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TRIBUNAL DE JUSTIÇA

PODER JUDICIÁRIO
São Paulo

Registro: 2017.0000537961

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº


1113830-93.2015.8.26.0100, da Comarca de São Paulo, em que é
apelante SISTEMA PAULISTANO DE ENSINO LTDA EPP, é apelado
WES EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS S/A.

ACORDAM, em 26ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de


Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram
provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator,
que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos.


Desembargadores FELIPE FERREIRA (Presidente) e ANTONIO
NASCIMENTO.

São Paulo, 27 de julho de 2017.

Vianna Cotrim
RELATOR
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO
APELAÇÃO
Nº 1113830-93.2015.8.26.0100
SEÇÃO DE DIREITO PRIVADO 26ª CÂMARA

APELANTE: SISTEMA PAULISTANO DE ENSINO LTDA EPP


APELADO: WES EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS S/A
COMARCA: SÃO PAULO

EMENTA: Locação Despejo para reforma do


imóvel - Anulação para realização de perícia
oficial do juízo Descabimento Elementos dos
autos suficientes para a elucidação dos fatos
Divergência entre as partes quanto à metragem
mínima da nova construção para o atendimento do
acréscimo de 50% sobre a área útil do imóvel
locado Alvará da Prefeitura que menciona a área
total da nova construção que, porém, envolve dois
terrenos e não apenas o imóvel locado - Laudo
trazido pelo autor bem elaborado que equaciona a
área cabível a cada um dois imóveis, cujo poder de
convencimento não restou superado pelo laudo da
ré, sucinto e bem menos detalhado Nova obra
que alcançará a metragem mínima reclamada pela
própria ré Despejo confirmado Improvimento.

VOTO N° 37.381
(processo digital)

A r. sentença de fls. 184/186, cujo relatório é


ora adotado, julgou procedente a ação de despejo. Apelou o réu, a fls.
198/206, brandindo pela anulação da sentença, porquanto proferida
antecipadamente e sem a realização da necessária prova técnica
especificada por ambas as partes; houve, portanto, cerceamento de
defesa; destaca que os mais de seis mil metros quadrados de
construção mencionados na sentença não se referem apenas ao

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APELAÇÃO
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imóvel locado; imprescindível, pois, a retomada da instrução para a


realização de prova técnica.

Processado o recurso e apresentadas


contrarrazões, subiram os autos, sobrevindo o recebimento do
reclamo.

É o relatório.

Trata-se de ação de despejo fundada no


artigo 53, II da lei 8.245/91. A discussão travada nos autos busca
esclarecer se a obra a ser realizada pelo locador atinge o mínimo de
50% de aumento em relação à área útil do imóvel locado para fins de
autorizar o despejo.

Ao contrário do sustentando no recurso,


verifico que há elementos de convencimento suficientes para proferir
julgamento, não reclamando a hipótese a anulação para a realização
de perícia técnica.

Inicialmente, há divergência entre as partes


sobre a extensão da área útil do imóvel. Considerando o entendimento
de cada uma das partes quanto à extensão desta área e aplicando-se
o aumento de 50% sobre cada caso, a construção deveria atingir
1.547,99 m² de área útil, segundo o autor e de 2.221,82 m², segundo a

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ré.

A r. sentença considerou a questão


superada diante do total da área da nova construção informado no
Alvará de Aprovação de Edificação Nova expedido pela Prefeitura (fls.
33/35), no importe de 6.525,22 m².

Insurge-se a instituição de ensino ré neste


recurso, argumentando que a metragem citada é o total da nova
construção que será realizada em dois terrenos (lotes 571 e 579 da
Rua Pelotas) e que um desses terrenos é locado a terceiro, de forma
que a totalidade da obra não pode ser utilizada como referência para
verificar o cumprimento da lei.

Embasada no parecer técnico por ela


acostado, insiste que o aumento da área locada será de apenas 2.161
m² ou 22% e, portanto, não teria o autor direito ao despejo.

O laudo apresentado pela autora, no


entanto, bem explicado e ilustrado com gráficos e croquis, aponta as
áreas do projeto relativas a cada um dos dois imóveis envolvidos na
obra, concluindo pela construção de 2.342,40 m² de área útil destinada
ao lote 579 (fls. 153), cujo poder de convencimento não restou
superado pelo sucinto laudo apresentado pela ré a fls. 94 e s.

Destaco que a área apontada, de 2.342,40

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m² de construção de área útil, excede aquele mínimo reclamado pela


própria ré, de 2.221,815 m², autorizando, portanto, o despejo
decretado, que ora se confirma.

Como se vê, os elementos dos autos


elucidaram a questão levantada independentemente de laudo oficial do
juízo, de modo que não se recomenda a anulação.

Finalmente, em atenção ao disposto no


artigo 85, § 11, do Código de Processo Civil de 2015, majoro os
honorários advocatícios para 12% do valor da causa.

Pelo exposto, por esses fundamentos, nego


provimento ao recurso.

VIANNA COTRIM
RELATOR

Apelação Nº 1113830-93.2015.8.26.0100 5

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