Você está na página 1de 12

Colagravura

Autor: Márcia Santtos


Ano: 2007
Técnica: ponta seca e colagravura
Profª. Ms. Márcia Campos dos Santos

Colagravura (collagraph)

A Cologravura pode ser definida como uma técnica aditiva, pois nela, não se
subtrai material da matriz, mas ao contrário se agrega ao suporte materiais
com texturas.
Sobre uma matriz que pode ser de papelão, madeira, plástico ou até mesmo
metal, se colam, com uso de cola adequada ao suporte, materiais com texturas
táteis, como rendas, lixas, areia, folhas secas.
É uma técnica versátil, pois ao permitir o uso de diferentes materiais, facilidade
e flexibilidade no corte da matriz, gerando formatos inusitados e possibilidades
sem limites no processo de entintagem. Dessa forma sua estampa caracteriza-
se por um grande número de texturas, derivadas dos diversos materiais
utilizados na colagem de materiais na confecção da matriz.
A palavra colagravura ou Collagraph deriva do grego Colla que significa cola ou
do francês Coller com o mesmo significado e do inglês a palavra Graphic que
significa gráfico ou impresso.
Não devemos confundir a cologravura com a Collotype que consiste em um
processo fotomecânico de impressão, desenvolvido no final do século XIX, cuja
matriz consiste em uma placa de vidro com gelatina em sua superfície. Essa
placa carrega uma imagem com definição de detalhes para reprodução de
fotografias. Também é conhecida como photogelatin process.

História

O artista é um ser inquieto e por isso mesmo busca constantemente inovar. É


difícil precisar quem foi o primeiro a fazer uma cologravura ou de qual técnica
ela descende, uma vez que diferentes artistas trabalharam em diferentes locais
idéias e materiais similares, mas tentaremos aqui apontar algumas relações no
nascimento do que consideramos hoje uma das mais recentes técnicas de
gravura.
Segundo DaSilva (1976 ) na segunda metade do séc. XVIII, foi desenvolvida a
técnica do verniz mole com o objetivo de se imitar o traço do lápis, o que se
ampliou na modernidade com a captura da aparência de outras superfícies,
evidenciando assim o desejo dos artistas gráficos imitarem as diversas texturas
de outros meios.
Artistas como Picasso (1881-1973), Georges Braque (1882-1963), Paul klee
(1879-1940) e Juan Gris (1887-1927) dentre outros, que no início do século XX
utilizando-se de colagens e assemblagens prepararam o caminho para outras
inovações.
Foi desses dois pensamentos expressivos acima: a
preocupação com representação de texturas e a utilização
do próprio objeto colado que surgem pesquisas no campo
da gravura.
Pierre Roche
Sea Algae, 1893
Gypsograph
Fonte: Ross e Romano, 1972, pág. 132.

Pierre Roche (1855-1922) escultor francês desenvolveu


uma gravura onde capturou a textura de uma alga marinha

2
Profª. Ms. Márcia Campos dos Santos

sobre uma superfície de gesso, criando assim a gypsogravura ou gypsotype.


Inspirado na escola ukiyo-e, mas exatamente na técnica do embossing, ou seja
o relevo seco, combinou duas cores com o relevo obtido pelo gesso na busca
de um efeito de três dimensões em seu trabalho “sea algae”, publicado em
1893 na revista L’Estampe Originale.
Rolf Nesch, (1893-1975) artista norueguês desenvolveu uma técnica a qual
chamou de metal printing. Seu primeiro trabalho com essa técnica foi “Elbe
Bridge” o qual consitia em uma placa de zinco trabalhada com fios de cobre
transpassados por furos.
Em seu discurso feito ao receber o prêmio de Lichtwark em Hamburgo em
1958, Nesh contou que ao passar em frente a uma loja viu um soldador e
pensou que se podia retirar material de uma placa também poderia adicioná-lo,
resolvendo por comprar o soldador. Comprou também fios de cobres de
diferentes espessuras. Porém, em um sábado a loja estava fechada e Nesh ,
ansioso em iniciar o trabalho não sabia como fazer solda, então decidiu furar a
placa e passar o fio através dos furos.
Dessa forma a ponte de Elbe é considerada o primeiro “filhote” da técnica de
Nesh na qual não gravou furos nas matrizes, mas furou-as literalmente.
Trabalhando partes da matriz com água tinta efetuou uma matriz que é uma
colagem ou uma costura onde o fio foi agregado e cuja impressão explora uma
combinação do relevo e de côncavo. Devemos também observar que a
estampa além da cor possui um relevo marcante no papel.
Verificamos que a atitude de Nesch para com os materiais, acasos e métodos
era de pesquisa e credibilidade no grande potencial artístico que coisas novas
podem oferecer.

Rolf Nesh
Elbe Bridge I
1932
Fonte:www.nesch.no/galleri.php?
lng=en&option=visbilde&bilde=61

O artista russo Boris Margo (1902 – 1995), também contribuiu para a


cologravura atual quando desenvolveu sua Cellocut. Segundo Ross e
Romano(1972) essa técnica foi criada em 1932 e consiste em se utilizar um
plástico, chamado celulóide, dissolvido em acetona sobre um suporte rígido
para se confeccionar uma matriz com diferentes espessuras. Nessa técnica
ele também imprimia texturas e encaixava outros
materiais, fundindo-os à matriz. Na impressão ele utilizou
métodos de relevo e côncavo assim como método de
impressão com e sem prensa. No Brasil, Margo
apresentou três gravuras nessa técnica na primeira Bienal
de São Paulo em 1951.

Boris Margo
Sem título, Cellocut sobre papel, 1952.
Fonte: http://www.borismargo.net

3
Profª. Ms. Márcia Campos dos Santos

Michael Rothenstein (1908 - 1993) foi um importante artista britânico que após
a segunda guerra mundial se especializou em gravura. Trabalhou com
litogravuras, monotipias, xilogravuras, calcogravuras, serigrafias e pesquisou
muitas técnicas mistas desenvolvendo trabalhos com madeiras gastas, metais
retorcidos na confecção de suas matrizes, além de inovar nas combinações
das técnicas como podemos observar no trabalho abaixo. Como professor de
gravura viajou por todo o mundo dividindo generosamente seus experimentos
com alunos deixando livros como “Fronties of Printmaking y relief Printing”, o
qual continua até hoje, servindo como oportunidade de aprendizado.

Título: Radial shakes, 1965


Técnica: Xilogravura, linóleo gravura, relevo em metal
e papel filtro.
Fonte:http://www.gac.culture.gov.uk/search/Artist.asp?
listtype=&maker_id=96943&order=1&page=2

Outra técnica aditiva conhecida por “gravura à carborundum” foi desenvolvida


pelo artista Henri Goetzs (1909- 1989) e consiste na fixação do carborundum,
ou carboneto de silício, fixado na matriz com verniz, com a finalidade de se
obter texturas e relevos semelhantes ao da água-tinta.
Outro americano, Roland Ginzel (1921), após ter seu ateliê incendiado,
perdendo todas suas matrizes de zinco, iniciou trabalhos com matrizes de
papelão colados e massa. Nesses trabalhos explorou o verniz e as texturas
que ele podia adicionar a placa, assim como utilizou sobre ela também o
carborundum.
Glen Alps (1914) foi o gravador e escultor que utilizou pela primeira vez o nome
collograph para designer seus trabalhos.
Esse professor da universidade de
Washington desenvolveu trabalhos usando
verniz queimado sobre madeira assim como
impressões sobre placas de vidro.

Glen Alps
Moon Sequence
Cologravura , 1976
Fonte:
ttp://members.aol.com/cdparent/glenalps.htm

4
Profª. Ms. Márcia Campos dos Santos

Edmond Casarella, 1920-1996) foi um artista americano que iniciou uma


pesquisa com matrizes de papelão colado e massa. Essas gravuras, as quais
ele chamava de papers cut eram impressas com
relevo e sem o uso de prensa.

Edmond Casarella
Cruciform
1955
color paper relief
Fonte: http://www.annexgalleries.com/cgi-
bin/gallery.cgi?Edmond-Casarella++NC106

Outros artistas como Clare Romano e John Ross a partir de 1950 iniciaram
trabalhos com colagens de papelão, tecidos, areia e uso de massa acrílica na
captura de texturas em suas cologravuras, trabalhos que a princípio foram
impressos em técnica de relevo e posteriormente em técnica de côncavo. ,
No Brasil também encontramos artistas trabalhando com colagens em matrizes
de gravura, mesmo cada um nomeando suas pesquisas de formas diversas,
podemos notar que são matrizes concebidas pela adição de diferentes
materiais, ou seja, matrizes aditivas, colográficas.
O artista brasileiro Odetto Guersoni (1924-2007) desenvolveu duas vertentes
nesse caminho: a filigrafia e a plastigrafia.
Sua amizade com, Aldo Bonadei (1906-
1974), o qual trabalhou com bordado e
costura, levou Guersoni a explorar o que
chamou de “filigrafia”, ou seja, matrizes
executadas com fios costurados
impressos em relevo.

Diálogo, 1957
filigrafia
20,5 x 21,7 cm
Fonte: http://vejasaopaulo.abril.com.br/
red/galerias_vejinha/odetto_guersoni/

Utilizando gesso, alvaiade, óleo, terebintina e secante,


criava uma pasta, que aplicava à madeira, onde com
gestos rápidos e incisões livres, gravava na superfície
pastosa, utilizando-se de pentes, canetas, etc. Essa
técnica ele nomeou de plastigrafia. Como resultado
temos gravuras com características muito gestuais.

Flórula, 1963
Platigrafia em cores
60,2 x 44,5 cm
Fonte: ttp://vejasaopaulo.abril.com.br/red
/galerias_vejinha/odetto_guersoni/

5
Profª. Ms. Márcia Campos dos Santos

Outro artista brasileiro, Orlando DaSIlva, (1923) desenvolveu o que chamou de


papelogravura. Essa técnica consiste na colagem de diferentes papéis,
explorando-se texturas e diversas alturas e impressas em relevo. Suas obras
podem ser apreciadas no livro De Colecionismo.
Por fim, Itajahy Martin (1987) sugere em seu livro no último capítulo a aplicação
e impressão de diferentes materiais para obtenção de texturas, aplicadas ao
contexto educacional, embora em nenhum momento fale de cologravura. Outro
autor, Antonio Costella (2006, pág. 65) apresenta, por sua vez, uma gravura na
qual foi utilizada uma folha de árvore “a cuja técnica pode ser atribuído o nome
de foligrafia, do latim folium, folha”.
Dessa forma, colocando os diferentes nomes aplicados aos trabalhos à parte,
verificamos que é impossível determinar o nascimento exato da técnica, mas
identificamos que suas características básicas como a agregação de material a
uma matriz na busca de texturas, está presente nos trabalhos gráficos de
diversos artistas, dentre os quais muitos que aqui não foram citados.

Suporte para a matriz:

A matriz de colagravura pode a princípio ser feita em qualquer material rígido,


como: acrílico, madeira, compensado, metal, papelão, papel holler, etc.
Particularmente prefiro o papelão couro que oferece rigidez suficiente como
matriz, mas não possui o risco de quebrar-se durante a impressão na prensa
como um acrílico, além do custo ser bem reduzido.
Ruth Leaf (1976) aconselha fazer um chanfro como no papelão e depois passar
nele o verniz, pois além de facilitar a entrada na prensa de côncavo, o efeito
sugere um bisel como no metal. O corte das bordas a 45º é também
recomendado para matrizes nas quais se utilizam vários papelões colados,
assim a diferença entre um e outro nível é suavizada.
No caso da utilização de madeira como suporte da matriz, sugere-se o uso de
espessuras finas, facilitando a impressão em côncavo. Deve-se também evitar
aglomerado que tem uma tendência a se desfazer durante o processo de
impressão.
Matrizes de metal têm a vantagem de serem trabalhadas com solda,
agregando-se a elas outras peças de metálicas.
De forma geral o suporte de matriz, necessita ser resistente para não empenar,
rasgar, deformar, mas ao mesmo tempo ter certa flexibilidade. Segundo Catalfi
(2003) a matriz ideal gira em torno de 2 a 4 mm de espessura, alcançando um
máximo de 9mm e um mínimo de 1mm.

Materiais:

Sobre essa matriz colaremos diferentes materiais, utilizando-se de cola branca


(tipo PVA) ou cola de contato (cola de sapateiro). Note que a cola deve ser
apropriada a matriz e aos materiais adicionados, por exemplo, uma matriz de
plástico requer um adesivo mais potente, uma matriz de metal necessitará de
solda.
Os materiais a serem agregados a uma matriz podem ser os mais diversos
possíveis; sendo imprescindível que os mesmos tenham texturas táteis: lixas,
tecidos texturados, areia, grãos, cascas de árvores, rendas, serragem, papéis

6
Profª. Ms. Márcia Campos dos Santos

amassados ou texturados, linhas e lãs, espumas, pó de carborundum, folhas


secas, peças de metal finas, penas, etc.
A textura resultante desses materiais está relacionada à sua porosidade.
Quanto mais poroso o material mais ele terá a capacidade de reter tinta, quanto
menor for essa porosidade, mais liso ele será e menos ele reterá a tinta
proporcionado tonalidades mais claras. Sobre materiais muito porosos como
lixas grossas, por exemplo, pode-se passar uma camada de cola para fechar
um pouco a textura ou pasta de modelagem até aliviá-las.
Outro recurso utilizado na colgravura são as bases cremosas nas quais se
desenham ou imprimem texturas e que depois de secas tornam-se rígida.
Dentre essas bases cremosas a melhor me parece ser a pasta de modelagem
para tela que misturada a um pouco de cola torna-se flexível o suficiente para a
impressão. Pode-se utilizar ainda massa plástica, pasta de gesso também
misturado à cola, resinas epóxi e outras variações.
Essas bases podem ser gravadas ainda mole quando se deseja imprimir
alguma textura, como as de folhas, tecidos, moedas, botões etc. ou gravadas
quando seca com instrumentos para produzir sulcos, ferir e moldar como ponta
seca, pregos, estiletes, lixas, etc.
Elas também são úteis para diminuir diferenças de níveis muito grandes entre
um material e outro na mesma matriz.
Na utilização de pastas é necessário respeitar o tempo de secagem
recomendado pelo fabricante e no caso de aplicação de mais de uma mão
deve-se respeitar o tempo de secagem entre a aplicação de cada camada.
No uso de materiais espessos diretamente agregados a matriz deve-se
observar que clipes, moedas, grãos muito espessos, palitos de fósforos ou de
dente ou de sorvete, botões, etc., devem ser utilizados com muita cautela,
visualizando-se muito bem o resultado desejado, pois podem gerar três
problemas distintos:
1- Grãos e botões podem quebrar-se durante a impressão por excesso de
pressão, gerando uma “farofa” na matriz e no papel, além de rasgá-lo.
2- Metais e madeiras podem quebrar o acrílico da prensa durante a impressão
devido a sua rigidez, ou rasgar o papel ou feltro da prensa.
3- Todos os materiais espessos utilizados próximos a materiais de pouca
espessura e textura suave em uma mesma matriz, encobrem a textura dos
outros, pois durante a impressão a pressão será única em toda a matriz e
baseada na superfície mais alta, derivada dos materiais mais espessos,
gerando predomínio dessas texturas.

Gravação:

Pronto o projeto e selecionados os materiais, transferimos o desenho desejado


para a matriz, invertendo-o. Chanfram-se as bordas do papelão com o auxílio
de uma lixa de madeira colada a algo rígido, imitando uma lima ou grossa, de
forma a se obter um rebaixado uniforme.
Estamos agora diante de uma outra tarefa: identificar os planos do projeto, pois
como obteremos um relevo, devemos observar que na matriz tudo o que for
mais baixo, na impressão resultará no relevo mais alto e vice versa. Podemos
utilizar dois caminhos: 1- Utilizar as espessuras dos materiais para cada plano
específico sendo os mais espessos para os planos que na impressão
resultarão nos últimos planos, e vice versa e nesse caso nem sempre as

7
Profª. Ms. Márcia Campos dos Santos

espessuras dos materiais serão suficientes para demonstrar claramente os


planos. 2- utilizar papéis de diferentes espessuras, como sulfite, cartolina, etc,
colados por planos para servir de base para os materiais que serão utilizados
na obtenção de texturas.
Note que a diferença sobre a qual estamos falando é muito sutil, pois uma
matriz com grandes diferenças de níveis entre um material e outro, resultará no
não aparecimento das texturas mais rebaixadas na impressão como já foi
comentado anteriormente.
Para exemplificar vamos utilizar a composição com cadeiras abaixo.
Se enveredássemos pelo primeiro caminho utilizaríamos o material menos
espesso para colar na cadeira da frente, para que resultasse na cópia impressa
(estampa) o plano mais alto. Já no fundo com textura necessitaria do material
mais espesso de todos, pois só assim resultará no plano mais baixo
visualmente.
Se optarmos pelo segundo caminho, materiais de mesma espessura,
trabalharíamos assim na matriz: a primeira cadeira seria só com o material
escolhido para a sua textura, a segunda cadeira teria uma folha de sulfite mais
o material escolhido para a sua textura, o fundo com textura teria duas folhas
de sulfite mais o material escolhido para a sua textura.
Podemos observar que as sulfites definem os planos aqui, porém os materiais
ainda devem ter a mesma espessura ou ser adequados a esses planos como
no primeiro caminho. Quando o projeto possui poucos planos, pode-se utilizar
papéis mais espessos como a cartolina, pois a diferença entre o primeiro e o
último plano não será muito grande. Por outro lado se o projeto possuir mais de
quatro planos, deve-se utilizar papéis mais finos como o sulfite para que a
diferença entre o primeiro e último plano não seja muito acentuada como
comentado anteriormente.
O que deve ficar muito claro é que os materiais utilizados na matriz não devem
possuir uma relação muito forte de baixo e alto relevo. A matriz deve resultar
quase uniforme e com texturas suavizadas se necessário.
Cadeira do
Cadeira do primeiro
segundo plano: plano:
material ou plano material
intermediário na menos
matriz. espesso ou
plano mais
baixo na
matriz

Fundo: material mais


espesso ou plano mais alto
na matriz

8
Profª. Ms. Márcia Campos dos Santos

Colados os materiais segundo esses critérios, devemos impermeabilizar a


matriz com verniz spray automotivo, ou náutico para que a mesma tenha maior
durabilidade permitindo uma edição maior.
A artista Selma Daffré (1951) utiliza em suas cologravuras 3 demãos de cola
pva misturada com água, na proporção de 1 para 4, ou seja, se utilizar uma
colher de café de cola acrescentar 4 de água, intercalando a secagem.
Depois de completa a secagem segundo o produto utilizado, recomenda-se
passar a matriz na prensa antes de iniciar a impressão, para nivelá-la e acertar
a pressão adequada além de passar óleo de linhaça que não permite que o
papel se grude na matriz durante o processo de
impressão. Na medida em que o tempo passa, o óleo
aplicado à matriz, devido a seu processo de
maturação torna a matriz mais resistente.
Ruth Leaf (1976) recomenda vedar também o verso da
matriz com verniz ou papel contact.
Selma Daffré
Cologravura, sem dados.
Fonte:
http://www.mapbr.com.br/daffre/cologravura.asp

O papel para impressão:

O papel para impressão da cologravura deve ser encorpado com gramatura


alta para acomodar-se nas texturas durante o processo de impressão,
registrando-as na estampa.
O papel deve estar úmido no momento da impressão, mas sem poças dágua,
sendo que alguns autores como Catafal (2003) recomendam a imersão
prolongada dos papéis antes da impressão e outros artistas como Selma Daffré
recomenda borrifar água mineral ou passar estopa úmida nos dois lados de
cada folha e na seqüência empilhar um papel úmido sobre o outro e colocar
dentro de um plástico onde eles aguardarão pelo momento da impressão.
Mais uma vez observamos que a cozinha de cada gravador nos traz uma
receita a ser pesquisada.

Impressão
Antes de se iniciar a impressão recomenda-se passar óleo de linhaça, de uma
forma bem suave na matriz. Se utilizar-se de muito óleo a impressão sairá ruim
porque a tinta misturada com o óleo ficará muito diluída.
A impressão da cola gravura pode ser feita de maneiras distintas: relevo seco,
relevo ou côncavo.

Gravura em relevo (sem tinta)


Essa impressão consiste no relevo seco, ou seja, no embosing. Leva-se a
matriz sem tinta à prensa de cilindro, utiliza-se o papel molhado para se obter o
relevo da mesma.
Gravura em relevo (com tinta)

9
Profª. Ms. Márcia Campos dos Santos

Selma Daffré recomenda que a primeira prova seja feita em relevo com tinta,
pois segundo a experiência dessa artista em uma matriz na qual esse tipo de
impressão saia bom a prova de côncavo também sairá.

Tinta-se a matriz com o rolo de borracha como na técnica de xilo ou linóleo,


obtendo-se a gravura em relevo com tinta. A folha de papel também deve estar
úmida para a impressão em prensa de cilindro ou rosca.
Gravura em côncavo
A tinta para esse tipo de impressão deve ser mais fluida, portanto deve ser
misturada ao óleo. Uma tinta muito espessa não penetra nos sulcos e uma
muito diluída oxidam com e tempo gerando manchas amareladas no papel.
Na cologravura “as matrizes não se devem aquecer, porque muitas destas,
pela sua própria natureza ficam alteradas” (Catalfi,2003, pg 103)
Tinta-se a matriz com a técnica de gravura em côncavo, espalhando-se a tinta
com o auxílio de uma espátula, ou pincel de pelos duros e curtos ou ainda uma
escova de dentes, deixando a tinta nas partes baixas da gravura e não na
superfície como na técnica anterior. Limpar com entretela escócia
desengomada a no sentido vertical e novamente na horizontal. Em seguida
com entretela mais limpa em movimentos circulares até se visualizar a imagem.
Passar suavemente com a palma da mão uma folha de páginas amarelas para
limpeza final.
Côncavo e relevo juntas
Após fazer a impressão em côncavo, rola-se um rolo com uma segunda cor
sobre a matriz. Selma Daffré utiliza um rolo, pouco carregado com tinta branca
tonalizada, ou seja, meio “suja” em uma passada rápida sobre a matriz já
entintada em côncavo para criar uma veladura.

Limpeza da matriz
A limpeza da matriz é feita com removedor que deverá ser passado
rapidamente, para que ela não se degrade, porém outra opção é fazer a
limpeza com o óleo de linhaça, que ajudará a mantê-la.

Gravura colorida
Para a colagravura colorida é possível se recortar a matriz como um quebra-
cabeça para no momento da tintagem, cada parte receber sua cor, juntando-as
pelo registro no momento de impressão.
Segundo Ruth Leaf (1976) esse método também pode ser aplicado em relação
ao tipo de impressão, por exemplo, partes que serão impressas em côncavo
são recortadas das partes impressas em relevo.

Edição:
Vide convenção de Viena.

Vocabulário
Carborundum: ou carboneto de silício, abrasivo artificial obtido a partir do
aquecimento à altas temperaturas de pó de carvão e sílica, que se cristalizam
em grãos hexagonais de grande dureza. Apresenta-se em grãos de diferentes
calibres sendo utilizado em litogravura.

10
Profª. Ms. Márcia Campos dos Santos

Collagraph = Técnica desenvolvida nos Estados Unidos da América e que


consiste na colagem de diferentes materiais para a confecção da matriz
Estampa = Impressões obtidas pela matriz, mediante entintamento, sobre
papel ou outra superfície.
Estampa original = Gravura original.
Filigrana = Marca d’água = desenho característico da qualidade do papel. Varia
de acordo com a época, fabricante, etc.
Gravura = Estampa; figura; ilustração, arte e técnica de representação ou
criação de imagens ou textos, formas e caracteres, a partir de uma matriz.
Gravura original = Estampa cuja criação é do próprio artista.
Gravura de tradução = Aquela cuja criação não pertence ao gravador. O
desenho pertence a um artista e a gravação a um artesão = reprodução.
Gravar = Abrir a buril ou cinzel; abrir um sulco; esculpir; perpetuar; imortalizar;
assinalar; marcar com selo ou ferrete.
Gravador = Artista que faz gravação
Impressão = Ato de comprimir; de apertar; de imprimir.
Impressor = Indivíduo cuja especialidade é fazer a tiragem das cópias.
Imprimir = Estampar.
Maculadura = Impressão resultante de uma segunda prova logo após a
primeira sem ter se tintado a matriz novamente.
Matriz = Molde para fundição de tipos
Matriz raiada = ë a matriz que após toda a edição impressa, é marcada com
traços paralelos ou outra marca qualquer pelo gravador a fim de impossibilitar
reproduções indevidas. Ë exigência do mercado que o artista faça algum sinal
ou marca na matriz que confirmarão a edição limitada.
Numeração = edição.
Permuta = Tiragem em que a cor das cópias são alteradas. = variante de
tiragem.
Prensa = Máquina para a impressão de estampas a partir de uma matriz.
Prensa de rosca = Manual, vertical, plana ou de platina. É a evolução da
prensa de Gutemberg, onde duas pranchas rígidas, horizontais e paralelas, são
pressionadas uma contra a outra. A prancha inferior , chamada de platina é
fixa, sendo que a superior é móvel, descendo contra a de baixo pela torção de
um grande parafuso. É a prensa mais adequada para Xilogravura, devido a
espessura das matrizes.
Prensa de tórculo = prensa de talho doce, rolo ou cilindro. É constituída de dois
cilindro entre os quais passa uma prancha de metal móvel ( bandeja, chapa ou
mesa ) . Acionada o cilindro gira; exercendo forte pressão contra a bandeja,
fazendo girar também o outro cilindro.
Registro = Sistema de estabilidade da matriz no momento da reprodução, a fim
de imprimir a imagem sempre na mesma posição. Essencial na gravura
colorida.
Tiragem = edição.

Referencias bibliográficas:
AUTORES DIVERSOS. Gravura Brasileira do século XX. Cosac & Naif, editora
CATAFAL, Jordi; OLIVA, Clara. A Gravura. Lisboa: Editora Estampa, 2003.
COSTELLA, Antonio. Introdução à gravura e à sua historia. Campos do Jordão:
Mantiqueira, 2006.

11
Profª. Ms. Márcia Campos dos Santos

DASILVA, Orlando. A arte maior da gravura. São Paulo: Espade, 1976.


________, Orlando. De Colecionismo Gráfica. Curitiba: Secretaria do Estado
da Cultura do Governo do Paraná, 1990.
DAWSON, John. Guia Completa de Grabado e Impression. Madrid: H. Blume
Ediciones, 1996.
LEAF, Ruth. Etching, Engraving and other intaglio printmaking techniques. New
York: Watson-Guptill, 1976.
MARTINS, Itajay. Gravura Arte e técnica. São Paulo: Fundação Nestlé. 1987.
ROSS, John; ROMANO, Clare; ROSS, Tim. The Complete Printmaker. New
York: Roundtable Press, 1990.

Sites:
ttp://members.aol.com/cdparent/glenalps.htm, acessado em 4/8/8
http://www.thefreedictionary.com/collotype, acessado em 8/8/8

http://search.japantimes.co.jp/cgi-bin/fa20000402a1.html, acessado em 8/8/8


http://www.nesch.no/ ,acessado em 4/8/8
http://www.borismargo.net/wtext.htm, acessado em 4/8/8
http://www.pitoresco.com.br/brasil/guersoni/guersoni.htm, acessado em 11/8/8
http://vejasaopaulo.abril.com.br/red/galerias_vejinha/odetto_guersoni/,
acessado em 4/8/8
http://www.mapbr.com.br/daffre/cologravura.asp, acessado em 4/8/8
http://www.annexgalleries.com/cgi-bin/gallery.cgi?Edmond-Casarella++NC106,
acessado em 8/8/8
http://www.gac.culture.gov.uk/search/Artist.asp?
listtype=&maker_id=96943&order=1&page=2, acessado em 11/8/8

12

Você também pode gostar