõe a responder e os
estudos já efetuados de linha de base;
- Somente as pessoas designadas pelo projeto têm autorização para falar/gravar e
serem gravadas (efetuar uma lista com nome completo e cargo/função, uma minibio
(3/4 linhas) sobre a pesquisa e/ou sobre o que vai falar; providenciar autorização de uso
de imagem para as entrevistas). Favor concentrar as gravações no mesmo dia com
todos os entrevistados juntos (08 à tarde e 9 manhã) para evitar geração de ruídos e ou
informações discrepantes;
- Conforme autorização do projeto, as gravações só estão autorizadas na área dos plots
(1 ou 1 e 2), onde de fato o experimento vai ocorrer. Não estão autorizadas imagens
das áreas de convivência/apoio e/ou alojamentos de operários da obra, ou outras áreas
que não foram acordadas previamente;

Recomendações importantes ao atender imprensa:


- O atendimento se inicia desde o momento do primeiro contato até o pós-publicação.
Mesmo que não esteja gravando ou anotando, as informações poderão ser utilizadas
para construir a narrativa;
- Lembre-se que o projeto tem a prerrogativa de indicar e autorizar o que deve ser
gravado, o que é importante do ponto de vista científico. O projeto é o protagonista e
condutor da narrativa;
- Manter o aspecto formal de procedimentos durante todo o tempo, observar as regras
de acesso e de segurança do projeto na área de operações durante todo o tempo. Em
caso de imprevisto ou de adversidade, interromper as gravações e proceder com as
regras de segurança;
- Recomenda-se sempre utilizar linguagem acessível e de fácil compreensão para que
aqueles que não são especialistas possam compreender. Lembre-se que a
comunicação se estabelece é quando o interlocutor entende e não necessariamente o
que falamos;
- O jornalista é um profissional em busca de informação para levar ao seu público. O
comprometimento dele é com o público dele;
- Se não queres que algo seja registrado, não diga, não permita que aconteça ou que
seja gravado;
- Se for perguntado sobre algo que não está sob sua responsabilidade ou requisitado a
opinar sobre algo que não se sente confortável, sinta-se à vontade para declinar e/ou
direcionar a sua resposta para o que deve ser destacado a partir do seu
trabalho/projeto/pesquisa;
30

- Os cientistas/pesquisadores são buscados como fontes principalmente pelo seu rigor


e comprometimento com evidências, fatos e resultados de pesquisa, por isso é
importante destacar os dados;
- Lembre-se de que na condição de fonte você está representando o seu projeto. Suas
falas serão representativas. Por isso, é salutar evitar tecer comentários e opiniões,
inferências ou qualquer fala que envolva juízo de valor. Sempre é mais tranquilo ater-se
ao seu papel, sua atuação e seu trabalho;
- Para vídeo, tudo comunica, em especial a imagem. É conveniente atentar para a
apresentação pessoal, estado do local de gravação, fundo da imagem. Se possível, é
conveniente utilizar a camiseta do projeto;
- Materiais audiovisuais passam por processo de edição. Importante organizar a fala de
modo claro e objetivo com raciocínio completo (início, meio e fim). Isso evita edições
desfavoráveis.
Mensagens-chave:
- Aproveite a oportunidade para comunicar as ideias-força sobre o projeto, a pesquisa,
ou seja, demonstre a relevância do conhecimento já produzido ou que se pretende
produzir para a comunidade científica e, principalmente para a sociedade;
- Importante exercitar a síntese dessas mensagens em poucas frases e em linguagem
acessível a pessoas que não são especialistas da área;
- O projeto é o condutor da narrativa.

Um resumo com especial atenção para os tópicos de 4 a 6:


31

IV- Release BBC


INFORMATION TO THE PRODUCTION OF A DOCUMENTARY ABOUT
AMAZONFACE:
Schedule:
07/11 - Izabela and Sabrina (11h)
08/11 – afternoon
09/11 – morning at the crane - Carlos Alberto Quesada
AmzonFACE Interviewees:
Carlos Alberto Quesada – Coordinator of the AmazonFACE program at the National
Institute for Amazon Research (INPA) and a senior researcher. He will provide an
overview of the research program and its main project questions, as well as discuss the
infrastructure built for initial testing. He is the official spokesperson for the AmazonFACE
program.
Sabrina Garcia – Researcher and scientific officer of the AmazonFACE. She will address
the main research areas and scientific inquiries that the program aims to answer,
including matters related to photosynthesis, conducted measurements, and an
explanation of the operational aspects of fieldwork.
32

Izabela Aleixo - Specialist in forest structure, dynamics, and composition. She is a


postdoctoral researcher for the AmazonFACE program at INPA and will discuss the
complexities of carbon sequestration, addressing the challenges and processes involved
in this context.
About the documentary
Future of Nature: The documentary should come out around November next year. It was
commissioned by PBS (US) and will be distributed also by BBC worldwide and Arte, but
we don't know yet which countries and which exact channels.

At the frontier of knowledge, AmazonFACE aims to answer how the Amazon rainforest
will respond to climate change.
This scientific program conducted in Brazil is unique globally in utilizing carbon dioxide
enrichment technology in a tropical forest. The scientific outcomes of the program are of
global interest.
AmazonFACE is the scientific experiment designed to simulate the increased
concentration of carbon dioxide (CO2) in a controlled environment of a small section of
forest to comprehend how Amazon will respond. The combination of experimentation in
the forest and mathematical models (ecosystem models) will provide key answers to
understand the future of the Amazon forest in the face of climate change. It is the first
time the Free-air CO2 Enrichment (FACE) technology will be applied in a hyper-diverse
tropical forest.
The scientific program is at the frontier of knowledge. AmazonFACE will test the
hypothesis, which is one of the primary sources of uncertainties concerning the future of
the Amazon in light of climate change. Researchers seek to understand how the world's
largest tropical forest will react in 30 or 50 years to increased CO2 in the atmosphere.
The test will evaluate whether the so-called 'CO2 fertilization effect' exists and how
long-lasting it is. In other words, the experiment aims to determine if the additional CO2
in the future atmosphere will act as a fertilizer for plants, making them more resilient in
dealing with a hotter and drier future, or if vegetation will adapt. Researchers will monitor
responses in leaves, roots, soil, water cycles, and forest nutrients.
The data generated by the program are of international scientific community interest due
to the forest's significance as a global climate regulator, especially to enhance climate
models and enable more reliable projections regarding the future of the Amazon.
Infrastructure – The experimental site of AmazonFACE, located about 80 km north of
Manaus, Brazil, occupies a total area of 2.5 hectares. The plot is within a 20,000-hectare
research area at INPA. Six rings will be constructed.
Each ring, also called a plot, consists of 16 aluminum towers, 35 meters in height, 30
meters in diameter and at the center there is a monitoring tower. In total, the experiment
33

will have 96 towers. Three rings will have CO2 injection, and the other three will be used
for control purposes.
Attached to the ring is a fixed crane, 45 meters in height and 27 tons. The equipment
was used to complete the tower assembly. It carries a 55-meter boom capable of
supporting 1.3 tons at the tip. Researchers will access the canopy through this structure.
Each ring surrounds approximately 50 mature trees. Around 400 different tree species
were registered in the designated experiment area.
Testing period – The construction of the first two rings was completed in August 2023.
Since then, teams have been working on implementing networks and systems. Only
after completing this stage, the test operation of the first two rings will begin. These tests
will indicate if there is a need for potential adjustments for the pioneering use of FACE
technology in a tropical forest. Until now, this technology has been used in temperate
forests.
Main research areas – The scientific committee reorganized the research task into six
priority areas: carbon, led by Professor Richard Norby from the University of Tennessee
Knoxville in the United States; water, led by a professor from the University of São Paulo
(USP) in Ribeirão Preto, Tomás Domingues and Lucy Rowland, professor at University
of Exeter; nutrients, led by Professor Ian Hartley from the University of Exeter in the
United Kingdom and by Lucia Fuchslueger, postdoctoral researcher at University of
Vienna; biodiversity, led by Professor Adriane Esquivel-Muelbert from the University of
Birmingham in the UK; socio-environmental, led by a professor from the State University
of Campinas (Unicamp), Marko Monteiro and by the researcher at CNPEM (Centro
Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais - National Center of Energy and Material
Research) Maíra Padgurschi; and ecosystemic modeling, led by Anja Rammig,
professor at TUM (Technical University of Munich).
Investments – The scientific program established in 2015 by the Ministry of Science,
Technology, and Innovation (MCTI) integrates the ministry's strategy to develop science
about the Amazon. The program is coordinated by scientists from the National Institute
of Amazonian Research (INPA), a research unit linked to MCTI, and the State University
of Campinas (Unicamp). The project has international cooperation from the British
government, implemented by the UK's Met Office - the British meteorological service.
The UK is already the second-largest partner of Brazil in scientific research.
This year, MCTI announced the release of R$32 million, resources from the National
Fund for Scientific and Technological Development (FNDCT). The UK has so far
contributed around R$45 million to the project.
Photosynthesis and transpiration in open-top chambers - To understand how the
increased concentration of atmospheric CO2 can alter carbon absorption in different
strata of the Amazon Forest, eight open-top chambers (OTCs) have been installed in the
understory of the AmazonFACE experimental area, with a diameter of 2.5 m and a
height of 3 m. Four of these chambers have elevated CO2 levels, while four are sprayed
only with ambient air, without an elevation of CO2. The atmospheric CO2 concentration
inside the treatment OTCs (with elevated CO2) is maintained at a level 50% higher than
34

typically found in the forest understory, as also intended for the experiment plots. During
the visit, measurements of photosynthesis (CO2 assimilation) and transpiration (water
release) will be demonstrated within one of the OTCs alongside plot 2.
Study of root dynamics in soil - Root system studies are crucial as a component of
biogeochemical cycles and for understanding plant growth. However, compared to
studies of plant aerial parts, little is yet known about root dynamics because a large part
of the individual root measurements are done destructively, causing disturbance in the
experimental areas. Here, we use a system consisting of a transparent tube previously
installed in the soil profile, through which images of plot roots are obtained. Visitors can
witness these non-destructive measurements allowing in situ observations of the root
system, enabling simultaneous measurements of root production and disappearance
rates.
Monitoring phenology and leaf age - Phases of leaf development influence carbon
absorption by the forest and are related to the forest's annual climatic cycles of light and
rain, which can be altered by environmental changes (such as increased CO2), climate,
or extreme events that disrupt these cycles. The AmazonFACE plots feature the longest
leaf demographic monitoring in the Amazon Forest (2016-present), with monthly
censuses of leaf emergence and shedding at a branch level from 25 trees in different
forest strata. Over 5,000 leaves are monitored each month, allowing tracking of changes
in leaf age and developmental stages. Around the towers, visitors can observe the
monitored branches and leaves, marked with pink and yellow ribbons.
Forest structure and composition - A primary question of the AmazonFACE experiment
is how the increased CO2 concentration can alter the Amazon Forest in terms of
structure (carbon allocation in trunks, leaves, and roots) and forest composition
concerning the species inhabiting the forest. The AmazonFACE plots are annually
monitored for the growth of 1,305 plants, productivity, nutrient measurements, and
characteristics of the species across all plots. Visitors will observe the marking of all
trees within the plots, as well as a banner showing the measurements taken on these
plants.

V- Release COP 28
AmazonFACE, a cutting edge experiment, will be presented at COP28
The history of AmazonFACE funding is closely connected to international events such as
COPs. The funds that allowed the construction to begin were announced at COP26.
This year, at COP28, the first two built FACE rings are presented in discussion panels at,
both, Brazil and UK Pavilion, and also through videos and a scale model that is
exhibited between 6-11.Dec exposed. The project, now a scientific programme, started
in 2011, and the first funds came after the Rio+20 meeting, a UN meeting for
Sustainable Development.
On the 9th December at 10:30 (Dubai time), there was a panel in Brazil Pavilion held by
both coordinators, Beto Quesada (Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia - INPA)
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and David Lapola (Universidade Estadual de Campinas - Unicamp), along side with
Andy Wiltshire (Met Office) and Adriane Esquivel (Birmingham University) both
members of the Scientific Steering Committee of AmazonFACE, and representing the
brazilian government and mediator of the talk, Osvaldo Moraes from MCTI (Ministério de
Ciência, Tecnologia e Inovação) and Stephen Mooney (FCDO - Foreign and
Commonwealth Office).

Stephen Mooney opened the floor and spoke about the collaboration between Brazil and
the United Kingdom and addressed the scientists. Quesada presented the project, its
importance and the research questions about carbon, followed by Wiltshire who
explained the water research area. He showed how rainfall all over the globe is
influenced by the Amazon Rainforest. Esquivel talked about biodiversity, and the
scientific challenges that it represents. The last speaker was Lapola, who presented the
connections between the ecology being studied and the impacts it can have on people
(the social environmental research area).
After the lecture, the audience had the chance to present questions, such as the site
location, how long it will take to have scientific answers about the impact of elevated
CO2 in the forest, the tipping point of the forest and how it is seen by the programme
and by AmazonFACE scientists, other questions regarding scientific research details
regarding what is being observed, hardship to connect processes and research areas
and hypothesis about biodiversity and what is known about the increased CO2 caused
by human emissions and its impacts.
AmazonFACE is an experimental study in the Amazon forest that will test the response
of increased CO2 in the atmosphere. The programme is a scientific cooperation project
between Brazil and the United Kingdom, through the institutions INPA, Unicamp and Met
Office. Its results will help humanity understand how a high carbon atmosphere will
affect the forest, alter the species, change water, nutrients and carbon cycle and how it
will affect humanity, especially the forest peoples.
To understand the future of the forest the scientists will simulate the estimated
atmosphere of 2050, that is with 50% more CO2 than today (200 ppm higher than now),
and monitor every part of the trees. From roots and microbial life (fungus and bacteria
that grow on the soil) to the top of the canopy. This is the first time that a FACE
experiment is built in a hiperdiverse tropical forest. The site is at a designated area for
research, so there is data since 1996 and in 2015 AmazonFACE started the base-line
research phase.
FACE technology was developed in the 90s in an agricultural context. They wanted to
experiment if the increase of carbon dioxide would cause the plants to grow faster, to
use water more efficiently, to produce more, etc. In the early literature it was highlighted
that it would be important to build such an experiment in a tropical forest. Until today,
FACE experiments happened only in temperate forests with two or three species.
36

The AmazonFACE experiment consists in six plots of 30m diameter. In each circle there
are sixteen 35m high towers that will have pipes connected to the CO2 tanks. In the
middle of each plot (how the circles are called), there is a measurement tower. To every
plot there is a crane (45m high), which allowed the montage and construction, but is also
a scientific tool, since it is a way to reach the canopy leaves. The enriched air will be
released in only three of the plots, so the data from the area where the air will be today's
atmosphere serve as control.

In 2015 base-line phase started, and in 2018, another experiment, the


Open-Top-Chamber (OTCs), where sapling and seedling no higher than 3m were
exposed to an air with the same concentration of CO2 that will be sprayed on the plots.
This study helped define some hypotheses and it also studies individuals that will not be
contemplated by AmazonFACE. The scientists are studying at the plots the trees, which
at 1,3m height, have a trunk with a diameter thinner than 2 cm.
The data generated by the program are of international scientific community interest due
to the forest's significance as a global climate regulator, especially to enhance climate
models and enable more reliable projections regarding the future of the Amazon.

Infrastructure – The experimental site of AmazonFACE, located about 80 km north of


Manaus, Brazil, occupies a total area of 2.5 hectares. The plot is within a 20,000-hectare
research area at INPA. Six rings will be constructed.
Each ring, also called a plot, consists of 16 aluminum towers, 35 meters in height, 30
meters in diameter and at the center there is a monitoring tower. In total, the experiment
will have 96 towers. Three rings will have CO2 injection, and the other three will be used
for control purposes.
Attached to the ring is a fixed crane, 45 meters in height and 27 tons. The equipment
was used to complete the tower assembly. It carries a 55-meter boom capable of
supporting 1.3 tons at the tip. Researchers will access the canopy through this structure.
Each ring surrounds approximately 50 mature trees. Around 400 different tree species
were registered in the designated experiment area.
Testing period – The construction of the first two rings was completed in August 2023.
Since then, teams have been working on implementing networks and systems. Only
after completing this stage, the test operation of the first two rings will begin. These tests
will indicate if there is a need for potential adjustments for the pioneering use of FACE
technology in a tropical forest. Until now, this technology has been used in temperate
forests.

Main research areas – The scientific committee reorganized the research task into six
priority areas: carbon, led by Professor Richard Norby from the University of Tennessee
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Knoxville in the United States; water, led by a professor from the University of São Paulo
(USP) in Ribeirão Preto, Tomás Domingues and Lucy Rowland, professor at University
of Exeter; nutrients, led by Professor Ian Hartley from the University of Exeter in the
United Kingdom and by Lucia Fuchslueger, postdoctoral researcher at University of
Vienna; biodiversity, led by Professor Adriane Esquivel-Muelbert from the University of
Birmingham in the UK; socio-environmental, led by a professor from the State University
of Campinas (Unicamp), Marko Monteiro and by the researcher at CNPEM (Centro
Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais - National Center of Energy and Material
Research) Maíra Padgurschi; and ecosystemic modeling, led by Anja Rammig,
professor at TUM (Technical University of Munich).

Investments – The scientific program established in 2015 by the Ministry of Science,


Technology, and Innovation (MCTI) integrates the ministry's strategy to develop science
about the Amazon. The program is coordinated by scientists from the National Institute
of Amazonian Research (INPA), a research unit linked to MCTI, and the State University
of Campinas (Unicamp). The project has international cooperation from the British
government, implemented by the UK's Met Office - the British meteorological service.
The UK is already the second-largest partner of Brazil in scientific research.
This year, MCTI announced the release of R$32 million, resources from the National
Fund for Scientific and Technological Development (FNDCT). The UK has so far
contributed around R$45 million to the project.
Lines:
Beto Quesada:
“It is a very strong ecosystem level experiment, some aspects change in 20 minutes,
such as photosynthesis. The moment you have high CO2 in the atmosphere it changes
immediately. But how it changes the ecosystem and balances out in the ecosystem
process, it takes a long time.”
“We have to look at least for ten years to have concrete results”
David Lapola:
“from the nearly 400 species that occur inside the six plots, we have found out that
approximately 60% of the species, have already registered use by humans in the
literature”

VI- Release para ser compartilhado/ atualizado


Na fronteira do conhecimento, AmazonFACE se propõe responder como a floresta
Amazônica vai responder à mudança do clima
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Programa científico realizado no Brasil é único no mundo a utilizar tecnologia de


enriquecimento de CO2 em floresta tropical; resultados científicos do programa são de
interesse global
O AmazonFACE é o experimento científico que vai simular o aumento da concentração
de dióxido de carbono na atmosfera (CO2) sobre um ambiente controlado de uma
pequena parcela de floresta para compreender como a Amazônia vai reagir. A
combinação da experimentação na floresta e modelos matemáticos (modelos
ecossistêmicos) trarão respostas-chave para entender o futuro da floresta amazônica
perante as mudanças climáticas. Esta é a primeira vez que a tecnologia FACE (Free-air
CO2 Enrichment) será aplicada em uma floresta tropical hiperdiversa.
O programa científico está na fronteira do conhecimento. O AmazonFACE testará a
hipótese que é uma das principais fontes de incertezas em relação ao futuro da
Amazônia, considerando as mudanças climáticas. Os pesquisadores querem
compreender como a maior floresta tropical do mundo reagirá, daqui a 30 ou 50 anos,
ao aumento de CO2 na atmosfera. O teste avaliará se o chamado ‘efeito de fertilização
por CO2’ existe e quão duradouro é, ou seja, o experimento quer entender se o CO2
extra que estará na atmosfera futuramente vai funcionar como um fertilizante para as
plantas, tornando-as mais resistentes para lidar com um futuro mais quente e seco, ou
se haverá uma adaptação da vegetação. Os pesquisadores monitorarão as respostas
em folhas, raízes, solo, ciclo da água e dos nutrientes da floresta.
Os dados gerados pelo programa são de interesse da comunidade científica
internacional, dada a relevância da floresta como um regulador global do clima,
especialmente para aprimorar os modelos do clima e permitir projeções mais confiáveis
sobre o futuro da Amazônia.
Infraestrutura - O sítio experimental do AmazonFACE, localizado a cerca de 80 km ao
norte de Manaus (AM), ocupa uma área total de 2,5 hectares. A parcela fica dentro de
uma área destinada à realização de pesquisas de 20 mil hectares do Inpa. No local
serão construídos seis anéis.
Cada anel, também chamado de plot, é formado por 16 torres de alumínio com 35
metros de altura, 30 metros de diâmetro e ao centro há uma torre de monitoramento. No
total, o experimento contará com 96 torres. Em três anéis haverá injeção de CO2. Os
outros três serão utilizados para controle.
Acoplado ao anel há um guindaste fixo com 45 metros de altura e 27 toneladas. O
equipamento foi empregado para finalizar a montagem das torres. Ele carrega uma
lança de 55 metros com capacidade para suportar 1,3 toneladas na ponta. É nesta
estrutura que os pesquisadores terão acesso ao dossel.
Cada anel circunda cerca de 50 árvores adultas. No total da área demarcada para o
experimento foram registradas em torno de 400 espécies de árvores diferentes.
Período de testes – A construção dos dois primeiros anéis foi finalizada em agosto de
2023. Desde então, as equipes trabalham na implementação das redes e sistemas.
Somente após a finalização dessa etapa iniciarão os testes de operação dos dois
39

primeiros anéis. Os testes indicarão se haverá necessidades de eventuais ajustes para


a utilização pioneira da tecnologia FACE em uma floresta tropical. Até então, a
tecnologia foi empregada em florestas temperadas.
Áreas prioritárias de pesquisa – O comitê científico reorganizou os componentes de
pesquisa em seis áreas prioritárias: carbono, liderada pelo professor Richard Norby, da
University of Tennessee Knoxville, nos Estados Unidos; água, liderada pelo professor
da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto, Tomás Domingues e Lucy
Rowland, professora da Univerdidade de Exeter; nutrientes, liderada pelo professor Ian
Hartley, da University of Exeter e por Lucia Fuchslueger, pesquisadora de pós
doutorado da Universidade de Viena, no Reino Unido; biodiversidade, liderada pela
professora Adriane Esquivel-Muelbert da University of Birmingham, do Reino Unido;
socioambiental, liderado pelo professor da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), Marko Monteiro e pela pesquisadora do CNPEM (Centro Nacional de
Pesquisa em Energia e Materiais), Maíra Padgurschi; e modelagem ecossistêmica,
liderada Anja Rammig, professora na Universidade Técnica de Munique.
Investimentos - O programa científico instituído em 2015 pelo Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação (MCTI) integra a estratégia da pasta ministerial para desenvolver
ciência sobre a Amazônia. O programa é coordenado pelos cientistas do Instituto
Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), unidade de pesquisa vinculada ao MCTI, e
da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O projeto conta com a cooperação
internacional do governo britânico e é implementado pelo Met Office - o serviço de
meteorologia britânico. O Reino Unido já é o segundo maior parceiro do Brasil na área
de pesquisa científica.
Neste ano, o MCTI anunciou a liberação de R$32 milhões, recursos do Fundo Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). O Reino Unido aportou até o
momento cerca de R$45 milhões ao projeto.
Fotossíntese e transpiração nas câmaras de topo aberto - Para entender como o
aumento da concentração de CO2 atmosférico pode alterar a absorção de carbono nos
diferentes estratos da Floresta Amazônica, estão instaladas oito câmaras de topo
aberto (open top chambers - OTCs), com 2.5 m de diâmetro e 3 m de altura, no
sub-bosque da área experimental do AmazonFACE, sendo quatro delas com CO2
elevado e quatro delas aspergidas apenas com ar ambiente, sem elevação de CO2. A
concentração atmosférica de CO2 dentro das OTCs tratamento (com CO2 elevado) é
mantida em um nível 50% superior à encontrada usualmente no sub-bosque da floresta,
como pretendido também para os plots do experimento. Durante a visita serão feitas
(demonstradas) medidas de fotossíntese (assimilação de CO2) e transpiração
(liberação de água) nas plantas dentro de uma das OTCs ao lado do plot 2.
Estudo da dinâmica de raízes no solo - Estudos do sistema radicular são muito
importantes como componente dos ciclos biogeoquímicos e para o entendimento do
crescimento vegetal. No entanto, quando comparado aos estudos da parte aérea das
plantas, pouco ainda é conhecido a respeito da dinâmica das raízes, devido ao fato de
grande parte das medidas em raízes individuais serem feitas de maneira destrutiva,
causando distúrbio nos solos das áreas experimentais. Aqui, nós utilizamos um
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equipamento que consiste de um tubo transparente previamente instalado no perfil do


solo, através do qual são obtidas imagens das raízes dos plotes. Os visitantes poderão
acompanhar a realização dessas medidas que permite, de maneira não-destrutiva,
observações in situ do sistema radicular, possibilitando mensurações simultâneas das
taxas de produção e desaparecimento de raízes.
Monitoramento da fenologia e idade foliar - As fases do desenvolvimento foliar
influenciam a absorção de carbono pela floresta e estão relacionadas com os ciclos
anuais climáticos de luz e chuvas, podendo ser alteradas por mudanças ambientais
(como o aumento de CO2), climáticas ou eventos extremos que alterem esses ciclos.
Nos plots do AmazonFACE encontra-se o monitoramento demográfico foliar de maior
duração da Floresta Amazônica (2016-presente), onde são feitos censos mensais de
lançamento e queda foliar, em nível de ramo, de 25 árvores de diferentes estratos da
floresta. Mais de 5.000 folhas são monitoradas todos os meses, nos permitindo
acompanhar quaisquer mudanças na idade e fases do desenvolvimento dessas folhas.
Ao redor das torres poderão ser observados os galhos e folhas monitoras, os quais
estão marcadas com fitas cor-de-rosa e amarelas.
Estrutura e composição da floresta - Uma das principais perguntas do experimento
AmazonFACE é como o aumento da concentração de CO2 pode alterar a Floresta
Amazônica em termos de estrutura (alocação de carbono nos troncos, folhas e raízes) e
composição florestal com relação às espécies que habitam a floresta. Nas parcelas do
AmazonFACE é monitorado anualmente o crescimento de 1.305 plantas, e a
produtividade, medidas de nutrientes e características das espécies de todos os plots já
foram realizadas. Os visitantes observarão a marcação de todas as árvores dentro dos
plots, bem como um banner que mostra as medições realizadas nessas plantas.
VII- Fotos institucionais

David Lapola - coordenador (Unicamp) Sabrina Garcia - gerente científica


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VIII- Certificado de curso sobre redes sociais

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