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Coimbra, 2018
Sumário
1. Aspectos Introdutórios
2. Análise do Acórdão
2.1. Dos fatos
2.2. Problematização
2.3. Solução adotada pelo acórdão
3. Conclusões
Bibliografia
1. Aspectos Introdutórios
2. Análise do Acórdão
Processo: 08540/12
Secção: CA – 2º Juízo
Data do Acordão: 22/11/2012
Relator: Teresa de Souza
Descritores: PLANO DIRECTOR MUNICIPAL
CONSTRUÇÃO DE IMÓVEL
PISOS
CÉRCEA
FUNDAMENTAÇÃO
Sumário: I – Quando a lei fixa o limite do número de pisos, tem em vista a
cércea do edifício, Ou seja, o valor máximo que é permitido em
altura numa determinada zona, excluindo as caves sem frente
livres abaixo do solo;
II – Como a edificação aqui em causa possui 4 pisos acima da
cota média do terreno, nada se demonstra sobre a frente livre do
piso abaixo dela, a deliberação impugnada a os actos
consequentes não violam os preceitos dos arts. 50º, n 2 do PDM
de Alcobaça e 14º, nº 1 do Dec. Reg. 32/93, de 15/10.
III – Se um parecer, face ao tipo de acto administrativo em
concreto, expressa através de sucinta exposição dos fundamentos
de facto e de direito os motivos por que se propõe o deferimento
da pretensão, tendo o acto impugnado, ao remeter para este
parecer, concordando com o mesmo, mostra-se cumprida a
previsão do art. 125º, nº 1 do CPA.
2.2. Problematização
Recorrendo da decisão que julgou procedente o pedido de declaração de
nulidade do ato camarário, que deferiu a construção referida, o Município interessado
argumenta o erro do julgador ao interpretar a norma do n.º 1 do artigo 14º do Decreto
Regulamentar nº 32/93, de 15 de outubro, combinado com o que dispõe o n.º 2 do artigo
50º do Plano Diretor Municipal de Alcobaça, onde se estabelece o número máximo de
pisos nos novos edifícios de São Martinho do Porto.
Pelas razões do recorrente entende-se que: (i) primeiramente, aplica-se no
espaço urbano de São Martinho do Porto as regras do Dec. Reg. nº 32/93 em relação aos
pedidos de licenciamento de obra, obedecida a norma do n.º 2 do art. 50 do Plano
Diretor Municipal, sendo importante, in casu, ressaltar o enunciado do nº 1 do art. 14º
onde se prevê que as novas edificações não podem exceder o número máximo de quatro
pisos; (ii) no tocante a norma ressaltada é que o julgador a quo induziu-se em erro ao
dar ao caso a interpretação literal da norma que o rege, pois, muito embora haja
previsão expressa de que edificação não deve ultrapassar os quatro pisos, a ratio júris da
norma diz respeito “a integração urbanística dos novos edifícios, a salvaguarda da
estética urbana e a proteção de direitos de terceiros a um ambiente urbano sadio, arejado
e iluminado”, de modo que, visto sob a ótica finalística da lei, percebe-se que o
legislador não quis impedir a construção de pisos subterrâneos nas hipóteses em que o
pedido de construção já contém quatro pisos acima da cota média do terreno, mas tão
somente estabelecer um limite para a altura dos prédios.
Em resposta aos argumentos em epígrafe o recorrido expõe que: (i) não houve
erro de interpretação e que o Tribunal recorrido privilegiou a literalidade da lei, partindo
da premissa que, acaso o legislador quisesse regular a altura dos prédios e não o número
de pisos, que teria utilizado no texto da lei expressão que desse azo a tal interpretação,
considerando ainda que a pretensão da recorrente é contra legem; (ii) e argumenta que
“não é inocente a opção do legislador quanto à escolha da cota média do terreno e não
da cota soleira. Pois, <ao ser referido na norma em exegese a cota média do terreno (e
não a cota soleira), o legislador evita aquela possível situação (relativa à cave com e
sem frente livre) e as suas querelas conceituais e abraça uma realidade que impõe
como nível de aferição, mais objectivamente, a cota média do terreno)>;
fundamentando no art. 9º n.ºs 2 e 3 do Código Civil expõe que o aplicador deve
presumir que o “legislador consagrou as soluções mais acertadas e soube exprimir o
seu pensamento em termos adequados”, não sendo possível que se dê, ao n.º 1 do art. 14
do Dec. Reg. 32/93 interpretação diversa.
3. Conclusões