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Instituto Superior de Contabilidade e Auditoria de Moçambique

Resolução da Ficha 3 de Exercícios


Nome: Joaquim Ernesto Macuácua Turma: Contabilidade e Finanças
Turno: Pós-Laboral Disciplina: Introdução ao Direito

1. Distingue de forma clara e sucinta os seguintes conceitos:


a) Capacidade de gozo e capacidade de exercício.
R: Capacidade de gozo conferem base jurídica ao gozo das coisas ( uso e fruição-
artigo.1439.̊ do Codigo Civil)
-E Capacidade de Exercício é a aptidão de exercer por sí os atos da vida civil. E
adquire-se com a maioridade.
b) Direitos patrimoniais e direitos não patrimoniais/pessoais.
R: Direitos patrimoniais são os de valor económico,direito do uso económico da
exploração e utilização da obra. Ex: objecto de venda, exploração...
E Direitos não Patrimoniais são os referentes a pessoa Humana. Ex: direito a vida, à
liberdade...
c) Negócios jurídicos unilaterais e negócios jurídicos bilaterais/contratos.
R: Negócios júridicos unilaterais são aqueles que se realizam mediante uma única
manifestação de vontade. Ex: testamentos
E Negócios júridicos bilaterais ocorrem quandohá duas manifestações de vontade, em
sentido oposto, dados simultaneamente. Ex: Contratos

d) Interpretação autêntica e interpretação judicial.


R: Interpretação autêntica é a que emana do própio legislador, quando edita uma norma
com o objectivo de esclarecer o conteúdo de outra lei.
E Interpretação judicial é a que é realizada pelos júizes ou tribunais ( orgão do poder
judicial) em que aplicacam a lei no caso concreto.
2. Comente as seguintes frases:

a) A interpretação só se torna necessária nos casos em que a lei não se figura clara. Porque
efectivamente a lei se reduz à letra da lei, daí que a lei clara não necessita de
interpretação.
R: Discordo com a frase, pois a interpretção não se torna necessária só nos casos em que
a lei não se figura clara, mas sim em todos os casos independentemente de a mesma ser
clara ou não, e a mesma interpretação não deve cingir-se a letra da lei segundo o artigo 9. ̊
nr.1 do Código Civil.
b) Como vimos já, o nosso ordenamento jurídico é constituído por um vasto conjunto de
leis. Por vezes surgem situações da vida que têm que ser tuteladas juridicamente, mas a
respectiva solução jurídica não se encontra directamente da lei, pelo que o julgador pode
simplesmente optar por não tomar qualquer decisão relativamente a esses casos.
R: Discordo, porque esta frase versa em torno de integração de lacunas impossibilitando
o julgador de não tomar qualquer decisão independente de a solução júridica não se
encontrar na lei.
De partida podemos olhar o artigo 8.̊ nr. 1 do CC., que exclui a hipótese de o juiz recusar
o julgamento alegando a falta ou a obscuridade da lei.
E nesses casos deve-se tomar como base o artigo 10.̊ do CC., onde existem duas formas
de resolver esse tipo de caso: a primeira está no nr.1 do mesmo artigo que diz que devem
ser usados casos análogos e a outra forma no nr. 3, em que o julgador deverá criar uma
noema.

3.Na sequência de desacatos ocorridos em Abril de 2020, no Estádio da Machava, que levaram a
violentas agressões entre membros das diferentes claques, foi publicado o Decreto-Lei n.º
22/2021 com o seguinte teor: “É proibida a entrada em estádios de futebol com quaisquer
objectos contundentes”.

a. Um mês depois, um jogo de futebol entre o Costa do Sol e o Ferroviário da Beira,


nove agendes da PRM, encarregados de viagiar o derby, pretendem entrar no Estádio
do Zimpeto com pistolas e cassetetes.
R: O caso em análise levanta o problema da interpretação das leis. Partindo no caso de
uma interpretação essencialmente objectiva, importa proceder à interpretação do
enunciado jurídico que o caso nos apresenta. O que importa determinar em concreto na
norma em análise é o conjunto de destinatários a que a norma se dirige; para tal é
importante ter em atenção os elementos da interpretação que são indispensáveis para que
o intérprete possa determinar o sentido da lei. Atendendo ao sentido literal (art. 9.º, n.º1,
1.ª parte do C.C.) , a norma parece abarcar também os agentes da PRM encarregados de
viagiar o derby. Se tivermos em linha o elemento teleológico (art.º 9º, n.º 1, 2.ª parte do
C.C.), ou a razão de ser a lei, percebe-se que que a norma em causa tem como ratio evitar
ferimentos nos intervenientes do jogo, nos adeptos assim como evitar a danos no
património; por outro lado o elemento histórico (art.º 9º, n.º 1, in fini do C.C.) não deixa
de ser relevante, dado que a lei foi aprovada na sequência de agressões entre adeptos
justamente num jogo de futebol. Ao analisarmos estes elementos todos atendendo à
norma em causa, concluímos que os agentes de segurança não estão abrangidos pelos
destinatários da norma, ainda que a letra da lei não se figure clara neste aspecto, uma vez
que a função dos agentes da PRM é justamente assegurar a segurança de todos os que se
encontram no derby. Como tal a lei não pode se aplicar aos agentes da PRM, o que
significa que se deve fazer uma interpretação restritiva da lei. A interpretação restritiva
(interpretação quanto ao resultado), estando por via disso os agentes permitidos de entrar
nos estádios armados.
b. Por sua vez, Thando também quer entrar no estádio com uma garrafa de vidro de água
com capacidade de um litro e meio. 4V
R: No que tange a segunda sub-hipótese, traz-nos um problema que consiste em
determinar a qualificação do termo “objecto contundente”, dado que à primeira vista,
Thando fez-se ao estado com uma garrafa de água o que é normal por parte de
espectadores em eventos de tal natureza. Aqui, importa determinar se a garrafa de água
de Thando pode ser qualificada como um objecto contundente. Muitas vezes o legislador
recorre ao uso de termos vagos com o intuíto de permitir uma maior adaptabilidade das
soluções legais às circunstâncias que possam advir dos casos concretos. Fica deste modo,
a determinação do sentido dos termos nas mãos do aplicador da norma, os juízes,
atendendo e valorando caso a caso, submissindo a norma para determinar o sentido das
expressões vagas. Atendendo ao elemento lieral podemos determinar que ao se referir à
“obejctos contundentes” o legislador quis qualificar todos os objectps duros, pesados que
podem causar uma contusão, ou seja ferimentos ou outros danos ao corpo humano. Posto
isto, a garrafa de Thando que é de vidro e com uma capacidade de um litro e meio, é
susceptível de causar ferimentos em pessoas, assim como pode partir-se e dar origem a
outros objectos contundentes e até mesmo corto-contundentes ainda mais perigosos. Não
sobram dúvidas que a garrafa de Thando subssume-se à norma em causa por isso que o
mesmo se encontra proibido de se fazer ao estádio com a garrafa. Chegamos assim a uma
interpretação declarativa lata da norma, porque a letra da lei e o espírito coincidem.

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