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UNIVERSIDADE DO DISTRITO FEDERAL PROFESSOR JORGE AMAURY MAIA

NUNES – UnDF

Culturas Digitais - Prof. Bruno G. Couto


Discente: Vitor Henrique Mota de Faria
Nº Matrícula: 2023200099
Resenha sobre o texto "A História em tempos de Guerras Culturais", de Arthur Avila, e
sua relação com a atualidade.

O texto "A História em tempos de Guerras Culturais", de Arthur Avila, busca


refletir sobre o conceito de guerra cultural a partir do debate que se formou nos Estados
Unidos, nas décadas de 1980 e 1990, acerca dos significados que a conquista do Oeste
norte-americano produziu para a formação do “mais querido” mito estadunidense. No Brasil,
um dos mitos mais difundidos pela academia conservadora foi o da democracia racial, crença
que difundia em nosso país que não havia discriminação racial, tendo em vista que as três
raças (branco, negro e indígena) viviam em harmonia.
Uma situação que presenciamos atualmente em nosso país, e inclusive foi uma
discussão vivida dentro da sala de aula na universidade nos últimos dias, é a questão da
Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Sem Terra (MST). Essa CPI,
iniciada pela bancada ruralista do congresso nacional, busca, além de criminalizar o
movimento, criar uma nova narrativa e, consequentemente, uma nova visão acerca do MST.
O movimento tem como missão, há anos, a luta pela reforma agrária no país, e justamente por
isso sempre sofreu ataques daqueles que perderiam com essa reforma, ou seja, os grandes
latifundiários. Essa luta não se dá apenas no campo material de fato, mas sobretudo é uma
guerra ideológica, que busca chancelar determinados projetos políticos.
O movimento do agro como locomotiva financeira do país é uma realidade construída
a partir de diversos aparelhos ideológicos, e isso podemos observar facilmente nas principais
mídias. Essa narrativa cria e enaltece uma ideia da agricultura como um valor cultural do
Brasil. Como Avila destaca, comentando sobre a disputa historiográfica do oeste
norte-americano, se valoriza muito mais uma narrativa mítica que inspira orgulho do que uma
narrativa verdadeira que “destrói as fantasias das pessoas comuns”1. Ou seja, a manipulação
da opinião pública estabelece uma unidade social acerca dessa questão, não aceitando os
questionamentos (fundamentados) de que o agro acaba destruindo o meio ambiente.
Sendo assim, observa-se que as disputas de narrativas trazem grandes impactos no
imaginário social, influenciando projetos políticos e determinando escolhas que influenciarão
profundamente nosso futuro. Portanto, se faz necessária a compreensão desses fenômenos
para descobrirmos as melhores formas de ação dentro desse contexto de guerras culturais.

1
DE AVILA, Arthur Lima. A História em Tempos de Guerras Culturais: o passado do oeste
norte-americano e a luta pública para definir a América nas décadas de 1980 e 1990. Anos 90, v. 18,
n. 33, p. 243-270, 2011.

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