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DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA
TESE DE DOUTORADO
NATAL/ RN
2022
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA
TESE DE DOUTORADO
NATAL/ RN
2022
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
DEPARTAMENTO DE FISIOTERAPIA
TESE DE DOUTORADO
Banca Examinadora
2022
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS
Dedico essa Tese de Doutorado para as pessoas mais importantes da minha vida: meu
pai Aníbal, minha mãe Rosário, meu irmão Gabriel e minha esposa Karol. Amo vocês!
RESUMO
Estudo 1
Estudo 2
Estudo 3
EB – Escala de borg
EEG - Eletroencefalograma
MT – Limiar motor
RM – Repetição máxima
11
na porcentagem da carga máxima que o indivíduo consegue levantar em apenas uma
repetição (%1RM)22.
No entanto, o teste para aquisição da carga máxima deve considerar vários
fatores metodológicos que demandam tempo e logística, como a escolha da carga
inicial, tempo de descanso entre as séries, critérios para progressão da carga e sessões de
familiarização23. Além disso, a segurança desse protocolo tem sido questionada devido
ao alto estresse muscular, ósseo e ligamentar gerados23, o que pode ser um risco
desnecessário a articulação. Por esse motivo a realização desse teste não é comum na
reabilitação e não há diretrizes de quando o terapeuta poderia realizar esse teste de
forma segura24. Portanto, é necessário que métodos alternativos mais fáceis e mais
seguros para prescrição da carga sejam testados.
Nesse contexto, a percepção subjetiva de esforço (PSE) se apresenta como uma
maneira simples, fácil e segura de monitorar e prescrever a intensidade dos exercícios
resistidos. É caracterizada como a capacidade que todo indivíduo tem de perceber a
intensidade da atividade25 e apresenta relação positiva com a intensidade da carga
durante exercício resistido em sujeitos saudáveis26,27. Para quantificação da PSE,
diversas escalas foram desenvolvidas e validadas ao longo do tempo, como por exemplo
escala de Borg de 15 pontos (EB 6-20)25, category ratio 10 (CR10)25, 100 pontos
(CR100)25, OMNI28, escala de repetições até a falha29 e escala de repetições em
reserva30.
A PSE é amplamente utilizada na reabilitação de LCA-R e OAJ31,32, entretanto,
sua validade para essa população tem sido pouco estudada, visto que apenas um estudo
encontrado investigou sua validade em uma população com problemas no joelho. Os
resultados apresentaram pobre concordância entre a PSE e porcentagens de 1RM33, o
que pode ter acontecido devido fatores relacionados ao método do estudo, como: a
heterogeneidade da faixa etária da amostra que envolveu jovens e idosos com diferentes
afecções no joelho (LCA-R, osteoartrite, artroscopia e outros) e indivíduos sem
problema no joelho; a não determinação da fase da reabilitação em que indivíduos com
LCA-R se encontravam; o método de estimativa da RM foi realizada por meio de uma
equação baseada nas variáveis “sexo e peso corporal”, o que resultou na subestimação
da medida; ausência de familiarização com a escala e com os exercícios; e o registro da
PSE de todas as porcentagens de 1RM predito foram realizadas no mesmo dia, o que
pode ter gerado fadiga muscular e interferido nos dados.
12
Além disso, os aspectos neurofisiológicos da PSE e os aspectos metodológicos
relacionados ao uso das escalas são dois pontos importantes que precisam ser
considerados na discussão da validade e confiabilidade do método nessa população.
Primeiramente, evidências atuais mostram alterações nas conexões neurais após ruptura
e LCA-R em áreas cerebrais que também são responsáveis pela PSE, como córtex
motor, somatossensorial, pré-frontal e cingulado posterior34,35. Segundo esses estudos,
um déficit no feedback aferente decorrente da lesão dos mecanorreceptores presentes no
LCA seria o fator desencadeante para tais adaptações neurais. Como essas áreas
cerebrais estão relacionadas, também, com a neurofisiologia da PSE36, surge o
questionamento se a LCA-R poderia alterar a PSE, comprometendo sua validade nessa
população.
Em segundo lugar, a uniformização na descrição do uso da PSE entre os estudos
é impressindível para garantir a validade e confiabilidade do método, bem como
minimizar problemas na interpretação dos resultados. Portanto, é importante considerar
os aspectos metodológicos relacionados ao uso das escalas de PSE para controle de
carga do exercício resistido nos estudos de reabilitação de LCA-R e OAJ. A descrição
limitada de aspectos importantes como o tipo de escala utilizada no estudo, a não
realização de familiarização e ancoragem, o emprego de termos incorretos para definir a
PSE, a não descrição do momento de registro da PSE também poderia prejudicar a
validade do método37.
Dessa forma, os objetivos gerais dessa tese de doutorado são discutir as
adaptações neurais após ruptura e LCA-R e suas possíveis implicações na PSE; e
resumir os aspectos metodológicos referente ao uso da PSE para controle de carga de
exercícios resistidos durante a reabilitação de LCA-R e OAJ, fornecendo
direcionamentos para o seu uso adequado.
13
Estudo 1: Devemos confiar na percepção de esforço para o controle de carga e
prescrição de exercícios resistidos após a reconstrução do LCA?
Este estudo foi publicado no periódico científico Sports Health (Fator de Impacto
=3,843; doi: 10.1177/19417381211041289)
Resumo
Contexto: A percepção subjetiva de esforço (PSE) é um método comum usado na
prática clínica para monitoramento, controle de carga, e prescrição do treinamento
resistido durante a reabilitação após ruptura e reconstrução do ligamento cruzado
anterior (LCA-R). Sugere-se que a PSE resulte da integração do feedback aferente com
descargas corolárias no córtex motor e somatossensorial e da ativação de áreas cerebrais
relacionadas a emoções, afeto, memória e dor (p. córtex cingulado, pré-cúneo e córtex
pré-frontal). Estudos recentes mostraram que a ruptura e o LCA-R induzem adaptações
no cérebro comumente associadas a PSE. Portanto, hipotetizamos que a PSE pode ser
afetada em decorrência das adaptações neurais induzidas por ruptura e LCA-R.
Desenho do estudo: Revisão clínica.
Nível de evidência: Nível 5.
Resultados: A PSE pode ser diretamente alterada por alterações na ativação do córtex
motor, córtex cingulado posterior e córtex pré-frontal. Essas adaptações neurais podem
ser induzidas por mecanismos indiretos, como o déficit de feedback aferente, dor e
medo do movimento (cinesiofobia) que os pacientes podem sentir após a ruptura e o
RLCA.
Conclusão: Utilizar apenas a PSE para monitoramento, controle de carga e prescrição
de treinamento resistido em pacientes que foram submetidos a LCA-R podem levar a
uma sub ou superdosagem de exercícios resistidos e, portanto, prejudicar o processo de
reabilitação.
Introdução
A inibição artrogênica do quadríceps é causada pela redução da excitabilidade
reflexo-espinhal e é comumente observada após a ruptura e reconstrução do ligamento
cruzado anterior (LCA-R)53,67. A perpetuação da inibição artrogênica pode levar a
déficits de força e atrofia muscular devido a adaptações do sistema nervoso central
14
(SNC), representado por uma atividade reduzida do córtex somatossensorial,
excitabilidade do trato corticoespinhal e aumento da ativação do córtex motor9,29,54.
Nesse sentido, o exercício resistido bem prescrito é uma estratégia eficaz para controlar
a inibição artrogênica durante a reabilitação59.
Dado que cargas ideais devem ser prescritas para maximizar as adaptações
fisiológicas26, a subdosagem pode diminuir os ganhos de força, enquanto a
superdosagem pode levar a lesão e/ou dano ao enxerto cirúrgico69. Embora a PSE para
prescrição e monitoramento de cargas de exercício tenha sido validado em pessoas
saudáveis32, sua extrapolação para populações clínicas permanece obscura. A PSE
parece ser válida em algumas condições clínicas (por exemplo, fibromialgia60, paralisia
cerebral21 e esclerose múltipla15), mas seu uso em outras condições, como lesão
medular65, poliomielite espinhal crônica31 e patologias do joelho11 demonstraram
validade pobre.
15
Portanto, este artigo conceitual tem como objetivo descrever as adaptações
neurais após ruptura e LCA-R e suas possíveis implicações na PSE como ferramenta de
prescrição, monitoramento e controle de carga.
16
motora suplementar por estimulação magnética transcraniana (TMS)70; (3) ausência de
alterações da PSE em indivíduos sob anestesia peridural durante o ciclismo 8,57 e durante
contrações estáticas57 do quadríceps, apesar da redução do feedback sensorial dos
membros inferiores; (4) aumento desproporcional na PSE em comparação com o
pequeno acúmulo de lactato durante ciclismo após fraqueza muscular induzida por
bloqueio da junção neuromuscular (isto é, via aferente intacta)22; e (5) ausência de
alteração da PSE em pacientes com transplante cardíaco12 e pulmonar71.
17
Figura 1 - Modelos explicando a neurofisiologia da percepção subjetiva de esforço. A linha cinza
representa o feedback aferente e a linha pontilhada a descarga corolária associada ao comando motor
central.
18
lesão periférica musculoesquelética isolada34. De fato, adaptações do SNC após ruptura
e LCA-R já foram identificadas usando EEG, TMS e ressonância magnética funcional
(fMRI)45.
A PSE pode estar alterada por causa de adaptações neurais induzidas pela
ruptura e LCA-R?
Portanto, é razoável sugerir que a PSE possa estar modificada por causa de
adaptações neurais induzidas pela ruptura e LCA-R. Essa proposta se baseia nos
seguintes argumentos: (1) a perda de mecanorreceptores por ruptura e LCA-R leva a
uma redução da ativação do córtex somatossensorial9, excitabilidade corticoespinhal e
reflexo-espinhal54, e aumento da ativação do córtex motor29; (2) a PSE se modifica em
resposta ao aumento da ativação do córtex motor induzida por uma diminuição artificial
do feedback aferente49; a (3) o PSE se altera após a ETCC ser aplicada ao córtex motor6.
Além disso, parece que a PSE não surge exclusivamente de descargas corolárias
ou feedback aferente, mas também pode ser influenciado por outras áreas cerebrais
relacionadas à memória e experiências anteriores, emoções, motivação, dor, afeto
positivo e negativo ou consciência1. Nesse sentido, estudos têm demonstrado uma
relação entre a PSE e a atividade do córtex cingulado posterior20, pré-cúneo20, córtex
pré-frontal36 e córtex insular68. O córtex motor cingulado posterior e o pré-cúneo estão
relacionados ao processamento emocional e ao aspecto cognitivo da realização de uma
tarefa, respectivamente20. Juntos, eles integram sinais aferentes da periferia para
promover o controle emocional e consciente da intensidade do exercício20. Acredita-se
que o córtex pré-frontal atua como mecanismo compensatório quando a ativação do
20
córtex motor é reduzida em situações de fadiga central induzida pelo esforço36. Sua
relação com a PSE foi descrita em estudos recentes, nos quais a ETCC aplicada ao
córtex pré-frontal dorsolateral antes do exercício estressante modificou a PSE36,37.
Figura 2. Mecanismos hipotéticos da alteração da percepção subjetiva de esforço (PSE) devido às adaptações neurais induzidas
pela ruptura e reconstrução do ligamento cruzado anterior (LCA-R): (A) mecanismo indireto e (B) mecanismo direto.
21
Direções para estudos futuros
Embora a PSE tenha sido amplamente utilizado na prática clínica, sua validade
para indivíduos com LCA-R tem recebido pouca atenção na literatura. Até onde
sabemos, o único estudo que investigou esse tópico encontrou uma concordância ruim
entre a PSE e as porcentagens de 1RM11. No entanto, várias limitações metodológicas
podem ter influenciado esse resultado, como a heterogeneidade da amostra relacionada
à idade e problemas no joelho (por exemplo, LCA-R, osteoartrite ou artroscopia). Além
disso, o método aplicado para calcular a carga subestimou o 1RM (cálculo usando sexo,
massa corporal e dados de confiabilidade teste-reteste).
Aplicações práticas
A PSE tem sido uma alternativa simples e fácil para monitoramento, controle de
carga e prescrição de intensidade de exercícios resistidos durante a reabilitação de LCA-
R18,23-25. No entanto, a possibilidade de que a PSE possa estar alterada em pacientes
com LCA-R liga um sinal de alerta para os clínicos de que usar apenas a PSE pode não
ser a melhor estratégia. Isso aumentaria a probabilidade de sub ou superdosagem, o que
22
poderia prejudicar a reabilitação. Até que tenhamos evidências que sustentem seu uso,
os clínicos poderiam usar métodos objetivos além da PSE (por exemplo, monitorar o
volume total de carga: séries × repetições × peso levantado)55. Essa estratégia
minimizaria a probabilidade de erros de prescrição de carga e tenderia a ser mais
confiável.
Conclusão
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Estudo 2: Uso da avaliação do esforço percebido durante a reconstrução do
ligamento cruzado anterior e reabilitação da osteoartrite do joelho: um protocolo
de revisão de escopo
Este estudo foi publicado no periódico científico BMJ Open (Fator de Impacto =2,692;
doi:10.1136/bmjopen-2021-055786)
Resumo
A ruptura do ligamento cruzado anterior (LCA-R) e osteoartrite de joelho (OAJ) são os
distúrbios musculoesqueléticos do joelho mais prevalentes. Reabilitação com
treinamento resistido progressivo é recomendado para ambos os distúrbios. A percepção
subjetiva de esforço (PSE) é amplamente usado para prescrever, monitorar e controlar a
carga de exercício. No entanto, a falta de descrição metodológica detalhada e a
variabilidade no uso da PSE pode dificultar sua validade. Esta revisão de escopo resume
os aspectos metodológicos do uso da PSE em exercícios resistidos durante a reabilitação
do LCA-R e OAJ. Também pretendemos identificar possíveis problemas metodológicos
relacionados ao uso da PSE e fornecer recomendações para estudos futuros. Métodos e
análise: Este protocolo de revisão de escopo foi desenvolvido seguindo o Instituto
Joanna Briggs e a extensão para revisão de escopo do Prefferred Reporting Itens for
Systematic Reviews and Meta-Analysis Statment. A busca será realizada no
Medline/PubMed, Embase, Bases de dados CINAHL, PEDro, Central e SPORTDiscus.
Os termos “reabilitação do ligamento cruzado anterior”, “osteoartrite de joelho” e
“exercício resistido” e seus sinônimos serão usados isolados e combinados (operadores
boleanos E/OU/NÃO). Dois revisores irão realizar triagem de títulos e resumos e avaliar
textos completos de artigos potencialmente elegíveis de forma independente. Os dados
relacionados ao desenho do estudo, amostra, características de intervenção e resultados
da PSE serão extraídos, resumidos e analisados qualitativamente. Ética e divulgação: A
revisão de escopo proposta não requer aprovação ética, pois sintetizará informações de
estudos publicamente disponíveis. Em relação a atividades de divulgação, os resultados
serão apresentados para publicação em revista científica e apresentada em conferências
da área.
30
INTRODUÇÃO
A ruptura do ligamento cruzado anterior (LCA) é uma lesão ortopédica comum
no joelho com incidência anual de 68,6 por 100.000 pessoas/ano na população dos
EUA. A reconstrução do LCA (LCA-R) é o tratamento realizado em 75% dos casos1.
Pacientes com ruptura do LCA, submetidos ou não à reconstrução, têm risco relativo de
3,84 de desenvolver a osteoartrite grave do joelho (OAJ)2. A OAJ é uma condição
articular degenerativa multifatorial que afeta 16% dos adultos com mais de 40 anos em
todo o mundo3 e uma das principais causas de incapacidade global4. Em ambas as
condições do joelho (ruptura do LCA e OAJ), os pacientes apresentam inibição
artrogênica do quadríceps 5,6 levando a atrofia muscular, déficits de força e função física
prejudicada7,8.
O exercício resistido é a principal estratégia para restaurar a força e a
independência funcional após LCA-R9 ou OAJ10. Nesse contexto, medidas de
desempenho muscular (por exemplo, dinamometria isocinética, teste de 1 repetição
máxima, teste máximo de 10 repetições e repetições até a falha) podem fornecer
informações úteis para determinar a carga de exercício adequada, maximizando assim as
adaptações musculares e minimizando os riscos de lesão/dano11,12.
Após mensuração adequada, a progressão da carga é necessária para aumentar a
capacidade muscular13, e seu manejo deve considerar o controle da carga externa e
interna14. A percepção subjetiva de esforço (PSE) é um método amplamente utilizado
para prescrever e monitorar a intensidade do exercício resistido durante a reabilitação do
LCA-R15-17 e OAJ18,19. A PSE é definida como 'a sensação de quão pesada e extenuante
é uma tarefa física'20 e pode ser medida usando escalas como Borg 6-20, Category-ratio
10, Category ratio 100, OMNI e repetições em reserva.
No entanto, na ciência do exercício, as inconsistências metodológicas do uso da
PSE podem resultar em interpretações errôneas dos dados e dificultar a validade da
medição21. As inconsistências metodológicas que afetam a PSE podem incluir a
variedade de escalas de PSE; definições de PSE e termos incluídos nessas definições
(por exemplo, fadiga, pesado e desconforto); e PSE adquirida de grupos musculares
específicos, sistema cardiorrespiratório ou todo o corpo21. Especialmente na reabilitação
de LCA-R e OAJ, pouca atenção é dada a essas inconsistências. Vários estudos não (1)
descreveram as instruções dadas aos participantes para relatar a PSE18,22–25; (2)
especificaram o momento da aquisição da PSE (por exemplo, após cada série, exercício
31
ou sessão)18,24,25 e (3) explicaram aos participantes se devem relatar a PSE local ou
global26,27.
A má descrição metodológica e a falta de uniformidade no uso da PSE entre os
estudos podem prejudicar a validade das escalas de PSE na reabilitação de LCA-R e
OAJ e aumentar a probabilidade de sub ou superestimação do exercício resistido
progressivo. Além disso, até onde sabemos, não foram encontrados estudos que
verificassem os aspectos metodológicos do uso da PSE na reabilitação de LCA-R e
OAJ.
Portanto, esta revisão de escopo irá resumir os aspectos metodológicos do uso da
PSE em exercícios resistidos durante a reabilitação de LCA-R e OAJ. Também
objetivamos identificar possíveis questões metodológicas relacionadas ao uso da PSE e
fornecer recomendações para estudos futuros.
MÉTODOS E ANÁLISES
Este protocolo de revisão de escopo foi desenvolvido seguindo as
recomendações do Instituto Joanna Briggs28 e a extensão Preferred Reporting Items for
Systematic Reviews and Meta-Analyses Statement para revisão de escopo29. Este estudo
seguirá a estrutura metodológica sugerida por Arksey e O'Malley30, que inclui as
seguintes etapas: (1) identificação da questão de pesquisa; (2) identificar estudos
relevantes; (3) seleção de estudos elegíveis; (4) traçar os dados e (5) reunir, resumir e
relatar os resultados. O protocolo final foi registrado prospectivamente no Open Science
Framework em 2 de abril de 2021 (osf. io/u8qxe).
32
PEDro, Central e SPORTDiscus serão pesquisadas independentemente por dois
revisores. Os termos “reabilitação do ligamento cruzado anterior”, “osteoartrite do
joelho” e “exercício resistido” serão utilizados isoladamente e combinados. As
estratégias de pesquisa desenvolvidas para cada banco de dados são descritas no arquivo
suplementar on-line 1. Rastreamento de citações para frente e para trás e rastreamento
de citações das listas de referência dos estudos incluídos serão conduzidos, assim como
a literatura cinza (por exemplo, registros de ensaios clínicos, anais de conferências e
doutorado e dissertação) também serão investigados.
33
Os dados relevantes dos estudos incluídos serão extraídos usando um formulário
de extração de dados personalizado. Se necessário, o formulário de extração de dados
será aprimorado até que todos os revisores concordem com a versão final. A
confiabilidade do formulário de extração de dados será determinada com os primeiros
cinco estudos incluídos31. Dois revisores usarão o formulário para extrair
independentemente dados de 10% dos estudos incluídos e determinar a consistência da
extração de dados.
A extração de dados será realizada de forma independente pelos mesmos dois
revisores. As discordâncias serão resolvidas por discussão ou consulta a um terceiro
revisor. Serão produzidas tabelas para mostrar um resumo dos estudos incluídos,
incluindo os seguintes dados:
► Informações do estudo: autor/ano.
► Amostra: tamanho da amostra; idade; sexo; condição do joelho (LCA-R ou
OAJ); tempo de cirurgia para pacientes com LCA-R; tempo de início dos sintomas para
pacientes com OAJ; nível de gravidade (por exemplo, Western Ontario e McMaster
Universities (WOMAC), Lequesn, Lysholm, ACL-RI).
► Intervenção: exercícios (por exemplo, leg press, agachamento e extensão de
perna); frequência de treino (dias por semana); duração do treinamento (semanas); tipo
de contração muscular; carga externa; protocolo de exercícios (número de séries e
repetições e período de repouso); estratégias para prescrição, ajuste, controle e
progressão da carga; outras intervenções associadas a exercícios resistidos (por
exemplo, estimulação elétrica neuromuscular).
► Desfechos da PSE: tipo e finalidade da escala; instruções dadas aos
participantes, incluindo termos utilizados; paradigma de estimativa e produção;
intensidade do exercício; PSE local e global; momento de aquisição da PSE; exercícios
em que a PSE foi coletado. Os detalhes de cada item podem ser encontrados na tabela 1.
► Desenho do estudo: ensaio clínico randomizado, estudo quase experimental,
estudo de caso e protocolo para estudo de intervenção.
34
Quadro 1 – Desfechos da PSE que serão extraídas dos estudos incluídos.
Desfecho Descrição Exemplo
Borg 6-20, CR10, CR100,
OMNI, escala de
Tipo de escala Qual escala foi usada repetições em reserva,
escala de repetições até a
falha
Qual instrução foi dada
Instruções dadas aos
aos participantes para -
participantes
relatar a PSE
Quais termos foram
Fadiga, pesado, difícil ou
Termos usados usados nas instruções
desconforto
dadas aos participantes
Qual é o propósito de usar Prescrever, monitorar ou
Finalidade do uso da PSE
a PSE ajustar a carga
Estimativa – PSE é
relatado em resposta a uma
carga predefinida.
Paradigmas de estimativa Produção – a intensidade
Qual paradigma foi usado
e produção do exercício autorregulado
pelo participante pelo
nível de PSE proposto
pelos autores
Intensidade do exercício
Carga interna direcionada Intensidade leve,
(quando o paradigma de
proposta pelos autores moderada ou alta
produção foi aplicado)
Aumentar ou reduzir a
Estratégia para ajuste de Qual estratégia foi usada carga externa, número de
carga para ajustar a carga séries, repetições ou
exercícios
Grupos musculares
Os participantes foram
específicos, sistema
local versus global instruídos a relatar a PSE
cardiovascular ou corpo
para qual parte do corpo
inteiro
Momento da aquisição da A PSE foi coletada em Após cada série, exercício
PSE qual momento da sessão ou sessão
Exercícios em que a PSE A PSE foi coletada durante Extensão de perna, leg
foi coletado qual(is) exercício(s) press ou agachamento
Legenda: CR=relação de categorias; PSE = Percepção subjetiva de esforço.
REFEÊNCIAS
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management of chronic central neuropathic pain: a scoping review protocol. BMJ Open
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38
Artigo 3: Como a percepção subjetiva de esforço é descrita na reabilitação do
ligamento cruzado anterior e osteoartrite de joelho? Uma revisão de escopo
O artigo encontra-se em fase de revisão pelos autores e após as considerações da banca
e tradução para a língua inglesa será submetido para o periódico Journal of Orthopaedic
& Sports Physical Therapy (Fator de Impacto = 6,276)
Resumo
A percepção subjetiva de esforço (PSE) é um método amplamente usado para
prescrever e controlar a carga de exercícios resistidos de distúrbios musculoesqueléticos
do joelho como reconstrução do ligamento cruzado anterior (LCA-R) e osteoartrite de
joelho (OAJ). No entanto, a falta de descrição metodológica detalhada pode dificultar
sua validade. Objetivos: Resumir os aspectos metodológicos referentes ao uso da PSE
em exercícios resistidos durante a reabilitação da LCA-R e OAJ e fornecer
recomendações para estudos futuros. Métodos: Foi realizada uma busca no
Medline/PubMed, Embase, Bases de dados CINAHL, PEDro, Central e SPORTDiscus.
Os termos “reabilitação do ligamento cruzado anterior”, “osteoartrite de joelho” e
“exercício resistido” e seus sinônimos foram usados isolados e/ou combinados com os
operadores boleanos E/OU/NÃO. Dois revisores realizaram triagem de títulos/resumos e
textos completos de artigos potencialmente elegíveis de forma independente. Os
aspectos metodológicos relacionados a PSE foram extraídos, resumidos e analisados
qualitativa e quantitativamente. Resultados: Os aspectos metodológicos “tipo de
escala”, “termos” e a “intensidade do exercício” são frequentemente reportados (75%-
87% dos estudos). Entretanto, “familiarização”, “ancoragem”, “instruções”, “PSE local
x global” e o “momento de registro” são pouco descritos (22% dos estudos).
Conclusão: A descrição do uso da PSE nos estudos de reabilitação de LCA-R e OAJ é
limitada.
Introdução
A ruptura do ligamento cruzado anterior (LCA) e a osteoartrite de joelho (OAJ)
são duas afecções muito prevalentes que acometem o joelho. A ruptura do LCA é
aguda, acomete mais jovens e tem incidência de 120.000 pessoas por ano nos Estados
Unidos1, sendo a cirurgia de reconstrução do LCA (LCA-R) um tratamento
amplamente utilizado2. Por outro lado, a OAJ é uma afecção crônica degenerativa que
atinge mais indivíduos acima de 40 anos numa incidência de 203 em cada 10.000
39
pessoas3.
40
Dor, instabilidade articular, déficit de força e de trofismo muscular e perda de
função são alguns sinais e sintomas característicos tanto da LCA-R4, quanto da OAJ5.
Desse modo, a prescrição de exercícios resistidos progressivos é essencial para reverter
esse quadro clínico6. De acordo com o Colégio Americano de Medicina do Esporte7, é
necessário prescrever e monitorar a intensidade do exercício para que se alcance o
objetivo esperado sem trazer prejuízos à articulação8. Nesse contexto, a percepção
subjetiva de esforço (PSE) é comumente utilizada na reabilitação da LCA-R9,10 e
OAJ11,12 por ser um método fácil e seguro.
A PSE é a capacidade que todo indivíduo tem de perceber a intensidade da
atividade ou a sensação de quão pesada e extenuante é uma tarefa física13. Começou a
ser estudada no final da década de 50 por Gunnar Borg que desenvolveu escalas com o
objetivo de quantificar a carga interna do exercício, como por exemplo, a escala de Borg
de 15 pontos (EB 6-20)13, category ratio 10 (CR10)13 e 100 (CR100)13. Ao longo do
tempo foram surgindo outras escalas com o mesmo objetivo, como a OMNI14, escala de
repetições até a falha15 e escala de repetições em reserva16.
Para garantir a validade e confiabilidade do método e minimizar problemas na
interpretação dos resultados, é necessário que se tenha uma uniformização na descrição
da PSE entre os estudos. Assim, aspectos metodológicos referentes ao uso da PSE
precisam ser seguidos, como o fornecimento de instruções aos pacientes acerca do
método, a realização de familiarização e a ancoragem das escalas. No entanto, nos
estudos de reabilitação de LCA-R e OAJ são observadas inconsistências metodológicas,
visto que se observa a ausência de algumas informações, como descrição da escala
utilizada17–19, instruções dadas aos participantes para relato da PSE10,20 e; se a PSE era
local ou global9,11. Além disso, revisões sumarizando esses aspectos metodológicos não
foram encontradas.
O objetivo desse estudo foi, portanto, (1) mapear os aspectos metodológicos
referente ao uso da PSE para prescrição e controle de carga de exercícios resistidos
durante a reabilitação de LCA-R e OAJ; e (2) fornecer direcionamentos para o seu uso
adequado.
Métodos
Esta revisão de escopo foi desenvolvida de acordo com as recomendações do
Instituto Joana Briggs21 e da extensão para revisões de escopo “Preferred Reporting
Items for Systematic Reviews and Meta-Analysis Statement” (PRISMA-ScR)22. O
41
protocolo final foi registrado prospectivamente no Open Science Framework em 2 de
abril de 2021 (osf.io/u8qxe) e publicado previamente23.
Critérios de elegibilidade
Para serem incluídos na presente revisão, os artigos precisariam atender aos
seguintes critérios: (1) incluir participantes acima de 18 anos com OAJ ou que foram
submetidos a LCA-R; (2) envolver exercícios resistidos nos membros inferiores; (3)
usar PSE no controle de carga do exercício resistido; e (4) ser um estudo de intervenção
longitudinal, ou seja, ensaio clínico randomizado, estudo quase experimental, estudo de
caso ou protocolo de ensaio clínico randomizado. Os estudos foram excluídos quando
(1) não estavam disponíveis na íntegra; (2) os exercícios realizados eram multimodais e
não focavam no desenvolvimento de força muscular dos membros inferiores; (3) eram
estudo de efeito imediato (4) relatavam análise adicional na mesma amostra de um
estudo já incluído (follow- up ou protocolo de um estudo já realizado e incluído).
Estratégia de busca
Foi realizada uma busca sistematizada da literatura sem restrições de idioma e
ano de publicação nas bases de dados PubMed, Embase, CINAHL, PEDro, Central e
SPORTDiscus na data de 23/03/2021 e atualizada em 07/04/2022. Os termos
“reabilitação do ligamento cruzado anterior”, “osteoartrite do joelho” e “exercício
resistido” foram utilizados de forma isolada e combinada com os operadores boleanos
“AND”, “OR” e “NOT”. Também foi realizado o rastreamento de citações das
referências dos estudos incluídos e da literatura cinza (por exemplo, registros de ensaios
clínicos, anais de conferências e tese/dissertações). As estratégias de busca
desenvolvidas para cada base de dados podem ser encontradas no material suplementar
1.
42
(https://rayyan.ai/) e, por último, o texto completo dos estudos potencialmente elegíveis
foi cuidadosamente analisado.
• Tipo de escala - EB 6–20, CR10, CR100, OMNI, escala de repetições até a falha
e escala de repetições em reserva;
• Familiarização – Para ser considerado a realização da familiarização, era
necessário que o estudo descrevesse que foi realizada uma sessão para que os
participantes fossem apresentados a escala de PSE antes de iniciar as
intervenções;
• Ancoragem – Construção da relação entre o valor numérico e o descritor verbal
e/ou pictórico da escala com a sensação do esforço durante o exercício, podendo
ser dividida em ancoragem de exercício ou de memória24. Na ancoragem de
exercício, os participantes são submetidos a um teste de esforço máximo na
sessão de familiarização e a ancoragem é realizada baseada nas sensações
percebidas durante o teste24,25. Já na ancoragem de memória, é solicitado ao
participante que use a memória das sensações percebidas durante exercícios
previamente realizados para relacionar com os descritores da escala24,25. Para
considerar que foi realizada ancoragem, era necessário estar descrito, de forma
clara, a ancoragem de memória ou a realização de um teste de esforço máximo
ou submáximo (ex. 1RM ou 7-10RM) acompanhado da orientação para
ancoragem de exercício24;
• Instruções fornecidas aos participantes – As instruções são informações
fornecidas ao participante acerca do conceito da PSE, sobre a escala e como usá-
la durante o exercício24. Só foi considerado o fornecimento de instruções se
43
estivesse descrito claramente como a escala foi apresentada e explicada aos
participantes do estudo 24;
• Termos usados – Foram considerados os termos relacionados a percepção de
esforço que foram usados na descrição do uso da escala (ex. fadiga, desconforto,
esforço, dificuldade);
• Objetivos do uso da escala – Prescrever, monitorar e/ou ajustar a caga. Foi
considerado “prescrição” sempre que havia uma faixa de PSE alvo que os
participantes deveriam alcançar durante os exercícios. Foi considerado
“monitoramento” sempre que havia o registro da PSE durante ou após os
exercícios. Foi considerado “ajuste” sempre que pequenos ajustes na carga do
exercício eram realizados para alcançar a intensidade alvo do exercício, assim
como quando havia progressão da carga ao longo da intervenção;
• Paradigma de estimativa x produção – Foi considerado “estimativa” quando a
intensidade do exercício era definida pelo pesquisador e o paciente reportava a
sua PSE, assim como quando o pesquisador realizava um ajuste da carga a partir
da resposta do participante. Foi considerado “produção” quando o próprio
participante realizava os ajustes de cargas necessários para alcançar a PSE
previamente prescrita;
• Intensidade do exercício – Faixa de PSE alvo que deveria ser alcançada durante
o exercício ou PSE reportada pelo participante ao realizar o exercício. Foi
considerado uma intensidade leve de 6-11, moderada de 12-16 e intensa de 17-
20 para EB (6-20). Já para a escala CR10, foi considerada intensidade leve de 1-
4, moderada de 5-7 e intensa de 8-10;
• PSE local x global – Foi considerado “PSE local” quando durante a instrução de
uso da escala, ou na descrição do estudo, era informado ao participante que ele
deveria reportar a PSE de grupos musculares específicos. Já na “PSE global”
deveria ter orientação para reportar a PSE do sistema cardiorrespiratório ou do
corpo todo;
• Momento de registro da PSE - Durante ou após cada série, exercício ou sessão.
Para a análise dos dados, todos esses desfechos foram categorizados em “sim ou
não”, exceto, “objetivo do uso da escala” e “paradigma estimativa x produção”, pois
eram interpretativos. Baseado nisso, foi calculada a porcentagem de estudos que
descreveram os desfechos.
44
Diferenças entre a revisão e o protocolo
Para a execução desta revisão foi necessário realizar alterações na seleção de
estudos e na extração de dados em relação ao protocolo previamente publicado23. Foi
acrescentado um critérios de exclusão: estudos de efeito imediato, pois não respondem à
pergunta da revisão. Já na extração dos dados, foi incluída a coleta do desfecho
“ancoragem” e “familiarização”, pois são aspectos metodológicos importantes que não
haviam sido previstos no protocolo. Além disso os desfechos “estratégia para ajuste de
carga” e “exercício em que a PSE foi coletada” foram retirados, pois essas informações
estão mais relacionadas a intervenção e já estão presentes na tabela descritiva.
Resultados
A busca nas bases de dados identificou 10.429 estudos acrescidos de 8
adicionados manualmente de outras fontes (referências dos artigos incluídos). Após
remoção das duplicatas, 5.794 títulos e resumos foram analisados, dentre os quais, 5.214
foram excluídos, restando 580 para análise na íntegra. Após aplicação dos critérios de
elegibilidade, 45 artigos foram incluídos na revisão (Figura 1).
Identificação
44
45
(5%) estudos11,17 usaram “fadiga” e 1 (3%) estudo50 usou “difícil”. Já com relação aos
estudos de LCA-R, observou-se que dos 7 estudos, 1 (14%)67 usou o termo “percepção
de exaustão”.
Objetivos – 17 (38%) estudos10,17–20,30,31,34,43,44,46,52,55–58,66 usaram a PSE com o
objetivo de prescrever, monitorar e ajustar a carga do exercício resistido, sendo 14
(31%) de OAJ17,18,20,30,31,34,43,44,46,52,55–58 e 3 (7%) de LCA-R10,19,66; 11 (24%)9,11,33,35–
37,39,40,49,64,67
com o objetivo só de monitorar, sendo 8 (18%) de OAJ11,33,35–37,39,40,49 e 3
(7%) de LCA-R9,64,67; 10 (22%)27,28,38,41,47,50,59,62,63,65 com objetivo de monitorar e
ajustar, sendo 9 (20%) de OAJ27,28,38,41,47,50,59,62,63 e 1 (2%) de LCA-R65; 4 (9%)29,32,53,54
de prescrever e monitorar e 3 (7%)26,48,60 só de prescrever a carga, todos de OAJ.
Estimativa x Produção – 17 estudos (38%)9–11,17,33–36,39–41,49,56,57,64,65,67 adotaram
um paradigma de “estimativa”, sendo 13 (29%) estudos de OAJ11,17,31,33–36,39–41,49,56,57 e
5 (11%) de LCA-R9,10,64,65,67; 4 estudos (9%)20,28,31,44 adotaram um paradigma de
“produção”, sendo todos de OAJ; e 23 (51%) ficou “incerto”, sendo 21 (47%) de
OAJ18,26,27,29,30,32,37,38,43,46–48,50,52,53,55,58–60,62,63 e 2 (4%) de LCA-R19,66.
Intensidade do exercício – 11 (24%) estudos9,17,19,34,38,39,50,52–54,66 tiveram a PSE
de “leve a moderada”, sendo 8 (18%) de OAJ17,34,38,39,50,52–54 e 3 (7%) de LCA-R9,19,66;
10 (22%) estudos10,18,26,29,43,47,48,57,58,60 tiveram a PSE só “moderada”, sendo 9 (20%) de
OAJ18,26,29,43,47,48,57,58,60 e 1 (2%) de LCA-R10; 9 (20%) estudos20,28,30,31,46,55,59,62,63 de
OAJ tiveram a PSE de “moderada a intensa”; 3 (7%) estudos32,44,56 de OAJ tiveram a
PSE de “leve a intensa”; 1 (2%) estudo41 de OAJ teve a PSE só “intensa” e 11 (24%)
estudos não reportaram a intensidade do exercício, sendo 8 (18%) de OAJ11,27,33,35–
37,40,49 e 3 (7%)64,65,67 de LCA-R.
Local x Global – Apenas 1 (2%) estudo de OAJ47 relatou que a PSE foi local, ou
seja, registrada dos músculos exercitados.
Momento de registro – 6 (13%) estudos9,17,18,39,55,56 registraram a PSE após cada
série/durante o exercício, sendo 5 (11%) de OAJ17,18,39,55,56 e 1 (2%) de LCA-R9; 2 (4%)
estudos de OAJ registraram a PSE após o exercício18,37 e 3 (7%) estudos de OAJ
registraram após a sessão11,35,36.
46
Figura 2 – Percentual de estudos que descreveram os aspectos metodológicos da PSE. OAJ = Osteoartrite
de joelho; LCA-R = Lesão e reconstrução do ligamento cruzado anterior.
47
Legenda: Verde= Descreveu no estudo; Vermelho=Não descreveu no estudo
48
Discussão
O presente estudo objetivou sintetizar os aspectos metodológicos e identificar
possíveis problemas relacionados ao uso da PSE em exercícios resistidos durante a
reabilitação de LCA-R e OAJ, bem como fornecer direcionamentos para seu uso
adequado. Os resultados mostraram que os aspectos metodológicos como: “tipo de
escala”, “termos” e a “intensidade do exercício” são frequentemente reportados (75%-
87% dos estudos). Entretanto, “familiarização”, “ancoragem”, “instruções”, “PSE local
x global” e o “momento de registro” são pouco descritos (22% dos estudos), o que pode
atrapalhar a validade do método e dificultar a reprodução do estudo.
Atualmente, existem diversas escalas de PSE que possuem particularidades no
que se refere a escala numérica e aos descritores verbais e pictóricos (ex. EB 6-20,
CR10, OMNI, repetições em reserva etc.), portanto, informar qual foi a escala utilizada
no estudo se torna metodologicamente essencial. Ainda assim, 15% dos estudos não
reportaram o tipo de escala utilizada. Dentre os que reportaram, a maioria utilizou a EB
6-20, ao contrário do que era esperado, pois a EB 6-20 foi inicialmente criada para
monitorar a intensidade de exercícios aeróbios13. A OMNI, por exemplo, foi
desenvolvida especificamente para exercícios resistidos14 e não foi utilizada em nenhum
dos estudos incluídos. Ademais, pode-se pensar que as escalas de 10 pontos, seriam
mais simples e fáceis de se entender e, portanto, seriam mais aplicadas.
Os resultados mostraram que apenas 2% dos estudos descreveram a
familiarização com a escala, e apenas 4% relataram a realização de ancoragem e
instruções aos participantes. A baixa execução/descrição desses aspectos pode
contribuir para redução da acurácia e validade da PSE, uma vez que contribuem para
evitar erro de percepção e assegurar que os sujeitos saibam separar esforço de outras
sensações relacionadas ao exercício25. Além disso, a habilidade de avaliar a PSE
aumenta com a experiência, sugerindo que reportar PSE requer uma curva de
aprendizado68 em que a familiarização poderia ser uma estratégia para acelerar esse
processo.
Os resultados dessa revisão mostraram, ainda, que todos os estudos que
descreveram esse procedimento utilizaram a ancoragem de memória. Já foi
demonstrado que não há diferença na PSE entre os dois tipos de ancoragem no
monitoramento da carga24. Estudos futuros deveriam descrever/realizar a sessão de
familiarização, ancoragem e instruções para que os participantes compreendam melhor
49
a PSE, reportem escores com maior acurácia e viabilize comparações entre avaliações
em momentos diferentes69.
Os resultados mostraram que 87% dos estudos relataram algum termo para
descrever a PSE. A utilização de diferentes termos pode causar confusão, visto que os
indivíduos conseguem diferenciar PSE de outras sensações relacionadas ao exercício25.
Observa-se que grande parte (49%) utilizou termos considerados corretos, como
“esforço” (effort/exertion) e “intensidade”. O maior problema pode estar nos estudos
que não relataram termo algum ou utilizaram os termos “difícil/dificuldade”, “fadiga” e
“exaustão”. Nem sempre a dificuldade do exercício tem relação com o esforço
realizado, visto que pode existir um exercício de difícil execução e pequeno esforço, e
vice-versa. Já com relação a “fadiga” e “exaustão”, o indivíduo pode alcançar o esforço
máximo experenciando pouca percepção de fadiga em um teste de contrações
máximas70, por exemplo. Assim, apesar de terem muito em comum,
“difícil/dificuldade”, “fadiga” e “exaustão” não são sinônimos de esforço e, portanto,
seus conceitos deveriam ser dinstiguidos70.
Com relação ao “paradigma estimativa x produção”, os resultados mostraram
que a descrição do uso da PSE não permitiu a interpretação de qual paradigma foi
adotado na maioria dos estudos (51%), fato que inviabiliza a reprodução do método
utilizado. O paradigma de estimativa acontece quando a PSE é reportada em resposta a
uma carga pré-definida71, enquanto o paradigma de produção acontece quando a
intensidade do exercício é autorregulada pelo participante baseado na prescrição
fornecida pelos autores71. Nessa perspectiva, o paradigma de produção seria bastante
útil, também, para exercícios domiciliares, em que o participante realiza os exercícios
de forma não supervisionada. No entanto, 8 estudos27,29,42,43,46–48,55 com exercícios
domiciliares obtiveram o paradigma adotado como incerto e 2 estudos56,57 descreveram
de forma que a interpretação do paradigma fosse estimativa.
Outro aspecto que dificulta a reprodutibilidade do método é a falta de
informação sobre a intensidade adotada nos exercícios. De acordo com o Colégio
Americano de Medicina do Esporte7, é necessária uma intensidade moderada/alta para
desenvolver força após treino resistido, no entanto, fica inviável a reprodução de 25%
dos estudos que não reportaram essa informação. Por outro lado, dentre os estudos que
descreveram a intensidade, nota-se uma preocupação com a progressão da carga, o que
é bastante positivo, pois respeita o princípio da sobrecarga na prescrição do exercício7.
50
A parte do corpo cuja PSE foi coletada, oriunda do esforço do corpo inteiro
(global) ou de um grupo muscular isolado (local), também deve ser considerada. A
literatura sugere que os indivíduos são capazes de distinguir entre as duas sensações de
esforço e que se deve fornecer instruções sobre qual das PSE deseja-se registrar25. No
entanto, os resultados da revisão mostraram que o aspecto “PSE local x global” não foi
relatado em 98% dos estudos, o que reduz a validade do método e dificulta a
reprodutibilidade do estudo. Autores propõem que essa distinção deve ser feita e que,
quando feita, deve-se evitar coletar as duas simultaneamente, a fim de reduzir o risco de
o indivíduo ficar confuso e relatar um domínio que não é o objetivo naquele momento70.
O momento de registro da PSE é outro aspecto metodológico que também
precisa ser descrito25. De acordo com o objetivo do terapeuta, a PSE pode ser coletada
em diferentes fases do exercício, como ao fim de cada série, ao fim de cada exercício ou
ao fim de uma sessão de exercícios (PSE da sessão). Porém, 78% dos estudos não
descreveram esse desfecho, o que pode ser um problema para a reprodutibilidade do
método.
Por fim, nós hipotetizamos que a descrição limitada dos aspectos metodológicos
da PSE pode ser, em partes, decorrente da restrição no número de caracteres imposto
pelas revistas para publicar o artigo. Isso obriga os autores a serem sucintos no relato de
partes importantes, podendo levar a problemas para a validade do método e para
reprodutibilidade do estudo. Para evitar esse problema, sugere-se que os autores de
estudos futuros que utilizarem as escalas de PSE acrescentem uma tabela especificando
cada aspecto metodológico, ou até mesmo apresentem essas informações no material
suplementar do artigo.
Após apontar as inconsistências metodológicas relacionadas ao uso da PSE
durante a reabilitação de LCA-R e OAJ, a presente revisão forneceu orientações sobre a
forma como a as escalas deveriam ser utilizadas/descritas. Portanto, servirá como ponto
de partida para mudança na forma de usá-las/descrevê-las em estudos futuros,
proporcionando uma uniformização, melhora da validade e reprodutibilidade do
método.
Limitações
Os aspectos metodológicos “objetivo do uso da escala” e “paradigma estimativa
x produção” eram interpretativos e, mesmo que fosse utilizado um critério para tomada
de decisão, a pobre descrição do uso da PSE nos estudos dificultou a interpretação.
51
Além disso, os métodos desta revisão de escopo não permitem concluir se os resultados
dos estudos de intervenção incluídos foram influenciados por inconsistências
metodológicas relacionadas ao uso de PSE.
52
Conclusão
A descrição do uso da PSE nos estudos de reabilitação de LCA-R e OAJ é
limitada. Os aspectos metodológicos “familiarização”, “ancoragem”, “instruções”, “PSE
local x global” e o “momento de registro” devem ser melhor reportados para garantir
uma padronização, melhorar a validade do método e permitir a reprodução do estudo.
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61
Apêndices
PEDro
Anterior cruciate ligament AND Strength training AND Lower leg and knee AND
Clinical trial
CENTRAL
("anterior cruciate ligament" OR anterior cruciate ligamente reconstruction OR anterior
cruciate ligament rehabilitation OR anterior cruciate ligament rupture OR anterior
cruciate ligament injury) AND (“Resistance Training” OR “Resistance exercise” OR
“strength training” OR Neuromuscular strength OR Neuromuscular training OR Elastic-
band exercise OR “Muscle strengthening” OR Exercise)
SPORTDiscus
(anterior cruciate ligament OR acl OR anterior cruciate ligament reconstruction OR
anterior cruciate ligament injury OR anterior cruciate ligament rupture) AND (strength
training OR resistance training OR weight training OR resistance exercise)
CINAHL
(anterior cruciate ligament OR acl OR anterior cruciate ligament reconstruction OR
anterior cruciate ligament injury OR anterior cruciate ligament rupture) AND (strength
training OR resistance training OR weight training OR resistance exercise)
62
SEARCHING STRATEGY – KNEE OSTEOARTHRITIS
PUBMED / MEDLINE
(“Knee osteoarthritis” OR Knee arthrosis OR “knee arthritis”) AND (“Resistance
Training” OR “Resistance exercise” OR “strength training” OR Neuromuscular strength
OR Neuromuscular training OR Elastic-band exercise OR “Muscle strengthening” OR
Exercise) AND (Trial OR Random* OR “Clinical trial” OR “Comparative study” OR
“Controlled clinical trial” OR “Randomized controlled trial” OR Protocol OR “Study
protocol” OR “Cross Over”) NOT (“Systematic Review” OR “Meta-analysis” OR
metanalysis OR Review)
CENTRAL
Knee osteoarthritis AND (“Resistance Training” OR “Resistance exercise” OR
“strength training” OR Neuromuscular strength OR Neuromuscular training OR Elastic-
band exercise OR “Muscle strengthening” OR Exercise)
PEDro
Knee osteoarthritis AND Strength training AND Lower leg and knee AND Clinical trial
EMBASE
Knee osteoarthritis AND (Resistance training OR Muscle training OR exercise) AND
(Controlled clinical trial OR randomized clinical trial OR protocol)
SPORTDiscus
(knee osteoarthritis OR knee OA OR knee arthritis OR degenerative joint disease) AND
(strength training OR resistance training OR weight training OR resistance exercise)
CINAHL
(knee osteoarthritis OR knee OA OR knee arthritis OR degenerative joint disease) AND
(strength training OR resistance training OR weight training OR resistance exercise
63
63
Apêndice 2 – Tabela de descrição dos estudos
Tabela 1- Descrição dos estudos incluídos
Autor (ano) Estratégia de Estratégia de
Amostra Frequência de
Desenho do Exercícios Protocolo de exercício prescrição de progressão de
Idade (anos) treino e duração
estudo carga carga
Baker et al. n = 46 (10 homens, 36 Extensão de joelho, flexão
(2001)56 mulheres) de joelho, extensa de 3 vezes por semana, 2 séries Aumentar PSE,
PSE
quadril, abdução de quadril durante 16 semanas 12 repetições aumentar repetições
EC 63,43 anos e abdução no quadril.
Topp et al. 1 – 3 séries
n = 54 (mulheres)
(2002)17 Exercícios direcionados 3 vezes por semana, 8 – 12 repetições
PSE NI
para membro inferior durante 16 semanas 2 min de descanso entre
63.3 anos
EC as séries
Extensão do joelho, 3 séries de 8 repetições
Lange et al.
n = 63 (mulheres) abdução e adução do 10 – 15 segundos de
(2009)59 3 vezes por semana,
quadril em pé, flexão do descanso entre a 1RM NI
durante 6 meses
> 40 anos joelho, leg press e flexão repetições; 1 – 2 min de
PEC
plantar. descanso entre as séries
Legenda: EC = Ensaio clínico; PEC = Protocolo de ensaio clínico; PSE = Percepção subjetiva de esforço; RM = Repetições máximas; NI = Não informado
63
Autor (ano) Estratégia de Estratégia de
Amostra Frequência de
Desenho do Exercícios Protocolo de exercício prescrição de progressão de
estudo Idade (anos) treino e duração carga carga
Extensão do joelho,
Bennell 2012 et Elevação da perna reta, 3 séries de Mudança no tipo de
n = 168 (mulheres)
al. (2012a)29 agachamento parcial, sentar 8 repetições exercício; aumento
3x sem/ 6 meses 1RM
e levantar, abdução do 2 min de descanso entre de repetições;
≥ 50
PEC quadril, adução do quadril, as séries aumento de carga
marcha lateral
n não mencionado
Bennell 2012 et fortalecimento dos
(mulheres)
al. (2012b)27 músculos quadríceps,
3x sem/ 6 meses NI PSE Aumentar PSE
isquiotibiais e abdutores do
≥ 50
PEC quadril
Chang et al.
n = 64 (mulheres) Aumentar PSE,
(2012)26 Leg press combinado a 3x sem/ durante
3 séries de 10 repetições 10 RM aumento de
faixas elásticas semanas
65.0 ± 8.4 resistência elástica
EC
Legenda: EC = Ensaio clínico; PEC = Protocolo de ensaio clínico; PSE = Percepção subjetiva de esforço; RM = Repetições máximas; NI = Não informado
64
Autor (ano) Estratégia de Estratégia de
Amostra Frequência de
Desenho do Exercícios Protocolo de exercício prescrição de progressão de
estudo Idade (anos) treino e duração carga carga
Silva et al. n = 41 (4 homens, 26 Mini-agachamento, flexão e Aumentar carga,
(2015)18 mulheres) extensão de joelho, steps, 2 vezes por semana, tempo de
3 séries de 10 repetições 1RM
sentar e levantar, Sit Up durante 8 semanas exercícios, séries e
EC 58,5 from Lying repetições
Munukka et al.
n = 87 (mulheres)
(2016)32 Exercícios aquáticos 3 vezes por semana,
NI NI Aumentar o PSE
resistidos durante 16 semanas
64
EC
Lunge, levantamento
pélvico, step-up, 2 séries de 12 2 séries de 12
Clausen et al. n = 23 (11 homens, 12 agachamento, transferência repetições, tempo de repetições, tempo
Aumento no
(2017)33 mulheres) de peso, minitrampolim, descanso entre de descanso entre
PSE nível de
cruz mancando, pano sob exercícios exercícios
dificuldade
Série de casos 48 - 70 os pés, kettlebell swing, correspondente a 1 correspondente a 1
jack de salto lateral, série série
cabo/elástico
Levinger et al. n estimado não Equilíbrio de uma perna,
(2017)34 informado Andar para a frente, Andar 2 – 3 séries 2 – 3 séries
1RM Aumento de carga
para trás, Andar com passo 8 – 12 repetições 8 – 12 repetições
PEC 60–90 lateral, single leg tap
Rooij et al. Resistência
n = 126 (31 homens, 95
(2017)35 Fortalecimento para 2-4x 15-20 reps
mulheres) 2 vezes por semana,
membros inferiores Força/Potência 1RM NI
durante 20 semanas
EC 2-4x 8-12 reps
63,5
(2-3 min interval)
Waller et al
n = 87 (mulheres)
(2017)36 Exercícios aquáticos 3 vezes por semana, Aumento de
1 hora PSE
resistidos durante 16 semanas resistência externa
63,85
EC
Legenda: EC = Ensaio clínico; PEC = Protocolo de ensaio clínico; PSE = Percepção subjetiva de esforço; RM = Repetições máximas; NI = Não informado
65
Autor (ano) Estratégia de Estratégia de
Amostra Frequência de
Desenho do Exercícios Protocolo de exercício prescrição de progressão de
estudo Idade (anos) treino e duração carga carga
Almeida et al. n = 60 (homens e Aumento da PSE,
Exercícios para membros 2 séries de 15 repetições
(2018)37 mulheres) 3 vezes por semana, mudança do
inferiores; Exercícios de 1 minuto de descanso 1RM
durante 14 semanas exercício, aumento
tronco; Exercício global entre as séries
PEC 40 – 65 de carga
Gomes et al. n = 60 (5 homens, 55
Fortalecimento muscular 2 vezes por Aumento PSE,
(2018)39 mulheres) 2 – 3 séries de 15
para glúteo máximo, glúteo semanas, durante 5 1RM aumento de carga
repetições
médio e quadríceps) semanas externa
EC 65,7
Legenda: EC = Ensaio clínico; PEC = Protocolo de ensaio clínico; PSE = Percepção subjetiva de esforço; RM = Repetições máximas
66
Autor (ano) Estratégia de Estratégia de
Amostra Frequência de
Desenho do Exercícios Protocolo de exercício prescrição de progressão de
estudo Idade (anos) treino e duração carga carga
Bennel et al. n = 128 (42 homens, 86
(2020)46 mulheres) Extensão do joelho, 4 vezes por semana,
3 séries; 10 repetições PSE Aumentar carga
elevação da perna reta durante 12 semanas
EC 60,6
Abdução, adução, flexão,
Chen et al. N = 60 (29 homens, 31
extensão, rotação externa e
(2020)48 mulheres) interna do quadril; 3 vezes por semana,
5 séries de 10 repetições 10RM e PSE Aumentar carga
flexão/extensão do joelho; durante 12 semanas
EC 65,45 elevação do calcanhar
ponte supina; elevação da
perna reta; extensão do
2 séries de 20
Gomes et al. n = 100 (8 homens, 92 joelho sentado; flexão do
repetições;
(2020)50 mulheres) joelho; agachamentos na 3 vezes por semana,
PSE Aumento de carga
parede; abdução do durante 8 semanas
5 contrações
EC 68,66 quadril/rotação
isométricas de 30 s
lateral/extensão; abdução
do quadril
Aumento de
Fortalecimento de
Hinman et al. n = 394 (homens e repetição,
quadríceps,
(2020)43 mulheres) 3 vezes por semana, velocidade e carga
abdutores/glúteos do NI PSE
durante 3 meses externa; mudança
quadril; isquiotibiais;
PEC ≥ 45 de direção e
tríceps sural
superfície
Mattos et al. extensão e flexão unilateral
(2020)44 n = 12 (mulheres) do joelho, extensão e flexão Auementar
2 vezes por semana, 2 – 4 séries de 1 min;
unilateral do quadril e PSE velocidade de
durante 16 semanas 30 s de descanso
EQE 66.7 ± 3.65 adução e abdução unilateral movimento
ou bilateral do quadril.
Legenda: EC = Ensaio clínico; PEC = Protocolo de ensaio clínico; EQE = Estudo quase experimental PSE = Percepção subjetiva de esforço; RM = Repetições máximas;
NI = Não informado.
67
Autor (ano) Estratégia de Estratégia de
Amostra Frequência de
Desenho do Exercícios Protocolo de exercício prescrição de progressão de
estudo Idade (anos) treino e duração carga carga
ciclismo, caminhada em
esteira, step, agachamento
Molyneux et al.
n = 54 (27 homens, 27 na parede com bola,
(2020)49 Exercício realizado por
mulheres) agachamento, trampette, 2 vezes por semana,
2 min com 1 min de NI Dor e PSE
step-ups, saltos altos, durante 4 semanas
EQE intervalo
63,35 ± 8,1 extensão de quadril sobre
pedestal, caminhada lateral,
caminhada monstro
Sentar e levantar; avanço;
step ups; caminhando com
Primeauau et al. n = 56 (42 homens, 14 resistência; extensão do Mudança no tipo de
(2020)11 mulheres) joelho sentado; leg press; 3 vezes por semana, 2 – 3 séries exercício, aumentar
PSE
elevações do calcanhar em durante 12 semanas 10 -15 repetições carga e aumento no
EQE 55.2 ± 6.8 pé; abdução e extensão do PSE
quadril; flexão de joelho
sentado
Fortalecimento do
Ozturk et al n = 34 (5 homens, 29 quadríceps femoral;
(2021)53 mulheres) abdutor do quadril; 3 vezes por semana, 2 – 3 sérires, 10 Aumentar carga e
10RM
elevação de Perna Reta; durante 6 semanas repetições repetições
EC 59,7 mini-agachamento; sentar e
levantar
Extensão, flexão, abdução,
adução do quadril, rotação
Hsu et al. n = 63 (23 homens, 40
externa, interna do quadril;
(2021)57 mulheres) 3 vezes por semana,
extensão, flexão da 5 séries, 10 repetições 1RM e PSE Aumentar carga
durante 12 semanas
articulação do joelho;
EC 65,26
flexão plantar, dorsiflexão
do tornozelo
Legenda: EC = Ensaio clínico; PEC = Protocolo de ensaio clínico; EQE = Estudo quase experimental PSE = Percepção subjetiva de esforço; RM = Repetições máximas;
NI = Não informado.
68
Autor (ano) Estratégia de Estratégia de
Amostra Frequência de
Desenho do Exercícios Protocolo de exercício prescrição de progressão de
estudo Idade (anos) treino e duração carga carga
Exercício biomecânico de
Marriott et al.
n = 17 (mulheres) ioga, equilíbrio e
(2021)52 3 vezes por semana, Dificuldade do
flexibilidade que antes NI PSE
durante 12 semanas exercício
68,8 eram fortalecimento
EC tradicional
Isométricos: Abdominal,
ponte, elevação de pernas,
Park et al.
n = 92 (mulheres) pranchas laterais, extensão 20 min de exercícios, 6s
(2021)54 3 vezes por semana,
de costas, pranchas frontais, de contração e 4 s de 1RM NI
durante 8 semanas
66,8 estocadas frontais e descanso
EC
agachamentos
Ponte; elevações do
Wang et al n = 100 calcanhar com pesos (em 3 séries de 10 – 15
(2022)58 pé); treinamento sensório- 2 vezes por semana, repetições;
1RM e PSE Aumento de carga
45 – 75 motor no mini-trampolim; durante 12 semanas 3 séries de 30 s
PEC leg press; extensão do (exercícios isométricos)
joelho sentado
Mudança no
Whittaker et al n = 43 Avanço; agachamento;
3 vezes por semana, 3 -5 séries exercícios; aumento
(2022)20 elevação da perna reta; PSE
durante 8 semanas 8 – 15 repetições de carga; aumento
EC 16 – 36 fortelecimento de
na repetição
Legenda: EC = Ensaio clínico; PEC = Protocolo de ensaio clínico; PSE = Percepção subjetiva de esforço; RM = Repetições máximas; NI = Não informado.
69
Autor (ano) Estratégia de Estratégia de
Amostra Frequência de
Desenho do Exercícios Protocolo de exercício prescrição de progressão de
Idade (anos) treino e duração
estudo carga carga
Gerber et al.
(2007a)66 n = 40 Aumento da PSE e
Exercício Ergométrico 3 vezes por semana,
30 min PSE duração
Excêntrico durante 6 meses
EC 18 – 50 anos semanalmente
Gerber et al.
n = 32 (18 homens, 14
(2007)19 Aumento da PSE e
mulheres) Exercício Ergométrico 3 vezes por semana,
30 min PSE duração
Excêntrico durante 6 meses
EC semanalmente
30,2
Leg press; lying Leg Curl;
Aumentar
Bregenhof et al. agachamento; nórdico,
n = 50 repetições;
(2018)64 avanço, salto lateral, 2 vezes por semana, 2 – 3 séries, 5 – 10
PSE aumentar carga;
posterior chain durante 12 semanas repetições
18 – 40 modificar
PEC progression, exercícios de
exercícios
estabilidade de tronco
Leg press; extensão do Aumentar
Erickson et al.
n = 60 joelho; Subidas e descidas; repetições;
(2019)65 3 vezes por semana,
Agachamento na parede 3 séries, 10 repetições PSE aumentar carga;
durante 4 – 5 meses
15 - 60 com bola de exercício; aumentar
PEC
Elevação de perna reta progressão
Legenda: EC = Ensaio clínico; PEC = Protocolo de ensaio clínico; PSE = Percepção subjetiva de esforço; RM = Repetições máximas; NI = Não informado.
70
Autor (ano) Estratégia de Estratégia de
Amostra Frequência de
Desenho do Exercícios Protocolo de exercício prescrição de progressão de
estudo Idade (anos) treino e duração carga carga
Milandri et al.
n = 26 homens Aumentar PSE;
(2021)10 Cicloergômetro 3 vezes por semana,
326 minutos PSE aumentar
isocinéticos durante 8 semanas
25,5 velocidade
EC
71
Considerações Finais
A presente tese de doutorado teve por objetivo discutir as adaptações neurais após
ruptura e LCA-R e suas possíveis implicações na PSE; e resumir os aspectos
metodológicos referente ao uso da PSE para controle de carga de exercícios resistidos
durante a reabilitação de LCA-R e OAJ, fornecendo direcionamentos para o seu uso
adequado.
O primeiro estudo dessa tese apresentou uma discussão completa acerca da
neurofisiologia da PSE, mostrando as evidências que suportam os três modelos de
mecanismos que tentam explicá-la: feedback aferente, descargas corolárias e modelo
combinado. Discorre também, acerca das adaptações neurais após ruptura e LCA-R e faz
uma reflexão sobre como essas adaptações poderiam interferir na PSE. Além disso,
aborda aplicações práticas dessa possível interferência e aponta direcionamentos para
futuros estudos investigar essa hipótese.
Já o segundo e terceiro estudos verificaram a forma como as escalas de PSE são
usadas para controle de carga de exercícios resistidos durante a reabilitação do LCA-R e
OAJ. Pôde-se observar que a descrição da maioria dos aspectos metodológicos (por
exemplo, ancoragem, familiarização, instrução, momento de registro da PSE, entre
outros) do uso das escalas é limitada, o que poderia prejudicar a validação do método e
dificultar a reprodutibilidade do estudo.
Dessa forma, considerando a hipótese de que as adaptações neurais após LCA-R
poderiam interferir na PSE e que a descrição do uso das escalas nos estudos de
reabilitação de LCA-R e OAJ é limitada, se faz necessário que estudos futuros se
dediquem a verificar, de fato, a validade do método nessa população. Uma vez que a
possibilidade de que a PSE pode estar alterada em pacientes com LCA-R, os clínicos
deveriam ficar cientes de que usar apenas a PSE pode não ser a melhor estratégia. Isso
aumentaria a probabilidade de sub ou superdosagem, o que poderia prejudicar a
reabilitação. Além do que a identificação das inconsistências metodológicas na descrição
do uso das escalas de PSE pode ser um norte para que o método seja melhor aplicado,
representando assim um ponto de partida para a melhor descrição e uniformização por
parte dos estudos.
A validade das escalas de PSE na reabilitação de indivíduos com disfunções no
joelho iria ser testada para compor essa tese, porém, ficamos impossibilitados de realizar
a coleta dos dados devido a pandemia da Covid-19. Além da produção desses três estudos
72
relacionados a tese, no período do doutorado colaborei com a produção de mais 9 estudos
do nosso grupo em temas diversos, como restrição de fluxo sanguíneo em saudáveis e nas
disfunções de joelho, termografia no dano muscular induzido, análise isocinética de
jogadores de futebol e de indivíduos pós acidente vascular cerebral, estimulação
transcraniana por corrente contínua em fibromialgia e eletroestimulação transcutânea em
dor lombar crônica. Participei de 2 congressos internacionais da Sociedade Nacional de
Fisioterapia Esportiva (Sonafe), nos quais pude apresentar alguns dos dados da produção
do grupo e ser premiado entre os 20 melhores trabalhos do congresso de 2019. Em 2021
apresentei uma palestra sobre as alterações neurais após LCA-R e suas implicações
clínicas para reabilitação.
Com relação as experiências docentes no período do doutorado, tive a
oportunidade de ser professor substituto da UFRN ministrando as disciplinas de Métodos
e Técnicas de Avaliação, Fisioterapia Traumato-ortopédica e Estágio Supervisionado. Em
seguida fui contemplado com uma bolsa da Capes e permaneci bolsista durante a maior
parte do período, podendo cursar Estágio Docência na disciplina de Recursos
Terapêuticos Manuais. Essa experiência foi imprescindível, pois no final do doutorado,
ingressei como professor substituto da UEPB das disciplinas de Recursos Terapêuticos
Manuais e Estágio Supervisionado em Traumato-ortopedia. Ainda tive a oportunidade de
ministrar sete módulos de terapia manual em especializações lato-sensu em Natal, João
Pessoa e Campina Grande e orientar oito trabalhos de conclusão de curso da
especialização em fisioterapia traumato-ortopédica e esportiva oferecida pela UFRN. Por
fim, passei todo período de mestrado e doutorado (pré pandemia) como preceptor da Liga
de Estudos em Fisioterapia Esportiva do Rio Grande do Norte (LEFERN),
supervisionando atendimento de atletas profissionais e amadores, tirando dúvidas dos
alunos, promovendo discussões de casos e artigos, entre outras funções.
Como perspectiva futura, pretendo prestar concursos para me tornar professor
efetivo de uma instituição pública, ingressar em um programa de pós-graduação e dar
continuidade as parcerias e trabalhos científicos que desenvolvi ao longo da minha pós-
graduação.
73
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