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Beleza Pura

Beleza Pura
Déborah Pimentel*

Palavras-chave : beleza; mídia; ego ideal; castração; completude.

Resumo: A mídia convence que as pessoas belas, com corpos perfeitos, terão sucesso no
amor e nos negócios. A beleza torna-se encobridora da falta em uma franca recusa da
castração. O corpo passou a ser palco da perfeição e da juventude eterna. A identificação
com estas imagens segue um modelo chamado de ego ideal que aponta para o narcisismo e
a tentativa de evitar conflitos e castração, e tem como conseqüência uma falsa idéia de
completude e certo desenvolvimento paranóico com relação ao próprio corpo.

Desde sempre, os homens acredi- A medicina, graças aos recursos


taram terem sido criados à imagem e tecnológicos e cirúrgicos aliados aos da
semelhança de Deus, e isto, de alguma bioengenharia, avançou a ponto de ser
forma, apontava para a condição hu- capaz de fazer intervenções estéticas
mana de insignificância e uma eterna nunca dantes imaginadas.
busca da perfeição. Entenda-se, aqui, A fascinação da imagem desmoro-
perfeição espiritual, de conduta e reti- na a privacidade da mente e anula os
dão moral. espaços do pensar sem requerer ou pro-
Em plena era da tecnologia e da ver inteligibilidade. As pessoas são le-
comunicação, surgem, favorecidos in- vadas de forma hipnótica a se identifi-
clusive com o advento da mídia, mo- car e idealizar algo inexistente, em um
delos terrenos. E a perfeição que antes esforço brutal para se alcançar o ideal
era de ordem etérea e ética, agora é do corpo perfeito (MAIA, 1998).
puramente estética. Antes, o corpo era São muitas as ofertas para uma
da ordem do sagrado e vivia sob con- mulher parecer diferente, mais bonita,
trole, para evitar que o homem caísse mais desejável e ilusoriamente perfei-
em tentação e pecasse, gerando culpa ta: muda a cor dos olhos, usa cosméti-
pela sua sexualidade e pelos seus cos, tatuagem, aumenta ou diminui
inconfessáveis desejos. partes do corpo, como seios, lábios e
Hoje, o que conta é a aparên- até a vulva.
cia. As imagens dos corpos que des- A mídia imperativa entra em con-
filam assumem a forma padronizada sonância com as escolhas narcísicas. O
vigente e o lugar de objetos de dese- desejo estimulado pela propaganda se
jo. Portanto, o pecado agora é ser transforma em necessidade absoluta.
gordo, ter celulite, estrias ou rugas. Neste mundinho de corpos e mentes

*
Membro fundador do Círculo Psicanalítico de Sergipe e sua atual presidente.

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vazios, o marketing é um grande ins- a compulsão em investir no corpo como


trumento que articula o consumo à pro- necessidade do reequilíbrio do psiquismo
dução de sentidos para a vida. Vive-se que tanto padece (MAIA, 1998).
a cultura da superficialidade, do vazio Maia (1998) se refere a um ideal
e da falta de esperanças. de prazer de uma sociedade de consu-
Precisa-se ser tão bela quanto a mo que nunca se sacia e que mantém
atriz Alinne Moraes. A cirurgia plásti- as pessoas permanentemente insatisfei-
ca pode ajudar a conquistar a sua boca tas e abertas às novidades do mercado
gigante e os músculos devem ser tão que renovam a promessa, de prazer ab-
perfeitamente torneados, tonificados e soluto. Insatisfação crônica e prazer são
esculpidos quanto os do ator Cauã produto e promessa respectivamente,
Reymond. Se o leitor não os conhece, da mesma cultura.
certamente não existe. Aliás nada exis- A cultura conseguiu desubstan-
te fora do mundo globalizado do “plin- cializar o consumo, uma vez que se con-
plin”. Esta é a lógica midiática e somem imagens e se vive a desilusão das
alienante. miragens. A propaganda, que se limi-
Quando lidamos com as questões tava a anunciar certo produto exaltan-
relacionadas à imagem, temos que pen- do seus atributos, agora criou o seu pró-
sar na cultura contemporânea e na atual prio produto que é o consumidor
sociedade de consumo. ansioso e permanentemente entediado
É importante se questionar qual é e insatisfeito (LASCH apud MAIA,
a relação que existe entre as imagens 1998).
dos corpos divulgados pela mídia em Existe no mundo contemporâneo,
uma cultura de consumo, como ideais imediatista e sem individualidade, a
de beleza, e a idéia de completude e adicção à imagem. Há aqueles viciados
busca da felicidade. em álcool ou no jogo, outros em cigar-
As pessoas estão o tempo todo as- ro, aqueles que vivem para o trabalho,
pirando o corpo perfeito, um marido os que não param de pensar em sexo,
bacana, uma mulher linda, um bom os que não vivem sem um baseado e
emprego. E se estas coisas ainda não aqueles que só pensam na sua imagem
foram alcançadas, não esmorecer, pois física.
o pacote completo, sinônimo de suces- Nas clínicas e academias, a beleza
so deve estar por chegar. Este também tem regras específicas de aparência e é
é “o segredo” dos livros de auto-ajuda mensurada e quantificada, uma vez que
que se tornam best sellers. todos querem ter a mesma relação peso
A mídia convence que as pessoas e altura, gordura e massa corporal, mús-
belas, com corpos perfeitos, terão suces- culos tonificados.
so no amor e nos negócios. Trata-se de O sujeito é capturado pela imagem
uma promessa sobre um ganho narcísico. divulgada pela mídia e por uma men-
A beleza torna-se encobridora da falta em sagem que é dirigida a qualquer um e a
uma franca recusa da castração. ninguém em particular, ou seja, o sujei-
Corpo e sexo na atualidade são to é fisgado por uma imagem ao mesmo
bens de consumo, deslocam-se do pri- tempo abrangente e vazia (KEHL,
vado para o espaço público. Diante 2004).
desta falta de privacidade e da impossi- A sociedade do consumo não quer
bilidade de obter prazer, surge uma e nem favorece a satisfação dos dese-
angustia avassaladora. Resta, ao sujeito, jos. Os modelos de identificação divul-
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gados através das imagens perfeitas não ca reproduzir o mesmo ou ainda reme-
estão ali para serem alcançados, pois são te a uma reprodução da mesma imagem,
vazios de conteúdo e são construídos ar- isto significa o resgate do mito de Nar-
tificialmente com recursos tecnológicos ciso.
a partir de fragmentos da realidade. Com o advento tecnológico, a ci-
O gozo da imagem vazia é elevado ência faz com que o sujeito tenha a ilu-
à experiência subjetiva. O sujeito, na são de que pode ficar se esquivando da
impossibilidade de ser eterno, se satis- morte ou pode ser eternamente jovem.
faz em manter sua aparência jovial e es- A morte precisa ser aceita. Ela é inevi-
conde de si e dos outros que está enve- tável e só ela dá sentido à vida.
lhecendo. Um corpo que não aceita a Conclui-se que corpos sem morte
ação do tempo e é eternamente jovem, equivalem a corpos sem vida. Isto faz
artificialmente esculpido pelas cirurgi- pensar que corpos perfeitos são sem
as plásticas, traz o imperativo da apa- vida e, por conseguinte, vazios e todos
rência corporal que implica ser belo e iguais (CARNEIRO, 2005).
perfeito como condição básica para ser Não temos uma imagem de nós
feliz. mesmos como velhos, pois este proces-
Esta felicidade, entretanto, traz um so é lento e silencioso, traço a traço,
preço, que é ignorar o corpo particular, ruga a ruga. Percebemos entretanto,
mortal e histórico, uma vez que no ideal com facilidade o envelhecimento do
contemporâneo não há lugar para a Outro. Mucida (2004) lembra que a
velhice ou mesmo para a morte. O cor- palavra velho (vieux), em francês, guar-
po tem deixado de ser o veiculo das da tanto a palavra vie (vida) como o
sensações e do gozo. Tornou-se apenas pronome pessoal eux (eles). Velho é
aparência, é vazio, é para ser visto e sempre o Outro, no qual não nos reco-
consumido, e, na maioria das vezes, nhecemos.
supera a importância da subjetividade A fonte da juventude sempre foi uma
do sujeito e da sua história pessoal. busca humana, justo por não aceitar e
Corpos que não envelhecem fazem reconhecer a morte. A vida eterna é um
parte do sonho das ciências e tecnologia. produto enlatado, industrializado e lucra-
Há uma linha muito tênue que separa o tivo em nome da perpetuação de um so-
cuidado saudável do corpo, de uma posi- nho narcisista e mortífero.
ção compulsiva com a estética. O sujeito A aparência oferece ao sujeito a
não é apenas o que o seu corpo é. Têm identidade de que ele imagina ser de-
também a sua história e o corpo é parte tentor. O sentido da vida no mundo
dela. Esta fronteira depende portanto midiático reduz-se à produção do cor-
do significado que o sujeito dá para o po (KEHL, 2004).
seu corpo e da sua apropriação ou não. Kehl (2003) afirma que o mundo é
A esperança da imortalidade dian- um eterno espelho dos humanos, da sua
te dos avanços tecnológicos, como a mesquinhez e ridículas pretensões.
possibilidade da clonagem humana, O ser e o parecer se confundem.
parece sair do campo simbólico. Questiona-se se é possível ser algo além
O efeito imaginário da clonagem do que se aparenta, ou se é possível
expõe um ideal da contemporaneidade: aparentar justo o que não se é. A apa-
seres com corpos absolutamente perfei- rência é um operador da percepção do
tos e a caminho da imortalidade. No que o sujeito supõe ser (CARNEIRO,
dizer de Maia (1998), se clonar signifi- 2005).
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Os belos corpos são expostos nas é privado do prazer: trata-se de uma de-
revistas, nos outdoors ou na TV, mas fesa contra o medo da morte (MAIA,
paradoxalmente algumas vezes são 1998).
inexistentes uma vez que são retoca- Apesar de existirem outros modelos
dos e alterados pelos fantásticos de identificação, o modelo de ego ideal
softwares de edição de imagens. nos ajuda a entender as mulheres que
Estabelece-se uma impossibilidade querem parecer com aquelas oferecidas
de deslocamento do Eu ideal (lugar do pela mídia, com suas escolhas de objeto
narcisismo) em busca de um Ideal de do tipo narcísico em contraposição a uma
eu (lugar da alteridade), porque neste identificação edípica.
registro do engodo (ser e parecer), os A identificação primária da meni-
ideais inexistem como bens simbólicos. na com a mãe pré-edípica serve de pro-
O narcisismo, ou a imagem de si, como tótipo para as identificações futuras es-
processo estruturante da subjetividade, timuladas pela sociedade de consumo.
adoece e sofre (MAIA, 1998). A mãe fálica é o objeto de identifi-
Costa (1984), fazendo uma crítica cação, completo, perfeito, grandioso. A
aos conceitos de narcisismo de Cristopher identificação narcísica remete a uma
Lash, do seu livro, Cultura do Narcisismo, manutenção do vínculo com o objeto
não o reconhece como o conceito que é visto cheio de poder. A idéia de
freudiano, uma vez que não se adapta à completude projetada mantém a ilusão
imagem criada pelo fundador da psica- de acesso possível a esta plenitude ou
nálise, de um bebê saciado, indiferente a felicidade.
tudo e todos e vivendo a sua plenitude O narcisismo ilimitado, espelhado
narcísica. Para Costa, o narcisismo que é nas imagens de beleza amplamente
referido na atualidade, é o do corpo pri- divulgadas na mídia, tem a função
vado de prazer. Ele ainda se refere a uma encobridora da castração, criando a
doença da cultura do consumo, que é a expectativa de felicidade, bastando a
insatisfação que se reflete na certeza de estas mulheres que se tornem tão belas
que seu corpo está aquém do padrão es- quanto aqueles modelos de perfeição
tético vigente, criado e decretado pela (CARNEIRO, 2005).
mídia. Diante de alguém considerado belo
O corpo passa a ser palco da per- (modelos midiáticos), ou perfeito (como
feição e da juventude eterna. Muitas a mãe pré-edípica), este sujeito torna-
vezes, a identificação com estas ima- se impotente, fragiliza-se a ponto de
gens segue um modelo que Chasseguet- sentir uma exacerbada angustia de ani-
Smirguel (apud CARNEIRO, 2005) quilamento. É como se houvesse uma
chamou de ego ideal, um modelo que perda de identidade e o sujeito não se
aponta para o narcisismo e evita con- reconhecesse no seu próprio corpo, di-
flitos e castração, tendo como conse- ante do corpo ideal.
qüência uma falsa idéia de completude A busca da satisfação dessa mulher
e com certo desenvolvimento paranói- começa com a possibilidade do seu en-
co com relação ao próprio corpo. contro com o corpo ideal (FREUD,
O narcisismo freudiano, portanto, [1914] 1980). Freud complementa que,
tem o modelo de constituição normal da para realizar o ideal, o ego enriquece.
subjetividade, enquanto o narcisismo Na realidade, ao se transformarem
contemporâneo é regenerador e defensi- aqueles corpos midiáticos expostos em
vo, passando pela dor e pela violência, e puros objetos de consumo, em ideais de
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vida e sem maiores perspectivas exis- Diante da mídia invasiva que des-
tenciais, estabelece-se um empobreci- fila corpos de beleza pura, o sujeito tor-
mento subjetivo. na-se culpado e se responsabiliza pela
Será que estas mulheres que tratam sua incompetência em ascender à con-
o próprio corpo como objeto, subme- dição do objeto do desejo que se torna
tendo-o a todas as espécies de sacrifí- cada vez mais distante e inacessível. Ele
cios (dietas torturantes, procedimentos se sente irremediavelmente distante dos
estéticos perversos), conseguem sentir- padrões de beleza vigentes e ditados
se satisfeitas, ou será que rapidamente pela sociedade de consumo.
esta satisfação desaparece ao surgirem Há uma espécie de falha na pro-
novas demandas em nome da perfeição messa narcísica da satisfação total, ou
e beleza? Seria uma mera busca pelo seja, em vez de atingir a perfeição e a
ideal ou uma ação superegóica que lhe aspirada felicidade, esta mulher se per-
cobra e exige a perfeição? cebe cada vez mais distante dos seus
Freud em 1923 (1980), no texto “O ideais de beleza, precisando de mais e
ego e o id”, trabalha o conceito de infindáveis retoques. O sintoma é sus-
superego mais uma vez além dos con- tentado pela cultura e pela mídia.
ceitos anteriormente apontados por ele, Essa incompletude fica cada vez
que vão do ideal do ego ao de defesa mais presente quando esta mulher se dá
egóica. Agora ele fala no superego conta da transitoriedade do corpo, e ela
como herdeiro do complexo de Édipo ou recusa o conflito e nega a passagem
e instrumento capaz de garantir inter-re- do tempo (senhoras vestidas feito ado-
lações harmônicas e, por conseguinte, ser lescentes sem se dar conta do ridículo
base para a criação, civilização e cultura. a que se expõem) ou sofrem por fazer
Afirma também que o superego pode ser, uma renúncia narcísica (não raro mu-
algumas vezes, por excesso de moralidade, lheres que sempre estiveram vigilantes
muito cruel, tanto quanto o Id, alimen- deste corpo vilão, de uma hora para
tado pela pulsão de morte e capaz de le- outra abrem mão dos seus ideais e rela-
var o ego ao aniquilamento total. Pós- xam com seu peso e suas formas), dan-
freudianos desenvolvem esta idéia de um do-se por vencidas.
superego arcaico e sádico, como Lacan, O psiquismo precisa habitar o pró-
que a ele se refere como sendo insensato prio corpo, um bem a ser protegido.
e feroz ([1953]1981). Piera Aulagnier, citada por Maia
Muitas dessas mulheres plastificadas (1998), diz que quanto mais ameaçado
estão identificadas e paralisadas diante da é o corpo com risco de morte ou como
imagem da Gisele Bündchen, por uma fonte de sofrimento, mais este corpo é
via narcísica e porquanto a presença de visto como vilão, ou seja, o Eu precisa-
um superego cruel e sádico, arcaico por- rá de um suporte da cultura para ino-
tanto, são impedidas de habitar e se re- centar este corpo da responsabilidade
conhecer no próprio corpo, que é trata- pelo sofrimento e morte.
do como objeto ameaçador, vigiando-o, Este suporte que o sujeito encon-
controlando-o e transformando-o con- tra na cultura é chamado de contrato
tinuamente por motivação estética. narcisista e é oferecido a uma parte da
Essas questões falam além de uma sua libido narcísica que o ajudará com
referência a modelos estéticos. Dizem relação aos laços identificatórios na
também de uma angústia de fragmen- rede social e que vão além da família.
tação, o horror ao vazio. Maia (1998) conclui que a nossa
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cultura rompe com o contrato narcisis- Pure beauty


ta por não oferecer suporte necessário
para que o Eu habite o próprio corpo; Key-words: beauty; media; ideal ego;
o prazer do qual o Eu fica excluído é o castration; completeness.
do indivíduo social e diretamente rela-
cionado à sublimação, graças ao que a Abstract
mídia divulga: o prazer é imediatista, The media convinces that the beautiful
não passa pela mediação de um outro, people, with perfect bodies will have
tal qual a adicção às drogas; e, final- success in love and in business. The
mente, o contrato que a cultura ofere- beauty hides the lack in a frank refusal of
ce está montado em imagens de super- the castration. The body becomes a stage
fície e ancorado por simulacros. of perfection and eternal youth. The
O que a mídia impede é a alteridade identification with these images follows a
com a divulgação do sujeito ideal, ou seja, model called the ego ideal that points to
a cultura remete o individuo ao eu ideal, the narcissism and attempt to avoid
lugar de narcisismo e aprisiona o sujeito conflicts and castration and has as
em sua própria imagem (MAIA, 1998). consequence a false idea of completeness
À medida que o sujeito ocupa o and with certain paranoid development
centro de sua própria existência, isto o regarding the own body.
leva a se confrontar com o vazio. Cria-
se a chance de este sujeito perceber-se,
aceitar-se e apoderar-se do próprio cor-
po.
Se houvesse uma possibilidade de
conciliação, se, de alguma forma, estas
mulheres pudessem se apropriar dos seus
próprios corpos e simbolizá-los de al-
guma maneira (ninguém é perfeito), se
não ficassem fazendo evitação da frus-
tração e elaborassem o seu desamparo
e carência estrutural, poderiam estar
mais próximas da tal felicidade, mesmo
que parcial e momentaneamente, como
é o destino dos humanos.

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Referências
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de Jayme Salomão. Rio de Janeiro: Imago, 1980.
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MUCIDA, Ângela. O sujeito não envelhece:


psicanálise e velhice. Stylus Revista de Psicanálise,
Rio de Janeiro, Associação dos Fóruns do Campo Recebido em 22/05/2008
Lacaniano, n.8, p.39-52, abr. 2004.
Endereço para correspondência:

Praça Tobias Barreto 510-1212


Bairro São José
Aracaju-SE
Fone 79 3214 1948
e-mail: deborah@infonet.com.br

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