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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE LICENCIATURA
FUDAMENTOS HISTÓRICOS E FILOSÓFICOS DA EDUCAÇÃO

NOME: Luana Villem G. Fantini Aguiar

PERÍODO 2021/1 EARTE

ENSAIO

TÍTULO: Anta diop, Beyoncé e a corrente de superioridade africana.

No texto de apoio “Antigas Civilizações africanas”, José Rivair apresenta uma


maneira de pensar sobre a África que particularmente me chamou atenção: A
“corrente da superioridade africana”, defendida por vários estudiosos, inclusive,
Cheikh Anta Diop, um dos principais combatentes ao racismo científico. Em resumo,
a corrente da superioridade africana recupera a história dos povos africanos, não
mais sob o olhar europeu, manchado de preconceitos, mas sim, sob uma
perspectiva africana, resgatando a identidade e a subjetividade dos países africanos.
Motivada a mergulhar nos estudos sobre essa corrente e seus defensores, com uma
atenção especial a Diop, já que o mesmo aparecia em outros materiais de apoio
para esse ensaio, fui levada a pensar sobre como o pan-africanismo e as ideias de
Diop se refletiam na indústria cultural. Tendo em vista que essa indústria, no geral
teve grande participação na disseminação das ideias eurocêntricas. Sendo assim,
me perguntei sobre a existência obras decoloniais, que desafiasse o sistema
estrutural de pensamento tão solidificado que é o eurocentrismo. Infelizmente, a
máquina eurocêntrica continua a todo vapor, entretanto, temos hoje algumas obras
cinematográficas e musicais que trilham caminhos contrários a dominação europeia.
Em particular, acredito que a mais recente obra da cantora Beyoncé, seu álbum
visual “Black is king” é um marco no meio cultural.
A obra convida todas as pessoas pretas a uma jornada de retorno a suas origens, a
sua casa: Os solos africanos. Nas palavras da codiretora do filme, “queríamos
retratar a África como fonte, como o inicio de tudo, mas também queríamos ter uma
conversa diaspórica”. A partir das canções do álbum, a história de um garoto negro
se conectando com sua ancestralidade. Seguindo a linha de pensamento da
corrente da superioridade africana, o filme trás elementos da população, religião,
vestimenta e musicalidade do continente africano. Apresentando a África, da forma
como ela deveria ser apresentada: Um continente de uma enorme diversidade e
riqueza cultural ancestral. Contrariando toda a perspectiva colonial que nos é
imposta, Black is king, conta a trajetória dos povos negros africanos, não a partir da
escravidão, e sim nas riquezas e reinos da África, o olhar estereotipado é deixado de
lado, e identidade africana aflora com todo seu esplendor.
O marco, a nível global, deixado pelo álbum visual de Beyoncé é a esperança de
uma nova era na indústria cultural, uma era decolonial e protagonizada por pessoas
racializadas.

“Sua pele não é apenas escura, ela brilha e conta sua história” - Brown Skin girl.-
Beyonce, SAINt JHN e Wizkid

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