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INSTITUTO LATINO-AMERICANO DE CIÊNCIAS

DA VIDA E DA NATUREZA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
BIOCIÊNCIAS

AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO TRATAMENTO COM FITOCANABINOIDES NA CISTITE


IDIOPÁTICA DE FELINOS PÓS DESOBSTRUÇÃO URETRAL

EMANUELA LEITE

Foz do Iguaçu, Estado do Paraná


2024
INSTITUTO LATINO-AMERICANO DE CIÊNCIAS
DA VIDA E DA NATUREZA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
BIOCIÊNCIAS

AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO TRATAMENTO COM FITOCANABINOIDES NA CISTITE


IDIOPÁTICA DE FELINOS PÓS DESOBSTRUÇÃO URETRAL

EMANUELA LEITE

Plano de dissertação apresentado ao


Programa de Pós-Graduação em
Biociências, do Instituto Latino-Americano de
Ciências da Vida e da Natureza, da
Universidade Federal da Integração
Latino-Americana, como requisito parcial à
obtenção do título de Mestre em Ciências.

Orientador: Prof. Dr. Francisney Pinto do


Nascimento
Coorientadora: Profa. Dr.1Micheline Freire
Donato

Foz do Iguaçu, Estado do Paraná


2024

2
AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DO TRATAMENTO COM FITOCANABINOIDES NA CISTITE
IDIOPÁTICA DE FELINOS PÓS DESOBSTRUÇÃO

RESUMO

Historicamente, a planta Cannabis sativa tem sido utilizada para o tratamento de doenças
a milhares de anos tendo o seu registro em diferentes farmacopéias no mundo. Dentre os
mais de 500 compostos produzidos pela planta como metabólitos secundários estão os
fitocanabinoides, que apresentam como alvo o sistema endocanabinóide presente nos
felinos domésticos e se destaca pela participação na manutenção da homeostase do
organismo, atuando em funções fisiológicas como controle pressão arterial, temperatura
corporal, modulações do humor e comportamento, controle da dor, regeneração dos
tecidos, participação na resposta inflamatória e imunológica. Os extratos de
fitocanabinoides se mostram promissores como aliados na rotina clínica veterinária pela
sua variedade de aplicações sendo utilizados para o tratamento de diversas doenças
sendo atuando como antiinflamatório, analgésico, anticonvulsivante, regulador de humor,
indutor do sono entre outros. A cistite idiopática Felina é uma doença de relevância na
rotina veterinária, capaz de gerar alterações em todo trato-urinário; hematúria, polidipsia,
poliúria, mudanças comportamentais, desequilíbrio eletrolítico, febre, dor abdominal e em
casos mais graves ocorre a obstrução uretral, alteração que se não tratada
emergencialmente pode acarretar a morte do paciente. A fisiopatologia não está
completamente elucidada, entretanto é de conhecimento que sua causa tem correlação
com o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, o como sistema de resposta a fatores estressores
e diminuição das glicosaminoglicanas em vesícula urinária. A patologia segue sem
tratamento farmacológico específico para sintomatologia que é multifatorial e sistêmica,
tendo altas taxas de reobstrução no período de 180 dias após procedimento de
desobstrução. Logo, o presente trabalho propõe de forma inédita a medicação dos felinos
domiciliados que necessitam passar pelo proedimento emergencial de desobtrução clínica
com diagnóstico de cistite idiopática felina com extratos de fitocanabinoides no
pós-operatório imediato e com tratamento crônico por 180 dias, com avaliações nos
tempos 0, 30, 90 e 180 dias. O método utilizado será o randomizado duplo-cego,
controlado por placebo, dividido em 3 grupos, com dois tratamentos distintos e um grupo
controle. Serão realizados exames de hemograma e bioquímicos, para avaliação das
funções renais e hepáticas. Avaliações de comportamento e dor utilizando as escalas de
grimace, glasgow e multimodal UNESP. Resultando em menores taxas de reobstrução
comparado ao placebo no período de 180 dias. Também espera-se observar melhora nos
parâmetros de dor do paciente, diminuição da inflamação de trato urinário, melhora
comportamental e eficácia do uso de canabinoides no tratamento para cistite idiopática
felina.

Palavras-chave: cistite idiopática felina; obstrução uretral; canabinoides; sistema


endocanabinoide; clínica de felinos.

3
TÍTULO DEL PLAN DE DISERTACIÓN

RESUMEN

Históricamente, la planta Cannabis sativa ha sido utilizada para el tratamiento de


enfermedades durante miles de años, con registros en diferentes farmacopeas de todo el
mundo. Entre los más de 500 compuestos producidos por la planta como metabolitos
secundarios se encuentran los fitocannabinoides, que tienen como objetivo el sistema
endocannabinoide presente en felinos domésticos y destacan por su participación en el
mantenimiento de la homeostasis del organismo, actuando en funciones fisiológicas como
el control de la presión arterial, la temperatura corporal, la modulación del estado de
ánimo y el comportamiento, el control del dolor, la regeneración de tejidos, la participación
en la respuesta inflamatoria e inmunológica. Los extractos de fitocannabinoides muestran
promesa como aliados en la práctica clínica veterinaria debido a su variedad de
aplicaciones, utilizándose para tratar diversas enfermedades como antiinflamatorios,
analgésicos, anticonvulsivos, reguladores del estado de ánimo, inductores del sueño,
entre otros. La Cistitis Idiopática Felina es una enfermedad relevante en la rutina
veterinaria, capaz de generar cambios en todo el tracto urinario; hematuria, polidipsia,
poliuria, cambios de comportamiento, desequilibrio electrolítico, fiebre, dolor abdominal y
en casos más graves hay obstrucción uretral, una condición que, si no se trata de manera
urgente, puede llevar a la muerte del paciente. La fisiopatología no está completamente
elucidada, sin embargo, se sabe que su causa tiene correlación con el eje
hipotálamo-hipofisario-adrenal, como sistema de respuesta a factores estresantes y
disminución de glicosaminoglicanos en la vejiga urinaria. La patología sigue sin un
tratamiento farmacológico específico para la sintomatología, que es multifactorial y
sistémica, con altas tasas de reobstrucción en un período de 180 días después del
procedimiento de desbloqueo. Por lo tanto, este estudio propone por primera vez la
medicación de felinos domiciliados que necesitan someterse al procedimiento de
desbloqueo clínico de emergencia con un diagnóstico de cistitis idiopática felina con
extractos de fitocannabinoides en el período postoperatorio inmediato y con tratamiento
crónico durante 180 días, con evaluaciones a los 0, 30, 90 y 180 días. El método utilizado
será aleatorio, doble ciego y controlado con placebo, dividido en 3 grupos, con dos
tratamientos diferentes y un grupo de control. Se realizarán exámenes de hemograma y
bioquímicos para evaluar las funciones renales y hepáticas. Se realizarán evaluaciones de
comportamiento y dolor utilizando escalas de gestos, Glasgow y multimodal UNESP.
Resultando en tasas de reobstrucción más bajas en comparación con el placebo durante
un período de 180 días. También se espera observar una mejora en los parámetros de
dolor del paciente, una disminución de la inflamación del tracto urinario, una mejora del
comportamiento y la eficacia del uso de cannabinoides en el tratamiento de la cistitis
idiopática felina2

Palabras clave:Cistitis idiopática felina; obstrucción uretral; cannabinoides; sistema


endocannabinoide; clínica felina.

4
TITLE OF THE DISSERTATION PLAN

ABSTRACT

Historically, the Cannabis sativa plant has been used for the treatment of diseases for
thousands of years, with its records in different pharmacopoeias around the world. Among
the over 500 compounds produced by the plant as secondary metabolites are
phytocannabinoids, which target the endocannabinoid system present in domestic felines
and stand out for their participation in maintaining organism homeostasis, acting on
physiological functions such as blood pressure control, body temperature, mood and
behavior modulation, pain control, tissue regeneration, participation in inflammatory and
immune response. Phytocannabinoid extracts show promise as allies in veterinary clinical
practice due to their variety of applications, being used to treat various diseases such as
anti-inflammatory, analgesic, anticonvulsant, mood regulator, sleep inducer, among others.
Feline Idiopathic Cystitis is a relevant disease in veterinary routine, capable of generating
changes throughout the urinary tract; hematuria, polydipsia, polyuria, behavioral changes,
electrolyte imbalance, fever, abdominal pain and in more severe cases there is urethral
obstruction, a condition that if not emergently treated can lead to patient death. The
pathophysiology is not completely elucidated, however, it is known that its cause has
correlation with the hypothalamus-pituitary-adrenal axis, as a response system to
stressors and decreased glycosaminoglycans in the urinary bladder. The pathology
remains without specific pharmacological treatment for symptomatology, which is
multifactorial and systemic, with high rates of re-obstruction within 180 days after the
unblocking procedure. Therefore, this study proposes for the first time the medication of
domiciled felines that need to undergo the emergency procedure of clinical unblocking with
a diagnosis of feline idiopathic cystitis with phytocannabinoid extracts in the immediate
postoperative period and with chronic treatment for 180 days, with evaluations at 0, 30, 90
and 180 days. The method used will be randomized double-blind, placebo-controlled,
divided into 3 groups, with two different treatments and one control group. Hemogram and
biochemical exams will be performed to assess renal and hepatic functions. Behavioral
and pain assessments using grimace, glasgow and multimodal UNESP scales will be
conducted. Resulting in lower re-obstruction rates compared to placebo over a period of
180 days. It is also expected to observe improvement in patient pain parameters, decrease
in urinary tract inflammation, behavioral improvement, and efficacy of cannabinoid use in
the treatment of feline idiopathic cystitis.

Keywords: Feline idiopathic cystitis; urethral obstruction; cannabinoids; endocannabinoid


system; feline clinic.

5
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Esquema da Anatofisiologia do Trato urinário de felinos 15


Figura 2. Imagem Esquemática da Obstrução Uretral 20

6
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Cronograma de Atividades 39

7
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

2-AG 2-Aracdonilglicero
ACTH Hormônio Adrenocorticotrófico
AEA Anandamida
BEA Bem-estar-Animal
CB1 Receptor Canabinoide 1
CB2 Receptor Canabinoide 2
CBD Canabidiol
CBN Canabigerol
CIF Cistite Idiopática Felina
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
DTUIF Doença do Trato Urinário Inferior de Felinos
EA Efeitos Adversos
GAGs Glicosaminoglicanos
HHA Hipotálamo-Hipófise-Adrenal
IN Inflamação Neurogênica
ITU Infecções do Trato Urinário
LCP Laboratório de Cannabis Medicinal e ciência Psicodélica
LC Locus Coerulus
NHANE National Health and Nutricion Examination Survey
OU Obstrução Uretral
PIBPG Programa Institucional de Bolsas de Pós-Graduação
SEC Sistema Endocabinoide
SNC Sistema Nervoso Central
SNP Sistema Nervoso Periférico
SNS Sistema Nervoso Simpático
SRE Sistema de Resposta ao Estresse
UNILA Universidade Federal da Integração Latino-Americana
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
THC Tetrahidrocanabinol
TU Trato Urinário
TUI Trato Urinário Inferior
VU Vesícula Urinária

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................11
1.1 Doença do Trato urinário Inferior de Felinos........................................................... 13
1.1.1 Anatomia e Fisiologia do Trato urinário de Felinos........................................ 14
1.1.2 Fisiopatogenia da Cistite Idiopática Felina......................................................16
1.1.3 Obstrução Uretral............................................................................................18
1.1.4 Procedimento Clínico de Desobstrução Uretral.............................................. 20
1.1.5 Pós Desobstrução Uretral e Tratamento Farmacológico................................ 21
1.1.6 A planta Cannabis Sativa sp........................................................................... 23
1.1.7 Sistema Endocanabinoide e suas aplicações.................................................23
1.1.8 Canabinoides e sua relação com Sistema Renal e Trato Urinário..................25
1.2 Justificativa.............................................................................................................. 28
1.3 Pergunta norteadora................................................................................................29
1.4 Hipótese.................................................................................................................. 29
2 OBJETIVOS.................................................................................................................... 30
2.1 Geral........................................................................................................................30
2.2 Específicos.............................................................................................................. 30
3 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................................ 31
3.1 Desenho experimental.............................................................................................31
3.1.1 Metodologia.....................................................................................................31
3.1.2 Cenário de Pesquisa.......................................................................................31
3.1.3. Critérios de Inclusão...................................................................................... 31
3.1.4 Critérios de Exclusão...................................................................................... 32
3.1.5 Seleção e Randomização dos pacientes........................................................ 32
3.1.6 Avaliação Veterinária de Nível de Consciência pela Escala de Glasgow
modificada para felinos............................................................................................ 32
3.1.7 Avaliação Veterinária de dor pós-operatória pela escala multimodal para
felinos UNESP......................................................................................................... 33
3.1.8 Avaliação de BEA com a escala de Grimace para Felinos............................. 33
3.1.9 Tratamento e Posologia.................................................................................. 34
3.1.10. Análise de Amostras biológicas para exames Hemograma e bioquímicos. 35
3.1.11. Segurança no tratamento............................................................................. 35
3.1.12. Procedimento de Segurança........................................................................36
3.1.13. Análise de dados..........................................................................................36
3.1.13. Resultados esperados................................................................................. 37
4 FINANCIAMENTO........................................................................................................... 38
5 CRONOGRAMA.............................................................................................................. 39
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................... 40
ANEXOS.............................................................................................................................53
Anexo 1. Escala de Glasgow modificada para felinos..................................................53

9
Anexo 2 – Escala multimodal para avaliação de dor UNESP-BOTUCATU.................. 55
Anexo 3 – Escala de Grimace para Felinos.................................................................. 60
Anexo 4 – Escala de Grimace para Felinos versão para tutores.................................. 61

10
11
1 INTRODUÇÃO

O termo doenças do trato urinário inferior de felino (DTUIF) refere-se a grupo de


doenças, caracterizadas por sintomas semelhantes, que incluem tais como hematúria
(presença de sangue na urina), disúria (dificuldade ou dor ao urinar), estrangúria (esforço
ao urinar), polaciúria (aumento da frequência urinária), micção inadequada e obstrução
uretral (OU) completa ou parcial (LITTLE et al., 2015).
A Cistite Idiopática Felina (CIF) é um componente significativo da DTUIF,
caracterizada por inflamação do trato urinário inferior sem causa conhecida (DORSCH et
al., 2016; ETTINGER; FELDMAN, 2015; HE et al., 2022). Esta condição se enquadra no
termo genérico de DTUIF, que abrange vários distúrbios que afetam o trato urinário
inferior dos felinos (TUI), como OU, urolitíases, neoplasias e infecções do trato urinário
(NURURROZI et al., 2020; KOÇHAN & ŞIMŞEK, 2022). A CIF é responsável por uma
proporção substancial de casos de DTUIF, variando de 50% a 69% (GÜLERSOY et al.,
2022; BUSCH et al., 2021).
A CIF é uma condição comum em gatos, caracterizada por inflamação estéril da
bexiga sem causa conhecida (DELILLE et al., 2015). A CIF compartilha semelhanças com
a cistite intersticial em humanos, incluindo envolvimento por estresse, dor abdominal
intensa e uma redução na camada protetora de glicosaminoglicanos da vesícula urinária
(VU) (KRISHINA et al., 2022; KRAYCHETE, 2017). O termo "idiopático" na CIF significa o
desafio em identificar uma causa específica, apesar de investigações clínicas e
laboratoriais completas (DORSCH et al., 2016). Sua forma mais grave e de caráter
emergencial, a obstrução uretral total. (GUNN-MOORE, 2003). A OU pode ter
consequências azotemia pós renal, distúrbios hídricos, eletrolíticos e metabólicos, e óbito,
caso o animal não seja desobstruído (RECHE; CAMOZZI, 2015).
A CIF pode ser classificada de duas formas; de acordo com a apresentação clínica
sendo obstrutiva ou não obstrutiva e de acordo com a presença ou ausência de
ulcerações na VU e uretra (BUFFINGTON, 2011; DE OLIVEIRA et al., 2017).
A patogênese da CIF não é totalmente compreendida, mas foi levantada a hipótese
de que alterações na camada protetora de glicosaminoglicanos (GAGs) que reveste a
bexiga podem desempenhar um papel importante no desencadeamento dos sinais
clínicos. O estresse atua como um fator contribuinte, afetando o sistema nervoso de gatos
com CIF e sua capacidade de lidar com o estresse (GUNN-MOORE & SHENOY, 2004)
12
Os felinos domésticos que apresentam comportamentos ansiosos,
amedrontamento, territorialista e temperamentais, são mais susceptíveis a serem
acometidos pela obstrução da passagem uretral, impedindo a micção da urina produzida
pelos rins e sendo necessária intervenção médica de caráter emergencial para realizar o
procedimento de desobstrução (BUFFINGTON, 2018; FORRESTER; TOWELL, 2015).
Pacientes que apresentam a manifestação obstrutiva da CIF têm maiores chances de
óbito se não tratados com urgência (DEL BARRIO; MAZZIERO,2020; STELLA; LORD;
BUFFINGTON, 2011; LANDIM, 2019).
Sendo a principal causa clínica de obstrução urinária a CIF (29 a 53%), seguida por
o plug uretral (42 a 59%), os urólitos (5 a 12%), estenoses e neoplasias (0-11%) e os
urólito associados a infecções bacterianas compreendem apenas (2%) (GUNN-MOORE,
2003; GERBER; EICHENBERGER; REUSCH, 2008).
Citado por Gomes em 2020 em sua revisão bibliográfica, os estudos mais recentes
sobre o assunto relataram uma taxa de mortalidade entre 5,8 a 16% dos casos analisados
e uma taxa de recorrência do quadro obstrutivo em cerca de um terço dos casos no
período de até 6 meses após a desobstrução (22-36% dos casos) (LEE; DROBATZ, 2003;
GERBER; EICHENBERGER; REUSCH, 2008; SEGEV et al., 2011; GOMES; 2020).
A CIF é tratada por diferentes abordagens, incluindo modificações na dieta,
remanejamento do ambiente, redução do stress, além das intervenções farmacológicas
sintomáticas (KRUGER, et al 2015). Entretanto não existe abordagem específica, sendo
relevante experimentar novas abordagens terapêuticas.
Os derivados da planta Cannabis sativa spp., vem se mostrando promissores
aliados ao tratamento de doenças crônicas e agudas desde a descoberta do sistema
endocanabinóide (SEC), pelos cientistas Lumír Hanuš e William Devane (CITAL et al,
2022). SEC foi identificado e descrito na maior parte de vertebrados, sendo fundamental
na regulação da homeostase e funções fisiológicas do organismo (GUPTA et al, 2019).
Este sistema consiste em três componentes: ligantes endógenos:Anandamina
(AEA) e 2-aracdonilglicerol (2-AG), receptores acoplados à proteína G conhecidos como
CB1 e CB2, e enzimas de degradação e reciclagem dos ligantes (CORTES et al, 2023).
O receptor CB1 tem sua distribuição ampla entre o sistema nervoso central (SNC) e
sistema nervoso periférico (SNP), enquanto a distribuição de CB2 é mais abundante em
órgãos e sistema imune. (ALVARENGA et al, 2023).
As formulações a partir de derivados da Cannabis Sativa spp. tem a capacidade de
se ligar aos receptores CB1 e CB2, sendo capaz de induzir resposta do organismo.
13
Estudos clínicos controlados em animais de companhia vêm demonstrando ao longo de
duas décadas a segurança e eficácia dessas formulações para o tratamento de sintomas
como; febre, infecções, diarreia, dor, náusea, estresse, ansiedade, convulsões (YU &
VASHANTA, 2021).

1.1 Doença do Trato urinário Inferior de Felinos

Apesar de três décadas de pesquisa, a fisiopatologia segue como um mistério


entre os pesquisadores da área, porém acredita-se que seja uma síndrome complexa
com diversas etiologias subjacentes que podem atuar separadamente ou podem estar
inter-relacionadas. (CHEW DJ et al, 1997. OSBORNE CA et al, 1996, KRUGER;
OSBORNE & LULICH, 2009, LANDIM, 2019).
Embora infecções do trato urinário (ITU), possam ser decorrentes de:
neoplasias, plugs uretrais, urólitos, malformações anatômicas, alterações
comportamentais, alterações neurológicas e traumatismos que se manifestam como
DTUIF, em 60 a 85% dos gatos a causa da inflamação não é identificada, sendo
classificada como CIF (JUNIOR & CAMOZZI, 2015).
A CIF é um processo inflamatório estéril que acomete majoritariamente gatos
adultos jovens, sendo o diagnóstico mais comum em felinos jovens com sinais de DTUIF.
A fisiopatologia da CIF não está bem compreendida, mas parece envolver distúrbios das
interações entre o SNC e o sistema endócrino tendo a vesícula urinária como órgão
alvo. ( LITTLE, et al 2015).
A casuística da CIF é elevada sendo estimada de 55% a 63% de casos clínicos
de DTUIF na rotina veterinária(LEW-KOJRYS et al., 2017; LANDIM, 2019). A recorrência
da sintomatologia clínica é alta podendo acontecer em até 65% que geralmente aparecem
de 1 a 2 anos. (FORRESTER & TOWELL, 2015).
Possui caráter psiconeuroendócrino e inflamatório que afeta a VU, SNC e o eixo
hipotalámo-Hipófise-Adrenal (HHA)(FORRESTER &TOWELL, 2015). A doença ocorre por
uma resposta exagerada do sistema nervoso simpático (SNS) ao estresse, associada a
uma resposta adrenocortical inadequada, provocando uma inflamação neurogênica (IN),
causada pela redução de GAGs no uroepitélio vesical, permitindo o contato de toxinas da
urina com os nervos sensitivos (ALHO, 2012).
Um estudo brasileiro de caráter retrospectivo analisou dados de uma década de
1994 a 2004 de casos de DTUIF atendidos no hospital veterinário do departamento de
14
veterinária da Universidade Federal de Viçosa. O estudo realizado por Balbinot e
colaboradores em 2006 demonstrou a epidemiologia da doença utilizando as seguintes
variáveis para análise: sexo, raça, idade, data de admissão, peso, dieta, hábitos de
ingestão de água, ambiente, atividade física e histórico clínico. Foi constatado que a
prevalência de idade para a CIF ocorre entre animais com mais de um ano ao sexto ano
de vida, entretanto pode acontecer em qualquer idade. Animais machos, castrados e
domiciliados, com dieta exclusiva de alimento seco são mais suscetíveis à CIF. Devido a
anatomia machos são mais acometidos pela obstrução uretral.
Entre as hipóteses mais aceitas para explicar a inflamação vesical na DITUF,
incluem-se IN, com a participação de mastócitos e defeito na camada superficial da
mucosa urinária de GAGs e infecções virais no eixo HHA (ETTINGER; FELDMAN, 2015).
Nesse contexto, a camada superficial da mucosa urinária de GAGs tem um papel
importante na CIF que por consequência gera a obstrução uretral, sendo de suma
importância para este trabalho.

1.1.1 Anatomia e Fisiologia do Trato urinário de Felinos

Anatomicamente, os órgãos que compõem o sistema urinário são 02 rins (direito


e esquerdo), 02 ureteres, e uretra. Os rins produzem urina a partir do sistema circulatório
por meio de filtração, secreção, reabsorção e concentração. Os ureteres transportam a
urina desde os rins até a VU onde é armazenada até sua eliminação pela uretra, através
da micção (KÖNIG; LIEBICH, 2016; JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2013).
Os rins são estruturas pares que se situam retroperitonealmente comprimidos
contra a parede abdominal dorsal dos dois lados da coluna vertebral. Eles se situam
predominantemente na região lombar, mas se projetam cranialmente sob as últimas
costelas para a parte intratorácica do abdome (KÖNIG; LIEBICH, 2016; JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2013).
A função principal do rim é manter a composição dos líquidos corporais dentro
do âmbito fisiológico. Ele remove produtos finais do metabolismo e excreta substâncias do
sangue pela filtração do plasma, inicialmente obtendo um grande volume de líquidos, o
ultrafiltrado, que também é chamado de urina primária (KÖNIG; LIEBICH, 2016).
Os rins também possuem funções endócrinas. Eles produzem o hormônio
renina, que converte o angiotensinogênio em angiotensina I. No rim, a enzima conversor
de angiotensina converte angiotensina I em angiotensina II, causando constrição arterial,
15
aumentando da pressão sanguínea. Essas diversas funções são desempenhadas por
uma extensa variedade de tipos celulares, cada qual com respostas específicas a sinais
diretos e indiretos, dispostos em um padrão particular que forma a unidade funcional do
rim, o néfron.
O néfron é composto pelos glomérulos, onde o sangue é filtrado, e por seus
segmentos renais associados, de onde as substâncias filtradas são absorvidas e para
onde os componentes plasmáticos são excretados, o fluido tubular. No córtex renal, os
néfrons intercalam o sistema de ductos coletores que atravessa o rim e desembocam na
pelve renal. (CUNNINGHAN, 2010).
Anatomia renal ilustrada para melhor compreensão do texto em FIGURA 01.

Figura 1. Esquema da anatomofisiologia TU de felinos. Rim de gato com todas as


suas partes, incluindo a composição do néfron, onde, à direita, vemos o papel da néfron
em seus diferentes pontos: 1) filtração, 2) reabsorção, 3) secreção e 4) excreção.

Fonte: Manual de Nefrologia e Urologia Clínica Canina e Felina (Cortadellas, 2010,


adaptado de: CHEW, Dennis J.; BARTGES, Joseph W. Manual de Distúrbios Urinários de
Cães e Gatos. São Paulo: Roca, 2010).
A VU é um órgão musculomembranoso oco, flexível e distensível com função de
armazenamento da urina produzida pelos rins. Quando vazia se apresenta com formato
esférico pequeno, conforme preenchida prolonga-se em direção ao abdome, em
16
carnívoros como os gatos domésticos, pode assumir formato de pera (DYCE &
CUNNINGHAN , 2010).
Anatomicamente, a VU corresponde a três partes: ápice cranial, corpo
intermediário e colo caudal, sendo este último contínuo à uretra (KONIG; LIEBICH, 2016).
Os ureteres tem origem nos rins e desembocam por sua vez na VU de forma oblíqua e
bilateral conferindo proteção renal, uma vez que impede o refluxo de urina em direção aos
rins (DYCE; SACK; WENSING, 2010).
O esvaziamento da urina contida na VU é dependente da tensão exercida
passivamente por elementos elásticos da camada mucosa e da ação muscular da uretra
(KONIG; LIEBICH, 2016). A VU no abdome posterior apresenta parede delgada e não
provoca dor à palpação. A VU aumentada, tensa e dolorosa indica possível obstrução no
TUI (LITTLE, 2015).
A uretra é o canal que conduz a urina até o meio externo (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2013). A uretra dos felinos constitui-se em um tubo fibromuscular cuja sua
função no TU é a de transportar urina da bexiga urinária para o exterior, durante a micção.
A uretra dos gatos machos é dividida anatomicamente em uretra pré-prostática, uretra
prostática, uretra pós-prostática e uretra peniana (FOSSUM, 2005).
.

1.1.2 Fisiopatogenia da Cistite Idiopática Felina

Apesar da fisiopatogenia da CIF não estar completamente elucidada, é de


conhecimento se de etiologia multifatorial, incluindo o estresse como fator desencadeante,
por causar modulações ao SNC, alterações de permeabilidade celular em VU com
alteração das camadas teciduais incluindo as GAGs e interações de mediadores
inflamatórios com as fibras nervosas que inervam o sistema urinário. (LITTLE, et al 2015;
CORDETELLA et al, 2010, BUFFINGTON; 2011)
Para Buffington 2011, podemos separar etiologias da CIF em três grandes grupos;
Anormalidades internas para a hipótese psicoimunoneurogênica, Anormalidades externas
ou com sintomas exacerbados na IN e relativa a fatores intrínsecos a diminuição das
Gags ( Buffigton, 2011; Luz, 2019; He et al, 2022; Santos et al, 2023).
A primeira hipótese psicoimunoneurogênica relaciona o estresse a alterações
psicológicas e fisiológicas como desencadeante dos sintomas de CIF(MAZZIERO & DEL
BARRIO; 2020). Podemos tratar como fatores estressores, toda e quaisquer mudança
17
que altere a relação do gato com o ambiente, entre estes como exemplificar conflitos com
outros animais, mudanças do ambiente, manejo inadequado, brigas com outros animais,
trocas de alimentação e/ou água, entre outros (Little et al, 2015; Alho, 2016; Landim,
2019; He et al, 2023).
O eixo HHA e o SNS Adrenérgico fazem parte do Sistema de Resposta ao
Estresse (SRE). O estressor sensibiliza SNC, em uma área chamada de zona de disparo
no Locus Coeruleus (LC), levando a sensibilização do hipotálamo, que por sua vez
secreção do fator liberador de corticotrofina, estimulando a hipófise e consequente
liberação do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), que atuará no córtex da adrenal e
liberará glicocorticóides, principalmente o cortisol. Simultaneamente, a sensibilização do
LC causa uma resposta do sistema nervoso simpático que estimula a secreção de
catecolaminas (DEL BARRIO & MAZZIERO, 2020, HE et al 2022). Anatomicamente o
centro de micção se localiza próximo a via do medo a nível cerebral, portanto pode
estimular VU como resposta ao estresse (HE et al, 2022).
Estudos mostram que gatos com CIF apresentam aumento da atividade da tirosina
hidroxilase no tronco encefálico e no hipotálamo, e aumento da liberação de norepinefrina
e outros metabólitos de catecolaminas durante o estresse, além disso, os gatos com CIF
apresentam dessensibilização funcional de adrenoceptores alfa-2 centrais, provavelmente
como consequência da estimulação crônica a partir de níveis elevados de catecolaminas.
( CORDETELLA et al, 2010; LITTLE, S. 2015).
Os gatos acometidos por CIF crônica se mostram mais sensíveis a fatores de
estresse ambiental, psicológicos e patogênicos em relação a animais saudáveis (HE et
al, 2022).Em indivíduos saudáveis, o cortisol exerce um feedback negativo sobre a
síntese, liberação, metabolização e recaptação das catecolaminas em situações
estressantes. Em pacientes com CIF, esses mecanismos podem estar danificados ou
disfuncionais. Portanto, propõe-se que a estimulação contínua do hipotálamo e da
hipófise esteja relacionada a uma incompatibilidade do mecanismo de feedback negativo
do cortisol às catecolaminas ( LITTLE, et al 2015; DEL BARRIO; MAZZIERO, 2020; LUZ,
2019).
Para segunda hipótese temos a IN, na qual temos uma resposta exagerada a
anormalidades externas, tais como presença de microrganismos que gerem resposta
inflamatória (BUFFIGTON, 2011; LUZ, 2019; DEL BARRIO & MAZZIERO, 2020).
A IN é iniciada nas fibras mecanorreceptoras da VU, acontecendo a excitação de
neurônios aferentes sensoriais das fibras C, que são sensíveis a noradrenalina, uma
18
catecolamina presente em maior quantidade em indivíduos com CIF crônica, mediada por
neuropeptídios, como a substância P que interage com receptores NK2 na VU. A cascata
resultante dessa interação de ligação culminará na liberação de inositol, aumentando a
concentração de cálcio intracelular, alterando o potencial de membrana, e levando à
nocicepção e inflamação(FU et al., 2013).
. Os neuropeptídeos são os responsáveis pelo aparecimento da dor, vasodilatação
dos vasos sanguíneos, aumento da permeabilidade vascular e do uroepitélio, edema da
submucosa, contração da musculatura lisa da VU e ativação de mastócitos situados ao
redor das fibras nervosas (CORDETELLA et al, 2010).
A terceira hipótese tem relação com fatores intrínsecos como os GAGs, que
encontram-se presentes na superfície luminal da VU, agindo como uma barreira protetora
do uroepitélio, os mesmo exercem função inibitória de aderência de bactérias e
protegendo contra a própria urina que possui componentes que podem lesionar a parede
do órgão. (LITTLE et al, 2015; CORDETELLA et al, 2010; DEL BARRIO & MAZZIERO,
2020).
Tanto humanos quanto gatos com CIF excretam menores quantidades de GAGs,
isso permite que os íons de cálcio e potássio lesem o epitélio, causado uma cascata
inflamatória, que por sua vez estimula os neurônios sensoriais localizados na camada
submucosa, ativando o sistema nervoso simpático eferente, que estimula os neurônios
do gânglio da raiz dorsal via medula espinhal para o SNC, por consequência gerando dor.
(CORDETELLA et al, 2010; LITTLE et al 2015).
Clinicamente os animais acometidos pela CIF podem apresentar a seguinte
sintomatologia; polaciúria, hematúria, vocalização, dor abdominal, estrangúria, disúria e
sua forma mais grave e de caráter emergencial, a OU total. (GUNN-MOORE, 2003). A OU
pode ter consequências azotemia pós renal, distúrbios hídricos, eletrolíticos e
metabólicos, e óbito, caso o animal não seja desobstruído (RECHE; CAMOZZI, 2015).

1.1.3 Obstrução Uretral

A OU é uma das emergências mais comuns do sistema urinário. Se não for tratada
rapidamente pode causar alterações hidroeletrolíticas e ácido-básicas graves, que podem
culminar na morte do animal. Se persistir por 24 horas ou mais, resulta em uremia
19
pós-renal, com consequente aumento da retropressão, prejuízo da filtração glomerular, do
fluxo sanguíneo renal e da função tubular. (COLE, S.G. et al, 2004).
A obstrução física da uretra ocorre por causa idiopática (53%) ou devido a
urólitos (29%), plugs uretrais (18%), áreas mais constritas da uretra, neoplasia ou
espasmos uretrais (GEORGE; GRAUER; 2016).
A formação dos tampão ou plug uretral ocorre quando há persistentes
inflamações do trato urinário inferior associadas à cristalúria (NELSON; COUTO, 2015). É
formado por uma matriz cristalina e/ou componentes não cristalinos, como proteínas,
leucócitos, hemácias, bactérias e debris do lúmen vesical e uretral (OSBORNE et al.,
2008).
Os urólitos mais comumente encontrados nos gatos domésticos são compostos por
estruvita e oxalato de cálcio (OSBORNE et al. 2008).Os fatores que influenciam a
formação de urólitos são o pH urinário, os promotores e inibidores de cristalização
(LANDIM, 2019), baixo consumo hídrico e dieta (RICK et al., 2017), idade, sexo, genética
e fatores ambientais (ROSA, 2010).
As manifestações clínicas comuns associadas à obstrução uretral felina incluem
estrangúria/disúria ou incapacidade de urinar, vocalização, lambedura excessiva da região
perineal, pênis congesto estendendo-se do prepúcio e manifestações de uremia
pós-renal, como letargia, anorexia, êmese, fraqueza, diarreia, desidratação, hipotermia,
acidose e hiperventilação, bradicardia e distúrbios eletrolíticos (hiperpotassemia) (WARE,
W.A., 2003).
A estase urinária nos ureteres e rins ocasionam um aumento da pressão
intra-tubular que se opõe às forças responsáveis pela manutenção da taxa de filtração
glomerular. Como consequência, temos a alteração da capacidade de concentração dos
túbulos renais e suas funções como regulação de sódio e reabsorção de água,
prejudicando também a excreção de ácidos e potássio. Os resultados finais do
comprometimento da função renal são a uremia, a acidose metabólica e a hipercalemia
nos pacientes obstruídos (SAROGLU; ACAR; DUZGUN, 2003; GALVÃO et al., 2010,
GOMES 2020).
Portanto independente da hipótese para CIF, todas são capazes de gerar obstrução
uretral, necessitando de apoio do médico veterinário de forma emergencial.
20

Figura 2. Imagem esquemática das interações de inflamação do TU. Interações de


inflamação do trato urinário com cristalúria produzindo quadros clínicos comuns de
doença do trato urinário inferior de felinos. Fonte: adaptado de Little et al., 2015, e
Gunn-moore et al., 2003.

1.1.4 Procedimento Clínico de Desobstrução Uretral

OU é uma emergência comum em pacientes com CIF, apresentando maior casuística em


gatos do sexo masculino. Sintomas secundários e somatórios aos sinais clínicos de CIF
são espasmos uretrais, dor e edema local (HE et al, 2022).
Os sintomas deletérios ao paciente acometidos pela CIF obstrutiva incluem;
azotemia, uremia, alterações cardíacas causadas pelos distúrbios eletrolíticos,distensão
da VU. A estabilização do paciente e o tratamento dos efeitos adversos causados pela
obstrução devem ser priorizados antes que qualquer anestesia seja administrada, sendo
que a correção da hipovolemia e da hipercalemia devem ser priorizadas (GEORGE;
GRAUER, 2016; RECHE JR.; CAMOZZI, 2017, LANDIM, 2019).
Ao hemograma alguns animais apresentam alteração no aumento das proteínas
totais, leucocitose e anemia em pacientes com quadro de CIF obstrutiva (MARTINS et al,
2013, SEGEV et al 2011; SANTOS, 2018).
Para Martins et al (2013), a leucocitose pode estar relacionada ao processo
inflamatório do TUI, que pode estar relacionado ao estresse desencadeado pelo quadro
clínico de CIF obstrutiva.
Acerca das alterações bioquímicas dos animais com OU, foi observado o
aumento no valor da creatinina nos animais obstruídos (LANDIM, 2019). O seu aumento é
esperado devido o comprometimento da função renal em decorrência da forma obstrutiva
da doença. A Injúria renal aguda de causa pós renal pode se desenvolver em horas. O
21
aumento da creatinina no caso de obstrução (COWGI,LL et al 2004).
Entretanto, animais acometidos pela forma não obstrutiva da doença, não
apresentaram valores de creatinina acima do normal, demonstrando que a função renal
desses animais não foi gravemente acometida (SILVA, 2013; LANDIM 2019).
Para o procedimento de desobstrução será priorizado conforme literatura a
passagem de uma sonda pela uretra peniana até a VU, permanecendo em circuito
fechado e estéril com o auxílio de um equipo, um extensor e um envase para controle de
débito urinário durante 24 horas. (LITTLE et al, 2015; HE et al, 2022)
Após o procedimento o paciente é monitorado no âmbito hospitalar, parâmetros
fisiológicos como; pressão arterial, temperatura retal, frequência cardíaca, frequência
respiratória e resposta a dor são aferidos, o tempo de intervalo das aferições depende do
protocolo adotado pelo hospital veterinário.
As fibras musculares lisas e esqueléticas são responsáveis por gerar tônus
uretral e causar espasmos uretrais em gatos com CIF, e medicamentos antiespasmódicos
podem ser benéficos para reduzir a gravidade da DITUIF e o risco de obstrução uretral.
Os antiespasmódicos do músculo liso incluem acepromazina, prazosina e
fenoxibenzamina. (HE et al, 2022)
Alguns gatos podem sofrer recidivas de reobstrução, ou formação de urólitos de
forma recidivante, dados indicam que 22% a 57% em até 6 meses após o quadro agudo
(Dowers, 2009, Reineke et al, 2017; Dorsch et al 2015).

1.1.5 Pós Desobstrução Uretral e Tratamento Farmacológico

Em 2015 Dorsch e colaboradores foram responsáveis por um estudo randomizado,


duplo-cego controlado por placebo aplicado em 37 gatos com CIF obstrutiva para testar a
eficácia do fármaco meloxicam na recidiva da obstrução . Os pacientes permaneceram
em circuito fechado estéril por 48 horas em regime hospitalar. Foram separados em
grupo placebo (n= 19) e tratamento com meloxicam (n=18). Os pacientes receberam
analgesia pós operatória a base de buprenorfina a 0,01 mg/kg TID por via subcutânea
durante as 48 horas referentes ao internamento. Após a randomização dos grupos e alta
médica os pacientes receberam a prescrição de meloxicam (0,1mg/kg no dia 1 e
0,05mg/kg nos dias 2-4), ou placebo por via oral durante 5 dias.
O monitoramento dos pacientes foi feito através de exame físico e urinálise nos
22
dias 0, 2 ou 3, e no retorno após a alta entre os dias 10 -14. Também foram respondidos
questionários pelos tutores a cerca da qualidade de vida do paciente e funções
fisiológicas como; ingestão hídrica, alimentar, dificuldade de micção e vocalização. 2015
Dorsch)
Os gatos foram monitorados por meio de exames físicos repetidos, hemograma,
bioquímicos, urinálise, e com um questionário de 5 dias preenchido pelos proprietários
após a alta e uma entrevista por telefone 3 meses após a apresentação. Os parâmetros
para avaliação do sucesso do tratamento foram a ocorrência de obstrução uretral
recorrente, resultados de exames físicos e questionários. A taxa de recorrência nos
primeiros 7 dias foi de 22,2% no grupo meloxicam e 26,3% no grupo placebo, e a taxa
geral de recorrência em 3 meses foi de 33,3% e 31,5%, não havendo relevância
estatística para o estudo ( 2015 Dorsch).
No ano de 2019 Navy e sua equipe elaboraram e aplicaram um ensaio clínico
duplo-cego com dois tratamentos para avaliar a recorrência dos sinais clínicos de CIF,
após o procedimento de desobstrução e tratamento dos pacientes. Foram recrutados 51
pacientes, o grupo 1 (n=24) recebeu o protocolo de fenoxibenzamina 2 mg/animal por
via oral BID, com alprazolam na dose 0,125 mg/animal BID e meloxicam 0,025 mg/kg BID
por 14 dias. O grupo 2 (n=27) recebeu o mesmo protocolo, porém sem a presença do
fármaco meloxicam. Foram coletadas amostras de sangue para exame de hemograma e
bioquímicos, urinálise e ultrassom. Os pacientes foram reavalidos para a presença dos
sintomas de CIF e/ou obstrução uretral 10 - 14 dias após a alta, e uma vez por mês
durante 6 meses. Não houve benefícios identificados pelo estudo, entretanto os autores
sugerem investigações mais a fundo (2015 Dorsch).
Em outro ensaio clínico realizado por Reineke et al (2019), randomizado,
duplo-cego e controlado por placebo, testou o efeito da prazosina por um mês, com
follow up de 6 meses. O estudo contou com 47 participantes, sendo a CIF obstrutiva
critério de inclusão. Foram randomizados após o procedimento de desobstrução e
devidamente medicados para analgesia. Os grupos foram divididos em n=27 para o
medicamento prazosina a 0,25 mg/kg BID por via oral durante um mês ou n=20 para o
placebo. Os pacientes foram devidamente monitorados com exames hematológicos,
bioquímicos, ultrassonografia. Os pacientes foram avaliados semana a semana no mês 1
e reavaliados com 6 meses. Apesar de não haver diferença estatística na taxa de
recorrência da obstrução uretral entre o grupo tratado e o grupo placebo, os
pesquisadores dizem que os dados devem ser interpretados com cautela e devem ser
23
realizadas pesquisas com um número maior de participantes. (Reineke et al, 2019)
Diante deste cenário a obstrução uretral em decorrência da CIF mostra grande
necessidade clínica veterinária de um tratamento eficaz e efeitos adversos diminuídos
para o tratamento desta patologia. Sendo indispensável a pesquisa com novos
tratamentos experimentais de modo que os extratos da planta Cannabis Sativa spp. se
mostra um novo aliado na clínica humana e veterinária.

1.1.6 A planta Cannabis Sativa sp.

A Cannabis sp. foi descrita pelos assírios como principal medicamento da


farmacopeia, ela também é citada nas farmacopeias chinesa, egípcia e hindu. Sendo
assim confirmada a sua utilização milenar por diversas culturas para o tratamento de
doenças crônicas e doenças da mente. (HONÓRIO et al., 2006;
FERNÁNDEZ-TRAPERO, et al. 2020).

Os mais exocanabinoides mais importantes são ∆9-tetrahidrocanabinol (THC),


canabinol (CBN) e canabidiol (CBD), e são membros de um grande grupo de compostos
biologicamente ativos encontrados em Cannabis sativa L. O uso médico de canabinóides,
em particular os fitocanabinóides, tem sido uma das abordagens mais interessantes para
farmacoterapia nos últimos anos (ATALAY et al, 2019).

1.1.7 Sistema Endocanabinoide e suas aplicações

Em meados dos anos 80 e 90 foram identificadas as estruturas endógenas AEA e


2-AG, receptores canabinoides um (CB1) e o receptor canabinóide (CB2) acoplados à
proteína G (GPCR), e estruturas exógenas a partir da planta como o canabidiol (CBD) e
Tetraidrocanabinol (THC), a síntese, o metabolismo, e a farmacologia dos efeitos
fisiológicos e da ativação do sistema endocanabinóide (SEC) por vias endógenas e
exógenas (MECHOULAM, R. et al, 1992. Panagis et al, 2014 ).
24
O SEC foi identificado em quase todos os animais, desde mamíferos complexos
como primatas e também em animais mais primitivos como os cnidários. A presença de
SEC é um indicador biológico evolutivo e de suma importância (GUPTA et al, 2019).
Em felinos domésticos encontrados CB1 em tecidos SNC e SNP, epidermis,
queratinócitos, macrófagos, hipocampo, ovários, ovidutos, células musculares, sebócitos,
bulbo capilar, coração vasos sanguíneos, pulmões, vesícula urinária, glândulas adrenais o
CB2 em tecidos da pele, queratinócitos, sebócitos, glândulas sudoríparas, sistema
linfático, sistema imunológico e macrófagos. (PANAGIS et al, 2020. KUPCXYK et al.
2009; LIGRESTI et al. 2016.).
O SEC desempenha um papel íntimo na regulação de respostas ao estresse. O
estresse ambiental crônico regula negativamente o CB1 receptores, que por sua vez
reduzem os níveis de AEA e aumentam os níveis de 2- AG, onde níveis diminuídos de
AEA estão associados à progressão de resposta ao estresse e aumento do
comportamento de ansiedade (Morena et al., 2016).
Apesar de não haver estudos específicos para o tratamento de ansiedade em
gatos, estudos em roedores e humanos sobre o efeito do CBD no alívio a ansiedade,
Evidências clínicas de recentes estudos randomizados, estudos duplo-cegos e
controlados demonstraram que O CBD oral aliviou a ansiedade induzida por falar em
público (Appiah- Kusi et al., 2020; de Faria et al., 2020) e ansiedade social (Masataka,
2019). Além disso, o CBD mostrou resultados promissores na gestão de problemas
relacionados com a ansiedade. comorbidades em diversas doenças e condições,
incluindo psiquiátricas doenças.(Hegazy e Platnick, 2019).
A segurança do tratamento com óleos a base de Cannabis spp. em felinos
domésticos foi descrita por kulpa et al em 2021 em um ensaio onde foram testadas
diferentes formulações para avaliar a tolerabilidade e segurança no tratamento. Foram
utilizados três tipos de óleos de CBD isolado, THC isolado e full espectrum na proporção
CBD 1,5: THC 1. Foram aumentadas as doses 11 vezes até atingir as máximas de 30,5
mg/kg para o CBD isolado, para o óleo de THC foi constatada a dose máxima de 41,5
mg/kg e para o óleo contendo ambos canabinóides na proporção 13,0:8,4 mg/kg
CBD:THC. Não houve efeitos adversos (EA) graves em relação ao uso de canabinoides
em gatos, assegurando o tratamento (KULPA, et al 2021)..
Em 2023 houve outro estudo publicado por Rozental e colaboradores, onde foram
testadas doses únicas de CBD isolado em seis tempos em gatos saudáveis. As doses
foram escalonadas em 2.5, 5, 10, 20, 40, e a última em 80 mg/kg administradas de forma
25
oral em veículo de óleo de girassol. Foram avaliados pontuações de comportamento,
hemograma, bioquímicos, exame físico e neurológico e níveis de CBD no plasma
sanguíneo antes e depois de cada administração. Houve diferença estatística nas
concentrações de ureia e creatinina vinte e quatro horas após a aplicação, acarretando na
diminuição das mesmas. Não foram constatados efeitos adversos significativos em
nenhuma dose (ROZENTAL, et al 2023).
Ambos os estudos demonstram EA mínimos em relação aos efeitos terapêuticos.
O EA mais relatado segundo literatura são efeitos gastrointestinais como diarreia e
vômitos, entretanto o ensaio controlado por placebo de Kulpa et al atribuiu este EA o
veículo oleoso e não aos canabinóides em si.

1.1.8 Canabinoides e sua relação com Sistema Renal e Trato Urinário

De acordo com o estudo transversal realizado por Xingpeng Di e colaboradores


(2023), que entrevistou mais de 14 mil participantes humanos para correlacionar o uso
recreativo de cannabis com a formação de cálculo renal. A população do estudo foram
adultos com idades de 20-59 anos, que consentiram em responder o questionário
autorelatado do estudo para a equipe multidisciplinar e treinada. Foram utilizados dados
National Health and Nutrition Examination Survey (NHANE) de 2009 - 2018 para
representar a média da população dos Estados Unidos da América em números e
co-variaveis foram levadas em consideração; como histórico de doenças, raça, idade,
peso, sexo, atividade fisíca, habito de fumar cigarro, diabetes tipo 2, doença coronariana,
hipertensão e presença de cálculos renais. Após a inclusão e exclusão, foi realizada a
homogenização dos dados e realizado comparativo com os candidatos selecionados,
onde foram aplicados os questionários. O estudo sugeriu que o uso de cannabis se
mostrou inversamente proporcional à formação de cálculos em sistema urinário de
pessoas do sexo masculino que faziam uso recreativo de uma a seis vezes por semana.
. O mecanismo de ação não está completamente elucidado. Entretanto Myriam Dao
& Helene François (2021) descrevem a participação dos receptores CB1 e CB2 em todo
sistema renal e urinário para regulação hemodinâmica e homeostática. O receptor mais
proeminente no sistema renal é o CB1, sendo expresso em diversas células, incluindo na
26
vasculatura, onde contribui diretamente para a regulação hemodinâmica renal. (Dao &
François, 2021).
Segundo Vollmer et at, o uso crônico de D9-THC é capaz de aumentar a produção
de urina, diminuir frequência cardíaca e pressão arterial. Tanto em humanos como
animais. Para Varga e colaboradores (1995) este fenômeno se dá pela resposta trifásica
envolvendo uma queda da pressão arterial mediada por estímulo ao vaso vagal (fase I).
seguida por um breve pressor (fase II) e finalmente chegando ao efeito hipotensor
prolongado (fase III). Múltiplos mecanismos parecem estar envolvidos, tanto centrais
como cardiovasculares do tronco cerebral e hipotálamo e sistema vascular periférico (Dao
& Françoais, 2021.)
Dados imunohistoquímicos qualitativos e moleculares quantitativos revelam a
expressão de receptores CB1 e CB2 em detrusor da VU humana e urotélio, sendo
funcionais e servindo até como alvo terapêutico. (Tyagi et al, 2009). Estudos em
camundongos demonstraram que a aplicação de canabinóides pode aumentar a produção
de urina sem afetar a excreção de potássio e cloro (CHOPDA et al, 2013). Além disso, a
aplicação de CBD exerce papel antiinflamatório e antioxidante (ATALAY et al, 2019).
Pacientes humanos acometidos por esclerose múltipla relatam que os extratos
derivados da planta Cannabis Sativa spp. são capazes de aliviar sintomas neurogênicos
refratários, reduzindo incontinência urinária e melhorando o controle de V.U. (KAVIA et al,
2010; FANTUS et al, 2019 DI et al; 2023).
De acordo com Fantus e colaboradores (2018) o THC e outros canabinóides são
terapias alternativas que demonstraram ser eficazes no tratamento de DTUI em humanos
acometidos por esclerose múltipla e cistite intersticial, atuando como antiinflamatório,
analgésico e indutor do sono. O estudo se baseou no banco de dados do NHANES dos
anos 2005 -2008 para se obter a média nacional dos EUA sobre doença do trato urinário
inferior de homens de 20-59 anos. Foram entrevistados 3 mil participantes, destes 14%
(447) declaram ter usado a forma fumada de canabinóides possuindo THC, foram
aplicados questionários e realizada análise estatística. Após a correlação dos dados com
as implicações dos sintomas de DTUI e o uso de THC foram obtidos os resultados; onde
homens que fazem uso regular de THC são menos propensos a sintomas isolados de
DTUI, ou a cistite intersticial. Entretanto parece haver uma correlação entre DTUI e
obesidade e diabetes.
No ano de 2012 Wang e sua equipe conduziu um ensaio pré-clínico com
camundongos para a ativação de CB2 na cistite intersticial induzida. Foi demonstrado que
27
os canabinóides exercem efeitos analgésicos e antiinflamatórios, e os efeitos dos
canabinóides são mediados principalmente por CB1 e CB2, ambos se fazem presentes
em V.U.de várias espécies de mamíferos, incluindo humanos, macacos e roedores, e
parece que o CB2 é altamente expresso em células uroteliais. Para o estudo experimental
foram utilizado os animais; camundongos fêmeas C57BL / 6NH (10 a 12 semanas de
idade), divididos em dois grupos. Grupo um que recebeu injeção de acreolína na V.U.
capaz de induzir uma cistite moderada e uma obstrução uretral parcial e o grupo dois que
recebeu injeção de solução salina a 0,9% para controle do experimento. Foram realizados
testes de nocicepção periférica, avaliação histológica da cistite, isolamento da proteína do
urotélio, Análise semi-quantitativa de imunotransferência. e por fim Tratamento com
agonista e antagonista de CB2 e inibidor de fosforilação de ERK. O agonista seletivo de
CB2 (GP1a) e o antagonista seletivo de CB2 (AM630) foram obtidos da Tocris (Bristol,
Reino Unido). Por fim, conclui-se que CB2 é um potencial alvo terapêutico por estar
presente no urotélio para o tratamento da inflamação e dor em V.U.
Em 2017 Nedumaram e colaboradores avaliou a presença de biomarcadores
presentes na urina de usuários de Cannabis (humanos) em relação a não usuários a
partir de um banco de amostras, sendo feita a separação entre dois grupos: usuários
regulares de cannabis e não-usuários saudáveis. Foram realizadas análises de mapa de
calor, dendograma, via e rede foram realizadas para avaliar o grau de expressão e as
possíveis relações entre proteínas em ambos os grupos. Entretanto uma das limitações
do estudo é a impossibilidade de delimitar a quantidade de canabinóides presentes na
amostra, devido a origem das mesmas e por não ser um estudo com dose controlada.
Devido a extensão dos efeitos psicotrópicos dos fitocanabinoides sistêmicos, as
estratégias terapêuticas tendem a se especificar para atuar em órgãos e tecidos
localmente. No caso da V.U. a administração local de medicamentos pode ser realizada
pela via vesical. Portanto, a análise detalhada da urina de usuário de cannabis é
importante para identificar vias de sinalização da V.U. afetadas por substâncias
canabinóides exógenas (NEDUMARAM et al, 2017).
Dentre as amostras foram analisadas 1337 proteínas, dentre estas 19
apresentaram modificações induzidas pelo uso crônico de derivados da cannabis sativa
spp. vale destacar o papel da: Uromodulina. A Uromodulina inibe a agregação de cristais
de oxalato de cálcio e fornece uma defesa contra infecções do TUI devido a sua atividade
microbiana, portanto a sua regulação positiva em usuários pode demonstrar papel
uroprotetor dos exocabinoides em inflamação e/ou infecções do TUI. Além disso, outras
28
vias parecem estar envolvidas em funções fisiológicas como vasodilatação,
termorregulação, contração e relaxamento do músculo liso, indução e manutenção do
sono, regulação da resposta imune e modulação da nocicepção.
Os resultados sugeriram que o uso regular de cannabis está associado a
alterações significativas em um número de peptídeos urinários, com grande número de
proteínas presentes ou ausentes apenas em usuários de Cannabis. As análises da via
demonstraram um aumento da resposta imunológica em usuários de cannabis em
comparação com controles. Este estudo indicou potencialmente a ativação (ou inibição)
de vias de sinalização específicas no trato urinário inferior durante a exposição crônica a
canabinoides exógenos. Sendo os derivados da Cannabis sativa boa opção para o
desenvolvimento de opções terapêuticas atuando como aines, analgésico, modulador de
humor, . (Neumaran, et al 2017).

1.2 Justificativa

Há grande ocorrência de CIF na sua forma obstrutiva é cosmopolita e infere de


raças, sendo uma emergência recorrente na rotina clínica veterinária que se não for
revertida com urgência o paciente poderá evoluir para óbito. Entretanto, o que causa o
número massivo de reincidências é a carência de tratamento eficiente para CIF.
Sabendo que é uma síndrome complexa que envolve mecanismos inflamatórios,
causa grande algia e desconforto, além de ser um processo estressor para o paciente que
acaba afetando todo seu bem-estar animal (BEA).
O tratamento convencional com aines, opióides, glicocorticoides, antibióticos,
antieméticos e em alguns casos antidepressivos, podem acarretar a efeitos colaterais
gástricos, hepáticos e renais, logo urge a necessidade de novos tratamentos que sejam
mais eficazes e gerem menos efeitos colaterais.
A dor proveniente da inflamação da CIF é de alta incidência em gatos jovens e
possui evidências científicas crescentes que apoiam o potencial analgésico e anti-
inflamatório dos canabinóides para o tratamento desta doença em humanos,
O SEC está envolvido em todos os tecidos e órgãos, tendo receptores específicos
em SNC, SNP e órgãos responsáveis pelo sistema renal e urinário. Neste contexto
espera-se que uso de canabinóides possa ser empregado como; modulador do estresse e
29
ansiedade, gerando alívio da dor em VU, diminuição da inflamação, aumentando diurese,
aumentando relaxamento de músculo liso, atuando como indutor do sono, incrementando
o apetite e diminuindo a apatia., aumentando a ingestão hídrica, aumentando a interação
com o ambiente.

1.3 Pergunta norteadora

O uso de canabinoides de maneira crônica ajudará na prevenção da recidiva da


obstrução de gatos acometidos pela CIF?

1.4 Hipótese

Para H1: A expectativa é de que com a administração de canabinoides, haja


diminuição na recidiva do processo de obstrução uretral.
Adjunto da melhora clínica da dor e inflamação nos pacientes, detectadas através
do uso das escalas de dor aplicadas pelo veterinário e em entrevista com o tutor e de
dosagem de citocinas inflamatórias. Estende-se a expectativa para que a administração a
médio prazo do extrato de Cannabis tenha baixo índice de efeitos adversos.
Para H0: O uso de canabinóides não tem efeito sobre a recidiva do processo de
obstrução uretral em gatos.
30
2 OBJETIVOS
2.1 Geral

● Avaliar o efeito terapêutico global e a segurança do uso de diferentes formulações


de óleos à base de cannabis medicinal. Para o tratamento de gatos domésticos
acometidos por CIF apresentando obstrução uretral.

2.2 Específicos

● Avaliar a recidiva de obstrução uretral em gatos acometidos por CIF após 6 meses
de tratamento com canabinóides.
● Avaliar a dor pós operatória com o uso de canabinoides com auxílio das escalas:
Glasgow, Grimace e Multimodal.
● Avaliar o comportamento em relação ao estresse de gatos sob tratamento com
canabinoides;
● Avaliar o BEA em gatos tratados com canabinoides;
● Investigar alterações hematológicas com o uso de canabinoides;
● Investigar alterações nas funções hepáticas e renais em gatos tratados com
canabinoides;

● Quantificar biomarcadores inflamatórios


31
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Desenho experimental
3.1.1 Metodologia

Estudo será um ensaio clínico, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo,


com duração de 120 dias sendo um total de 3 grupos Grupo 1: com tratamento
convencional envolvendo as drogas disponíveis na rotina veterinária como
antiinflamatório, opióides, antieméticos, benzodiazepinicos entre outros a depender da
sintomatologia apresentada pelo paciente. Grupo 2 com oléo integral (full spectrum) rico
em CBD 5mg/kg e o Grupo 3 com óleo integral (full spectrum) equilibrado na proporção
CBD: THC (1:1) 5mg/kg.

Os pacientes serão reavaliados no período de seis meses subsequentes à


desobstrução primária, nos tempos: 0, 30, 60, 90, 120 e 180 para acompanhamento
clínico e avaliação de possíveis recidivas.

3.1.2 Cenário de Pesquisa

O estudo será realizado no Campus Jardim Universitário da Universidade Federal


da Integração Latino-Americana (UNILA), no laboratório de Cannabis Medicinal e Ciência
Psicodélica (LCP), e no Hospital Veterinário PopVet, na cidade de Foz do Iguaçu, Paraná.

3.1.3. Critérios de Inclusão

● Pacientes que passaram pelo procedimento de desobstrução;


● Ter idade entre 1 e 5 anos;
● Ter peso acima de 3 kg e menos de 10 kg;
● Os tutores precisam concordar, de forma voluntária, que seu gato doméstico
ingresse no estudo através da assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE).
● Animais castrados;
32
● Gatos machos.

3.1.4 Critérios de Exclusão

● Pacientes com de distúrbios neurológicos;


● Paciente com injúria renal crônica ou insuficiência hepática;
● Utilização de gabapentina há mais de seis meses;
● Animais de difícil manipulação e/ou administração de medicamentos;
● Gatos não domiciliados e/ou com acesso a rua.

3.1.5 Seleção e Randomização dos pacientes

Os gatos selecionados para o estudo serão randomizados na proporção de 1:1


para três grupos experimentais com um n de 10 indivíduos cada, sendo um n total de 30
participantes, tratados durante 180 dias, conforme segue:
1. Grupo 1: Óleo rico em CBD 5mg/kg
2. Grupo 2: Óleo equilibrado 1:1 THC/CBD (5 mg/kg)
3. Grupo 3: Tratamento convencional pode ser feito com as seguintes classe
medicamentosas; benzodiazepínicos, Aines, glicocorticóides, opiáceos, a depender da
sintomatologia apresentada pelo paciente.

.
3.1.6 Avaliação Veterinária de Nível de Consciência pela Escala de Glasgow modificada
para felinos

A Escala de Glasgow para felinos (ANEXO 1) é uma ferramenta utilizada por


veterinários para avaliar o estado neurológico de um gato em resposta a um trauma ou
outra condição médica.
A observação e interação com o paciente nesta etapa consiste em uma escala
numérica que vai de 0 a 20, quanto menor a nota pior o quadro clínico do paciente, sendo
composta por sete questões divididas em três etapas. Em resumo, a escala auxilia a
classificar nível de consciência do paciente, interação com ambiente e desconforto
33
provocado por dor. O uso desta escala é rotineiro na emergência veterinária, pois é de
fácil e rápida aplicação.
A mensuração pela escala de glasgow será feita em cinco tempos: 0, 2, 12 e 24
horas pós operatório e também na consulta de retorno com 30, 60 e 90 dias de
pós-operatório. Deve ser realizada pelo médico veterinário responsável.

3.1.7 Avaliação Veterinária de dor pós-operatória pela escala multimodal para felinos
UNESP

A avaliação veterinária ocorrerá de forma aguda dentro das 24 horas de


pós-operatório. Para mensuração de dor pós-operatória será utilizada a Escala
multidimensional da UNESP-Botucatu (ANEXO 2) para avaliação de dor aguda
pós-operatória em gatos (BRONDANI et al, 2013).
A escala é subdivididasubdivida em quatro tópicos, onde cada um obtem-se uma
pontuação de 0 -30 , ao final deve-se fazer a somatória dos pontos. Quanto mais pontos
maior a dor do animal.
Subescala 1: ALTERAÇÃO PSICOMOTORA (0-15)
Postura; Conforto; Atividade; Atitude; Miscalênia de comportamentos
Subescala 2: PROTEÇÃO DA ÁREA DOLOROSA (0-6)
Reação à palpação da ferida cirúrgica; Reação à palpaçãodo abdome/flanco
Subescala 3: VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS (0-6)
Pressão arterial; Apetite.
Subescala 4: EXPRESSÃO VOCAL DA DOR (0-3)
Vocalização
A avaliação ocorrerá em quatro tempos: 0, 2, 12 e 24 horas após a aplicação dos
canabinóides. Será aplicada pelo médico veterinário responsável.

3.1.8 Avaliação de BEA com a escala de Grimace para Felinos

A verificação da dor através do comportamento e demonstrações faciais será feita


com a escala de Grimace (ANEXO 3). Este é um método desenvolvido para avaliação em
animais que tem se mostrado eficiente para estabelecer a avaliação da dor através da
expressão facial e foi desenvolvida e validada em várias espécies animais.
34
A Feline Grimace Scale diferencia gatos com dor ou sem dor através da posição de
olhos, orelhas, lábios, orofacial, posição e comportamento animal. Essa escala é utilizada
na rotina clínica para avaliação da dor aguda em gatos hígidos e gatos acometidos por
diversas patologias. A avaliação da dor deve ser realizada baseando-se em cada caso
particular (EVANGELISTA et. al, 2019).
Cada um desses parâmetros recebe uma pontuação, e a soma total das
pontuações fornece uma indicação do nível de dor percebido pelo gato. A Feline Grimace
Scale tem se mostrado uma ferramenta útil e sensível para avaliar a dor em gatos,
auxiliando os veterinários na adaptação de protocolos de manejo da dor.
A escala é intuitiva e ilustrada com figuras e exemplos de expressão facial,
adaptada pela Universidade de Montreal, em 2019, e possui um aplicativo para celular
para auxiliar médicos veterinários na rotina clínica e tutores.
A mensuração será realizada pelo médico veterinário nos tempos 0, 1 e 30 dias
após o procedimento.
Os tutores também avaliarão seus animais com uma escala de grimace adaptada
uma vez na semana (ANEXO 4) durante os 30 dias pós-operatório, estes receberam
orientações sobre a escala e também a mesma impressa com as respectivas figuras.

3.1.9 Tratamento e Posologia

Todos os pacientes que serão selecionados para esse estudo, caso estejam
utilizando alguma terapia farmacológica ou não farmacológica para o tratamento
causados pela sintomatologia recorrente e/ou secundária a CIF, terão essas terapias
mantidas durante todo esse ensaio clínico. O acompanhamento e responsabilidade sobre
essas terapias previamente utilizadas ao ensaio clínico é de responsabilidade dos
profissionais que as prescreveram ou indicaram, ou seja, este ensaio não acompanhará e
tampouco se responsabilizará pelas possíveis terapias prévias dos pacientes. A equipe
responsável executora do ensaio clínico será responsável apenas pelo tratamento
experimental deste ensaio clínico ( placebo e extrato de Cannabis Sativa spp ).
O ensaio será realizado em quatro tempos ou etapas: a etapa zero (E0) triagem de
animais, avaliação clínica e física dos animais, coleta de amostra biológica (sangue) para
hemograma e bioquímicos. A Etapa 1 (E1) ocorrerá a randomização dos animais e
preparação dos extratos com veículo oleoso, essa fase será destinada também para
35
coleta de dados de modo basal, Início do tratamento com cannabinoides em ambiente
hospitalar, sendo a primeira dose imediatamente pós recuperação anestésica. A etapa
dois (E2) terá uma duração de 90 dias e se dará durante o tratamento com
fitocanabinoides, e por último, a etapa três (E3) posterior à suspensão da administração
dos medicamentos e coleta de exames em 30 dias.
Durante a E2 os animais receberão o composto de canabinoides por via oral duas
vezes ao dia, será administrado pelo tutor responsável pelo paciente. Após os 90 dias
com o tratamento em questão inicia-se a E3, onde o tratamento é suspenso e os animais
serão reavaliados em 30 dias após a suspensão do uso.

3.1.10. Análise de Amostras biológicas para exames Hemograma e bioquímicos

A avaliação de valores hematológicos será realizada de acordo com o Diagnóstico


e citológico e hematologia de cães e gatos, CORWELL, R.L. et al, 2021).Para os exames
de hemograma e bioquímicos será feita a coleta de sangue pela veia cefálica ou jugular
com auxílio de um cateter, scalp ou agulha.
Para exames hematológicos a coleta será feita em tubos contendo ácido
etilenodiamino tetra acético (EDTA) ou heparina, sendo homogeneizados. O exame
hematológico será realizado no período máximo de 24 horas após a coleta. Sendo
confeccionada uma lâmina de conferência.
Ocorreram quatro coletas durante o estudo: uma antes do início do tratamento
(E0), durante o estudo (E1), durante o tratamento (E2) e outra 30 dias após o
tratamento com fitocanabinoides (E3).

3.1.11. Segurança no tratamento

Em 2021 Kulpa e colaboradores realizaram um estudo denominado segurança e


tolerabilidade de doses crescentes de canabinoides em gatos saudáveis. O estudo
randomizado duplo-cego contou com três formulações diferentes de compostos
canabinóides, onde um era com alto teor de CBD, o segundo com alto teor de THC e o
último óleo equilibrado entre CBD e THC, também foram utilizados dois óleos placebos.
36
Os efeitos adversos (EA) foram quantificados como leves, não houve nenhum EA
moderado ou grave. As principais alterações clínicas foram no sistema gastrointestinal,
respiratório e neurológico 24 horas após a primeira dose. Para Rozental et al publicado
em 2023, testou outro veículo, o óleo de girassol, onde não foram observados efeitos
adversos gastrointestinais.

3.1.12. Procedimento de Segurança

Embora não se espere algum efeito adverso relevante, nossa equipe tomará todos
os procedimentos e/ou protocolos necessários para qualquer caso de eventos adversos
ou peculiares que possam ocorrer.
Haverá acompanhamento do hospital veterinário 24h, disponível para quaisquer
efeitos indesejados. Descritos em literatura, tais como: ataxia, alterações gastrointestinais,
sialorréia, andar cambaleante, ansiedade, aumento do apetite, letargia, sonolência (Kulpa
et al, 2021. Deabolt et al, 2019. Banach & Ferrero, 2023. Rozental et al, 2023).
Em caso de efeitos adversos o tratamento com fitocanabinoides o extrato será
imediatamente suspenso e os animais serão avaliados e monitorados até a cessar dos
mesmos. O Hospital Veterinário dispõe de equipamento veterinário de qualidade e toda a
estrutura hospitalar para suporte veterinário durante o estudo.

3.1.13. Analise de dados

Ao final do estudo serão elaborados gráficos e tabelas para análise estatística dos
dados obtidos através do programa GraphPad Prisma. Os dados serão organizados e
processados para serem expressos como média e erro-padrão da média e em
porcentagem. Serão analisados por Teste “t” de Student não pareado ANOVA unifatorial
ou bifatorial. seguido do test de Bonferroni ou Newman-Keuls, para mais de duas
amostras e pelo teste “t “ de student. para análise de duas amostras, sendo os resultados
considerados significativos quando apresentarem valores p <0,05.
37
3.1.13. Resultados esperados

Espera-se que com a administração de canabinoides haja diminuição na recidiva


da obstrução uretral e diminuição dos sintomas adjacentes da CIF, também espera-se
melhora clínica do estresse corroborando com melhora do BEA e comportamento animal.
Nos exames bioquímicos que ocorra a diminuição nos níveis de uréia e creatinina.
Aumento do apetite para melhor aceite de alimentação específica para gatos com
problemas urinários.
Diminuição da inflamação e auxílio analgésico.
38
4 FINANCIAMENTO

O presente trabalho conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento


Científico e Tecnológico (CNPq), bolsa/financiamento do Programa Institucional de Bolsas
de Pós-Graduação (PIBPG).
This Study is financed in part by the National Council For Scientific and Tecnological
Development - Brazil (CNPQ), financed by Institutional Postgraduate Scholarship Program
(PIBPG).
Este trabajo cuenta con el apoyo del Consejo Nacional de Desarrollo Cientifico y
Tecnológico - Brasil (CNPq), beca del Programa Institucional de Becas de post-grado
(PIBPG).
39

5 CRONOGRAMA

O presente cronograma delineia as atividades previstas para o desenvolvimento do


projeto de mestrado intitulado " Avaliação da eficácia do tratamento com fitocanabinoides
na cistite idiopática de felinos pós desobstrução uretral”.
Ressalta-se que este cronograma está sujeito a ajustes conforme necessário e
será submetido ao Comitê de Ética antes do início das etapas que envolvam pesquisa
com animais, conforme planejamento na Tabela 1.

Tabela 1. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES


Atividade 1º semestre 2º semestre 3º semestre 4º semestre
Disciplinas x x
obrigatórias
Disciplinas eletivas x x
Redação do plano x
de dissertação
Exame de x
qualificação
Estágio de x
docência
Atividades x
complementares
Coleta de dados x
Redação do artigo x
e da dissertação
Submissão de x
artigo
Defesa da x
dissertação
Relatório semestral x x x x
de atividades
Fonte: da Autora, 2024.
40
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52
53
ANEXOS4
Anexo 1. Escala de Glasgow modificada para felinos

A. Inspecione o gato no gatil. Escore AV.1 AV.2 AV.3 AV.4 AV.5


Ele está:

Calmo 0

Latindo ou 1
(I) lamentando

Gemendo 2

Uivando 3

Ignorando a ferida 0
ou região dolorida
B.
(II) Olhando para a 1
ferida

Lambendo a ferida 2

Esfregando a ferida 3

Mordendo a ferida 4

Coloque a guia no paciente e o conduza para fora do canil. O Paciente caminha/levanta:


Normal 0

Claudicando 1
(III)
Lento ou 2
relutante

Rígido 3

Recusa-se a 4
mover

C. Aplique leve pressão ao redor da ferida. Qual a reação?

Nenhuma 0

4
54

Olha ao redor 1
(IV)
Recua 2

Rosna ou 3
protege a área

Morde 4

Late 5

D. Em geral. O paciente se apresenta:

Feliz e 0
contente/animado
Nenhuma

Quieto 1

Indiferente ou não 2
responsivo ao
(V) ambiente

Nervoso ou 3
ansioso ou
temeroso

Deprimido ou não 4
responsivo à
estimulação

Confortável 0

Morde 1

Instável 2
(V)
Agitado 3

Encurvado ou 4
tenso

Rígido 5

Fórmula para cálculo de Escore Total (I+II+III+IV+V+VI):

Fonte: Fossum, 2014..


55
Anexo 2 – Escala multimodal para avaliação de dor UNESP-BOTUCATU

Subescala 1: ALTERAÇÃO PSICOMOTORA (0 – 15)

O gato está em uma postura considerada natural para a


espécie e com seus músculos relaxados (ele se movimenta 0
normalmente).

O gato está em uma postura considerada natural para a


espécie, porém seus músculos estão tensos (ele se movimenta 1
pouco ou está relutante em se mover).
Postura
O gato está sentado ou em decúbito esternal com suas costas
arqueadas e cabeça abaixada; ou o gato está em decúbito 2
dorsolateral com seus membros pélvicos estendidos ou
contraídos.

O gato altera frequentemente sua posição corporal na tentativa 3


de encontrar uma postura confortável.

O gato está confortável, acordado ou adormecido, e receptivo


quando estimulado (ele interage com o observador e/ou se 0
interessa pelos arredores)

O gato está quieto e pouco receptivo quando estimulado (ele


interage pouco com o observador e/ou não se interessa muito 1
pelos arredores).
Conforto
O gato está quieto e “dissociado do ambiente” (mesmo se
estimulado ele não interage com o observador e/ou não se 2
interessa pelos arredores). O gato pode estar voltado para o
fundo da gaiola.

O gato está desconfortável, inquieto (altera frequentemente a 3


sua posição corporal) e “dissociado do ambiente” ou pouco
receptivo quando estimulado. O gato pode estar voltado para o
fundo da gaiola.

O gato se movimenta normalmente (se mobiliza prontamente


quando a gaiola é aberta; fora da gaiola se movimenta de 0
forma espontânea após estímulo ou manipulação).

O gato se movimenta mais que o normal (dentro da gaiola ele


se move continuamente de um lado a outro). 1

Atividade O gato está mais quieto que o normal (pode hesitar em sair da
gaiola e se retirado tende a retornar; fora da gaiola se 2
movimenta um pouco após estímulo ou manipulação).

O gato está relutante em se mover (pode hesitar em sair da 3


gaiola e se retirado tende a retornar; fora da gaiola não se
56

movimenta mesmo após estímulo ou manipulação).


Observe e assinale a presença dos estados mentais listados abaixo:

A - Satisfeito: O gato está alerta e interessado no ambiente A


(explora os arredores); amigável e interagindo com o
observador (brinca e/ou responde a estímulos).
* O gato pode inicialmente interagir com o observador por meio
de brincadeiras para se distrair da dor. Observe com atenção
para diferenciar distração, de brincadeiras de satisfação.

B - Desinteressado: O gato não está interagindo com o B


observador (não se interessa por brincadeiras ou brinca um
pouco; não responde aos chamados e carinhos do
observador).* Nos gatos que não gostam de brincadeiras, avalie
a interação com o observador pela resposta do gato aos
chamados e carinhos.

C - Indiferente: O gato não está interessado no ambiente (não C


está curioso; não explora os arredores). * O gato pode
inicialmente ficar receoso em explorar os arredores. O
Atitude observador deve manipular o gato (retirá-lo da gaiola e/ou
alterar sua posição corporal) e encorajá-lo a se movimentar.

D - Ansioso: O gato está assustado (tenta se esconder ou D


escapar) ou nervoso (demonstra impaciência e geme ou rosna
ou sibila ao ser acariciado e/ou quando manipulado).

E - Agressivo: O gato está agressivo (tenta morder ou arranhar E


ao ser acariciado e/ou quando manipulado).

Presença do estado mental A. 0

Presença de um dos estados mentais B, C, D ou E. 1

Presença de dois dos estados mentais B, C, D ou E. 2

Presença de três ou de todos os estados mentais B, C, D ou E. 3


57

Observe e assinale a presença dos comportamentos listados abaixo:

A - O gato está deitado e quieto, porém movimenta a A


cauda.

B - O gato está contraindo e estendendo os membros B


pélvicos e/ou o gato está contraindo os músculos
abdominais (flanco).

C - O gato está com os olhos parcialmente fechados C


(olhos semicerrados).
Miscelânea de
comportamentos D - O gato está lambendo e/ou mordendo a ferida D
cirúrgica.

Todos os comportamentos acima descritos estão ausentes 0

Presença de um dos comportamentos acima descritos. 1

Presença de dois dos comportamentos acima descritos. 2

Presença de três ou de todos os comportamentos acima 3


descritos

Subescala 2: PROTEÇÃO DA ÁREA DOLOROSA (0 – 6)

O gato não reage quando a ferida cirúrgica é tocada e quando


pressionada; ou não altera a sua resposta pré-operatória (se 0
avaliação basal foi realizada).

O gato não reage quando a ferida cirúrgica é tocada, porém ele


Reação à reage quando pressionada, podendo vocalizar e/ou tentar 1
palpação da morder.
ferida
cirúrgica O gato reage quando a ferida cirúrgica é tocada e quando
pressionada, podendo vocalizar e/ou tentar morder 2

O gato reage quando o observador se aproxima da ferida 3


cirúrgica, podendo vocalizar e/ou tentar morder. O gato não
permite a palpação da ferida cirúrgica.

O gato não reage quando o abdome/flanco é tocado e quando


pressionado; ou não altera a sua resposta pré-operatória (se 0
avaliação basal foi realizada). O abdome/flanco não está tenso

Reação à O gato não reage quando o abdome/flanco é tocado, porém ele


palpação do reage quando pressionado. O abdome/flanco está tenso. 1
abdome/
flanco O gato reage quando o abdome/flanco é tocado e quando
pressionado. O abdome/flanco está tenso. 2
58

O gato reage quando o observador se aproxima do 3


abdome/flanco, podendo vocalizar e/ou tentar morder. O gato
não permite a palpação do abdome/flanco.

Subescala 3: VARIÁVEIS FISIOLÓGICAS (0 – 6)

0% a 15% acima do valor pré-operatório.


0

16% a 29% acima do valor pré-operatório.


Pressão 1
arterial
30% a 45% acima do valor pré-operatório.
2

> 45% acima do valor pré-operatório. 3

O gato está comendo normalmente.


0

O gato está comendo mais que o normal.


Apetite 1

O gato está comendo menos que o normal


2

O gato não está interessado no alimento 3

Subescala 4: EXPRESSÃO VOCAL DA DOR (0 – 3)

O gato está em silêncio; ou ronrona quando estimulado; ou mia


interagindo com o observador; porém não rosna, geme ou 0
sibila.

Vocalização O gato ronrona espontaneamente (sem ser estimulado ou


manipulado pelo observador). 1

O gato rosna ou geme ou sibila quando manipulado pelo


observador (quando a sua posição corporal é alterada pelo 2
observador).

O gato rosna ou geme ou sibila espontaneamente (sem ser 3


estimulado e/ou manipulado pelo observador).
ESCORE TOTAL (0 – 30)

Diretrizes para o uso da escala


59

Inicialmente observe o comportamento do gato sem abrir a gaiola. Verifique se ele está em
descanso (decúbito ou sentado) ou em movimento; interessado ou desinteressado no ambiente;
em silêncio ou vocalizando. Examine a presença de comportamentos específicos (item
“miscelânea de comportamentos”).

Abra a gaiola e observe se o animal prontamente se movimenta para fora ou hesita em sair.
Aproximese do gato e avalie sua reação: amigável, agressivo, assustado, indiferente ou
vocaliza. Toque no gato e interaja com ele, observe se está receptivo (se gosta de ser acariciado
e/ou demonstra interesse por brincadeiras). Se o gato hesitar em sair da gaiola, incentive-o a se
mover por meio de estímulos (chamando-o pelo nome e acariciando-o) e manipulação
(alterando sua posição corporal e/ou retirando-o da gaiola). Observe se fora da gaiola o gato se
movimenta espontaneamente, ou de forma reservada ou reluta em se mover. Ofereça alimento
palatável e observe sua resposta.*

Para finalizar, coloque gentilmente o gato em decúbito lateral ou esternal e registre a pressão
arterial. Observe a reação do animal quando o abdome/flanco é inicialmente tocado (apenas
deslize os dedos sobre a área) e na sequência gentilmente pressionado (aplique com os dedos
uma pressão direta sobre a área). Aguarde alguns minutos, e execute o mesmo procedimento
para avaliação da reação do gato à palpação da ferida cirúrgica.

* Para a avaliação do apetite no pós-operatório imediato, inicialmente ofereça uma pequena


quantidade de alimento palatável (por exemplo, ração úmida enlatada) logo após a recuperação
anestésica. Neste momento a maioria dos gatos irá comer normalmente, independente da
presença ou ausência de dor. Aguarde um pequeno período, ofereça alimento novamente e
observe a reação do animal.

.Fonte: Universidade Estadual Paulista, UNESP- Botucatu, 2013..


60
Anexo 3 – Escala de Grimace para Felinos

Fonte: Colorado State University, 2019.


61
Anexo 4 – Escala de Grimace para Felinos versão para tutores

Fonte: Colorado State University, 2019.

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