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Genética de Populações

Considerações:

Os indivíduos não se encontram isolados na natureza, mas reunidos em populações, reprodutivamente ativas.
Ao estudar a genética experimental, nós retiramos os indivíduos das suas populações naturais, e o
submetemos a cruzamentos escolhidos.

“ grupo de indivíduos da mesma espécie, que ocupam uma mesma área ao mesmo tempo, e que são
potencialmente intercruzáveis, produzindo descendência viável e fértil”

Em muitos casos não é possível estudar a genética por meio de cruzamentos artificiais.

Nestes casos o estudo da herança deve ser feito na população em seu estado natural.

A Genética de Populações serve de base teórica para a Genética Quantitativa, Evolução e para o
Melhoramento Vegetal e Animal.
• FREQUÊNCIAS GENOTÍPICAS E GÊNICAS
Uma população pode ser caracterizada, para determinado loco, pelas
frequências com que cada genótipo aparece. Por exemplo:

População 1

Genótipo Nº de Frequências Genotípicas


Frequências:
Indivíduos Homozigotos dominantes, D,
AA 100 D= 100/400=0,25 Heterozigotos de H
Aa 200 H= 200/400=0,50 Homozigotos recessivos de R.
D+H+R=1
aa 100 R= 100/400=0,25
Total 400 1
População 2

Genótipo Nº de Frequências Genotípicas Frequência de A, é p,


f(A)= p = D + (1/2) H (I)
Indivíduos
Frequência de a, é q,
AA 200 D= 200/500=0,40
f(a)=q = R + (1/2) H. (II)
Aa 200 H= 200/500=0,40
Note mais uma vez que p+q=1.
aa 100 R= 100/500=0,20
Total 500 1
Nos exemplos acima temos:
População 1: p = 0,25 + (1/2) 0,50 = 0,50 População 2 : p = 0,40 + (1/2) 0,40 = 0,60
q = 0,25 + (1/2) 0,50 = 0,50 q = 0,20 + (1/2) 0,40 = 0,40
Exemplo
• População de plantas de cebola
Caráter: cor do bulbo (branco, creme e amarelo) um gene com dois alelos
Dominância incompleta
Genótipos:
B1B1 : bulbo branco
B1B2 : bulbo creme
B2B2 : bulbo amarelo
Exemplo

• Temos 2000 plantas, distribuídas ao acaso:

-100 bulbos brancos (genótipos B1B1 = n1 )


-1000 bulbos creme (genótipos B1B2 = n2 )
-900 bulbos amarelos (genótipos B2B2 = n3 )
A frequência genotípica caracteriza uma população, mas a frequência gênica
não.

Para uma distribuição de frequências gênicas, infinitas distribuições de frequência


genotípicas são possíveis.

Genótipos são combinações dos genes. Para fazer qualquer afirmativa a respeito
das frequências genotípicas é necessário um conhecimento da forma como os
genes se combinam na população, ou seja, a forma como os gametas se
combinam para formar os novos indivíduos de população ou o seu padrão
reprodutivo.
• PADRÕES REPRODUTIVOS DAS POPULAÇÕES

Panmixia - todos os indivíduos de uma população têm a mesma chance de se


acasalarem entre si. Isto é, a reprodução é totalmente ao acaso.

Endogamia – maior frequência de cruzamento entre indivíduos com grau de


parentesco maior do que o de dois indivíduos tomados ao acaso na
população.

Exogamia - é o oposto à endogamia, isto é, ocorre cruzamento de


indivíduos com parentesco menor que dois indivíduos tomados ao acaso
na população.
• FREQUÊNCIAS GÊNICAS E GENOTÍPICAS NA POPULAÇÃO PANMÍTICA.
Considerando ausência de qualquer interferência as frequências gênicas nos
gametas são iguais às frequências gênicas na população.

Teremos então p gametas A e q gametas a


Como panmixia indica reprodução aleatória, a combinação dos gametas
também o será
Gametas femininos
Gametas
pA qa
masculinos
pA p2 AA pq Aa
qa pq Aa q2 aa
Qualquer que sejam as frequências genotípicas iniciais, em uma geração de
panmixia, elas passam a serem p2, 2pq e q2, esses valores dependem apenas
das frequências gênicas na geração paterna.

As novas frequências gênicas (na nova geração) são:

p1=D1+(1/2) H1 ou p1 = p2 + pq sendo q=1-p então:

p1 = p2 + p(1-p) = p2 + p - p2 = p e q1 = q2 + pq =q
A população panmítica não altera suas frequências gênicas de uma
geração para outra.

Se o sistema de acasalamento continuar panmítico as frequências genotípicas e


gênicas não irão se alterar geração após geração. Desta forma, se nenhum outro
fator interferir, se diz que a população está em equilíbrio ou Equilíbrio de Hardy-
Weinberg.
• Teorema de Hardy-Weinberg:

“Em uma população suficientemente grande na qual não ocorra deriva


genética, os acasalamentos ocorram ao acaso (Panmixia), não ocorra mutação
gênica, nem migração (população isolada) ou seleção (isto é, todos os
indivíduos são igualmente férteis e viáveis), as frequências genotípicas e
gênicas permanecerão constantes ao longo das gerações”
• Confirmação:
Machos Fêmeas Frequência do cruzamento Descendência
AA AA p4 AA
Aa 2p3q 0,5 AA e 0,5 Aa
aa p2q2 Aa

Aa AA 2p3q 0,5 AA e 0,5Aa


Aa 4p2q2 0,25 AA, 0,5 Aa e 0,25 aa
aa 2 pq3 0,5 Aa e 0,5 aa

aa AA p2q2 Aa
Aa 2pq3 0,5 Aa e 0,5 aa
aa q4 aa
• Totais dos descendentes

f(AA)= p4 + 2p3q + p2q2 = p2 (p2 + 2pq + q2) = p2

f(Aa)= 2p3q + 4p2q2 + 2pq3 = 2pq (p2 + 2pq + q2) = 2pq

f(aa)= p2q2 + 2pq3 + q4 = q2 (p2 + 2pq + q2) = q2


• FATORES QUE ALTERAM AS FREQUÊNCIAS GÊNICAS DAS POPULAÇÕES

Mutação gênica,
Oscilação (ou Deriva) genética,
Migração genética,
Seleção natural
• Mutação Gênica

Genes = cadeias de moléculas de DNA (ácido desoxirribonucléico).


Purinas (Adenina e Guanina) e pirimidinas (Timina e Citosina)
Sequência de bases = código genético Proteína

Qualquer mudança nesta sequencia de bases causará uma mudança na proteína


codificada, podendo então alterar sua função no organismo.
Causas das Mutações

Erro na replicação (durante a mitose ou meiose)

Radiações capazes de atingir o DNA

Substâncias químicas capazes de reagir com o DNA


• Mutações recorrentes
Se repetem tanto no tempo como no espaço

Pode ser associadas a taxas

A1 A2 = u A2 A1 = v
Quantificação do efeito das mutações sobre as frequências gênicas em um
loco.
f(A1) = po e f(A2)=qo,

Então:
p1 = po - upo + vqo pe = v/(u+v) e qe = u/(u+v)

q1 = qo + upo - vqo
Se upo > vqo a frequência de A1 diminui.
Se upo < vqo a frequência de A2 diminui.
Se vqe = upe entra em equilíbrio nas frequências e
• Taxa de mutação
Cor da for
A – determina flores vermelhas
aa determina flores brancas
u – taxa de mutação de a para A
Branca (aa) x Branca (aa)

Gametas A(u) a(1-u)


A (u) AA(u2) Aa(u(1-u))
a(1-u) Aa(u(1-u)) aa(1-u)2
• Desta forma, espera-se encontrar a seguinte relação fenotípica:

Fenótipos (flores) Frequência


Vermelhas u2 + 2u(1-u)
Brancas (1-u)2

F(observado de plantas de flores brancas) = 498/500


F(esperada de plantas de flores brancas) = (1-u)2

(1-u)2 = 498/500
u = 0,002
• Migração Genética
Migração genética = saída ou entrada de indivíduos de uma população.

Saída de indivíduos não causará qualquer impacto na população.


Entrada de indivíduos na população causará alteração nas frequências.
Capacidade de dispersão.
Barreiras reprodutivas
Pré-zigóticas
Pós-zigóticas,
Supondo duas populações:
Sendo no o número de genes A na população "O",
ni o número de genes A na população "I",

To o total de genes deste loco na população "O" e

Ti o total de genes deste loco na população "I".

p1 = (no + ni)/(To + Ti).

no = poTo e ni = piTi.

Assim, p1 = (poTo + piTi)/(Ti+To) (média ponderada)


População original "O"
po = no/To População imigrante "I"
pi = ni/Ti

Junção as Populações (composto)


p1 = (no + ni)/(To + Ti)

Se m = proporção de imigrantes , ou seja, m = Ti/(Ti + To)

p1 = po (1-m) + pi mi ou
Na geração seguinte p12, 2p1q1, q12.
p1 = po + m (pi - po)
Composto: mistura artificial de populações

p1 e T1 pc
+ p2 e T2 + p3 e T3 = e
Tc

p1T1+p2T2+p3T3
pc=
T1+T2+T3
Cruzamentos entre populações

População 2
População 1 p2 A q2 a
p1 A p1p2 AA p1q2 Aa
q1 a p2q1 Aa q1q2 aa
Frequência de heterozigotos em uma população panmítica é no máximo 0,5 (meio).

Numa população híbrida o valor poderá exceder 0,5 e será tanto maior quanto mais contrastantes forem
as populações cruzadas, podendo chegar a 1.

pc = p1 + p2 qc = q1 + q2
2 2

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