Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ISBN 85-88423-45-6
7 8 8 5 8 8 4 2 3 4 5 9
Derly Barbosa
nasceu em 2 0 / 0 1 / 1 9 4 0
em Valparaíso, Estado
de São Paulo. É mestre e
doutor em Educação
pela PUC-SP, Sociólogo
pelo USP e Pedagogo
pelo Uninove. Lecionou MANUAL DE PESQUISA
nos Universidades
Unicsul, Anhembi-
Metodologia de Estudos e
Morumbi, São Judos e Elaboração de Monografia
Centro Universitário
FIEO. Foi professor e
diretor no rede pública
de ensino do estado de
São Paulo durante 20
anos.
2° Edição Revista
4 ° Reimpressão
Por e s s e m o t i v o a p r e s e n t a u m a estrutura d i d ã t i c a d e
fãcil c o m p r e e n s ã o .
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
A idéia b ã s i c a q u e p e r p a s s a o M a n u a l é d e facilitar p a r a
Barbosa, Derly o aluno a aprendizagem de metodologia de estudo, de
Manual de Pesquisa: metodologia de estudos e
p e s q u i s a e d e e l a b o r a ç ã o de m o n o g r a f i a .
elaboração de monografia / Derly Barbosa. --
São Paulo : Expressão & Arte, 2012.
Neste s e n t i d o o m a n u a l c u m p r e s u a f u n ç ã o q u e é servir
ISBN 85-88423-45-6 d e roteiro p a r a a e l a b o r a ç ã o d e t r a b a l h o s a c a d é m i c o s c o m
1. Metodologia 2. Pesquisa 3. Trabalhos caráter científico.
científicos - Redação I. Título.
06-2945 CDD-001.42
INTRODUÇÃO 9
1- METODOLOGIA D E E S T U D O II
1.1 ORGANIZAÇÃO E PLANEJAMENTO DOS ESTUDOS 11
1.1.1 - Aprender a aprender 11
1.1.2- Eventos , 12
- Congresso 12
- Convenção 13
- Seminário 13
- Mesa-Redonda 13
- Simpósio 13
- Painel de Debates 13
- Fórum 13
- Conferência 14
- Workshop 14
- Briefing 14
- Cursos 14
1.2 LEITURA DE JORNAIS E REVISTAS 15
1.2.1 - Adquirindo repertório 15
1.2.2- Revistas e jornais científicos 17
p a r t i c i p a ç ã o d e u m p ú b l i c o n u m e r o s o , q u e d e v e ser m o t i v a d o . Está Faça anotações durante estes eventos, pois esta prática não só
tornando-se u m a f o r m a bastante c o m u m , principalmente pela necessidade * amplia as idéias, c o m o exercita a memória.
crescente d e sensibilizar a opinião pública p a r a certos p r o b l e m a s sociais
U s u a l m e n t e , s ã o eventos mais a b r a n g e n t e s q u e tratam d e a s s u n t o s gerais
1.2 - L E I T U R A D E J O R N A I S E R E V I S T A S .
d e setores e industrial o u t e m a s d e interesse social o u político.
C o n f e r ê n c i a : C o n s i s t e s e m p r e e m d u a s partes: o auditório e os
e x p o s i t o r e s . E s t e s p o d e m discorrer s o b r e u m a s s u n t o p r e v i a m e n t e es-
1.2.1 - A d q u i r i n d o repertório
c o l h i d o e d e s e u a m p l o c o n h e c i m e n t o . A o final d e s t e p e r í o d o , respon-
d e m a p e r g u n t a s f o r m u l a d a s p e l o auditório. A c o n f e r ê n c i a v i s a a um Outra importante estratégia de estudo é a leitura de jornais e
público e s p e c í f i c o q u e d e m o n s t r a familiaridade c o m o a s s u n t o a b o r d a - revistas.
d o . S e g u n d o a s e m p r e s a s o r g a n i z a d o r a s , é u m s e r v i ç o q u e d á a o mer-
A leitura deve ser feita diariamente pelo estudante para intei-
c a d o i n f o r m a ç õ e s g e r e n c i a i s , práticas e f o c a d a s p a r a o e x e c u t i v o . Dos
rar-se do que ocorre na realidade social abrangente e que tem
p r o d u t o s i n f o r m a t i v o s interativos é o m a i s c o m p l e x o e o q u e oferece
m e l h o r r e l a ç ã o c u s t o - b e n e f í c i o . A l é m d e o f e r e c e r a o participante a ab-
interferência na sua vida. Este procedimento não só possibilita a
s o r ç ã o d e i n f o r m a ç ã o prática, d á t a m b é m a o p o r t u n i d a d e d e realizar interação do estudo académico com a realidade, como também
c o n t a t o s e n e g ó c i o s , a l é m d e t r o c a r e x p e r i ê n c i a s c o m os d e m a i s partici- encaminha o diálogo do saber que a universidade ensina, com
p a n t e s , u m a v e z q u e o público d e c o n f e r ê n c i a s t e m b a s t a n t e familiarida- outras formas de conhecimento.
de c o m o tema abordado. Por outro lado, propicia a articulação do conteúdo das diver-
W o r k s h o p : Tem c o m o objetivo detalhar, aprofundar um determinado sas áreas do conhecimento e suas disciplinas com as questões
a s s u n t o d e m a n e i r a m a i s prática. N o r m a l m e n t e p o s s u i u m m o d e r a d o r e
do cotidiano, sugerindo aos professores e alunos uma atualização
u m ou dois expositores. A d i n â m i c a da s e s s ã o divide-se e m três
dos seus saberes.
momentos: exposição, discussão e m grupos ou equipe e conclusão.
G e r a l m e n t e , e s t á a t r e l a d o a u m a c o n f e r ê n c i a , e m q u e s ã o discutidos Também, para o estudante, é um avanço na direção de cons-
outros assuntos relacionados ao tema do workshop. truir sua autonomia de aprendizagem na medida em que poderá
B r i e f i n g : Consiste e m u m a exposição oral d e u m profissional de selecionar esta leitura, colocando-se em contato com o contexto
r e n o m e para participantes q u e p o s s u e m c o n h e c i m e n t o prévio do assunto sociocultural que precisa ser conhecido para poder ser transfor-
a ser debatido. É u m produto informativo, mais focado, q u e , normalmente, mado. Isto, entretanto, só é possível com uma sólida e ampla base
a c o m p a n h a u m a conferência. Existem dois tipos d e briefing: introdutório e
de formação.
a v a n ç a d o . O primeiro procura oferecer aos participantes a informação ne-
Sobre as notícias não basta apenas lé-las, mas é preciso
cessária para a c o m p a n h a r as discussões desenvolvidas e m u m a confe-
rência correlata. J á o s e g u n d o d á u m a p r o f u n d a m e n t o sobre determinado
refletir sobre elas pensando em como o conteúdo das mesmas
assunto que foi objeto d e discussão e m u m a conferência correlata. interfere em nossas vidas.
C u r s o s : Consiste no detalhamento de determinado assunto ou Os jornais e revistas são fontes abertas de conhecimento e
c o n j u n t o d e t e m a s c o m o f o c o d e "treinar" o u "ensinar a fazer". É c o m - possuem um movimento permanente de registro das realizações
posto d e e x p o s i ç õ e s d e p e s s o a s n o r m a l m e n t e c o m f o r m a ç ã o a c a d é m i - culturais e do pensamento da humanidade. São os diários da
c a q u e p r o c u r a m p a s s a r s e u c o n h e c i m e n t o a o s participantes. O f o c o
História.
e s t á m a i s n a teoria q u e n a prática, p o r é m n ã o a exclui. É Indicado p a r a
Juntamente com os livros, que têm a característica herméti-
pessoas que têm baixo ou nenhum conhecimento sobre o assunto, c o m
e x c e ç ã o d o s c u r s o s d e e s p e c i a l i z a ç ã o , cujo objetivo é o a p e r f e i ç o a m e n - ca de conter o saber e por isso mesmo podem ser chamados de
to d a q u e l e s q u e j á d o m i n a m o a s s u n t o . relicários do saber, desempenham, cada um a seu modo, seu pa-
J o r n a l O E s t a d o d e S ã o P a u l o , 0 3 / 0 1 / 9 9 . C a d e r n o C E . p.7._^ pel na emergente sociedade do conhecimento. São complementa-
16 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 17
http://scholar.google.com.br/
18 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia
http://www.rae.com.br/index.cfm
http://www.adm.ufba'.br/ipublica_org.html
http://read.adm.ufrgs.br/
www.rh.com.br
http://www.angrad.org.br/
Capítulo 2
www.psi.bvs.br
ELABORAÇÃO D E TRABALHOS
http://bve.cibec.inep.gov.br/
ACADÉMICOS
http://portal.mec.gov.br/seep/
www.capes.gov.br
Os trabalhos académicos são um exercício necessário para
http://www.periodicos.capes.gov.br/portugues/index.jsp
a aquisição de informações teóricas e organização do pensamento
http://acessolivre.capes.gov.br/ a partir de obras complexas.
www.scielo.br/
www.fcc.org.br/pesquisa/pubílcacoes/cp/index.html
20 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografi Derly Barbosa 21
2,2-RESUMO
2.2.2 - Exemplo de r e s u m o de livro
O resumo é uma síntese das idéias do autor e não uma có- GUARDIANO, Paschoal Baldassari. U m a leitura d e S ã o B e r n a r d o ; a
pia das palavras do texto. O aluno deve explicar com suas própri-
exortação litótica.
as palavras o que o texto contém. Franca: U N E S P . 1 9 7 7 . 2 0 0 p.
Trata-se de uma apresentação concisa dos pontos relevan-
Objetiva descrever a construção do discurso narrativo de S ã o
tes do texto.
Bernardo; explicitando a s u n i d a d e s n a r r a t i v a s e o s princípios d e c o e -
Tem a finalidade de mostrar a idéia central do texto apresen- são que f u n d a m e n t a m o r o m a n c e . A . e x a m i n a m e c a n i s m o s d e v e r o s s i -
tado. É através do resumo que conhecemos o núcleo do trabalho, milhança e o s i s t e m a d e m o t i v a ç ó e s p a r a revelar o s p r o c e d i m e n t o s
em torno do qual a trama textual se desenvolve. indiciais e a s f u n ç ó e s d a s p e r s o n a g e n s . E n c o n t r a n d o n a retórica u m
instrumento a d e q u a d o p a r a d e s v e n d a r a significação d o t e x t o - a p a l a -
No texto do resumo, a primeira frase é a mais significativa,
vra crítica, invariante t e m á t i c a d e G r a c i l i a n o R a m o s - o p ó e , c o m o c o n -
pois é ela que explica a temática principal do documento.
clusão, a reificação h u m a n a e x i s t e n t e n a s o c i e d a d e brasileira à v i s ã o
Um resumo deve ter, no máximo, dez linhas com setenta d o m u n d o h u m a n i s t a p r o p o s t a p e l o narrador.
toques cada linha. ( L a k a t o s e M a r c o n i , 1 9 9 6 , p. 6 7 ) .
É apresentado em um parágrafo, com frases curtas.
É utilizado para artigos, relatórios, teses, monografias etc. A seguir, veja outros exemplos de resumos de obras clássicas
D e v e - s e evitar o uso de frases negativas, fórmulas, nos quais se percebe claramente a síntese das idéias dc^ autores.
equações, diagramas, símbolos etc.
o F a u s t o o r i g i n a l - no "Faustbuch" (1567) alemão, que t o m a e m p r e s t a d o
2.2.1 - E x e m p l o de r e s u m o de artigo de revista e l e m e n t o s d a v i d a real d e u m c e r t o G e o r g e Faust, m e l o cientista, m e i o
charlatão, e n a t r a g é d i a " D o c t o r F a u s t u s " ( 1 5 9 2 ) , d e M a r l o w e - é u m
h o m e m que aspira a o c o n h e c i m e n t o a b s o l u t o a fim d e obter o p o d e r
ARTIGO: "Comunicação e educação n u m a perspectiva plural e
absoluto. Indiferente a o s m e i o s , ele f a z u m p a c t o c o m Mefistófeles, o
dialética"
mensageiro d o d e m ó n i o , p r o m e t e n d o - l h e s u a a l m a e m 2 4 a n o s ; n e s s e
A U T O R : Laan Mendes de Barres. meio t e m p o , c o n s a g r a - s e à m a g i a . T a l rebeldia c o n t r a D e u s n ã o p o d e
passar s e m p u n i ç ã o : F a u s t o é s u j e i t a d o a u m a m o r t e atroz, e s u a a l m a
R E V I S T A : N e x o s , n ú m e r d , s e g u n d o s e m e s t r e d e 1 9 9 7 , p á g i n a 19. padece danação eterna.
O livro d e B u e n o n ã o se limita à d e s c r i ç ã o f a c t u a l d e a c o n t e c i -
Exemplo de resenha crítica:
m e n t o s . O t r a b a l h o b u s c a e n t e n d e r a g e s t a ç ã o d o s r u m o s d o país e a
n a t u r e z a e c o n ó m i c a , s o c i a l è política d o r e g i m e c o l o n i a l e m f o r m a ç ã o .
S I N G E R , Helena.
A s f i g u r a s e m b l e m á t i c a s d a o c u p a ç ã o s e r v e m e s p e c i a l m e n t e p a r a lan-
ç a r luz s o b r e o projeto u l t r a m a r i n o e m relação à n o v a colónia. R e p ú b l i c a d a s c r i a n ç a s : s o b r e e x p e r i ê n c i a s e s c o l a r e s d e resistência.
É o caso de portugueses que acabaram se integrando c o m os
Editora Hucitec.
índios - m u i t o s d e l e s c a s a r a m c o m filhas d e i m p o r t a n t e s c h e f e s indíge-
n a s e e x e r c e r a m papel d e c i s i v o n a tribo e n a i n t e r m e d i a ç ã o d o c o m é r - 1998.
cio c o m p o t ê n c i a s e u r o p é i a s . G a n h a m d e s t a q u e a v e n t u r e i r o s c o m o
A a n t e c i p a ç ã o d e u m futuro c e n t r a d o n a t r o c a d o s s a b e r e s t e m
C a r a m u r u e J o ã o R a m a l h o ( n á u f r a g o o u d e g r e d a d o q u e dirigiu o tráfico
m o b i l i z a d o as e s c o l a s . C h o m e m , reza a s cartilhas, d e v e r á ser ágil,
d e e s c r a v o s d o interior p a r a o litoral); o misterioso Bacharel d e C a n a n é i a ,
criativo e c a p a z d e r e s p o n d e r à multiplicidade d a s t r a n s f o r m a ç õ e s e m
o primeiro traficante d e e s c r a v o s d o Brasil; o m i t o l ó g i c o Aleixo G a r c i a ,
curso. "Aprender a aprender" é o mote de todos. Essa mobilização
q u e , a partir d o atua! território d e S a n t a C a t a r i n a , c o m a n d o u u m exército
o c o r r e n u m c o n t e x t o s o c i o e c o n ó m i c o c e n t r a d o no d e s e m p e n h o e n a
d e índios e s a q u e o u c i d a d e s d o i m p é r i o Inca, a m i l h a r e s d e q u i l ó m e -
c o m p e t ê n c i a c o m o e s t r a t é g i a s d e c o n t r o l e e d e individualização, e m
tros d e distância. O atua! v o l u m e c h e g a até a c r i a ç ã o e f r a c a s s o d a s
q u e "só o s m e l h o r e s v e n c e r ã o " .
c a p i t a n i a s hereditárias. A d e s c o b e r t a d a s m i n a s d e prata d o P e r u j o g o u
Concomitantemente, as liberdades de expressão, pensamento e
o Brasil p a r a o s e g u n d o plano nos projetos u l t r a m a r i n o s . C o m e ç a v a o
tempo dos governadores-gerais, c o m a chegada de T o m é de Souza, c o m p o r t a m e n t o , d e p o i s d e p r o l o n g a d a s lutas, c o n q u i s t a r a m s e u e s p a -
m a s o d e s e n v o l v i m e n t o d o Brasil c o n t i n u a r i a a i n d a a d e p e n d e r d o tra- ç o d e m a n i f e s t a ç ã o d e m o c r á t i c a - s e n d o tributárias d o s m o v i m e n t o s
b a l h o d e n á u f r a g o s e d e g r e d a d o s e d a e s c r a v i z a ç ã o d e índios c o m o contestatórios dos anos 60, dos quais maio de 68 é seu marco simbó-
única atividade comercial. (LM) lico. A b s o r v i d a s pela lógica d e m e r c a d o g l o b a l i z a d o , e s s a s l i b e r d a d e s
d i s t a n c i a m - s e , c r i t i c a m e n t e , se f o r e m e x p r e s s ã o d e indivíduos a u t ó n o -
( L . M . 1 9 9 9 , p. 5 8 )
m o s , livres e felizes. A o contrário, r e s p o n d e m o s , á v i d a e a n s i o s a m e n -
2.3.2 - Resenha crítica t e , à s e x i g ê n c i a s d e u m m u n d o q u e n ã o c e s s a d e nos a m e a ç a r c o m a
e x c l u s ã o . C o m o construir a c i d a d a n i a c o m e s s a p e r s p e c t i v a ?
É construída em partes que podem não estar separadas por Atenta a e s s a contradição, a s o c i ó l o g a Helena Singer lançou R e -
títulos, mas sempre terá essa avaliação. pública das crianças: sobre experiências escolares de resistência. C
• Cabeçalho: que apresenta os dados da obra; livro retoma u m debate a p a r e n t e m e n t e e s q u e c i d o entre nós, e m b o r a b a s -
• Referências do autor; tante presente nos a n o s 7 0 , q u a n d o s u r g i r a m no Brasil as escolas "alter-
nativas" - experiências e d u c a c i o n a i s libertárias p r o m o v i d a s pelas e s c o -
• Contextualização da obra;
las livres, o u d e m o c r á t i c a s , hoje reduzidas a m e n o s d e c e m , e m todo o
• Resumo do conteúdo;
m u n d o , e d a s quais a mais c o n h e c i d a é S u m m e r h i l l , d e A l e x a n d e r Nelli.
• Análise onde se propõe um julgamento de valor sobre os E s s a s e s c o l a s d i f e r e n c i a m - s e d a s tradicionais e m vários princí-
pontos contraditõrios e os mais importantes; pios: auto-regulamentação; não valorização d e currículos uniformes; d e s -
• Apreciação da obra quanto ao seu valor crítico, social e c e n t r a l i z a ç ã o d o papel d o professor; liberdade d e a s c r i a n ç a s f r e q u e n -
humano, com uma visão crítica objetiva sem que o resenhador t a r e m o u n ã o a s a u l a s . V a l o r i z a n d o a s e s c o l h a s individuais d e a p r e n d i -
interfira com seu pensamento no trabalho analisado; z a g e m e o e s t a b e l e c i m e n t o d e regras p e l o s a l u n o s e m a s s e m b l é i a s
coletivas - d a í a d e n o m i n a ç ã o d e "repúblicas" d a d a pela a u t o r a a e s -
• Considera-se a importância da obra para a área de sua
s a s e x p e r i ê n c i a s - e s s a s e s c o l a s f u n d a m - s e n o respeito a o d e s e j o d a
referência;
c r i a n ç a , à d i v e r s i d a d e d e interesses e à c a p a c i d a d e h u m a n a d e c o n s -
• Conclusão com considerações sobre o valor do conjunto tituir g r u p o s a u t ó n o m o s e Inteligentes. R e c o n h e c e n d o q u e s e r i a m e s -
da obra como um todo. s e s o s princípios d e u m a real d e m o c r a c i a , o q u e s t i o n a m e n t o s u b j a c e n t e
28 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 29
à pesquisa de Helena Singer gera polémica: será o sistema escolar poderão servir a nossos propósitos de estudo, bem como as ba-
moderno adequado a um regime efetivamente democrático? ses de conhecimento sobre as quais as obras foram escritas.
P a r a d i g m a s - C o m o suporte para s u a s análises, a autora recorre
à o b r a d e dois p e n s a d o r e s franceses - Émile D u r k h e i m (1858-1917) e
2.4 - A R T I G O C I E N T Í F I C O
Michel Foucault (1926-1984) - q u e , e m m o m e n t o s históricos distintos,
discutiram o papel d a disciplina e d a escola na construção d a a u t o n o m i a ,
Texto que discute idéias, métodos, técnicas, processos e
e, c o n s e q u e n t e m e n t e , d a d e m o c r a c i a , c o m c o n c l u s õ e s radicalmente di-
v e r s a s . É na diferença d e s s a s d u a s perspectivas q u e a autora procurará
resultados de pesquisas nas diversas áreas do conhecimento,
c o m p r e e n d e r a e m e r g ê n c i a d a s escolas livres, o u democráticas, princi-
destinado a divulgação.
p a l m e n t e a partir d o s a n o s 60, c o m o f o r m a s d e r e s i s t ê n c i a a o p r e s e n t e . O artigo científico tem a seguinte estrutura:
R e s u m i d a m e n t e , D u r k h e i m r e c o n h e c e a f u n ç ã o n o r m a t i v a e dis- • Título;
ciplinar d a e s c o l a c o m o c o n d i ç ã o n e c e s s á r i a p a r a a i n s e r ç ã o d o indiví- • Nome(s)do(s)autor(res);
d u o n o social e s u a c o n s t i t u i ç ã o e n q u a n t o sujeito a u t ó n o m o . Foucault, a • Resumo: parágrafo que sintetiza os objetivos pretendidos,
partir d e s u a s a n á l i s e s d a s s o c i e d a d e s disciplinares e m e r g e n t e s a par- a metodologia empregada e as conclusões alcançadas no
tir d o s é c u l o X V I I I , constrói u m a g e n e a l o g i a d o poder, na q u a l r e c o n h e - artigo;
c e a E s c o l a - a o lado d a s p r i s õ e s , d o s hospitais e d o s m a n i c ô m i o s - • Abstract: resumo em inglês;
c o m o u m d o s dispositivos d e p o d e r destinados a produzir, c o m a disci- • Palavras-chaves
plina e o a d e s t r a m e n t o , c o r p o s dóceis e eficientes, m a s não a u t ó n o m o s . • Introdução: deve ser breve, tratando das intenções que mo-
N a tensão desses dois paradigmas, e percorrendo as várias expe- tivaram a elaboração do artigo e da metodologia da pesqui-
riências de escolas democráticas d o m u n d o , d e s d e aquelas d e inspiração sa que forneceu subsídios para a compreensão da temática.
rousseauniana, c o m o a d e Tolstoi na Rússia de 1850, até as contemporâ- • Desenvolvimento: é uma argumentação na qual o autor pre-
neas, d e inspirações teóricas as mais diversas, m a s c o m nítida influência tende persuadir o leitor com base nos fatos apresentados,
d e Summerhill, o livro d e Helena Singer convida a todos aqueles implica- na descrição dos elementos e na análise dos dados da
dos c o m u m a Educação construtora d a democracia para um debate esti-
pesquisa. Pode-se dividir esta parte em itens para melhor
mulante, necessário e urgente.
expor as idéias;
( V R , 1 9 9 8 , p. 56) • Conclusão: é uma apresentação sucinta do que foi expos-
to, tecendo considerações, fazendo inferências sobre as
O primeiro exemplo é mais simples de elaborar, pois é des-
idéias básicas e expondo os resultados obtidos.
critivo e atém-se às idéias exclusivas do autor da obra não pene- • Referências: havendo citações de autores, deve-se indi-
trando nos fundamentos teóricos que a nortearam. É uma rese- car a bibliografia ao final, seguindo a norma da ABNT. No
nha com base na leitura histórica e apenas cita fatos históricos corpo do texto usa-se o sistema autor, data.
sem, contudo, fundamentá-los numa teoria. • Notas: se houver, devem ser numeradas e apresentadas
O segundo exemplo é de resenha crítica. Neste modelo de no final do texto após a conclusão.
resenha o autor propõe três pontos fundamentais: a sua opinião
sobre o tema, um resumo da obra e fundamentação teórica cha- 2.5 - T R A B A L H O M O N O G R Á F I C O
mado de paradigmas. Neste ponto o autor indica as bases teóri-
cas sobre as quais a autora do livro desenvolveu seu trabalho. Título
Autor
É muito importante adquirir-se o hábito de leitura de resenha.
Introdução (dizer do que trata o trabalho e jus-
Através delas ficamos sabendo o teor das obras indicadas, que
tificar sua elaboração)
30 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 31
EMENTA
Caracterização do Problema (descrever o fato que propiciou o
Indica o propósito da disciplina.
interesse peio problema)
UNIDADESTEMÁTICAS
Síntese Crítica (elaborar um texto expondo a
Relaciona o conteúdo programático do estudo da disciplina.
preocupação inicial, utilizando a
argumentação dos autores indi-
cados e propondo sua prõpria METODOLOGIA
opinião sobre a problemática.) Apresenta como será desenvolvido o ensino da discipli-
na, c o m o serão as aulas: se expositivas, dialógicas, interativas
Conclusão (fechamento do texto propondo e se serão utilizados instrumentos didáticos.
aberturas para novas discusões.)
2.6 - P L A N O D E E N S I N O B I B L I p G R A F I A BÁSICA
É a mais específica, que diz respeito diretamente aos te-
mas discutidos. Podem ser livros, teses, dissertações e textos
Curso: Série: eletrônicos.
Disciplina: C/H t o t a l :
Professor: C/H s e m : COMPLEMENTAR
Departamento: Período: É a mais geral. Aborda os temas de maneira genérica. Po-
dem ser indicados revistas, jornais e fontes eletrônicas.
JUSTIFICATIVA
Diz por q u e a disciplina é importante para o curso e o que
ela acrescenta na formação do estudante.
32 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 33
JUSTIFICATIVA: BIBLIOGRAFIA
A disciplina insere-se no curso de Formação do Educador
no sentido de contribuir par a formação do professor com uma BERGER, Peter I. e LUCKMANN, Thomas. A c o n s t r u ç ã o social
visão abrangente do real. da realidade. 11^ ed., Petrópolis (RJ) Vozes, 1994.
CERTEAU, Michel de. A invenção d o cotidiano. 2^ ed., Petrópolis
O conhecimento do cotidiano tem se mostrado necessário
(RJ) Editora Vozes, 1996.
para todos os profissionais que trabalham com pessoas. A per-
CHIZZOTTI, Antonio. O cotidiano e as pesquisas em educação
cepção do cotidiano torna-se necessário para o conhecimento
In: FAZENDA, I.C. (org). N o v o s e n f o q u e s da p e s q u i s a educa-
do contexto social no qual se insere a educação e o educando.
cionai. São Paulo: Cortez Editora, 1992.
HELLER, Agnes. O cotidiano e a História. 4^ ed.. São Paulo: Edi-
EMENTA
tora Paz e Terra, 1992.
A disciplina propõe-se a discutir questões teóricas sobre o MAFFESOLl, Michel. O c o n h e c i m e n t o d o Q u o t i d i a n o . Lisboa:
real vivido por professores, alunos e comunidade escolar, bem Veja/Universidade, s/d.
como as diversas instâncias educacionais. Numa relação com a MARTINS, José de Souza. A sociabilidade d o h o m e m simples:
prática propõe-se a desenvolver pesquisas sobre o cotidiano dos cotidiano e História na modernidade anómala. São Paulo: Hucitec,
educadores e dos educandos. 2000.
MATURANA, Humberto. C o g n i ç ã o , ciência e v i d a c o t i d i a n a .
OBJETIVOS Belo Horizonte (MG): Editora UFMG, 2 0 0 1 .
MORIN, Edgar. E d u c a ç ã o e c o m p l e x i d a d e : os sete saberes e
• Desenvolver a percepção do real vivido na sua dimensão
outros ensaios. São Paulo: Cortez Editora, 2002.
cotidiana.
PAIS, José Machado. Vida cotidiana: enigmas e revelações. São
• Compreender os diversos níveis de realidade do cotidiano
Paulo: Cortez Editora, 2003.
escolar.
RANDOM, Michel. O pensamento transdisciplinar e o real. São
• Contribuir para a f o r m a ç ã o inter e transdisciplinar do Paulo: Trion,2000.
educador.
SPINK, Mary Jane (org ). O c o n h e c i m e n t o n o c o t i d i a n o . São
Paulo: Brasiliense, 1995.
UNIDADESTEMÁTICAS TEIXEIRA, Carla Costa (org.). Em b u s c a da experiência m u n -
• Teorização do significado de cotidiano dana e seus significados. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2000.
• Compreensão da sociologia do cotidiano
• Níveis de realidade do conhecimento do cotidiano
• Percepção prática do cotidiano
• História de vida e cotidiano
• Cotidiano escolar e complexidade: uma relação sistémica
34 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 35
PARCERIA
Indicá-la (se houver) e em que condições será efetuada.
JUSTIFICATIVA
Descreva por que há interesse em elaborar o projeto. (O pro-
jeto deve estar sempre voltado para as questões de aprendiza-
gem.)
OBJETIVO
Relaciona concretamente o que se pretende atingir com vis-
tas à justificativa proposta.
METAS
Quantifica o universo a ser atingido (ex. diminuir a retenção,
fazer visitas e outros).
36 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 37
2.9 - N O R M A S T É C N I C A S P A R A A E L A B O R A Ç Ã O D E 2 . 9 . 2 - N o r m a s técnicas ^
TRABALHOS ACADÉMICOS
TAMANHO DAS FOLHAS
2.9.1 - Modelo de f o l h a de r o s t o de t r a b a l h o As folhas a serem utilizadas devem ser de papel sulfite ta-
Autor(es)í^> m a n h o A 4 (medidas 21,0 x 29,7 cm). Usa-se apenas um lado.
Turma Í'^»
MARGENS
- superior = 3cm ^
- inferior = 2cm
- esquerda = 3cm
- direita = 2cm
Disciplina: (4)
ECONOMISTA recomenda investimentos no Ensino. O Estado Obras constituídas de vários trabalhos ou contribuições de
de São Paulo, 24-05-1977, p. 21,4-5 col. vários autores entram pelo responsável intelectual (organizador,
COUTINHO, Wilson. O Paço da Cidade retorna ao seu brilho coordenador etc.) se em destaque na publicação, seguido da abre-
barroco. Jornal d o Brasil, Rio de Janeiro, 6 mar, 1985, Caderno viação da palavra que caracteriza o tipo de responsabilidade, en-
B, p. 6. tre parênteses. Por exemplo:
BIBLIOTECA climatiza seu acervo. O Globo, Rio de Janeiro, 4
mar, 1985, p.11,c.4. CUNHA, Antônio da (Coord.)
BARBOSA, D. A competência do educador popular e a in- Em caso de autoria desconhecida entra-se pelo título. O ter-
terdisciplinaridade do conhecimento. In\, I.C. A. mo "anónimo" não deve ser substituto para o nome do autor des-
(org.) Práticas interdisciplinares na escoia. São Paulo: Cortez, conhecido.
1991.
40 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 41
2.9.4 - D o c u m e n t o s Registrados e m Fontes Eietrônicas 3) O título de livros, jornais, revistas, relatórios, anais são escritos
em negrito. Podem também ser escritos em itálico ou sublinha-
São documentos obtidos através de suportes eletrônicos, dos.
como disquetes, CDs, base de dados, internet etc. Os meios tec- 4) A data é sempre o último dado da indicação. Se não houver
noeletrônicos e informáticos só podem ser usados e citados como data, coloca-se no lugar s/d.
fontes de documentação científica quando produzidos de forma 5) Todos os dados bibliográficos são colhidos da ficha catalográfica
pública. ou da página de rosto do livro.
6) Em coletânea, só o título do livro é indicado em negrito.
Cd-rom 7) Quando a obra apresentar mais de um volume, indicar o volume
utilizado após a data.
A L E I J A D I N H O . In: A L M A N A Q U E A B R I L : sua fonte de 8) Se a obra apresentar título e subtítulo, apenas o primeiro é escrito
pesquisa. São Paulo: Abril, 1996. CD-ROM. em negrito.
Observação Exemplos:
1) Os autores são colocados em ordem alfabética de sobrenome, A ) No exercício da metodologia interdisciplinar, a elaboração
com letras maiúsculas e com o nome abreviado ou por extenso. do conhecimento do aluno se faz em parceria com o professor
2) A segunda linha de referência situa-se no alinhamento da linha e estabelece uma relação dialética entre a teoria que descreve
anterior, na margem esquerda. e analisa a realidade e a prática que a engendra.
42 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 43
E n t e n d e m o s por e s s a e d u c a ç ã o u m a prática e d u c a c i o n a l v i b r a n - 3) A transcrição deve ser fiel ao texto ainda que nele haja erro.
te, e m que tanto educador quanto educando são agentes ativos do Neste caso, para evidenciar que o erro é proveniente do texto
p r o c e s s o , n u m a p e r e n e reciprocidade. do autor citado, coloca-se, após a palavra ou expressão equi-
Significado m a i s c o n t u n d e n t e lhe d á P a u l o Freire q u a n d o diz q u e
vocada, a indicação (s/c), que quer dizer, "assim estava no texto
"esta e d u c a ç ã o , d e caráter reflexivo, implica c o n s t a n t e ato d e d e s v e l a -
m e n t o d a realidade... b u s c a a e m e r s ã o d a s c o n s c i ê n c i a s , d e q u e r e s u l -
de origem".
te s u a i n s e r ç ã o crítica n a realidade" ( F R E I R E , 1 9 8 5 , p. 8 0 ) . 4) Quando se deseja dar ênfase a uma expressão do autor, colo-
N e s s a prática e d u c a c i o n a l cam-se palavras em negrito acrescentando-se, ao final, entre
parênteses, a referência "o grifo é nosso".
vão os educandos desenvolvendo o seu poder de captação
e d e c o m p r e e n s ã o d o m u n d o q u e lhes a p a r e c e , e m s u a s 5) Não é sugerido citar um autor que não tenha sido consultado no
relações c o m ele, n ã o m a i s c o m o u m a realidade estática, original. Assim, procure evitar a citação do texto de um autor
m a s c o m o u m a realidade e m t r a n s f o r m a ç ã o , e m p r o c e s s o , extraída de íima citação feita por outro autor (é chamada "cita-
o q u e implica n a n e g a ç ã o d o h o m e m a b s t r a t o , Isolado, sol- ção indireta"). No entanto, se não lhe foi possível consultar o
to, desligado do m u n d o , assim t a m b é m na negação do original, cite as duas fontes utilizando-se da expressão apud.
m u n d o c o m o u m a realidade a u s e n t e d o s h o m e n s ( F R E I R E ,
Veja exemplo:
1 9 8 5 , p. 8 1 - 8 2 ) .
Paulo Freire (apudGADQTTI, 1996, p. 10)...
B ) O sujeito interdisciplinar d e s e n v o l v e u m a atitude c o m o a g e n t e d a
a ç ã o d e m u d a n ç a d e u m m u n d o c o d i f i c a d o , e s t r u t u r a d o s o b r e u m a alta SISTEMA AUTOR-DATA
valorização dos dispositivos institucionais para um m u n d o onde as
características h u m a n a s s e j a m mais valorizadas, o n d e a cultura h u m a n a A maneira mais atual e mais simples de fazer referência ao
seja r e c o n h e c i d a c o m o f u n d a m e n t o d a v o n t a d e d o ser. autor, cujo texto teve passagens utilizadas, é citá-lo no corpo do
E n r i q u e s ( 1 9 9 4 , p. 31 - 3 2 ) , n u m a a b o r d a g e m p s i c o s s o c i o l ó g i c a , texto. Exemplos:
f a z u m a d i f e r e n c i a ç ã o entre o indivíduo individualizado e outro tipo d e Q código restrito, segundo Fourez (1995, p. 18) é a "lingua-
indivíduo q u e ele c h a m a d e sujeito h u m a n o . O primeiro só s a b e repetir,
gem do dia-a-dia, útil na prática"...
reproduzir e recriar o f u n c i o n a m e n t o social tal c o m o ele é. E n q u a n t o o
A leitura dos autores e a devida reflexão nos possibilita ver a
"sujeito h u m a n o " é a q u e l e q u e p r o c u r a "sair t a n t o d a c l a u s u r a p s í q u i c a ,
b e m c o m o d a t r a n q u i l i d a d e narcísica, p a r a se abrir a o m u n d o e p a r a realidade com o uso do código elaborado que "procura dizer algo
t e n t a r t r a n s f o r m á - l o " . Diz respeito a c a d a u m q u e do porquê e do sentido das coisas" (FQUREZ, 1995, p. 19).
que se faça necessário como esclarecimento do texto. Procede-se Exemplo: No rodapé da página:
da seguinte forma:
^ FARIA, José Eduardo (Org.). D i r e i t o s h u m a n o s , d i r e i t o s s o c i a i s e j u s t i ç a .
• Coloca-se um n ú m e r o de c h a m a d a após os sinais de S ã o Paulo: M a l h e i r o s , 1 9 9 4 .
1) A primeira citação de uma obra, em nota de rodapé, deve ter ' ' T O M A S E L L I ; P O R T E R , 1992, P. 3 3 - 4 6 .
sua referência completa. 5 T O M A S E L L I ; P O R T E R , loc. cit
46 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia
f) Confira, confronte-Cf.; - -
Exemplo:
3 Cf. C A L D E I R A , 1 9 9 2 .
^ F O U C A U L T , 1 9 9 4 , p. 17 etseq.;
Capítulo 3
Exemplos: No texto:
Estudar é um processo permanente, do dia-a-dia, assim
Segundo Silva (1983 apud ABREU, 1999, p. 3) diz
como aprender acontece a todo o instante.
ser [...]
Estudar com pesquisa é uma maneira inteligente de aprender.
"[...] o viés organicista da burocracia estatal e o
As mudanças constantes da sociedade nos propõem a
antiliberalismo da c u l t u r a política de 1937,
busca permanente de conhecimento.
preservado de modo encapuçado na Carta de
Se precisa discutir um assunto ou escrever sobre um tema e
1946." (VIANNA, 1986, p. 172 a p u d SEGATTC,
não sabe como fazé-io, então você está com um problema de co-
1995, p. 214-215).
nhecimento. A solução para esse problema pode ser encontrada
No modelo serial de Gough (1972 apud NARDI,
na pesquisa como metodologia de estudo e de aprendizagem.
1993), o ato de ler envolve um processamento serial
O saber não cai do céu, somos nós quem o elaboramos e o
que começa com uma fixação ocular sobre o texto,
recriamos. A sua construção é possibilitada através da pesquisa.
prosseguindo da esquerda para a direita de forma
Esta, por sua vez, é realizada com uma metodologia própria.
linear.
No rodapé da página:
3-1 - S I G N I F I C A D O D A P E S Q U I S A N A F O R M A Ç Ã O D O
^ E V A N S , 1987 a p u d S A G E , 1 9 9 2 , p. 2 - 3 . ^
ALUNO
poço para obter água, ou quando cortar uma árvore para m e - j: não admitir d ú v i d a : a aceitação é a única atitude possível a o
lhor aproveitar s u a m a d e i r a , e se a colheita d e v e ser feita sujeito. O c o r r e n d o a dúvida, deixa d e ser c o n h e c i m e n t o religio-
n e s t a o u n a q u e l a lua. M a s , s e n d o fruto d a e x p e r i ê n c i a cir- so. O dia e m q u e eu duvidar q u e folha de arruda c o l o c a d a atrás
c u n s t a n c i a l , e s t e c o n h e c i m e n t o n ã o vai a l é m d o fato e m si, d a orelha d á sorte, deixo d e crer no poder d e s s e vegetal. C o m
do f e n ó m e n o isolado: é um conhecimento ametódico e a d ú v i d a , o c o n h e c i m e n t o religioso c e s s a . (p. 19)
assistemático.
E m b o r a d e nível inferior a o científico, o c o n h e c i m e n t o p o p u l a r 3.2.3 - C o n h e c i m e n t o f i l o s ó f i c o
o u empírico n ã o deve ser m e n o s p r e z a d o , pois constitui a b a s e
d o s a b e r e j á existia muito a n t e s d o h o m e m i m a g i n a r a p o s s i -
Busca uma resposta sobre a realidade refletida pelo sujeito
bilidade d a c i ê n c i a , (p. 19)
que especula sobre ele. Na Filosofia os conceitos são formados a
O conhecimento vulgar surge com a humanidade no seu partir da reflexão sobre a realidade.
processo de organização social e serviu de berço para o surgimento A Filosofia analisa tudo, procura uma visão de conjunto de
dos demais conhecimentos. toda a realidade, tem como objetivo descobrir o porquê de tudo.
Relacionada ao cotidiano,
3,2.2 - C o n h e c i m e n t o religioso
a filosofia é u m a constante interrogação que o h o m e m faz a
si m e s m o e a t o d a a r e a l i d a d e : n ã o é a l g o feito, a c a b a d o . A
É conhecido também como conhecimento teológico, que é a
filosofia interroga, principalmente, fatos e problemas q u e
crença em uma divindade, em uma força superior. Funda-se na c e r c a m o h o m e m concreto, inserido e m seu contexto histó-
crença de uma manifestação divina. Sua existência está na Fé, rico. E s t e c o n t e x t o m u d a a t r a v é s d o s t e m p o s , o q u e e x p l i -
que não admite questionamento nem dúvidas. ca o deslocamento dos temas da reflexão filosófica. Hoje,
Atende às dúvidas humanas por apresentar respostas a os filósofos, além das interrogações tradicionais, formulam
questóes que o homem não consegue responder com o conheci- novas questóes: O h o m e m será d o m i n a d o pela técnica? As
c o n q u i s t a s e s p a c i a i s c o m p r o v a m o p o d e r ilimitado d o h o -
mento vulgar, filosófico ou científico.
m e m ? O progresso técnico é um benefício para a humani-
Nesse sentido indica que a verdade surge da reveiação. E
d a d e ? Q u a i s são os a s p e c t o s éticos da globalização?
esta faz parte do campo de estudo da Teologia. ( R A M P A Z Z O , 1 9 9 9 , p. 2 3 - 2 4 )
Conhecimento religioso é também entendido como teológico,
que é uma reflexão racional e sistemática, mas que parte dos dados
3.2.4 - C o n h e c i m e n t o científico
da Fé e por isso a pressupóe.
Viegas (1999) esclarece que o conhecimento religioso, por
O conhecimento científico é construído por investigação me-
não se basear na razão nem buscar fundamentação nos sentidos,
tódica e sistemática da realidade.
O objeto de estudo da ciência é o universo material, físico,
... é s o b r e t u d o u m c o n h e c i m e n t o inspiracional: algo q u e brota
n a m e n t e , c o m o s e s o p r a d o fosse pela divindade que gover- naturalmente perceptível pelos órgãos dos sentidos ou mediante
na o objeto d a c r e n ç a e, portanto, não verificável. Por ser d a ajuda de instrumentos de investigação.
o r d e m d a inspiração, s e m possibilidade d e verificação, o co- O propósito do conhecimento científico é conhecer a essência
n h e c i m e n t o religioso torna-se u m a a p r e e n s ã o sistemática d a das coisas e dos fenómenos físicos e sociais. Não se prende às
realidade no sentido d e admitir o princípio d a contradição e aparências dos fatos e desvela a realidade apoiado pela razão.
52 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 53
compreensão mais clara sobre o presente e melhor previsão do experiências próximos ao presente através de cuidadosa análise
futuro. das fontes de informação. Descreve condiçóes e práticas existen-
É uma investigação crítica de eventos, desenvolvimentos e tes, detecta tendências, desenvolvimento, fraquezas, desvios, ati-
experiências do passado, análise cuidadosa da validade das fon- tudes, interesses, valores e estados psicológicos. ^
tes de informação sobre o passado e interpretação da evidência à
luz de pressupostos teóricos. 3.6.6 PESQUISA METQDQLÓGICA
Os fatos com que lida são eventos únicos e não podem ser
repetidos em condições de laboratório. A comparação dos fatos É uma investigação crítica e teórica de métodos, visando a
se dá por meio de comparações e constructos hipotéticos. Analo- adequação teórica e empírica de novos modelos metodológicos.
gias históricas nos apresentam aproximações possíveis (e não Trata-se de investigação controlada de aspectos teóricos e apli-
prováveis) dos comportamentos, antecipações (e não predições) cados de medidas, modelos matemáticos e estatísticos.
permitem a tomada de precauções (e não de controle).
3.6.7 PESQUISA-AÇÃQ
3.6.3 PESQUISA DESCRITIVA
É um diagnóstico que visa a resolução de problemas.
É a investigação que procura determinar natureza e grau Observa-se uma atitude dinâmica, onde a solução de um problema
de condiçóes existentes. T e m como único propósito descrever leva à resolução dos problemas subsequentes, que se criam pela
as condiçóes existentes, não estabelecendo relaçóes ou fazen- resolução do primeiro.
do predições.
A p e s q u i s a - a ç ã o s e p r o p õ e a u m a a ç ã o deliberada v i s a n d o
3.6.4 SURVEY u m a m u d a n ç a no m u n d o real, c o m p r o m e t i d a c o m u m c a m p o
restrito, e n g l o b a d o e m u m projeto mais geral e s u b m e t e n d o -
se a u m a disciplina p a r a alcançar o s efeitos d o c o n h e c i m e n t o .
É um estudo extensivo, visando descrever as característi-
A t e n d ê n c i a d a s p e s q u i s a s a t i v a s p r o c u r a ultrapassar a p e s -
cas da população por meio de uma amostra selecionada segun- quisa-ação para assumir u m a intervenção psicossociológica
do métodos aleatórios. É um trabalho nomotótico, envolvendo n o nível d a t e r a p i a d e g r u p o o u n o nível d a m u d a n ç a o r g a n i -
grande número de pessoas. Utiliza geralmente como técnica o zacional de empresas ou departamentos. (CHIZZOTTI, 2000,
questionário, a entrevista, o formulário e escalas. Sofre todas as p. 100)
dificuldades decorrentes desses instrumentos. A amostragem
torna-se ponto crucial para o estudo, bem como a conceituaçâo 3.6.8 HISTÓRIA DEVIDA
das variáveis e a validade dos instrumentos.
Colhe informações da vida pessoal de um ou vários infor-
3.6.5 PESQUISA DQCUMENTAL mantes. Assume a forma biográfica tradicional ou autobiográfica
como relato de vida registrando as percepções pessoais, os acon-
Assemelha-se à bibliográfica e se aproxima da pesquisa his- tecimentos íntimos que marcaram a trajetória pessoal ou os acon-
tórica. É uma investigação crítica de eventos, desenvolvimentos e tecimentos vividos na sua trajetória de vida.
70 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 71
3.7.1 - Observação
EXEMPLQ DE QUESTIQNÁRIQ DE PESQUISA
A observação é o instrumento que serve a todos os tipos de
pesquisa, pois trata de uma ação inicial do pesquisador para OBJETIVOS:
encontrar seu tema e construir seu objeto de estudo. Portanto, toda • Identificar qual o c o n c e i t o d e P l a n e j a m e n t o Estratégico utilizado
prática de pesquisa começa com a observação da realidade social pelos integrantes d o c o r p o diretivo d o Instituto Francis d e E n s i n o
ou natural. Superior de São Bernardo do C a m p o .
• Verificar s e e x i s t e m c o n v e r g ê n c i a s n o e n t e n d i m e n t o d e P l a n e j a -
3.7.2 - Questionário mento Estratégico entre os profissionais que integram o corpo
diretivo d o Instituto Francis d e E n s i n o S u p e r i o r d e S ã o B e r n a r d o
do Campo.
O questionário consiste em uma série de questóes escritas
para serem respondidas pela população ou amostra da pesquisa, QUESTÕES:
em impresso próprio, via correio, meios eletrônicos ou pessoal-
• Há q u a n t o t e m p o trabalha no Instituto Francis d e Ensino Superior
mente.
de São Bernardo do C a m p o ?
72 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 73
A entrevista consiste de uma série de questões feitas oral- S e a s u a r e s p o s t a for positiva, e x p l i q u e - a utilizando s u a s próprias
mente ao pesquisado e podem ser: abertas, semi-estruturadas ou palavras.
fechadas.
• Abertas, quando possibilitam respostas livres a respeito • Você já trabalhou c o m Planejamento Estratégico?
do tema definido. S e a s u a r e s p o s t a for positiva, registre:
1-) e m q u a l o r g a n i z a ç ã o
• Semi-estruturadas, quando as perguntas são feitas a partir
2F) d e q u a i s a ç õ e s e s t r a t é g i c a s v o c ê participou?
de um roteiro flexível preparado pelo entrevistador, possi-
bilitando as ampliações e enriquecimentos que se fize- • Atualmente você trabalha c o m Planejamento Estratégico?
rem necessários. Sim( ) Não( )
• F e c h a d a s , quando seguem um roteiro definido previa-
mente e não permitem aberturas para outras considera- S e a s u a r e s p o s t a for positiva, registre:
1 ^ e m qual organização
ções pelos entrevistados.
2F) d e q u a i s a ç õ e s e s t r a t é g i c a s v o c ê e s t á p a r t i c i p a n d o :
E X E M P L O DE ROTEIRO DE ENTREVISTA F E C H A D A
• Você já t r a b a l h o u c o m Planejamento E s t r a t é g i c o ?
Sim( ) Não( )
METODOLOGIA PARA
ELABORAÇÃO DA MONOGRAFIA
4.1 - S I G N I F I C A D O METODOLÓGICO
professor lhe passa. Por tradição e por comodismo, tanto ensino construir seu conhecimento sem depender do professor. Este, na
como aprendizagem repetem-se numa enfadonha sinfonia de dar e verdade, fará o papel de orientador mostrando àquele os caminhos
receber conhecimento. Procurar, descobrira aprender conhecimento do saber. É também uma possibilidade para o aluno aprender a
faz parte de uma nova perspectiva em educação, que está estrei- organizar o conhecimento, juntando, sistematizando, questionando
tamente vinculada à pesquisa como possibilidade de ensino e e reconstruindo o saber fragmentado que lhe foi ensinado.
aprendizagem. A elaboração da monografia pressupõe, portanto, uma pes-
Nessa proposta, há uma relação do sujeito com os conteú- quisa para construção do conhecimento.
dos e não o contrário. O sujeito vai buscando os conhecimentos Como diz Demo (1993):
que lhe interessam sem submeter-se aos conteúdos, pois se trata
N ã o se p r o d u z c i ê n c i a , c o m o a e n t e n d e m o s a c a d e m i c a m e n -
de um procedimento de reflexão e de construção do pensamento
t e , m a s p r o d u z - s e saber, e n t e n d i d o c o m o c o n s c i ê n c i a críti-
e não de memorização. Trata-se de uma autoconstrução de co-
c a . Pelo m e n o s reconstrói-se o c o n h e c i m e n t o , e v i d e n c i a d o
nhecimento na qual o sujeito é o agente dinâmico e vai escolhendo nisto a u t o n o m i a c r e s c e n t e . O c e n t r o d a p e s q u i s a é a arte d e
0 8 conteúdos que mais servem para elaboração do tema. Com q u e s t i o n a r d e m o d o crítico e criativo, p a r a , a s s i m , m e l h o r
essa prática, o estudante supera a memorização e passa a exer- intervir n a realidade. Por isso, é princípio e d u c a t i v o t a m b é m .
citar a reflexão sobre os conhecimentos adquiridos. C o m o tal constitui-se n a m o l a m e s t r a d e a p r e n d e r a a p r e n -
Como diz Fourez (1995): der. E m v e z d e decorar, s a b e r pensar. N ã o s e restringe à
acumulação mecânica de pedaços de conhecimentos, que
p e r m i t e m transitar r e s p e c t i v a m e n t e no c o t i d i a n o , m a s g e r a a
E m n o s s a cultura c o n s i d e r a m o s e s p o n t a n e a m e n t e q u e o o b -
a m b i ê n c i a d i n â m i c a d o sujeito c a p a z d e participar e p r o d u -
s e r v a d o r "gira" e m t o r n o d o objeto, s e n d o este c o n s i d e r a d o
zir, d e v e r o t o d o e d e d u z i r l o g i c a m e n t e , d e planejar e inter-
c o m o o q u e p r o d u z a o b s e r v a ç ã o , a o p a s s o q u e o sujeito
vir, (p. 99)
o b s e r v a n t e a p a r e c e c o m o e s s e n c i a l m e n t e receptivo. A r e v o -
lução c o p e r n i c a n a c o n s i s t e e m d e s l o c a r o a c e n t o e dizer q u e
a observação será antes de mais nada u m a construção do A monografia é, portanto, a apresentação escrita de uma pes-
sujeito (p. 5 9 ) . quisa.
Nessa ótica a pesquisa torna-se a base sobre a qual assen-
Nesse sentido de revolução copernicana colocamos que a ta-se a construção do conhecimento. A consistência do saber
importância da monografia é a de contribuir para que o estudante bem como a consciência crítica encontrará aí o terreno fértil para o
deixe de ser um observador passivo, que gira em torno dos con- seu desenvolvimento.
teúdos, como ser essencialmente receptivo, incapaz de criar, para A relação monografia/pesquisa pressupõe também uma re-
tornar-se sujeito do seu caminho de conhecimento com autonomia lação de parceria entre professor e aluno, pois este precisa da
e segurança, capaz de dizer que rumo tomar no processo de orientação daquele para dar os primeiros passos na busca da au-
aprendizagem. tonomia do saber. O professor neste caso desempenhará o papel
A monografia torna-se assim, também, uma proposta de me- de orientador.
todologia de ensino, tendo em vista que, na aula, o professor apre- A metodologia diz respeito aos caminhos que devemos tri-
senta sua exposição sobre o assunto, ou o tema, e cabe ao estu- lhar para construir o conhecimento e fazer ciência. E assim apre-
dante ir mais além buscando outros dados e novos argumentos para senta, por um lado, os procedimentos instrumentais, os passos
82 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 83
para se chegar à captação da realidade. De outro lado, trata da rando as idéias dos autores e criando oportunidades para que a
interpretação da realidade a partir da teoria do conhecimento e da mente vá construindo suas idéias.
busca de novos dados oferecidos pela realidade em movimento. A bibliografia poderá ser indicada pelo professor, mas ao
avançar na leitura, o estudante vai criando autonomia de busca de
4-2 - F O R M A E C O N T E Ú D O novas fontes de conhecimento e assim construirá, por si mesmo,
um processo de formação com autonomia de aprendizagem.
Nesse sentido consideramos que a monografia, como todos
os trabalhos académicos, possui forma e conteúdo. A forma é dada 3- Passo: À medida que a leitura caminha, é importante fazer resu-
pela estrutura organizada pelo pensamento lógico na qual todas as mos, fichamentos e sínteses pessoais dos textos para que as idéi-
partes são dispostas de maneira a formar um todo coerente e coe- as dos autores sejam aprendidas e sirvam de ponto de partida
so. O rigor académico da forma é dado pelas regras de normaliza- para suas próprias idéias. Recomenda-se que sejam guardadas
ção proposta pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técni- todas as anotações, pois sempre haverá o momento certo de se-
cas). O c o n t e ú d o é a essência da forma, é o resultado da pesqui- rem utilizadas.
sa, da reflexão e da articulação dos conhecimentos. A monografia
4^ Passo: Feita a leitura e as anotações, o estudante elabora o pro-
não é só forma e nem só conteúdo, mas a conjugação recíproca de
jeto da monografia, que é fundamental para a sua construção.
ambos. Cada parte da forma tem um significado de conteúdo e cada
conteúdo precisa ser apresentado por uma forma específica.
4.4 - PROJETO DA MONOGRAFIA
4.3 - P E R C U R S O M E T O D O L Ó G I C O
Contém as seguintes partes:
1 - Título da monografia;
A elaboração da monografia segue um percurso metodoló- 2 - Justificativa do tema estudado;
gico que são os procedimentos iniciais do processo.
3 - Revisão da literatura ou o "estado da questão";
4 - Objetivos da monografia;
1- P a s s o : Para elaborar uma monografia é preciso ter um tema
5 - Procedimentos metodológicos e técnicos;
interessante para estudar, um problema a ser compreendido. 6 - Cronograma;
O tema/problema é retirado da realidade natural ou social. É
7 - Bibliografia preliminar.
sempre um fato de nosso ambiente familiar, profissional, escolar
A seguir, veremos o significado de cada parte.
ou da nossa relação com a natureza. É na verdade uma preocupa-
ção que temos e para resolvê-la precisamos buscar respostas
4.4.1 - T í t u l o da m o n o g r a f i a
mais fundamentadas, além daquelas que o senso comum oferece
de imediato. Deve ser claro, objetivo e direto. Deve expressar o mais fiel-
mente possível o conteúdo temático do trabalho.
2- Passo: Proposto o tema, o estudante deve fazer o levantamento
A escolha do tema deve atender algumas orientações, tais
da bibliografia básica e complementar e, a seguir, deverá ler os
como:
livros, ou os capítulos dos livros, ou artigos que mais despertam
sua curiosidade, a partir dos títulos. Com essa leitura, irá incorpo-
84 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia Derly Barbosa 85
• Estar de acordo com a área de interesse de estudo e rela- É a questão principal do estudo. Refere-se ao problema
cionado à realidade vivida pelo estudante no seu trabalho, estudado.
na família, na escola etc.
• Ser d e v i d a m e n t e delimitado, pois quanto mais se reduz • Objetivos Específicos
o tema, mais segurança tem em pesquisá-lo. São as reais delimitações do tema.
• Possuir bibliografia a respeito, ser acessível e de fácil ma- Representam um detalhamento do problema.
nuseio. São eles que nortearão a pesquisa.
• Estar devidamente problematizado, o que significa sub-
meter o tema às perguntas (Quem? O quê? Quando? 4.4.5 - Procedimentos m e t o d o l ó g i c o s
Como? Por quê? Onde?) para verificar todos os ângulos
da questão e assim perceber todas as implicações que É a maneira c o m o será elaborada a pesquisa.
poderá propiciar. Para isso é preciso dizer o tipo de pesquisa e os instrumen-
tos que serão utilizados para coleta dos dados.
4.4.2 - Justificativa d o e s t u d o d o tema • Indicar as fontes empíricas, documentais e bibliográficas;
• Indicar o público-alvo.
Dizer por q u e estudar este tema, considerando: • Dizer como se vai proceder para fazer a coleta dos dados.
• Atualidadedotema.
• A relevância do estudo para compreensão do problema 4.4.6 - C r o n o g r a m a de desenvolvimento
que o tema propõe.
• De onde partiu o interesse pelo estudo do tema. É a distribuição das atividades de pesquisa, da coleta de
• A importância do estudo do tema para a área de conheci- dados e da elaboração da monografia no tempo disponível para
mento em referência. realização do trabalho.
O cronograma deve conter todas as atividades a serem
4.4.3 - Revisão da literatura o u o " E s t a d o da Q u e s t ã o " desenvolvidas desde a proposta e delimitação do tema até a en-
trega da monografia.
Nesse item é preciso fazer uma leitura e análise de todas as
obras que já trataram da temática. Assim saberemos o que outros 4.4.7 - Bibliografia preliminar
autores já disseram sobre o tema e por isso evitaremos repeti-los. O
"Estado da Questão" é saber o que já existe produzido sobre o tema. A bibliografia corresponde ao conjunto das fontes escritas
que serão utilizadas para a pesquisa.
4.4.4 - Objetivos da pesquisa Indica-se uma bibliografia para início do estudo ou prelimi-
nar. No decorrer da pesquisa outras fontes serão consultadas e
Indicam o q u e será estudado e são de dois tipos: deverão constar da bibliografia final.
• Objetivo Gerai
Capítulo 5
ELABORANDO AS
PARTES BÁSICAS DA MONOGRAFIA
1. Sumário;
2. Introdução;
3. Desenvolvimento (capítulos);
4. Conclusão;
5. Referências.
5,1 - SUMÁRIO
Obs: não se deve confundir sumário com índice e com lista. Por esse motivo dizemos que a introdução é provisória, pois
• Í N D I C E é uma enumeração detalhada dos assuntos, no- estará em constante reelaboração até estar coerente com os capí-
mes das pessoas, nomes geográficos, acontecimentos tulos e dizer claramente o que a monografia pretende esclarecer.
e t c , com a indicação de sua localização no texto. O índice É na introdução que o autor chama a atenção do leitor para o
aparece no final da obra. seu trabalho, despertando-lhe o interesse para a leitura do mes-
• L I S T A é uma enumeração de elementos seleclonados do mo. Por isso precisa ser um texto claro e objetivo.
texto, tais como datas, ilustrações, exemplos, tabelas e t c ,
na ordem de sua ocorrência. 5-3 - D E S E N V O L V I M E N T O D O T E M A
Descrever é dizer a respeito das coisas tais como são. A rística específica do tema. O fio condutor que caracteriza este ca-
descrição do fato percebido é feita utilizando nosso código restri- pítulo é o sentido explicativo que cada autor propõe para compre-
to, mas devemos fazê-lo de forma que se tenha uma imagem clara ensão do tema, através de conceitos, princípios e teorias que cons-
do problema a partir do texto escrito. O código restrito, segundo tituem o conhecimento científico. Os autores oferecem possibilida-
Fourez (1995, p. 18), "é a linguagem do dia-a-dia, útil na prática e des críticas de percebermos a realidade, diferente daquela que
que não leva adiante todas as distinções que se poderia fazer descrevemos com conhecimento de senso comum.
para aprofundar meu pensamento... Fala do como das coisas, do Poderão ser citados frases e parágrafos indicados para
mundo e das pessoas..." reforçar as idéias de cada um. Ao utilizar este recurso, devemos
Pelo código restrito não se faz reflexão para compreender o estar atentos para a forma técnica estabelecida.
mundo, a realidade que nos cerca, por isso descrevemos o fato No capítulo 2 é absolutamente necessário fazer citação de
como o vemos. "Sem preocupação c o m a ordem histórica" autores para caracterizar a teoria existente a respeito do fato. Nesse
(BACHELARD, 1996, p. 10), pois é assumindo "o estado concreto, caso, segue-se os modelos de citações indicados anteriormente.
que o espírito se entretém c o m as primeiras i m a g e n s do Utilizam-se também citações nos demais capítulos desde que seja
fenómeno..." {Idem, p. 11). necessário lançar mão de outros autores.
O capítulo 1 é o ponto de partida para os Capítulos 2, 3, 4.
Nestes vamos nos apropriar do conhecimento científico para sair- 5.3.3 - E l a b o r a n d o o capítulo 3 - p e s q u i s a bibliográfica, de
mos do conhecimento de s e n s o c o m u m , da observação vulgar. c a m p o o u de laboratório
Ou seja, na construção do conhecimento, o ponto de partida é o
cotidiano, o senso comum, e o avanço está na busca do conheci- A atualização da compreensão do problema exige um estudo
mento científico para mudarmos nossa maneira de compreender o mais profundo do tema, para isso realiza-se uma pesquisa que
mundo. apresentará novos dados sobre a temática em estudo.
Esse capítulo, portanto, fica reservado para a apresentação
da pesquisa e análise dos dados coletados na investigação.
5-3.2 - Elaborando o capítulo 2: o estado da questão
Neste capítulo é feito o entendimento do tema a partir da ex- 5.3.4 - Elaborando o capítulo 4: posicionamento e m relação ao
plicação dos autores. Para isso será preciso realizar uma pesqui- tema
sa bibliográfica para apropriação do saber elaborado a respeito
O capítulo 4 refere-se aos anteriores. Seu conteúdo terá o
do tema. Nesse processo, será possível criar itens e subitens ao
sentido de uma síntese crítica sobre o tema. Partindo das afirma-
capítulo, para melhor compreender o tema. É importante lembrar
ções expostas nos capítulos anteriores, será proposta uma nova
que cada item e subitem não pode ser apenas mais um ajunta- compreensão da problemática que era vista através do senso co-
mento de dados sobre o tema, mas é preciso que todos estejam mum e que começou a mudar com a pesquisa realizada.
concatenados numa relação lógica e dialética, garantindo a orga- A síntese é a demonstração do surgimento do novo sujeito co-
nicidade entre as idéias que explicam o tema. nhecedor.
O capítulo 2 tem conteúdo próprio, mas é complementar aos A leitura inicial do mundo é ingénua. Com a busca do conhe-
demais. No exemplo dado, cada capítulo apresenta uma caracte- cimento e com a construção do pensamento, adquirimos a possi-
bilidade de ter uma visão crítica do mundo. Nesse sentido, realiza-
Derly Barbosa 93
92 Manual de Pesquisa, Metodologia de Estudo e Elaboração de Monografia
5.5 - REFERÊNCIAS
Autor(es)'^' Autor(es)
S Ã O PAULO - 2006*3'
5 . 6 . 1 4 - Início d o s itens e s u b i t e n s
5 . 6 . 1 5 - N u m e r a ç ã o d a s páginas
. NBR 10520 - Apresentação de citações em do- RAMPAZZO, Lino. Metodologia científica: para alunos de gradu-
cumentos. Rio de Janeiro, agosto, 2002. ação e pós-graduação. Lorena (SP): Editora Sciliano; São Paulo:
UNISAL,1999.
. NBR 14724 - Apresentação de trabalhos aca-
démicos. Agosto de 2002. RESUMOS. Folha d e S, Paulo, caderno Mais, 19/05/96.
BARBOSA, Derly. A construção da cultura Interdisciplinar de apren- SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia d o trabalho científi-
dizagem numa abordagem psicopedagógica. Revista UNIFIEO, co. 20^ ed., São Paulo, Cortez, 1996.
ano 3, janeiro-junho de 2001.
SKIDMORE, THOMAS E. Preto no branco. Rio de Janeiro: Paz e
BACHELARD, Gaston. A f o r m a ç ã o d o espírito científico: contri- Terra, 1976.
buição para uma psicanálise do conhecimento. Trad. Estela dos
VIANA, Itca de Oliveira de A. Metodologia d o trabalho científico.
Santos Abreu. Rio de Janeiro: Contraponto, 1996.
São Paulo, EPU, 2001.
BARROS, Aidil Jesus da Silveira e LEHFELD, Neide Aparecida de
VIEGAS, Waidyr. F u n d a m e n t o s d e m e t o d o l o g i a científica.
Souza. Fundamentos de Metodologia. 2- ed. ampliada. São Pau-
Brasília: Paralelo 15, Editora Universidade de Brasília, 1999.
lo: Makron Books, 2000.
V.R. República das Crianças. Revista Educação, São Paulo, maio
BERNHOEFT, Rosa etal. Amplie seu Repertório. Revista Você 8/
de 1998. - ;
A. Jui/2004, p. 63. \
CHiZZOTTi, Antonio. Pesquisa e m Ciências H u m a n a s e S o c i -
ais. São Paulo: Cortez, 2000.