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Arte Xávega em Portugal

A arte de xávega é uma antiga técnica de pesca em Portugal, especialmente nas regiões costeiras como a Costa da
Caparica, a Nazaré e a Praia de Mira. Esta é uma arte que existe há centenas de anos e que, apesar de, ao longo do
tempo, ter sofrido pequenas alterações, mantém o seu princípio de funcionamento. A arte xávega continua a garantir
o sustento de muitas famílias. É realizada por 8 companhas (grupos de pescadores afetos a uma embarcação) que
presentemente podem integrar, cada uma, cerca de duas dezenas de pessoas, organizadas em dois grupos: tripulação
de mar e de terra.
A sua origem remonta às civilizações Pré-Clássica e Clássica do Mar Mediterrâneo, que utilizavam barcos pequenos
e redes de alagem manual.
Atualmente a arte-xávega é praticada em dezassete freguesias de doze concelhos de Portugal, localizadas na sua
maioria na Região Centro
A palavra xávega provém do étimo árabe xábaka, que significa rede.
Importância cultural e econômica da pesca tradicional
A pesca tradicional desempenha um papel crucial tanto na dimensão cultural quanto na econômica em diversas
comunidades ao redor do mundo.
Importância Cultural:
Herança Cultural:
A pesca tradicional muitas vezes é transmitida de geração em geração, fazendo parte da identidade cultural de uma
comunidade. As técnicas, histórias e tradições associadas à pesca são elementos-chave na preservação da herança
cultural.
Cerimônias e Festivais:
Muitas comunidades têm cerimônias e festivais dedicados à pesca. Esses eventos celebram a relação entre as
pessoas e o mar, reforçando os laços culturais e promovendo um senso de comunidade.
Artes e Artesanato:
A pesca tradicional frequentemente inspira formas de expressão artística, incluindo pinturas, esculturas, músicas e
danças. Os elementos visuais e sonoros associados à pesca contribuem para a riqueza do patrimônio cultural.
Conhecimento Local:
Os pescadores tradicionais frequentemente possuem um conhecimento profundo do ambiente marinho, transmitido
oralmente. Esse conhecimento é valioso não apenas para a pesca, mas também para a compreensão e preservação
dos ecossistemas costeiros.

Importância Econômica:
Emprego e Sustento:
A pesca tradicional é uma fonte significativa de emprego para comunidades costeiras. Muitas famílias dependem da
pesca para seu sustento, criando uma base econômica fundamental em áreas onde outras oportunidades podem ser
limitadas.
Comércio Local:
A produção pesqueira frequentemente alimenta o comércio local, com os pescadores vendendo seus produtos
diretamente para as comunidades. Isso contribui para a economia local, sustentando mercados e pequenos negócios.
Turismo Cultural:
A pesca tradicional pode atrair turistas interessados na autenticidade cultural e nas práticas tradicionais. Isso cria
oportunidades econômicas adicionais, como o desenvolvimento de atividades turísticas relacionadas à pesca.

Equipamento e ferramentas utilizadas pelos pescadores


O processo engloba várias indústrias e conhecimentos, como a montagem, armação, reparação e utilização da arte,
as correntes e os ventos oceânicos, o clima, a geografia submarina da faixa costeira, e as várias espécies de peixes.
O seu equipamento é composto por um longo cabo com flutuadores, tendo na sua metade de comprimento um saco
de rede em forma cónica (xalavar). Antigamente a recolha era feita com a ajuda de juntas de bois e força braçal,
atualmente por tração mecânica, dois tratores.
Processo de pesca da arte xávega
O xalavar é colocado no mar, longe da costa por uma embarcação, que vai desenrolando a metade do cabo, ficando
uma das pontas do mesmo amarrada a um dos dois tratores intervenientes. Os pescadores efetuam o cerco aos
cardumes de peixe em alto mar e retornam à praia desenrolando a outra metade do cabo para a sua extremidade ser
enrolada ao segundo trator. A xávega termina com a chegada a terra e abertura do xalavar que contém a pescaria.
A Xávega é definida pelas artes que a caracterizam (redes, barcos, etc.) e não pelo método de tração utilizado na
alagem, que inicialmente era feita por juntas de bois, passando depois a ser feita por força braçal com o auxílio de
aladores e tratores
1.1. Costa da Caparica
As primeiras campanhas de Arte xávega oriundas da Beira Litoral e do algarve, começaram a fixar-se na Costa da
Caparica há cerca de 250 anos atras, dando origem ao povoamento do lugar que eram então desabitados e inóspitos
e de difícil acesso por terra
Os barcos utilizados na pesca com arte xávega na Costa da Caparica são muitas vezes embarcações tradicionais
adaptadas para esse tipo específico de pesca. Essas embarcações são frequentemente coloridas e podem ter
características distintas
Em 2017, a Arte Xávega da Costa da Caparica foi inscrita no Inventário Nacional de Património Cultural Imaterial.
1.2. Sesimbra – Praia do Meco
A arte xávega é conhecida como chincha em Sesimbra
Esta pesca tradicional decorre a partir de maio e até 31 de outubro, na Praia da Califórnia, às segundas, quintas e
sábados, e na Praia do Ouro, às quintas, sextas e sábados, das 6 às 9 e das 19 às 21 horas, sempre que as condições
logísticas o permitam, num contexto turístico-cultural, ao abrigo de um protocolo entre a Câmara Municipal de
Sesimbra, e os proprietários das três embarcações autorizadas pelo Instituto de Conservação da Natureza e das
Florestas – Parque Natural da Arrábida.

1.3. Vagos e Torreira (Murtosa) - Aveiro


A Região de Aveiro é reconhecida pela tradição da Arte Xávega, uma prática determinante para a afirmação e
valorização do património identitário da Região de Aveiro. Uma herança deixada pelos antepassados da região à
comunidade piscatória, gentes da terra, que tem contribuído para que esta arte não se extinga e que continue a fazer
parte do património vivo da Região de Aveiro.
A origem da Arte Xávega, na região lagunar de Aveiro, remonta para meados do século XVIII quando da criação,
em 1751, da primeira companha de pesca.
Ao longo das praias do, vagueira e Torreira, nos concelhos de Vagos e Murtosa, os pescadores desta arte continuam
a manter viva esta tradição tão antiga e característica da região de Aveiro, defrontando a rebentação das ondas em
barcos, construídos em madeira, tornando-se num atrativo turístico para a região
1.4. Vieira de Leiria
A Arte-Xávega, ancestral engenho piscatório, representa ainda hoje um elemento marcante na freguesia de Vieira de
Leiria
Com maior intensidade no verão, assiste-se no areal à azáfama da recolha das redes, aos gritos dos pescadores de
rostos tostados pelo sol, aos populares ajudando na recolha do peixe e à alegria de todos, quando a faina é profícua,
por entre reflexos prateados de quintais de sardinha, carapau e outro pescado.
1.5. Praia da Tocha

Hoje, além de algumas inovações introduzidas na atividade piscatória, já não é o tocar do búzio que desperta os
pescadores para a faina, mas o essencial da arte xávega permanece de tal modo viva que constitui um dos elementos
de maior atração turística da Praia da Tocha.
Os anos 60, década do grande boom de um produto chamado "Sol e Praia", transformou uma simples aldeia de
pescadores num agradável destino de férias, a que não falta, durante a época balnear, um vasto programa cultural e
desportivo que também contribui para que os veraneantes se sintam motivados a voltar.
As medidas adotadas para preservar a arquitetura xávega estão bem patentes na recuperação dos palheiros dos
pescadores, agora transformadas em casas de férias, ou na adaptação dos materiais característicos locais a formas de
construção mais atuais.

Museus e centros de interpretação relacionados à arte xávega


Centro de Interpretação de Arte Xávega (CIAX) – catanhede, COIMBRA - A Arte-Xávega representa uma
manifestação de património cultural imaterial praticada há largas dezenas de anos na Praia da Tocha,
reconhecidamente identitária do concelho de Cantanhede.
Museu de Espinho – Onde tem uma exposição permanente que contempla a coleção da Arte-Xávega.
Como a arte xávega se tornou uma atração turística
A pesca com arte xávega frequentemente ocorre em praias pitorescas. O espetáculo de barcos coloridos, redes
estendidas e pescadores trabalhando em conjunto cria uma cena visualmente cativante, atraindo turistas em busca de
experiências únicas
Agências de turismo e autoridades locais muitas vezes promovem a pesca com arte xávega como parte de pacotes
turísticos. A divulgação eficaz pode destacar a singularidade dessa tradição e atrair visitantes.
Já existem tours sobre a arte xávega.
Eventos e festivais relacionados à arte xávega
A Arte Xávega é uma tradição que, de ano para ano, se vai perdendo em algumas praias no país, de que é exemplo a
Nazaré onde se fazem recriações destinadas aos turistas
Festival Xalavar cria circuito de arte urbana na Praia da Vieira
São Martinho do Porto - A festa mais importante é a Festa de Santo António, celebrada em junho. Santo António,
padroeiro dos pescadores, é venerado com uma procissão à Capela de Santo António. Não faltam os tradicionais
festejos com fogo de artifício e espetáculos musicais e culturais. Por isso, a faina da pesca e a interligada Arte
Xávega sempre influenciaram a grande maioria das suas danças e cantares. O mar, vizinho amigo e traiçoeiro,
esteve sempre presente em muitas das nossas “modas”.
A Festa de São Martinho, padroeiro desta freguesia, realiza-se em novembro.
Desvantagem da arte xávega
A Arte Xávega é uma pesca legalizada e controlada, contudo um dos problemas com este tipo de pesca é a pouca
selectividade da pesca, quando os pescadores puxam a rede não sabem qual o peixe que lá está, nem o seu tamanho.
Pescam às cegas, o que leva a por vezes serem pescados peixes abaixo do tamanho permitido por lei. Muito do
peixe que não pode ser comercializado é devolvido ao mar.
Temos também de ter em conta que a quantidade de peixe pescado por Arte Xávega é cada vez menor, pois há um
menor número de embarcações e pescadores.
Conclusão
Assim sendo, a melhor altura do ano para ver Arte Xávega é durante a época balnear de Junho a Agosto.

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