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Relação do álbum visual, black is a king, com o Pan-africanismo e

o Afrofuturismo.

Ao longo do filme e dos elementos existentes no longa, é possível perceber a


assimilação entre conceitos como o Pan Africanismo e o Afrofuturismo dentro da
trama e da estética que a cantora traz. Dentro disso, o que seria o Pan Africanismo
e o afrofuturismo?

● Pan africanismo: O pan-africanismo foi um movimento que surgiu durante o


período do imperialismo do século XIX e defendia a emancipação da
população negra, a luta contra o racismo e por melhores condições de vida
em todo o continente africano, Europa e América. Essa ideologia defende a
união dos povos africanos e afrodescendentes em diáspora, que é quando a
dispersão de um povo em consequência de preconceito ou perseguição
política, religiosa ou étnica. Colocando afrodescendentes de outros
continentes como parte de um povo filho de uma mesma terra.

● Afrofuturismo: o termo em si só foi utilizado pela primeira vez nos anos 90, no
texto Black to the Future, do estudioso Mark Dery. O movimento em si se
resume na busca no passado ancestral que envolve a cultura africana para a
construção de um futuro, já que, historicamente, há um processo de
apagamento cultural envolvendo esses povos, levando a uma desinformação
da própria história entre essas populações.

Beyoncé relaciona esses dois movimentos de maneira intrínseca dentro da


sua obra, ao contar a história de “O Rei Leão “ a partir da visão de um garoto negro
dentro da sua própria realidade, utilizando de simbologias e do roteiro para
relacionar a trajetória do filme com um futuro decolonial, no qual, é necessário a
visita do passado para escrever o futuro, em que os reis e rainhas que um dia
habitaram as terras do continente africano ainda estão vivos em cada uns dos
afrodescendentes e africanos ao redor do mundo. Dentro disso, é retratado o
apagamento etníco cultural que envolve essas populações, sendo um ponto de
inserção e de resgate o pan-africanismo e o afrofuturismo. Ademais, no filme é
citado o trecho “ no final eu não sei a minha língua materna, e se eu não posso me
expressar, não posso pensar. E, se eu não posso pensar, não posso ser eu mesmo
“, que faz uma comparação entre o sabor ancestral e o ser, no qual não é possível
existir sem conhecer, e muito menos expressar sem saber suas próprias origens,
fazendo uma ligação direta ao apagamento cultural que envolve as populações
presentes na diáspora. A partir dessa narrativa a cantora reforça através de falas e
músicas que estão presentes no álbum a necessidade da união social entre essas
populações a favor da celebração de uma ancestralidade e identidade que envolve
um coletivo, reforçando a todo momento a beleza e a riqueza que envolvem os
corpos pretos, exaltando cada característica.
Assim como, a presença do scifi envolvendo elementos futuristas como
naves e viagem no espaço com a cultura africana e suas extensões, como por
exemplo quando a cantora traz referências a orixá Oxum, rainha das águas doces e
cachoeiras, que é envolta em dourado, que dentro da trama faz referência ao ouro e
a Hator, deusa da fertilidade. Não bastando, o filme também apresenta alguns takes
que relembram algumas obras do gênero de ficção científica, como Duna e Star
Wars, que são obras que por estarem em um espaço de branquitude, não só não
representam pessoas negras, mas também imaginam e perpetuam um futuro
embranquecido, no qual comunicam indiretamente que não há espaço para pessoas
negras. Logo o afrofuturismo e o Pan Africanismo não são só ideologias que
Beyoncé utiliza para fomentar sua obra, mas sim, uma forma da artista de repensar
e criticar o presente, enquanto reescreve uma nova perspectiva de futuro.

https://claudia.abril.com.br/cultura/afrofuturismo-o-movimento-que-inspirou-beyonce-
em-black-is-king#google_vignette

https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/pan-africanismo.htm#:~:text=O%20
pan-africanismo%20foi%20uma,muitas%20vezes%20associado%20ao%20movime
nto.
https://claudia.abril.com.br/cultura/afrofuturismo-o-movimento-que-inspirou-beyonce-
em-black-is-king/mobile

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