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O Impacto das Políticas da Cooperação Internacional para o Desenvolvimento de

Moçambique

Por: Geraldo Odete Langa SULUDANE

Sumário

Esta artigo cientifico e baseado no meu trabalho de conclusão de curso, o mesmo examina as
implicações políticas da cooperação internacional para o desenvolvimento de Moçambique em
dois momentos: (i) o contexto da cooperação tradicional Norte-Sul; (ii) a experiência (re)
emergente da Cooperação Sul-Sul. Nossa incursão analítica mostra que foram cerca de 40 anos
de cooperação internacional que permitiram uma série de transformações em nível político,
econômico e social, e que construíram um país como um autêntico artefato de intervenção
externa. Nesse sentido, analisam-se os efeitos políticos provocados pelas três propostas
sugeridas de cooperação na esfera doméstica de Moçambique. Por um lado, constata-se que a
cooperação internacional acaba por constituir-se em projecto de poder que afecta a produção
de políticas públicas, a construção da autonomia e, mais recentemente, o processo de
democratização em curso. Por outro, evidencia-se que os actores internacionais que actuam no
campo da cooperação para o desenvolvimento em Moçambique agem imbuídos de seus
respectivos interesses e agendas de política externa. Na relação entre os distintos actores e o
Estado moçambicano, identificam-se alguns factores-chave, tais como a fraca capacidade
estatal, a existência de enormes assimetrias entre Moçambique e seus parceiros, o vício em
receber cooperação que transforma essa relação em uma das principais fontes de manutenção
do Estado, bem como a preservação das elites políticas tradicionais – fatores que limitam o
alcance dos objetivos reais de desenvolvimento que as distintas formas e modalidades de
cooperação internacional prometem e buscam promover.

Palavras Chaves: Cooperação, Desenvolvimento, integraçao.


INTRODUÇÃO

A Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (CID) caracteriza-se por ser um campo


permeado por uma ampla complexidade de actores e factores, de tal forma que a escolha de
quaisquer que sejam as variáveis específicas sobre as quais recai a narrativa dos objetivos
presentes nos discursos dos agentes – nomeadamente, o impulso ao desenvolvimento, o
estímulo à democratização política, a produção de políticas públicas, a construção de autonomia
e redução de desigualdades, para nos atermos apenas a alguns –, são de certa forma afetados
pelos processos de construção histórica pelo qual esse campo tem passado. Em outros termos,
historicamente, e tendo como referência a cooperação mais tradicional e a mais
institucionalizada (Norte-Sul), o processo de estabelecimento da CID e, consequentemente, de
todo um conjunto de relações que são produzidas a sua volta são geralmente afectadas pelas
diferenças estruturais e ou assimétricas existentes entre os atores envolvidos. Ademais, torna-se
cada vez mais evidente, nesse campo, que as motivações da CID e as agendas de Política Externa
estão interligadas, sobretudo, no concernente à cooperação bilateral. (Huntington, 1970: 13)

Essas práticas remetem-nos à pressuposição de que a CID se vincula objectivamente ao campo


da política, dos conflitos de interesse, da produção de saber e poder e até mesmo ao uso
estratégico do conhecimento produzido pelo fornecedor da cooperação, ancorando-se na
construção de hierarquias resultantes das assimetrias existentes entre os atores que nela
intervêm. Com efeito, e tomando de empréstimo as palavras de Corrêa, “[…] o tipo de
assistência à consolidação de novos Estados (dependentes) não tinha o objetivo de eliminar a
antiga hierarquia existente entre os países europeus e as suas antigas colônias, quadro que se
reproduz até hoje, no séc. XXI, na relação vertical entre doadores e recebedores” (Correa, 2010:
12-13). O autor prossegue: “Mesmo com a evolução dos fatos, e aqui caberia citar o fenómeno
das ¨economias emergentes¨ e o crescente intercâmbio político e econômico entre os países em
desenvolvimento, essa visão verticalizada da cooperação internacional se mantém presente”
(Correa, 2010:13). Corrêa deixa claro que as assimetrias existentes entre os atores envolvidos na
CID constitui um factor determinante nos tipos de relações que são estabelecidas,
independentemente de serem actores do Norte ou do Sul. Diante do quadro descrito, advoga-se
que, no âmbito do Sistema Internacional (SI), os países com maiores dificuldades econômicas e,
consequentemente, com a sua capacidade de negociação reduzida em termos conjunturais e
estruturalmente no plano das relações internacionais (RI), tendem a tornar-se “presas fáceis”
para os interesses estratégicos subjacentes às agendas dos países mais ricos. No caso de
Moçambique, nosso objeto de pesquisa, cumpre observar que o país foi 3 severamente
constrangido ao se submeter às condições prescritas pelos seus parceiros de cooperação
internacional ao longo dos últimos 30 anos . (Hanlon, 1991: 45)

Vale com isso dizer que, de forma alguma, isso implicou que o Estado moçambicano não
possuísse agência ou capacidade de acção perante tais posicionamentos, mas deixou sempre
evidente que o grau de assimetria existente propiciava a uma submissão e embaraços que
transformavam os actores moçambicanos em objectos de seu próprio destino. Como lembra o
pensador Wallerstein (1984:25), a inserção no Sistema Mundo, por parte dos países mais
pobres, depende das lógicas e vontades de atuação dos países mais ricos. Isso significa que as
diferenças econômicas e políticas em que determinadas nações industrializadas se situam são
determinantes para o domínio e manipulação do sistema econômico global.

CONTEXTUALIZAÇÃO

O nivel internacional, o fim da guerra fria e o suposto triunfalismo americano e a economia


liberal, abriu espaço para uma nova forma de relação entre as nações. Esta nova forma deu
primazia as a cooperação económica com vista a promover o bem estar e desenvolvimento
entre as nações. Ao nivel regional, concretamente na região Austral de Africa, o fim da guerra
fria conscide com a queda do regime do apartheid que fortaleceu os esforços regionais em torno
do desenvolvimento desta região. Importa notar que ao nível regional, o regime do apartheid
tinha forçado os países da região Austral de Africa a criarem a SADCC com vista a reduzir a
dependência dos mesmos em relação ao regime racista Sul-Africano que tinha imposto a região
uma guerra económica generalizada, combinada com acções militares hostis de baixa
intensidade, principalmente em Moçambique, Zimbaque e Angola. A queda da minoria branca
na Arica do Sul provocou mudanças profundas ao nível regional uma vez que a organização
regional SADCC teve que incluir a nova Africa do Sul tornando-se assim em SADC. Assim, é
dentro deste contexto que pretendemos analisar até que ponto a cooperação na SADC promove
o desenvolvimento em Moçambique.
PROBLEMATIZAÇÃO

Desde da sua criação com o fim do apartheid, a SADC elevou a esperança dos líderes regionais
unidos numa ideia de uma economia regionalmente forte acente na democracia, liberdade e
prosperidade. No entanto, apesar deste ideal, que foi forjado no anos de luta política pela
independência e liberdade, parece que sob o ponto de vista económico existe muitas
divergências que levam os países a buscarem maior cooperação e integração fora da região,
principalemnte com paises semergentes como e o caso da China e India. Aliás, no caso da Africa
do Sul, é notório que a desconfiança económica em relação a este Estado não tenha passado.
Isto deve-se em parte pelo facto do sistema de apartheid ter criando condições económicas
capazes de suplantar qualquer competitividade regional conjunta. Esta desconfiança torna as
acções da SADC menos enérgicas. Diante deste actos urge questionar até que ponto os
projectos de cooperação na SADC promovem o desenvolvimento em Mocambique?

Objectivos da Pesquisa

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