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Uma dieta adequada é aquela que fornece os nutrientes suficientes para o indivíduo de acordo
com as necessidades dele naquele momento. Cada fase, condição de saúde, atividade e
circunstância fisiológica exige ajustes na alimentação.
A alimentação equilibrada é um dos fundamentos da nossa saúde. É ela que fornece todos os
nutrientes na quantidade, qualidade e proporção adequadas ao organismo. No entanto,
nenhum alimento é completo, ou seja, não tem todos os nutrientes em quantidades
suficientes. Por isso, para se obter uma dieta equilibrada, nossa alimentação tem que ser
variada.
Mesmo assim, equilibrar a dieta não é o bastante. Nossa alimentação precisa se ajustar ao
gosto, à personalidade, às tradições familiares e culturais, ao estilo de vida e ao orçamento de
cada pessoa. Refeições bem planejadas, além de atender às necessidades nutricionais e de
energia de cada indivíduo, devem ser fontes de prazer físico e espiritual.
Restrição Proteica
A quantidade, o tipo e o momento no qual a restrição proteica deve ser realizada encontram-
se na Tabela 1. Não existem evidências do benefício da restrição proteica para pacientes com
taxa de filtração glomerular (TFG) acima de 60 ml/min, sendo assim recomendado apenas não
evitar o excesso do consumo de proteínas (0,8 a 1,0 g/kg/dia). Quando, porém, a TFG é inferior
a 60 ml/min a restrição deve existir, de acordo com a Tabela 1.
Diabéticos com controle 0,8 g/kg/dia (50 a 60% de proteína de alto valor biológico)
glicêmico inadequado
Fonte: Adaptado de MITCH, W. E.; KLAHR, S. Handbook of nutrition and the kidney. 3 ed., Philadelphia,
Lippincott-Raven, 1998, 384 p.
A dieta é mais restritiva no tratamento conservador, porém não quer dizer que necessita ser
monótona e sem variedades. Para tal, receitas adaptadas são ótimas opções para melhorar a
qualidade dos pacientes nessa fase do tratamento. Pensando nisso, alguns profissionais da
saúde elaboraram alguns livros de receitas adaptadas para pacientes com doença renal, como
demonstrado na receita abaixo.
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Ingredientes Massa
Ingredientes Recheio
Lave e pique a verdura bem fina, coloque-as em uma panela com água suficiente para cobrir,
deixe ferver, escorra a água do cozimento e reserve. Repita o procedimento para a salsa, a
cebolinha e a hortelã em panelas separadas. Reserve também. Misture a verdura cozida, a
salsa, a cebolinha, a hortelã, a uva passa, as nozes, o limão e a pimenta. Coloque um pouco de
azeite. Deixe escorrer bem a água antes de rechear. Abra a massa fina e corte com uma xícara.
Coloque o recheio e feche três lados, formando um triangulo. Disponha as esfihas em
assadeira untada em óleo. Pincele um pouco de óleo sobre cada uma para dourar e leve ao
forno quente (200°C).
Fonte: Livro a Comida que Trata – Receitas para quem tem Doença Renal. Tzanno, C.; Biavo, B.M.M.;
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Recomendação de Proteínas
Estima-se que cerca de 1,2 g/kg/dia de proteína é necessário para promover balanço
nitrogenado neutro ou positivo na maioria dos pacientes clinicamente estáveis em HD (Tabela
3), para evitar depleção do estado nutricional. Já pacientes em DP têm o fator adicional da
perda diária de proteínas, de forma que a prescrição de 1,3 g/kg/dia diminui a possibilidade de
balanço nitrogenado negativo. Em ambos os casos, pelo menos 50% das proteínas devem ser
de alto valor biológico - PAVB (Tabela 2).
Proteína (g/kg/dia)
Hemodiálise Diálise Peritoneal
> 50% de PAVB
Manutenção 1,2 1,3
Fonte: Adaptado de Kopple, J.D,; Massry, S. G., 2004; Mitch, W.E.; Klahrs,S. 2002; NKF-DOQI, 2000.
Potássio
O potássio é um elemento fundamental para o funcionamento dos músculos de todo o
nosso corpo, inclusive os do coração. É essencial também para as células nervosas. Seu
excesso, porém, pode trazer complicações sérias. Nos músculos, causa fraqueza ou cãibras
enquanto, no coração, enfraquece os batimentos ou até provoca parada cardíaca. Por isso,
entre os pacientes com Doença Renal, mesmo para quem faz diálise, é importante conhecer e
restringir da dieta os alimentos ricos em potássio.
Em geral, ele é encontrado em maior quantidade nos alimentos de origem vegetal,
alguns exemplos estão nas tabelas 4 e 5, abaixo.
Frutas Hortaliças
1 pêssego médio
Frutas Hortaliças
Frutas secas, tomate seco, extrato de tomate, caldo de cana, oleaginosas, chocolates, caldas
de compotas de frutas, sucos de frutas concentrados.
Fonte: Tabela de composição de alimentos do Depto. de Agricultura dos Estados Unidos.
Atenção:
A carambola, além de seu conteúdo de potássio, contém uma substância tóxica ainda não
identificada, que pode causar desde soluços até coma e morte, em pessoas com Insuficiência
Renal Crônica. Portanto, esse alimento deve ser abolido da alimentação desses pacientes.
Para dieta restrita em potássio os demais vegetais devem ser cozidos e para tal é suficiente
uma só cocção dos vegetais (diminuição em média de 60%), já que a maior perda do eletrólito
ocorre nesta situação, mantendo-se a aceitabilidade, pois esses alimentos conservam a
consistência e aparência habituais. Sendo assim, o preparo deve ser realizado da seguinte
forma:
Sódio e Líquidos
O controle de sódio deve existir para melhor controle da pressão arterial e, no caso da
hemodiálise, o controle de sódio também é necessário para controle da ingestão de líquidos e
consequentemente do ganho de peso interdialítico. A prescrição de líquidos baseia-se no
volume urinário residual de 24 horas acrescido de 500 ml.
O sódio está presente em muitos alimentos, sendo o sal de cozinha sua principal fonte. Muitas
vezes as palavras “sal” e “sódio” são usadas como se fossem a mesma coisa, mas não são. Há
sódio em muitos alimentos, como, por exemplo, o leite; e nem por isso o leite é salgado.
Então, é preciso ficar atento não só para o sal, mas também para a quantidade de sódio
presente nos alimentos.
Alimentos como carnes e vegetais têm sódio naturalmente, mas, em muitos outros, ele pode
ser acrescentado na forma de sal, como se vê na tabela 5. Sendo assim, para um bom controle
de sódio no corpo, os alimentos enriquecidos com sal devem ser consumidos com moderação
ou evitados pelo doente renal.
Na insuficiência renal, não é possível eliminar o excesso de sódio do organismo, nem manter o
equilíbrio entre a quantidade de sódio e água no corpo. Isto faz com que a água, que deveria
ser eliminada na urina, fique retida. Ela, então, aparece como inchaço (edema) nos pés,
pernas, abdômen ou na face.
Em situações ainda mais graves, devido à retenção de sódio e água no corpo, acontece
aumento do peso, piora da pressão arterial (hipertensão arterial), do funcionamento do
coração (insuficiência cardíaca) e dos pulmões (edema pulmonar).
Vale lembrar que líquido não é apenas água, mas também o leite, os sucos, o chá, o café e
todos os alimentos que têm, em sua composição, grande quantidade de água, principalmente
as frutas, as verduras e legumes.
Lembrete
Não se deve usar sal diet ou light, porque ele tem quantidade elevada de
potássio.
Fósforo
A prescrição de fósforo deve ser individualizada em pacientes com doença renal crônica, pois
depende de vários fatores. Os procedimentos dialíticos são pouco eficientes na remoção de
fósforo e a hiperfosfatemia é frequente em pacientes em diálise. Além disso, como a
necessidade de proteínas é elevada nesses pacientes, o consumo de fósforo dificilmente será
inferior a 800 mg/dia (média de remoção na diálise). Assim, com frequência é necessária a
utilização de quelantes de fósforo. Os quelantes de fósforo contêm compostos que se ligam ao
fósforo do alimento no intestino, reduzindo assim a sua absorção.
A hiperfosfatemia parece estar envolvida no desenvolvimento de aterosclerose, doença
cardíaca, hiperparatireoidismo secundário além da doença óssea. Há evidências de que a
ingestão elevada de fósforo também pode ser prejudicial para pessoas que não possuem
doença renal.
Os alimentos com elevado conteúdo de proteínas são ricos em fósforo. Entre eles, podemos
citar as carnes, os laticínios, os ovos, as leguminosas e as oleaginosas. Além disso, refrigerantes
e alimentos processados que contêm aditivos à base de fósforo contribuem, de maneira
significativa, para a ingestão desse mineral.
Aditivos de fósforo
Os aditivos de fósforo estão sendo cada vez mais adicionados aos alimentos processados e
aqueles de rápido preparo para o consumo, principalmente carnes e queijos, produtos
instantâneos e bebidas.
Alguns exemplos de alimentos que contêm aditivos de fósforo são hambúrgueres, nuggets,
produtos instantâneos, queijos processados, embutidos (salsicha, linguiça, mortadela, salame,
presunto), bebidas prontas, tortas, bolos prontos, etc.
Estes aditivos de fósforo são sais de fosfato. Eles são usados pela indústria de alimentos para
preservar a umidade, emulsionar ingredientes, realçar o sabor, manter proteção da cor,
impedir o crescimento microbiano e melhorar as propriedades texturais.
Este montante adicional de fósforo não é registrado nas listas dos rótulos nutricionais como
acontece com as calorias, a gordura e o sódio. Desta forma, não temos como saber o quanto
ele participa da dieta.
Infelizmente os fabricantes não são obrigados a listar o teor de fósforo nos rótulos de
alimentos. Essa medida simples ajudaria os pacientes no melhor controle da ingestão dessa
substância, limitando então seu consumo. Porém, isso também repercutiria negativamente na
venda de produtos. Daí,o pouco interesse dos fabricantes em divulgá-lo.
A única informação que podemos obter nos rótulos é a presença de algum aditivo descrito na
lista de ingredientes. Nessa lista, a quantidade de cada ingrediente é apresentada em ordem
decrescente, ou seja, os primeiros da lista estão presentes em maior quantidade.
Aspectos Finais
Além dos nutrientes e controles citados acima, outros nutrientes também devem ser
considerados de forma individualizada, como cálcio, ferro, vitamina D e outras vitaminas e
minerais a fim de evitar deficiências. Porém, de forma geral os controles devem ser baseados
nas restrições acima descritas.
Referências Bibliográficas
Além das citadas acima nas tabelas: Cuppari, L. Nutrição Clínica no Adulto, 2009.