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Minfin 026625
Minfin 026625
CAPÍTULO I
Assembleia Nacional Princípios Gerais
Para os fins de fomento habitacional, as habitações em 1. A habitação social totalmente subvencionada é desti-
razão de diferentes critérios, podem ser: nada aos cidadãos em situação de extrema pobreza urbana,
que não preencham os padrões de rendimentos mínimos,
a) habitações urbanas e rurais, em razão da sua loca- para suportar uma renda ou prestação de aquisição e se dis-
lização territorial;
ponham a aderir a programas de repovoamento de zonas
b) habitação social;
rurais ou projectos integrados de desenvolvimento agrário,
c) habitação a custo de mercado, em razão da respec-
silvícola, mineiro ou agro-industrial em áreas mais desfavo-
tiva promoção pública ou privada, nos termos
recidas do território nacional.
da presente lei e dos respectivos regulamentos;
d) habitação autoconstruída. 2. O Governo na aprovação dos projectos ou programas,
mineiros, agrários e de desenvolvimento económico das
ARTIGO 6.º
zonas rurais, deve concertar com os investidores privados
(Habitação social)
mecanismos de comparticipação pública e privada nos
A habitação social deve ser, em regra, financeiramente custos de promoção das habitações sociais subvencionadas
auto-sustentada, com base nos seguintes requisitos mínimos pelo Estado.
de acesso e aplicação de normas e instrumentos de gestão ARTIGO 9.º
sustentável: (Habitação social subvencionada)
a) requisitos de capacidade financeira mínima dos 1. A habitação social subvencionada deve ser destinada
beneficiários, para pagamento das rendas ou das a contribuir especialmente para:
prestações de aquisição da habitação social con-
a) o reordenamento, repovoamento e desenvolvi-
cedida, cuja aferição é feita por padrões de ren-
mento rurais;
dimento mínimo, fixados nos termos de diplo-
b) o combate da expansão urbana ilimitada e desor-
mas legais regulamentares da habitação social
denada e a contenção das cidades adentro dos
auto-sustentada;
limites de uma dimensão média ou equilibrada,
b) criação e sustentação de um fundo de fomento adequada a preservar o ambiente, e a qualidade
habitacional alimentado pelas receitas, entre de vida urbana;
outras, das comparticipações do Estado, das c) o combate do desemprego e das situações de
rendas ou das prestações de pagamento da aqui- pobreza extrema mais peculiares das cidades.
sição das habitações pelos arrendatários ou con-
cessionários e geridas com vista à cobertura dos 2. A promoção e o regime de acesso à habitação social
custos de conservação respectivos e de fomento rege-se por diploma próprio aprovado pelo Governo.
de outras habitações sociais para os demais
cidadãos delas carenciados, nos termos de ARTIGO 10.º
diplomas legais regulamentares; (Autoconstrução habitacional)
c) obrigações de conservação mínima das habitações
1. A autoconstrução compreende as seguintes moda-
sociais, imputadas aos concessionários ou
lidades:
arrendatários, nos termos de diplomas legais
regulamentares; a) a habitação urbana autoconstruída;
d) outros instrumentos previstos nos regulamentos b) habitação rural autoconstruída, ou tradicional
especiais da habitação social auto-sustentada e construída segundo a traça arquitectónica e as
do fundo de fomento habitacional. técnicas e práticas dos usos e costumes tradi-
cionais locais.
ARTIGO 7.º
(Finalidade da habitação social) 2. O Governo deve incentivar a autoconstrução das
habitações pelos cidadãos, quer dentro dos perímetros dos
A habitação social sustentada deve ser destinada a con- centros urbanos quer nas zonas das comunidades rurais, nos
tribuir especialmente para: termos da lei, através dos seguintes instrumentos:
da qualidade das edificações rurais tradicionais, 2. A construção de habitações fora dos espaços destina-
bem como das condições de salubridade, sem dos à habitação pelos planos urbanísticos é ilegal e como tal
prejuízo da salvaguarda da traça arquitectónica sujeita às sanções previstas na lei.
e dos valores das culturas tradicionais, assim
como do melhor aproveitamento dos materiais ARTIGO 13.º
locais. (Ordenamento territorial das habitações rurais)
2. O reajustamento deve ter em conta o índice do míni- c) a construção de habitações em espaços naturais
mo e do máximo previsto para o tipo de habitação, bem protegidos, e demais terrenos reservados ou
como o rendimento do agregado familiar. áreas vedadas para construção por normas dos
planos territoriais, ou directivas que constituam
ARTIGO 27.º seus sucedâneos aprovados pelo organismo
(Crédito habitacional)
competente do Estado;
Os requisitos para obtenção de crédito com juros bonifi- d) a edificação de imóveis em zonas sem o mínimo
cados para compra ou construção de habitação social e de de condições de ordenamento territorial do
habitação de preços livres são fixados por diploma do espaço, em violação das normas dos regula-
Governo, sem prejuízo da livre iniciativa das instituições mentos das edificações e que ponham em risco
financeiras em matéria de concessão de crédito imobiliário, a segurança de bens e pessoas;
de acordo com a legislação geral a elas aplicável e as práti- e) a celebração de contratos inerentes aos bens imo-
cas do mercado. biliários sem o pagamento das taxas devidas,
previstas nos respectivos regulamentos;
CAPÍTULO V f) a publicidade de venda de habitações ou imóveis,
Instrumentos Sancionatórios sem que haja autorização passada pelo orga-
ARTIGO 28.º
nismo público com competência para o efeito.
(Crime de corrupção passiva imobiliária)
2. As transgressões previstas no número anterior são
1. Constitui crime de corrupção, punível com a mesma punidas nos termos da Lei n.º 10/87, de 26 de Setembro —
medida de pena aplicável ao crime de corrupção previsto no Lei-Quadro das Transgressões Administrativas.
Código Penal:
ARTIGO 30.º
a) a prática ou cobrança por parte de funcionários (Agravantes especiais)
públicos ou agentes administrativos e para
benefício pessoal ou de terceiro, de preços ou 1. As sanções previstas e aplicáveis nos termos do
prestações fundiárias acima do legal e oficial- artigo 31.º são agravadas nas seguintes circunstâncias:
mente estabelecidos e publicitados pelas autori- a) quando o infractor tenha edificado em terrenos
dades públicas provinciais e locais e em geral a urbanos classificados para fins de interesse
prática de actos administrativos irregulares nos geral e público;
processos de venda e concessão de terrenos b) quando o infractor tenha edificado em zonas quali-
classificados para habitação; ficadas como históricas, integradas no patrimó-
b) a prática ou cobrança por parte de funcionários nio cultural, nos termos da legislação aplicável;
públicos ou agentes administrativos e para c) quando as habitações sejam fraudulentamente
benefício próprio ou de terceiro, de preços de vendidas como sendo de alta renda e as mesmas
venda ou de arrendamento de habitação social estejam classificadas como de interesse social,
que não correspondam aos preços ou rendas ofi- de baixa ou média renda, ou se verificar fraude
cialmente fixadas pela competente autoridade em relação a qualidade da construção face ao
pública. tipo de habitação contratada e paga pelo lesado;
d) quando se verificar mora injustificada na entrega
2. Os crimes previstos no n.º 1 são puníveis, sem do imóvel após o pagamento do preço acordado;
prejuízo da aplicação cumulativa das sanções aplicáveis à e) quando da infracção resultar benefício para o
título de contravenções previstas e puníveis nos termos do infractor;
artigo 31.º da presente lei. f) quando se verificar fraude do construtor para aqui-
sição de benefícios fiscais em relação ao tipo de
ARTIGO 29.º
habitação e as condições de localização.
(Transgressões)
2. A multa agravada deve ter em conta o valor do imó-
1. Constituem transgressões administrativas a cons-
vel na venda ou de arrendamento.
trução em geral, de habitações em violação das normas
imperativas do ordenamento do território, da presente lei e
ARTIGO 31.º
em especial: (Demolição)
a) a construção de habitações em terrenos não clas- 1. Todas as construções em transgressão às normas téc-
sificados para construção de habitações pelos nicas e legais previstas na presente lei e nos regulamentos
planos urbanísticos e de ordenamento rural; de edificação geral e/ou especial, que ponham em risco a
b) a construção de habitações em terrenos viários e segurança de pessoas e bens ou atentem contra a estética
demais terrenos reservados para implantação de urbanística, paisagística dos prédios circundantes, podem
arruamentos, vias e infra-estruturas urbanas, ser demolidas sem prejuízo dos programas, planos ou pro-
sem respeito pelas distâncias legais mínimas jectos específicos para o realojamento ou reassentamento
das vias sejam elas nacionais ou locais; populacional para o efeito.
1596 DIÁRIO DA REPÚBLICA
2. As construções previstas no número precedente estão habitação social quer de concurso para a atribuição de direi-
sujeitas à demolição sem direito a qualquer indemnização, tos de acesso à habitação social, cabe recurso hierárquico
quando a edificação e a sua localização ofendam grave- para a competente autoridade de tutela.
mente as disposições legais aplicáveis, salvo se os próprios
infractores optarem por corrigir os erros de construção e eli- 2. Para a reapreciação da decisão recorrida, o recorrente
minar os efeitos lesivos do interesse público ou direitos de é notificado para, no prazo de sete dias, ser ouvido sobre as
terceiros. suas razões ou manifestar a sua intenção de manter o recur-
so ou de desistir do mesmo, presumindo-se que desiste se
3. As medidas previstas no presente artigo devem res-
nada disser.
peitar a proporcionalidade e dignidade social dos cidadãos,
bem como a Resolução n.º 60/06, de 4 de Setembro, que 3. A decisão sobre o recurso deve ser proferida no prazo
aprova a Política do Governo para o Fomento Habitacional, de 30 dias, após a data de interposição, considerando-se
o Decreto n.º 2/06, de 23 de Janeiro, que aprova o tacitamente indeferido, uma vez expirado o prazo, sem noti-
Regulamento Geral dos Planos Territoriais, Urbanísticos e ficação da decisão.
Rurais e o Decreto n.º 13/07, de 26 de Fevereiro, que
ARTIGO 37.º
aprova o Regulamento Geral das Edificações Urbanas. (Recurso contencioso)
1. O Governo deve publicitar os programas de habitação Todas as instituições públicas e privadas devem apoiar
social, em razão do tempo e da área territorial de execução os organismos legalmente competentes no cumprimento do
dos programas. disposto na presente lei.
ARTIGO 39.º
2. O disposto no n.º 1 não prejudica o regime de sigilo (Revogação)
da administração pública nos limites legais compatíveis
É revogada toda a legislação que contraria o previsto na
com a transparência dos processos administrativos.
presente lei.
ARTIGO 34.º ARTIGO 40.º
(Dúvidas e omissões)
(Competência)
As dúvidas e omissões que se suscitarem da interpre-
Compete aos órgãos da administração central e local do tação e aplicação da presente lei são resolvidas pela
Estado aplicar as medidas punitivas previstas na presente Assembleia Nacional.
lei, sem prejuízo das competências dos órgãos judiciais
competentes. Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda,
ARTIGO 35.º aos 28 de Junho de 2007.
(Destino das multas)