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ste Manual foi feito a partir

das notas das aulas de


ÍMetodologia de Estudo e
Pesquisa nos cursos de gradua-
ção e especialização lato-senso.
Assim sendo, apresento uma
estrutura didático de fácil com-
preensão.

Perpasso o manual o idéio de


facilitar poro o aluno o aprendi-
zagem de metodologia de estu-
dos, de pesquisa e de elabora-
ção de monografia. Nesse senti-
do o manual cumpre suo função
de servir de roteiro poro o elabo-
ração de trobolhos académicos
com coráter científico.

ISBN 85-88423-45-6

7 8 8 5 8 8 4 2 3 4 5 9
Derly Barbosa

nasceu em 2 0 / 0 1 / 1 9 4 0
em Valparaíso, Estado
de São Paulo. É mestre e
doutor em Educação
pela PUC-SP, Sociólogo
pelo USP e Pedagogo
pelo Uninove. Lecionou MANUAL DE PESQUISA
nos Universidades
Unicsul, Anhembi-
Metodologia de Estudos e
Morumbi, São Judos e Elaboração de Monografia
Centro Universitário
FIEO. Foi professor e
diretor no rede pública
de ensino do estado de
São Paulo durante 20
anos.

2° Edição Revista
4 ° Reimpressão

-EXPRESSÃO & ARTE


© 2 0 0 6 , Derly Barbosa
Apresentação
Revisão: J.A. Cardoso Este m a n u a l foi e l a b o r a d o a partir d e n o t a s d e a u l a s d a
Diagramação: Mateus Marins Cardoso disciplina M e t o d o l o g i a d e E s t u d o e P e s q u i s a n a g r a d u a ç ã o

Capa e Arte Final: Equipe técnica E&A e d a e l a b o r a ç ã o d e M o n o g r a f i a nos c u r s o s d e E s p e c i a l i z a ç ã o


Lato-Sensu.

Por e s s e m o t i v o a p r e s e n t a u m a estrutura d i d ã t i c a d e
fãcil c o m p r e e n s ã o .
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
A idéia b ã s i c a q u e p e r p a s s a o M a n u a l é d e facilitar p a r a
Barbosa, Derly o aluno a aprendizagem de metodologia de estudo, de
Manual de Pesquisa: metodologia de estudos e
p e s q u i s a e d e e l a b o r a ç ã o de m o n o g r a f i a .
elaboração de monografia / Derly Barbosa. --
São Paulo : Expressão & Arte, 2012.
Neste s e n t i d o o m a n u a l c u m p r e s u a f u n ç ã o q u e é servir
ISBN 85-88423-45-6 d e roteiro p a r a a e l a b o r a ç ã o d e t r a b a l h o s a c a d é m i c o s c o m
1. Metodologia 2. Pesquisa 3. Trabalhos caráter científico.
científicos - Redação I. Título.

06-2945 CDD-001.42

índices para catálogo sistemático:

1. Metodologia da pesquisa 001.45


2. Pesquisa : Metodologia 001.42

São Paulo, 2012

Todos os direitos reservados à


Expressão e Arte Editora Editora
R. Waldemar Martins, 926 - São Paulo
Fones: (11) 3951-5188 / 3951-5240 / 3966-3488
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www.expressaoearteeditora.com.br
Sumário

INTRODUÇÃO 9

1- METODOLOGIA D E E S T U D O II
1.1 ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DOS ESTUDOS 11
1.1.1 - Aprender a aprender 11
1.1.2- Eventos , 12
- Congresso 12
- Convenção 13
- Seminário 13
- Mesa-Redonda 13
- Simpósio 13
- Painel de Debates 13
- Fórum 13
- Conferência 14
- Workshop 14
- Briefing 14
- Cursos 14
1.2 LEITURA DE JORNAIS E REVISTAS 15
1.2.1 - Adquirindo repertório 15
1.2.2- Revistas e jornais científicos 17

2 - ELABORAÇÃO D E TRABALHOS ACADÉMICOS 19


2.1 FICHAMENTO 19
2.1.1- Ficha de documentação temática 20
2.1.2 - Ficha de documentação bibliográfica 20
2.2 RESUMO 22
2.2.1 - Exemplo de resumo de artigo de revista 22
2.2.2 - Exemplo de resumo de livro 23
2.3 RESENHAS 24
2.3.1- Resenha descritiva 24
2.3.2 - Resenha crítica 26
2.4ARTIGO CIENTÍFICO 29
2.5 TRABALHO MONOGRÁFICO 29
2.6 PLANO DE ENSINO 30
2.7 EXEMPLO DE PLANO DE ENSINO 32
2.8 PROJETO DE TRABALHO PEDAGÓGICO 34
_ Passo tratamento do tema: Delimitação e problematização 57
2.9 NORMAS TÉCNICAS PARA A ELABORAÇÃO DE TRABALHOS
ACADÉMICOS 36 _ 30 Passo: Objetivos da pesquisa 59
2.9.1 - Modelo de folha de rosto de trabalho 36 - 40 Passo: Fontes para consulta de dados 51
2.9.2 - Normas técnicas 37 3 5 TIPOS BÁSICOS DE PESQUISA 62
- Tamanho das folhas 37 - Pesquisa de campo 6Z
- Margens 37 - Pesquisa experimental 6Z
- Tamanho das letras 37 - Pesquisa bibliográfica 62
- Espaço entre as linhas 37
- Início dos parágrafos 37 3.6 MODALIDADES DE PESQUISA 67
2.9.3 - Exemplos de referência bibliográfica 37 3.6.1- Estudo de caso 67
• Livros 37 3.6.2- Pesquisa histórica ^
• Tradução 38 3.6.3 - Pesquisa descritiva ^
• Artigo de revista 38 3.6.4- Surí;ey ^
• Dissertação ou tese 38 3.6.5- Pesquisa documental
• Artigo de jornal 38 3 6.6-Pesquisametodológica 69
• Parte de livro 38 3.6.7-Pesquisa-Ação 69
• Autor com mais de um livro 39 3.6.8 - História de vida 69
• Até 3 autores 39 3.6.9 - Observação participante 70
• Obra com organizador ou coordenador 39 3.7 INSTRUMENTOS DE PESQUISA 70
• Autor desconhecido 39 3.7.1- Observação • 70
2.9.4 - Documentos registrados em fontes eletrônicas 40 3.7.2- Questionário 70
• CD-Rom 40 • Exemplo de questionário de pesquisa 71
• Livro on line 40 3.7.3- Entrevista 72
• Banco de Dados 40 - Exemplo de roteiro de entrevista aberta 73
• Arquivo em disquete 40 - Exemplo de roteiro de entrevista semi-estruturada 73
2.9.5- Citações bibliográficas 41 - Exemplo de roteiro de entrevista fechada 73
• Sistema autor-data 43
• Notas de rodapé 43 3.8 PROJETO DE PESQUISA 74
• Notas de referência 44 3.8.1 -Título do projeto 74
3.8.2 - Apresentação da pesquisa 74
3 - P E S Q U I S A E CONHECIMENTO 47 3.8.3 - Justificativa do estudo do tema 74
3.8.4 - Revisão bibliográfica ou o "Estado da Questão" 74
3.1 SIGNIFICADO DA PESQUISA NA FORMAÇÃO DO ALUNO 47 3.8.5 - Formulação do problema 75
3.2 TIPOS DE CONHECIMENTO 49 3.8.6 -Hipóteses 75
3.2.1 - Conhecimento de senso comum 49 3.8.7 -Objetivos 76
3.2.2 - Conhecimento religioso 50 - Objetivo geral 76
3.2.3- Conhecimento filosófico 51 - Objetivos específicos 76
3.2.4 - Conhecimento científico 51 3.8.8 - Metodologia da pesquisa 76
3.8.9 - Cronograma de desenvolvimento 76
3.3 PESQUISA E CONHECIMENTO CIENTÍFICO 53 3.8.10 - Referências bibliográficas básicas 77
3.3.1 - A escolha do tema 53
3.3.2- Observação 54 4 - METODOLOGIA PARA ELABORAÇÃO DA MONOGRAFIA 79
3.3.3- Descrição 54
3.3.4- Explicação 55 4.1 SIGNIFICADO METODOLÓGICO 79
3.3.5- Busca de novos dados 55 4.2 FORMA E CONTEÚDO 62
3.4 OS PASSOS DA PESQUISA 55 4.3 PERCURSO METODOLÓGICO 82
- 1° Passo: Escolha do tema 55
4.4 PROJETO DA MONOGRAFIA 83
4.4.1 - Título da monografia
4.4.2 - Justificativa do estudoMo tema
83
84
Introdução
4.4.3 - Revisão da literatura ou o "Estado da Questão" 84
4.4.4 - Objetivos da pesquisa 84
- Objetivo geral 84
- Objetivos específicos 85 o objetivo deste manual é introduzir o estudante na aprendi-
4.4.5 - Procedimentos metodológicos 85 zagem da metodologia científica e no estudo de pesquisa e elabo-
4.4.6 - Cronograma de desenvolvimento 85
4.4.7- Bibliografia preliminar 85 ração de monografia.
A metodologia científica é uma disciplina que apresenta re-
5 - E L A B O R A N D O A S PARTES BÁSICAS DAMONOGRAFIA 87 cursos de apoio ao estudante para que possa aprender e desen-
5.1 SUMÁRIO 87 volver o conteúdo das disciplinas do currículo do seu curso. A
5.2 INTRODUÇÃO 88 metodologia adquire o significado transdisciplinar ao sair do seu
5.3 DESENVOLVIMENTO DO TEMA 89 âmbito epistemológico específico e transitar pelas demais discipli-
5.3.1 - Elaborando o Capítulo 1: descrição do fato 89 nas.
5.3.2 - Elaborando o Capítulo 2: o estado da questão 90 A operacionalização da disciplina apresenta uma didãtica
5.3.3 - Elaborando o Capítulo 3: pesquisa bibliográfica, de campo ou de
laboratório 91
interna que possibilita ao estudante assimilar com interesse e ob-
5.3.4 - Elaborando o Capítulo 4: posicionamento crítico em relação ao jetividade o que está estudando. Seu estudo não se restringe a
tema 91 questões conceituais, mas vai além no sentido de compreensão
5.4 ELABORANDO A CONCLUSÃO 92 da realidade vivenciada pelo estudante, com a objetividade de abrir
5.5 REFERÊNCIAS 92 sua aprendizagem para outras instâncias da sociedade e da cul-
tura, além da sala de aula. É por isso uma disciplina teórica e prá-
5.6 SIGNIFICADO DAS PARTES DA MONOGRAFIA 93
5.6.1 - Forma básica da monografia 93 tica ao mesmo tempo. Teórica porque utiliza-se de conhecimentos
5.6.2 - Capa 94 conceituais já historicamente elaborados. Prática porque estes co-
5.6.3 - Página de rosto 95 nhecimentos só surtirão efeitos se forem desenvolvidos a partir de
5.6.4 - Página de dedicatória 96
5.6.5 - Página de agradecimentos 96 sua aplicação na realidade.
5.6.6 - Resumo da monografia 96 Este estudo não pretende apenas fornecer um conjunto de
5.6.7 - Tabelas, figuras ou ilustrações 96
informações que venha a representar mais uma carga de conheci-
5.6.8 - Apêndices 96
5.6.9 - Anexos 97 mento para o aluno. Mas trata-se de um conjunto de orientações
5.6.10 - Epígrafe 97 que facilitarão ao aluno o seu caminho de aprendizagem. Por isso
5.6.11 - Numeração dos capítulos, itens e subitens 97 o seu conteúdo específico trata da elaboração escrita do conheci-
5.6.12 - Início dos parágrafos 98
5.6.13 - Início dos capítulos 98 mento, de iniciação à pesquisa como procedimento necessário à
5.6.14 - Início dos itens e subitens 98 aprendizagem e construção efetiva do conhecimento científico.
5.6.15 - Numeração das páginas 98
Nesse processo de aprendizagem o aluno pesquisará sobre
CONCLUSÃO 99 temas da sua realidade social abrangente tendo como fonte docu-
REFERÊNCIAS 100 Tiental inicial jornais e revistas e para um aprofundamento necessá-
rio buscará livros e outros documentos.
ÍNDICE REMISSIVO 102
10 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia

O exercício de aprendizagem de estudo transdisciplinar ser-


virá de suporte para a aprendizagem da pesquisa nas demais
disciplinas de cada curso. Por isso é meio e não um fim em si
mesma. É um meio para que o aluno aprenda como estudar, como
pesquisar, como desenvolver o exercício da leitura e escrita e como
elaborar trabalhos académicos. Não é um fim em si mesma com
conteúdos fechados que se esgotam nos próprios conceitos e
desvinculados de um contexto. Estes, entretanto, serão considera- Capítulo 1
dos como substrato para que o aluno avance na sua formação inte-
lectual. METODOLOGIA D E ESTUDO
A elaboração da monografia é outro aspecto fundamental da
metodologia científica. Coroando o processo de estudo e pesquisa,
a monografia representa a condensação dos dados levantados e Neste capítulo vamos apresentar estratégias que mais favo-
do conhecimento científico construído. recem os estudantes que ingressam no ensino universitário. São
O manual não trata da teoria da metodologia enquanto sugestões que, devidamente aplicadas, muito ajudarão os alunos
disciplina mas propóe modelos que ajudam o estudante a elaborar no seu percurso académico.
seus trabalhos académicos.
1.1 - O R G A N I Z A Ç Ã O E P L A N E J A M E N T O D O S E S T U D O S

1.1.1 - Aprender a aprender

O trabalhador-estudante, por ter pouco tempo para dedicar-


se aos estudos, precisa saber utilizar bem o seu tempo disponível.
É importante perceber que não está sozinho na batalha entre a falta
de tempo e a necessidade cada vez maior de saber mais e mais.
Por isso é preciso procurar aprender a aprender indo atrás
do conhecimento que está faltando, buscando-o em várias fon-
tes para chegar a uma conclusão e construir o saber sobre o
que está estudando.
Para isso é preciso administrar o tempo. Como se faz isso?
Veja o que pode ser feito:
• Faça uma reavaliação de hábitos e rotinas;
• Procure organizar a mente para assimilar as leituras realiza-
das, pois se a mente não estiver organizada, não se conse-
gue elaborar todos os trabalhos e fazer as leituras indicadas;
12 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografj Derly Barbosa 13

C o n v e n ç ã o : É p r o m o v i d a por entidades empresariais o u políticas.


• Evite desperdiçar tempo estabelecendo prioridades nas suas
Em todas , d a s aass ccoonnvvee n ç^ õ e s b u s c a - s e a integração d a s p e s s o a s p e r t e n c e n -
atividades e utilizando o tempo disponível para os estudos;
u m a d e t e r m i n a d a o r g a n i z a ç ã o , s u b m e t e n d o - s e a certos estímulos
• Planeje o dia para que sobre mais tempo para estudar; c d e t i v o s para q u e p o s s a m agir e m d e f e s a d o s Interesses d a instituição
• Não deixe os trabalhos acumularem e nem procure fazê- promotora. H á u m a e x p o s i ç ã o d e a s s u n t o s por várias p e s s o a s c o m a
los na última hora; presença d e u m c o o r d e n a d o r . A d i n â m i c a é e s c o l h i d a pelo o r g a n i z a d o r
• Procure perceber se as leituras de uma matéria podem quando a d u r a ç ã o é d e vários dias. C o m o as c o n v e n ç õ e s s ã o reuniões
ser utilizadas para completar o trabalho de outra; fechadas, que t ê m por objetivo a l g u m a c o n c l u s ã o , as informações s ã o
• Escreva as idéias que foram sendo elaboradas, pois aque- muito específicas e direcionadas a o g r u p o q u e participa d o e v e n t o .
las que não foram utilizadas num momento, poderão ser S e m i n á r i o : Consiste e m u m a exposição oral para participantes que
possuam a l g u m conhecimento prévio do assunto a ser debatido. A dinâmi-
úteis em outro momento;
ca do seminário divide-se e m três m o m e n t o s : a fase de exposição, a d e
• Procure estudar em lugares silenciosos para que o baru- discussão e a de conclusão. Trata-se de u m produto informativo mais focado,
lho não atrapalhe a reflexão; porém parcial. A Informação t e m n o r m a l m e n t e u m a única fonte - o orador o u
• Lembre-se que você é seu próprio capital e, por isso, pre- expositor - e, por consequência, pode apresentar certo viés. Usualmente, o
cisa conciliar o aprendizado e o trabalho; orador é um guru ou expert no assunto que está sendo exposto.
• Envolva-se com o que está sendo estudado em todos os M e s a - R e d o n d a : É u m a r e u n i ã o d o tipo c l á s s i c o , p r e p a r a d a e
momentos do cotidiano, pois esse envolvimento possibili- c o n d u z i d a por u m c o o r d e n a d o r , q u e f u n c i o n a c o m o e l e m e n t o m o d e r a -
dor, o r i e n t a n d o a d i s c u s s ã o p a r a q u e ela s e m a n t e n h a s e m p r e e m t o r n o
ta reflexão permanente. Não deixe que o ato de estudar
do t e m a principal. O s e x p o s i t o r e s t ê m u m t e m p o limitado p a r a a p r e s e n -
seja apenas uma obrigação para os horários das aulas,
tar s u a s idéias e p a r a o d e b a t e posterior. N o r m a l m e n t e , a m e s a - r e d o n d a
ou em vésperas de provas; está inserida e m e v e n t o s m a i s a b r a n g e n t e s . É utilizada q u a n d o o a s s u n -
• Procure estudar em grupo, pois a troca de idéias sugere to a i n d a não e s t á c o n s o l i d a d o e s u s c i t a d i s c u s s õ e s . Ideal p a r a q u e m
um debate que abre a imaginação. quer ter várias v i s õ e s d i f e r e n t e s s o b r e u m d e t e r m i n a d o t e m a
S i m p ó s i o : É u m derivado d a m e s a - r e d o n d a , p o s s u i n d o c o m o c a -
1.1.2-Eventos | racterística o fato d e ser d e alto nível, c o m a participação d e especialistas
- c a d a u m d e l e s responsável pela a p r e s e n t a ç ã o d e a s p e c t o s diferentes
'i
de determinados a s s u n t o s - e s e m p r e c o m a p r e s e n ç a d e u m c o o r d e n a -
Participação em eventos académicos estimula idéias e con-
dor. A diferença f u n d a m e n t a l entre o simpósio e a m e s a - r e d o n d a é que no
tribui para dar mais consistência à formação. A seguir, veja os primeiro o s expositores não d e b a t e m entre si o s t e m a s a p r e s e n t a d o s . A s
tipos de eventos mais comuns para divulgação e consolidação do perguntas, respostas e o próprio debate s ã o efetuados diretamente a o s
conhecimento. participantes d a platéia. O t e m a g e r a l m e n t e é científico. S e u objetivo prin-
cipal é realizar u m intercâmbio d e informações.
C o n g r e s s o : p o d e ser d e f i n i d o c o m o u m a reunião p r o m o v i d a por
P a i n e l d e D e b a t e s : O u t r o tipo d e r e u n i ã o d e r i v a d o d a m e s a - r e -
entidades associativas, visando ao debate de assuntos que interessem
d o n d a . A d i f e r e n ç a é q u e n o p a i n e l o s e x p o s i t o r e s d e b a t e m e n t r e si o
a u m d e t e r m i n a d o s e g m e n t o . É dividido e m v á r i a s a t i v i d a d e s , tais c o m o
a s s u n t o e m p a u t a , c a b e n d o a o público a s s i s t e n t e f u n c i o n a r s o m e n t e
mesas-redondas, conferências, simpósios, palestras, comissões, pai-
c o m o e s p e c t a d o r . O u t r a distinção: n o p a i n e l , os d e b a t e d o r e s s ã o p r o -
néis, c u r s o s , entre o u t r a s . O s c o n g r e s s o s p o d e m ser regionais, n a c i o -
fissionais r e n o m a d o s n o s m e i o s e m q u e a t u a m , o q u e n ã o a c o n t e c e n e -
nais e internacionais. É u m p r o d u t o b a s t a n t e a b r a n g e n t e , p o r é m n ã o muito
c e s s a r i a m e n t e n a m e s a - r e d o n d a . A l é m d o p r e s i d e n t e , o painel p o d e r á
f o c a d o . É i n t e r e s s a n t e p a r a c o n t a t o s e p a r a se m a n t e r I n f o r m a d o s o b r e o
ter u m c o o r d e n a d o r e u m m o d e r a d o r .
q u e e s t á a c o n t e c e n d o n o s e t o r q u e ele r e p r e s e n t a .
F ó r u m : T i p o d e reunião q u e t e m c o m o objetivo conseguir a efetiva
14 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monogr, Derly Barbosa 15

p a r t i c i p a ç ã o d e u m p ú b l i c o n u m e r o s o , q u e d e v e ser m o t i v a d o . Está Faça anotações durante estes eventos, pois esta prática não só
tornando-se u m a f o r m a bastante c o m u m , principalmente pela necessidade * amplia as idéias, c o m o exercita a memória.
crescente d e sensibilizar a opinião pública p a r a certos p r o b l e m a s sociais
U s u a l m e n t e , s ã o eventos mais a b r a n g e n t e s q u e tratam d e a s s u n t o s gerais
1.2 - L E I T U R A D E J O R N A I S E R E V I S T A S .
d e setores e industrial o u t e m a s d e interesse social o u político.
C o n f e r ê n c i a : C o n s i s t e s e m p r e e m d u a s partes: o auditório e os
e x p o s i t o r e s . E s t e s p o d e m discorrer s o b r e u m a s s u n t o p r e v i a m e n t e es-
1.2.1 - A d q u i r i n d o repertório
c o l h i d o e d e s e u a m p l o c o n h e c i m e n t o . A o final d e s t e p e r í o d o , respon-
d e m a p e r g u n t a s f o r m u l a d a s p e l o auditório. A c o n f e r ê n c i a v i s a a um Outra importante estratégia de estudo é a leitura de jornais e
público e s p e c í f i c o q u e d e m o n s t r a familiaridade c o m o a s s u n t o a b o r d a - revistas.
d o . S e g u n d o a s e m p r e s a s o r g a n i z a d o r a s , é u m s e r v i ç o q u e d á a o mer-
A leitura deve ser feita diariamente pelo estudante para intei-
c a d o i n f o r m a ç õ e s g e r e n c i a i s , práticas e f o c a d a s p a r a o e x e c u t i v o . Dos
rar-se do que ocorre na realidade social abrangente e que tem
p r o d u t o s i n f o r m a t i v o s interativos é o m a i s c o m p l e x o e o q u e oferece
m e l h o r r e l a ç ã o c u s t o - b e n e f í c i o . A l é m d e o f e r e c e r a o participante a ab-
interferência na sua vida. Este procedimento não só possibilita a
s o r ç ã o d e i n f o r m a ç ã o prática, d á t a m b é m a o p o r t u n i d a d e d e realizar interação do estudo académico com a realidade, como também
c o n t a t o s e n e g ó c i o s , a l é m d e t r o c a r e x p e r i ê n c i a s c o m os d e m a i s partici- encaminha o diálogo do saber que a universidade ensina, com
p a n t e s , u m a v e z q u e o público d e c o n f e r ê n c i a s t e m b a s t a n t e familiarida- outras formas de conhecimento.
de c o m o tema abordado. Por outro lado, propicia a articulação do conteúdo das diver-
W o r k s h o p : Tem c o m o objetivo detalhar, aprofundar um determinado sas áreas do conhecimento e suas disciplinas com as questões
a s s u n t o d e m a n e i r a m a i s prática. N o r m a l m e n t e p o s s u i u m m o d e r a d o r e
do cotidiano, sugerindo aos professores e alunos uma atualização
u m ou dois expositores. A d i n â m i c a da s e s s ã o divide-se e m três
dos seus saberes.
momentos: exposição, discussão e m grupos ou equipe e conclusão.
G e r a l m e n t e , e s t á a t r e l a d o a u m a c o n f e r ê n c i a , e m q u e s ã o discutidos Também, para o estudante, é um avanço na direção de cons-
outros assuntos relacionados ao tema do workshop. truir sua autonomia de aprendizagem na medida em que poderá
B r i e f i n g : Consiste e m u m a exposição oral d e u m profissional de selecionar esta leitura, colocando-se em contato com o contexto
r e n o m e para participantes q u e p o s s u e m c o n h e c i m e n t o prévio do assunto sociocultural que precisa ser conhecido para poder ser transfor-
a ser debatido. É u m produto informativo, mais focado, q u e , normalmente, mado. Isto, entretanto, só é possível com uma sólida e ampla base
a c o m p a n h a u m a conferência. Existem dois tipos d e briefing: introdutório e
de formação.
a v a n ç a d o . O primeiro procura oferecer aos participantes a informação ne-
Sobre as notícias não basta apenas lé-las, mas é preciso
cessária para a c o m p a n h a r as discussões desenvolvidas e m u m a confe-
rência correlata. J á o s e g u n d o d á u m a p r o f u n d a m e n t o sobre determinado
refletir sobre elas pensando em como o conteúdo das mesmas
assunto que foi objeto d e discussão e m u m a conferência correlata. interfere em nossas vidas.
C u r s o s : Consiste no detalhamento de determinado assunto ou Os jornais e revistas são fontes abertas de conhecimento e
c o n j u n t o d e t e m a s c o m o f o c o d e "treinar" o u "ensinar a fazer". É c o m - possuem um movimento permanente de registro das realizações
posto d e e x p o s i ç õ e s d e p e s s o a s n o r m a l m e n t e c o m f o r m a ç ã o a c a d é m i - culturais e do pensamento da humanidade. São os diários da
c a q u e p r o c u r a m p a s s a r s e u c o n h e c i m e n t o a o s participantes. O f o c o
História.
e s t á m a i s n a teoria q u e n a prática, p o r é m n ã o a exclui. É Indicado p a r a
Juntamente com os livros, que têm a característica herméti-
pessoas que têm baixo ou nenhum conhecimento sobre o assunto, c o m
e x c e ç ã o d o s c u r s o s d e e s p e c i a l i z a ç ã o , cujo objetivo é o a p e r f e i ç o a m e n - ca de conter o saber e por isso mesmo podem ser chamados de
to d a q u e l e s q u e j á d o m i n a m o a s s u n t o . relicários do saber, desempenham, cada um a seu modo, seu pa-
J o r n a l O E s t a d o d e S ã o P a u l o , 0 3 / 0 1 / 9 9 . C a d e r n o C E . p.7._^ pel na emergente sociedade do conhecimento. São complementa-
16 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 17

res na formação do estudante. Enquanto os jornais e revistas per- A M P L I E SEU REPERTÓRIO


mitem ao aluno navegar.por diversos mares do saber, os livros
guardam as peculiaridades de serem portos garantidos para con- V e j a c o m o o lazer p o d e e n r i q u e c e r a s u a carreira
solidação e aprofundamento do conhecimento. Nos livros apren-
demos a ser especialistas e nos jornais e revistas aprendemos a • A p r o v e i t e a I d a a o c i n e m a e a o t e a t r o p a r a exercitar a c a p a c i d a d e
crítica. D i s c u t a o filme, a p e ç a , o c o n t e ú d o , a t r a m a , a a t u a ç ã o , a
ser generalistas do conhecimento.
mensagem e os personagens.
Estamos certos de que a pessoa aprende a partir do contato
• Diversifique a leitura.
com elementos concretos da sua realidade. • P r o c u r e s e r e l a c i o n a r c o m p e s s o a s d e o r i g e n s , e x p e r i ê n c i a s e for-
Nesse sentido, justifica-se a leitura de jornais e revistas para m a ç ã o profissional diferentes d a s u a .
que o aluno adquira uma visão mais abrangente dos fatos do coti- • Viaje s e m p r e que possível e permita-se conhecer n o v a s culturas.
diano e passe a entender com mais clareza as notícias sobre o • N ã o s e p a r e t r a b a l h o d e lazer. S u a p a i x ã o por c i n e m a , por e x e m p l o ,
avanço do conhecimento. Assim, compreenderá, através dos di- p o d e q u e b r a r o gelo n u m a c o n v e r s a difícil o u inspirar a s o l u ç ã o p a r a
um problema.
versos enfoques e abordagens dos fatos, os estilos dos seus au-
• F a ç a p r o g r a m a s c u l t u r a i s d i f e r e n t e s . S e n u n c a assistiu a u m c o n -
tores e a ideologia que os fundamenta.
certo c o m o r q u e s t r a sinfónica, e x p e r i m e n t e . V o c ê vai d e s c o b r i r u m
O exercício de leitura de jornais e revistas torna a mente n o v o u n i v e r s o e a i n d a p o d e a p r o v e i t a r p a r a avaliar a i m p o r t â n c i a d o
aberta para uma leitura mais profunda dos livros. Possibilita também trabalho e m equipe.
acumular conhecimento para que o estudante possa argumentar • Permita-se u m dia de turista e visite os museus de sua própria
com convicção. cidade.
A l é m d e s e divertir, v o c ê exercita a c a p a c i d a d e d e prestar a t e n ç ã o a
A aquisição de repertório para argumentar com convicção
d e t a l h e s q u e p a s s a m d e s p e r c e b i d o s n o dia-a-dia - c o m p e t ê n c i a p r e -
só se consegue com leitura sistemática de jornais, revistas e os
c i o s a hoje e m dia.
livros de formação académica. • Participe d e c u r s o s que fujam ao s e u universo profissional. Um exem-
É lendo e escrevendo, falando e refletindo que se aprende a plo é o w o r k s h o p Barbatuques (www.barbatuques.com.br), que trabalha
escrever, ler, falar e refletir. Na vida académica essa prática é fun- a música a p e n a s c o m o uso d o corpo. A idéia é lembrar que a simplici-
damental para formar a consciência crítica. dade e não a tecnologia, é a solução para muitos problemas corporativos.
Este exercício de leitura propicia a aquisição de uma escrita
(BERNHQEFTetal.,2004)
leve, sem rodeios, sem rebusques, porém incisiva e consequente.
A escrita académica, para ser rigorosa, não precisa ser 1.2.2 - Revistas e J o r n a i s Científicos
confusa e de difícil compreensão. Isto só se consegue com muito
exercício de leitura e escrita. Além dos jornais e revistas em geral, é muito importante ler e
Ler e escrever resultam do contato com uma vasta literatura consultar as revistas, jornais e sites científicos, produzidos por
do cotidiano que é apresentada pelos jornais e revistas. É uma Universidades, Institutos de pesquisas e empresas especializa-
literatura que atende a todas as áreas do conhecimento e que es- das de vários setores da sociedade.
tão na base da aquisição do saber. Alguns desses veículos:

http://scholar.google.com.br/
18 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia

http://www.rae.com.br/index.cfm

http://www.adm.ufba'.br/ipublica_org.html

http://read.adm.ufrgs.br/

www.rh.com.br

http://www.angrad.org.br/
Capítulo 2
www.psi.bvs.br
ELABORAÇÃO D E TRABALHOS
http://bve.cibec.inep.gov.br/
ACADÉMICOS
http://portal.mec.gov.br/seep/

www.capes.gov.br
Os trabalhos académicos são um exercício necessário para
http://www.periodicos.capes.gov.br/portugues/index.jsp
a aquisição de informações teóricas e organização do pensamento
http://acessolivre.capes.gov.br/ a partir de obras complexas.

http://bibliotecas-cruesp.usp.br/unibibilweb/ 2.1 - FICHAMENTO


cruesp_plano.html

www.inep.gov.br A elaboração de fichas de estudo de texto é muito útil para a


aprendizagem. Com o fichamento de artigos, capítulos de livros,
www.rits.org.br livros inteiros ou conceitos, tem-se fácil acesso a informações des-
www.bireme.br sas fontes para a pesquisa, como também é um excelente recurso
para acúmulo de conhecimento. No momento da elaboração do
www.usp.br fichamento das fontes referidas, a mente vai trabalhando no sentido
de assimilar informações. A seguir, indicamos os exemplos mais
http://dedalus.usp.br:4500/ALEPH/por/USP/USP/DEDALUS/ objetivos de fichamentos para a prática de estudos.
START

www.scielo.br/

www.fcc.org.br/pesquisa/pubílcacoes/cp/index.html
20 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografi Derly Barbosa 21

2.1.1 - Ficha de d o c u m e n t a ç ã o temática


Exemplo:
Exemplo: ^ r j ^ ^ i ^ S s U T H i l t o n F. EPISTEMOLOGIA
O mito da neutralidade científica
EPISTEMOLOGIA Rio i m a g o , 1975 (Série L o g o t e c a ) , 188 p.
Conceituaçâo R e s e n h a s : R e f l e x ã o 1 (2): 1 6 3 - 1 6 8 . abr. 1 9 7 6 .

S e g u n d o L a l a n d o trata-se d e u m a filosofia d a s ciências, m a s d e Revista Brasileira de Filosofia 26 ( 1 0 2 ) : 2 5 2 - 2 5 3 . j u n . 1 9 7 6 .


m o d o especial, e n q u a n t o "é e s s e n c i a l m e n t e o e s t u d o crítico d o s princípi-
os, d a s hipóteses e d o s resultados d a s diversas ciências, destinado a O texto v i s a f o r n e c e r a l g u n s e l e m e n t o s e i n s t r u m e n t o s introdutó-
d e t e r m i n a r s u a o r i g e m lógica ( n ã o psicológica), s e u valor e s e u alcance rios a u m a reflexão a p r o f u n d a d a e crítica s o b r e c e r t o s p r o b l e m a s e p i s -
objetivo". Para Lalando, ela se distingue, portanto, d a teoria d o conheci- temológicos (p. 15) e trata d a q u e s t ã o d a objetividade científica, d o s
m e n t o , d a qual serve, c o n t u d o , c o m o introdução e auxiliar indispensável. pressupostos ideológicos d a c i ê n c i a , d o caráter praxiológico d a s c i ê n -
( L A L A N D E , Voe. T e c n . , 2 9 3 ) cias h u m a n a s , d o s f u n d a m e n t o s e p i s t e m o l ó g i c o s d o cientificismo, d a
"Por E p i s t e m o l o g i a , n o s e n t i d o b e m a m p l o d o t e r m o , p o d e m o s ética d o c o n h e c i m e n t o o b j e t i v o , d o p r o b l e m a d a c i e n t i f i c i d a d e d a
c o n s i d e r a r o e s t u d o m e t ó d i c o e reflexivo d o s a b e r , d e s u a o r g a n i z a ç ã o , epistemologia e d o p a p e l d o e d u c a d o r d a inteligência.
de sua formação, de seu desenvolvimento, de seu funcionamento e de E m b o r a s e trate d e c a p í t u l o s a u t ó n o m o s , t o d o s s e i n s c r e v e m
s e u s p r o d u t o s intelectuais." ( J A P I A S S U , Intr., 16) dentro d e u m a p r o b l e m á t i c a f u n d a m e n t a l : a d a s relaçóes entre a c i ê n c i a
J a p i a s s u d i s t i n g u e três tipos d e E p i s t e m o l o g i a : objetiva e a l g u n s d e s e u s p r e s s u p o s t o s .
1 - E p i s t e m o l o g i a g l o b a l o u geral q u e trata d o s a b e r g l o b a l m e n - O p r i m e i r o c a p í t u l o , "Objetividade científica e pressupostos
te considerado, c o m a virtualidade e o s problemas do conjunto de sua axiológicos" (p. 1 7 - 4 7 ) , c o l o c a o p r o b l e m a d a o b j e t i v i d a d e d a c i ê n c i a e
o r g a n i z a ç ã o , q u e r s e j a m e s p e c u l a t i v o s , q u e r científicos; levanta os principais pressupostos axiológicos que s u b j a z e m ao
2 - E p i s t e m o l o g i a p a r t i c u l a r q u e trata d e levar e m c o n s i d e r a ç ã o processo d e constituição e d e d e s e n v o l v i m e n t o d a s c i ê n c i a s h u m a n a s .
u m c a m p o particular d o saber, q u e r s e j a e s p e c u l a t i v o , q u e r científico; N o s e g u n d o c a p í t u l o , " C i ê n c i a s h u m a n a s e praxiologia" (p. 4 9 -
3- E p i s t e m o l o g i a e s p e c í f i c a q u e trata d e levar e m conta u m a 70), é a b o r d a d o o caráter intervencionista d e s t a s c i ê n c i a s : elas, n a s
disciplina intelectualmente constituída e m unidade b e m definida do suas condiçóes concretas d e realização, apresentam-se c o m o técnicas
saber e de estudá-la de modo próximo, detalhado e técnico, mostran- de intervenção na realidade, participando a o m e s m o t e m p o d o descritivo
do sua organização, seu funcionamento e as possíveis relaçóes que e do n o r m a t i v o .
ela m a n t é m c o m a s d e m a i s d i s c i p l i n a s . N o t e r c e i r o c a p í t u l o , " F u n d a m e n t o s e p i s t e m o l ó g i c o s d o cientifi-
c i s m o " (p. 71 - 9 6 ) , o a u t o r b u s c a elucidar o s f u n d a m e n t o s e p i s t e m o l ó g i -
( S e v e r i n o , 1 9 9 6 , p. 4 3 ) . c o s r e s p o n s á v e i s p e l a atitude cientificista e m o s t r a c o m o o m é t o d o
experimental, racional e objetivo, a p r e s e n t a - s e c o m o o único i n s t r u m e n -
to particular d a razão, a s s u m i u u m p a p e l imperialista, a p o n t o d e i d e n -
2.1.2 - Ficha de d o c u m e n t a ç ã o bibliográfica tificar-se c o m a p r ó p r i a r a z ã o .

É a que mais favorece o aluno no processo de aprendiza- ( S e v e r i n o , 1 9 9 6 , p. 44),


gem. É mais trabalhosa, por isso requer mais tempo, mas é a que
dá uma compreensão mais profunda do texto ou livro lido e anali-
sado. Esta ficha propicia um resumo e uma análise das partes ou
capítulos da fonte consultada.
22 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Derly Barbosa 23

2,2-RESUMO
2.2.2 - Exemplo de r e s u m o de livro
O resumo é uma síntese das idéias do autor e não uma có- GUARDIANO, Paschoal Baldassari. U m a leitura d e S ã o B e r n a r d o ; a
pia das palavras do texto. O aluno deve explicar com suas própri-
exortação litótica.
as palavras o que o texto contém. Franca: U N E S P . 1 9 7 7 . 2 0 0 p.
Trata-se de uma apresentação concisa dos pontos relevan-
Objetiva descrever a construção do discurso narrativo de S ã o
tes do texto.
Bernardo; explicitando a s u n i d a d e s n a r r a t i v a s e o s princípios d e c o e -
Tem a finalidade de mostrar a idéia central do texto apresen- são que f u n d a m e n t a m o r o m a n c e . A . e x a m i n a m e c a n i s m o s d e v e r o s s i -
tado. É através do resumo que conhecemos o núcleo do trabalho, milhança e o s i s t e m a d e m o t i v a ç ó e s p a r a revelar o s p r o c e d i m e n t o s
em torno do qual a trama textual se desenvolve. indiciais e a s f u n ç ó e s d a s p e r s o n a g e n s . E n c o n t r a n d o n a retórica u m
instrumento a d e q u a d o p a r a d e s v e n d a r a significação d o t e x t o - a p a l a -
No texto do resumo, a primeira frase é a mais significativa,
vra crítica, invariante t e m á t i c a d e G r a c i l i a n o R a m o s - o p ó e , c o m o c o n -
pois é ela que explica a temática principal do documento.
clusão, a reificação h u m a n a e x i s t e n t e n a s o c i e d a d e brasileira à v i s ã o
Um resumo deve ter, no máximo, dez linhas com setenta d o m u n d o h u m a n i s t a p r o p o s t a p e l o narrador.
toques cada linha. ( L a k a t o s e M a r c o n i , 1 9 9 6 , p. 6 7 ) .
É apresentado em um parágrafo, com frases curtas.
É utilizado para artigos, relatórios, teses, monografias etc. A seguir, veja outros exemplos de resumos de obras clássicas
D e v e - s e evitar o uso de frases negativas, fórmulas, nos quais se percebe claramente a síntese das idéias dc^ autores.
equações, diagramas, símbolos etc.
o F a u s t o o r i g i n a l - no "Faustbuch" (1567) alemão, que t o m a e m p r e s t a d o
2.2.1 - E x e m p l o de r e s u m o de artigo de revista e l e m e n t o s d a v i d a real d e u m c e r t o G e o r g e Faust, m e l o cientista, m e i o
charlatão, e n a t r a g é d i a " D o c t o r F a u s t u s " ( 1 5 9 2 ) , d e M a r l o w e - é u m
h o m e m que aspira a o c o n h e c i m e n t o a b s o l u t o a fim d e obter o p o d e r
ARTIGO: "Comunicação e educação n u m a perspectiva plural e
absoluto. Indiferente a o s m e i o s , ele f a z u m p a c t o c o m Mefistófeles, o
dialética"
mensageiro d o d e m ó n i o , p r o m e t e n d o - l h e s u a a l m a e m 2 4 a n o s ; n e s s e
A U T O R : Laan Mendes de Barres. meio t e m p o , c o n s a g r a - s e à m a g i a . T a l rebeldia c o n t r a D e u s n ã o p o d e
passar s e m p u n i ç ã o : F a u s t o é s u j e i t a d o a u m a m o r t e atroz, e s u a a l m a
R E V I S T A : N e x o s , n ú m e r d , s e g u n d o s e m e s t r e d e 1 9 9 7 , p á g i n a 19. padece danação eterna.

R E S U M O : Observando o contexto de globalização e o avanço tecnoló- D o m J u a n T e n ó r i o , p r o t a g o n i s t a d e " O Trapaceiro d e S e v i l h a e S e u


gico, e s t e artigo p r o c u r a dar a d i m e n s ã o d e c o m p l e x i d a d e q u e a c o m u - Hóspede de Pedra" (cerca de 1616), de Tirso de Molina, é um h o m e m
nicação alcançou e m nossa sociedade. Aponta para a necessidade d a que d e s e j a s e d u z i r t o d a s a s m u l h e r e s e q u e , p a r a t a n t o , e s t á d i s p o s t o
s u p e r a ç ã o d o e n f o q u e instrumental f u n c i o n a l i s t a n o e n t e n d i m e n t o d a a empregar quaisquer estratagemas. Durante u m a de suas expediçóes,
r e l a ç ã o entre c o m u n i c a ç ã o e e d u c a ç ã o . A b o r d a n d o o s a s p e c t o s p e d a - ele m a t a o pai d e u m a j o v e m a q u e m corteja, e d e p o i s z o m b a d a e s t á t u a
g ó g i c o s d a c o m u n i c a ç ã o , o artigo c o n s i d e r a o e d u c a n d o c o m o u m re- de pedra que adorna o túmulo de sua vítima. N u m entardecer, a estátua
c e p t o r ativo, e m c o n s t a n t e Interação c o m o m e i o , q u e p r o c e d e à re- lhe dirige a p a l a v r a e o c o n v i d a a u m b a n q u e t e . O intrépido s e d u t o r
c o n s t r u ç ã o d a m e n s a g e m . N e s s e sentido, u m d o s objetivos d a e d u c a - aceita e é e s c o l t a d o a o inferno. T o d o p e r d ã o lhe é n e g a d o .
ç ã o d e v e ser a f o r m a ç ã o d e c i d a d ã o s c a p a z e s d e c o m p r e e n d e r critica-
O " D o m Q u i x o t e " d e C e r v a n t e s (primeira parte, 1 6 0 5 ; s e g u n d a p a r t e ,
m e n t e a realidade s o c i a l .
1615) é u m n o b r e e m p o b r e c i d o q u e a c r e d i t a n a v e r d a d e literal d o s ro-
24 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 25

m a n c e s d e cavalaria. Ele r e p u d i a o m u n d o , n a f o r m a c o m o este é e n - Exemplos de resenha descritiva:


t e n d i d o por s e u s c o n t e m p o r â n e o s , e interpreta t o d o a c o n t e c i m e n t o d e
a c o r d o c o m o s próprios p o s t u l a d o s , c o n f u n d i n d o s e u s d e s e j o s c o m a DÉCADAS E S Q U E C I D A S
realidade. A c o m p a n h a d o d e s e u fiel e s c u d e i r o , S a n c h o P a n ç a , ele per- B U E N O , Eduardo
corre a s e s t r a d a s d a E s p a n h a e c o n h e c e o s u c e s s o e a h u m i l h a ç ã o , até
q u e u m a última d e r r o t a o o b r i g a a regressar a c a s a . N o leito d e m o r t e , Terra Brasilis (coleção)
ele a d m i t e s u a s a n t i g a s s a n d i c e s e c o n d e n a o s r o m a n c e s d e cavalaria. Editora O b j e t i v a .
" R o b i n s o n C r u s o e " (1719) é u m j o v e m q u e s o n h a c o m a v e n t u r a s . S e u 1998.
pai é contrário a s e u s p l a n o s ; m a s o filho Ignora a proibição e e m b a r c a
G o m o e r a o Brasil, d a d e s c o b e r t a e m 1 5 0 0 à a v e n t u r a f r a n c e s a
e m v i a g e m . S e u d e s t i n o o c o n d u z por entre v á r i o s i n c i d e n t e s , até o dia
d a F r a n ç a Antártica, e m 1 5 5 5 ? Q u e m e r a m os h o m e n s q u e iniciaram a
e m q u e o b a r c o d e C r u s o e n a u f r a g a e ele s e v ê e m a p u r o s n u m a ilha
c o l o n i z a ç ã o d a s n o v a s terras, e n f r e n t a n d o u m a n a t u r e z a e x u b e r a n t e ,
d e s e r t a . T r a b a l h a n d o c o m o u m c o n d e n a d o , ele c o n s e g u e levar u m a
p o r é m traiçoeira e i m p e n e t r á v e l , d o e n ç a s tropicais e índios f r e q u e n t e -
v i d a c o n f o r t á v e l ; u m dia ele r e s g a t a u m j o v e m s e l v a g e m e o b a t i z a
m e n t e ferozes? D e quais estratégias lançaram m ã o para sobreviver nesse
S e x t a - F e i r a . A p ó s 2 8 a n o s , C r u s o e logra r u m a r p a r a c a s a n u m outro
a m b i e n t e hostil? P a r a iluminar e s s e s a n o s e s c u r o s d e n o s s a História, a
navio, a c o m p a n h a d o d e s e u c r i a d o , S e x t a - F e i r a . Lá ele t o m a c o n h e c i -
Editora O b j e t i v a c r i o u a c o l e ç ã o T e r r a s B r a s i l i s , s o b o c o m a n d o d o
m e n t o q u e s e u s pais h á muito e s t ã o m o r t o s .
j o r n a l i s t a E d u a r d o B u e n o e a s u p e r v i s ã o d o professor R o n a l d o V a i n f a s ,
( F o l h a d e S. P a u l o , 1 9 / 0 5 / 9 6 , C a d e r n o " M a i s " , p. 9), d a U n i v e r s i d a d e Federal F l u m i n e n s e .
No primeiro volume da coleção, A V i a g e m d o D e s c o b r i m e n t o -
A v e r d a d e i r a h i s t ó r i a d a e x p e d i ç ã o d e C a b r a l , B u e n o reconstruiu o
2.3 - RESENHAS c o t i d i a n o d a t r i p u l a ç ã o c a b r a i i n a no c o n t e x t o histórico d o s é c u l o X V I . O
segundo volume - Náufragos,Traficantes e D e g r e d a d o s - A s primei-
r a s e x p e d i ç õ e s d o B r a s i l - procura d e s v e n d a r o s a c o n t e c i m e n t o s ocor-
A resenha é uma avaliação que se faz sobre uma publica-
ridos no Brasil d u r a n t e a s três primeiras d é c a d a s d e s u a História. A
ção (livro ou artigo), ressaltando o objetivo do trabalho, o método n o v i d a d e c o m e ç a pela própria d e s c o b e r t a q u e teria sido feita por V i c e n t e
utilizado para elaboração, os resultados e as conclusões a que o Yahes Pinzón, como mostra Bueno. Ancorado em informações garim-
autor chegou. Pode ser descritiva ou crítica. p a d a s e m diários d e b o r d o , relatos d e v i a g e n s , cartas, p r o c e s s o s j u d i -
ciais, E d u a r d o B u e n o t r a ç a os c o n t o r n o s históricos d a s a g a p e s s o a l
d o s i n ú m e r o s h o m e n s b r a n c o s q u e a p o r t a r a m no Brasil entre 1500 e
2.3.1 - Resenha descritiva
1 5 3 0 . É o c a s o d o s m a r i n h e i r o s d e G o n ç a l o C o e l h o (cuja tripulação, e m
três n a u s , c o n t a v a c o m o c a r t ó g r a f o A m é r i c o V e s p ú c l o ) n a p r i m e i r a e x -
Compõe-se das seguintes partes escritas numa sequência: p l o r a ç ã o oficial a o Brasil, e m 1 5 0 1 . A s c a r a v e l a s c h e g a r a m n a foz d o
• Cabeçalho: contém dados sobre o livro; Rio M o s s o r ó ( R N ) e d o i s m a r i n h e i r o s f o r a m a u t o r i z a d o s a tentar e s t a b e -
• Referências sobre o autor; lecer c o n t a t o c o m o s nativos. N u n c a m a i s v o l t a r a m a b o r d o .
• Contextualização da obra; O u t r o s m a r i n h e i r o s t e n t a r a m n o v a a p r o x i m a ç ã o e u m g r u m e t e foi
• Descrição resumida do conteúdo considerando as partes c e r c a d o pelas nativas, m o r t o a g o l p e s d e t a c a p e e a r r a s t a d o p a r a u m
e as idéias principais; m o n t e p r ó x i m o à praia. E n q u a n t o índios c o l o c a v a m os outros marinheiros
e m fuga, as mulheres despedaçavam o jovem grumete e o assavam
• Considerações sobre a importância de sua elaboração para
numa grande fogueira, mostrando seus membros decepados aos
o conhecimento em geral e para a área de atuação; e u r o p e u s a n c o r a d o s perto d a praia e d e v o r a n d o - o s . A m é r i c o V e s p ú c l o
• Apreciação do resenhista. d e s c r e v e u o incidente e m u m a carta d e 1 5 0 4 .
26 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 27

O livro d e B u e n o n ã o se limita à d e s c r i ç ã o f a c t u a l d e a c o n t e c i -
Exemplo de resenha crítica:
m e n t o s . O t r a b a l h o b u s c a e n t e n d e r a g e s t a ç ã o d o s r u m o s d o país e a
n a t u r e z a e c o n ó m i c a , s o c i a l è política d o r e g i m e c o l o n i a l e m f o r m a ç ã o .
S I N G E R , Helena.
A s f i g u r a s e m b l e m á t i c a s d a o c u p a ç ã o s e r v e m e s p e c i a l m e n t e p a r a lan-
ç a r luz s o b r e o projeto u l t r a m a r i n o e m relação à n o v a colónia. R e p ú b l i c a d a s c r i a n ç a s : s o b r e e x p e r i ê n c i a s e s c o l a r e s d e resistência.
É o caso de portugueses que acabaram se integrando c o m os
Editora Hucitec.
índios - m u i t o s d e l e s c a s a r a m c o m filhas d e i m p o r t a n t e s c h e f e s indíge-
n a s e e x e r c e r a m papel d e c i s i v o n a tribo e n a i n t e r m e d i a ç ã o d o c o m é r - 1998.
cio c o m p o t ê n c i a s e u r o p é i a s . G a n h a m d e s t a q u e a v e n t u r e i r o s c o m o
A a n t e c i p a ç ã o d e u m futuro c e n t r a d o n a t r o c a d o s s a b e r e s t e m
C a r a m u r u e J o ã o R a m a l h o ( n á u f r a g o o u d e g r e d a d o q u e dirigiu o tráfico
m o b i l i z a d o as e s c o l a s . C h o m e m , reza a s cartilhas, d e v e r á ser ágil,
d e e s c r a v o s d o interior p a r a o litoral); o misterioso Bacharel d e C a n a n é i a ,
criativo e c a p a z d e r e s p o n d e r à multiplicidade d a s t r a n s f o r m a ç õ e s e m
o primeiro traficante d e e s c r a v o s d o Brasil; o m i t o l ó g i c o Aleixo G a r c i a ,
curso. "Aprender a aprender" é o mote de todos. Essa mobilização
q u e , a partir d o atua! território d e S a n t a C a t a r i n a , c o m a n d o u u m exército
o c o r r e n u m c o n t e x t o s o c i o e c o n ó m i c o c e n t r a d o no d e s e m p e n h o e n a
d e índios e s a q u e o u c i d a d e s d o i m p é r i o Inca, a m i l h a r e s d e q u i l ó m e -
c o m p e t ê n c i a c o m o e s t r a t é g i a s d e c o n t r o l e e d e individualização, e m
tros d e distância. O atua! v o l u m e c h e g a até a c r i a ç ã o e f r a c a s s o d a s
q u e "só o s m e l h o r e s v e n c e r ã o " .
c a p i t a n i a s hereditárias. A d e s c o b e r t a d a s m i n a s d e prata d o P e r u j o g o u
Concomitantemente, as liberdades de expressão, pensamento e
o Brasil p a r a o s e g u n d o plano nos projetos u l t r a m a r i n o s . C o m e ç a v a o
tempo dos governadores-gerais, c o m a chegada de T o m é de Souza, c o m p o r t a m e n t o , d e p o i s d e p r o l o n g a d a s lutas, c o n q u i s t a r a m s e u e s p a -
m a s o d e s e n v o l v i m e n t o d o Brasil c o n t i n u a r i a a i n d a a d e p e n d e r d o tra- ç o d e m a n i f e s t a ç ã o d e m o c r á t i c a - s e n d o tributárias d o s m o v i m e n t o s
b a l h o d e n á u f r a g o s e d e g r e d a d o s e d a e s c r a v i z a ç ã o d e índios c o m o contestatórios dos anos 60, dos quais maio de 68 é seu marco simbó-
única atividade comercial. (LM) lico. A b s o r v i d a s pela lógica d e m e r c a d o g l o b a l i z a d o , e s s a s l i b e r d a d e s
d i s t a n c i a m - s e , c r i t i c a m e n t e , se f o r e m e x p r e s s ã o d e indivíduos a u t ó n o -
( L . M . 1 9 9 9 , p. 5 8 )
m o s , livres e felizes. A o contrário, r e s p o n d e m o s , á v i d a e a n s i o s a m e n -
2.3.2 - Resenha crítica t e , à s e x i g ê n c i a s d e u m m u n d o q u e n ã o c e s s a d e nos a m e a ç a r c o m a
e x c l u s ã o . C o m o construir a c i d a d a n i a c o m e s s a p e r s p e c t i v a ?
É construída em partes que podem não estar separadas por Atenta a e s s a contradição, a s o c i ó l o g a Helena Singer lançou R e -
títulos, mas sempre terá essa avaliação. pública das crianças: sobre experiências escolares de resistência. C
• Cabeçalho: que apresenta os dados da obra; livro retoma u m debate a p a r e n t e m e n t e e s q u e c i d o entre nós, e m b o r a b a s -
• Referências do autor; tante presente nos a n o s 7 0 , q u a n d o s u r g i r a m no Brasil as escolas "alter-
nativas" - experiências e d u c a c i o n a i s libertárias p r o m o v i d a s pelas e s c o -
• Contextualização da obra;
las livres, o u d e m o c r á t i c a s , hoje reduzidas a m e n o s d e c e m , e m todo o
• Resumo do conteúdo;
m u n d o , e d a s quais a mais c o n h e c i d a é S u m m e r h i l l , d e A l e x a n d e r Nelli.
• Análise onde se propõe um julgamento de valor sobre os E s s a s e s c o l a s d i f e r e n c i a m - s e d a s tradicionais e m vários princí-
pontos contraditõrios e os mais importantes; pios: auto-regulamentação; não valorização d e currículos uniformes; d e s -
• Apreciação da obra quanto ao seu valor crítico, social e c e n t r a l i z a ç ã o d o papel d o professor; liberdade d e a s c r i a n ç a s f r e q u e n -
humano, com uma visão crítica objetiva sem que o resenhador t a r e m o u n ã o a s a u l a s . V a l o r i z a n d o a s e s c o l h a s individuais d e a p r e n d i -
interfira com seu pensamento no trabalho analisado; z a g e m e o e s t a b e l e c i m e n t o d e regras p e l o s a l u n o s e m a s s e m b l é i a s
coletivas - d a í a d e n o m i n a ç ã o d e "repúblicas" d a d a pela a u t o r a a e s -
• Considera-se a importância da obra para a área de sua
s a s e x p e r i ê n c i a s - e s s a s e s c o l a s f u n d a m - s e n o respeito a o d e s e j o d a
referência;
c r i a n ç a , à d i v e r s i d a d e d e interesses e à c a p a c i d a d e h u m a n a d e c o n s -
• Conclusão com considerações sobre o valor do conjunto tituir g r u p o s a u t ó n o m o s e Inteligentes. R e c o n h e c e n d o q u e s e r i a m e s -
da obra como um todo. s e s o s princípios d e u m a real d e m o c r a c i a , o q u e s t i o n a m e n t o s u b j a c e n t e
28 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 29

à pesquisa de Helena Singer gera polémica: será o sistema escolar poderão servir a nossos propósitos de estudo, bem como as ba-
moderno adequado a um regime efetivamente democrático? ses de conhecimento sobre as quais as obras foram escritas.
P a r a d i g m a s - C o m o suporte para s u a s análises, a autora recorre
à o b r a d e dois p e n s a d o r e s franceses - Émile D u r k h e i m (1858-1917) e
2.4 - A R T I G O C I E N T Í F I C O
Michel Foucault (1926-1984) - q u e , e m m o m e n t o s históricos distintos,
discutiram o papel d a disciplina e d a escola na construção d a a u t o n o m i a ,
Texto que discute idéias, métodos, técnicas, processos e
e, c o n s e q u e n t e m e n t e , d a d e m o c r a c i a , c o m c o n c l u s õ e s radicalmente di-
v e r s a s . É na diferença d e s s a s d u a s perspectivas q u e a autora procurará
resultados de pesquisas nas diversas áreas do conhecimento,
c o m p r e e n d e r a e m e r g ê n c i a d a s escolas livres, o u democráticas, princi-
destinado a divulgação.
p a l m e n t e a partir d o s a n o s 60, c o m o f o r m a s d e r e s i s t ê n c i a a o p r e s e n t e . O artigo científico tem a seguinte estrutura:
R e s u m i d a m e n t e , D u r k h e i m r e c o n h e c e a f u n ç ã o n o r m a t i v a e dis- • Título;
ciplinar d a e s c o l a c o m o c o n d i ç ã o n e c e s s á r i a p a r a a i n s e r ç ã o d o indiví- • Nome(s)do(s)autor(res);
d u o n o social e s u a c o n s t i t u i ç ã o e n q u a n t o sujeito a u t ó n o m o . Foucault, a • Resumo: parágrafo que sintetiza os objetivos pretendidos,
partir d e s u a s a n á l i s e s d a s s o c i e d a d e s disciplinares e m e r g e n t e s a par- a metodologia empregada e as conclusões alcançadas no
tir d o s é c u l o X V I I I , constrói u m a g e n e a l o g i a d o poder, na q u a l r e c o n h e - artigo;
c e a E s c o l a - a o lado d a s p r i s õ e s , d o s hospitais e d o s m a n i c ô m i o s - • Abstract: resumo em inglês;
c o m o u m d o s dispositivos d e p o d e r destinados a produzir, c o m a disci- • Palavras-chaves
plina e o a d e s t r a m e n t o , c o r p o s dóceis e eficientes, m a s não a u t ó n o m o s . • Introdução: deve ser breve, tratando das intenções que mo-
N a tensão desses dois paradigmas, e percorrendo as várias expe- tivaram a elaboração do artigo e da metodologia da pesqui-
riências de escolas democráticas d o m u n d o , d e s d e aquelas d e inspiração sa que forneceu subsídios para a compreensão da temática.
rousseauniana, c o m o a d e Tolstoi na Rússia de 1850, até as contemporâ- • Desenvolvimento: é uma argumentação na qual o autor pre-
neas, d e inspirações teóricas as mais diversas, m a s c o m nítida influência tende persuadir o leitor com base nos fatos apresentados,
d e Summerhill, o livro d e Helena Singer convida a todos aqueles implica- na descrição dos elementos e na análise dos dados da
dos c o m u m a Educação construtora d a democracia para um debate esti-
pesquisa. Pode-se dividir esta parte em itens para melhor
mulante, necessário e urgente.
expor as idéias;
( V R , 1 9 9 8 , p. 56) • Conclusão: é uma apresentação sucinta do que foi expos-
to, tecendo considerações, fazendo inferências sobre as
O primeiro exemplo é mais simples de elaborar, pois é des-
idéias básicas e expondo os resultados obtidos.
critivo e atém-se às idéias exclusivas do autor da obra não pene- • Referências: havendo citações de autores, deve-se indi-
trando nos fundamentos teóricos que a nortearam. É uma rese- car a bibliografia ao final, seguindo a norma da ABNT. No
nha com base na leitura histórica e apenas cita fatos históricos corpo do texto usa-se o sistema autor, data.
sem, contudo, fundamentá-los numa teoria. • Notas: se houver, devem ser numeradas e apresentadas
O segundo exemplo é de resenha crítica. Neste modelo de no final do texto após a conclusão.
resenha o autor propõe três pontos fundamentais: a sua opinião
sobre o tema, um resumo da obra e fundamentação teórica cha- 2.5 - T R A B A L H O M O N O G R Á F I C O
mado de paradigmas. Neste ponto o autor indica as bases teóri-
cas sobre as quais a autora do livro desenvolveu seu trabalho. Título
Autor
É muito importante adquirir-se o hábito de leitura de resenha.
Introdução (dizer do que trata o trabalho e jus-
Através delas ficamos sabendo o teor das obras indicadas, que
tificar sua elaboração)
30 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 31

EMENTA
Caracterização do Problema (descrever o fato que propiciou o
Indica o propósito da disciplina.
interesse peio problema)

O Estado da Questão (apresentar a opnião dos autores


OBJETIVO
que já se preocuparam com a pro-
blemática. Sitentizar as idéias de Indica o q u e se espera alcançar na formação do aluno
cada autor fazendo citações bibli- com os estudos da disciplina.
ográficas de cada um)

UNIDADESTEMÁTICAS
Síntese Crítica (elaborar um texto expondo a
Relaciona o conteúdo programático do estudo da disciplina.
preocupação inicial, utilizando a
argumentação dos autores indi-
cados e propondo sua prõpria METODOLOGIA
opinião sobre a problemática.) Apresenta como será desenvolvido o ensino da discipli-
na, c o m o serão as aulas: se expositivas, dialógicas, interativas
Conclusão (fechamento do texto propondo e se serão utilizados instrumentos didáticos.
aberturas para novas discusões.)

Referências (relação das obras utilizadas no AVALIAÇÃO


texto.) Considera o modelo de avaliação dos alunos ao término
de cada unidade temática.

2.6 - P L A N O D E E N S I N O B I B L I p G R A F I A BÁSICA
É a mais específica, que diz respeito diretamente aos te-
mas discutidos. Podem ser livros, teses, dissertações e textos
Curso: Série: eletrônicos.
Disciplina: C/H t o t a l :
Professor: C/H s e m : COMPLEMENTAR
Departamento: Período: É a mais geral. Aborda os temas de maneira genérica. Po-
dem ser indicados revistas, jornais e fontes eletrônicas.

JUSTIFICATIVA
Diz por q u e a disciplina é importante para o curso e o que
ela acrescenta na formação do estudante.
32 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 33

2.7 " E X E M P L O D E P L A N O D E E N S I N O METODOLOGIA DO ENSINO


• Discussão dialógica de textos
CURSO: F O R M A Ç Ã O DO EDUCADOR • Pesquisa no cotidiano dos educandos
DISCIPLINA: SOCIOLOGIA DO COTIDIANO • Elaboração de textos teóricos com base em experiências do
PROF.: DERLY B A R B O S A cotidiano

JUSTIFICATIVA: BIBLIOGRAFIA
A disciplina insere-se no curso de Formação do Educador
no sentido de contribuir par a formação do professor com uma BERGER, Peter I. e LUCKMANN, Thomas. A c o n s t r u ç ã o social
visão abrangente do real. da realidade. 11^ ed., Petrópolis (RJ) Vozes, 1994.
CERTEAU, Michel de. A invenção d o cotidiano. 2^ ed., Petrópolis
O conhecimento do cotidiano tem se mostrado necessário
(RJ) Editora Vozes, 1996.
para todos os profissionais que trabalham com pessoas. A per-
CHIZZOTTI, Antonio. O cotidiano e as pesquisas em educação
cepção do cotidiano torna-se necessário para o conhecimento
In: FAZENDA, I.C. (org). N o v o s e n f o q u e s da p e s q u i s a educa-
do contexto social no qual se insere a educação e o educando.
cionai. São Paulo: Cortez Editora, 1992.
HELLER, Agnes. O cotidiano e a História. 4^ ed.. São Paulo: Edi-
EMENTA
tora Paz e Terra, 1992.
A disciplina propõe-se a discutir questões teóricas sobre o MAFFESOLl, Michel. O c o n h e c i m e n t o d o Q u o t i d i a n o . Lisboa:
real vivido por professores, alunos e comunidade escolar, bem Veja/Universidade, s/d.
como as diversas instâncias educacionais. Numa relação com a MARTINS, José de Souza. A sociabilidade d o h o m e m simples:
prática propõe-se a desenvolver pesquisas sobre o cotidiano dos cotidiano e História na modernidade anómala. São Paulo: Hucitec,
educadores e dos educandos. 2000.
MATURANA, Humberto. C o g n i ç ã o , ciência e v i d a c o t i d i a n a .
OBJETIVOS Belo Horizonte (MG): Editora UFMG, 2 0 0 1 .
MORIN, Edgar. E d u c a ç ã o e c o m p l e x i d a d e : os sete saberes e
• Desenvolver a percepção do real vivido na sua dimensão
outros ensaios. São Paulo: Cortez Editora, 2002.
cotidiana.
PAIS, José Machado. Vida cotidiana: enigmas e revelações. São
• Compreender os diversos níveis de realidade do cotidiano
Paulo: Cortez Editora, 2003.
escolar.
RANDOM, Michel. O pensamento transdisciplinar e o real. São
• Contribuir para a f o r m a ç ã o inter e transdisciplinar do Paulo: Trion,2000.
educador.
SPINK, Mary Jane (org ). O c o n h e c i m e n t o n o c o t i d i a n o . São
Paulo: Brasiliense, 1995.
UNIDADESTEMÁTICAS TEIXEIRA, Carla Costa (org.). Em b u s c a da experiência m u n -
• Teorização do significado de cotidiano dana e seus significados. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2000.
• Compreensão da sociologia do cotidiano
• Níveis de realidade do conhecimento do cotidiano
• Percepção prática do cotidiano
• História de vida e cotidiano
• Cotidiano escolar e complexidade: uma relação sistémica
34 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 35

2.8 - P R O J E T O D E T R A B A L H O P E D A G Ó G I C O PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS


Descreva como vai executar o projeto. (Pesquisar na esco-
TÍTULO DO PROJETO la, no bairro e outras.) Dividir em etapas.
PROFESSOR RESPONSÁVEL
AÇÓES
FOCO PRINCIPAL DO PROJETO
Indica o ciclo, as séries que participarão e as disciplinas envol- Descreva as ações. (Visitas, enquetes, confeccionar jornal,
vidas apresentar resultado à comunidade e outras.)

P O P U L A Ç Ã O ALVO RELACIONARTODOS OS EQUIPAMENTOS, MATERIAIS E SER-


Indica a quantidade das pessoas envolvidas (alunos, pro- VIÇOS NECESSÁRIOS PARA A EXECUÇÃO DO PROJETO.
fessores, pais e outros).
BIBLIOGRAFIA
PERÍODO DE R E A L I Z A Ç Ã O DO PROJETO
Indica o início e o término previsto da implementação do pro- O B S : Os trabalhos académicos devem ser elaborados de acordo
jeto (dia, m é s e a n o ) . com as normas técnicas, indicadas a seguir.

NÚMERO DE HORAS PREVISTAS


Apresenta a quantidade de horas previstas desde o início
até o término do projeto.

PARCERIA
Indicá-la (se houver) e em que condições será efetuada.

JUSTIFICATIVA
Descreva por que há interesse em elaborar o projeto. (O pro-
jeto deve estar sempre voltado para as questões de aprendiza-
gem.)

OBJETIVO
Relaciona concretamente o que se pretende atingir com vis-
tas à justificativa proposta.

METAS
Quantifica o universo a ser atingido (ex. diminuir a retenção,
fazer visitas e outros).
36 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 37

2.9 - N O R M A S T É C N I C A S P A R A A E L A B O R A Ç Ã O D E 2 . 9 . 2 - N o r m a s técnicas ^
TRABALHOS ACADÉMICOS
TAMANHO DAS FOLHAS
2.9.1 - Modelo de f o l h a de r o s t o de t r a b a l h o As folhas a serem utilizadas devem ser de papel sulfite ta-
Autor(es)í^> m a n h o A 4 (medidas 21,0 x 29,7 cm). Usa-se apenas um lado.
Turma Í'^»
MARGENS

- superior = 3cm ^
- inferior = 2cm
- esquerda = 3cm
- direita = 2cm

TAMANHO DAS LETRAS

Título do Trabalho*^) - No corpo do trabalho = letra 12 em arial ou times new roman


- Nos títulos dos capítulos, introdução, sumário, bibliografia, anexos
e outras = letra 14 arial, maiúsculas e negrito
- Nos títulos dos Itens e sub-itens = letra 12 em arial, minúsculas,
(4)
negrito

Disciplina: (4)

ESPAÇO ENTRE A S LINHAS


Professor(a): (4)

O texto deve ser digitado em espaço 1,5.

INÍCIO DOS PARÁGRAFOS

Os parágrafos devem ter início com um avanço de oito


espaços para dentro, com relação à margem esquerda.
Universidade de São Paulo - USP(=^'
SÃO PAULO - 2006W
2.9.3 - E x e m p l o s de Referência Bibliográfica

- corpo 14 (para um autor) e 12 (para vários autores). Livros


- corpo 16
FOUREZ, G. A construção das ciências: introdução à filosofia
- corpo 14
e à ética das ciências. São Paulo: Editora da UNESP, 1995.
- corpo 12, caixa alta, negrito
38 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 39

FREIRE, R Educação c o m o prática de iiberdade. 17- ed. São A u t o r c o m mais d e u m livro


Paulo: Paz e Terra, 1986.
FREYRE, Gilberto. Casa g r a n d e & senzala: formação da
Tradução família brasileira sob o regime de economia patriarcal. Rio de
Janeiro: J. Olympio, 1943.2v.
LYOTARD, J. F. O pós-moderno. 4^ ed. Trad. Ricardo Corrêa . Sobrados e m o c a m b o s : decadência do patriarcado
Barbosa. Rio de Janeiro: José Olympio, 1993. rural no Brasil. São Paulo: Ed. Nacional, 1936.

A r t i g o d e revista Até 3 autores


MOURA, Alexandrina Sobreira de. Direito de habitação às Ouando a obra tem até três autores mencionam-se todos na
classes de baixa renda. C i ê n c i a & T r ó p i c o , Recife, v.11, n. entrada, na ordem em que aparecem na publicação. Por exemplo:
1, p. 71-78, jan./jun. 1983.
METODOLOGIA do índice Nacional de Preços ao Consumi- MAIA, Tom; CALMON, Pedro e MAIA, Thereza Regina de
d o r - INPC. Revista Brasiieira de Estatística, Rio de Janeiro, Camargo. Se há mais de três autores, mencionam-se até os três
V. 4 1 , n. 162, p. 323-330, abr./jun. 1980. primeiros seguidos da expressão etal. Por exemplo:

ALMEIDA, José da Costa et ai.


Dissertação o u tese
ALMEIDA, José da Costa; VARGAS, Feliciano etal.
NISHIAMA, L A . O cotidiano d o diretor de escoia. Dissertação ALMEIDA, José da Costa; VARGAS, Feliciano; LOBATO, Maria
de Mestrado. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica, 1991. Luisa etal.

Artigo dejornai Obra c o m organizador o u c o o r d e n a d o r

ECONOMISTA recomenda investimentos no Ensino. O Estado Obras constituídas de vários trabalhos ou contribuições de
de São Paulo, 24-05-1977, p. 21,4-5 col. vários autores entram pelo responsável intelectual (organizador,
COUTINHO, Wilson. O Paço da Cidade retorna ao seu brilho coordenador etc.) se em destaque na publicação, seguido da abre-
barroco. Jornal d o Brasil, Rio de Janeiro, 6 mar, 1985, Caderno viação da palavra que caracteriza o tipo de responsabilidade, en-
B, p. 6. tre parênteses. Por exemplo:
BIBLIOTECA climatiza seu acervo. O Globo, Rio de Janeiro, 4
mar, 1985, p.11,c.4. CUNHA, Antônio da (Coord.)

Parte d e iivro Autor d e s c o n h e c i d o

BARBOSA, D. A competência do educador popular e a in- Em caso de autoria desconhecida entra-se pelo título. O ter-
terdisciplinaridade do conhecimento. In\, I.C. A. mo "anónimo" não deve ser substituto para o nome do autor des-
(org.) Práticas interdisciplinares na escoia. São Paulo: Cortez, conhecido.
1991.
40 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 41

2.9.4 - D o c u m e n t o s Registrados e m Fontes Eietrônicas 3) O título de livros, jornais, revistas, relatórios, anais são escritos
em negrito. Podem também ser escritos em itálico ou sublinha-
São documentos obtidos através de suportes eletrônicos, dos.
como disquetes, CDs, base de dados, internet etc. Os meios tec- 4) A data é sempre o último dado da indicação. Se não houver
noeletrônicos e informáticos só podem ser usados e citados como data, coloca-se no lugar s/d.
fontes de documentação científica quando produzidos de forma 5) Todos os dados bibliográficos são colhidos da ficha catalográfica
pública. ou da página de rosto do livro.
6) Em coletânea, só o título do livro é indicado em negrito.
Cd-rom 7) Quando a obra apresentar mais de um volume, indicar o volume
utilizado após a data.
A L E I J A D I N H O . In: A L M A N A Q U E A B R I L : sua fonte de 8) Se a obra apresentar título e subtítulo, apenas o primeiro é escrito
pesquisa. São Paulo: Abril, 1996. CD-ROM. em negrito.

Livro on-iine 2 . 9 . 5 - C i t a ç õ e s Bibliográficas


SHAKESPEARE, W. Romeo a n d Juiiet. The Web's first edition of
the complete works of William Shakespeare. S.L.: The Internet Public As citações são elementos como frases, expressões ou pa-
Library, s.d. [online]. Disponível em: rágrafos retirados dos documentos utilizados para corroborar o
<http://thetec.mit.edu/shakespeare/Tragedy/romeoandjuliet/ que estamos dizendo e para propiciar uma dinâmica no diálogo
romeoandjuliethtml> Acesso em 28 nov. 1998. com o autor. Atentar para o seguinte:

1) Ao citar uma frase ou parágrafo é preciso indicar a fonte


B a n c o de d a d o s
de onde foram extraídos, não sendo permitida a cópia de
BIRDS from Amapá: banco de dados. Disponível em: palavras do autor sem clara indicação da autoria.
<http://www.bdt/avifauna/aves> Acesso em 25 nov. 1998.
2) As palavras do autor citado devem ser escritas da se-
guinte forma: até 03 linhas coloca-se na sequência normal
A r q u i v o e m disquete
da escrita entre aspas. A citação que ultrapassar t r ê s
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ. Biblioteca Central. linhas deverá ser colocada em parágrafo especial, recu-
Normas d o e : normas para apresentação de trabalhos. Curitiba, 7 ado 4 c m da margem esquerda e a l i n h a d o peia mar-
mar. 1998. 5 disquetes, 3 72 pol. Word for Windows 7.0. g e m direita, e m c o r p o 10.

Observação Exemplos:

1) Os autores são colocados em ordem alfabética de sobrenome, A ) No exercício da metodologia interdisciplinar, a elaboração
com letras maiúsculas e com o nome abreviado ou por extenso. do conhecimento do aluno se faz em parceria com o professor
2) A segunda linha de referência situa-se no alinhamento da linha e estabelece uma relação dialética entre a teoria que descreve
anterior, na margem esquerda. e analisa a realidade e a prática que a engendra.
42 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 43

E n t e n d e m o s por e s s a e d u c a ç ã o u m a prática e d u c a c i o n a l v i b r a n - 3) A transcrição deve ser fiel ao texto ainda que nele haja erro.
te, e m que tanto educador quanto educando são agentes ativos do Neste caso, para evidenciar que o erro é proveniente do texto
p r o c e s s o , n u m a p e r e n e reciprocidade. do autor citado, coloca-se, após a palavra ou expressão equi-
Significado m a i s c o n t u n d e n t e lhe d á P a u l o Freire q u a n d o diz q u e
vocada, a indicação (s/c), que quer dizer, "assim estava no texto
"esta e d u c a ç ã o , d e caráter reflexivo, implica c o n s t a n t e ato d e d e s v e l a -
m e n t o d a realidade... b u s c a a e m e r s ã o d a s c o n s c i ê n c i a s , d e q u e r e s u l -
de origem".
te s u a i n s e r ç ã o crítica n a realidade" ( F R E I R E , 1 9 8 5 , p. 8 0 ) . 4) Quando se deseja dar ênfase a uma expressão do autor, colo-
N e s s a prática e d u c a c i o n a l cam-se palavras em negrito acrescentando-se, ao final, entre
parênteses, a referência "o grifo é nosso".
vão os educandos desenvolvendo o seu poder de captação
e d e c o m p r e e n s ã o d o m u n d o q u e lhes a p a r e c e , e m s u a s 5) Não é sugerido citar um autor que não tenha sido consultado no
relações c o m ele, n ã o m a i s c o m o u m a realidade estática, original. Assim, procure evitar a citação do texto de um autor
m a s c o m o u m a realidade e m t r a n s f o r m a ç ã o , e m p r o c e s s o , extraída de íima citação feita por outro autor (é chamada "cita-
o q u e implica n a n e g a ç ã o d o h o m e m a b s t r a t o , Isolado, sol- ção indireta"). No entanto, se não lhe foi possível consultar o
to, desligado do m u n d o , assim t a m b é m na negação do original, cite as duas fontes utilizando-se da expressão apud.
m u n d o c o m o u m a realidade a u s e n t e d o s h o m e n s ( F R E I R E ,
Veja exemplo:
1 9 8 5 , p. 8 1 - 8 2 ) .
Paulo Freire (apudGADQTTI, 1996, p. 10)...
B ) O sujeito interdisciplinar d e s e n v o l v e u m a atitude c o m o a g e n t e d a
a ç ã o d e m u d a n ç a d e u m m u n d o c o d i f i c a d o , e s t r u t u r a d o s o b r e u m a alta SISTEMA AUTOR-DATA
valorização dos dispositivos institucionais para um m u n d o onde as
características h u m a n a s s e j a m mais valorizadas, o n d e a cultura h u m a n a A maneira mais atual e mais simples de fazer referência ao
seja r e c o n h e c i d a c o m o f u n d a m e n t o d a v o n t a d e d o ser. autor, cujo texto teve passagens utilizadas, é citá-lo no corpo do
E n r i q u e s ( 1 9 9 4 , p. 31 - 3 2 ) , n u m a a b o r d a g e m p s i c o s s o c i o l ó g i c a , texto. Exemplos:
f a z u m a d i f e r e n c i a ç ã o entre o indivíduo individualizado e outro tipo d e Q código restrito, segundo Fourez (1995, p. 18) é a "lingua-
indivíduo q u e ele c h a m a d e sujeito h u m a n o . O primeiro só s a b e repetir,
gem do dia-a-dia, útil na prática"...
reproduzir e recriar o f u n c i o n a m e n t o social tal c o m o ele é. E n q u a n t o o
A leitura dos autores e a devida reflexão nos possibilita ver a
"sujeito h u m a n o " é a q u e l e q u e p r o c u r a "sair t a n t o d a c l a u s u r a p s í q u i c a ,
b e m c o m o d a t r a n q u i l i d a d e narcísica, p a r a se abrir a o m u n d o e p a r a realidade com o uso do código elaborado que "procura dizer algo
t e n t a r t r a n s f o r m á - l o " . Diz respeito a c a d a u m q u e do porquê e do sentido das coisas" (FQUREZ, 1995, p. 19).

aceitando a s determinações que o f a z e m tal c o m o é, t e m c o m o


NOTAS DE RODAPÉ
projeto voluntário, nos lugares d a vida cotidiana, e m s u a vida
d e trabalho, e m suas relaçóes sociais d e t o d o s os dias, tentar Utilizando-se a forma acima para referência ao autor no corpo
introduzir u m a m u d a n ç a e m si m e s m o e nos outros, por míni-
do texto não há necessidade de citá-lo no rodapé da página, pois a
m a que seja, a respeito d e qualquer tipo d e problema.
informação completa sobre a obra aparecerá na Bibliografia no final
Este é n a v e r d a d e o sujeito criador d a história, o " h o m e m q u e
do trabalho.
s a b e d e s p o s a r s u a s c o n t r i b u i ç õ e s e f a z e r d e s e u s conflitos, d e s e u s Assim sendo, as NQTAS DE RQDAPÉ serão utilizadas para
m e d o s , d e s u a s m e t a m o r f o s e s a própria c o n d i ç ã o d e s u a v i d a " (p. 3 3 ) . alguma explicação mais pormenorizada de algum conceito ou idéia
( B A R B O S A , 2 0 0 1 , p. 5 8 - 6 7 ) .
44 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 45

que se faça necessário como esclarecimento do texto. Procede-se Exemplo: No rodapé da página:
da seguinte forma:
^ FARIA, José Eduardo (Org.). D i r e i t o s h u m a n o s , d i r e i t o s s o c i a i s e j u s t i ç a .
• Coloca-se um n ú m e r o de c h a m a d a após os sinais de S ã o Paulo: M a l h e i r o s , 1 9 9 4 .

pontuação do conceito ou idéia que se quer esclarecer e


acima da metade da linha. Os números seguem a ordem 2) As s u b s e q u e n t e s citaçóes da m e s m a obra p o d e m ser
crescente no interior de cada capítulo. referenciadas de f o r m a abreviada, utilizando as s e g u i n t e s
• As notas são escritas em espaço um, fonte sempre menor expressóes, abreviadas quando for o caso:
que a do corpo do texto, começando a 1 cm da margem
a) Idem-mesmo autor - /d.;
inferior e logo após o correspondente número de chamada,
Exemplo:
na mesma linha da margem esquerda. Dá-se ao número
uma entrada de 1 cm. 9 A S S O C I A Ç Ã O B R A S I L E I R A D E N O R M A S T É C N I C A S , 1 9 8 9 , p. 9.
• Separam-se as notas de rodapé do corpo do texto da pági- ^ Id., 2 0 0 0 , p. 19.
na correspondente, por um traço que avança até um terço
da página, ficando distante 1 cm da última linha e da primei- b) Ibidem - na mesma obra - /ó/d.;
ra nota. Exemplo:
• Mantém-se a mesma margem, à esquerda e à direita.
=^DURKHEM, 1 9 2 5 , p. 176.
' Ibid., p. 1 9 0 .
Exemplo: No texto:
O novo medicamento estará disponível até o final c) Opus citatum, opere citato-obm citada - op. cit\
deste semestre (informação verbal)^ Exemplo:
No rodapé da página:
^ A D O R N O , 1 9 9 5 , p. 3 8 .
^ N o t í c i a f o r n e c i d a por J o h n A . S m i t h n o C o n g r e s s o Internacional de ^ G A R L A N D , 1 9 9 0 , p. 4 2 - 4 3 .
Engenharia Genética, e m Londres, e m outubro de 2 0 0 1 . ^° A D O R N O , op. cit, p. 4 0 .

d) P a s s / m - aqui e ali, em diversas passagens - passim;


NOTAS DE REFERÊNCIA Exemplo:

5 RIBEIRO, 1997, pass/m.


A numeração das notas de referência é feita por algarismos
arábicos, devendo ter numeração única e consecutiva para cada
e) Loco citato - no lugar citado - Loc. cit;
capítulo ou parte. Não se inicia a numeração a cada página.
Exemplo:

1) A primeira citação de uma obra, em nota de rodapé, deve ter ' ' T O M A S E L L I ; P O R T E R , 1992, P. 3 3 - 4 6 .
sua referência completa. 5 T O M A S E L L I ; P O R T E R , loc. cit
46 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia

f) Confira, confronte-Cf.; - -
Exemplo:

3 Cf. C A L D E I R A , 1 9 9 2 .

g) Seguenf/a-seguinte ou que se segue - efseq.;


Exemplo:

^ F O U C A U L T , 1 9 9 4 , p. 17 etseq.;
Capítulo 3

3) A expressão apud - citado por, conforme,segundo - pode, PESQUISA E CONHECIMENTO


também, ser usada no texto. )

Exemplos: No texto:
Estudar é um processo permanente, do dia-a-dia, assim
Segundo Silva (1983 apud ABREU, 1999, p. 3) diz
como aprender acontece a todo o instante.
ser [...]
Estudar com pesquisa é uma maneira inteligente de aprender.
"[...] o viés organicista da burocracia estatal e o
As mudanças constantes da sociedade nos propõem a
antiliberalismo da c u l t u r a política de 1937,
busca permanente de conhecimento.
preservado de modo encapuçado na Carta de
Se precisa discutir um assunto ou escrever sobre um tema e
1946." (VIANNA, 1986, p. 172 a p u d SEGATTC,
não sabe como fazé-io, então você está com um problema de co-
1995, p. 214-215).
nhecimento. A solução para esse problema pode ser encontrada
No modelo serial de Gough (1972 apud NARDI,
na pesquisa como metodologia de estudo e de aprendizagem.
1993), o ato de ler envolve um processamento serial
O saber não cai do céu, somos nós quem o elaboramos e o
que começa com uma fixação ocular sobre o texto,
recriamos. A sua construção é possibilitada através da pesquisa.
prosseguindo da esquerda para a direita de forma
Esta, por sua vez, é realizada com uma metodologia própria.
linear.

No rodapé da página:
3-1 - S I G N I F I C A D O D A P E S Q U I S A N A F O R M A Ç Ã O D O
^ E V A N S , 1987 a p u d S A G E , 1 9 9 2 , p. 2 - 3 . ^
ALUNO

Estudar utilizando a pesquisa como metodologia de apren-


dizagem é um desafio e um prazer.
Desafio porque estaremos em busca de novos conhecimen-
tos, trilhando novos caminhos para o conhecimento da realida-
de. O novo é sempre uma incógnita, mas é também o desven-
dar do desconhecido. Por ser um d e s a f i o , ao enfrentá-lo, esta-
48 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 49

remos mostrando todo nosso potencial cognitivo para o qual a 3-2 - T I P O S D E C O N H E C I M E N T O


percepção e a perspicácia são fatores fundamentais.
É um prazer porque estaremos nos valorizando diante das Ao longo da sua história a sociedade humana deu origem a
exigências sociais e reforçando nossa auto-estima, além de alguns tipos de conhecimento. Cada qual ao seu tempo foram
estarmos buscando autonomia na resolução de problemas que a aparecendo e convivendo com os mais novos.
vida e o mercado de trabalho nos colocam. Para o interesse desse manual de metodologia consideramos
Quando falamos em problemas de conhecimento, estamos os seguintes tipos de conhecimento:
nos referindo a algum assunto que precisa ser compreendido,
explicado e elaborado de forma escrita. No nosso cotidiano estamos • Senso comum
envolvidos por inúmeros problemas de c o n h e c i m e n t o que • Religioso
precisamos resolver. Ninguém sabe tudo. Todos estão em busca • Filosófico
de novos conhecimentos, mesmo que sejam sobre velhos temas. • Científico.
Quantas vezes lendo jornais e revistas somos tomados por
dúvidas sobre determinados assuntos. É nessa hora que temos Nesta ordem, o conhecimento científico destaca-se dos de-
que buscar esclarecimentos sobre os problemas apresentados mais pela sua recente existência e por influenciar decisivamente o
para que a leitura torne-se produtiva e esclarecedora. desenvolvimento da sociedade.
Nesse sentido, a pesquisa possibilita ao aluno aprender a A seguir apresentamos as características básicas de cada
aprender, conduzindo-o a: tipo de conhecimento.

• Uma interpretação própria do conhecimento; 3.2.1 - C o n h e c i m e n t o de s e n s o c o m u m


• Uma abertura de caminho a uma elaboração pessoal do saber;
• Saber pensar na busca do conhecimento; Também chamado de "vulgar", "popular" e "empírico" é o
• Alimentar-se da dúvida para estimular novas buscas; conhecimento do dia-a-dia, do cotidiano, da vida das pessoas.
• Estar sempre atento à inovação; Espontâneo, focalista e incompleto por não apresentar uma se-
• Uma prática transgressora dos limites do conhecimento; quência, não possuir método de organização e não ter história pró-
• Uma perspectiva dialética de aprendizagem que busca, pria. Resulta de experiências casuais e da prática de erros e acer-
na prática, a renovação da teoria e, na teoria, a renovação tos. Não apresenta observação metódica nem verificação siste-
da prática; mática. Faz parte da tradição de uma comunidade e resulta de
• Compreensão de que a pesquisa não é apenas a soma de simples transmissão de uma geração a outra.
conhecimentos, mas sua multiplicação; Percebemos, com Rampazzo (1998), a natureza do conhe-
• Percepção de que uma aula, com pesquisa, usa a trans- cimento de senso comum.
missão de conhecimento como ponto de partida e se reali-
za em sua reconstrução permanente, propondo um ambi- É i g u a l m e n t e p o p u l a r (ou vulgar) o c o n h e c i m e n t o q u e , em
ente de liberdade de expressão, de crítica e de criatividade; g e r a l , o l a v r a d o r iletrado t e m d a s c o i s a s d o c a m p o . Ele in-
t e r p r e t a a f e c u n d i d a d e d o solo, o s v e n t o s a n u n c i a d o r e s de
• Novas buscas para que o aluno faça nascer o momento
c h u v a , o c o m p o r t a m e n t o d o s a n i m a i s , s a b e o n d e furar um
mágico do ato de criar, de inovar.
50 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 51

poço para obter água, ou quando cortar uma árvore para m e - j: não admitir d ú v i d a : a aceitação é a única atitude possível a o
lhor aproveitar s u a m a d e i r a , e se a colheita d e v e ser feita sujeito. O c o r r e n d o a dúvida, deixa d e ser c o n h e c i m e n t o religio-
n e s t a o u n a q u e l a lua. M a s , s e n d o fruto d a e x p e r i ê n c i a cir- so. O dia e m q u e eu duvidar q u e folha de arruda c o l o c a d a atrás
c u n s t a n c i a l , e s t e c o n h e c i m e n t o n ã o vai a l é m d o fato e m si, d a orelha d á sorte, deixo d e crer no poder d e s s e vegetal. C o m
do f e n ó m e n o isolado: é um conhecimento ametódico e a d ú v i d a , o c o n h e c i m e n t o religioso c e s s a . (p. 19)
assistemático.
E m b o r a d e nível inferior a o científico, o c o n h e c i m e n t o p o p u l a r 3.2.3 - C o n h e c i m e n t o f i l o s ó f i c o
o u empírico n ã o deve ser m e n o s p r e z a d o , pois constitui a b a s e
d o s a b e r e j á existia muito a n t e s d o h o m e m i m a g i n a r a p o s s i -
Busca uma resposta sobre a realidade refletida pelo sujeito
bilidade d a c i ê n c i a , (p. 19)
que especula sobre ele. Na Filosofia os conceitos são formados a
O conhecimento vulgar surge com a humanidade no seu partir da reflexão sobre a realidade.
processo de organização social e serviu de berço para o surgimento A Filosofia analisa tudo, procura uma visão de conjunto de
dos demais conhecimentos. toda a realidade, tem como objetivo descobrir o porquê de tudo.
Relacionada ao cotidiano,
3,2.2 - C o n h e c i m e n t o religioso
a filosofia é u m a constante interrogação que o h o m e m faz a
si m e s m o e a t o d a a r e a l i d a d e : n ã o é a l g o feito, a c a b a d o . A
É conhecido também como conhecimento teológico, que é a
filosofia interroga, principalmente, fatos e problemas q u e
crença em uma divindade, em uma força superior. Funda-se na c e r c a m o h o m e m concreto, inserido e m seu contexto histó-
crença de uma manifestação divina. Sua existência está na Fé, rico. E s t e c o n t e x t o m u d a a t r a v é s d o s t e m p o s , o q u e e x p l i -
que não admite questionamento nem dúvidas. ca o deslocamento dos temas da reflexão filosófica. Hoje,
Atende às dúvidas humanas por apresentar respostas a os filósofos, além das interrogações tradicionais, formulam
questóes que o homem não consegue responder com o conheci- novas questóes: O h o m e m será d o m i n a d o pela técnica? As
c o n q u i s t a s e s p a c i a i s c o m p r o v a m o p o d e r ilimitado d o h o -
mento vulgar, filosófico ou científico.
m e m ? O progresso técnico é um benefício para a humani-
Nesse sentido indica que a verdade surge da reveiação. E
d a d e ? Q u a i s são os a s p e c t o s éticos da globalização?
esta faz parte do campo de estudo da Teologia. ( R A M P A Z Z O , 1 9 9 9 , p. 2 3 - 2 4 )
Conhecimento religioso é também entendido como teológico,
que é uma reflexão racional e sistemática, mas que parte dos dados
3.2.4 - C o n h e c i m e n t o científico
da Fé e por isso a pressupóe.
Viegas (1999) esclarece que o conhecimento religioso, por
O conhecimento científico é construído por investigação me-
não se basear na razão nem buscar fundamentação nos sentidos,
tódica e sistemática da realidade.
O objeto de estudo da ciência é o universo material, físico,
... é s o b r e t u d o u m c o n h e c i m e n t o inspiracional: algo q u e brota
n a m e n t e , c o m o s e s o p r a d o fosse pela divindade que gover- naturalmente perceptível pelos órgãos dos sentidos ou mediante
na o objeto d a c r e n ç a e, portanto, não verificável. Por ser d a ajuda de instrumentos de investigação.
o r d e m d a inspiração, s e m possibilidade d e verificação, o co- O propósito do conhecimento científico é conhecer a essência
n h e c i m e n t o religioso torna-se u m a a p r e e n s ã o sistemática d a das coisas e dos fenómenos físicos e sociais. Não se prende às
realidade no sentido d e admitir o princípio d a contradição e aparências dos fatos e desvela a realidade apoiado pela razão.
52 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 53

O conhecimento científico está sempre em busca da verda- 3.3 - P E S Q U I S A E C O N H E C I M E N T O C I E N T Í F I C O


de que não é definitiva e para isso problematiza a realidade pro-
pondo perguntas que encaminharão o encontro de respostas pos- A pesquisa é uma atividade académica necessária para a
síveis. construção do conhecimento científico. É através da pesquisa que
o estudante supera o conhecimento de senso comum e passa a
• O que conhecer? conhecer a essência do problema em estudo. É através dela que
• Por que conhecer? se desvela o que está oculto no problema e que sua aparência
• Para que conhecer? não mostra.
• Como conhecer?
• Com que conhecer? 3.3.1 - A e s c o l h a d o t e m a
• Em que local conhecer?
No processo de pesquisa o primeiro passo é a escolha do
Estas perguntas propõem uma direção metodológica do tema. Este deixa de ser uma abstração para tornar-se uma escolha
pesquisador considerando que: concreta na metodologia científica.
A ciência é uma estrutura construída sobre fatos. Por isso, o
• o c o n h e c i m e n t o científico surgiu a partir d a s p r e o c u p a ç õ e s aluno é orientado a mergulhar no seu cotidiano e observar o que
humanas cotidianas e esse procedimento é consequente do
ocorre ali destacando fatos que, aparentemente corriqueiros, exi-
b o m senso organizado e sistemático.
gem um estudo mais profundo para serem compreendidos. Por
• O c o n h e c i m e n t o científico t r a n s c e n d e o i m e d i a t a m e n t e v i v i -
do e observado, buscando a solução de paradigmas.
exemplo: no ambiente escolar a questão da indisciplina, da rela-
• O c o n h e c i m e n t o científico, c o n s i d e r a d o c o m o u m c o n h e c i - ção professor/aluno, dos processos de aprendizagem, as rela-
m e n t o superior, e x i g e a utilização d e m é t o d o s , p r o c e s s o s , çóes interpessoais, a participação dos pais na escola, entre
t é c n i c a s e s p e c i a i s p a r a a análise, c o m p r e e n s ã o e interven- outros; numa empresa: as relaçóes humanas entre chefes e su-
ç ã o n a realidade. bordinados, o humor dos funcionários, as relaçóes interpessoais,
• A a b s t r a ç ã o e a prática h ã o d e s e r d o m i n a d a s por q u e m o uso de software para a dinamização de procedimentos; na área
pretende trabalhar cientificamente.
jurídica, um fato social ao envolver direitos torna-se um fato jurídi-
( B A R R O S e L E H F E L D , 2 0 0 0 , p. 38)
co, entre outros.
No início do processo discute-se o cotidiano em seus di-
O conhecimento científico teve origem nos séculos XV e XVI,
versos segmentos. O autor, sujeito-pesquisador iniciante, é des-
com a revolução da técnica e com descobertas e invenções na área
pertado para observar, para ver e ouvir o que está perto e o que
das matérias físicas e naturais. Mas só no século XVII, com o racio-
está contextualizado.
nalismo proposto por Descartes, é que a ciência moderna adqui-
riu método e organizou-se a partir das pesquisas empíricas. Os fatos através do senso comum possuem respostas que
podem ter soluções aparentes, mas superficiais. Na metodologia
Até hoje o conhecimento científico está se realizando com
científica o objetivo é construir o conhecimento científico que, para
inúmeras conquistas nas áreas do conhecimento físico, humano e
existir, é preciso que se conheça o que está oculto por traz da apa-
social.
rência dos fatos sociais que se percebe no conhecimento vulgar.
54 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 55

A pesquisa que o aluno fará para desvendar a essência do fato 3.3.4-Explicação


requer um primeiro contato com o fato através da observação e da
descrição. Após a descrição, a pesquisa científica propóe a busca da
e x p l i c a ç ã o dos autores para o problema proposto pelo fato evi-
3.3.2 - Observação denciado. O fato gera emoção que funciona como estímulo à bus-
ca da teoria para melhor compreendê-lo.
A o b s e r v a ç ã o é o primeiro contato com o fato e se dá atra- Os autores apresentam explicações do fato/problema que
vés dos sentidos, da consciência, da subjetividade. É a partir da foram construídas a partir de sua observação, descrição e con-
observação que compomos nosso mundo de experiências e cons- textualização. A contribuição dos autores não apresenta a solução
truímos as coisas. Os fatos só existem porque lhes damos exis- definitiva do problema, mas é uma outra maneira de vê-lo. É uma
tência. Sem a imaginação humana não há fatos e nem verdades verdade relativa ao momento histórico, ao contexto sociocultural
que os expliquem. A observação é de uma importância fundamen- em que o autor estava inserido, ou seja, a explicação do autor é a
tal nas ciências. Sem observação o estudo da realidade reduz-se sua verdade, que poderá não ser a nossa.
a simples conjectura e adivinhação.
O fato observado torna-se objeto de estudo, de pesquisa. 3.3.5 - B u s c a de n o v o s d a d o s
Nessa perspectiva o aluno-observador relaciona o fato ao seu con-
texto e destaca as hipóteses para sua compreensão. Consideramos que uma boa teoria deve contar-nos o que
O fato escolhido para estudo e pesquisa está relacionado à não sabíamos antes, até nos interessarmos por aquele fato. A partir
emocionalidade do sujeito que o escolhe; está implícita uma gran- dela vamos em busca de novos esclarecimentos com a pesquisa
de parcela de interesse do sujeito pelo fato; é a partir deste inte- de novos dados. A verdade do fato a ser construída pelo aluno-
resse que o sujeito-pesquisador poderá indicar as razóes que o pesquisador está na busca de n o v o s d a d o s através da pesquisa
levaram ao estudo do fato que dá origem ao tema. Essa percep- feita no seu momento histórico, no seu contexto sociocultural e com
ção só é possível através da observação. a sua descrição e explicação.
Após estes três momentos - descrição do fato, explicação
3.3.3-Descrição dos autores e pesquisa de novos dados concretos - a pesquisa
exige uma síntese crítica do estudo do fato. Esta síntese crítica é
A d e s c r i ç ã o é concomitante à observação. Na medida em o novo conhecimento, é a demonstração do novo sujeito conhece-
que observa, o aluno-pesquisador vai anotando o que está perce- dor.
bendo do fato. O registro do que os sentidos lhe mostram servirão
para fazer um retrato fiel do fato. 3.4 - O S P A S S O S D A P E S Q U I S A
Descrever é dizer das coisas tais como elas são. É um recorte
da realidade; é anterior às explicações teóricas; é a apresentação 1-Passo: Escolha d o tema
do fato à realidade científica.
Com a descrição, o pesquisador-aprendiz será iluminado a O tema é retirado do nosso cotidiano, das leituras de jornais
buscar a teoria para começar a entender o fato e criará sua própria e revistas, dos fatos o b s e r v a d o s no contexto social.
metodologia de pesquisa.
56 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 57

Ao observar a realidade, o aluno tomará conhecimento da


meio ambiente" etc. Os assuntos são inúmeros, e estão à nossa
complexidade do conhecimento que o envolve. Perceberá que é
volta e são sempre muito abrangentes.
impossível ter o domínio da totalidade do conhecimento, mas po-
Escolhido um assunto, fazemos a nós mesmos a pergunta:
derá aprender, através da pesquisa, a buscar o c o n h e c i m e n t o
O que será investigado? A resposta a essa pergunta está nos
totalizante. Ou seja, na medida em que pesquisa para buscar passos seguintes.
novas informações e novos dados sobre o tema, mais perto esta-
rá da verdade que o fato estudado contém.
2- Passo:Tratamento d o tema: Delimitação e problematização
O conhecimento pesquisado e a elaboração escrita que o
aluno realizará darão forma e conteúdo ao seu objeto de estudo.
Anteriormente, foi dito que estamos envolvidos por proble-
Nesse sentido, o estudante estará procedendo à organiza-
mas do conhecimento que se manifestam no nosso cotidiano.
ção do seu conhecimento sobre o tema escolhido, que é seu obje-
Na verdade são assuntos ou temas que, à primeira vista,
to de estudo. Não se trata, pois, de ordenar o conhecimento uni-
apresentam-se de forma genérica. No momento em que quiser-
versal, mas de tirar dele o que o estudante precisa para construir
mos compreender efetivamente um tema teremos que deiimitá-io
seu conhecimento.
e probiematizá-io.
Tirar o tema para pesquisa do cotidiano é uma maneira de
Para melhor compreender esta questão vamos tomar o tema
perceber-se no mundo como pessoa, através dos afazeres e en-
dado como exemplo no Primeiro Passo: " A globalização". Vamos
quanto profissional é a busca de atualização permanente.
às fontes secundárias que são os jornais e revistas e também a
Entendemos o cotidiano como sendo o espaço social no qual literatura especializada e leiamos tudo que pudermos sobre este
circulamos e que é representado pela nossa vida no local de assunto. Poderemos conhecer quase tudo sobre o mesmo, mas sua
trabalho, na família, na escola, no laser, numa conferência, num compreensão só se dará quando o tornarmos u m problema, que
grupo de estudos, enfim, nas nossas atividades do dia-a-dia. interfere no nosso cotidiano, nas nossas açóes e de maneira bem
O tema deve ser selecionado de acordo com nosso interesse objetiva nas nossas vidas. O problema é um aspecto do fato evi-
e nossa curiosidade. Um tema imposto gera reação de desconforto denciado, é uma questão proposta que requer uma resposta. Neste
e prejudica a aprendizagem. sentido, o fato como um todo é dividido em tantas partes quantas
Por isso, a escolha do tema deve atender à nossa inclinação forem necessárias para ser estudado. Para isso buscamos um foco
pessoal, ou seja, à nossa tendência para estudar determinado as- específico para compreensão, por exemplo: "a interferência da glo-
sunto. Atentar à nossa capacidade individual que está represen- balização na preservação da identidade dos Estados Nacionais".
tada pela saúde física, pelo talento e pela formação. Neste caso, a
O tema por si só é genérico, amplo, abrangente, mas a pro-
escolha do assunto deve ser pertinente à nossa área de estudo e
blematização direciona o foco de interesse de estudo e, assim,
à formação em curso.
permite delimitar a pesquisa, as leituras que deverão ser feitas e
/ É preciso verificar a possibilidade de tempo e material dis- as possíveis coletas de dados numa pesquisa de campo.
ponível para a pesquisa do tema escolhido. Afinal, o que é um
Do tema ao problema, teríamos o seguinte título de nossa
tema de pesquisa? O tema é parte de um assunto que se quer
pesquisa bibliográfica:
estudar, compreender, escrever sobre seu significado. Por exem-
• A globalização: sua interferência na preservação da
plo: "A globalização", "Os blocos económicos", "A educação", "O
identidade dos Estados Nacionais.
58 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 59

ravelmente: pede-se-lhes que abordem assuntos complexos,


Mesmo assim o tema ainda está muito amplo, por isso pre-
m u l t i f a c e t a d o s ; a rigor, " c o n j u n t o s d e p r o b l e m a s " .
cisamos especificá-lo ainda mais, problematizando-o com nova
S e , p o r u m lado, a m e t o d o l o g i a d e e n s i n o d e língua m a t e r n a n ã o
delimitação. No exemplo citado podemos acrescentar a idéia "...e t e m identificado e c o n t r i b u í d o p a r a a r e s o l u ç ã o d o p r o b l e m a d e c o m o
o f o r t a l e c i m e n t o d o poder locai n o B r a s i l " . Nesse caso o nos- t r a n s f o r m a r - s e u m t e m a e m u m p r o b l e m a , a p s i c o l o g i a c o g n i t i v a , atra-
so tema problematizado e delimitado seria: vés d a análise de problemas, oferece u m a orientação sobre c o m o pro-
• Globalização: sua interferência na preservação da identi- c e d e r n a o c a s i ã o d e precisar "delimitar u m t e m a " . Eis, e m s í n t e s e , o
dade dos Estados Nacionais e o fortalecimento do poder p r o c e d i m e n t o a seguir: a p l i q u e - s e u m a lista p a d r ã o (aqui restrita a 3
perguntas-chave):
local no Brasil.
1. A redação (do título d o trabalho, d o projeto, d e t e s e , d e livro, d e
O problema a ser estudado é o fortalecimento do poder local
artigo) responderia às seis Indagações do jornalista: Q u e m ? O q u é ? Q u a n -
no Brasil em face da globalização. Portanto, a formulação do d o ? C o m o ? Por q u é ? S e s u a f o m u l a ç ã o não responder satisfatoriamente
problema para um tema proposto exige clareza, concisão e a pelo m e n o s três d a s p e r g u n t a s - c h a v e d o jornalismo, v o c ê a i n d a n ã o
objetividade. terá f o r m u l a d o u m p r o b l e m a , m a s u m t e m a o u u m e m b r i ã o d e proble-
Veja outro exemplo no texto abaixo: m a s . E m p e n h e - s e , portanto, e m acrescentar a s e u título provisório o s
Estas questões nos levam aos objetivos da pesquisa. d a d o s indispensáveis à caracterização d o m e s m o c o m o u m p r o b l e m a .
2. A f o r m u l a ç ã o p o d e ser a m p l i a d a e m d u a s o u três u n i d a d e s
interacionais? I m a g i n e q u e s e u título f o s s e " A s m i n o r i a s linguísticas".
C o m o delimitar u m trabalho científico: d o tema ao problema
C o m o o p e r a c i o n a l i z a r e s s a r e d a ç ã o ? R e s p o n d e n d o Onde? (na R e g i ã o
Sul d o Brasil, p o r e x e m p l o ) e O quê? (a s i t u a ç ã o d e s s a s m i n o r i a s f a c e
U m a d a s dificuldades d e c o m u n i c a ç ã o escrita d e atuais e f u t u -
a o s c o n t a t o s linguísticos c o m o p o r t u g u ê s ) . A s d u a s p e r g u n t a s - c h a v e
ros cientistas e h u m a n i s t a s é a f o r m u l a ç ã o , p r e c i s a , e s p e c í f i c a d o q u e
d o j o r n a l i s m o a j u d a m a e x p a n d i r o título, d a n d o - l h e a e s p e c i f i c i d a d e
t r a d i c i o n a l m e n t e o leigo c h a m a d e " a s s u n t o " . A s s i m , p e s q u i s a d o r e s
desejável para q u e a s s u m a a condição de verdadeiro problema.
c o s t u m a m "queimar" s e u s n e u r ó n i o s p a r a d e s c o b r i r o título a d e q u a d o
3. O t e x t o d e s e u t e m a não e s t a r á a exigir u m subtítulo? E m c a s o
p a r a s e u s escritos. E s s e m e s m o desafio g e r a a n s i e d a d e n o s universi-
afirmativo, p o n h a - s e n o lugar d e s e u s leitores e a c r e s c e n t e e s s e subtí-
tários, p a r t i c u l a r m e n t e o s d e p ó s - g r a d u a ç ã o , q u a n d o s e d e p a r a m c o m
tulo. S u p o n h a q u e s e u título seja A criatividade verbal na Escola. V o c ê
a e x i g ê n c i a d e a p r e s e n t a r e m o s temas d e s e u s projetos d e p e s q u i s a
a p l i c a o q u e s t i o n á r i o d o j o r n a l i s m o e verifica q u e a p e n a s O q u ê ? e
ou de dissertação de mestrado. E m cursos ministrados a pós-
O n d e ? e s t ã o r e s p o n d i d a s . D e c i d e , e n t ã o , a c r e s c e n t a r u m subtítulo: A
g r a d u a n d o s d a s á r e a s d e letras, c i ê n c i a s h u m a n a s e s o c i a i s t e m o s
influência da motivação intrínseca no desempenho de alunos de 1-grau.
o b s e r v a d o q u e a d i f i c u l d a d e d e delimitar u m p r o b l e m a d e c o r r e , e m
A última e t a p a d e s s e p r o c e s s o s e r á a i n t e g r a ç ã o d o subtítulo n o título,
g r a n d e parte, d o fato d e o a l u n o n ã o ter a p r e n d i d o a traduzir u m a idéia
c h e g a n d o - s e a d i v e r s a s alternativas, d a s q u a i s d u a s s e r i a m : A motiva-
o u m e n s a g e m d o nível cognitivo b e m a b s t r a t o a o c o n c r e t o o u , e m ter-
ção intrínseca de alunos de 1-grau e sua criatividade verbal ou A moti-
m o s e d u c a c i o n a i s , a "operacionalizar" u m t e m a , c o n v e r t e n d o - o e m p r o -
vação intrínseca e a criatividade verbal de alunos de 1-grau...
b l e m a . A t é m e s m o p r o f e s s o r e s d e língua p o r t u g u e s a p a r e c e m n ã o ter
a d q u i r i d o e s s a estratégia d e c o n c r e t i z a ç ã o d e t e m a s , a j u l g a r pelo p r e - ( M A T O S , 1 9 8 5 , p. 1294)
d o m í n i o , n o s e x a m e s v e s t i b u l a r e s , d e temas p r o p o s t o s a o s e x a m i n a n -
dos na prova d e redação: pede-se a o vestibulando q u e produza u m 3- Passo: Objetivos da pesquisa
t e x t o s o b r e " O d e v e r d e votar", "A p o l u i ç ã o a m b i e n t a l " , "Viver e m har-
m o n i a " . E s s e s itens c o n s t i t u e m , n a r e a l i d a d e , á r e a s t e m á t i c a s o u
I n f o r m a c i o n a i s , " p o v o a d a s " p o r i n ú m e r o s p r o b l e m a s ! N ã o é d e estra-
Feita a problematização, precisamos ter clareza sobre os
nhar, c o n s e q u e n t e m e n t e , q u e t a n t o s a l u n o s s e j a m a v a l i a d o s d e s f a v o - objetivos da pesquisa, pois esta elucidação será fundamental
60 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 61

para nos orientarmos sobre as fontes de estudo e a fundamenta- • Pesquisar;


ção. • Investigar;
Para esse encaminhamento estabelecemos os objetivos • Compreender;
que deverão ser geral e específico. • Entender;
O o b j e t i v o gerai da pesquisa diz respeito à percepção que • Buscar subsídios;
devemos ter da abrangência maior do tema. • Levantar dados;
No exemplo dado sobre a Globalização precisaremos ir às • Descobrir.
fontes para aprendermos a extensão da influência desse fenómeno
sobre a sociedade. Esse estudo envolve tanto o histórico da sua 4^ Passo: Fontes para c o n s u l t a de d a d o s
evolução como sua manifestação no contexto atual da sociedade.
Os o b j e t i v o s e s p e c í f i c o s tratam de aspectos mais direcio- • Livros;
nados, ou seja, propõem o estudo de aspectos mais limitados ao • Dicionários;
tema. • Enciclopédias;
No exemplo dado consideramos que a globalização implica • Jornais e revistas;
um aspecto político-administrativo das Nações que é a interferên- • Hemeroteca - que é um banco de dados de jornais e re-
cia da giobaiização na preservação da identidade dos Estados Na- vistas existentes nas bibliotecas;
cionais. Na ida às fontes de dados, selecionaremos os que se • Arquivos oficiais;
referem a este aspecto da globalização. • Centros culturais;
Outro objetivo específico a ser pesquisado é o que trata da • Videotecas;
questão referente ao fortalecimento do poder local no Brasil. Nova- • Museus;
mente na ida às fontes de dados, vamos buscar os que possibili- • Internet.
tarão compreender esses pontos.
Assim, percebemos que o tema será compreendido, inicial- Em estudos mais avançados, realiza-se pesquisa de cam-
mente, de forma abrangente pelo objetivo geral. Na sequência va- po, ou seja, com elementos especificamente determinados, seja
mos buscando aspectos mais específicos para compreender o na realidade social, seja em laboratório e na natureza. Neste caso,
tema num sentido mais profundo. O conhecimento científico ocorre a metodologia exige o uso de instrumentos específicos. Para a
justamente no aprofundamento do estudo do tema. pesquisa na área das ciências físicas e naturais é necessário o
Após esta enunciação dos objetivos, partiremos para a busca uso de laboratórios apropriados e instrumentos materiais de últi-
dos dados nas fontes bibliográficas. ma geração. Para a pesquisa na área das ciências humanas e
sociais utiliza-se instrumentos que colocam o pesquisador em con-
O B S : Os objetivos são escritos com frases curtas, começando tato com outras pessoas que estão envolvidas com o fato que su-
com o verbo no infinitivo e demonstrando uma ação de realização geriu o problema para estudo. Estamos falando de Cuestionário e
do estudo. Entrevista.
Exemplos de verbo com conotação de pesquisa:
62 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 63

3.5 - T I P O S BÁSICOS DE PESQUISA EXEMPLO DE PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

• De campo; NOTA S O B R E FONTES E M E T O D O L O G I A


• Experimental;
• Bibliográfica. O índice d e a n a l f a b e t i s m o n o Brasil p e r m a n e c e u b e m a c i m a d e
5 0 % por t o d o o p e r í o d o c o b e r t o por e s t e livro. D e d i q u e i - m e e n t ã o a
A pesquisa de c a m p o (ambiente natural) caracteriza-se por e s t u d a r a s o p i n i õ e s s o b r e raça e x p r e s s a s pelos p o r t a - v o z e s d a elite
buscar os dados diretamente no universo de estudo, pelo fato de brasileira, q u a s e t o d o s m e m b r o s d a q u e l a m i n ú s c u l a m i n o r i a q u e g o z a -
va do privilégio de uma educação superior nessa sociedade
que a fonte de dados é desconhecida. É específica das Ciências
g r a n d e m e n t e Iletrada. E r a m c o n s i d e r a d o s p o r t a - v o z e s d a elite o s inte-
Sociais.
lectuais (definidos a b a i x o ) , políticos e h o m e n s r e l a ç õ e s - p ú b l l c a s d o
A p e s q u i s a e x p e r i m e n t a i (ambiente controlado) é aquela g o v e r n o . N ã o e x a m i n e i s i s t e m a t i c a m e n t e a s o b r a s d o s escritores d e
em que o estudante utiliza as experiências de laboratório como no f i c ç ã o o u as o b r a s t é c n i c a s d o s cientistas.
caso das ciências da natureza. É entendida também como levan- M i n h a s e í e ç ã o d e a u t o r e s foi b a s e a d a n u m a leitura preliminar
tamento de dados com finalidades explicativas, avaliativas e d a s principais o b r a s s e c u n d á r i a s s o b r e o p e n s a m e n t o social brasileiro
interpretativas, tendo como objetivos a aplicação, a modificação neste período. Utilíssimos f o r a m Gilberto Freire, Ordem e Progresso, 2v.
(Rio d e Janeiro, 1 9 5 9 ) , D a n t e M o r e i r a Leite, O Caráter Nacional Brasilei-
e/ou mudanças de alguma situação ou fenómeno tentando deduzir
ro: História de uma Ideologia, 2^ e d . (Rio d e J a n e i o , 1 9 6 0 ) , F e r n a n d o d e
ou descobrir como e por que um fenómeno ocorre.
A z e v e d o , Brasilian Culture ( N e w York, 1 9 5 0 ; A Cultura Brasileira), João
A pesquisa bibliográfica é a mais comum nos estudos aca- C r u z G o s t a , A History of Ideas in B r a z / / ( B e r k e í e y , Calif., 1 9 6 4 ) , e R o q u e
démicos, pois utiliza fontes escritas como livros, jornais, revistas, S p e n c e r Maciel d e B a r r o s , A Ilustração Brasileira e a Idéia de Universi-
relatórios e outros documentos. Está presente em todos os tipos dade ( S ã o P a u l o , 1 9 5 9 ) . A c h e i úteis t a m b é m o s c o n c e i t o s e x p r e s s o s
de pesquisa. pelos editores d e a n t o l o g i a s tais c o m o Djacir M e n e z e s , e d . , O Brasil no
Pensamento Brasileiro (Rio d e Janeiro, 1 9 5 7 ) , e Luís W a s h i n g t o n Vita,
• Não é apenas a reunião de citaçóes e paráfrases das idéias
e d . , Antologia do Pensamento Social e Político no Brasil (São Paulo,
de diferentes autores.
1968).
• É uma investigação crítica de idéias e conceitos; uma aná- Entre os m e l h o r e s g u i a s d e t e n d ê n c i a s literárias e s t ã o a s históri-
lise comparativa de diversas posições acerca de um pro- a s d a literatura. Multo proveito tirei d a leitura d e L ú c i a M i g u e l Pereira,
blema, a partir das quais o pesquisador defenderá, de for- Prosa de Ficção de 1870 e 1929 (História d a Literatura Brasileira, v. 12,
ma lógica e criativa, a sua tese. e d . por Á l v a r o L i n s ) , ( R i o d e J a n e i r o , 1 9 5 7 ) ; A f r â n i o C o u t i n h o , An
• É um levantamento bibliográfico comparando os aspectos Introduction to Literature in Brasil ( N e w York, 1969; Introdução à Literatu-
ra Brasileira), t r a d u ç ã o d a s I n t r o d u ç õ e s escritas pelo editor-geral p a r a
positivos e negativos de determinado fato.
o s q u a t r o v o l u m e s d e A Literatura no Brasil; A l f r e d o B o s i , História Con-
cisa da Literatura Brasileira ( S ã o Paulo, 1 9 7 0 ) ; N é l s o n W e r n e c k S o d r é ,
História da Literatura Brasileira, 3^ e d . (Rio d e J a n e i r o , 1 9 6 0 ) . O s v o l u -
m e s e s p e c i a l i z a d o s p u b l i c a d o s p e l a e d i t o r a Cultrix f o r a m t a m b é m m u i -
to úteis; J o ã o Pacheco, O Realismo; 1870-1900 (São Paulo, 1966); Alfredo
Bosi, C Pré-Modernismo (São Paulo, 1 9 6 6 ) ; e W i l s o n Martins, C Moder-
nismo: 1916-1945 (São P a u l o , 1 9 6 5 ) . A s s e c ç õ e s introdutórias e m A n t ô -
nio C â n d i d o e J o s é A d e r a l d o C a s t e l o , Presença da Literatura Brasileira:
64 Manual de Pesquisa. Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 65

História e Antologia, 3 v. ( S ã o Paulo, 1 9 6 4 ) c o n t ê m m u i t a i n f o r m a ç ã o d e


v a m . P r o d u z i a m , d e regra, e n s a i o s c u r t o s , p o r q u e o m e i o m a i s fácil (e
valor. Depois d e u m a leitura preliminar de publicações da época, dei maior
m a i s lido) era o jornal diário, q u e p o u c a s v e z e s p o d i a e s t a m p a r artigo d e
ênfase a escritores ( c o m o Batista d e Lacerda e Roquete Pinto) q u e parece-
m a i s d e d u a s mil palavras.
ram mais importantes a o s c o n t e m p o r â n e o s d o que fora indicado e m estu-
E r a m p o u c a s , t a m b é m relativamente, a s revistas q u e i m p r i m i a m
dos secundários.
e n s a i o s m a i s l o n g o s q u e isso. O m e r c a d o d e livros e r a e x t r e m a m e n t e
Para testar m i n h a s u p o s i ç ã o d e q u e a elite q u e c o n t r o l a v a o Bra-
limitado, e n e n h u m s i s t e m a f i d e d i g n o d e distribuição e m e s c a l a n a c i o -
sil a e s s e t e m p o e r a r e l a t i v a m e n t e b e m Integrada, e s t u d e i primeiro o s
nal a p a r e c e u a t é a a v e n t u r a pioneira d e M o n t e i r o L o b a t o , n o c o m e ç o d a
intelectuais e , d e p o i s , p u s à p r o v a o c o n s e n s o e n c o n t r a d o n a s idéias
década de 20.
d e l e s e x a m i n a n d o o s j u í z o s e x p r e s s o s s o b r e raça pelos políticos, e m
D a d a s a s limitações d e e s p a ç o i m p o s t a s pelo j o r n a l , as d i s c u s -
d e b a t e s n a C â m a r a (federal) d o s D e p u t a d o s e m diferentes p e r í o d o s : 1 .
s õ e s t i n h a m f o r m a e p i g r a m á t i c a . E m b o r a o s artigos p u d e s s e m s e r d e -
debates abolicionistas seleclonados, do séc. XIX; 2. debates sobre
diplomacia e p r o b l e m a s sociais (saúde, e d u c a ç ã o etc.) durante a I G u e r r a s e n v o l v i d o s e r e f u n d i d o s , p a r a p u b l i c a ç ã o e m livro o u f o l h e t o , raras
M u n d i a l ; e 3. d e b a t e s s o b r e legislação d e i m i g r a ç ã o , n a s d é c a d a s d e v e z e s isso a c o n t e c i a . O r e s u l t a d o e r a u m estilo p r e d o m i n a n t e m e n t e
20 e 30. jornalístico, q u e m u i t a s v e z e s reflete p r e s s a n a r e d a ç ã o , falta d e p e s -
quisa das referências, antes d a impressão e ausência d e revisão para
Li, t a m b é m , c a t á l o g o s p r e p a r a d o s p e l o g o v e r n o brasileiro p a r a
fazer a exposição de assuntos complexos mais sistemática e coerente.
a s e x p o s i ç õ e s internacionais realizadas entre 1 8 6 7 e 1 9 0 4 , b e m c o m o
Alberto Torres é u m bom exemplo disso. Suas duas maiores obras -
p u b l i c a ç õ e s oficiais s o b r e a s e x p o s i ç õ e s n a c i o n a i s d e 1 9 0 0 , 1 9 0 8 e
a m b a s d e g r a n d e influência entre o s Intelectuais - e r a m c o l e t â n e a s d e
1 9 2 2 . Perlustrei a d e m a i s o u t r a s n u m e r o s a s p u b l i c a ç õ e s oficiais relacio-
artigos d e j o r n a l , m u i t a s v e z e s s e m copy desk, e q u e p a r e c e m repetiti-
nadas com recenseamento, propaganda externa e ensino. Juntas, es-
v o s e m a l o r g a n i z a d o s q u a n d o e m f o r m a d e livro.
sas fontes todas ajudaram a formar u m quadro aproximadamente b e m
A n t e s d e j u l g a r tais a u t o r e s c o m d e m a s i a d a s e v e r i d a d e , c u m p r e
d o c u m e n t a d o d o c o n s e n s o d a elite s o b r e o futuro racial d o Brasil".
l e m b r a r q u e e l e s t i n h a m q u e e n c a i x a r s e u s escritos n o s p o u c o s m o -
P a r a o s m e u s objetivos, o intrincado d e b a t e d o s s o c i ó l o g o s s o -
mentos de folga de vidas extremamente sobrecarregadas. C u m p r e no-
bre o c o n c e i t o d e intelectual d e p o u c o s e r v i u . Inclui t o d o a q u e l e q u e
tar, a i n d a , q u e t i n h a m sido e d u c a d o s e v i v i a m n u m país c u j a s f a c u l d a -
e s c r e v e u o u f a l o u , e m â m b i t o n a c i o n a l , s o b r e a q u e s t ã o d a raça. N o
d e s d e e n s i n o s u p e r i o r e instituições d e p e s q u i s a - e s p e c i a l m e n t e n o s
Brasil, c o m o e m o u t r a s s o c i e d a d e s e m d e s e n v o l v i m e n t o , o s p o r t a - v o -
c a m p o s r e l e v a n t e s p a r a a s teorias raciais, c o m o antropologia, sociolo-
z e s d a elite n ã o c a b e m e m c a t e g o r i a s d e e s p e c i a l i z a ç ã o familiares à s
gia e genética, e r a m a i n d a relativamente subdesenvolvidas antes d e 1930.
s o c i e d a d e s industrializadas. O Brasil c o m e ç a v a a p e n a s a e m e r g i r d e
E r a m , n e c e s s a r i a m e n t e , autodidatas, n a q u e l a s m a t é r i a s d e c i ê n c i a a
u m a e c o n o m i a e s m a g a d o r a m e n t e agrária, q u e n e m exigia n e m p o d i a
q u e f a l t a v a m livros e m p o r t u g u ê s o u q u e d e p e n d i a m d e livros e s t r a n -
s u s t e n t a r a e l a b o r a d a r e d e d e p r o f i s s õ e s intelectuais especializadas
g e i r o s , c a r o s e difíceis d e obter.
mantida pelos países desenvolvidos. S e m patrimônio familiar, os intelec-
A q u e l e s q u e t i n h a m d e ganhar a vida no jornalismo e r a m forçados a
tuais só p o d i a m ganhar u m a renda decente c o m b i n a n d o s u a s situações
produzir grande quantidade d e prosa. Cronistas c o m o C o e l h o Neto e "João
nos mal p a g o s c a m p o s d o ensino (inclusive e s c o l a s secundárias) e d o
d o Rio" valiam-se d e trivialidades a fim d e manter s u a produção. Outros
jornalismo c o m as profissões d e direito o u medicina e, ocasionalmente,
escritores c o n s e g u i a m preservar s u a d e v o ç ã o a o s estudos sérios a p e s a r
c o m u m e m p r e g o público (de preferência, u m a sinecura). A l é m disso, o
d e u m a p e s a d a p r o d u ç ã o p a r a a imprensa diária. Entre os e x e m p l o s mais
Brasil d e s s e período era, ainda, u m a cultura latina, q u e p r e z a v a o "ho-
importantes estão J o s é A m a d o e J o s é Veríssimo. O s escritores brasileiros
m e m universal" d e preferência a o especialista estreito. Prestígio m e s m o
e s t a v a m p e n o s a m e n t e conscientes d a Incompatibilidade d o p e n s a m e n t o
verdadeiro, reservava-se a o h o m e m polimático, q u e se a p r o x i m a v a d o
sério c o m a necessidade d e a u m e n t a r a o m á x i m o s u a renda jornalística.
tipo cultural ideal pelo fato d e elevar-se a c i m a d a especialização profis-
"João d o Rio" publicou ( e m 1908) o s resultados d e u m questionário e m q u e
sional s e m perder a elegância literária.
perguntara às principais figuras literárias se o jornalismo tinha efeito b e n é -
O jornalismo era o foco d e atividades p a r a muitos intelectuais inte-
fico o u negativo s o b r e a literatura brasileira. S u a s cautelosas respostas -
r e s s a d o s e m q u e s t õ e s sociais, e i m p u n h a o f o r m a t o daquilo q u e publica-
66 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 67

curiosamente variadas, no julgamento finai - m o s t r a v a m u m a a g u d a cons- p r o d u z i d o g r a n d e n ú m e r o d e o b r a s s e c u n d á r i a s a l t a m e n t e úteis e m á r e -


ciência d o problema. a s e s p e c í f i c a s d o p e n s a m e n t o , m u i t a p e s q u i s a resta por fazer e m c a m -
A fim d e encontrar provas d a opinião d a elite brasileira s o b r e raça, p o s c o m o a m e d i c i n a o u a n t r o p o l o g i a . Muito t e m a i n d a d e ser escrito,
procurei largamente nos escritos d o s ensaístas - principalmente públi- t a m b é m , s o b r e a história d a s instituições culturais e e d u c a c i o n a i s - a s
c o s , m a s t a m b é m privados - u m a v e z que o e n s a i o era o principal m e i o f a c u l d a d e s , institutos e a c a d e m i a s . U m a a n á l i s e c u i d a d o s a d a história
d e formular o p e n s a m e n t o n a q u e s t ã o social. O interesse d e s s e s autores social d e s s a s instituições a j u d a r á a e n q u a d r a r a história Intelectual d o
ia d a literatura às ciências naturais. E m b o r a s u a s opiniões f o s s e m mais Brasil no c o n t e x t o m a i s v a s t o d a história e c o n ó m i c a e s o c i a l , q u e e s t e
fáceis d e localizar q u a n d o o escritor era f o r ç a d o a discutir raça, especifi- estudo apenas aflorou.
c a m e n t e , encontrei importantes d e c l a r a ç õ e s f o l h e a n d o escritos e m q u e
P R E T O N O B R A N C O - 2^ E D .
n ã o havia qualquer motivo óbvio pra focalizar o a s s u n t o .
- T H O M A S E SKIDMORE
N o curso d e m i n h a p e s q u i s a d a s principais correntes d o p e n s a -
Rio d e J a n e i r o - Paz e T e r r a - 1 9 7 6
m e n t o racial, consultei a c o l e ç ã o c o m p l e t a d o jornal Correio da Manhã
d o s a n o s 1902-1918, revistas d o Rio c o m o Kosmos (1904-9) e Renascen-
ça (1904-8), e as críticas literárias, reunidas e m livro, d e críticos c o m o 3.6 - M O D A L I D A D E S D E P E S Q U I S A
Sílvio R o m e r o , J o s é Maria Belo, S o u s a Bandeira, Araripe Júnior, J o s é
V e r í s s i m o , A l c e u A m o r o s o L i m a e Agripino Grieco. No c a s o d e figuras 3.6.1 ESTUDO DE CASO
q u e o s brasileiros d o s e u t e m p o c o n s i d e r a v a m d e importância maior,
c o m o Sílvio R o m e r o , Euclides d a C u n h a , Alberto T o r r e s e Oliveira V i a n a ,
É um estudo intensivo, exaustivo e profundo sobre um indiví-
II n ã o só a s u a o b r a publicada m a s t a m b é m as avaliações d o s c o n t e m -
porâneos. duo, evento, instituição ou comunidade, visando identificar variáveis
F i n a l m e n t e , tive a f o r t u n a d e d e s c o b r i r u m a e x c e l e n t e c o l e ç ã o d e relacionadas com o evento e que possam sugerir hipóteses
recortes d e j o r n a i s e revistas recolhida pelo d i p l o m a t a e historiador M a - explicativas para o fenómeno. Também é usado para auxiliar no aper-
nuel Oliveira L i m a ( 1 8 6 5 - 1 9 2 8 ) e s u a m u l h e r d u r a n t e a carreira dele, q u e feiçoamento de modelos e hipóteses. Utiliza-se da pesquisa descri-
c o b r e a é p o c a d o f i m d a d é c a d a d e 8 0 até a m o r t e . E s s a c o l e ç ã o , d e tiva e usa técnica de observação, sem a preocupação de generali-
m a i s d e trinta á l b u n s , r e v e l o u - s e p r e c i o s a p o r q u e Oliveira L i m a , q u e
zar os resultados encontrados.
e s c r e v i a r e g u l a r m e n t e n a i m p r e n s a brasileira, m a n t i n h a v a s t a c o r r e s -
p o n d ê n c i a c o m a s p r i n c i p a i s f i g u r a s literárias d o t e m p o . A d e s p e i t o
O c a s o é t o m a d o c o m o u n i d a d e s i g n i f i c a t i v a d o t o d o e, p o r
d a s v i a g e n s c o n s t a n t e s e residência no exterior, m a n t e v e a t u a l i z a d a
i s s o , suficiente tanto para f u n d a m e n t a r u m j u l g a m e n t o fide-
s u a c o l e ç ã o d o m é s t i c a d e recortes, c o m artigos e críticas d e revistas
d e j o r n a i s brasileiros, n o r t e - a m e r i c a n o s e e u r o p e u s . digno q u a n t o p r o p o r u m a i n t e r v e n ç ã o . É c o n s i d e r a d o t a m -
b é m c o m o u m marco de referência de complexas condi-
A o fim d a m i n h a p e s q u i s a , s e n t l - m e c o n f i a n t e d e ter feito u m a
ç õ e s s o c l o c u l t u r a i s q u e e n v o l v e m u m a s i t u a ç ã o e t a n t o re-
a m o s t r a g e m d e u m a faixa d e opinião d a elite s u f i c i e n t e m e n t e r e p r e s e n -
tativa p a r a explicar s u a s principais idéias s o b r e raça. H á q u e notar, trata u m a realidade quanto revela a multiplicidade de as-
p o r é m , q u e isso foi feito p e l o m é t o d o a n t i q u a d o d o intelectual historia- pectos globais, presentes em uma dada situação.
dor - a v a r i a d a leitura d e p u b l i c a ç õ e s e escritores q u e p a r e c e m repre- ' ( C H I Z Z O T T I , 2 0 0 0 , p. 102)
sentativos. As oportunidades de pesquisa p e r m a n e c e m convidativas
p a r a historiadores q u e p o s s a m q u e r e r aplicar n o v a s t é c n i c a s , c o m o a 3.6.2 PESQUISA HISTÓRICA
a n á l i s e d e c o n t e ú d o , a o e s t u d o d o p e n s a m e n t o brasileiro, s e j a o d a
elite seja o d a q u e l e s m i l h õ e s d e o u t r o s brasileiros q u e a p a r e c e m n e s - Está interessada na determinação, avaliação e compreen-
t a s p á g i n a s m e r a m e n t e c o m o objeto d e d i s c u s s ã o p a r a o s p o u c o s q u e
são de eventos passados com o propósito primordial de obter
g o z a v a m d o uso d a p a l a v r a i m p r e s s a . E m b o r a a última d é c a d a t e n h a
68 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 69

compreensão mais clara sobre o presente e melhor previsão do experiências próximos ao presente através de cuidadosa análise
futuro. das fontes de informação. Descreve condiçóes e práticas existen-
É uma investigação crítica de eventos, desenvolvimentos e tes, detecta tendências, desenvolvimento, fraquezas, desvios, ati-
experiências do passado, análise cuidadosa da validade das fon- tudes, interesses, valores e estados psicológicos. ^
tes de informação sobre o passado e interpretação da evidência à
luz de pressupostos teóricos. 3.6.6 PESQUISA METQDQLÓGICA
Os fatos com que lida são eventos únicos e não podem ser
repetidos em condições de laboratório. A comparação dos fatos É uma investigação crítica e teórica de métodos, visando a
se dá por meio de comparações e constructos hipotéticos. Analo- adequação teórica e empírica de novos modelos metodológicos.
gias históricas nos apresentam aproximações possíveis (e não Trata-se de investigação controlada de aspectos teóricos e apli-
prováveis) dos comportamentos, antecipações (e não predições) cados de medidas, modelos matemáticos e estatísticos.
permitem a tomada de precauções (e não de controle).
3.6.7 PESQUISA-AÇÃQ
3.6.3 PESQUISA DESCRITIVA
É um diagnóstico que visa a resolução de problemas.
É a investigação que procura determinar natureza e grau Observa-se uma atitude dinâmica, onde a solução de um problema
de condiçóes existentes. T e m como único propósito descrever leva à resolução dos problemas subsequentes, que se criam pela
as condiçóes existentes, não estabelecendo relaçóes ou fazen- resolução do primeiro.
do predições.
A p e s q u i s a - a ç ã o s e p r o p õ e a u m a a ç ã o deliberada v i s a n d o
3.6.4 SURVEY u m a m u d a n ç a no m u n d o real, c o m p r o m e t i d a c o m u m c a m p o
restrito, e n g l o b a d o e m u m projeto mais geral e s u b m e t e n d o -
se a u m a disciplina p a r a alcançar o s efeitos d o c o n h e c i m e n t o .
É um estudo extensivo, visando descrever as característi-
A t e n d ê n c i a d a s p e s q u i s a s a t i v a s p r o c u r a ultrapassar a p e s -
cas da população por meio de uma amostra selecionada segun- quisa-ação para assumir u m a intervenção psicossociológica
do métodos aleatórios. É um trabalho nomotótico, envolvendo n o nível d a t e r a p i a d e g r u p o o u n o nível d a m u d a n ç a o r g a n i -
grande número de pessoas. Utiliza geralmente como técnica o zacional de empresas ou departamentos. (CHIZZOTTI, 2000,
questionário, a entrevista, o formulário e escalas. Sofre todas as p. 100)
dificuldades decorrentes desses instrumentos. A amostragem
torna-se ponto crucial para o estudo, bem como a conceituaçâo 3.6.8 HISTÓRIA DEVIDA
das variáveis e a validade dos instrumentos.
Colhe informações da vida pessoal de um ou vários infor-
3.6.5 PESQUISA DQCUMENTAL mantes. Assume a forma biográfica tradicional ou autobiográfica
como relato de vida registrando as percepções pessoais, os acon-
Assemelha-se à bibliográfica e se aproxima da pesquisa his- tecimentos íntimos que marcaram a trajetória pessoal ou os acon-
tórica. É uma investigação crítica de eventos, desenvolvimentos e tecimentos vividos na sua trajetória de vida.
70 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 71

3.6.9 OBSERVAÇÃO PARTICIPANTE Decidindo-se pelo uso do questionário como instrumento de


pesquisa você deverá tomar alguns cuidados para que ele seja
É direta, com o contato do pesquisador com o fenómeno obser- realmente útil na obtenção de dados necessários:
vado. Visa recolher as açóes dos ateres no ambiente em que se en-
contram. • Propor questóes simples e fáceis de entender e responder;
Aceita sua perspectiva e seus pontos de vista. • C o n f o r m e o tipo de p e s q u i s a , as p e r g u n t a s s e r ã o
Utiliza-se da descrição da situação dos sujeitos em seus elaboradas de forma aberta (dando possibilidade para livre
aspectos pessoais e particulares, o local e suas circunstâncias, enfim, resposta pelo pesquisador) ou mista, propostas de forma
de todos os aspectos que possam ser registrados para caracterizar fechada, mas abrindo para justificativas, explicitação das
o sujeito observado. razóes da escolha;
• Não existe um número predeterminado de questóes para
3.7 - I N S T R U M E N T O S D E P E S Q U I S A um questionário, mas elas devem possibilitar o alcance dos
objetivos propostos, dar informações sobre o seu problema
• Observação; da pesquisa, sua questão central e para as questóes de
• Questionário; investigação propostas;
• Entrevista; • As questóes devem ser elaboradas de forma simples e
• Diário de Campo. em número que não canse o respondente ou favoreça que
Estes instrumentos são básicos da pesquisa de campo, perguntas possam ficar sem respostas ou serem respon-
podendo-se usar um ou mais, conforme a necessidade da coleta didas de forma pouco clara ou incompleta;
de dados. • Colocar apenas um questionamento em cada pergunta.

3.7.1 - Observação
EXEMPLQ DE QUESTIQNÁRIQ DE PESQUISA
A observação é o instrumento que serve a todos os tipos de
pesquisa, pois trata de uma ação inicial do pesquisador para OBJETIVOS:
encontrar seu tema e construir seu objeto de estudo. Portanto, toda • Identificar qual o c o n c e i t o d e P l a n e j a m e n t o Estratégico utilizado
prática de pesquisa começa com a observação da realidade social pelos integrantes d o c o r p o diretivo d o Instituto Francis d e E n s i n o
ou natural. Superior de São Bernardo do C a m p o .
• Verificar s e e x i s t e m c o n v e r g ê n c i a s n o e n t e n d i m e n t o d e P l a n e j a -
3.7.2 - Questionário mento Estratégico entre os profissionais que integram o corpo
diretivo d o Instituto Francis d e E n s i n o S u p e r i o r d e S ã o B e r n a r d o
do Campo.
O questionário consiste em uma série de questóes escritas
para serem respondidas pela população ou amostra da pesquisa, QUESTÕES:
em impresso próprio, via correio, meios eletrônicos ou pessoal-
• Há q u a n t o t e m p o trabalha no Instituto Francis d e Ensino Superior
mente.
de São Bernardo do C a m p o ?
72 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 73

• H á q u a n t o t e m p o p a r t i c i p a d o c o r p o diretivo d o Instituto Francis d e EXEMPLO DE ROTEIRO DE ENTREVISTA ABERTA


Ensino Superior de São Bernardo do C a m p o ?
• Q u a l o u q u a i s f u n ç õ e s v o c ê d e s e m p e n h a n o Instituto Francis d e • O q u e v o c ê e n t e n d e d e P l a n e j a m e n t o Estratégico?
Ensino Superior de São Bernardo do C a m p o ? • Quais ações você considera c o m o estratégicas na gestão de u m a
• Q u a l o s e u c o n c e i t o d e P l a n e j a m e n t o Estratégico? instituição d e e n s i n o s u p e r i o r ?
• Q u a i s s u a s contribuições p a r a q u e o Instituto Francis d e Ensino • Q u a i s s ã o , p a r a v o c ê , o s fatores restritivos d a i m p l a n t a ç ã o d o Pla-
Superior d e S ã o B e r n a r d o d o C a m p o p o s s a efetivar, c o m q u a l i d a - n e j a m e n t o Estratégico e m instituição d e e n s i n o s u p e r i o r ?
d e , o P l a n e j a m e n t o Estratégico e m s e u c o t i d i a n o ? • Q u a i s s e r i a m a s v a n t a g e n s d e s u a i m p l a n t a ç ã o e m instituição d e
• V o c ê c o n h e c e o u t r o s c o n c e i t o s d e P l a n e j a m e n t o Estratégico? S e e n s i n o superior?
a s u a r e s p o s t a for positiva, e x p l i q u e - o s .
(Viana, 2 0 0 1 ) E X E M P L O DE ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA

3.7.3-Entrevista • Você sabe o que significa Pianejamento Estratégico?


Sim( ) Não( )

A entrevista consiste de uma série de questões feitas oral- S e a s u a r e s p o s t a for positiva, e x p l i q u e - a utilizando s u a s próprias
mente ao pesquisado e podem ser: abertas, semi-estruturadas ou palavras.
fechadas.
• Abertas, quando possibilitam respostas livres a respeito • Você já trabalhou c o m Planejamento Estratégico?
do tema definido. S e a s u a r e s p o s t a for positiva, registre:
1-) e m q u a l o r g a n i z a ç ã o
• Semi-estruturadas, quando as perguntas são feitas a partir
2F) d e q u a i s a ç õ e s e s t r a t é g i c a s v o c ê participou?
de um roteiro flexível preparado pelo entrevistador, possi-
bilitando as ampliações e enriquecimentos que se fize- • Atualmente você trabalha c o m Planejamento Estratégico?
rem necessários. Sim( ) Não( )
• F e c h a d a s , quando seguem um roteiro definido previa-
mente e não permitem aberturas para outras considera- S e a s u a r e s p o s t a for positiva, registre:
1 ^ e m qual organização
ções pelos entrevistados.
2F) d e q u a i s a ç õ e s e s t r a t é g i c a s v o c ê e s t á p a r t i c i p a n d o :

E X E M P L O DE ROTEIRO DE ENTREVISTA F E C H A D A

• Você sabe o que significa Planejamento Estratégico?


Sim( ) Não( )

• Você já t r a b a l h o u c o m Planejamento E s t r a t é g i c o ?
Sim( ) Não( )

• Atualmente você trabalha c o m Planejamento Estratégico?


Sim( ) Não( )
(VIANA, 2001)
74 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 75

3,8 - P R O J E T O D E P E S Q U I S A estado da questão" fazendo um balanço crítico da literatura que já


se referiu ao tema. Cita-se o autor e sua obra seguida da análise
3-8.1 - T í t u l o d o projeto da mesma para se perceber o que este autor está dizendo sobre
o problema.
A construção da pesquisa requer elaboração de um projeto É uma indicação dos autores e obras que já trataram da
que funcione como um roteiro que facilita as ações do pesquisador. temática e do problema. É na verdade uma revisão da produção
O título indica o tema da pesquisa e o problema a ser com- científica já acumulada sobre o tema.
preendido. Considera-se sempre um t í t u l o geral e um s u b t í t u l o : Deve-se procurar obras que tratam de pesquisa sobre o tema
C título geral demonstra a amplitude do tema e considera e não de ensaios superficiais.
genericamente o trabalTio. Pode-se usar artigos de revistas especializadas, pois são
C subtítulo indica com clareza a temática que será estudada e mais atualizadas na construção do conhecimento científico, assim
propõe o problema merecedor de investigação. como dissertações e teses.

3.8.2 - Apresentação da pesquisa 3.8.5 - Formulação d o problema


Na apresentação deve-se dizer do que trata a pesquisa e Só é possível fazer a formulação do problema após realiza-
de qual situação social, profissional ou natural o tema foi retirado. da a revisão bibliográfica. Cu seja, após ter esgotado como o tema
A proposta da pesquisa deve ser clara, precisa e objetiva. já foi tratado por outros autores é que o pesquisador propõe o
É importante tecer considerações sobre o interesse pelo tema problema sugerido pelo tema e que é do seu interesse pesquisar.
a partir da observação do cotidiano vivido pelo pesquisador. Formula-se uma pergunta, para enunciar com objetividade o
problema, ou seja, pergunta-se o que ainda não foi pesquisado so-
3.8.3 - Justificativa d o e s t u d o d o tema bre o tema. Vide como exemplo o capítulo III, item 3.4, página 57.

Dizer por q u e estudar/pesquisar este tema/problema.


3.8.6-Hipóteses
Considera-se a importância atual do tema e a problemática
que ele contém. Hipótese é uma suposição que se faz no intuito de explicar o
Destaca-se a relevância da pesquisa tendo em vista a com- que se desconhece. É o que se pretende demonstrar e não o que
preensão do problema para a área de estudo proposta. já está dito e entendido como consta nas leituras realizadas. É a
Enfatiza-se também a contribuição social e científica da pes- tese central do trabalho de pesquisa.
quisa. Trata-se de uma idéia ainda não demonstrada e que não está
Ressalta-se o despertar do interesse pelo estudo do fato e evidente na literatura de referência.
do tema. É uma resposta ao problema proposto. É uma resposta
"suposta, provável e provisória". É algo provável, antecipa algo
3.8.4 - Revisão bibliográfica o u o " E s t a d o da Q u e s t ã o " que será ou não confirmado.
É uma resposta dada à pergunta de formulação do problema.
Nesta parte deve ser feita uma referência aos trabalhos que
Vide como exemplo o capítulo III, item 4, página 47.
já trataram do mesmo problema. Elabora-se "uma espécie de
76 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 77

3.8.7-Objetivos Mês/Ano Atividade

Os objetivos propõem o q u e será estudado. Fevereiro/03 - Proposição do tema/problema.


- L e v a n t a m e n t o bibliográfico
- Apontamentos - Confecção de fichas
Objetivo geral
Março/03 - E l a b o r a ç ã o d o projeto d e m o n o g r a f i a e d o s ins-
trumentos de pesquisa
O objetivo geral trata da abrangência maior do tema. Define a
visão geral e abrangente que se quer alcançar com a realização da Abril/03 - Aplicação dos instrumentos de pesquisa e coleta
pesquisa. dos dados.

É a questão principal da pesquisa. Refere-se ao problema a Maio/03 - Análise dos dados.


ser resolvido. Junho/Julho/03 - Elaboração da introdução preliminar e
desenvolvimento dos capítulos.
Objetivos específicos Agosto/03 - E l a b o r a ç ã o d o s c a p í t u l o s 1 e II.

Os objetivos específicos de estudo do tema são desdobra- Setembro/03 - E l a b o r a ç ã o d o s c a p í t u l o s 11! e IV.

mentos do objetivo geral. Representam um detalhamento do que Outubro/03 - Conclusão pessoal


se pretende estudar no tema proposto. São eles que indicam o - R e v i s ã o d o t e x t o e e n t r e g a final d o t r a b a l h o .

que será pesquisado.


3 . 8 . 1 0 - Referências bibliográficas básicas
3.8.8 - Metodologia da pesquisa
Constitui a bibliografia básica onde se aborda a problemática
É a maneira c o m o será feita a pesquisa. em questão.
São os procedimentos que serão estabelecidos para realizar De forma geral essa bibliografia já foi abordada para elabo-
a coleta de dados. ração do próprio projeto. Entretanto, a bibliografia do projeto não é
Descreve-se o percurso das atividades, bem como o local tão importante para o desenvolvimento da pesquisa, pois, durante
da investigação e a característica da amostra. Indica-se os a mesma, outras fontes serão buscadas.
instrumentos que serão aplicados e a técnica a ser utilizada. Por isso esse item pode ser desdobrado em duas partes: a
primeira onde consta a bibliografia consultada que, embora não
3.8.9 - Cronograma de desenvolvimento explorada para elaboração do projeto, refere-se à temática, e su-
gerindo o que será consultado no decorrer da pesquisa. A segun-
É a distribuição das atividades de pesquisa da coleta dos da refere-se à pesquisa propriamente dita e é a que foi efetiva-
dados e da elaboração da monografia no tempo disponível para a mente consultada.
realização do trabalho.
O cronograma deve conter todas as atividades a serem de-
senvolvidas desde a proposta e delimitação do tema até a entrega
da pesquisa e do relatório final e/ou monografia.
Exemplo de cronograma:
Capítulo 4

METODOLOGIA PARA
ELABORAÇÃO DA MONOGRAFIA

4.1 - S I G N I F I C A D O METODOLÓGICO

A monografia é um tipo especial de trabalho científico escrito


sobre um tema e, uma vez elaborada no processo de ensino e apren-
dizagem, tem o sentido de estimular a curiosidade e o prazer da
busca do conhecimento.
A característica básica da monografia é que seu conteúdo é
o resultado de um processo de pesquisa. O aluno vai anotando e
organizando o seu pensamento, durante os anos de estudo. Vai
tornando evidente o processo de construção do conhecimento e
não apenas a valorização do produto final que é o trabalho pronto.
Nesse sentido, o aluno estará caminhando na direção de sua au-
tonomia de aprendizagem.
A monografia representa uma ação prática na construção do
conhecimento pelo sujeito. É uma possibilidade que o estudante tem
de superar-se no processo de aprendizagem e libertar-se da de-
pendência do professor, de quem tradicionalmente foi feito refém.
O ensino de graduação está profundamente enraizado no prin-
cípio pedagógico de relação linear entre ensinar e aprender como
uma via de mão única na qual o professor ensina e o aluno apren-
de. O aluno sente-se limitado e condicionado àquele saber que o
80 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 81

professor lhe passa. Por tradição e por comodismo, tanto ensino construir seu conhecimento sem depender do professor. Este, na
como aprendizagem repetem-se numa enfadonha sinfonia de dar e verdade, fará o papel de orientador mostrando àquele os caminhos
receber conhecimento. Procurar, descobrira aprender conhecimento do saber. É também uma possibilidade para o aluno aprender a
faz parte de uma nova perspectiva em educação, que está estrei- organizar o conhecimento, juntando, sistematizando, questionando
tamente vinculada à pesquisa como possibilidade de ensino e e reconstruindo o saber fragmentado que lhe foi ensinado.
aprendizagem. A elaboração da monografia pressupõe, portanto, uma pes-
Nessa proposta, há uma relação do sujeito com os conteú- quisa para construção do conhecimento.
dos e não o contrário. O sujeito vai buscando os conhecimentos Como diz Demo (1993):
que lhe interessam sem submeter-se aos conteúdos, pois se trata
N ã o se p r o d u z c i ê n c i a , c o m o a e n t e n d e m o s a c a d e m i c a m e n -
de um procedimento de reflexão e de construção do pensamento
t e , m a s p r o d u z - s e saber, e n t e n d i d o c o m o c o n s c i ê n c i a críti-
e não de memorização. Trata-se de uma autoconstrução de co-
c a . Pelo m e n o s reconstrói-se o c o n h e c i m e n t o , e v i d e n c i a d o
nhecimento na qual o sujeito é o agente dinâmico e vai escolhendo nisto a u t o n o m i a c r e s c e n t e . O c e n t r o d a p e s q u i s a é a arte d e
0 8 conteúdos que mais servem para elaboração do tema. Com q u e s t i o n a r d e m o d o crítico e criativo, p a r a , a s s i m , m e l h o r
essa prática, o estudante supera a memorização e passa a exer- intervir n a realidade. Por isso, é princípio e d u c a t i v o t a m b é m .
citar a reflexão sobre os conhecimentos adquiridos. C o m o tal constitui-se n a m o l a m e s t r a d e a p r e n d e r a a p r e n -
Como diz Fourez (1995): der. E m v e z d e decorar, s a b e r pensar. N ã o s e restringe à
acumulação mecânica de pedaços de conhecimentos, que
p e r m i t e m transitar r e s p e c t i v a m e n t e no c o t i d i a n o , m a s g e r a a
E m n o s s a cultura c o n s i d e r a m o s e s p o n t a n e a m e n t e q u e o o b -
a m b i ê n c i a d i n â m i c a d o sujeito c a p a z d e participar e p r o d u -
s e r v a d o r "gira" e m t o r n o d o objeto, s e n d o este c o n s i d e r a d o
zir, d e v e r o t o d o e d e d u z i r l o g i c a m e n t e , d e planejar e inter-
c o m o o q u e p r o d u z a o b s e r v a ç ã o , a o p a s s o q u e o sujeito
vir, (p. 99)
o b s e r v a n t e a p a r e c e c o m o e s s e n c i a l m e n t e receptivo. A r e v o -
lução c o p e r n i c a n a c o n s i s t e e m d e s l o c a r o a c e n t o e dizer q u e
a observação será antes de mais nada u m a construção do A monografia é, portanto, a apresentação escrita de uma pes-
sujeito (p. 5 9 ) . quisa.
Nessa ótica a pesquisa torna-se a base sobre a qual assen-
Nesse sentido de revolução copernicana colocamos que a ta-se a construção do conhecimento. A consistência do saber
importância da monografia é a de contribuir para que o estudante bem como a consciência crítica encontrará aí o terreno fértil para o
deixe de ser um observador passivo, que gira em torno dos con- seu desenvolvimento.
teúdos, como ser essencialmente receptivo, incapaz de criar, para A relação monografia/pesquisa pressupõe também uma re-
tornar-se sujeito do seu caminho de conhecimento com autonomia lação de parceria entre professor e aluno, pois este precisa da
e segurança, capaz de dizer que rumo tomar no processo de orientação daquele para dar os primeiros passos na busca da au-
aprendizagem. tonomia do saber. O professor neste caso desempenhará o papel
A monografia torna-se assim, também, uma proposta de me- de orientador.
todologia de ensino, tendo em vista que, na aula, o professor apre- A metodologia diz respeito aos caminhos que devemos tri-
senta sua exposição sobre o assunto, ou o tema, e cabe ao estu- lhar para construir o conhecimento e fazer ciência. E assim apre-
dante ir mais além buscando outros dados e novos argumentos para senta, por um lado, os procedimentos instrumentais, os passos
82 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 83

para se chegar à captação da realidade. De outro lado, trata da rando as idéias dos autores e criando oportunidades para que a
interpretação da realidade a partir da teoria do conhecimento e da mente vá construindo suas idéias.
busca de novos dados oferecidos pela realidade em movimento. A bibliografia poderá ser indicada pelo professor, mas ao
avançar na leitura, o estudante vai criando autonomia de busca de
4-2 - F O R M A E C O N T E Ú D O novas fontes de conhecimento e assim construirá, por si mesmo,
um processo de formação com autonomia de aprendizagem.
Nesse sentido consideramos que a monografia, como todos
os trabalhos académicos, possui forma e conteúdo. A forma é dada 3- Passo: À medida que a leitura caminha, é importante fazer resu-
pela estrutura organizada pelo pensamento lógico na qual todas as mos, fichamentos e sínteses pessoais dos textos para que as idéi-
partes são dispostas de maneira a formar um todo coerente e coe- as dos autores sejam aprendidas e sirvam de ponto de partida
so. O rigor académico da forma é dado pelas regras de normaliza- para suas próprias idéias. Recomenda-se que sejam guardadas
ção proposta pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técni- todas as anotações, pois sempre haverá o momento certo de se-
cas). O c o n t e ú d o é a essência da forma, é o resultado da pesqui- rem utilizadas.
sa, da reflexão e da articulação dos conhecimentos. A monografia
4^ Passo: Feita a leitura e as anotações, o estudante elabora o pro-
não é só forma e nem só conteúdo, mas a conjugação recíproca de
jeto da monografia, que é fundamental para a sua construção.
ambos. Cada parte da forma tem um significado de conteúdo e cada
conteúdo precisa ser apresentado por uma forma específica.
4.4 - PROJETO DA MONOGRAFIA

4.3 - P E R C U R S O M E T O D O L Ó G I C O
Contém as seguintes partes:
1 - Título da monografia;
A elaboração da monografia segue um percurso metodoló- 2 - Justificativa do tema estudado;
gico que são os procedimentos iniciais do processo.
3 - Revisão da literatura ou o "estado da questão";
4 - Objetivos da monografia;
1- P a s s o : Para elaborar uma monografia é preciso ter um tema
5 - Procedimentos metodológicos e técnicos;
interessante para estudar, um problema a ser compreendido. 6 - Cronograma;
O tema/problema é retirado da realidade natural ou social. É
7 - Bibliografia preliminar.
sempre um fato de nosso ambiente familiar, profissional, escolar
A seguir, veremos o significado de cada parte.
ou da nossa relação com a natureza. É na verdade uma preocupa-
ção que temos e para resolvê-la precisamos buscar respostas
4.4.1 - T í t u l o da m o n o g r a f i a
mais fundamentadas, além daquelas que o senso comum oferece
de imediato. Deve ser claro, objetivo e direto. Deve expressar o mais fiel-
mente possível o conteúdo temático do trabalho.
2- Passo: Proposto o tema, o estudante deve fazer o levantamento
A escolha do tema deve atender algumas orientações, tais
da bibliografia básica e complementar e, a seguir, deverá ler os
como:
livros, ou os capítulos dos livros, ou artigos que mais despertam
sua curiosidade, a partir dos títulos. Com essa leitura, irá incorpo-
84 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 85

• Estar de acordo com a área de interesse de estudo e rela- É a questão principal do estudo. Refere-se ao problema
cionado à realidade vivida pelo estudante no seu trabalho, estudado.
na família, na escola etc.
• Ser d e v i d a m e n t e delimitado, pois quanto mais se reduz • Objetivos Específicos
o tema, mais segurança tem em pesquisá-lo. São as reais delimitações do tema.
• Possuir bibliografia a respeito, ser acessível e de fácil ma- Representam um detalhamento do problema.
nuseio. São eles que nortearão a pesquisa.
• Estar devidamente problematizado, o que significa sub-
meter o tema às perguntas (Quem? O quê? Quando? 4.4.5 - Procedimentos m e t o d o l ó g i c o s
Como? Por quê? Onde?) para verificar todos os ângulos
da questão e assim perceber todas as implicações que É a maneira c o m o será elaborada a pesquisa.
poderá propiciar. Para isso é preciso dizer o tipo de pesquisa e os instrumen-
tos que serão utilizados para coleta dos dados.
4.4.2 - Justificativa d o e s t u d o d o tema • Indicar as fontes empíricas, documentais e bibliográficas;
• Indicar o público-alvo.
Dizer por q u e estudar este tema, considerando: • Dizer como se vai proceder para fazer a coleta dos dados.
• Atualidadedotema.
• A relevância do estudo para compreensão do problema 4.4.6 - C r o n o g r a m a de desenvolvimento
que o tema propõe.
• De onde partiu o interesse pelo estudo do tema. É a distribuição das atividades de pesquisa, da coleta de
• A importância do estudo do tema para a área de conheci- dados e da elaboração da monografia no tempo disponível para
mento em referência. realização do trabalho.
O cronograma deve conter todas as atividades a serem
4.4.3 - Revisão da literatura o u o " E s t a d o da Q u e s t ã o " desenvolvidas desde a proposta e delimitação do tema até a en-
trega da monografia.
Nesse item é preciso fazer uma leitura e análise de todas as
obras que já trataram da temática. Assim saberemos o que outros 4.4.7 - Bibliografia preliminar
autores já disseram sobre o tema e por isso evitaremos repeti-los. O
"Estado da Questão" é saber o que já existe produzido sobre o tema. A bibliografia corresponde ao conjunto das fontes escritas
que serão utilizadas para a pesquisa.
4.4.4 - Objetivos da pesquisa Indica-se uma bibliografia para início do estudo ou prelimi-
nar. No decorrer da pesquisa outras fontes serão consultadas e
Indicam o q u e será estudado e são de dois tipos: deverão constar da bibliografia final.
• Objetivo Gerai

Define a visão geral e abrangente que se quer alcançar com


a elaboração da pesquisa e da monografia.
í

Capítulo 5

ELABORANDO AS
PARTES BÁSICAS DA MONOGRAFIA

Com o projeto da monografia pronto e apoiado na bibliogra-


fia preliminar com as devidas anotações, e com a pesquisa pronta
o estudante começará a redigir a monografia, atento às suas par-
tes básicas e ao significado de cada uma, que são:

1. Sumário;
2. Introdução;
3. Desenvolvimento (capítulos);
4. Conclusão;
5. Referências.

5,1 - SUMÁRIO

S u m á r i o é uma relação das partes da monografia apresen-


tadas na ordem em que se sucedem no texto e com indicação da
página inicial. Deve figurar, logo após a página de rosto, folhas de
dedicatórias ou agradecimentos.
Sua composição é sempre provisória, pois ao longo da ela-
boração do trabalho, os capítulos poderão desdobrar-se em títu-
los e subtítulos ou em outros capítulos. Ou então, o estudante-
autor achará conveniente acrescentar apêndices e até anexos.
Nesses casos, o sumário deverá ser refeito.
88 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 89

Obs: não se deve confundir sumário com índice e com lista. Por esse motivo dizemos que a introdução é provisória, pois
• Í N D I C E é uma enumeração detalhada dos assuntos, no- estará em constante reelaboração até estar coerente com os capí-
mes das pessoas, nomes geográficos, acontecimentos tulos e dizer claramente o que a monografia pretende esclarecer.
e t c , com a indicação de sua localização no texto. O índice É na introdução que o autor chama a atenção do leitor para o
aparece no final da obra. seu trabalho, despertando-lhe o interesse para a leitura do mes-
• L I S T A é uma enumeração de elementos seleclonados do mo. Por isso precisa ser um texto claro e objetivo.
texto, tais como datas, ilustrações, exemplos, tabelas e t c ,
na ordem de sua ocorrência. 5-3 - D E S E N V O L V I M E N T O D O T E M A

5.2 - INTRODUÇÃO O desenvolvimento do tema é realizado em capítulos e nestes


pode-se considerar itens e subitens, a critério do autor, conforme
A introdução contém o que se pretende desenvolver na mo- queira dar uma explicação mais minuciosa, ou se o capítulo exigir
nografia. Por Isso deve começar com uma frase de apresentação uma subdivisão.
do trabalho e a seguir acrescentará os seguintes elementos: A seguir, apresentamos uma proposta de capítulos para de-
senvolvimento do tema.
• A j u s t i f i c a t i v a do estudo do tema: Apresentação de nova
compreensão do tema; interesse pelo estudo do tema e t c • Cap. I. O tema percebido no cotidiano. O problema a ser
• Os o b j e t i v o s da pesquisa devem estar bem claros. estudado.
• A m e t o d o l o g i a utilizada para construção da monogra- • Cap.ll. O estado atual da teoria sobre o tema: estudos já
fia. Inicialmente, indica-se o tipo de pesquisa utilizado, realizados.
as fontes investigadas, as dificuldades encontradas, en- • Cap. III. Considerações sobre a pesquisa realizada para
fim, descreve-se os procedimentos metodológicos desen- atualização da compreensão do problema.
volvidos. • Cap. IV. Síntese crítica do tema. Apresentação de nova
compreensão do tema.
Com o avanço dos estudos e na pós-graduação o estudan-
te acrescentará à metodologia a corrente teórica na qual o estudo 5.3.1 - Elaborando o capítulo 1 : descrição d o fato
está fundamentado ou o paradigma de conhecimento que serve
de suporte teórico para suas análises. O capítulo 1 é escrito a partir da observação da realidade
natural e social e demonstra a maneira como vemos a problemá-
Ao final da exposição da metodologia deve-se colocar uma
tica proposta pelo tema. Esta é vista com nosso conhecimento
indicação do que contém cada capítulo. Por exemplo: No capítu-
lo I farei a descrição do tema percebido no cotidiano. No capítulo de senso comum que é formado pela quantidade de informações
II tecerei considerações sobre a conceituaçâo do tema segundo que possuímos adquiridas da leitura de jornais, revistas, das que
a opinião de diversos autores... E assim por diante. são veiculadas pelo rádio e TV e pela experiência de vida.
Após elaborado os capítulos retorna-se à introdução para Neste capítulo fazemos uma descrição do que percebemos
verificar se o que foi proposto está contemplado no desenvolvi- da realidade.
mento do tema, em cada capítulo.
90 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Deríy Barbosa 91

Descrever é dizer a respeito das coisas tais como são. A rística específica do tema. O fio condutor que caracteriza este ca-
descrição do fato percebido é feita utilizando nosso código restri- pítulo é o sentido explicativo que cada autor propõe para compre-
to, mas devemos fazê-lo de forma que se tenha uma imagem clara ensão do tema, através de conceitos, princípios e teorias que cons-
do problema a partir do texto escrito. O código restrito, segundo tituem o conhecimento científico. Os autores oferecem possibilida-
Fourez (1995, p. 18), "é a linguagem do dia-a-dia, útil na prática e des críticas de percebermos a realidade, diferente daquela que
que não leva adiante todas as distinções que se poderia fazer descrevemos com conhecimento de senso comum.
para aprofundar meu pensamento... Fala do como das coisas, do Poderão ser citados frases e parágrafos indicados para
mundo e das pessoas..." reforçar as idéias de cada um. Ao utilizar este recurso, devemos
Pelo código restrito não se faz reflexão para compreender o estar atentos para a forma técnica estabelecida.
mundo, a realidade que nos cerca, por isso descrevemos o fato No capítulo 2 é absolutamente necessário fazer citação de
como o vemos. "Sem preocupação c o m a ordem histórica" autores para caracterizar a teoria existente a respeito do fato. Nesse
(BACHELARD, 1996, p. 10), pois é assumindo "o estado concreto, caso, segue-se os modelos de citações indicados anteriormente.
que o espírito se entretém c o m as primeiras i m a g e n s do Utilizam-se também citações nos demais capítulos desde que seja
fenómeno..." {Idem, p. 11). necessário lançar mão de outros autores.
O capítulo 1 é o ponto de partida para os Capítulos 2, 3, 4.
Nestes vamos nos apropriar do conhecimento científico para sair- 5.3.3 - E l a b o r a n d o o capítulo 3 - p e s q u i s a bibliográfica, de
mos do conhecimento de s e n s o c o m u m , da observação vulgar. c a m p o o u de laboratório
Ou seja, na construção do conhecimento, o ponto de partida é o
cotidiano, o senso comum, e o avanço está na busca do conheci- A atualização da compreensão do problema exige um estudo
mento científico para mudarmos nossa maneira de compreender o mais profundo do tema, para isso realiza-se uma pesquisa que
mundo. apresentará novos dados sobre a temática em estudo.
Esse capítulo, portanto, fica reservado para a apresentação
da pesquisa e análise dos dados coletados na investigação.
5-3.2 - Elaborando o capítulo 2: o estado da questão

Neste capítulo é feito o entendimento do tema a partir da ex- 5.3.4 - Elaborando o capítulo 4: posicionamento e m relação ao
plicação dos autores. Para isso será preciso realizar uma pesqui- tema
sa bibliográfica para apropriação do saber elaborado a respeito
O capítulo 4 refere-se aos anteriores. Seu conteúdo terá o
do tema. Nesse processo, será possível criar itens e subitens ao
sentido de uma síntese crítica sobre o tema. Partindo das afirma-
capítulo, para melhor compreender o tema. É importante lembrar
ções expostas nos capítulos anteriores, será proposta uma nova
que cada item e subitem não pode ser apenas mais um ajunta- compreensão da problemática que era vista através do senso co-
mento de dados sobre o tema, mas é preciso que todos estejam mum e que começou a mudar com a pesquisa realizada.
concatenados numa relação lógica e dialética, garantindo a orga- A síntese é a demonstração do surgimento do novo sujeito co-
nicidade entre as idéias que explicam o tema. nhecedor.
O capítulo 2 tem conteúdo próprio, mas é complementar aos A leitura inicial do mundo é ingénua. Com a busca do conhe-
demais. No exemplo dado, cada capítulo apresenta uma caracte- cimento e com a construção do pensamento, adquirimos a possi-
bilidade de ter uma visão crítica do mundo. Nesse sentido, realiza-
Derly Barbosa 93
92 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia

se um movimento de mudança do senso comum para a consciên- 5.6 - S I G N I F I C A D O D A S P A R T E S D A M O N O G R A F I A


cia filosófica, entendendo-se o filosófico como ato de pensar, de
refletir, de aprender a aprender, de evoluir da consciência ingénua 5,6.1 - Forma básica da m o n o g r a f i a
para a consciência crítica, ou seja, de como o tema foi entendido,
após a leitura de vários autores, das análises feitas e da pesquisa Os elementos componentes da monografia devem aparecer
realizada.
nesta ordem.
Pretende-se com esse capítulo que o estudante-pesqui-
• Capa
sador seja capaz de demonstrar a evolução do seu pensamen-
to a respeito do tema estudado. • Página de rosto
Esse capítulo não é, portanto, a conclusão do trabalho, mas • Página de dedicatória ou agradecimentos
a demonstração do avanço científico e académico do estudante. • Resumo
• Sumário
5.4 - E L A B O R A N D O A C O N C L U S Ã O • Lista de tabelas e/ou figuras
• Corpo do trabalho com:
É a parte final do trabalho. Nela se condensa a essência do -Introdução
conteúdo. Aqui, o autor deve reafirmar seu posicionamento ex- -Capítulos ;
posto nos capítulos precedentes. -Conclusão
É preciso perceber que a conclusão é da monografia e não - Referências
do tema. Por isso tem como conteúdo um texto que chame a aten- • Apêndices
ção do leitor para que ele perceba que a proposta da introdução • Anexos
ficou garantida nos capítulos e que as idéias não estão fechadas,
mas apresentam aberturas para continuidade do estudo. Na con-
clusão apresenta-se a resposta à indagação inicial, ou seja, à per-
gunta-problema e se os objetivos propostos foram alcançados.

5.5 - REFERÊNCIAS

As referências são uma relação das obras que foram


utilizadas para elaboração da monografia.
Devem ser indicadas segundo as normas técnicas em ordem
alfabética.
94 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monogi Derly Barbosa 95

5 . 6 . 2 - C a p a (Padrão) 5.6.3 - Página de r o s t o (Padrão)

Autor(es)'^' Autor(es)

Título da Monografia*^' Título da Monografia

Monografia apresentada como


e x i g ê n c i a parcial de a v a l i a ç ã o na
disciplina M e t o d o l o g i a de Estudo e
Pesquisa no curso de Direito.
Orientador: Prof. Dr. Derly Barbosa
Área de concentração: Metodologia
de Estudo e Pesquisa^

S Ã O PAULO - 2006*3'

Universidade de São Paulo - USP


S Ã O PAULO - 2 0 0 6
- c o r p o 14 (para u m autor) e 12 (para vários a u t o r e s ) .
^ 2 ' - c o r p o 16.
- c o r p o 12, c a i x a alta, negrito. c o r p o 12 e m e s p a ç o s i m p l e s
96 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 97

5.6.4 - Página de dedicatória ^


5.6.9- Anexos
E utilizada para dedicar a obra a outras pessoas, São documentos auxiliares, não elaborados pelo autor, tais
especialmente àquelas que são do nosso convívio e que nos deram como: tabelas, gráficos, mapas, organogramas, cronogramas, for-
forças para realização do trabalho. mulários, entrevistas, questionários e outros.
É colocada após a página de rosto e devidamente numerada. O b s : Dada a sua natureza, tanto os anexos como os apên-
Não consta do sumário e é facultativa. dices são facultativos, mas se forem necessários para a compre-
ensão do texto, são colocados após as referências e paginados.
5.6.5 - Página de agradecimentos

É utilizada para manifestar agradecimentos a outras pessoas 5 . 6 . 1 0 - Epígrafe


que direta ou indiretamente colaboraram para a elaboração do trabalho. É a frase ou parágrafo posta em página no início da obra ou
Vem logo após a página de dedicatória, se houver. de um capítulo para chamar a atenção para o assunto. Resume a
Não consta do sumário e é facultativa. idéia principal do conteúdo.
5.6.6 - R e s u m o da m o n o g r a f i a É fundamentai indicar o autor e a obra da qual a epígrafe foi
retirada. Essa referência deve ser colocada logo abaixo da frase
É uma apresentação concisa dos pontos relevantes do texto. ou parágrafo, escrita em itálico e com letra igual ou menor que a do
Deve ser escrito em um parágrafo contendo aproximada- corpo do texto. É facultativa.
mente 15 linhas.
5.6.11 - Numeração d o s capítulos, itens e s u b i t e n s
O texto deve ressaltar o objetivo do estudo, a metodologia
usada para elaboração do trabalho e conclusóes. A numeração dos capítulos é em algarismo arábico. Ex.:
O texto deve ressaltar o objetivo do estudo, a metodologia Capítulo 1, Capítulo 2, etc.
usada para elaboração do trabalho e conclusóes. É colocado antes A numeração dos itens dos capítulos deve ser feita em
da introdução. O resumo é apresentado em língua estrangeira com
algarismos arábicos: 1,2,3...: os subitens de cada capítulo devem
o nome de abstract. A língua estrangeira mais usada é a inglesa.
seguir a ordem progressiva: - 1 . 1 ; 1.2; 1.3; 2 . 1 ; 2.2; 2.3 e t c , por
5.6.7 - T a b e l a s , figuras o u ilustrações exemplo:

Se houver necessidade desses elementos, devem ser ela- Capítulo 1


boradas listas que são colocadas após o sumário com a devida 1.1. (item)
paginação. Devem constar do sumário. 1.1.1 (subitem)
Capítulo 2
5.6.8-Apêndices
2.1.
Da mesma forma que os anexos, os apêndices são docu- 2.1.1.
mentos auxiliares como tabelas, gráficos, mapas, organogramas, 2.1.2.
cronogramas, formulários, entrevistas, questionários e outros. No 2-2.
entanto, devem ter sido e l a b o r a d o s pelo p r ó p r i o autor. 2.2.1. e assim por diante
Derly Barbosa 99
98 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia

5.6.12 - Início d o s parágrafos Conclusão


Os parágrafos devem ter início com um avanço de oito espa-
ços para dentro, com relação à margem esquerda.
Nesse manual apresentamos os caminhos para a organiza-
5.6.13 - Início d o s capítulos ção de estudos pelos alunos, assim como a iniciação para a pes-
Os títulos dos capítulos devem estar situados a partir de 8 quisa e indicamos os procedimentos para elaboração de mono-
c m do limite superior. São escritos em caixa alta, negrito e tamanho grafia.
14, a partir da margem esquerda com o avanço de 1 cm. Podem Procuramos facilitar a aprendizagem da construção de tra-
também estar centralizados na página. balhos académicos e para isso apresentamos uma linguagem sim-
Devem sempre ser iniciados numa nova página mesmo que ples, didática e objetiva.
haja espaço na página em que terminou o capítulo anterior.
Da mesma forma mostramos que a iniciação no conhecimento
Ao iniciar um capítulo, devemos colocar uma introdução de
científico requer dedicação, construção minuciosa, boa orientação
um ou dois parágrafos dizendo do que trata o capítulo.
e informações como as contidas nesse manual.
Seguindo o exemplo dos capítulos, podemos situar outros
títulos a 8 cm do limite superior como o sumário, a introdução, a
conclusão, a referência e outros.

5 . 6 . 1 4 - Início d o s itens e s u b i t e n s

Os itens de um capítulo devem ser escritos a partir da mar-


gem esquerda com o avanço de 1 cm, guardando uma distância
de dois espaços da última linha do parágrafo anterior.
Escreve-se o título do item em caixa alta, em negrito e em
tamanho 12, seguindo a numeração em números arábicos.
Os subitens devem ser escritos a partir da margem esquer-
da com um avanço de um parágrafo. Também devem estar em
tamanho 12, caixa alta e negrito.

5 . 6 . 1 5 - N u m e r a ç ã o d a s páginas

A numeração das páginas se dá a partir da introdução, mas


a contagem começa na página de rosto. O número pode ser colo-
cado no alto da página, no meio ou no canto direito, mantendo uma
distância de 2 cm da borda da folha e da primeira linha do texto.
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