Você está na página 1de 150

UNIVERSIDADE DE LISBOA

Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

TRADUÇÃO E VALIDAÇÃO DO QUESTIONÁRIO GLOBAL DE


ATIVIDADE FÍSICA (GPAQ) PARA A POPULAÇÃO ADULTA
PORTUGUESA

Mariana Ferreira Bernardino Ribeiro

Orientadoras:
Professora Doutora Maria Rita da Silva Alexandre Pinto (Orientadora)
Professora Doutora Elisabete Barata Fernandes (Coorientadora)

Dissertação especialmente elaborada para obtenção do grau de Mestre em Reabilitação


Cardiovascular

2023

1
UNIVERSIDADE DE LISBOA

Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa

TRADUÇÃO E VALIDAÇÃO DO QUESTIONÁRIO GLOBAL DE


ATIVIDADE FÍSICA (GPAQ) PARA A POPULAÇÃO ADULTA
PORTUGUESA

Mariana Ferreira Bernardino Ribeiro

Orientadoras:
Professora Doutora Maria Rita da Silva Alexandre Pinto (Orientadora)
Professora Doutora Elisabete Barata Fernandes (Coorientadora)

Dissertação especialmente elaborada para obtenção do grau de Mestre em Reabilitação


Cardiovascular

2023

2
“A impressão desta dissertação foi aprovada pelo Conselho Científico da
Faculdade de Medicina de Lisboa em reunião de 26 de abril de 2022.”

3
“Grit is passion and perseverance for very long-term goals. Grit is having stamina. Grit is
sticking with your future, day-in, day-out. Not just for the week, not just for the month, but
for years. And working really hard to make that future a reality. Grit is living life like it’s a
marathon, not a sprint.”
(Angela Lee Duckwor)

4
AGRADECIMENTOS
À Professora Doutora Rita Pinto, pela orientação excecional ao longo desta caminhada. Pela
sua infinita disponibilidade e perseverança. Por acreditar sempre nas minhas capacidades e
competências, desafiando-me a ir mais além. Uma verdadeira fonte de inspiração e motivação.

À Professora Doutora Elisabete Fernandes, pela sua importante ajuda no tratamento dos
dados estatísticos e por me transmitir sempre ânimo, leveza e alegria, através das suas palavras de
incentivo e apreço.

Ao Professor Doutor Xavier Melo, à Professora Maria Isabel Barbosa, ao José Manuel Fiuza e
ao Sérgio Carvalho, pelo precioso auxílio nas etapas de tradução e adaptação cultural do Questionário
Global de Atividade Física, versão 2 (GPAQv2).

À Doutora Matilde Fernandes, pelo seu acompanhamento e palavras generosas de


encorajamento, que foram um estímulo propulsor no decurso deste caminho.

À Organização Mundial de Saúde (OMS), autora do GPAQv2 na abordagem STEPwise para a


vigilância de fatores de risco de doenças crónicas não transmissíveis, por ter consentido a autorização
para o seu processo de tradução e validação.

À Mariana, Madalena e Gonçalo, pelas palavras de coragem, entreajuda e apoio na recolha de


dados.

A todos os participantes, pela amabilidade, dedicação e compromisso, sem os quais a


concretização deste trabalho não seria possível.

Ao Hélio, meu companheiro e colega desta jornada académica. Grata pelo companheirismo,
amizade e preocupação.

Ao Vitor, pelo ser humano incrível que é. Pela presença, momentos de partilha e por me
incentivar a olhar para as dificuldades como uma janela de oportunidade.

Aos meus amigos, em especial ao Fábio e Manuel, pela amizade, preocupação e ternura. Por
estarem sempre presentes e por me alegrarem, mesmo nos momentos de maior ânsia e adversidade,
com o aconchego de um abraço e o brilho de um sorriso.

À Catarina, (melhor) amiga de todas as horas. Pessoa-sol. Pela força, coragem e esperança que
me transmitiu e por caminhar ao meu lado.

5
À minha família, particularmente ao André e Alexandre, por serem os primos-irmãos, cuja
irmandade não é traduzível por palavras. Obrigada pelo vosso carinho e proteção.

Ao Avô João, Avô Manel e Avó São, por serem as minhas estrelas guia no firmamento.

Aos meus pais, Anete e António, a quem dedico este trabalho. Pedras basilares e responsáveis
pela pessoa que sou. Eternamente grata pelo vosso amor incondicional e pelos valores que me
transmitiram.

A todos, o meu bem-haja!

6
LISTA DE ABREVIATURAS E/OU SIGLAS

AF Atividade Física
AFM Atividade Física Moderada
AFV Atividade Física Vigorosa
AFMV Atividade Física Moderada a Vigorosa
CS Comportamento sedentário
DE Dispêndio energético
DEAF Dispêndio energético em atividade física
DET Dispêndio energético total
DCV Doença Cardiovascular
FC Frequência Cardíaca
GPAQ Questionário Global de Atividade Física
h/d Hora por dia
IPAQ-LF Questionário Internacional de Atividade Física, forma longa
IPAQ-SF Questionário Internacional de Atividade Física, forma curta
Kcal Quilocalorias
Kg Quilograma
METs Equivalentes metabólicos
Mins Minutos
Mins/sem Minutos por semana
Mins/d Minutos por dia
OMS Organização Mundial de Saúde
O2 Oxigénio

7
RESUMO

Introdução: A atividade física (AF) é um eixo fundamental de um estilo de vida saudável,


desempenhando um papel importante de carácter preventivo e protetor da doença. Métodos
subjetivos, como os questionários, são dos instrumentos mais utilizados para a avaliação do padrão de
AF na área da Epidemiologia. O Questionário Global de Atividade Física (GPAQ), desenvolvido pela
Organização Mundial de Saúde (OMS), tem sido amplamente utilizado na avaliação da AF da população
adulta em diversos países, no âmbito da vigilância de fatores de risco para as doenças crónicas não
transmissíveis. Porém, ainda não foi validada a sua versão em português europeu.

Objetivo: Este estudo tem como objetivo validar o Questionário Global de Atividade Física, versão 2,
(GPAQv2), por autoadministração, para a população adulta portuguesa, por comparação a um método
subjetivo (International Physical Activity Questionnaire-Long Form (IPAQ-LF)) e a um método objetivo
(acelerometria).

Métodos: Este trabalho consistiu num estudo transversal, observacional e prospetivo que incluiu duas
fases: qualitativa e quantitativa. A primeira contemplou os processos de tradução (do questionário
original, em inglês, para português europeu) e adaptação cultural do GPAQv2. A segunda englobou a
avaliação das suas propriedades psicométricas (fiabilidade e validade). Foram recrutados 118
participantes, com o intuito de avaliar o seu padrão de AF e comportamento sedentário (CS) através
do GPAQv2, por autoadministração. O processo de validação foi efetuado por comparação das
variáveis avaliadas pelo IPAQ-LF (validade concorrente) e utilização do acelerómetro ActiGraph
wGT3X-BT (validade de critério). A AF e o CS foram avaliados em dois momentos (M1 e M2), no início
do estudo e após sete dias consecutivos. Inicialmente, procedeu-se a uma Análise Exploratória dos
Dados. Posteriormente, a técnica Teste-Reteste foi utilizada para a análise da fiabilidade do GPAQv2,
através do teste de Kappa (k) e do Coeficiente de Correlação Intraclasse (CCI). A validade foi aferida
pelo Coeficiente de Correlação de Spearman (rho) e a concordância entre os métodos – GPAQv2 versus
acelerómetro -, pela análise gráfica Bland-Altman. A AF foi avaliada em minutos/semana (min/sem) e
o CS adicionalmente em horas/dia (h/d).

Resultados: O estudo incluiu 108 participantes adultos (38.94 ± 11.45 anos; 50.9% do sexo masculino)
que completaram todas as avaliações. A fiabilidade variou de forte a quase perfeita (k: 0.864-0.976,
p < 0.001) e de moderada a excelente (CCI: 0.562-0.994, p < 0.001), para variáveis categóricas e
variáveis contínuas do GPAQv2, respetivamente. Verificou-se uma correlação moderada a substancial
entre IPAQ-LF e GPAQv2 (rho: 0.471-0.680, p < 0.001) e uma validade de critério de razoável a
substancial (rho: 0.226-0.672, p < 0.05) entre os resultados do acelerómetro e do GPAQv2. Os gráficos
de Bland-Altman mostraram que o GPAQv2 superestimou a atividade física vigorosa (AFV) em 109.67

8
min/sem (-204.14 a 423.48) e a atividade física moderada a vigorosa (AFVM) em 93.62 min/sem
(-347.18 a 534.42); e subestimou a AFM em 16.05 min/sem (-327.91 a 295.80). A maior diferença
encontrada, 172.67 min/sem (2.88 h/d), incidiu sobre o CS, uma vez que GPAQv2 subestimou o tempo
despendido nesta atividade de baixo dispêndio energético.

Conclusões: O GPAQv2, por autoadministração, apresenta fiabilidade e validade aceitáveis para a


avaliação do padrão de AF e CS da população adulta portuguesa. Contudo, embora tenha sido obtida
uma validade de critério de razoável a substancial, deve ter-se em consideração que os níveis de AF
reportados pelo GPAQv2 foram superiores aos avaliados pela acelerometria, nomeadamente para a
AFV e AFVM, e inferiores para a AFM e CS.

Palavras-chave: Atividade Física; Questionários; Acelerómetro; Validade; Comparação de métodos.

9
ABSTRACT

Background: Physical activity (PA) is a fundamental component of a healthy lifestyle, playing an


important preventive and protective role against disease. Subjective methods, such as questionnaires,
are among the most used instruments for assessing the pattern of PA in epidemiological studies. The
Global Physical Activity Questionnaire (GPAQ), developed by the World Health Organization (WHO),
has been widely used in the assessment of PA in the adult population in several countries, within the
scope of surveillance of risk factors for chronic noncommunicable diseases. However, the European
Portuguese version has not yet been validated.

Purpose: This study aims to validate the Global Physical Activity Questionnaire, version 2, (GPAQv2),
by self-administration, for the Portuguese adult population, by comparison with a subjective method
(International Physical Activity Questionnaire-Long Form (IPAQ-LF)) and an objective method
(accelerometry).

Methods: This work consisted of a cross-sectional, observational and prospective study that included
two phases: qualitative and quantitative. The first included the translation process (from the original
questionnaire, in English, to European Portuguese) and cultural adaptation of the GPAQv2. The second
included the assessment of psychometric properties (reliability and validity). A total of 118 participants
were recruited in order to assess their PA pattern and sedentary behavior (SB) through the GPAQv2,
by self-administration. The validation process was carried out by comparing the variables evaluated by
the IPAQ-LF (concurrent validity) and using the ActiGraph wGT3X-BT accelerometer (criterion validity).
PA and SB were evaluated in two moments (M1 and M2), at baseline and after seven consecutive days.
Initially, an Exploratory Analysis of the data was carried out. Subsequently, the Test-Retest technique
was used to analyze the reliability of the GPAQv2, through the Kappa test (k) and the Intraclass
Correlation Coefficient (ICC). Validity was assessed by Spearman's Correlation Coefficient (rho). The
agreement between GPAQv2 versus accelerometer was evaluated by Bland-Altman graphical analysis.
PA was evaluated in minutes/week (min/week) and SB in hours/day (h/d) additionally.

Results: The study included 108 adult participants (38.94 ± 11.45 years; 50.9% male) that completed
all assessments. Reliability ranged from strong to almost perfect (k: 0.864-0.976, p < 0.001) and from
moderate to excellent (ICC: 0.562-0.994, p < 0.001), for GPAQv2’s categorical and continuous variables,
respectively. There was a moderate to substantial correlation between IPAQ-LF and GPAQv2
(rho: 0.471-0.680, p < 0.001) and a fair to substantial criterion validity (rho: 0.226-0.672, p < 0.05)
between the accelerometer and GPAQv2. Bland-Altman plots showed that GPAQv2 overestimates
vigorous physical activity (VPA) by 109.67 min/week (-204.14 to 423.48) and moderate to vigorous
physical activity (MVPA) by 93.62 min/week (-347.18 to 534.42); and underestimated the moderate
10
physical activity (MPA) by 16.05 min/w (-327.91 to 295.80). The highest difference found was related
to SB, 172.67 min/week (2.88 h/d), since GPAQv2 underestimated the sitting time.

Conclusions: The GPAQv2, by self-administration, has an acceptable validity and reliability for
assessing the pattern of PA and SB in the Portuguese adult population. However, despite the fair to
substantial criterion validity obtained, it should be taken into account that the levels of PA reported
by GPAQv2 were higher than those assessed by accelerometry, namely for VPA and MVPA, and lower
for MPA and SB.

Keywords: Physical Activity; Questionnaires; Accelerometer; Validity; Comparison of methods.

11
ÍNDICE
RESUMO....................................................................................................................................... 8
ABSTRACT .................................................................................................................................. 10
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 13
1. REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................................... 16
1.1. ATIVIDADE FÍSICA ...................................................................................................................... 16
1.2. QUANTIFICAÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA.......................................................................................... 17
1.3. ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE ......................................................................................................... 19
1.3.1. Recomendações para a prática de Atividade Física ......................................................... 22
1.3.2. Comportamento Sedentário ............................................................................................. 25
1.4. MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA .............................................................................. 29
1.4.1. Métodos de critério/referência ........................................................................................ 29
1.4.2. Métodos objetivos ............................................................................................................ 32
1.4.3. Métodos subjetivos .......................................................................................................... 48
1.5. TRADUÇÃO E VALIDAÇÃO PSICOMÉTRICA DE INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO ........................................ 56
2. METODOLOGIA................................................................................................................... 60
2.1. DELINEAMENTO DO ESTUDO ....................................................................................................... 60
2.2. POPULAÇÃO ALVO/PARTICIPANTES .............................................................................................. 60
2.2.1. Questões Éticas ................................................................................................................ 62
2.3. INSTRUMENTOS E EQUIPAMENTO UTILIZADO.................................................................................. 62
2.3.1. Questionários de Atividade Física .................................................................................... 62
2.3.2. Acelerometria ................................................................................................................... 64
2.3.3. Fase qualitativa: Processo de Tradução e Adaptação do GPAQv2 .................................. 64
2.3.4. Fase quantitativa e de recolha de dados ......................................................................... 68
2.4. VARIÁVEIS ................................................................................................................................ 69
2.5. MÉTODOS ESTATÍSTICOS UTILIZADOS ........................................................................................... 70
3. RESULTADOS ...................................................................................................................... 72
3.1. DESCRIÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS AMOSTRAIS ............................................................................... 72
3.2. ANÁLISE DOS RESULTADOS ......................................................................................................... 75
3.2.1. Fiabilidade ........................................................................................................................ 75
3.2.2. Validades de Critério e Concorrente................................................................................. 78
3.2.3. Análise da Concordância GPAQv2-acelerómetro ............................................................. 80
4. DISCUSSÃO ......................................................................................................................... 83
4.1. LIMITAÇÕES.............................................................................................................................. 88
5. CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 91
5.1. DIREÇÕES FUTURAS ................................................................................................................... 91
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................................... 93
ANEXOS E APÊNDICES ............................................................................................................... 127

12
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1. Representação esquemática dos momentos de avaliação. .................................................... 60
Figura 2. Diagrama do número de participantes incluídos e excluídos do estudo................................ 62
Figura 3. Gráfico Bland-Altman: Atividade Física Moderada (AFM) GPAQv2 vs. Acelerometria .......... 81
Figura 4. Gráfico Bland-Altman: Atividade Física Vigorosa (AFV) GPAQv2 vs. Acelerometria. ............. 81
Figura 5. Gráfico Bland-Altman: Atividade Física Moderada a Vigorosa (AFMV) GPAQv2 vs.
Acelerometria. ....................................................................................................................................... 82
Figura 6. Gráfico Bland-Altman: Comportamento Sedentário (CS) GPAQv2 vs. Acelerometria. .......... 82

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Recomendações para a prática de AF, em adultos aparentemente saudáveis......................24


Tabela 2. Categorização do nível de Atividade Física em função do número de passos/dia de Tudor-
Locke et al. (2008) .................................................................................................................................. 34
Tabela 3. Descrição dos estudos do Actigraph, equações de preditivas e pontos de corte
correspondentes em adultos ................................................................................................................. 42
Tabela 4. Traduções independentes (Versão A e B) do GPAQv2 ........................................................... 65
Tabela 5. Comparação entre a Versão original e a versão retrotraduzida do GPAQv2 ........................ 66
Tabela 6. Características da amostra do pré-teste ................................................................................ 67
Tabela 7. Único comentário de um inquirido na realização do Pré-teste ............................................. 68
Tabela 8. Caracterização sociodemográfica da amostra do estudo ...................................................... 73
Tabela 9. Padrão da Atividade Física da amostra de acordo com a Acelerometria, GPAQv2 e IPAQ-LF
................................................................................................................................................................ 74
Tabela 10. Resultados da fiabilidade (Teste-Reteste) para o valor do Kappa (de Cohen) .................... 76
Tabela 11. Resultado da análise da fiabilidade (Teste-Reteste) com o valor do Coeficiente de Correlação
Intraclasse (CCI)...................................................................................................................................... 77
Tabela 12. Validade de critério e concorrente entre os pares: GPAQv2 e acelerómetro e GPAQv2e IPAQ-
LF. ........................................................................................................................................................... 79

13
INTRODUÇÃO

A prática regular de atividade física (AF) é reconhecida como uma componente fundamental
de um estilo de vida salutogénico pelos seus múltiplos benefícios comprovados na promoção da saúde
e prevenção de diversas doenças crónicas, a nível individual e coletivo (World Health Organization,
2018). Todavia, ao longo das últimas décadas tem-se verificado um aumento exponencial dos níveis
de inatividade física da sociedade contemporânea (Nikitara et al., 2021), bem como, de um estilo de
vida cada vez mais sedentário (Stamatakis et al., 2019), pelo que atualmente a inatividade física é
considerada como o quarto fator de risco de mortalidade global (World Health Organization, 2010).

Neste sentido, o incremento dos níveis de AF tornou-se uma prioridade das políticas de saúde
pública, sendo este planeamento apenas exequível tendo como base dados epidemiológicos alusivos
à prevalência dos níveis de AF das populações (Hallal et al., 2012). Esta preocupação crescente tem-se
manifestado através do desenvolvimento e implementação de intervenções promotoras da AF,
embora com efeitos limitados e pouco eficazes (Baranowski, 2019; Lewis et al., 2017).

Perante este cenário, o desenvolvimento de instrumentos de avaliação torna-se essencial para


a monitorização da AF e análise de tendências do padrão do estilo de vida das populações (World
Health Organization, 2020c, 2020b).

A vigilância e monitorização dos níveis de AF da população só é possível caso existam


instrumentos de avaliação fidedignos e válidos e (Armstrong & Bull, 2006; Helmerhorst et al., 2012),
que permitam: recolher informação sobre a frequência, duração e distribuição da AF em populações
definidas; avaliar a prevalência das pessoas que cumprem as recomendações da prática de AF; avaliar
o efeito de várias intensidades de AF em determinados parâmetros específicos da saúde; efetuar
comparações transculturais e avaliar efeitos de intervenções (Wareham & Rennie, 1998), com precisão
e rigor.

Embora dispositivos como os acelerómetros tenham contribuído para aumentar a objetividade


e precisão da avaliação das componentes da AF, os métodos subjetivos por autorrelato,
nomeadamente os questionários, são dos instrumentos mais utilizados em estudos epidemiológicos
(Ainsworth et al., 2015; Sember et al., 2020), tendo a vantagem de ser aplicados a um elevado número
de pessoas e com baixos custos associados (Strath et al., 2013). Até à data, foram concebidos e
validados vários questionários de AF em diferentes países e culturas (Armstrong & Bull, 2006;
Helmerhorst et al., 2012). Porém, a maioria limita e enfatiza particularmente a AF de lazer e nem
sempre contempla a AF realizada nos restantes domínios, como o trabalho ou a deslocação entre
locais, que são parte integrante do contexto de vida diária (Armstrong & Bull, 2006; Bull et al., 2009).
13
Esta fenda incitou a necessidade do desenvolvimento de um questionário fidedigno, válido e de
aplicabilidade padronizada, que permita uma comparação de dados internacional, atendendo a
diferenças culturais, nível socioeconómico e/ou de alfabetização e cujo idioma de origem fosse
diferente da língua universal – inglês (Armstrong & Bull, 2006; Bull et al., 2009; Helmerhorst et al.,
2012).

Assim, surge o Questionário Global de Atividade Física (GPAQ), elaborado pela Organização
Mundial de Saúde (OMS) como parte da abordagem STEPwise para a vigilância de fatores de risco de
doenças crónicas, resultando numa compilação e aprimoramento das versões longas e curtas do
Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), uma vez que o GPAQ avalia a AF em múltiplos
domínios (trabalho, deslocação entre locais e atividades de lazer), incluindo o comportamento
sedentário (CS) (Armstrong & Bull, 2006; World Health Organization, 2020c).

Apesar de implementado em mais de 100 países e vastamente utilizado (Mengesha et al.,


2019; Riley et al., 2016; Sember et al., 2020; Whiting et al., 2021; World Health Organization, 2011),
ainda não existe a tradução e validação do GPAQ, versão 2, (GPAQv2) para português europeu, estando
apenas traduzido para português do Brasil.

Face a esta lacuna e visto que o GPAQ é considerado pela OMS o questionário de referência
para a vigilância de fatores de risco para a saúde, emergiu o interesse de validar o mesmo para o
contexto cultural português, contribuindo assim para a uniformização da metodologia de recolha de
dados, passível de uma comparação de realidades internacionais, realçando a pertinência e
originalidade do trabalho de investigação em apreço.

Em consequência, a presente dissertação apresenta como objetivos:

Geral: Validar o GPAQv2 na população adulta portuguesa, através da comparação de um


método objetivo (acelerometria) e subjetivo (IPAQ-LF);

Objetivos específicos:

● Traduzir o GPAQv2 para português europeu;

● Adaptar o GPAQv2 ao contexto cultural português europeu;

● Analisar as propriedades psicométricas do GPAQv2.

Esta tese apresenta cinco capítulos estruturais. A presente introdução consiste na


apresentação do tema em questão, justificando a sua pertinência e relevância na atualidade, a par da
explicitação dos objetivos formulados. A revisão da literatura (1) elucida e fundamenta as diferentes

14
abordagens e conceitos fundamentais do trabalho, à luz das perspetivas teóricas. O capítulo seguinte
diz respeito à metodologia (2), o qual descreve todas as etapas do estudo efetuadas, desde o seu
delineamento, seleção da amostra, seguido dos instrumentos de pesquisa utilizados na recolha de
dados até à análise estatística realizada. A secção subsequente (3) integra a apresentação dos
resultados obtidos, mediante as variáveis utilizadas. Na discussão (4) é realizada a análise crítica dos
resultados, articulando com a evidência científica e hipóteses teóricas, terminando com a
apresentação das limitações do estudo em apreço. O último capítulo (5), sintetiza as principais
conclusões e recomendações futuras.

15
1. REVISÃO DA LITERATURA

1.1. Atividade física

A AF assume-se como componente inata ao ser humano, de natureza complexa e dinâmica,


manifestando-se através de diversas atividades (Nahas, 1996). A sua definição está descrita
amplamente na evidência científica em inúmeras publicações. Todavia, a definição mais consensual foi
apresentada em 1985 por Caspersen, Powell & Christenson. Para os autores, a AF assume-se como
qualquer movimento produzido pela musculatura esquelética, associado a um aumento do dispêndio
energético (DE), quando comparado com o de repouso (Caspersen et al., 1985).

A AF pode ser classificada como estruturada e não estruturada (Strath et al., 2013). As
atividades estruturadas são providas de uma intencionalidade e carecem de organização e planificação
específicas, mediante determinados objetivos. As atividades não estruturadas são caracterizadas pela
ausência de um planeamento, pelo que a espontaneidade e naturalidade são um critério fundamental,
concretizando-se na realização das atividades de vida diária em diferentes contextos, associadas ao
trabalho profissional ou formação, meio de deslocação entre locais, realização de tarefas domésticas,
entre outras (Caspersen et al., 1985; Strath et al., 2013).

Nesta linha de pensamento, importa clarificar o conceito de exercício físico, uma vez que é
frequente e erradamente considerado como sinónimo de AF. Na verdade, o exercício físico é uma
subcategoria da AF estruturada, no âmbito do domínio de lazer, e consiste no planeamento
sistemático, repetitivo e organizado de movimentos, com o objetivo de manter ou otimizar uma ou
mais componentes da aptidão física, provocando consequentemente, adaptações crónicas nos
diversos sistemas do organismo (Caspersen et al., 1985; Howley, 2001). Por sua vez, a aptidão física
distingue-se como a capacidade de executar as tarefas do dia-a-dia de forma satisfatória e vigorosa,
sem fadiga excessiva, e com energia para desfrutar de atividades de lazer e responder a situações de
emergência imprevistas (Caspersen et al., 1985; Vanhees et al., 2005). Este conceito agrupa um
conjunto de atributos adquiridos ou desenvolvidos, que permitem a realização da AF.

A AF sucede ao longo do dia, tendo em conta uma variedade de propósitos e ambientes, pelo
que pode agrupar-se em diversos domínios, nomeadamente:

● Domínio ocupacional: relacionado com atividades do trabalho profissional ou


académico/formativo;
● Domínio doméstico: realização de tarefas domésticas como cozinhar, limpar, lavar, executar
trabalhos de bricolage, entre outras;

16
● Domínio do transporte: referente à forma como a pessoa se desloca de um lado para o outro,
como por exemplo a pé, de carro ou bicicleta;
● Domínio de lazer: realização de atividades recreativas, como prática de desportos e hobbies
(Caspersen et al., 1985; Strath et al., 2013).

1.2. Quantificação da Atividade Física


A AF é um fenómeno complexo derivado do comportamento humano que ao envolver todo o
tipo de movimento, fisiologicamente, está intimamente relacionada com o DE em relação ao estado
de repouso (Strath et al., 2013). Porém, ambos os conceitos não são equivalentes (Ekelund, 2002;
Campaniço, 2016). A quantificação da AF não se restringe à conceção do DE, pelo que a identificação
do seu padrão é um fator relevante para a sua caracterização e avaliação. Deste modo, o padrão de AF
inclui variáveis como o tipo, a frequência, a duração, quantidade e intensidade, que permitem a sua
contextualização durante um período de tempo circunscrito (Ekelund, 2002; Strath et al., 2013).

O tipo de AF alude às diferentes atividades específicas realizadas, que podem distinguir-se


como:

● Atividade física aeróbia (também conhecida como endurance ou cardio): na qual os grandes
grupos musculares do corpo se movem de forma ritmada (Piercy et al., 2018), ao longo de um
período de tempo sustentado, utilizando o oxigénio como principal fonte de energia
metabólica (e.g. caminhar, dançar, entre outras) (Physical Activity Guidelines Advisory
Committee, 2018);

● Atividades de fortalecimento muscular: mantêm ou melhoram a força muscular, uma vez que
os músculos esqueléticos trabalham contra uma força ou resistência aplicadas (Piercy et al.,
2018). Geralmente envolvem atividades funcionais do dia-a-dia como levantar cargas pesadas,
carregar crianças ou subir escadas, bem como o uso de equipamento de ginásio com recurso
a máquinas de musculação, pesos livres ou elásticos (Physical Activity Guidelines Advisory
Committee, 2018);

● Atividades de fortalecimento ósseo: movimentos que produzem forças de impacto e carga


muscular no osso, aumentando assim a sua resistência à fratura (Physical Activity Guidelines
Advisory Committee, 2018). São comumente produzidas através de exercícios ou atividades
com impacto no solo, como o saltar ou dançar (Piercy et al., 2018);

● Atividades de equilíbrio: movimentos que desafiam com segurança, o controlo postural. Se


praticados com regularidade, melhoram a capacidade de resistir às forças intrínsecas ou
ambientais que causam desequilíbrios ou quedas. Andar na ponta dos pés é um exemplo deste
17
tipo de atividades (Lesinski et al., 2015; Physical Activity Guidelines Advisory Committee,
2018).

A frequência remete para o número de vezes em que se pratica a AF, habitualmente por dia
ou semana; e a duração indica a quantidade de tempo em que a mesma é praticada (e.g., minutos ou
horas) (Strath et al., 2013). A quantidade de AF pode ser caracterizada em termos de intensidade
absoluta ou relativa, volume total ou DE relacionado a uma AF, numa janela de tempo específica. Por
último, a intensidade pode ser categorizada como leve, moderada, vigorosa e muito vigorosa (US
Department of Health and Human Services, 1996). Entretanto, atualmente a terminologia mais usual
descreve a intensidade como leve, moderada e vigorosa (World Health Organization, 2020b).

A intensidade absoluta engloba a taxa de DE necessária para realizar uma atividade, não
considerando a capacidade fisiológica basal da pessoa, e refere-se à energia despendida durante um
período de tempo. Pode ser expressa através do consumo de oxigénio (VO 2), em litros por minuto
(l/min); do consumo de oxigénio em função do peso corporal (mL/kg/min); do DE, quilocalorias e/ou
quilojoules; ou como múltiplos do metabolismo em repouso, designado por equivalente metabólico
(MET) (Ekelund, 2002; Strath et al., 2013; US Department of Health and Human Services, 1996). A
expressão MET corresponde ao DE em repouso em função do peso do sujeito, assumindo-se como um
valor de referência para a classificação da intensidade das atividades (Montoye et al., 1996). Neste
seguimento, os valores de DE são expressos em múltiplos de METs, assumindo o valor padrão de 3.5
mL/kg/min (Freedson et al., 1998; Ekelund, 2002; Strath et al., 2013).

Na práxis, é frequente estratificar a intensidade absoluta segundo as seguintes categorias:


Sedentária: ≤ 1.5 METs; Leve: 1.6 a 2.9 METs; Moderada: 3.0 a 5.9 METs e Vigorosa: ≥ 6.0 METs (Pate
et al., 1995, 2008; Strath et al., 2013).

Relativamente à intensidade relativa, esta está relacionada com a capacidade máxima aeróbia
da pessoa (Howley, 2001), podendo ser descrita pela da percentagem do consumo máximo de O2 (%
VO2max); percentagem do consumo de oxigénio de reserva (% VO 2R) (Swain & Leutholtz, 1997); da
percentagem da frequência cardíaca máxima (% FCmax) (American College of Sports Medicine, 1995); e
percentagem da frequência cardíaca de reserva (% FCR) (Karvonen et al., 1957). Para além destes, pode
ser ainda avaliada em relação à perceção subjetiva de esforço da pessoa, durante a atividade, através
da escala de perceção do esforço (de Borg) ou Rating of Perceived Exertion Scale (RPE) (Scherr et al.,
2013; Howley, 2001; Strath et al., 2013).

O produto entre a intensidade relativa, duração e frequência corresponde ao DEAF num


intervalo de tempo específico, sendo considerado uma medida do volume da AF, que pode ser descrito
por exemplo em quilocalorias e METs/minutos (Ekelund, 2002; Howley, 2001; Campaniço, 2016). Esta
18
classificação em METs, multiplicados pelo tempo despendido na atividade é uma ferramenta útil para
a estimativa e classificação do DEAF (Kriska & Caspersen, 1997; Ekelund, 2002; Campaniço, 2016;
Ainsworth et al., 2011). O compêndio de Atividades Físicas integra cerca de 821 atividades específicas
motoras categorizadas, de acordo com os seus respetivos valores em METs, que facilitam e
uniformizam o cálculo do DE em adultos, consoante a sua intensidade, o que simplifica a codificação
de comportamentos autorreportados em questionários e diários de AF (Ainsworth et al., 2011).

Importa ainda clarificar que além do dispêndio energético em atividade física (DEAF), que pode
contribuir para cerca de 15-30% do dispêndio energético total (DET), existem outras duas
componentes:

● Metabolismo basal – referente à energia necessária para garantir as atividades metabólicas


essenciais para manutenção sistémica e vital do indivíduo, nomeadamente a respiração e a
circulação sanguínea, onde a sua contribuição pode chegar a 60-75% do DET (Sims & Danforth,
1987; Strath et al., 2013);

● Efeito térmico dos alimentos – definida como a energia canalizada para a digestão, absorção
e metabolismo dos alimentos ingeridos, podendo atingir cerca de 10% do DET (Katch et al.,
2011; Strath et al., 2013).

Assim, o DEAF é a componente que apresenta maior variabilidade tendo como referencial a
AF, o que sustenta a necessidade da sua avaliação criteriosa e rigorosa (Ekelund, 2002; Katch et al.,
2011; Paula, 2012; Strath et al., 2013).

1.3. Atividade Física e Saúde

Atualmente é irrefutável que a prática regular da AF tem efeito benéfico na saúde ao longo do
ciclo vital, fomentando a longevidade e a diminuição da incidência da doença. Além do carácter
preventivo e protetor, assume-se também como um coadjuvante terapêutico não farmacológico, na
gestão da cronicidade da doença, atuando tanto ao nível da prevenção primária como na prevenção
secundária (Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física, 2020; World Health Organization,
2020b).

Apesar da crescente evidência sobre os benefícios da AF para a saúde, o estilo de vida


fisicamente inativo das sociedades contemporâneas tem vindo a aumentar ao longo das últimas
décadas, tendo sido distinguido como um problema pandémico de saúde pública desde 2012 (Kohl et
al., 2012), especialmente nos países de rendimento médio a alto (Katzmarzyk et al., 2022). A
inatividade física é um dos principais fatores de risco modificáveis de doenças crónicas não
19
transmissíveis e mortalidade por todas as causas, entre as quais as doenças cardiovasculares são
duplamente líderes (World Health Organization, 2010, 2020a). As últimas estimativas apontam para
que 1.4 mil milhões de adultos não cumpram as recomendações para a prática de AF (Guthold et al.,
2018), sendo a inatividade física responsável por 6-10% das mortes por doenças não transmissíveis, a
nível global (Lee et al., 2012). Esta percentagem atinge maior expressividade nas doenças
cardiovasculares, como a diabetes (27%) e a doença cardíaca isquémica (30%) (World Health
Organization, 2009).

Além disto, a morbilidade associada à inatividade física tem consequências quer na qualidade
de vida da pessoa, enquanto ser individual, mas também a nível coletivo na dimensão
macroeconómica. Ding et al. (2016) comprovaram persuasivamente que a inatividade física custou aos
sistemas de saúde mundiais cerca de 53.8 mil milhões de dólares no ano de 2013. Outrossim, as mortes
atribuíveis a este fator de risco provocaram uma despesa adicional de 13.7 mil milhões de dólares em
perdas de produtividade e resultaram em 13.4 milhões de anos de vida com incapacidade (Ding et al.,
2016). Uma publicação recente é ainda mais inquietante, mostrando que são expectados 499.2
milhões de novos casos de doenças crónicas não transmissíveis até 2030, caso a prevalência da
inatividade física não se altere, resultando em cerca de 520 mil milhões de dólares em custos diretos
associados à saúde (Santos et al., 2023).

Facilmente se depreende, que a AF é componente essencial de um estilo de vida ativo e


saudável, associada à saúde. Inúmeros estudos epidemiológicos têm reforçado esta ideia,
documentando a existência de uma relação inversamente proporcional, dose-resposta, entre um estilo
de vida ativo e o risco de doença ou morte prematura (Schnohr, 2003; Warburton et al., 2010). Este
efeito espelha-se na redução do risco de mortalidade por todas as causas (Kraus et al., 2019; Physical
Activity Guidelines Advisory Committee, 2018); mortalidade e morbilidade por doença cardiovascular
(DCV) (Franklin et al., 2020); mortalidade por cancro; e melhoria na sobrevida e recidiva de
determinados tipos deste último (Brown & Gilmore, 2020; D’Ascenzi et al., 2021; Mctiernan et al.,
2019).

A evidência científica é bastante consistente e robusta na associação entre a AF regular e os


múltiplos benefícios para a saúde física e mental. Vários estudos têm demonstrado que pequenos
incrementos nos níveis de AF em pessoas fisicamente inativas conduzem a reduções acentuadas no
risco de doenças crónicas e ao nível da mortalidade (Stamatakis et al., 2019). Alguns estudos têm
relatado que os benefícios para a saúde podem ser alcançados com volumes baixos e de baixa
intensidade, em pessoas aparentemente saudáveis, bem como em pessoas que tenham doenças
crónicas diagnosticadas ou pré-existentes (Füzéki et al., 2017; Warburton et al., 2010). Além disto, é
consensual e inegável o potencial protetor que a AF tem ao longo de todo o ciclo de vida, sendo
20
transversal a populações especiais como crianças, grávidas ou mulheres em período pós-parto e idosos
(Physical Activity Guidelines Advisory Committee, 2018; Piercy et al., 2018).

São múltiplos os processos bioquímicos e fisiológicos que ocorrem no organismo derivados da


prática da AF regular, pelo que os seus benefícios se expressam de forma multissistémica (Pedersen &
Saltin, 2015; Sawan et al., 2023). Fortes evidências indicam que maior volume de AFMV diminui o risco
do desenvolvimento da doença arterial coronária, enfarte agudo do miocárdio, hipertensão arterial e
diabetes mellitus tipo II (Physical Activity Guidelines Advisory Committee, 2008, 2018), através da
indução de mecanismos adaptativos cardioprotetores antiarrítmicos (aumentando a variabilidade da
frequência cardíaca e diminuição da atividade adrenérgica); antitrombóticos (aumentando a fibrinólise
e diminuindo a agregação plaquetária e viscosidade sanguínea); anti-ateroscleróticos (otimização do
perfil lipídico, através do aumento da lipoproteína de alta densidade (HDL) e diminuição da
lipoproteína de baixa densidade (LDL), os triglicerídeos e a pressão arterial); e hemodinâmicos
(nomeadamente na remodelação cardíaca, aumentando o aporte sanguíneo coronário e a
concentração de óxido nítrico e diminuição da disfunção endotelial) (Fletcher et al., 2018; Kachur et
al., 2017).

No âmbito músculo-esquelético, verificam-se adaptações fisiológicas agudas e crónicas. A nível


de respostas agudas, ocorrem alterações nas fibras musculares recrutadas durante o esforço e um
aumento do fluxo sanguíneo local, que tem implicações diretas na intensificação da atividade
mitocondrial para a produção de energia, com o aumento da captação e utilização do oxigénio (O 2) e
remoção do dióxido de carbono (CO2) e metabolitos (Tucker et al., 2022). “As adaptações musculares
crónicas, permitem que o músculo treinado ou adaptado tolere maior carga mecânica e também
aumente a sua capacidade de resposta funcional” (Pereira, 2016, p. 33), culminando em hipertrofia
muscular, particularmente em treinos de força (American College of Sports Medicine, 2009; Campos
et al., 2002; Iversen et al., 2021).

Estes efeitos positivos estendem-se igualmente a nível metabólico através da promoção da


sensibilidade à insulina (Sawan et al., 2023) e diminuição da inflamação sistémica a longo prazo (Hamer
et al., 2012; Kachur et al., 2017), com tradução numa diminuição no risco de aumento de peso (Physical
Activity Guidelines Advisory Committee, 2018). Estudos recentes demonstraram igualmente que a AF
produz uma diminuição no risco do foro oncológico, nomeadamente no cancro da bexiga, mama,
cólon, endométrio, (adenocarcinoma do) esófago, rim, estômago e pulmão (Matthews et al., 2020;
Physical Activity Guidelines Advisory Committee, 2018).

No espetro da saúde mental, fortes evidências reforçam o impacto favorável da AFMV na


diminuição do risco de demência e incidência de depressão, destacando-se uma otimização ao nível

21
da função cognitiva (Barnes, 2015) (especialmente após a prática de AF aeróbia) e da qualidade do
sono (Physical Activity Guidelines Advisory Committee, 2008, 2018).

Nos idosos, existem resultados consistentes na relação entre a prática regular de AF e o


aumento da qualidade de vida desta população. A manutenção e melhoria da capacidade funcional,
redução do risco de fratura do colo do fémur e osteoporose, redução do risco de queda e risco de lesão
derivada desta são alguns dos outcomes mais reportados (Dipietro et al., 2019; Physical Activity
Guidelines Advisory Committee, 2018). Indivíduos considerados frágeis também beneficiam da prática
de AF regular (Physical Activity Guidelines Advisory Committee, 2018), baseada na combinação das
suas principais componentes (aeróbia, de força, potência, equilíbrio e flexibilidade), sendo que o treino
de força se evidencia por ser um elemento chave na prevenção da sarcopenia, principalmente neste
tipo de população vulnerável (Angulo et al., 2020).

1.3.1. Recomendações para a prática de Atividade Física

Tendo por base a crescente evidência que reconhece a preciosa relação entre AF e saúde, em
1975, emergiram as primeiras recomendações para a prática de AF, por parte do American College of
Sports Medicine (American College of Sports Medicine, 1978) e desde então, várias diretrizes têm sido
publicadas e atualizadas, à luz da evidência científica, por parte de entidades governativas e
profissionais. Na década de 90, existiu uma mudança gradual na corrente de pensamento, com
publicações de relevo por parte do Centers for Disease Control and Prevention (Pate et al., 1995) e do
U.S. Department of Health and Human Services, com a Report of the Surgeon General (1996),
enfatizando a importância da AF, como abordagem preventiva para as doenças crónicas não
transmissíveis no âmbito da saúde pública. As indicações normativas passaram a recomendar a
acumulação em adultos, de pelo menos, 30 minutos de AF moderada aeróbia, de preferência ≥ 5
dias/semana, com pelo menos 10 minutos de duração, uma vez que estudos observacionais e
experimentais revelaram resultados promissores relacionados com a saúde, com a prática de AFM ao
longo do dia (National Institutes of Health, 1995). Estas recomendações permitiram elucidar e
consciencializar a população, profissionais de saúde e dirigentes governativos sobre os benefícios
inerentes à prática regular de AF, clarificando a quantidade e intensidade necessárias para obter
ganhos em saúde e reduzir a incidência de doença (Pate et al., 1995).

Posteriormente, a partir do ano 2000, mediante a crescente literatura publicada alusiva aos
prejuízos de um estilo de vida menos ativo, foram realizadas diversas atualizações das diretrizes por
parte de várias organizações internacionais (Troiano et al., 2020). Foram exemplo disso, as
recomendações americanas publicadas em 2008 pelo US Department of Health and Human Services,
que chamaram à atenção para a inatividade física, afirmando: “Some activity is better than none”

22
(Physical Activity Guidelines Advisory Committee, 2008; Troiano et al., 2020; US Department of Health
and Human Services, 2008). Em simultâneo, surgiu uma preocupação adicional com populações
especiais, como crianças e adolescentes, idosos, grávidas, mulheres pós-parto e pessoas com
incapacidades, reafirmando os benefícios multidimensionais da AF na vertente física (cardiovascular,
muscular, óssea, controlo e gestão de peso, entre outras), incluindo a saúde mental e neurológica
como tópico de abordagem (Institute of Medicine, 2007).

Em paralelo, a OMS também tem vindo a desenvolver um trabalho intensivo no âmbito da


promoção da AF, alertando as nações e respetivas populações para a necessidade de sociedades mais
(fisicamente) ativas, através da implementação de políticas e soluções adequadas ao contexto
socioeconómico e cultural de cada país, com o objetivo de difundir, facilitar e incentivar a prática
regular desta (World Health Organization, 2018). No ano de 2010, esta organização publicou as
recomendações globais de AF para a saúde, nas quais para adultos (18-64 anos) aparentemente
saudáveis, aconselhou a realização de pelo menos 150 minutos de AF aeróbia de intensidade
moderada ao longo da semana, ou, pelo menos, 75 minutos de AF aeróbia de intensidade vigorosa, ou
a combinação equivalente de AFMV, esclarecendo que a atividade não tem de ser realizada de forma
contínua, podendo ser fracionada em períodos de pelo menos 10 minutos. Para benefícios adicionais
para a saúde, a prática de AF aeróbia de intensidade moderada poderia ser alargada para os 300
minutos semanais, ou realizar 150 minutos de AF aeróbia de intensidade vigorosa, ou uma combinação
equivalente de AFMV. Atividades de fortalecimento muscular foram igualmente sugeridas, envolvendo
os grandes grupos musculares, durante dois ou mais dias por semana (World Health Organization,
2010).

Estatísticas globais reportaram que 27.5% dos adultos (Guthold et al., 2018) e 81% dos
adolescentes (Guthold et al., 2020) não atingiam as recomendações da OMS de 2010 (World Health
Organization, 2010), sublinhando uma insignificante melhoria observada ao longo da última década.
Assim sendo, perante este cenário, em 2019, a OMS nomeou um grupo de trabalho responsável pelo
estudo e desenvolvimento das novas recomendações de saúde pública, para organizar e rever a
evidência científica mais recente relativa à quantidade de AF (contemplando a frequência, intensidade
e duração) e respetivos outcomes, relevantes para a saúde em crianças, adolescentes, adultos e idosos,
independentemente do sexo, origem cultural ou nível socioeconómico. Após consenso, em 2020,
foram divulgadas e publicadas para consulta coletiva, as recomendações de AF, para crianças e
adolescentes (incluindo aqueles que vivem com alguma incapacidade), adultos (dos 18 aos 64 anos,
incluindo portadores de alguma condição crónica ou incapacidade), idosos e grávidas (World Health
Organization (2020b). Destaca-se que estas novas diretrizes passaram a contabilizar todos os minutos
de AF em vez da acumulação de períodos de 10 minutos para a população adulta, alteração que reflete
a evidência de estudos que demonstraram que a prática de AF, independentemente da duração, está
23
associada a melhores resultados em saúde (Bull et al., 2020; Jakicic et al., 2019). As recomendações
para adultos aparentemente saudáveis encontram-se ilustradas na Tabela 1.

Tabela 1. Recomendações para a prática de AF, em adultos aparentemente saudáveis.

Público-alvo Recomendações

Devem realizar pelo menos 150 a 300 minutos de atividade física aeróbia de
intensidade moderada; ou pelo menos 75 a 150 minutos de atividade física
aeróbia de intensidade vigorosa; ou uma combinação semelhante de
atividade física de intensidade moderada e vigorosa, ao longo da semana.

Para benefícios adicionais: Podem aumentar a atividade física aeróbia de


Adultos
intensidade moderada para além de 300 minutos; ou realizar mais de 150
(18-64 anos) minutos de atividade física aeróbia de intensidade vigorosa; ou uma
combinação equivalente de atividades físicas de intensidade moderada a
vigorosa, ao longo da semana.

Devem igualmente realizar atividades de fortalecimento muscular de


intensidade moderada ou superior, que englobem os principais grupos
musculares, pelo menos dois ou mais dias por semana, dado que promovem
benefícios adicionais à saúde.
Devem limitar o tempo em comportamento sedentário, substituindo por
atividade física de qualquer intensidade (inclusive de baixa intensidade). Por
Comportamento forma a mitigar os efeitos prejudiciais à saúde de elevados níveis de
Sedentário comportamento sedentário, os adultos devem ter como objetivo realizar mais
do que as quantidades recomendadas de atividade física de intensidade
moderada a vigorosa.

Fonte: Adaptado de World Health Organization (2020b).

Recentemente um estudo observacional de 416 420 pessoas veio reforçar as


supramencionadas recomendações de AF, revelando que a dose mínima de AF aeróbia para a redução
significativo do risco de morte foi de 1 hora/semana de intensidade moderada a vigorosa, com
diminuição adicional do risco de mortalidade verificado até 3 horas/semana. Na população adulta mais
velha, diminuições ligeiras no risco de mortalidade foram demonstradas além dessa duração. A
investigação evidenciou ainda que o treino de força muscular, conjugado com a AF aeróbia, conferiu

24
uma redução adicional do risco de mortalidade, com uma dose mínima efetiva de 1-2 vezes/semana
(Coleman et al., 2022).

Nesta linha de pensamento, a concordância deste nível de evidência vem corroborar a


importância de ser fisicamente ativo, como forma de otimização da saúde individual e comunitária,
contribuindo para um desenvolvimento social, cultural e económico global (World Health
Organization, 2018, 2022a).

1.3.2. Comportamento Sedentário

Nos últimos anos, elevado número de publicações tem vindo a salientar que o tempo sentado
excessivo (independentemente de atender às recomendações de AFMV) é prejudicial à saúde,
elegendo-o como um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de doenças crónicas não
transmissíveis (World Health Organization, 2018).

Surgem pela primeira vez nas recomendações para a prática de AF, orientações alusivas às
associações entre o CS e resultados em saúde, apresentando-se como uma forte recomendação, de
nível de evidência moderado (World Health Organization, 2020b).

O CS define-se como qualquer comportamento, durante o período de vigília, com um


dispêndio energético ≤ 1.5 METs na posição de sentado, deitado ou reclinado (Tremblay et al., 2017).
As diretrizes operacionalizam que a definição de CS está tipicamente associada a comportamentos que
envolvam ecrãs (e.g., ver televisão, smartphones, tablets), em qualquer contexto (e.g., no trabalho,
escola ou lazer) e duração (e.g., minutos por dia) (World Health Organization, 2020b). Estes
comportamentos podem ser concretizados enquanto se está em CS, com baixos níveis de atividade,
ou em movimento, como por exemplo caminhar numa passadeira enquanto se assiste a um programa
de televisão (Tremblay et al., 2017).

Outro conceito que é pertinente explorar é o de inatividade física, frequentemente


confundido com o CS. A inatividade física reporta-se a um nível de AF insuficiente, isto é, quando não
são atingidas as recomendações de AF preconizadas (Tremblay et al., 2017; World Health Organization,
2010). Esta clarificação de conceitos permite a correta avaliação e classificação da AF, uma vez que, a
título de exemplo, um indivíduo pode ser fisicamente ativo, mas altamente sedentário (Owen et al.,
2010).

A prevalência de um estilo de vida cada vez mais sedentário tem sido uma constante presente
nas sociedades modernas, tornando-se um problema de saúde pública (Ku et al., 2018). A diminuição
da AF deve-se, em parte, à inércia no lazer e ao aumento do CS no trabalho e em casa, a par do

25
aumento da utilização de meios de transporte passivos, contribuindo fortemente para esta
problemática (World Health Organization & United Nations Economic Commission for Europe, 2022).

Segundo um conhecido estudo observacional alargado, realizado em 168 países, mais de um


quarto da população mundial adulta não é fisicamente ativa, ou seja, 1 em cada 3 mulheres e 1 em
cada 4 homens não praticam AF suficiente para se manterem saudáveis. Além disto, foi possível
constatar que os níveis de inatividade física são duas vezes superiores em países desenvolvidos,
comparativamente com países com menos possibilidades económicas, tendo este valor aumentado
em 5% nos países com um status económico mais favorável (Guthold et al., 2018).

Em Portugal o panorama não é diferente. Os resultados provenientes do Inquérito Nacional


de Saúde de 2019, espelham diferenças pouco expressivas no padrão de AF da população nacional,
evidenciando uma estabilidade na prevalência destes indicadores. Cerca de 65% da amostra inquirida
respondeu nunca praticar exercício físico (ou atividades desportivas ou de lazer). No que concerne ao
tempo sentado num dia normal, 63% dos inquiridos responderam estar sentados < 6 horas e 25%
indicou que esse período era ≥ a 8 horas (Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física,
2020). Contudo, e tendo em conta as possíveis limitações inerentes à metodologia por autorrelato,
com base nos presentes resultados, os valores da prevalência do CS podem estar subestimados, com
25% dos participantes a alegar estarem sentados  8 horas. Se a esta categoria for integrado o tempo
gasto no trabalho, cumulativamente com o detalhe de que noutros indicadores, mais de 50% dos
inquiridos relataram que a principal forma de realização das tarefas do dia-a-dia é “sentado(a) ou em
pé” (“atividades que envolvem um esforço ligeiro”), possivelmente estes números carecem de um
olhar mais cuidadoso e crítico (Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física, 2020).

O Eurobarómetro Especial 472 de 2017 mostrava que Portugal tinha ainda um longo caminho
pela frente, na otimização dos níveis de AF da sua população, evidenciando mais uma vez a importância
do impacto de políticas neste sentido, quer a nível local e Europeu (European Commission &
Directorate General for Education, Youth, Sport and Culture, 2017). Contudo, a publicação recente do
Eurobarómetro Especial 525 de 2022 volta a destacar Portugal como um dos Estados-Membros da
União Europeia onde os índices de AF e prática desportiva são menores. Cerca de 73% dos inquiridos
referiu nunca fazer desporto ou exercício e 72% respondeu não praticar outro tipo de AF (como usar a
bicicleta como meio de deslocação entre locais; dançar; e fazer jardinagem), verificando-se um
aumento de 5% e 8%, respetivamente, face aos dados de 2017. Olhando minuciosamente para alguns
dados, este valor ascende para 91% em pessoas com mais de 55 anos (Directorate-General for
Education, Youth, Sport and Culture, 2022).

26
Estes novos dados devem ser analisados sob o contexto de que, entre eles, ocorreu o
fenómeno de Saúde Pública mais desafiante da nossa geração – a pandemia COVID-19 (Directorate-
General for Education, Youth, Sport and Culture, 2022). Porém, constata-se que há muito a fazer,
necessitando ser fonte de reflexão para as entidades governativas e sociedade civil, no âmbito da
mudança comportamental no sentido da promoção da AF e limitação do CS.

O número de estudos realizados no âmbito da investigação sobre a associação entre o CS e os


resultados em saúde tem aumentado. Dados epidemiológicos identificaram efeitos prejudiciais para a
saúde derivados de longos períodos de CS, independentemente do nível de AF (Biswas et al., 2015).

Evidências recentes têm revelado uma associação entre a excessiva exposição ao CS (avaliado
principalmente por autorrelato e sensores de movimento) e a mortalidade por todas as causas;
mortalidade e (Ekelund et al., 2019; Stamatakis et al., 2019) incidência de DCV (Katzmarzyk et al., 2019;
Physical Activity Guidelines Advisory Committee, 2018); alterações a nível de alguns biomarcadores
cardiometabólicos (Mitchell et al., 2018) e diabetes mellitus tipo II em adultos (Biswas et al., 2015).

Chau e a sua equipa, através de uma meta-análise, constataram que por cada hora sentado,
existe um incremento de 2% no risco de morte por todas as causas. O estudo menciona ainda que este
risco aumenta significativamente quando os adultos estão sentados mais do que 7 horas/dia, sendo
este amplificado em cerca de 5%, por cada hora diária acumulada além deste valor (Chau et al., 2013).

Outro trabalho com dados oriundos de mais de 1 milhão de participantes, verificou uma
associação de dose-resposta entre o tempo sentado e o risco de mortalidade por todas as causas,
quando o seu valor excede, aproximadamente as 7.5 horas diárias (Ku et al., 2018). Uma das
investigações mais vastas sobre o equilíbrio entre ser fisicamente ativo e o CS avaliou mais de um
milhão de pessoas e concluiu que, a prática de AFM entre 60-75 min/dia parece diminuir
significativamente o risco de morte prematura, induzido pelo elevado CS. Porém, os autores
especificaram que o elevado nível de AFM atenua, mas não elimina o risco associado ao sedentarismo,
com realce do tempo despendido a ver televisão (Ekelund et al., 2016).

Outra revisão sistemática e meta-análise de dose resposta, reafirmou que


independentemente do nível de AF, o CS ou o tempo sentado em lazer ou a ver televisão elevados,
estão associados a um risco acrescido de doença e mortalidade, sendo que para a mortalidade por
todas as causas e por DCV, a equipa de investigação detalhou um limiar de 6-8 horas/dia de CS total e
3-4 horas diárias de tempo sentado a ver televisão, acima do qual o risco é intensificado (Patterson et
al., 2018).

27
Face a este paradigma de inatividade tem sido crescente o número de estudos que se propõem
a investigar estratégias e os respetivos efeitos na redução do CS, constatando-se associações
vantajosas com a substituição deste padrão por tempo em AF (Loh et al., 2020). Exemplo disso é a
interrupção do CS, através de pequenas pausas/“breaks” ao longo do dia, que podem ser uma
estratégia interessante na mitigação da sua nocividade (Dunstan et al., 2021).

Um número maior de interrupções no CS está associado à otimização de parâmetros


metabólicos como o perímetro abdominal, índice de massa corporal, triglicéridos e glicémia capilar
(Healy et al., 2008). Um estudo randomizado cross-over em homens adultos (40.2 ± 12.2 anos), que
simulou o CS no trabalho em contexto de laboratório, identificou valores de glicose e insulina pós-
prandial superior, durante os períodos de maior inatividade, comparativamente com os indivíduos que
quebraram o CS com pequenas caminhadas de intensidade leve. Os autores verificaram ainda que não
existiram diferenças significativas entre o grupo que permanecia sempre sentado e o que que
interrompia o tempo sentado mantendo-se estático em pé (Pulsford et al., 2017).

As recomendações atuais da OMS incluíram como novidade a limitação de CS, incentivando à


sua substituição por qualquer nível de AF (World Health Organization, 2020b). Já as guidelines
Canadianas são mais minuciosas e discriminam um limite de 8 horas/dia, ou menos, de CS; propõem
não ultrapassar 3 horas de tempo de ecrã e sugerem a realização de interrupções frequentes do tempo
sentado (Canadian Society for Exercise Physiology, 2021).

A identificação de cut-offs poderá ser uma vantagem interessante do ponto de vista da literacia
em saúde e AF, no sentido de elucidar objetivamente a população sobre a quantidade de CS a não
exceder. Nesta ótica, a OMS continua o seu caminho prioritário no desenvolvimento e implementação
de estratégias eficazes na promoção de AF e limitação do CS, sendo a criação do Plano Global de Ação
da AF 2018-2030 o mais recente compromisso, cuja missão visa uma redução relativa de cerca de 15%
da prevalência global da inatividade física, nos adultos e adolescentes até 2030, fomentando
sociedades mais ativas por um mundo mais saudável (World Health Organization, 2018).

28
1.4. Métodos de avaliação da atividade física

A AF, enquanto expressão do comportamento humano, é um processo relevante e usado para


descrever, classificar e estudar os hábitos e estilo de vida das populações, bem como monitorizar as
suas variações ao longo do tempo (Gabriel et al., 2012), que são essenciais na vigilância do progresso
de políticas de saúde pública em vigor e repensar novas estratégias e intervenções a implementar
(World Health Organization, 2018).

A seleção do método de avaliação está dependente de determinados princípios a ter em


consideração, entre os quais: o objetivo de estudo; variáveis de interesse; particularidades da
população-alvo; período de tempo necessário para a recolha e análise dos dados; e recursos
disponíveis (e.g., financeiros e logísticos) (Butte et al., 2012). Além disto, a avaliação deste
comportamento deve ser efetuada durante um período adaptado ao estilo de vida padrão e quotidiano
da pessoa, para que seja representativa do seu nível de atividade habitual, acarretando o mínimo de
desconforto para a mesma (Bonomi et al., 2009). Assim, é possível identificar na literatura uma
diversidade de métodos válidos e úteis na avaliação da AF, sendo habitualmente classificados em:
métodos de critério/referência, métodos objetivos e métodos subjetivos (Strath et al., 2013).

1.4.1. Métodos de critério/referência

Os métodos de critério têm como principal objetivo a validação de outros métodos de


avaliação (Paula, 2012). Este grupo contempla a observação direta, calorimetria direta, calorimetria
indireta e a água duplamente marcada (Vanhees et al., 2005), que são medidas de avaliação do DE
(Strath et al., 2013). A sua seleção depende das variáveis que se pretendem estudar e avaliar (Ainslie
et al., 2003) conforme abaixo se explica.

1.4.1.1. Observação direta

A observação direta envolve um observador devidamente treinado que assiste ou grava, em


vídeo, o comportamento do(s) participante(s) durante a realização da AF, monitorizando e registando
informações inerentes ao momento, num espaço e tempo limitados (McKenzie, 2002). Este método
direto é muito completo, por fornecer informações complementares importantes além do modo e tipo
de AF, mas também por contextualizar em termos de equipamento e interações sociais ocorridas
(Sallis, 2010; Strath et al., 2013). É frequentemente utilizado na avaliação da AF em crianças, no
contexto escolar, como por exemplo nas aulas de educação física e recreios (Sallis, 2010), uma vez que
a metodologia por autorrelato nesta população-alvo apresenta limitações consideráveis. O uso de
questionários torna-se igualmente pouco eficaz, em virtude da maioria das crianças ter dificuldade em
recordar-se da frequência, duração e níveis da sua AF (McKenzie, 2002).
29
Os avanços tecnológicos possibilitaram a criação de códigos observacionais, que facilitam a
inserção, armazenamento e análise em computadores portáteis e posterior conversão da intensidade,
tipo ou domínio da atividade, tornando esta metodologia mais atraente (Strath et al., 2013). Exemplo
disso, é a técnica de observação System for Observing Fitness Instruction Time (SOFIT) (McKenzie et
al., 1991), que auxilia na divisão (em intervalos) do período observado, permitindo ao observador
proceder ao registo do comportamento, imediatamente após este ter ocorrido (Marques & André,
2014). Contudo, apresenta algumas desvantagens na sua aplicabilidade, destacando-se: o consumo de
tempo elevado na sua utilização; erros e tendências de subjetividade do avaliador; e reação do(s)
participante(s) observado(s) (McKenzie et al., 1991; Sallis, 2010; Vanhees et al., 2005; Marques &
André, 2014).

1.4.1.2. Calorimetria direta

A calorimetria direta quantifica o calor dissipado de um corpo para o meio ambiente isolado.
A pessoa é instalada numa câmara hermeticamente fechada e suficientemente espaçosa (que permita
alguma liberdade de realização de movimento e atividade) e é avaliado de forma precisa, o calor
dissipado pelo indivíduo (como resultado do metabolismo aeróbio e anaeróbio), especialmente por
condução, convecção, radiação e evaporação (Johnson & Coward-McKenzie, 2001; Simonson &
DeFronzo, 1990; Lamprecht, 1985; Kenny et al., 2017). A lei da conservação da energia torna-se útil na
compreensão desta técnica, uma vez que corrobora que a energia total de um sistema isolado não
pode ser criada ou destruída, mas sim convertida noutras formas de energia (Kenny et al., 2017). Não
obstante, apesar de um método com tremenda validade na avaliação do DE e utilizado em estudos de
termorregulação (Kenny et al., 2017), não deteta variações rápidas de libertação de energia,
inviabilizando a sua utilização em exercícios de alta intensidade e curta duração (Montoye et al., 1996).
A sua utilização é pouco frequente devido à logística complexa e custos associados, implicando
adicionalmente o isolamento da pessoa durante um longo período de tempo, num ambiente
artificialmente simulado, que restringe a reprodutibilidade das atividades de vida diária (Kenny et al.,
2017; Simonson & DeFronzo, 1990; Paula, 2012).

1.4.1.3. Calorimetria indireta

A calorimetria indireta possibilita uma estimativa do DE através da relação direta entre a


quantidade de O2 consumido e a quantidade de calor produzida pelo corpo (Johnson & Coward-
McKenzie, 2001). Na atualidade, o procedimento mais usado para quantificar o volume de O2
consumido é a espirometria de circuito aberto. Este consiste num método computorizado (que inclui
oximetria ou ergoespirometria) no qual os indivíduos inspiram o ar ambiente e os analisadores de
gases eletrónicos detetam e indicam as informações relativas ao volume de O2 consumido, a par do

30
volume de CO2 produzido, identificando deste modo os valores referentes às necessidades oriundas
do trabalho metabólico dos mesmos (Ainslie et al., 2003; Powers & Howley, 2009). É um método
bastante útil na medição da taxa de metabolismo basal ou de repouso (Ainslie et al., 2003).

As avaliações desta técnica realizam-se, maioritariamente, em contextos laboratoriais. No


entanto, ao longo dos últimos anos foram criados e desenvolvidos dispositivos portáteis autónomos,
como o analisador de gases Cosmed K4b2 (Cosmed, Romes, Italy) (McLaughlin et al., 2001), tornando-
se uma vantagem válida na obtenção de informação sobre o DE a curto-prazo e mais próxima do estilo
padrão do participante no terreno (Macfarlane, 2001). Ainda assim, é um método dispendioso
(Vanhees et al., 2005), estando habitualmente direcionado para investigações com uma amostra
reduzida (Macfarlane, 2001), mas com bastante utilização em contexto clínico (Haugen et al., 2007).

1.4.1.4. Água duplamente marcada

O método da água duplamente marcada é uma variante da calorimetria indireta e foi utilizado
pela primeira vez em humanos em meados de 1982 (Speakman, 1998). É considerado o método gold
standard por ser o mais preciso na avaliação do DE em indivíduos em contexto de vida diária,
habitualmente durante um período entre 1 a 3 semanas (Speakman et al., 2019). O princípio consiste
na administração, via oral, de uma quantidade padronizada de dois isótopos estáveis da água líquida:
Oxigénio-18 (18O) e Deutério (2H) (Vanhees et al., 2005). Os mesmos distribuem-se em equilíbrio com
a água corporal e são posteriormente eliminados pelo organismo. O isótopo de O2 é eliminado através
da urina (sob a forma de água) e através da expiração, associado ao CO2. Em contrapartida, o 2H será
eliminado apenas pela urina, sob a forma de água (Vanhees et al., 2005; Paula, 2012, Speakman, 1998).
São realizadas colheitas de urina programadas e é através do diferencial nas taxas de eliminação dos
isótopos, que se obtém o valor de CO2 produzido (DeLany & Lovejoy, 1996; International Atomic Energy
Agency, 2009; Schoeller, 1988; Vanhees et al., 2005). A quantidade de CO2 é seguidamente convertida
através de um equivalente de energia, permitindo o cálculo do DET (Westerterp, 1999).

Esta técnica não invasiva é adequada para utilizar em contexto de vida diária e é aplicável a
todo o tipo de população-alvo, incluindo as mais vulneráveis como crianças e grávidas (Hills et al.,
2014; International Atomic Energy Agency, 2009).

Em contraposição é bastante dispendiosa, especialmente pelo preço elevado dos isótopos e


equipamento sofisticado adjacente e é utilizada maioritariamente em estudos de pequena escala, pois
requer uma análise efetuada por pessoas com experiência neste domínio (Ainslie et al., 2003). Além
disso apesar de ser um método critério para a avaliação do DET não fornece dados sobre a
caracterização da AF realizada no dia-a-dia dos participantes (Ainslie et al., 2003). Em suma, a técnica
viabiliza precisão na medida do DET ao longo de um determinado número de dias ou semanas
31
selecionado(a)s, a partir do qual o DEAF médio diário pode ser calculado. Contudo, não carateriza a AF
nomeadamente quanto ao tipo, intensidade ou duração (DeLany & Lovejoy, 1996; Hills et al., 2014).

1.4.2. Métodos objetivos

Os métodos objetivos foram criados para colmatar as fragilidades e limitações inerentes aos
métodos subjetivos (Prince et al., 2008; Westerterp, 2009). A evolução tecnológica permitiu a criação
de sistemas e dispositivos eletrónicos, que podem ser usados para registar e armazenar os níveis de
atividade, minuto a minuto e por longos períodos, aumentando a objetividade e obtenção de
estimativas mais precisas (Sallis, 2010), especialmente em parâmetros fisiológicos ou mecânicos da
mesma (Westerterp, 2009).

São atualmente utilizados em diversos contextos (i.e., investigação, prática clínica ou


ambulatório) (Sallis, 2010) e a sua escolha deve ter em consideração determinados fatores, tais como:
a componente específica da AF de interesse; população alvo; custo e logística associados; e precisão
da medição exigida (Ainsworth et al., 2015). Nesta classe inserem-se técnicas que incluem sensores de
movimento: pedómetros e acelerómetros; monitorização da frequência cardíaca e sensores
combinados (Ainsworth et al., 2015).

1.4.2.1. Pedómetros

Os pedómetros são dispositivos que detetam variações de movimento no eixo vertical e


registam o número de oscilações por unidade de tempo (Bassett et al., 2017). Foram concebidos com
o objetivo de avaliar o comportamento do indivíduo durante a marcha, registando o número de passos
dados e respetiva distância percorrida (Laporte et al., 1985; Oliveira & Maia, 2001). O cálculo da
distância percorrida é passível de ser estimado, tendo como base a calibração do aparelho através do
comprimento médio da passada da pessoa (Bassett et al., 2000), assim como o DE associado ao
movimento é igualmente calculado, mediante a inserção do peso corporal desta no dispositivo (Bassett
et al., 2008).

São aparelhos discretos, leves e utilizados geralmente à cintura, na zona do cinto das calças,
embora também possam ser colocados no pé, pulso ou coxa (Ahola, 2010). Não obstante, hoje em dia
a maioria dos smartphones contém aplicações de saúde e bem-estar com pedómetros integrados, que
realizam a monitorização da AF do utilizador(a) (Laranjo et al., 2021; Sim, 2019), sendo vantajosa a sua
praticidade e portabilidade.

Os primeiros pedómetros eram utilizados à cintura e continham um sensor mecânico ligado a


um braço de alavanca, que era fixado na coxa. Quando a pessoa caminhava, o movimento do braço
desenvolvia o mecanismo de engrenagem e girava, permitindo o registo dos passos (Ainsworth et al.,
32
2015; Bassett, 2000). Por sua vez, com a inovação tecnológica, surgiram os pedómetros eletrónicos,
com um mecanismo mais sofisticado, no qual um pêndulo horizontal com alavanca tipo mola se
movimenta, de cima para baixo, com acelerações verticais, à medida que a pessoa caminha (Bassett

et al., 1996). A cada passo é executado um contacto elétrico, que permite o seu registo (Bassett et al.,
2000). Estes upgrades de sistemas surgiram para dar resposta às carências em termos de precisão dos
modelos anteriores, permitindo o seu aperfeiçoamento ao transmitir informações com maior
qualidade e precisão (Melanson et al., 2004). Apesar da multiplicidade de modelos de pedómetros
disponíveis, o modelo Yamax Digi Walker (Yamasa Tokei Keiki Co., Ltd., Tóquio, Japão) tem sido dos
mais usados na área da investigação (Barreira et al., 2013; Coffman et al., 2016; Schneider et al., 2004).

A marcha continua a ser uma das formas mais comuns de atividade relatada e a que
maioritariamente contribui para a AF diária total (Bassett et al., 1996), especialmente pela sua
simplicidade fisiológica de movimento, estando acessível à grande maioria das faixas etárias (US
Department of Health and Human Services, 2015). Neste sentido, a comunidade científica tem-se
debruçado em investigar a relação existente entre os passos diários e resultados em saúde. Uma
recente meta-análise de estudos de coorte prospetivos, confirmou que existe uma relação
inversamente proporcional entre o número de passos diários e o risco de morte por todas as causas,
realçando que mesmo aumentos ligeiros no número de passos estão associados a um risco
significativamente menor (Jayedi et al., 2022). Outra meta-análise com uma linha orientadora
semelhante, revelou igualmente que dar mais passos/dia está associado a um risco progressivamente
menor de morte por todas as causas, semelhante por sexo, mas com variações por idade (Paluch et
al., 2022).

A utilização desta métrica tem sido recrutada numa tentativa de aproximação entre as
recomendações para a AF em passos/dia, na qual a utilização dos pedómetros tem sido frequente
(Tudor-Locke et al., 2008; Tudor-Locke & Bassett, 2004). Exemplo disso foi a revisão feita por Tudor-
Locke et al. (2008) do conhecido trabalho de Tudor-Locke & Basset intitulado:“How Many Steps Are
Enough?”, publicado no ano de 2004, no qual os autores determinaram valores de corte orientadores,
avaliados por pedómetros, que categorizam o nível de AF em função do número de passos/dia em
adultos saudáveis, conforme demonstra a Tabela 2.

33
Tabela 2. Categorização do nível de Atividade Física em função do número de passos/dia de Tudor-Locke et al.
(2008).

Nível de Atividade Física Passos/dia

Sedentário < 5 000

Ligeiramente Ativo 5 000-7 499

Moderadamente Ativo 7 500-9 999

Ativo ≥ 10 000-12 499

Muito Ativo ≥ 12 500

Fonte: Adaptado de Tudor-Locke et al. (2008).

Apesar da literatura ainda não ser consensual na determinação do número de passos diários
ótimo para o estabelecimento de uma associação dose-resposta entre estes e ganhos em saúde, o
objetivo dos famosos dez mil passos/dia tem sido amplamente difundido e utilizado como referência
(Physical Activity Guidelines Advisory Committee, 2018; Hills et al., 2014). Neste sentido, os
pedómetros além de monitorizarem a atividade diária referente à marcha, podem ser uma estratégia
interessante do ponto de vista motivacional (Strath et al., 2013) e da mudança comportamental para
a promoção da AF (Donnachie et al., 2017), uma vez que a pessoa consegue acompanhar o seu
desempenho diário, possibilitando o alcançar de metas e objetivos (Normand, 2008).

Em contrapartida, enquanto ferramenta de investigação, apresentam algumas lacunas


(Freedson & Miller, 2000). Embora avaliem com precisão a contagem dos passos, não apresentam
sensibilidade para acelerações verticais acima de determinados limiares, manifestando dificuldade na
distinção entre a caminhada e a corrida (Bassett, 2000). Isto acontece, porque é assumido que a pessoa
gasta a mesma quantidade de energia por passo, independentemente da sua velocidade, como se
verifica no Yamax, onde este valor é de cerca de 0.55 calorias/kg/passo (Bassett, 2000; Oliveira & Maia,
2001). Em adição, estes dispositivos não fornecem informações alusivas à duração, frequência e
intensidade da AF (Bassett, 2000; Paula, 2012), sendo de menor sensibilidade em atividades estáticas,
isométricas e movimentos que envolvam os membros superiores (Freedson & Miller, 2000).

1.4.2.2. Acelerometria

Os acelerómetros são sensores de movimento, sensíveis a variações na aceleração do corpo


humano. Esta é definida como a variação da velocidade de um corpo em função do tempo, pelo que a
34
frequência, intensidade e duração da AF podem ser diretamente avaliadas com recurso ao movimento
corporal (Bouten et al., 1994; Warren et al., 2010; Welk, 2002).

Segundo Montoye et al. (1996) citado por Oliveira & Maia (2001), quando a pessoa se
movimenta, o corpo sofre uma aceleração, teoricamente, em proporção à força muscular responsável
por esta aceleração. Deste modo, e dado que toda a AF envolve uma contração muscular com posterior
transformação energética, é possível estimar proporcionalmente o DE associado (Chen & Bassett,
2005).

Os acelerómetros são compostos por transdutores piezoelétricos e microprocessadores, que


quantificam a magnitude e a direção da aceleração (Vanhees et al., 2005), originando a produção de
um sinal elétrico, que é convertido por unidades de processamento para produzir a indicação do
movimento (Chen & Bassett, 2005; Welk, 2002). A direção da aceleração do corpo pode ocorrer em
um (vertical); dois (vertical e médio-lateral) ou três eixos (vertical, médio-lateral e ântero-posterior)
(Chen & Bassett, 2005; Warren et al., 2010). De acordo com o número de eixos são classificados
usualmente em uni e triaxiais (Ainslie et al., 2003; Chen & Bassett, 2005). Os uniaxiais medem a
aceleração corporal exclusivamente no eixo vertical, enquanto que os triaxiais detetam a aceleração
no eixo vertical, médio-lateral e ântero-posterior (X, Y e Z, respetivamente) (Ainslie et al., 2003; Oliveira
& Maia, 2001; Rowlands, 2007).

Dado que o movimento do corpo humano não segue apenas uma direção, alguns autores
apontam a medição dos três eixos como o método mais preciso na avaliação da AF e do DE, em
comparação com a medição do movimento corporal num eixo só (Ainslie et al., 2003; Chen & Bassett,
2005; Westerterp, 2009).

As acelerações registadas são filtradas, convertidas e posteriormente expressas em impulsos,


também denominados por counts, que por sua vez são incorporados em períodos de tempo
específicos, denominados epochs, normalmente entre 5 a 60 segundos (Chen & Bassett, 2005; Mcclain
et al., 2007; Ridgers & Fairclough, 2011). Assim, os impulsos registados em cada epoch retratam a
atividade realizada nessa janela temporal (Welk et al., 2004). No término de cada epoch, os impulsos
são contabilizados e somados, sendo armazenados na memória do aparelho, permitindo que este
reinicie a contagem automática, a partir do zero, recomeçando no epoch seguinte (Welk et al., 2004;
Paula, 2012). Subsequentemente, os dados recolhidos pelo dispositivo são processados e analisados,
espelhando o volume e intensidade da atividade realizada (Mcclain et al., 2007).

As vantagens destes dispositivos, minimamente invasivos, incluem o seu tamanho discreto e


portabilidade, minimizando a interferência logística no padrão de atividade diária do participante. Os
recentes progressos na tecnologia micro-electromecânica reduziram significativamente o custo e o

35
tamanho dos acelerómetros, sendo capazes de recolher e gravar dados de alta resolução e armazená-
los por vários dias e até semanas (Ainsworth et al., 2015; Strath et al., 2013).

Não obstante, apresentam algumas limitações por não serem competentes em avaliar
igualmente todo o tipo de atividades. Apesar de serem um método robusto na identificação de
períodos de CS e AFs dinâmicas, uma vez que a maioria do sinal transmitido por atividades dinâmicas
é apreendido pelos dispositivos, o mesmo não se verifica relativamente a movimentos estáticos ou
isométricos, nos quais não se detetam oscilações na aceleração do corpo (Matthews, 2005). Alterações
de inclinação no plano de deslocamento ou levantamento de pesos são exemplos de movimentos em
que os acelerómetros apresentam fraca capacidade de medição, pois os padrões de aceleração
permanecem essencialmente inalterados, independentemente do aumento do esforço ou do DE
inerentes (Butte et al., 2012; Warren et al., 2010; Ainsworth et al., 2015). Este detalhe torna-se
relevante, pois pode induzir à subestimação deste tipo de atividade por parte dos acelerómetros
(Matthews, 2005).

O local de colocação do aparelho, frequentemente à cintura, também pode comprometer o


registo de movimentos executados pela parte superior do tronco, nomeadamente os membros
superiores (Matthews, 2005; Ridgers & Fairclough, 2011; Strath et al., 2013). Paralelamente, a maioria
destes instrumentos também não são à prova de água, o que inviabiliza a sua utilização durante a
prática de atividades que ocorram no meio aquático (Warren et al., 2010; Hills et al., 2014).

Por último, a ampla diversidade de modelos de acelerómetros, cada um com o seu respetivo
algoritmo, dificulta a uniformização do modo como é efetuada a conversão das acelerações em
impulsos (Butte et al., 2012; Matthews, 2005). Assim, a comparação direta de resultados entre
diferentes modelos é altamente complexa, pelo que tem sido realçada a necessidade de mudança de
paradigma através da criação de protocolos de calibração de algoritmos, que permitam a padronização
da conversão dos impulsos em unidades de aceleração entre modelos de dispositivos (Welk et al.,
2012; Troiano et al., 2014).

1.4.2.2.1. Local do posicionamento do acelerómetro

A posição do acelerómetro no corpo é um fator importante para o qual o investigador deve


estar desperto, devendo ser colocado, preferencialmente, o mais próximo do centro de gravidade da
pessoa (Montoye et al., 2015; Troiano et al., 2014; Trost et al., 2005).

Grande parte dos estudos reporta a sua fixação ao nível da anca (nomeadamente no lado
direito), uma vez que aparenta avaliar a marcha de forma mais precisa (Welk, 2002; Ainsworth et al.,
2015). Porém, parecem existir diferenças mínimas, de insignificância estatística, na comparação entre

36
o lado esquerdo e direito, assim como o lado dominante vs. não dominante (Aadland & Ylvisåker,
2015b), podendo também ser colocado na região lombar, pulso e tornozelo (Ainsworth et al., 2015;
Ridgers & Fairclough, 2011; Nilsson et al., 2002; Yngve et al., 2003).

Recentemente têm surgido estudos comparativos entre a anca e o pulso (Kamada et al., 2016;
Loprinzi & Smith, 2017). Este interesse crescente em alterar o local de fixação do aparelho, deve-se
sobretudo a questões práticas no trabalho de campo, pois poderá reduzir o tempo que a pessoa está
sem o dispositivo, nomeadamente no vestir e despir; e por poder vir a adicionar a capacidade de
monitorização do sono (Ainsworth et al., 2015; Liu et al., 2021). Apesar dos acelerómetros no pulso
poderem incentivar a adesão da pessoa à investigação, talvez pela praticidade, a colocação no
tornozelo e na anca parece ser mais precisa na avaliação da AFMV (Duncan et al., 2020). Contudo, a
colocação no pulso pode detetar com maior rigor atividades diárias que utilizem maioritariamente os
membros superiores, como as tarefas domésticas (He et al., 2014).

Com a intenção de tentar contornar a limitação dos acelerómetros não terem a capacidade de
detetar determinados tipos de movimento, particularmente dos membros superiores, existe um
pequeno número de publicações que avaliou a utilização de mais do que um acelerómetro,
nomeadamente no pulso e tornozelo, tendo verificado uma ligeira otimização na precisão das
equações preditivas do DE, comparativamente com a medição com um único acelerómetro na anca ou
na região lombar (Trost et al., 2005). Todavia, este aspeto pode ser um desafio adicional em termos
de carga e volume de trabalho para o investigador e o participante (Trost et al., 2005).

O acelerómetro é introduzido num cinto de nylon ajustável, que o sustenta, permitindo a sua
utilização no local previamente acordado entre o investigador e o participante (Ridgers & Fairclough,
2011), de forma a respeitar um critério de avaliação padrão para todos os elementos da amostra
(Paula, 2012).

1.4.2.2.2. Processamento e transformação dos dados

A utilização da acelerometria na avaliação da AF e do CS é complexa pela a enorme quantidade


de dados colhidos, que carece de uma gestão e interpretação adequadas (Paula, 2012; Troiano et al.,
2014), uma vez que este volume de dados pode tornar o período de análise bastante moroso e
complexo (Catellier et al., 2005). Perante isto, torna-se fundamental um planeamento prévio e
detalhado relativamente à forma como os dados serão registados e analisados, previamente ao início
da sua recolha. Por forma a simplificar o processo de análise e melhorar a capacidade de comparação
entre estudos, tem sido discutida a utilização de critérios de padronização e de suporte à tomada de
decisão no processamento dos dados, sendo sugerido que estes devem ser explicitados nos artigos
publicados (Mâsse et al., 2005; Migueles et al., 2017).

37
A utilização do acelerómetro deve ocorrer durante um período de tempo suficiente, para que
seja representativa e fiel do nível de AF habitual da pessoa (Ridgers & Fairclough, 2011), o que implica
normalmente vários dias (Warren et al., 2010). É importante que o período de registo inclua a atividade
durante a semana e também aos fins de semana, pois os seus níveis podem variar consideravelmente
entre ambos (Warren et al., 2010).

O número ideal de dias de monitorização ainda é motivo de controvérsia e pode alternar


consoante a população em estudo (Reilly et al., 2008), especialmente entre crianças e adultos. Para a
população adulta estão documentados serem necessários 4 a 7 dias de monitorização, para que se
obtenha cerca de 80% de fiabilidade sobre a AF habitual. Todavia, para a avaliação do CS foram
necessários 7 dias para obter dados com maior precisão (Matthews et al., 2002). Já em crianças o
intervalo temporal necessário pode ser entre 3 a 7 dias (Reilly et al., 2008). Na eventualidade de não
ser possível a validação da totalidade dos 7 dias, alguns autores são apologistas da monitorização
mínima de 3 (Andersen et al., 2006; Riddoch et al., 2007), 4 (Cleland et al., 2008) ou 5 dias, incluindo
um dia de fim de semana (Esliger et al., 2005). À luz de certas variações e diferenças referentes ao
comportamento da AF entre os dias de semana e os fins de semana, parece ser adequado a utilização
de 7 dias de monitorização em adultos e crianças, sem comprometimento da sua viabilidade,
fiabilidade e exequibilidade, assim como em termos de encargos aceitáveis para a pessoa (Corder et
al., 2008; Trost et al., 2005; Aadland et al. 2015a; Migueles et al., 2017).

Atualmente, ainda não existe um valor definido relativo ao tempo em que a pessoa precisa de
utilizar o acelerómetro para que seja considerado um dia válido (Paula, 2012). Persiste ainda alguma
dúvida se este deve corresponder ao período de tempo em que a pessoa está acordada, ou se deve
ser estabelecido um número de horas específico de registo (e.g., 10 horas) (Corder et al., 2008; Hills et
al., 2014). Sendo que, o período de utilização por parte do participante pode estar adicionalmente
condicionado pelo esquecimento da sua colocação ou por situações que impossibilitem a sua utilização
como a prática de atividades que envolvam contacto com água (Catellier et al., 2005). O período de 10
horas (i.e., 600 minutos) é o mais utilizado pela maioria dos autores para que um dia seja considerado
válido (Riddoch et al., 2007; Troiano et al., 2008).

O tempo total de registo além dos intervalos de tempo de utilização (Wear time) está
dependente de intervalos de tempo sem utilização (Non-wear time) (Choi et al., 2011). A interrupção
de tempo de utilização é descrita como o período em que se registam zero impulsos consecutivos, que
podem incluir uma janela de tolerância de alguns minutos, nos quais são permitidas reduzidas
acelerações (Migueles et al., 2017).

Em adultos é frequente a utilização de critério de 60 minutos, com uma margem de 0-2


minutos de impulsos toleráveis diferentes de zero (Hansen et al., 2013; Shephard, 2011; Spittaels et
38
al., 2012). Outros trabalhos têm sido publicados sugerindo um alargamento da janela temporal para
90 minutos de contagens consecutivas de zero impulsos, ao invés dos 60 minutos, como critério
mínimo (Choi et al., 2011; Peeters et al., 2013), embora estes resultados tenham sido comentados pela
sua frágil aplicabilidade em contexto de vida diária (Van Domelen et al., 2011). Apesar de mais uma
vez ser notória a ausência de unanimidade na literatura na seleção de um valor critério standard,
parece existir uma corrente de pensamento no sentido de aplicar critérios de Non-wear time de maior
duração (Aadland et al., 2018).

Nos estudos realizados em contexto de vida diária, os acelerómetros são geralmente


removidos durante atividades que envolvam água (e.g., como nadar ou tomar banho) e antes de
dormir (Catellier et al., 2005; Choi et al., 2011; Migueles et al., 2017). Porém, pode acontecer que o
participante se esqueça de colocar o acelerómetro durante um dia ou parte deste, pelo que é
necessário que este Non-wear time seja identificado (através de um registo diário ou algoritmo
automatizado) e excluído aquando do processamento e análise dos dados. Caso contrário, este
período de tempo pode ser incorretamente categorizado como CS (Migueles et al., 2017).

A duração do epoch é outro requisito importante a atentar antes do início da recolha de dados
(Ridgers & Fairclough, 2011). De acordo com estudos mais antigos de acelerometria, nos quais os
equipamentos apresentavam uma capacidade de memória mais limitada, epochs de 60 segundos eram
comumente usados na recolha de dados sobre os níveis habituais de AF ou o DE em crianças e adultos
(Davis & Fox, 2007; Reilly et al., 2008; Trost et al., 2005; Paula, 2012). Atualmente esta limitação foi
colmatada pelo incremento na capacidade de armazenamento, permitindo a utilização de epochs de
curta duração, particularmente quando o padrão de AF ou o tempo gasto em diferentes intensidades
é a variável em estudo (Ridgers & Fairclough, 2011). Apesar deste detalhe ter, aparentemente,
impactos mínimos na avaliação da AF em adultos, o mesmo já não se verifica na população pediátrica
(Reilly et al., 2008). Dada a elevada variabilidade do padrão de AF das crianças, a utilização de epochs
mais longos, de cerca de 1 minuto, pode classificar erroneamente as AFs de maior intensidade como
sendo de menor intensidade (Reilly et al., 2008; Welk et al., 2000), traduzindo-se numa subestimação
especialmente da AFMV (Trost et al., 2005).

Para adultos, esta questão ainda não está suficientemente estudada na literatura, apesar de
já estar reportado que tal como para as crianças, epochs mais curtos parecem ser mais precisos na
avaliação da intensidade da AF intermitente (Fabre et al., 2020; Hwang et al., 2018). Em suma, apesar
desta troca entre epochs de longa duração vs. curta duração, 1 minuto parece ser um compromisso
aceitável na maioria dos estudos (Chen & Bassett, 2005; Reilly et al., 2008; Trost et al., 2005).

39
1.4.2.2.3. Estimativa do DE e identificação de valores de corte

Os acelerómetros registam counts, que são unidades de medida inespecíficas de AF, durante
os epochs previamente definidos (Matthews, 2005). No entanto, embora algumas questões de
investigação possam ser respondidas utilizando os counts em bruto, a maioria dos estudos exige a sua
conversão em unidades com um significado e interpretação fisiológicos (Jimmy et al., 2013; Matthews,
2005; Ward et al., 2005; Troiano et al., 2014).

Este processo é intitulado por calibração (Bassett et al., 2012) e consiste na comparação dos
counts com um método de referência (habitualmente, calorimetria indireta) (Chen & Bassett, 2005;
Sasaki et al., 2011), a partir de equações preditivas desenvolvidas para esse propósito (Ward et al.,
2005). A utilização de equações de calibração permite uma melhor compreensão dos dados
provenientes da acelerometria, uma vez que possibilita estimar o DE representado (Ward et al., 2005;
Troiano et al., 2014). Estas equações são desenvolvidas mediante uma amostra representativa da
população de interesse para o estudo, na qual os participantes utilizam acelerómetros e outro
dispositivo capaz de avaliar com precisão o DE (e.g., calorímetros portáteis) (Ward et al., 2005). A
maioria dos protocolos de investigação integra estas avaliações durante a prática de atividades como
a caminhada e corrida, por forma a serem o mais representativas das atividades de contexto de vida
diária, tendo-se verificado correlações positivas elevadas entre counts e METs (Crouter, Clowers &
Basset, 2006; Crouter et al., 2010; Freedson et al., 1998; Nichols et al., 2000; Sasaki et al., 2011). A
equação resultante é utilizada para estimar o DE ou para fornecer valores de corte relativos aos counts
interpretativos. São estes valores de corte que categorizam as diferentes intensidades - sedentária,
leve, moderada e vigorosa (Ward et al., 2005; Welk, 2002).

No entanto, apesar da existência de inúmeras equações preditivas e valores de corte para


crianças e adultos, este assunto é ainda alvo de bastante controvérsia (Ward et al., 2005), dada a
variabilidade de valores que definem os níveis de intensidade moderada e vigorosa, na medida em que
pode influenciar a análise do cumprimento das recomendações para a prática de AF e,
consequentemente, classificar incorretamente as pessoas como fisicamente ativas e inativas
(Matthews, 2005; Mota et al., 2007). Segundo este raciocínio, a seleção de determinados valores
encontra-se dependente do tipo de população-alvo em estudo, uma vez que os algoritmos de
calibração só são considerados válidos para as populações semelhantes para as quais foram
originalmente criados (Welk, 2005). Além de que, os valores de corte também são específicos do tipo
e modelo de dispositivo utilizado (Welk, 2002).

Apesar da vasta gama de marcas disponíveis no mercado, os acelerómetros ActiGraph


(Pensacola, FL, USA), anteriormente conhecido como Manufacturing Technology Incorporated (MTI)
ActiGraph e Computer Science Applications, Inc. (CSA (ActiGraph, LLC, Fort Walton Beach, FL)) (Crouter,
40
Churilla & Basset, 2006) são os mais utilizados no âmbito da investigação relativa à avaliação da AF em
adultos (Ridgers & Fairclough, 2011; Welk, 2002), constando na maioria dos artigos publicados
(Wijndaele et al., 2015).

Pela sua frequente aplicação, existe na literatura diversas equações preditivas do DE


desenvolvidas por vários autores (Brage et al., 2003; Crouter, Clowers & Bassett, 2006; Crouter et al.,
2010; Freedson et al., 1998; Hendelman et al., 2000; Leenders et al., 2003; Swartz et al., 2000; Yngve
et al., 2003) para esta marca, a partir das quais se estipularam valores de corte para as diferentes
categorias de intensidade (Lyden et al., 2011).

Relativamente ao CS, os valores de corte publicados por Troiano et al. (2008) são dos mais
utilizados na literatura em estudos de avaliação da AF (Evenson et al., 2015; Watson et al., 2014), sendo
que estes derivam de um valor médio ponderado de critérios provenientes de 4 estudos (Brage et al.,
2003; Freedson et al., 1998; Leenders et al., 2003; Yngve et al., 2003), cujos limiares de intensidade
foram medidos através da avaliação de atividades dinâmicas, como a corrida em passadeira ou marcha
no terreno. Esta informação pode ser consultada na Tabela 3, que compila alguns dos principais
estudos realizados com acelerómetros ActiGraph e as respetivas equações preditivas e pontos de corte
em adultos, aparentemente saudáveis, cujo método de referência utilizado foi a calorimetria indireta.

41
Tabela 3. Descrição dos estudos do Actigraph, equações de preditivas e pontos de corte correspondentes em adultos.

Valores de corte (counts/min)


Amostra
(METs correspondentes)
Autor (Ano de
Equação de Regressão R2 EPE Contexto AF
Publicação) CS Leve Moderada Vigorosa
Idaded
n Sexo
(anos)
(≤1.5) ( 3) (3-6) ( 6)

Freedson et al 50 M/F 23.8  4.0 METs = 1.439008 + 0.000795 * (counts/min) 0.82 1.12 Marcha e Corrida na 100-1951 1952 - 5724  5725
(1998) Passadeira

Hendelman et 25 M/F 40.8  7.2 METs = 1.602 + 0.000638 * (counts/min) 0.59 0.87 Marcha no terreno 0-2190 2191 - 6892  6893
al. (2000)

Swartz et al. 70 M/F 41.0  15.0 METs = 2.606 + 0.0006863 * (counts/min) 0.32 1.16 Atividades do dia-a-dia 0-573 574 - 4944  4945
(2000)

Brage et al. 12 M 22.7 – 30.0 METs = 2.886 + 0.0007429 – 0.02(VO2)a 0.89 0.91 Marcha e corrida na 0 - 1809 1810 - 5849  5860
(2003) *(counts/min) passadeira

Yngve et al. 28 M/F 23.4  2.6 METs = 0.751 + 0.0008198 * (counts/min) 0.86 1.10 Marcha e Corrida no 0 - 2742 2743 - 6402  6403
(2003) Terreno

Leenders et al. 28 M/F 23.7  3.9 METs = 2.240 + 0.0006 * (counts/min) 0.74 0.53 Marcha na Passadeira 0 - 1266 1267 - 6251  6252
(2002)

Troiano et al. NA b Corrida na Passadeira 0-99 100-2019 2020 - 5998  5999


(2008) e Marcha no terreno

Abreviaturas: AF – Atividade Física; CS – comportamento sedentário; EPE – erro padrão de estimação; MET – equivalente metabólico; Min – minutos; n – tamanho da amostra do estudo; NA – não aplicável e R2 – coeficiente
de determinação.

Fonte: Adaptado de Watson et al. (2014) e Paula (2012).


a Os valores de corte de Brage et al. (2003) foram estimados com base na equação de regressão e da média do nível de fitness dos participantes do estudo (ou seja, 61,6 mL/kg/min).
b Baseado na média ponderada dos valores de corte de Brage et al. (2003); Freedson et al. (1998); Leenders et al. (2003) e Yngve et al. (2003).
d A faixa etária do estudo é apresentada em forma de intervalo (‘-‘) ou a média e desvio padrão (com ‘’). 42
1.4.2.2.4. Estudos de validade e fiabilidade de acelerómetros ActiGraph

A qualidade da avaliação de um instrumento de medida é baseada em atributos relevantes


como a validade (validity) e a confiabilidade/fiabilidade (reliability) (Pocinho, 2012; Vilelas, 2020).

A validade refere-se ao facto de um instrumento medir exatamente aquilo a que se propõe


medir (Mokkink et al., 2010; Vilelas, 2020). Existem diferentes tipos de validade, porém as mais
utilizadas são: validade de conteúdo, validade de critério e a validade de constructo (Bassett et al.,
2012; Vilelas, 2020).

A validade de conteúdo certifica que o conteúdo de um instrumento abrange e representa


aquilo que se pretende medir. Por validade de critério (ou validade prática) entende-se o grau com
que o método de medição se correlaciona com outros métodos já instituídos para o mesmo fenómeno
(Fortin, 2006; Vilelas, 2020). Este critério deve assegurar a comparação com um instrumento ou
critério considerado gold standard, com precisão e exatidão elevadas (Bassett et al., 2012; Keszei et
al., 2010; Vilelas, 2020). Dentro da validade de critério, a validade concorrente (concurrent validity)
afirma-se como o grau com que o novo método se correlaciona com outro já existente e válido (Vilelas,
2020). Por último, a validade de construto (ou teórica) consiste em analisar se o instrumento criado
pelo investigador mede a variável a que se propõe medir (Vilelas, 2020).

A confiabilidade/fiabilidade corresponde à capacidade de reproduzir um resultado


consistentemente no tempo e espaço, ou com diferentes observadores, indicando aspetos sobre a
coerência, estabilidade, equivalência e homogeneidade (Terwee et al., 2007; Vilelas, 2020). Os termos
confiabilidade e fiabilidade são sinónimos e representam “garantia, precisão e fidelidade” (Pocinho,
2012, p. 78). Ambos surgem no meio académico, apesar da falta de consenso sobre qual a palavra mais
adequada (Pocinho, 2012). Porém, optou-se por utilizar o termo fiabilidade neste trabalho.

No campo da investigação em AF e Saúde, os investigadores demonstram maior interesse na


validade de critério entre dispositivos de avaliação de AF, uma vez que as variáveis em estudo são
maioritariamente objetivas (Bassett et al., 2012). Em estudos com acelerómetros são frequentemente
utilizados métodos de critério como a água duplamente marcada e a calorimetria indireta (Bassett et
al., 2012).

O objetivo principal dos estudos de validação dos acelerómetros consiste em identificar e


analisar a relação entre os dados provenientes da acelerometria e o nível correspondente de AF (Welk,
2005).

43
A validade e fiabilidade de acelerómetros uniaxiais encontram-se estudadas em condições
laboratoriais e de campo, apresentando resultados satisfatórios (Crouter et al., 2010; Freedson et al.,
1998; Swartz et al., 2000). Um dos trabalhos mais difundidos na validação dos acelerómetros uniaxiais
foi realizado por Freedson et al. (1998) com uma amostra constituída por 50 adultos, onde se verificou
uma correlação (r) positiva elevada (r = 0.88), entre o consumo de O2 e os counts do acelerómetro
Computer Science and Applications, Inc (CSA). Este estudo utilizou um protocolo de marcha e corrida
em contexto e condições laboratoriais. Anos mais tarde, Swartz et al. (2000) realizaram uma avaliação
comparativa entre os METs e os counts em 70 adultos, durante a realização de AF dinâmicas do dia-a-
dia incluindo vários tipos de movimentos e deslocações laterais, entre os quais transporte de pesos
externos, e apuraram uma correlação razoável (r = 0.56). Este estudo enfatizou ainda a complexidade
da avaliação da AF diária, dada algumas limitações do acelerómetro na avaliação de determinados
movimentos como descrito anteriormente, realçando-se que a relação counts-METs é dependente do
tipo de AF praticada (Hendelman et al., 2000; Swartz et al., 2000).

Outra investigação liderada por Crouter et al. (2006) propôs-se à validação de múltiplas
equações de regressão concebidas para estimar o DE, recorrendo aos acelerómetros ActiGraph; Actical
e AMP-331 (Activity Monitoring Pod, Dynastream Innovations Inc., Cochrane, AB, Canada) por
comparação com o método de critério/referência da calorimetria indireta. Como objetivo secundário,
este trabalho testou ainda a capacidade destes dispositivos em estimar o tempo despendido em
diferentes tipos de intensidade: leve; moderada e vigorosa; durante a prática de um conjunto de
atividades. A amostra incluiu 48 participantes que utilizaram os 3 tipos de acelerómetros, sendo
juntamente avaliado o DE, com recurso a um sistema metabólico portátil. Para o ActiGraph foram
utilizadas as 15 equações de regressão publicadas para a estimativa do DE tendo como base os counts
obtidos pela acelerometria. A equação de kcal de Freedson et al. (1998) foi a única que não apresentou
diferenças significativas relativamente ao tempo despendido em atividades de intensidade leve a
moderada e todas as equações subestimaram significativamente o tempo gasto em AFV. Este trabalho
veio mostrar que não existe uma equação de regressão universal que seja ideal e adequada para a
avaliação de todo o espetro de atividades, tanto ao nível da estimativa do DE, como do tempo
despendido em AF de intensidade leve, moderada e vigorosa (Crouter et al., 2006).

Posteriormente, a nova geração de acelerómetros triaxiais foram igualmente validados com


resultados favoráveis (Kelly et al., 2013; Santos-Lozano et al., 2012), comprovando vantagens
adicionais comparativamente aos acelerómetros uniaxiais (Hendelman et al., 2000).

O trabalho apresentado por Chomistek et al. (2017) que incluiu 684 mulheres e 611 homens
com idades compreendidas entre os 43 e 83 anos, propôs-se a avaliar quatro variáveis provenientes
da acelerometria: o número de counts totais de atividade/dia; DEAF (kcal/kg/dia) e a AFMV (min/dia)

44
comparativamente ao DEAF avaliado pelo método da água duplamente marcada. Além deste objetivo
principal, os autores incluíram na análise a comparação do número de counts do eixo vertical e do eixo
triaxial. Os participantes utilizaram o acelerómetro triaxial ActiGraph GT3X à cintura, durante sete dias,
processo repetido em dois momentos, sendo os valores da média destes dois timings utilizado para a
análise. Cada participante efetivou igualmente uma avaliação com recurso à água duplamente
marcada, por forma a obter-se o DET. O DEAF foi estimado subtraindo-se a taxa metabólica de repouso
e o efeito térmico dos alimentos do DET estimado pela água duplamente marcada. Os resultados
apresentados revelaram que os counts triaxiais tiveram uma correlação superior com o DEAF,
comparativamente com os counts do eixo vertical (Chomistek et al., 2017).

1.4.2.3. Monitorização da Frequência Cardíaca

A monitorização da frequência cardíaca (FC) é um dos métodos de sensor único mais utilizado
em contexto de vida diária (Ainsworth et al., 2015). O sistema recolhe os dados em tempo real, através
de bandas torácicas (Gillinov et al., 2017), integrando-os no tempo e armazena o sinal da FC, calculando
uma média desta para períodos pré programados curtos (5 a 15 segundos com os novos sistemas),
definidos pelo investigador (Chen et al., 2012; Davidson et al., 1997; Strath et al., 2013). O princípio
subjacente ao uso da FC como medida de avaliação da AF, advém desta ser um parâmetro fisiológico
de indicação de intensidade referente ao stress a que o sistema cardiorrespiratório é submetido
durante o movimento (Strath et al., 2013; Vanhees et al., 2005; Marques & André, 2014).

O método baseia-se na relação linear e proporcional existente entre a FC e o consumo de O2,


especialmente no âmbito da AFMV, tornando-se um indicador útil na estimativa do DEAF (Strath et al.,
2000). Todavia, em repouso, ou em atividades de intensidade leve, esta relação não é tão linear e a
precisão dos níveis da variabilidade da FC basal pode ser comprometida. Tal, pode estar associado a
diversos fatores, entre os quais: posição do corpo, pela variação do volume sistólico conforme a
posição de deitado, sentado ou em pé (Ainslie et al., 2003); nível de aptidão física individual;
temperatura e humidade ambiental; estado de hidratação, tamanho e tipo dos grupos musculares
envolvidos na atividade - membros superiores, membros inferiores ou ambos; consumo de bebidas
que contenham cafeína; estado emocional (e.g., ansiedade ou stress); e presença de patologias que
envolvam a administração de fármacos que interfiram no sistema cardiovascular e consequentemente
na FC, como inotrópicos, cardiotónicos, antiarrítmicos e beta-bloqueantes (Ainslie et al., 2003; Chen
et al., 2012; Livingstone, 1997; Strath et al., 2000).

A técnica “Flex Heart Rate” (FLEX HR) – ponto Flex da FC, é a abordagem mais conhecida no
âmbito da monitorização da FC e utiliza as equações de regressão da FC-Consumo de O2,
individualizadas, tendo em conta a idade, sexo e nível de aptidão física de cada participante (Bassett,
2000). O FLEX HR identifica a mudança no declive da relação FC-Consumo de O2, representando o
45
momento a partir do qual a pessoa transita do repouso para a atividade (Bassett, 2000). É determinado
como a média entre o maior valor da FC de repouso e o menor valor de FC em atividades de intensidade
leve (Leonard, 2003). Como a FC em repouso é confundida por diversos fatores, conforme mencionado
anteriormente, é conveniente saber a partir de que ponto o aumento da FC é causado pela AF e não
pelo ambiente (Vanhees et al., 2005).

Foram realizados vários estudos com o intuito de testar a validade da monitorização da FC na


avaliação do DET ao longo das 24 horas, em contextos e intensidades específicos de AF (Marques &
André, 2014), tendo já sido provada a sua viabilidade e aplicação em estudos epidemiológicos
(Wareham et al., 1997).

Livingstone et al. (1992) propuseram-se a estudar a monitorização da FC, comparando-a com


a água duplamente marcada, dado ser o método mais preciso e com menos interferências técnicas,
tendo demonstrado que a monitorização da FC é válida na estimativa do DET e na avaliação dos níveis
de intensidade de AF (Ainslie et al., 2003; Livingstone et al., 1992). Posteriormente, Strath et al. (2000)
estudaram a relação entre a FC e o consumo de O2 durante a prática de AFM em laboratório, e
adicionalmente ambicionaram validar a estimativa do DET, por meio da FC, adequando à idade e nível
de aptidão física de cada participante. A correlação estudada foi elevada (r = 0.68), permitindo à equipa
de investigação concluir que este método é válido e preciso na quantificação da AF individual (Marques
& André, 2014; Strath et al., 2000).

A monitorização da FC é um método de baixo custo, não invasivo e capaz de facultar


informações sobre o padrão de AF. Além disso, os avanços tecnológicos permitem que os aparelhos
armazenem informações oriundas de dias ou semanas, fornecendo dados sobre várias componentes
da AF, incluindo a frequência, intensidade e duração (Strath et al., 2000). Distingue-se ainda por ser
uma boa opção para a avaliação de atividades que não podem ser avaliadas com acelerómetro, como
o ciclismo e a natação (Chen et al., 2012). Nesta sequência, apesar das variabilidades intra e inter-
individuais, a precisão da estimativa dos resultados pode ser maximizada com a calibração individual,
através da relação entre a FC e o consumo de O2 (Spurr et al., 1988) para os diferentes níveis de
intensidade (Leonard, 2003; Strath et al., 2000, 2013).

Para superar a necessidade de calibração, têm sido concebidas abordagens generalizadas,


através do uso de equações preditivas multivariadas, que podem ser ferramentas interessantes e
vantajosas para estimar o DE, a partir da FC (Dugas et al., 2005). Para além das lacunas suprarreferidas,
existem outros inconvenientes práticos relacionados com este instrumento, nomeadamente o
incómodo do participante em utilizar o sensor durante todo o dia, assim como o risco do
comprometimento cutâneo e tecidular, pela possível ocorrência de dermatites de contacto, reação
alérgica à cola dos elétrodos ou presença de forças de atrito oriundas do dispositivo (Chen et al., 2012).
46
Porém, esta barreira tem vindo a ser ultrapassada com a avaliação da FC realizada por relógios
de pulso, que através de sensores incorporados permitem a colheita de vários tipo de dados (Fuller et
al., 2020; Henriksen et al., 2018; Müller et al., 2019). Além das métricas baseadas em acelerómetros,
a monitorização da FC é realizada através da fotopletismografia, tecnologia que permite identificar
alterações na absorção de luz emitida pelos tecidos biológicos, detetando variações no volume
sanguíneo dos capilares (Tamura et al., 2014). A estimativa da FC é posteriormente calculada mediante
a aplicação de algoritmos específicos sob a informação captada (Müller et al., 2019).

Quanto às lacunas deste dispositivos, alguns estudos de validação reportam uma diminuição
da precisão da estimativa da FC derivada dos diferentes algoritmos (Tamura et al., 2014), bem como a
pressão de contacto entre o sensor e a pele (Teng & Zhang, 2004), uma vez que a presença de folga
entre as superfícies compromete a sensibilidade da deteção do fluxo sanguíneo (Müller et al., 2019).

1.4.2.4. Sensores combinados

Os sensores combinados integram vários sensores fisiológicos num único aparelho e surgem
com o propósito de obter valores com maior precisão, no âmbito da avaliação da AF, através da
combinação da FC com outras técnicas de avaliação. Podem incluir a frequência respiratória,
temperatura, resposta galvânica da pele, bioimpedância e acelerometria (Ainsworth et al., 2015).

Tem-se verificado maior precisão na estimativa do DE, combinando a monitorização da FC


(individualmente calibrada) e a acelerometria, ao invés da utilização de cada método separadamente
(Haskell et al., 1993). Esta sinergia veio reforçar alguns aspetos importantes na utilização combinada,
uma vez que a mobilização das vantagens de cada método podem ser uma mais-valia na otimização
da precisão e minimização do erro do DET (Johansson et al., 2006; O’Driscoll et al., 2018).

Neste sentido, o acelerómetro efetua com maior rigor a distinção entre períodos de atividade
e inatividade e a diferença entre movimentos provenientes dos membros superiores e inferiores
(Shaopeng Liu et al., 2012), bem como permite uma avaliação mais eficaz de atividades de intensidade
leve a moderada (Johansson et al., 2006). Em contrapartida, a monitorização da FC complementa o
seu contributo na avaliação de atividades com níveis de intensidade vigorosa (Johansson et al., 2006;
Rennie et al., 2000; Strath et al., 2013).

O primeiro sistema multisensor que teve êxito na estimativa do gasto energético, foi o
Actiheart® (CamNtech Ltd, Cambridge, UK), que combina a FC através da eletrocardiografia e a
acelerometria triaxial (Thompson et al., 2006). Outro modelo foi o Intelligent Device for Energy
Expenditure and Activity (MiniSun LLC, Fresno, CA), que capta os movimentos do corpo e dos membros,
através de um conjunto de cinco sensores conectados na região torácica, coxas e pés. O sistema utiliza

47
uma rede neural artificial para detetar e reconhecer 32 tipos de atividades (e.g., caminhar, correr,
saltar, subir e descer escadas, entre outras) e a sua precisão na identificação correta dos movimentos
foi cerca de 98% para adultos (Zhang et al., 2003).

Com a evolução da engenharia e biotecnologia, estes sensores tornaram-se mais práticos e de


menores dimensões. Exemplo disso é a braçadeira SenseWear® (Bodymedia, Inc., Pittsburgh, PA) que
incorpora uma multiplicidade de métricas, como a acelerometria, temperatura, fluxo de calor e
resposta galvânica da pele, numa banda que pode ser colocada na região do tricípite do braço
(Ainsworth et al., 2015; Bassett et al., 2012).

Os pontos fracos destes sistemas combinados são o preço elevado e a necessidade de um


processamento de dados complexo e altamente sofisticado, para além da pouca existência, por
enquanto, de estudos de validação em todos os tipos de população. Em compensação, a integração de
vários sensores sem fios acoplados ao corpo parece ser promissora e perspetiva um enorme potencial
no futuro da avaliação de diversos tipos de atividades (Butte et al., 2012; Shaopeng Liu et al., 2012).

1.4.3. Métodos subjetivos

A metodologia subjetiva é uma abordagem indireta na qual a pessoa recorda os episódios de


AF ocorridos, nos últimos dias, semanas ou meses, procedendo ao seu registo individual sob a forma
de autorrelato (Ridgers & Fairclough, 2011; Sallis, 2010). Este registo permite recolher um conjunto de
informações inerentes à AF, como a frequência, intensidade, duração e contexto (Marques & André,
2014).

São ferramentas versáteis, práticas e económicas, habitualmente empregues em estudos onde


as amostras são, em regra, de grandes dimensões (Vanhees et al., 2005). Outro ponto forte é a
disponibilidade de inúmeros instrumentos validados, permitindo uma adaptação mediante a
população e objetivo em estudo (Sallis, 2010).

Apesar destas vantagens, existem algumas limitações, que dependem de fatores como: a
subjetividade dos participantes; o viés de desejabilidade social (que pode levar a uma superestimação
da AF) (Warnecke et al., 1997); a capacidade de interpretação (especialmente na destrinça entre os
diferentes níveis de AF); e o viés de memória (Sallis, 2010).

Recordar a AF é uma tarefa cognitiva altamente complexa e exigente (Baranowski, 1988).


Neste sentido, pessoas em idades pediátricas e/ou idades mais avançadas são propensas a ter
limitações particulares de memória, especialmente na habilidade da recordação (Sallis & Saelens,
2000). Perante isto, por forma a testar a sua validade (Shephard, 2003) é frequente a utilização
complementar de métodos objetivos (Prince et al., 2008).
48
Os métodos subjetivos englobam instrumentos na forma de diários, questionários e
entrevistas de avaliação da AF (Sirard & Pate, 2001; Strath et al., 2013).

1.4.3.1. Diários de Atividade Física

Os diários de AF consistem num registo detalhado sobre o padrão de atividades realizadas ao


longo do dia (Strath et al., 2013), sendo fracionado em unidades de tempo (e.g., a cada 15 minutos ou
de hora a hora) em que a pessoa regista os episódios de AF ocorridos, ao longo das 24 horas (Ainsworth
et al., 1999; Bouchard et al., 1983; Marques & André, 2014).

Usualmente, o papel é o formato mais utilizado, no entanto, com a implementação da


tecnologia, a maioria dos registos pode ser já efetuada através de um computador ou aplicação no
smartphone, simplificando os procedimentos quer para o participante como para o investigador,
minimizando a ocorrência de erros (Ainsworth et al., 2015; Sternfeld et al., 2012).

A natureza do conteúdo é vasta e rica em informações que permitem a caracterização das


atividades ocorridas quanto: ao tipo, finalidade, duração, intensidade e frequência, além da inclusão
do CS (Ainsworth, 2008). Posto isto, os dados registados permitem quantificar o tempo gasto nas
diferentes atividades, sendo possível a sua subsequente codificação e conversão, em unidades de
energia, que estimam o gasto energético envolvido para cada tipo de atividade e intensidade
(Ainsworth et al., 2011).

A principal desvantagem é o encargo exigido ao participante em discriminar detalhadamente


toda a sua atividade ao longo do dia (Ainsworth et al., 2015).

1.4.3.2. Questionários e entrevistas de avaliação de Atividade Física

Os questionários e as entrevistas são instrumentos de recolha de dados amplamente utilizados


na investigação, cujos sujeitos são os próprios atores sociais que partilham os dados relativos ao que
se pretende estudar, habitualmente através de respostas a questões (Vilelas, 2020).

Exigem a recordação do nível habitual de AF da pessoa (Washburn & Montoye, 1986), sendo
um dos instrumentos de maior utilização na avaliação deste comportamento, especialmente por
conferirem algumas vantagens comparando com outros métodos de avaliação objetivos (Armstrong &
Bull, 2006). Destacam-se por serem polivalentes, práticos e de baixo custo, mobilizados
particularmente em estudos epidemiológicos, na cobertura de amostras de grandes dimensões
(Westerterp, 2009). Além disto, o seu carácter não invasivo e de fácil administração não promove
alteração dos hábitos de vida da pessoa no momento da sua aplicação (Hills et al., 2014).

49
A sua aplicação pode ser de diversas formas: administração direta, ou autoadministração (em
formato de papel ou digital) podendo ser preenchidos num local específico definido, como também
podem ser enviados pelos correios convencionais ou eletrónicos, permitindo que o indivíduo receba o
questionário e o preencha individualmente sem a interferência de terceiros; ou administração indireta,
heteroadministração, por entrevista, na qual o entrevistador, devidamente qualificado, recolhe
presencialmente ou por via telefónica as respostas às questões (Ainsworth, 2008; Pocinho, 2012; Sallis,
2010; Washburn & Montoye, 1986).

No geral, a maioria dos questionários é aplicada por autoadministração. Porém, em grupos


especiais, como idosos, pessoas com um baixo nível de alfabetização ou crianças com capacidade
limitada na recordação da AF praticada, a administração por entrevista pode ser a adequada
(Ainsworth, 2008).

Relativamente à sua classificação, os questionários de avaliação de AF podem dividir-se em


três tipos: Global questionnaires; Short-term recall questionnaires e Quantative history recall
questionnaires (Ainsworth et al., 2015).

Os Global Questionnaires avaliam de forma genérica o nível de AF da pessoa. Apresentam


entre 1 a 4 questões e são de rápido e fácil preenchimento. A sua aplicação é mais adequada quando
o objetivo é a apreciação sumária dos níveis de AF – ativo ou inativo-, pois não fornecem pormenores
sobre os tipos e padrões específicos das atividades praticadas (Ainsworth, 2008; Ainsworth et al., 2015;
Hills et al., 2014). Não obstante, as perguntas podem contemplar alguns domínios da AF, como a
ocupação, lazer, transporte ou combinação entre si (Ainsworth et al., 2015).

O Stand Brief Activity Survey é um exemplar deste tipo de questionário. Foi desenvolvido para
autoadministração, podendo ser preenchido até 5 minutos e é constituído apenas por duas secções,
referentes ao domínio da ocupação/trabalho e lazer, respetivamente. Cada secção tem 5 opções de
resposta à escolha, com um breve enunciado descritivo, onde o inquirido seleciona a que melhor se
enquadra no seu padrão de AF (Taylor-Piliae et al., 2006).

Os Short-term recall questionnaires são ligeiramente mais extensos que os anteriores,


contemplando 7 a 20 questões e proporcionam informações mais detalhadas sobre a frequência,
duração e tipos de atividade ocorridas na última semana ou mês (Ainsworth, 2008; Hills et al., 2014).
Os tipos de AF avaliados podem ser de intensidade específica, como o tempo despendido em CS ou
AFMV, ou em atividades associadas a um domínio: tempo gasto no trabalho/ocupação, deslocação
entre locais, em casa ou lazer (Ainsworth et al., 2015). O score é obtido pela multiplicação da
frequência, intensidade e duração dos tipos de AF questionadas (Baecke et al., 1982; Strath et al.,
2013). As intensidades são expressas em METs e descritas num período de tempo - por dia ou semana.
50
Podem ser ainda apresentadas em horas ou minutos, ou combinadas em intensidade e duração (como
METs/hora e METs/minutos) (Ainsworth et al., 2015).

Têm como vantagem principal a capacidade de avaliar se a pessoa cumpre as recomendações


mais atuais para a prática de AF (Ainsworth et al., 2015; World Health Organization, 2020b). Embora
usados com frequência, estes questionários apresentam algumas limitações associadas ao erro de
avaliação, tais como: o erro de relato associado ao período de recordação (Shephard, 2003); o viés de
memória da pessoa referente ao tempo gasto especialmente em AFV, superestimando-o (Rütten et
al., 2003) e atividade habitual diária como caminhar, que dificilmente é relembrada, tendente a ser
subestimada (Bassett et al., 2000). Também o viés de resposta, derivado de certas características
demográficas, atribuídas à idade, sexo e nível de escolaridade dos participantes podem ser barreiras
no rigor da avaliação do seu nível de AF (Ainsworth, 2008; Ferrari et al., 2007). O GPAQ (Armstrong &
Bull, 2006) é um exemplo desta tipologia de questionários.

Por último, os Quantative history recall questionnaires são longos e podem conter 60 ou mais
perguntas, nas quais os entrevistados recordam a frequência, duração e intensidade dos vários tipos
de atividades, dentro de um ou mais domínios de AF realizados no último ano (Taylor et al., 1978) ou
durante a sua vida (Friedenreich et al., 2006), permitindo a avaliação do DEAF. Podem ser úteis em
situações singulares, como por exemplo quando se pretende identificar padrões de atividade durante
longos períodos, por forma a avaliar a sua relação com resultados em saúde e doenças crónicas
(Ainsworth, 2008). Contudo, a sua aplicação é pouco frequente, dado o elevado consumo de tempo
na sua administração (Ainsworth, 2008).

Vários estudos de validação mostraram que os questionários são capazes de classificar os


indivíduos de acordo com o seu nível de AF, ou seja, numa determinada amostra são capazes de
distinguir quem é mais ou menos fisicamente ativo (Wareham & Rennie, 1998). Porém, Washburn &
Montoye (1986), citados por Campaniço (2016), alertaram que existem determinadas características
gerais que devem ser alvo de atenção na avaliação da AF por questionário, sobretudo: o método de
administração; o período de tempo sob estudo; tipologia de atividade(s) em avaliação; e a
escala/unidade(s) de medida selecionada(s) para a sua quantificação. As atividades podem quantificar-
se pela sua categorização por intensidade, até à estimativa do DE associado, expresso em kcal ou METs,
sendo ainda possível adicionar a variável tempo nesta equação (Ainsworth et al., 2000).

A realização de estudos de validação dos questionários de AF são metodologias importantes


que asseguram a qualidade das investigações. Um questionário é considerado válido, se produzir
sempre os mesmos resultados (Vilelas, 2020), pelo que os estudos de validação pretendem avaliar se
os questionários são adequados para medir exatamente aquilo para o qual foram elaborados (Fortin,
2006; Mokkink et al., 2010; Vilelas, 2020).
51
A fiabilidade e validade são qualidades essenciais que devem estar presentes num instrumento
(ou método) de avaliação e “não se avaliam na base da sua ausência, mas em termos de graus” (Fortin,
2006, p. 360). Neste sentido, determina-se o grau de validade de um instrumento e não se o
instrumento é válido ou não. Para avaliar a fiabilidade, avalia-se o grau de correlação do instrumento
de medida com ele próprio, com o intuito de avaliar a sua precisão (Fortin, 2006).

A validade compara-se com outro instrumento (ou medida), que não o próprio. A avaliação
pode ser realizada: pela percentagem de concordância entre peritos, que avaliaram o conteúdo do
instrumento; comparada com outro método de referência; ou estabelecendo correlações (Freeman,
1980) com outros instrumentos de medida (Fortin, 2006). Assim, um questionário preciso é válido e
fiável (Polit & Beck, 2011). Contudo, uma medida pode ser bastante fiável (precisa), mas inválida, isto
é, fiabilidade não implica validade, apesar de ser um requisito para avaliar a validade. Neste sentido,
primeiramente deve avaliar-se a fiabilidade dos instrumentos/métodos e depois avaliar a validade dos
mesmos (Fortin, 2006; Pocinho, 2012). A fiabilidade e validade dos dados recolhidos podem ser
influenciadas por diversos aspetos do ambiente da avaliação, tais como: o entrevistador;
características da amostra; tipo de instrumento; método de administração; e método estatístico
selecionado (Roach, 2006).

Os estudos de validade e fiabilidade utilizam habitualmente testes estatísticos como os


Coeficientes de Correlação Intraclasse (CCI); Coeficiente de Correlação de Pearson e/ou Spearman ou
o Coeficiente Kappa de Cohen (k) (Helmerhorst et al., 2012). Outra abordagem bastante empregue
atualmente nesta tipologia de estudos é a representação gráfica de Bland-Altman, cuja análise é
baseada na avaliação da concordância entre duas medidas quantitativas, através do estudo da
diferença média e da determinação de limites de concordância (Bland & Altman, 1986).

O IPAQ (versão longa e curta) (Campaniço, 2016); o Habitual Physical Activity Questionnaire
(Baecke), versão modificada (Almeida & Ribeiro, 2014); e o Rapid Assessment of Physical Activity
(RAPA) questionnaire (Silva et al., 2014) são exemplos de questionários de avaliação de AF já validados
para a população portuguesa.

1.4.3.2.1. Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ)

O IPAQ foi concebido por um grupo de especialistas que reuniu em abril de 1998, em Genebra
- Suíça, cujo objetivo era o desenvolvimento de um instrumento de medida de consenso, que fosse
adequado e confiável, para avaliar os níveis de AF dos vários tipos de população a nível internacional
(Craig et al., 2003) e que abrangesse a maioria das atividades de vida diária (Hagströmer et al., 2006).

52
Nesta perspetiva foram criados dois questionários: o IPAQ versão curta, constituído por nove
itens, e o IPAQ versão longa, com trinta e uma questões, cujo objetivo era avaliar aspetos da AF
relacionados com a saúde e CS (Craig et al., 2003). A versão longa apresenta questões relacionadas
com vários domínios da AF: no trabalho, como meio de deslocação entre locais, na realização de
tarefas domésticas e atividades recreativas/lazer. A versão curta centra-se em questões sobre a AF de
forma geral, não especificando os vários domínios (Craig et al., 2003; Campaniço, 2016).

Foram criadas um total de oito versões que diferem pelo formato, forma de administração
(administração telefónica e autoadministrado) e período de referência (“semana habitual” ou “última
semana”) (Campaniço, 2016). O IPAQ foi projetado e testado em jovens e adultos entre os 18 e os 65
anos de idade (Craig et al., 2003; Hagströmer et al., 2006) e mais tarde validado em pessoas idosas
(Cleland et al., 2018).

Têm sido vários os estudos de validação do IPAQ publicados (Craig et al., 2003; Hagströmer et
al., 2006; Matsudo et al., 2001). O de maior difusão foi a pesquisa internacional desenvolvida por Craig
e a sua equipa (2003), realizada em 12 países (Austrália, Brasil, Canadá, Finlândia, Guatemala, Holanda,
Japão, Portugal, África do Sul, Suécia, Estados Unidos da América e Reino Unido), que se propuseram
a avaliar o IPAQ relativamente à sua validade e fiabilidade, aplicando as versões curta e longa; formas
de administração (telefónico e autoadministrado); e período de referência de uma semana habitual e
última semana, através de métodos estandardizados. A validade concorrente (inter-método) foi
avaliada na mesma administração; e para a validade de critério foi utilizado o acelerómetro CSA Inc.
(Shalimar, FL), modelo 7164. Os resultados demonstraram que o IPAQ tem propriedades de medição
aceitáveis para avaliar os níveis de AF da população adulta com idade compreendida entre os 18 e 65
anos de idade, em diversas situações, equiparáveis a outros instrumentos de autorrelato. Os autores
referiram que o IPAQ de versão curta, com período de referência de última semana, é recomendado
para uma avaliação nacional, enquanto a versão longa parece ser mais adequada na aplicação em
investigações que pretendam avaliar a AF com mais pormenor. Além disto, verificou-se que a
fiabilidade entre o modelo de administração pelo telefone e autoadministração foram similares (Craig
et al., 2003).

1.4.3.2.2. Questionário Global de Atividade Física (GPAQ)

O desenvolvimento do GPAQ como instrumento de avaliação do padrão de AF foi realizado


pela OMS como parte integrante da abordagem STEPwise, tendo em vista a vigilância de fatores de
risco para as doenças crónicas não transmissíveis, especialmente em contextos de países em
desenvolvimento (World Health Organization, 2020c).

53
Em 2002, a OMS organizou uma reunião sobre a avaliação e monitorização da AF, em Hobart,
Austrália. Nesta assembleia foram revistos os questionários de AF existentes, no que respeita à sua
utilização e aplicabilidade (Armstrong & Bull, 2006). O IPAQ foi um dos questionários mais debatidos,
dado a proximidade temporal da sua conceção, a par da sua utilização para uma adequada e uniforme
comparação dos níveis de AF no âmbito internacional (Armstrong & Bull, 2006; Craig et al., 2003). No
entanto, a versão longa do IPAQ (Craig et al., 2003) foi considerada demasiado complexa e repetitiva
e a versão curta, apesar de aceitável e amplamente utilizada, apresentava uma limitação bastante
frisada pela sua incapacidade de distinguir os domínios em que a AF é realizada, podendo assim
comprometer a precisão e rigor da avaliação absoluta da AF (Armstrong & Bull, 2006; Lee, Macfarlane,
et al., 2011).

A recolha de informação sobre os padrões habituais de AF nos seus principais domínios é um


fator importante na avaliação da AF da população, especialmente no estilo de vida contrastante
existente entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. Nos países em desenvolvimento, as
atividades ocupacionais, domésticas e relacionadas com o meio de deslocação/transporte podem
contribuir com maior peso para a equação do DET, comparativamente com as atividades recreativas
ou de lazer (Bull et al., 2004). Perante esta disparidade de realidades foi considerada essencial uma
abordagem multi-domínio eficaz na monitorização contínua da AF, que identificasse e desse suporte
ao planeamento de intervenções direcionadas aos vários tipos de população. Foi neste âmbito que
surgiu o GPAQ, aceite como uma fusão entre a versão curta e longa do IPAQ, em ambientes
transculturais (Armstrong & Bull, 2006; Cleland et al., 2014), tendo sido desenvolvido para ser um
instrumento de autorrelato e administrado através do método de entrevista, por um entrevistador
devidamente treinado para o efeito (World Health Organization, s.d.).

A versão original – GPAQ versão 1 (GPAQv1), continha dezanove questões, sendo que foi
apresentada posteriormente uma versão mais curta, revista por um painel de peritos na área,
eliminando três questões redundantes, o que perfaz dezasseis questões para a versão mais atualizada
– GPAQv2 (Armstrong & Bull, 2006; de Courten, 2002).

O GPAQv2 apresenta questões que abrangem a AF em três domínios: trabalho (remunerado


ou não); transporte ou deslocação entre locais; e lazer (Armstrong & Bull, 2006; Bull et al., 2009). Para
cada um destes, existe um enunciado pré-definido, cujo objetivo é elucidar e ajudar o leitor a recordar
e contextualizar a AF (Armstrong & Bull, 2006; de Courten, 2002).

No domínio do trabalho e do tempo recreativo é exequível a recolha de informações


referentes à frequência e duração da AFMV, separadamente. No transporte/deslocações são colhidas
informações sobre a forma como a pessoa se desloca de um local para o outro, através de caminhada
ou ciclismo, porém, não existiu tentativa de distinguir estes tipos de atividade ou a intensidade com
54
que são realizadas (Armstrong & Bull, 2006). O CS é igualmente avaliado através da quantificação, em
minutos, do tempo gasto em atividades na posição de sentado ou reclinado (Armstrong & Bull, 2006).

Quanto ao tempo de referência, o GPAQ utiliza “uma semana típica/normal” e refere-se ao


período de AF com uma duração de, pelo menos, 10 minutos consecutivos (Armstrong & Bull, 2006;
Bull et al., 2009). Cada questão é pontuada em minutos/dia (min/dia), sendo o seu score final traduzido
em minutos/semana (min/sem), o que facilita a sua interpretação (Metcalf et al., 2018) entre AF e
saúde, indo ao encontro das unidades de medida seguidas pelas recomendações atuais da OMS (World
Health Organization, 2020b).

Atualmente está disponível em nove idiomas e já foi aplicado em mais de 100 países à escala
global, mantendo-se como instrumento de avaliação e monitorização da AF na abordagem STEPwise
da OMS (World Health Organization, 2022b).

1.4.3.2.2.1. Estudos de validação do Questionário Global de Atividade Física (GPAQ)

A primeira versão do GPAQ (GPAQv1) foi validada em 2657 adultos de nove países. A
fiabilidade Teste-Reteste do GPAQ foi analisada para avaliar o grau de repetibilidade do instrumento
em vários momentos de aplicação, tendo sido usado um intervalo de tempo de 3 a 7 dias, para o
momento 1 e momento 2. A validade concorrente (comparação entre métodos) foi realizada
comparando o GPAQ com o IPAQ forma curta (IPAQ-SF), dado este último já ter sido estudado ao nível
da sua validade e fiabilidade (Craig et al., 2003). A validade de critério foi avaliada pelo método
objetivo, através de sensores de movimento – pedómetro ou acelerómetro (Armstrong & Bull, 2006;
Bull et al., 2009).

Os resultados demostraram um grau de fiabilidade, isto é, repetibilidade, moderado a elevado


entre os dois momentos de avaliação. A validade concorrente GPAQv1 vs. IPAQ mostrou variação
aceitável, tendo sido o CS a variável que demonstrou uma correlação mais forte
(rho = 0.65, p < 0.01). Contudo, para a validade de critério comparada com o acelerómetro CSA MTI
foram obtidas correlações baixas entre o tempo autorreportado em AF e as contagens do sensor (Bull
et al., 2009).

Thuy et al. (2010) realizaram um estudo cujo objetivo foi comparar a validade e fiabilidade do
GPAQ e IPAQ (versão longa), num amostra de 251 adultos vietnamitas. Os participantes foram
agrupados de acordo com a estabilidade de padrão da sua atividade ocupacional (stable work e
unstable work). Utilizaram pedómetros e registaram a sua AF (através de um diário de AF – (PA log))
durante sete dias. Os autores encontraram uma baixa correlação entre a pontuação total do GPAQv2
e o IPAQ (r = 0.32); o pedómetro (r = 0.39); e o PA log (r = 0.31) para participantes com um padrão de
trabalho estável e igualmente baixas correlações para participantes com padrões de trabalho instável
55
(r = -0.08 a 0.37). A fiabilidade Teste-Reteste de um intervalo de três semanas foi muito baixa para os
participantes com padrões de trabalho instáveis (r = -0.05) e baixa para os que tinham padrões de
trabalho estáveis (r = 0.39) (Thuy et al., 2010). Esta informação parece sugerir que embora o GPAQv2
possa não ser apropriado para estudos transversais, devido à sua validade reduzida a moderada, pode
ser um bom instrumento para avaliar as mudanças na AF ao longo do tempo (Metcalf et al., 2018).

Herrmann et al.(2013) avaliaram a validade da segunda versão do GPAQ, comparando-a com


a AF avaliada objetivamente com o acelerómetro ActiGraph model GT1M e o pedómetro Ymax
Digiwalker SW-200 (Ymax Corporation, Tokyo, Japan), em adultos. Verificou-se uma baixa correlação
entre o GPAQv2 e os dados oriundos do ActiGraph para a AFMV (r = 0.26) e uma correlação igualmente
reduzida com o pedómetro Ymax para passos/dia (r = 0.39). As associações foram negativas para o CS
com um nível não significativo de concordância entre o GPAQv2 e o ActiGraph
(r = -0.12). Contudo, mais uma vez, o GPAQv2 mostrou boa fiabilidade a curto prazo (r = 0.83-0.96)
(Herrmann et al., 2013).

Posteriormente, Cleland et al. (2014) delinearam como intenção a validação do GPAQv2 na


população adulta (n = 101), residente no Reino Unido. Foi pedido aos participantes que utilizassem
um acelerómetro (ActriGraph GT9X Link) na anca durante sete dias e respondessem ao GPAQv2 no
sétimo dia. Este protocolo foi repetido para uma subamostra aleatória, num segundo momento que
ocorreu entre 3 a 6 meses depois. Os resultados mostraram uma correlação moderada entre o GPAQv2
e o ActiGraph na avaliação da AFMV (min/dia) (r = 0.48) e baixa para o CS (r = 0.19). A diferença média
absoluta (pontuação GPAQv2 menos dados da acelerometria) para AFMV foi de 0.8 min/dia e de 348.7
min/dia para o CS, tendo-se identificado um viés negativo nos participantes fisicamente mais ativos,
uma vez que superestimaram o seu nível de AFMV. O GPAQv2 mostrou uma concordância moderada
na mudança na AFMV nos dois momentos (r = 0.52, p = 0.12) e uma baixa correlação para o CS
(r = -0.024, p = 0.916) (Cleland et al., 2014).

Em suma, perante o enquadramento apresentado, constata-se que o GPAQv2 não foi ainda
validado para a população adulta portuguesa.

1.5. Tradução e validação psicométrica de instrumentos de avaliação

Ao longo das últimas décadas, tem-se verificado um esforço crescente na uniformização de


um padrão de avaliação internacional na área da saúde, por forma a que exista metodologia comum
entre a comunidade científica (Guillemin, 1995). Este processo concretiza-se no desenvolvimento de
instrumentos de avaliação com propriedades psicométricas (Keszei et al., 2010), cuja fiabilidade e

56
validade demonstradas habilitem a sua utilização, onde os questionários apresentam lugar de
destaque (Oliveira et al., 2018; Terwee et al., 2007).

A criação de um questionário implica gastos monetários e tempo avultados. Primeiro na


própria conceção do instrumento, nomeadamente na escolha dos domínios e itens que sejam mais
adequados, e por fim na sua validação, garantindo que quantifica efetivamente o que se destina a
avaliar (Vilelas, 2020; Oliveira et al., 2018).

A generalidade destes instrumentos encontra-se publicada na língua inglesa, tendo sido


concebidos e direcionados para países e respetivas populações que falam este idioma (Guillemin,
1995; Oliveira et al., 2018). Desta forma, para utilizar um instrumento válido, estável e que avalie o
fenómeno de interesse em estudo, apesar de estar noutra língua, é recomendado que respeite uma
série de formalidades importantes, sendo imperativa uma avaliação rigorosa da sua tradução,
adaptação cultural e propriedades de medida, para a realidade na qual se deseja a sua aplicação
(Epstein et al., 2015; Fortin, 2006; Vilelas, 2020).

A tradução e adaptação cultural tendem a ser conduzidas para explorar a mesma questão em
culturas diferentes, o que evidencia a necessidade do questionário estar disponível em vários idiomas
(Fortin, 2006). Esta condição simplifica este processo metodológico, na medida em que em vez de ser
criado um novo instrumento, a adaptação transcultural afirma-se mais rápida e pressupõe que seja
produzida uma medida equivalente ao original (Beaton et al., 2000; Epstein et al., 2015), sendo
essencial utilizar técnicas reconhecidas (Fortin, 2006).

Entretanto, não subsiste um consenso entre os investigadores relativamente ao método mais


apropriado a ser mobilizado nas adaptações culturais (Oliveira et al., 2018; Vilelas, 2020). Tem-se
verificado que alguns estudos publicados com o propósito de adaptar e validar instrumentos de
medida utilizam percursos metodológicos diversos. Estes erros na estratégia adotada podem não só
originar dúvidas sobre qual o referencial metodológico mais confiável, bem como comprometer a
interpretação dos resultados do estudo (Oliveira et al., 2018; Vilelas, 2020).

Numa primeira fase, denominada geralmente qualitativa, realiza-se uma tradução inicial de
equivalência linguística, com o intuito de obter uma versão unânime que preserve ao máximo o mesmo
significado de cada item da língua de origem para a língua-alvo de adaptação, assegurando a
integridade do instrumento (Beaton et al., 2000; Epstein et al., 2015; Oliveira et al., 2018; Vilelas,
2020). Devem ser garantidas duas traduções, realizadas por dois tradutores independentes
qualificados para o efeito, que detenham um ótimo domínio das línguas e culturas, tendo nascido no
país onde o instrumento está a ser validado (Oliveira et al., 2018). Idealmente um deles deve possuir
conhecimento acerca da temática e objetivo do estudo e o outro não, evitando a troca de informações

57
entre si. As traduções devem ser posteriormente comparadas, bem como solucionadas as
discrepâncias ou dúvidas detetadas (Beaton et al., 2000; Pocinho, 2012). Por conseguinte, uma terceira
pessoa elabora uma síntese – versão final- mediante o instrumento original e as duas traduções
efetuadas (Oliveira et al., 2018; Vilelas, 2020).

O passo seguinte integra uma retroversão (Back-translation) da versão final para o idioma de
origem do instrumento. O seu intuito é averiguar a presença de desvios de significado ou conteúdo
entre a língua de origem e a língua-alvo, zelando pela qualidade e consistência da tradução (Beaton et
al., 2000; Guillemin et al., 1993; Pocinho, 2012; Oliveira et al., 2018).

O(s) tradutor(es) devem ser fluentes no idioma de origem do instrumento e não devem ter
acesso à sua versão original. No término desta etapa, a versão original e a versão traduzida devem ser
comparadas na presença do investigador e dos tradutores, perfazendo uma versão final da retroversão
(Beaton et al., 2000; Guillemin et al., 1993; Vilelas, 2020).

Mais recentemente tem sido praxis a análise da versão final da retroversão por parte de um
painel de peritos ou revisores multidisciplinares, justificado pelo seu contributo para a precisão e
credibilidade do conteúdo (Epstein et al., 2015; Pocinho, 2012; Oliveira et al., 2018). Este grupo de
peritos deverá ser composto por especialistas bilingues, com experiência na área de conhecimento,
assim como na construção e validação de instrumentos (Vilelas, 2020). É neste momento que é
realizada uma análise crítica de equivalência “semântica, idiomática, experimental ou cultural e a
equivalência concetual” (Vilelas, 2020, p. 383), pautando-se por ser alusivo à relevância e significado
de todo o conteúdo do instrumento (Beaton et al., 2000).

O término desta primeira etapa culmina com a obtenção do teste da versão pré-final: o pré-
teste (Guillemin et al., 1993; Oliveira et al., 2018). Este é aplicado a uma amostra, que varia
habitualmente entre 30 - 40 pessoas, aferindo a validade aparente do instrumento (Beaton et al., 2000;
Perneger et al., 2015; Oliveira et al., 2018). Primeiramente os indivíduos são convidados a responder
ao questionário e posteriormente a partilhar a sua opinião sobre a clareza, compreensibilidade,
pertinência e relevância cultural deste (Beaton et al., 2000; Vilelas, 2020). Após a sua aplicação é
realizada uma análise qualitativa dos dados recolhidos. Caso se detetem bastantes dúvidas por parte
dos participantes, pode voltar-se ao grupo de peritos, para possíveis retificações. Questões com mais
de 15% dos participantes que tenham manifestado relutância e hesitação na resposta ou que não
compreenderam o significado do enunciado/questão, devem ser reformuladas e reaplicadas noutros
indivíduos (Ciconelli et al., 1999; Beaton et al., 2000; Sousa & Rojjanasrirat, 2011; Vilelas, 2020).

A segunda fase deste processo sequencial designa-se por fase quantitativa e é nela que se
concretiza a testagem da versão traduzida numa amostra da população-alvo, procedendo-se à análise

58
das propriedades psicométricas que permitem “verificar a precisão da medida após a sua adaptação”
(Vilelas, 2020, p. 386). Na ótica de alguns autores estas propriedades devem ser verificadas através da
prova de fiabilidade e validade, isto é, tem que se garantir que o instrumento mede exatamente a
variável que se pretende medir – validade -, e providenciar que se a medição for repetida ou replicada,
sob as mesmas condições e com os mesmos sujeitos, os resultados serão idênticos – fiabilidade (Fortin,
2006; Gray et al., 2017; Mokkink et al., 2010; Vilelas, 2020).

59
2. METODOLOGIA

2.1. Delineamento do estudo

Trata-se de um estudo transversal, observacional e prospetivo, que teve como propósito


adaptar e validar o GPAQv2, para a população adulta portuguesa. Este consistiu em duas fases:

• Fase qualitativa: que contemplou os processos de tradução e adaptação do GPAQv2, seguido


da realização de um pré-teste;
• Fase quantitativa: que envolveu a testagem da fiabilidade e validade do GPAQv2 traduzida,
numa amostra da população-alvo. Nesta etapa foi avaliado o nível de AF de todos os
participantes através do GPAQv2, em dois momentos de avaliação (M1 e M2), separados por
7 dias consecutivos. O GPAQv2 foi comparado com o IPAQ-LF e com o acelerómetro ActiGraph
wGT3X-BT como medidas de validade concorrente e de critério, respetivamente, conforme
pode ser visualizado na Figura 1.

M1
M2
Preenchimento de ambos Avaliação por Preenchimento do GPAQv2
os questionários: GPAQv2 acelerometria durante 7 e IPAQ-LF; e devolução dos
e IPAQ-LF; e entrega dos dias consecutivos. acelerómetros à equipa de
acelerómetros aos
investigação.
participantes.

Figura 1. Representação esquemática dos momentos de avaliação.

2.2. População Alvo/Participantes

A amostra do estudo foi obtida através da divulgação à comunidade académica na Faculdade


de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL) e incluiu alunos, docentes, investigadores e pessoal
não docente. Posteriormente, os indivíduos que demonstraram interesse em participar no estudo
contactaram a equipa de investigação e deram o seu consentimento informado e esclarecido (por
escrito) para que os seus dados pudessem ser utlizados neste trabalho.

60
O cálculo da dimensão da amostra a recolher foi realizado através do package G*Power
3.1.9.7 [https://www.psychologie.hhu.de]; com base no estudo de Ács et al. (2020), que adaptou e
validou o GPAQv2 (por autoadministração) na população húngara, aparentemente saudável,
comparando-o com a acelerometria e o IPAQ-LF. No presente trabalho, considerou-se um Coeficiente
Correlação Linear de Pearson de 0.48; admitiu-se um poder estatístico de 80% e um nível de
significância de 5%, e o resultado obtido indiciou que o número mínimo necessário de indivíduos a
considerar em cada grupo (sexo masculino e sexo feminino) deveria ser de 54 observações, totalizando
108 indivíduos. Posteriormente, consideraram-se 140 participantes, tendo em conta a denominada
dropout rate de 30% (Miot, 2011).

Os critérios de inclusão dos participantes no estudo contemplaram:

• Idade compreendida entre os 18 e os 60 anos;


• Sexo Feminino e Masculino;
• Nacionalidade portuguesa e residente em Portugal Continental;
• Disponibilidade em participar nos dois momentos de avaliação (Teste-Reteste) nas
datas definidas;
• Saber ler e escrever;
• Não ser portador de défices cognitivos ou limitações físicas, que não permitissem o
seguimento do protocolo do estudo; e que não tivessem restrições para a prática das
atividades de vida diária.

Os critérios de exclusão dos participantes no estudo foram:

• Recusa de dar o seu consentimento informado (por escrito);


• Gravidez;
• Ausência/viagem do país durante o estudo;
• Atletas, definidos como indivíduos que cumpram simultaneamente os seguintes
requisitos: i) praticar exercício/desporto tendo em vista a melhoria do seu
desempenho/resultados; ii) participar ativamente em competições desportivas; estar
formalmente registado numa federação desportiva local, regional ou nacional; iii)
tenha o treino e a competição desportiva como atividade principal ou foco de
interesse pessoal, dedicando várias horas em todos ou na maioria dos dias à mesma,
excedendo o tempo adstrito a outras atividades profissionais ou de lazer (Araújo &
Scharhag, 2016).

Foram recrutados 118 participantes entre Maio e Setembro de 2022. A dimensão da amostra
final incluiu 108 participantes, conforme mostra a Figura 2.
61
Participantes Eligíveis
Excluídos (n = 10) Amostra final (n = 108)
(n = 118)

Questionários Inválidos Dados da Acelerometria


(n = 3) inválidos (n = 7)

Figura 2. Diagrama do número de participantes incluídos e excluídos do estudo.

2.2.1. Questões Éticas

A realização do presente estudo cumpriu a sequência de autorizações ético-legais exigidas.


Primeiramente foi solicitada autorização formal, via e-mail, à OMS, autora do GPAQv2, garantindo o
cumprimento dos direitos de autor. Após o pedido ter sido aceite (Ver Anexo I), foi submetido,
eletronicamente, à Comissão de Ética do Centro Académico de Medicina de Lisboa (CAML), zelando
pelo cumprimento das convenções e recomendações contempladas nas diretrizes internacionais,
nomeadamente as Declarações de Helsínquia e de Tóquio, da OMS e da União Europeia, bem como da
garantia da confidencialidade e proteção dos dados pessoais dos participantes, cujo parecer favorável
(Ref.ª N.º 61/22) foi obtido (Ver Anexo II).

O estudo honrou igualmente o princípio da autonomia, mediante a presença do


consentimento livre e informado, previamente analisado pelo CAML, que fora fornecido a todos os
participantes, presando pelo seu processo de tomada de decisão informado e esclarecido e
participação voluntária no estudo (na realização do pré-teste e aplicação do GPAQv2 para fins de
avaliação das propriedades psicométricas).

2.3. Instrumentos e equipamento utilizado

2.3.1. Questionários de Atividade Física

2.3.1.1. Questionário Global de Atividade Física, versão 2 (GPAQv2)

O GPAQv2 foi desenvolvido pela OMS e é composto por 16 questões que avaliam os níveis de
AF durante uma semana normal, na população adulta.

62
Foi utilizada a versão final proveniente da fase qualitativa do presente estudo, por
autoadministração, via online, através de um link de acesso disponibilizado pela investigadora. O
questionário avalia 3 domínios da AF: trabalho, deslocação entre locais e atividades recreativas/lazer;
e apresenta uma última questão relativa ao CS. A duração e frequência da AF e do CS foram avaliadas
em todos os domínios em min/dia.

O Guia de Análise GPAQ (World Health Organization, s.d.) foi consultado e utilizado para
pontuação do score e limpeza dos dados. Optou-se pela utilização do formato min/sem, para facilitar
a comparação dos dados provenientes da acelerometria e visto que as recomendações da OMS para a
prática de AF também se regem por esta classificação (World Health Organization, 2020b). Os subtotais
obtidos em cada domínio (Atividades no trabalho, Viagem (deslocação) entre locais e AF (atividades
recreativas)) foram somados, facultando deste modo uma estimativa da duração da AF semanal
associada à intensidade correspondente (moderada e vigorosa). A AFMV adveio da soma da AFM e da
AFV obtida pelo score do questionário. O total da AFM, AFV, AFMV e CS foram calculados em min/sem,
sendo este último também convertido em horas/dia (h/d), por ser mais compreensível a sua
interpretação a nível epidemiológico.

2.3.1.2. Questionário Internacional de Atividade Física, forma longa (IPAQ-LF)

O IPAQ-LF, versão portuguesa, (Campaniço, 2016) foi utilizado como método subjetivo para
testar a validade concorrente do GPAQv2. Esta forma longa, composta por 31 questões, foi concebida
para proporcionar uma avaliação minuciosa sobre os hábitos de AF e CS, numa semana normal, em
“vários domínios: no trabalho; nas deslocações/transporte; no trabalho doméstico; manutenção geral
e cuidar da família; nas atividades físicas e desportivas de recreação e tempos livres; e a atividade
sedentária” (Campaniço, 2016, p. 35).

O IPAQ-LF foi aplicado por autoadministração com um período de referência de uma semana
habitual, igualmente via online, como acontecera com o formato do GPAQv2, ou seja, o link único
disponibilizado continha os dois questionários, que possibilitou que os participantes respondessem a
ambos, sequencialmente.

Os dados foram expressos em min/sem e foi utilizado o guia de processamento e análise


(International Physical Activity Questionnaire group, 2004) para esta forma do IPAQ. O processamento
de dados foi semelhante ao do GPAQv2, tendo os subtotais de cada domínio (AF no trabalho;
Transportes; Trabalho Doméstico/Manutenção Geral e Cuidar da Família; AFs e Desportivas de
Recreação e Tempos Livres) sido somados para calcular a AF total, à qual fora retirada a atividade física
leve, que não foi alvo de avaliação. O CS foi contabilizado à parte da AF nos restantes domínios. Na

63
mesma linha de organização, o total da AFM, AFV, AFMV e CS foram calculados em min/semana e este
último adicionalmente em h/d.

2.3.2. Acelerometria

Os acelerómetros são considerados de maior precisão que o autorrelato para avaliar o tempo
despendido em diferentes intensidades da AF habitual, sendo recomendada a sua utilização na
validação de questionários de AF (Esliger et al., 2005; Skender et al., 2016; Westerterp, 2009). Assim,
a acelerometria foi utilizada como método objetivo para a testagem da validade de critério do GPAQv2.

O acelerómetro utilizado no estudo foi o ActiGraph wGT3X-BT (AG; ActiGraph, Pensacola, FL,
USA), leve (19 gramas), de pequenas dimensões (4.6 cm x 3.3 cm x 1.5 cm) e com a capacidade de
avaliar a aceleração nos 3 eixos ortogonais – triaxial.

Foi solicitado a todos os participantes que o utilizassem à cintura (através de um cinto elástico),
do lado direito, no prolongamento da linha midaxilar até à crista ilíaca, sendo colocado de manhã, após
se vestirem e retirado antes de dormir, não podendo ser utilizado aquando da realização de atividades
que envolvessem água, durante os sete dias consecutivos de avaliação. Os acelerómetros foram
iniciados com uma frequência de 100Hz, armazenando toda a informação em epochs de 10 segundos.
Adicionalmente foi pedido aos participantes que registassem, em folha própria disponibilizada pela
equipa de investigação (Ver Apêndice II), as horas de início e fim de utilização, devendo reportar
igualmente o motivo pelo qual retirou o acelerómetro (e.g., natação, tomar banho, entre outras), à
exceção para dormir. Foi aceite como critério mínimo 3 dias válidos de registo (incluindo pelo menos
um dia de fim de semana) e com pelo menos 600 minutos ( 10 horas) de utilização, para serem
incluídos na análise. A ativação, descarregamento e processamento dos dados foram realizados
através do Sofware ActiLife version 6.13.4 (ActiGraph, Pensacola, FL, USA). O cálculo dos valores
médios do tempo despendido pelos participantes nos diferentes tipos de intensidade de AF foi
efetuado através do programa Microsoft Excel.

O algoritmo de Freedson Combination adults (1998) foi utilizado para estimar o DE e os cut-off
points de Troiano Adults (2008) para a distinção da intensidade da AF: sedentária ou CS (0-99
counts/min); leve (100-2019 counts/min); moderada (2020-5998 counts/min) e vigorosa ( 5999
counts/min). Todas as variáveis de AF foram convertidas em tempo (minutos) por dia válido.

2.3.3. Fase qualitativa: Processo de Tradução e Adaptação do GPAQv2

O processo de tradução e adaptação cultural teve início após a autorização formal da OMS e
seguiu as etapas recomendadas pela mesma (World Health Organization, 2005). Foi realizada a

64
tradução do questionário de origem, de inglês para português europeu, por dois tradutores
independentes e com background diferentes: o primeiro com Licenciatura em Ciências do Desporto e
o segundo, tradutor profissional, sem qualquer conhecimento na área da Atividade Física e Saúde.
Porém, ambos falantes nativos da língua-alvo e com domínio de inglês fluente. Este processo de
tradução e adaptação detalhado teve em consideração a dimensão semântica e lexical, bem como a
adaptação cultural à realidade portuguesa, assegurando que o significado do conteúdo da língua
original fora mantido.

Posteriormente, celebrou-se uma reunião entre os tradutores, investigadora principal e


respetiva orientadora, na qual foram analisados, pormenorizadamente, cada item das duas versões,
obtendo-se uma versão de consenso (Versão 1). Constatou-se uma concordância elevada entre as
versões, divergindo apenas num pequeno número de determinados vocábulos sinónimos, mas que
mantinham o significado, conforme ilustrado na Tabela 4.

Tabela 4. Traduções independentes (Versão A e B) do GPAQv2.

Versão A Versão B

“Viagens e deslocações entre lugares” “Viagem (deslocação) entre locais”

(...) “Se “não” avance até à P4.” (...) “Se “não” passe para a P4.”

“Pense primeiro” (...) “Comece por pensar” (...)

(...) “frequência cardíaca” (...) (...) “ritmo cardíaco” (...)

(...) “quanto tempo gasta” (...) (...) “quanto tempo dedica” (...)

As expressões que suscitaram maior discórdia da versão original foram: “Travel to and from
places” e “heart rate”. A primeira, na Versão A, foi traduzida para “Viagens e deslocações entre
lugares” e na Versão B resultou em “Viagem (deslocação) entre locais”. Após partilha de ideias, optou-
se pela sugestão da Versão B, uma vez que a palavra “locais” é mais assertiva quando o objetivo é
indicar um determinado lugar ou sítio. Em contrapartida, “lugares” apresenta maior divergência de
aplicação, podendo ser extensível a profissões, empregos, além de poder ser relativo a um local.

Relativamente à expressão “heart rate”, o grupo optou pela tradução efetuada na versão A
para “frequência cardíaca”, dado que corresponde ao número de batimentos cardíacos que ocorrem
por minuto e por ser este parâmetro fisiológico que se altera com a AF. O ritmo cardíaco, apesar de

65
ser uma característica do pulso, igualmente referente à atividade elétrica do coração, tem maior
utilização na sua caracterização (e.g., regular ou irregular).

Após a versão de consenso, foi efetuada a retroversão por uma terceira pessoa (especializada
e diferenciada na área da AF e Saúde), que não teve qualquer contacto com a versão original do
questionário. Nesta etapa, confirmou-se que todo o conteúdo do questionário traduzido novamente
para a língua original conservou o significado, sendo as disparidades identificadas somente
relacionadas com sinónimos, como evidencia a Tabela 5.

Tabela 5. Comparação entre a Versão original e a versão retrotraduzida do GPAQv2.

Versão original Versão retrovertida

(...) “practice” (...) “do.”

(...) “fitness” (...) (...) “physical exercise” (...)

(...) “is about” (...) (...) “concerns” (...)

(...) “10 minutes continuously” (...) (...) “10 consecutive minutes” (...)

Após esta etapa, procedeu-se à comparação de todas as versões realizadas e descritas, com o
objetivo de averiguar a presença de ambiguidades, inconsistências ou erros concetuais que tivessem
surgido na sequência destes processos de adaptação. Esta fase contou com a colaboração de dois
peritos (doutorados na área da AF e Saúde) bilingues; uma pessoa com licenciatura em Ensino Básico,
a lecionar a disciplina de Português; e a investigadora, que avaliaram a validade de conteúdo, por
forma a “alcançar a equivalência cultural do instrumento traduzido” (Vilelas, 2020, p. 383). Nesta etapa
a única expressão que suscitou reflexão foi “Numa semana típica”, sendo comparada a “Numa semana
normal”. Após debate construtivo entre todos os intervenientes, optou-se pela aprovação desta
última, pela sua aplicabilidade na linguagem corrente e cultura portuguesa. Dado não terem sido
detetadas mais diferenças entre as versões (de conteúdo, pontuação, gramática e ortografia) efetivou-
se a versão pré-final do questionário, em português europeu, passível de ser utilizada na realização do
pré-teste.

O pré-teste foi executado com o propósito de avaliar a clareza e a compreensão de cada item
da versão pré-final do questionário a uma amostra constituída por 32 indivíduos, distribuídos de forma
homogénea por sexo (feminino e masculino) e por intervalos de faixas etárias compreendidas entre os
18 e os 60 anos, inclusive, conforme ilustra a Tabela 6.

66
Tabela 6. Características da amostra do pré-teste.

Classes Faixas Etárias (anos) Sexo Masculino Sexo Feminino Total

[18-28] 4 4 8

[29-39] 4 4 8

[40-49] 4 4 8

[50-60] 4 4 8

Total 16 16 32

Cada um dos participantes foi informado sobre o objetivo do pré-teste, tendo recebido via
eletrónica, o link de acesso ao mesmo. Por forma a avaliar o grau de clareza e compreensão, após
responderem a cada questão da versão pré-final do questionário foi solicitado aos inquiridos que
respondessem à seguinte questão: “A pergunta anterior foi de fácil compreensão?”, através de uma
escala de Likert, constituída por cinco posições: 1. Discordo totalmente; 2. Discordo; 3. Não concordo,
nem discordo; 4. Concordo; e 5. Concordo totalmente.

Caso a resposta correspondesse às opções 1. Discordo totalmente ou 2. Discordo, foi-lhes


solicitado que justificassem, numa resposta aberta, a razão da pergunta não ter sido clara: “Indique,
por favor, qual a razão da pergunta não ter sido clara.”

Na realização do pré-teste foram utilizados show cards, conforme recomendação da OMS, com
o objetivo de exemplificar os diferentes tipos e intensidades da AF.

Após análise dos resultados, o valor médio obtido nas respostas de acordo com a escala de
Likert foi de 4.75. Apenas um (n = 1) dos inquiridos utilizou a resposta aberta para comentar a clareza
das questões do questionário (Ver Tabela 7).

67
Tabela 7. Único comentário de um inquirido na realização do pré-teste.

Questão do GPAQv2 Comentário do inquirido

Q15. “Num dia normal, quanto tempo dedica à “A pergunta devia ser para a semana ou para os
prática de desporto, exercício ou atividades dias em que a atividade é praticada. Coloquei a
recreativas (de lazer), de intensidade média para a semana.”
moderada?”

Abreviaturas: Q - questão.

Este apontamento prende-se com o facto de a pessoa inquirida não realizar AF recreativa ou
de lazer de intensidade moderada todos os dias da semana, argumentando que o dia normal poderia
contemplar o dia da prática da atividade ou não, tendo optado por responder um valor médio
correspondente ao dia em que pratica a AF. Porém, este fator não depende diretamente da tradução
e adaptação cultural efetuada, mas sim do conteúdo do próprio questionário. Neste sentido, perante
a ausência de dificuldades neste processo de apreciação quanto à forma, conteúdo e conformidade
cultural, a versão pré-final do questionário originou a versão final deste (Ver Apêndice I), sem ser
necessária qualquer reformulação.

Finalizada a etapa de tradução e adaptação cultural, basilar neste processo sequencial, seguiu-
se para a realização de testes adicionais, com o objetivo de testar as propriedades psicométricas do
questionário em questão (Beaton et al., 2000).

2.3.4. Fase quantitativa e de recolha de dados

Nesta fase todos os participantes recrutados foram informados sobre o objetivo do estudo,
bem como esclarecidas todas as suas dúvidas. Após obtenção do consentimento informado escrito,
procedeu-se à explicação do protocolo do estudo; e existiu um momento de preparação dos
participantes, assegurando determinadas medidas de padronização relacionadas com a utilização do
acelerómetro.

Foi-lhes solicitado responder ao GPAQv2 e IPAQ-LF, por autoadministração, via digital,


(mediante um link disponibilizado) e a utilizar o acelerómetro durante 7 dias consecutivos. O link, além
dos questionários, continha numa primeira parte um conjunto de questões referentes a dados
sociodemográficos e antropométricos.

Terminada a semana de avaliação, todos os participantes foram novamente convocados a


preencher ambos os questionários, devolvendo os acelerómetros à equipa de investigação.
68
Nos dias do preenchimento dos questionários, os participantes foram notificados através de
uma Short Message Service (SMS), como lembrete da tarefa a realizar. Concluídas as avaliações e
analisados os dados, a investigadora enviou a cada um dos participantes o relatório (Ver Apêndice III)
dos resultados obtidos, como forma de agradecimento e reconhecimento pela sua colaboração e
envolvimento no estudo, bem como estratégia de promoção da literacia em AF e saúde dos mesmos.

2.4. Variáveis

No presente trabalho foram estudadas variáveis sociodemográficas, antropométricas e


referentes à AF provenientes da acelerometria, GPAQv2 e IPAQ-LF, de cada participante.

Variáveis Sociodemográficas:

• Idade (anos);
• Sexo;
• Estado Civil;
• Nível de escolaridade/Habilitações Académicas;
• Fatores de risco relativos à saúde.

Variáveis antropométricas:

• Altura (metros);
• Peso (Kg);
• Índice de Massa Corporal (IMC) (Kg/m2). O IMC é calculado através da divisão do peso pelo
Peso
quadrado da altura, i.e., IMC = (𝐀𝐥𝐭𝐮𝐫𝐚)𝟐 .

Variáveis obtidas pela acelerometria, GPAQv2 e IPAQ-FL;

• Frequência e duração da Atividade Física Moderada;


• Frequência e duração da Atividade Física Vigorosa;
• Frequência e duração do Comportamento Sedentário.

69
2.5. Métodos Estatísticos Utilizados

Inicialmente, procedeu-se à Análise Exploratória dos Dados. Esta técnica estatística foi
executada tendo em conta a natureza dos dados. Assim, para as variáveis categóricas obtiveram-se
frequências absolutas e percentagens; e para as variáveis numéricas calcularam-se medidas de
localização, medidas de dispersão, medidas de assimetria (ou skewness) e medidas de achatamento
(kurtosis ou forma). Adicionalmente, tendo em conta o tipo de variável em estudo, construíram-se
gráficos, tais como gráficos de barras, diagramas circulares, boxplots e histogramas.

A normalidade das variáveis quantitativas contínuas em estudo foi testada via dos dois Testes
de Hipóteses de Ajustamento da Normalidade: O Teste Kolmogorov-Smirnov e o Teste de Shapiro-Wilk
(Guimarães & Cabral, 1997; Marôco, 2021).

Com o intuito de testar se existiam diferenças nos valores médios dos dados
sociodemográficos entre os dois sexos, aplicou-se para variáveis quantitativas o Teste de Hipóteses
t-Student para duas Amostras Independentes. Quando não foi possível assumir que a variável em
estudo tinha uma distribuição normal nas duas populações em estudo, utilizou-se o respetivo Teste de
Hipóteses alternativo não paramétrico – Teste U de Mann-Whitney.

Para variáveis qualitativas utilizou-se o Teste do Qui-quadrado de Homogeneidade, quando a


sua condição de aplicabilidade era satisfeita (i.e., pelo menos 80% das frequências esperadas eram
superiores a 5). Quando este teste não paramétrico não pôde ser aplicado, executaram-se também o
Teste Exato de Fisher ou o Teste de Fisher-Freeman-Halton, para variáveis qualitativas com duas classes
ou variáveis qualitativas com mais de duas classes, respetivamente (Marôco, 2021; Siegel & Castellan,
1988; Van Auken & Kebschull, 2021; Freeman & Halton, 1951).

No que diz respeito à fiabilidade, utilizou-se a técnica Teste-Reteste para testar a estabilidade
do GPAQv2 nos dois momentos de aplicação (M1 e M2). Aplicou-se o Teste de Kappa (k de Cohen) para
as variáveis categóricas e o Teste de Coeficientes de Correlação Intraclasse (CCI) (Modelo: Misto de
dois fatores; Tipo: Concordância absoluta) para variáveis contínuas. A classificação da fiabilidade
utilizada para os valores de k foi a seguinte: nenhuma (0-0.20); mínima (0.21-0.39); fraca (0.40-0.59);
moderada (0.60-0.79); forte (0.80-0.90); e quase perfeita (> 0.90) (McHugh, 2012). Relativamente ao
CCI, a fiabilidade categorizou-se em: pobre (< 0.50); moderada (0.50-0.75); boa (0.75-0.90); e excelente
(> 0.90) (Koo & Li, 2016; Portney & Watkins, 2000). Valores  0.70 foram considerados aceitáveis na
testagem da fiabilidade (Nunnally & Bernstein, 1994; Vilelas, 2020) .

A validade concorrente entre questionários (GPAQv2 vs. IPAQ-LF) e a validade de critério entre
GPAQv2-acelerómetro foram determinadas e calculadas para todos os participantes. Por não se

70
verificar uma distribuição normal, recorreu-se à utilização do Coeficiente de Correlação de Spearman
(rho) na medição da intensidade da relação entre as variáveis, através a seguinte classificação: 0-0.2 =
pobre; 0.21-0.40 = razoável; 0.41-0.60 = moderada; 0.61-0.80 = substancial e de 0.81-1.0 = quase
perfeita (Bull et al., 2009). As correlações são medidas de associação que quantificam a intensidade e
a direção da associação entre duas variáveis (Marôco, 2021). Porém, uma correlação elevada não
implica necessariamente a existência de concordância entre dois métodos (Doğan, 2018; Giavarina,
2015).

Por esta razão, para avaliar a concordância entre o GPAQv2 e o acelerómetro, construíram-se
gráficos de Bland-Altman, com os respetivos limites de concordância a 95%. Previamente à
representação gráfica foi aplicado o Teste-t de uma amostra para averiguar a existência de diferenças
entre os métodos. Quando este teste paramétrico não pôde ser aplicado, devido à sua condição de
aplicabilidade não se verificar (i.e., a normalidade da variável média amostral) executou-se o respetivo
Teste de Hipóteses não paramétrico alternativo, ou seja, o Teste de Wilcoxon (para duas amostras
emparelhadas).

Neste trabalho todos os dados oriundos dos questionários e acelerometria foram


primeiramente introduzidos numa base de dados concebida no programa Microsoft Excel. Para a
Análise Estatística foi utilizado o Statistical Package for the Social Science (SPSS) (SPSS Inc, Chicago,
USA), versão 28. Considerou-se um nível de significância de 5% (p < 0.05).

71
3. RESULTADOS

3.1. Descrição das características amostrais

Dos 118 participantes elegíveis, 10 foram excluídos da análise devido ao incumprimento dos
requisitos mínimos de utilização do acelerómetro e/ou do preenchimento dos questionários para além
do prazo estipulado.

As características sociodemográficas são apresentadas na Tabela 8. Assim, a amostra final


deste estudo inclui 108 participantes, com idade média compreendida entre 39  12 anos, sendo a
idade mínima e máxima de 19 e 60 anos, respetivamente. Relativamente à distribuição por sexo, a
amostra é constituída por 55 pessoas do sexo masculino (50.9%) e 53 do sexo feminino (49.1%).

Apesar do IMC médio de 24.66 Kg/m2 da amostra, verifica-se que 0,9% (n = 1) tem baixo peso
(IMC < 18.50 kg/m2); 50% (n = 54) apresenta peso normal (IMC: 18.50-24.99 kg/m2); e 47.2% (n = 51)
e 1.9% (n = 2) tem excesso de peso (IMC: 25.00-29.99 kg/m2) e obesidade classe I (IMC: 30.00-34.99
kg/m2), respetivamente, segundo a classificação da OMS (2000).

Quanto ao estado de saúde, 80.6% (n = 87) dos participantes referiu não possuir nenhuma
doença crónica diagnosticada. Apenas um dos inquiridos respondeu ter DCV diagnosticada e nenhum
mencionou ter diabetes mellitus, cancro, doença renal crónica (DRC) e doença pulmonar obstrutiva
crónica (DPOC).

No que concerne ao nível de AF (e de acordo com os dados provenientes da acelerometria),


90.7% (n = 98) dos participantes são fisicamente ativos, e praticam em média 49 ± 22 minutos de AFMV
por dia. No sexo masculino, 94.34% (n = 50) cumprem as recomendações para a prática da AF, sendo
que 71.70% (n = 38) supera os 300 min/sem de prática de AFMV. No sexo feminino, 87.27% (n = 48) é
fisicamente ativo e 43.64% (n = 24) mulheres ultrapassam a meta dos 300 min/sem. Já o padrão de CS
(média ± DP) da amostra do estudo foi de 11 ± 2 h/d.

A média ± DP total de dias válidos de todos os acelerómetros analisados foi de 6.9 ± 0.4.

O padrão global de AF dos participantes avaliado pelos três instrumentos pode ser consultado
na Tabela 9. Os dados revelam uma distribuição assimétrica positiva, dado que os valores da mediana
são inferiores à média, com exceção do CS (min/dia) avaliado pelo acelerómetro, cuja média é similar
à mediana.

72
Tabela 8. Caracterização sociodemográfica da amostra do estudo.

Total Masculino Feminino


n 108 55 53 p*
Média (DP) Média (DP) Média (DP)

Idade (anos) 38.9 (11.5) 38.7 (11.3) 39.2 (11.7) 0.825

Peso (Kg) 71.5 (12.33) 80.4 (8.9) 62.9 (8.5) < 0.001

Altura (metros) 1.70 (0.09) 1.76 (0.07) 1.63 (0.06) < 0.001

IMC (Kg/m2) 24.7 (2.9) 25.8 (2.3) 23.6 (3.0) < 0.001

Estado Civil Fr (%)

Solteiro 44 (40.70) 21 (39.60) 23 (41.80)


Casado 45 (41.70) 22 (41.50) 23 (41.80) 0.988
Divorciado 6 (5.60) 3 (5.70) 3 (5.50)
União de facto 13 (12.00) 7 (13.20) 6 (10.90)

Habilitações Literárias Fr (%)

Ensino Básico 7 (6.50) 3 (5.70) 4 (7.30)


Ensino Secundário 44 (40.70) 20 (37.70) 24 (43.60) 0.638

Ensino Superior 57 (52.80) 30 (56.60) 27 (49.10)

Fatores de Risco Fr (%)


Fumador 9 (8.30) 3 (5.70) 6 (10.90) 0.489

Ex-fumador 9 (8.30) 7 (13.20) 2 (3.60) 0.090

Colesterol elevado 12 (11.1) 6 (11.30) 6 (10.90) 0.999

História Familiar de DCV 3 (2.80) 2 (1.90) 1 (1.80) 0.614

HTA 7 (6.50) 3 (5.70) 4 (7.30) 0.999


Abreviaturas: DCV – Doença Cardiovascular; DP – Desvio-Padrão; Fr – Frequência Absoluta; HTA – Hipertensão
Arterial; IMC – Índice de Massa Corporal; n – dimensão da amostra; p – p-value; *p – values do Teste t-Student
para duas amostras independentes; Teste U de Mann-Whitney; Teste do Qui-quadrado; Teste Exato de Fisher e
Teste de Fisher Freeman Halton, consoante os casos.

73
Tabela 9. Padrão da Atividade Física da amostra de acordo com a Acelerometria, GPAQv2 e IPAQ-LF.

n = 108
Acelerómetro GPAQv2 IPAQ-LF
Intensidade de AF Média (DP) Mediana (IQ) Média (DP) Mediana (IQ) Média (DP) Mediana (IQ)

AFM (min/sem) 310.7 (133.3) 290.3 (171.4) 294.6 (208.0) 240.0 (270.0) 554.5 (691.7) 335.0 (601.0)

AFV (min/sem) 28.2 (54.6) 9.3 (31.5) 137.8 (172.9) 95.0 (180.0) 219.7 (400.5) 120.0 (278.0)

AFMV (min/sem) 338.8 (156.4) 322.2 (195.3) 432.5 (284.4) 375.0 (251.0) 774.2 (893.2) 515.0 (784.0)

CS (h/d) 11.0 (1.5) 11.1 (2.1) 8.2 (2.5) 8.0 (3.4) 8.1 (3.0) 7.6 (3.6)
Abreviaturas: AF – Atividade Física; AFM – Atividade Física Moderada; AFV; Atividade Física Moderada a Vigorosa; CS – Comportamento Sedentário; DP- Desvio Padrão; IQ – Intervalo
Interquartil; min/sem – minutos por semana; h/d – hora por dia; GPAQv2 – Global Physical Activity Questionnaire, version 2; International Physical Activity Questionnaire, long form
(IPAQ-LF).

74
3.2. Análise dos Resultados

3.2.1. Fiabilidade

3.2.1.1. Teste-Reteste

Apresenta-se o resultado do estudo da Fiabilidade pela técnica Teste-Reteste para as variáveis


categóricas do GPAQv2 (Ver Tabela 10), cuja resposta é “sim” ou “não” (Ver Apêndice I). Todos os
resultados foram estatisticamente significativos (p < 0.001). O valor de k variou entre 0.864-0.976.
Assim, tem-se uma fiabilidade de forte a quase perfeita. A percentagem (%) da concordância dos dados
obtida entre os dois momentos de avaliação (M1 e M2) variou entre 94.4% e 99.1%.

Para a análise da fiabilidade Teste-Reteste das variáveis contínuas do GPAQv2


alusivas à frequência da prática de AF (dias/sem e min/dia), utilizou-se o CCI como pode ser visualizado
na Tabela 11. Os resultados foram estatisticamente significativos para todas as questões e oscilaram
entre moderada a excelente (CCI: 0.562-0.994), verificando-se correlações mais elevadas referentes à
AFV realizada, especialmente nos domínios do trabalho e lazer. Em contrapartida, o valor do CCI mais
baixo correspondeu à questão 15, relativa à duração da prática de AFM diária, no domínio das
atividades recreativas e de lazer.

75
Tabela 10. Resultados da fiabilidade (Teste-Reteste) para o valor do Kappa (de Cohen).

n = 108

Domínio da AF Questão Momento k % da concordância p

Teste (M1)
AFV Q1 0.947 99.074 < 0.001
Reteste (M2)

Trabalho Teste (M1)


AFM Q4 0.976 99.074 < 0.001
Reteste (M2)

Teste (M1)
Transporte AFM Q7 0.864 94.444 < 0.001
Reteste (M2)

Teste (M1)
AFV Q10 0.961 98.148 < 0.001
Reteste (M2)

Lazer Teste (M1)


AFM Q13 0.944 97.222 < 0.001
Reteste (M2)

Abreviaturas: AF – Atividade Física; AFM – Atividade Física Moderada; AFV – Atividade Física Vigorosa;
k – Valor de Kappa; % - percentagem; p – p-value e Q – Questão.

76
Tabela 11. Resultado da análise da fiabilidade (Teste-Reteste) com o valor do Coeficiente de Correlação
Intraclasse (CCI).

n = 108

Domínio da AF Questão Momento CCI p

Score -Teste (M1)


Q2 0.991 < 0.001
Score – Reteste (M2)
AFV
Score - Teste (M1)
Q3 0.989 < 0.001
Score – Reteste (M2)
Trabalho
Score - Teste (M1)
Q5 0.981 < 0.001
Score – Reteste (M2)
AFM
Score - Teste (M1)
Q6 0.978 < 0.001
Score – Reteste (M2)

Score - Teste (M1)


Q8 0.971 < 0.001
Score – Reteste (M2)
Transporte AFM
Score - Teste (M1)
Q9 0.938 < 0.001
Score – Reteste (M2)

Score - Teste (M1)


Q11 0.994 < 0.001
Score – Reteste (M2)
AFV
Score - Teste (M1)
Q12 0.989 < 0.001
Score – Reteste (M2)
Lazer
Score - Teste (M1)
Q14 0.965 < 0.001
Score – Reteste (M2)
AFM
Score - Teste (M1)
Q15 0.562 < 0.001
Score – Reteste (M2)

Score - Teste (M1)


CS Q16 0.973 < 0.001
Score – Reteste (M2)

Abreviaturas: CCI – Coeficiente de Correlação Intraclasse; CS - comportamento sedentário; p - p-value e


Q – questão.

77
3.2.2. Validades de Critério e Concorrente

A validade de critério e concorrente do GPAQv2 foi testada via Coeficiente de Correlação de


Spearman (rho) entre GPAQv2 vs. acelerómetro e GPAQv2 vs. IPAQ-LF, conforme pode ser verificado
na Tabela 12. Comparando os resultados dos três instrumentos de avaliação, verificaram-se diferenças
estatisticamente significativas para todos os níveis de AF e CS.

As variáveis GPAQv2 vs. acelerómetro apresentaram uma correlação positiva de razoável a


substancial, sendo que a correlação mais fraca foi obtida para a variável do CS (rho = 0.226, p = 0.019)
e a correlação mais elevada correspondeu à AFMV (rho = 0.672, p < 0.001).

Quando se comparou GPAQv2 e o IPAQ-LF, obteve-se uma correlação positiva de moderada a


substancial, com um intervalo de variação de rho: 0.471-0.680. A variável da AFM obteve a correlação
menos elevada (rho = 0.471, p < 0.001) e o CS demonstrou a associação máxima encontrada
(rho = 0.680, p < 0.001).

78
Tabela 12. Validade de critério e concorrente entre os pares: GPAQv2 e acelerómetro e GPAQv2e IPAQ-LF.

ActiGraph wGT3X-BT n = 108


AFM (min/sem) AFV (min/sem) AFMV (min/sem) CS (min/sem)
GPAQv2 AFM

rho 0.629** 0.068 0.585** -0.276**

p < 0.001 0.484 < 0.001 0.004

GPAQv2 AFV

rho 0.235 0.592** 0.318** 0.139

p 0.014 < 0.001 < 0.001 0.150


GPAQv2 AFMV

rRho 0.659** 0.396** 0.672** -0.138

p < 0.001 < 0.001 < 0.001 0.153

GPAQv2 CS

rho -0.190* 0.044 -0.182 0.226*

p 0.049 0.654 0.059 0.019

IPAQ-FL
AFM (min/sem) AFV (min/sem) AFMV (min/sem) CS (min/sem)

GPAQv2 AFM

rho 0.471** 0.292** 0.512** -0.241*


p < 0.001 0.002 < 0.001 0.012

GPAQv2 AFV

rho 0.069 0.671** 0.292** -0.106

p 0.479 < 0.001 0.002 0.277

GPAQv2 AFMV
rho 0.408** 0.571** 0.571** -0.233

p < 0.001 < 0.001 < 0.001 0.015


GPAQv2 CS

rho -0.208* -0.087 -0.244* 0.680**

p 0.031 0.368 0.011 < 0.001


Abreviaturas: *- A correlação é significativa para o nível 0.05; **- A correlação é significativa para o nível 0.01;
AFM – Atividade física moderada; AFV – Atividade física vigorosa; AFMV – Atividade física moderada a vigorosa;
GPAQv2 – Global Physical Activity Questionnaire, version 2; International Physical Activity Questionnaire, long
form (IPAQ-LF); p-p-value e rho – Coeficiente de Correlação de Spearman.

79
3.2.3. Análise da Concordância GPAQv2-acelerómetro

A concordância entre o tempo médio despendido em AFM, AFV, AFMV e CS medidos pelo
GPAQv2 e o acelerómetro pode ser visualizada pelos gráficos Bland-Altman. Calcularam-se os limites
de concordância (Média ± 1.96 × Desvio Padrão) para todos os tipos de intensidade e estes são
apresentados nas Figuras 3, 4, 5 e 6. Foram encontradas diferenças significativas (p < 0.05) entre os
dois métodos para todos os níveis de intensidade AF e CS.

Verificou-se que os dados de alguns participantes não estavam incluídos nesses limites, o que
indicia a existência de outliers (6, 8, 5 e 5 para a AFM, AFV, AFMV e CS, respetivamente).

A diferença média entre os dois métodos na avaliação da AFM foi de 16.05 min/sem, sendo o
intervalo de variação: (-327.91 a 295.80). Assim, verificou-se uma subestimação do GPAQv2 para este
nível de intensidade. Para a AFV, a diferença média foi de 109.67 min/sem
(-204,14 a 423.48), revelando uma tendência de superestimação do GPAQv2 comparativamente ao
acelerómetro. Quanto à AFMV, o diferencial médio foi de 93.62 min/sem (-347.18 a 534.42).

O CS demonstrou a maior diferença média de valores, 172.67 min/sem (-468.74 a 123.41) ou


2.88 horas/dia (-7.81 a 2.06), confirmando-se um viés negativo de subestimação por parte do GPAQv2
para este nível de atividade.

80
Figura 3. Gráfico Bland-Altman: Atividade Física Moderada (AFM) GPAQv2 vs. Acelerometria

Figura 4. Gráfico Bland-Altman: Atividade Física Vigorosa (AFV) GPAQv2 vs. Acelerometria.

81
Figura 5. Gráfico Bland-Altman: Atividade Física Moderada a Vigorosa (AFMV) GPAQv2 vs. Acelerometria.

Figura 6. Gráfico Bland-Altman: Comportamento Sedentário (CS) GPAQv2 vs. Acelerometria.

82
4. DISCUSSÃO

O presente estudo avaliou a fiabilidade e validade do GPAQv2 como instrumento de avaliação


da AF em comparação com o acelerómetro (método objetivo) e IPAQ-LF (método subjetivo) na
população adulta portuguesa.

Os resultados demonstraram uma fiabilidade aceitável e significativa para todos os itens do


GPAQv2, traduzido para português europeu, evidenciando a sua estabilidade temporal e consequente
reprodutibilidade (Fortin, 2006), durante os sete dias consecutivos entre os dois momentos de
avaliação (M1 e M2).

Foi obtida fiabilidade bastante elevada no Teste-Reteste realizado, variando entre forte (0.864)
a quase perfeita (0.976) para valores de k; e moderada (0.562) a excelente (0.994) para o CCI. Estes
valores são consistentes, e até superiores, com outros artigos publicados que testaram as
propriedades psicométricas do GPAQv2 noutros países (Ács et al., 2020; Bull et al., 2009; Lee et al.,
2020). Ács et al. (2020) encontraram para todos os níveis de intensidade de AF e CS elevado grau de
fiabilidade (CCI = 0.899-0.987, p < 0.001) do questionário na população adulta Húngara, à semelhança
do presente estudo. Bull et al. (2009) relataram Coeficientes de Correlação Teste-Reteste de 0.67 a
0.81, tendo utilizado o Coeficiente de Correlação de Spearman (rho), e valores de k de 0.67-0.73, para
dados agrupados em nove países, destacando-se, a nível individual, os resultados oriundos de Changai
(China) que apresentaram valores de k entre 0.91 e 1.00, em todos os domínios. Rivière et al. (2018)
demonstraram fiabilidade fraca a boa (CCI = 0.37-0.94; k = 0.50-0.62) na validação da versão francesa
do GPAQv2, e recentemente, o trabalho de Lee et al. (2020) mostrou uma variação de k entre 0.30 e
0.67 e de rho entre 0.47-0.70, para a população da Coreia.

A oscilação destes resultados pode estar relacionada com determinados fatores, tais como: uma
ampla variação da idade da população alvo (i.e., 15-79 anos) (Keating et al., 2019); diferença cultural;
e contexto socioeconómico entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, interferindo
consequentemente na caracterização dos níveis de AF das suas populações (Bull et al., 2009; Keating
et al., 2019; Mumu et al., 2017).

Outro motivo para a variação de valores de k e CCI obtidos entre estudos, poderá ser atribuído
ao nível de escolaridade (Alkahtani, 2016; Mumu et al., 2017) e literacia em saúde da amostra, em
virtude de 52.80% dos participantes deste estudo apresentarem o Ensino Superior como habilitações
literárias e o processo de recrutamento ter ocorrido na FMUL, instituição com uma forte vinculação à
Saúde e Investigação, podendo existir maior consciencialização para a temática da AF.

83
Estas evidências são semelhantes aos resultados de Lee et al. (2011), em que os participantes
que detinham o ensino superior tiveram um melhor desempenho no preenchimento do IPAQ-SF,
constatando-se uma diferença de superestimação do autorrelato da AF de quase o dobro por parte
daqueles que não tinham este nível de habilitações literárias. O estudo de validação do GPAQ nos nove
países mostrou igualmente correlações superiores para os países cujos participantes detinham o
ensino superior, em comparação com aqueles cujo número de anos de escolaridade era
inferior a 13 anos (Bull et al., 2009).

A literatura sugere também que o intervalo temporal de aplicação Teste-Reteste parece ter
impacto no grau de fiabilidade. Herrmann et al. (2013) demonstrou que a fiabilidade por Teste-Reteste
a curto prazo (10 dias) variou de 0.83 a 0.96, enquanto que a longo prazo (3 meses) alternou de 0.53
para 0.83. Neste estudo, a fiabilidade por Teste-Reteste (por CCI) apresentou valores mais altos (0.562-
0.994), provavelmente por ter sido selecionado o período de sete dias, conforme a maioria dos estudos
publicados (Keating et al., 2019).

A fiabilidade mais elevada obtida nesta dissertação foi referente à AFV, designadamente nos
domínios do trabalho e lazer. Quanto ao primeiro, estes resultados podem estar associados à
existência de uma atividade laboral rotineira dos participantes, sendo consequentemente mais fácil a
sua recordação no momento do preenchimento do GPAQv2, pormenor também indicado por Adıgüzel
et al. (2021).

Relativamente à AFV no domínio das atividades recreativas/lazer, esta observação foi


semelhante em estudos prévios (Chu et al., 2015; Meh et al., 2021), podendo ser fundamentada pelo
facto da prática deste nível de intensidade ser predominantemente acumulada através da realização
de exercícios estruturados recreativos e, portanto, presumivelmente intencionais. Assim, os
participantes parecem ser capazes de reportar com maior precisão estes períodos de AF definidos (Soo
et al., 2015), comparativamente a outros menos programados, como por exemplo a forma de
deslocação entre locais ou até mesmo na prática de AFM no dia a dia (Chu et al., 2015).

No que diz respeito à validade concorrente, Herrman et al. (2013) e Rivière et al. (2018)
encontraram uma correlação pobre a moderada entre os scores de intensidade de AF do GPAQ e o
IPAQ (com coeficientes 0.260-0.630 e 0.410-0.860, respetivamente), pelo que os resultados obtidos
para a população portuguesa indicaram uma validade semelhante, de moderada a substancial
(rho: 0.471-0.680). Entre a AFM e AFV, esta última foi a que obteve maior correlação nos estudos
supramencionados, o que se refletiu igualmente neste estudo, corroborando os resultados obtidos
numa revisão sistemática e meta-análise sobre os questionários de avaliação de AF em adultos no
contexto europeu (Sember et al., 2020).

84
Uma hipotética explicação para a diferença entre resultados pode estar associada à forma da
aplicação metodológica utilizada no IPAQ. Bull et al. (2009) e Adıgüzel et al. (2021) utilizaram a forma
curta e neste estudo foi aplicada a forma longa, sendo esta situação identicamente elencada por
Revière et al. (2018). Enquanto que o GPAQv2 e o IPAQ-LF avaliam a AF por domínios, o IPAQ-SF não
apresenta esta capacidade de diferenciação da AF (Armstrong & Bull, 2006; van Poppel et al., 2010), o
que pode favorecer a utilização do IPAQ-LF como método concorrente do GPAQv2 (Rivière et al., 2018).
Meh et al. (2021) reforçaram esta corrente de pensamento afirmando um desempenho ligeiramente
superior do GPAQv2 relativamente ao IPAQ-SF na população da Eslovénia, argumentando que a
segmentação da AF por questões e domínios pode facilitar a recordação desta por parte dos
participantes, uma vez que o GPAQv2 contém mais perguntas do que o IPAQ-SF.

No entanto, o IPAQ-LF tem sido conotado como demasiado extenso e longo (Armstrong & Bull,
2006). O facto de conter um elevado número de questões poderá incitar o participante a superestimar
a sua AF, especialmente porque particulariza determinadas atividades. Exemplo disso são as tarefas
domésticas, que no GPAQv2 são contempladas no domínio do trabalho; e o tempo que a pessoa
despende a caminhar, que não é considerado pelo GPAQv2 se não for uma caminhada rápida
(é considerada como AFM) (Rivière et al., 2018). Estes pormenores vão ao encontro do raciocínio de
Revière et al. (2018), que reforçam a necessidade da utilização do mesmo questionário na avaliação e
interpretação do padrão de AF da população, devido à dificuldade e discrepância de valores existentes
na comparação entre diferentes questionários.

O CS foi a variável que obteve a associação mais forte entre questionários


(r = 0.680), conforme foi verificado nos desfechos agrupados de Bull et al. (2009) (rho = 0.65, p < 0.01);
e Adıgüzel et al. (2021) (rho = 0.94, p < 0.001), na validação do GPAQ na Turquia. Uma justificação
plausível para este desfecho pode ser a forma similar como este comportamento é abordado em
ambos os questionários. Porém, o número de questões presentes nos questionários de avaliação de
AF alusivas ao tempo sentado parece ter influência na precisão do autorrelato dos participantes.
Alguns estudos têm demonstrado que quando um instrumento subjetivo de avaliação de AF contempla
apenas uma questão para o CS (como acontece no GPAQv2 e IPAQ-SF), existe tendência para a sua
subestimação (Clemes et al., 2012; Meh et al., 2021). Este argumento pode assim favorecer o IPAQ-LF,
em virtude deste apresentar duas questões para CS e diferenciar consequentemente o padrão de AF
durante os dias de semana e fins de semana.

A par disto, a média de valores referentes ao padrão de AF e CS foi superior em ambos os


questionários relativamente à acelerometria, tendo sido bastante superior no IPAQ-LF (Ver Tabela 9).
Apesar de importante o uso de um questionário previamente validado como método concorrente, o
IPAQ não é um método gold standard (Keating et al., 2019), além de que têm sido descritas correlações

85
baixas com métodos objetivos (Campaniço, 2016; Craig et al., 2003), bem como a sua tendência para
superestimar a quantidade de AF reportada em relação aos mesmos (Lee et al., 2011).

Neste estudo foi encontrada uma correlação significativa razoável a substancial referente à
validade de critério GPAQv2 vs. acelerómetro, com destaque para a AFMV (rho = 0.672), tendo sido
superior à obtida noutros países, entre os quais a Coreia (rho = 0.34, p < 0.01) (Lee et al., 2020), Hungria
(rho = 0.269, p < 0.001) (Ács et al., 2020) e Reino Unido (rho = 0.484) (Cleland et al., 2014). Na validação
do GPAQv2 no Bangladesh, Mumu et al. (2017) constataram igualmente correlações mais elevadas
entre a avaliação objetiva (acelerómetro) e subjetiva (GPAQv2) para a AFMV, especialmente para o
sexo feminino (rho = 0.42), com idade igual ou inferior a 35 anos (rho = 0.31), cujo nível de escolaridade
era o ensino superior (rho = 0.48).

Não obstante, a validade de critério confirmou as baixas correlações entre GPAQv2 vs.
acelerómetro quanto ao CS, que é consensual com o descrito na literatura (Ács et al., 2020; Alkahtani,
2016; Cleland et al., 2014; Lee et al., 2020; Meh et al., 2021). O presente estudo demonstrou uma
correlação de rho = 0.226 ( p = 0.019) estando no intervalo identificado (rho: 0.007.0.47) por Keating
et al. (2019), numa revisão sistemática recente sobre os métodos de validação e fiabilidade do
GPAQv2, tendo sido superior ao reportado por Cleland et al. (2014) (rho = 0.187), Lee et al. (2020)
(rho = 0.18, p < 0.01), Ács et al. (2020) (rho = -0.007, p = 0.936) e Mumu et al. (2017) (rho = 0.23,
p < 0.01). Meh et al. (2021) obtiveram um valor significativamente superior (rho = 0.400), apesar de
ter sido utilizada outra marca de acelerómetros na metodologia do trabalho.

A diversidade de cut-off points alusivos aos valores de k, CCI e rho deve também ser tida em
consideração na análise e interpretação dos resultados entre países. A utilização e referenciação de
diferentes autores (Landis & Koch, 1977; Portney & Watkins, 2000; Warner, 2013) pode dificultar a
comparação e uniformização da classificação entre estudos desta natureza de validação (Bull et al.,
2009; Cleland et al., 2014; Meh et al., 2021; Wanner et al., 2017).

Segundo a análise de Bland-Altman, a concordância dos dados avaliados pelo GPAQv2 e


acelerómetro corroborou os resultados de estudos previamente publicados (Alkahtani, 2016; Keating
et al., 2019; Meh et al., 2021), confirmando-se a tendência superestimativa dos métodos subjetivos
por autorrelato na avaliação da AF (especialmente AFV) e subestimação do CS (Keating et al., 2019),
quando comparado com métodos objetivos (Colley, 2018).

Lee et al. (2020) reportaram uma superestimação para a AFV (71.10 mim/sem) e AFM (110.73
min/sem), e uma subestimação do CS de 594.85 min/dia. Ács et al. (2020) confirmaram este paradigma
de superestimação da AFV (212.75 min/sem) e AFMV (104.93 min/sem), destacando mais uma vez a
maior disparidade encontrada relativamente ao CS, com uma diferença média de 6336.79 min/sem.

86
Meh et al. (2021) reportaram igualmente diferenças (significativas (p < 0.000)) entre GPAQv2-
acelerómetro, demonstrando uma superestimação da AFMV (64 ± 143 min) e subestimação do tempo
despendido em CS em 151 ± 172 min/dia (cerca de 2.5 h/d), sendo este último valor muito próximo do
obtido para a população portuguesa (172.67 ± 151.06 min/dia; 2.88 h/d).

Este diferencial de valores da AF entre o GPAQv2 e acelerómetro poderá ser devido a algumas
questões. Primeiramente pelo facto do GPAQv2 incluir apenas AF com duração mínima de 10 minutos
consecutivos, ao passo que o acelerómetro avalia todos os movimentos independentemente da sua
duração, razão identicamente mencionada por Rivière et al. (2018). Em segundo lugar, a semana de
utilização do acelerómetro é habitualmente sugerida pelo investigador(a) consoante o cronograma do
estudo, podendo não coincidir com uma semana típica/normal do participante (apesar de terem sido
controlados os períodos de ausência/viagem e férias, por ser critério de exclusão do estudo), estando
presente a possibilidade da existência de volatilidade da mesma (Keating et al., 2019). Por último, é
importante reforçar que uma das hipóteses para a variância de resultados entre estudos pode dever-
se à literacia das pessoas relativa à AF. Recordar, identificar e interpretar a intensidade e duração das
atividades realizadas ao longo do dia pode ser uma tarefa difícil e exigente, especialmente em relação
à AFMV (Ács et al., 2020; Canning et al., 2014). A descrição das sensações corporais sentidas durante
a prática de AF são individuais e subjetivas, pelo que a comparação com o aumento das frequências
cardíaca e respiratória pode ser altamente variável de pessoa para pessoa, devendo ser alvo de
consideração na interpretação dos resultados (Meh et al., 2021).

Para tentar mitigar esta dificuldade foram respeitadas as recomendações protocolares


padronizadas e sugeridas pela OMS para a validação do GPAQv2 (World Health Organization, 2005). A
utilização de show cards foi fortemente recomendada (Bull et al., 2009; World Health Organization,
2005) e cumprida, uma vez que tentou exemplificar os diferentes tipos de AF. Foram adaptadas as
imagens exemplo sugeridas pela OMS, por forma a retratarem a realidade do contexto cultural
português.

Contudo, emerge uma das principais limitações inerentes à precisão de avaliação dos
acelerómetros, pela sua incapacidade de avaliar determinados movimentos como o levantamento de
cargas, ciclismo e atividades que envolvam maioritariamente os membros superiores, incluindo
algumas tarefas domésticas (e.g., lavar a loiça, roupa), aspetos discutidos igualmente em estudos
prévios (Hoos et al., 2012). As atividades aquáticas também se incluem neste leque de barreiras, uma
vez que o acelerómetro não pode ser utilizado neste meio (Chu et al., 2015).

A sazonalidade tem demonstrado similarmente influência na avaliação dos níveis de AF das


pessoas (Garriga et al., 2022; Keating et al., 2019; Trinh et al., 2009). Trinh et al. (2009) demonstrou
correlações baixas entre o GPAQv1 e os counts da acelerometria de 0.34 e 0.20 na avaliação durante
87
as estações seca e chuvosa, respetivamente. O período de recolha de dados da presente dissertação
decorreu entre a primavera e o verão, épocas coincidentes com a ida à praia ou piscina principalmente
em dias de descanso (e.g., fim de semana ou folgas), pelo que a AF avaliada pelo acelerómetro não
englobou estas atividades, o que pode justificar a diferença média verificada na validade de critério.

Alguns estudos mencionam ainda, que a crítica social pode influenciar a autoavaliação da AF,
podendo manifestar-se através da sua superestimação nalguns domínios e subestimação noutros
(Adams, 2005; Haskell, 2012; Mumu et al., 2017).

Relativamente ao número de dropouts, este trabalho de investigação revelou ter uma


percentagem inferior aos restantes estudos (Ács et al., 2020; Lee et al., 2020). Esta condição pode estar
relacionada com duas estratégias adotadas: nos dias do preenchimento dos questionários, todos os
participantes receberam uma SMS a relembrar da tarefa, tendo sido uma medida considerada
adequada para aumentar a adesão (Warren et al., 2010), bem como garantir o cumprimento dos
momentos de avaliação do estudo. Outro aspeto crucial relacionou-se com a programação das
definições da aplicação dos questionários online, através de um link único disponibilizado. A
administração dos questionários foi sequencial, sendo a do GPAQv2 prévia à do IPAQ-LF. Todas as
perguntas foram formatadas para resposta obrigatória e as unidades de medida estavam pré-
definidas, designadamente o número de dias, horas e minutos.

A utilização gráfica de Bland-Altman também foi assegurada, dado ser uma abordagem
recomendada, e consequentemente, cada vez mais utilizada na avaliação do nível de concordância
entre métodos (Bland & Altman, 1986; Doğan, 2018; Keating et al., 2019; Kottner et al., 2011).

Por fim, enfatizo a preocupação existente na partilha dos resultados obtidos no estudo, através
do envio de um relatório individual a cada participante. Além de uma medida de agradecimento pela
sua participação, teve como propósito a consciencialização para a promoção da literacia em saúde, no
âmbito da AF e diminuição do CS.

4.1. Limitações

Este estudo apresenta algumas limitações. Relativamente à forma de administração do


GPAQv2, e estando ciente que o questionário original fora concebido para ser aplicado por um
entrevistador treinado, optou-se pela forma de autoadministração, dado que quando comparadas
entre si (autoadministração vs. heteroadministração por entrevista) foram obtidos resultados
semelhantes (Chu et al., 2015).

88
Quanto à amostra, o facto desta se ter revelado fisicamente ativa, o que pode não ser
representativo da população portuguesa. Esta questão torna-se pertinente, uma vez que o último
relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e da OMS concluiu
que um em cada três adultos na União Europeia é fisicamente inativo, sendo Portugal o país com pior
classificação do total dos 27 estados membros, onde mais de 45% dos adultos não cumpre as
recomendações para a prática de AF em vigor, segundo os questionários de avaliação de AF utilizados
(OECD & World Health Organization, 2023). Não obstante, um estudo recente que avaliou o nível de
AF e CS da população portuguesa entre 2008 e 2018 através da acelerometria, demonstrou que 71.2%
dos adultos cumpre as recomendações de AF (Magalhães et al., 2023). A escolha do limiar dos 60 anos
de idade justifica-se com o trabalho de Wanner et al. (2017), que alertou para uma interpretação
cautelosa da AF para pessoas com mais de 60 anos, devido às baixas correlações GPAQ-acelerómetro
encontradas para esta população.

Outra limitação apresentada foi a ausência de controlo do ambiente em que o questionário foi
preenchido, uma vez que este pode influenciar a capacidade de resposta e concentração.
Adicionalmente também não foi contabilizado o tempo médio de preenchimento (Vilelas, 2020), o que
pode ser útil para futura gestão temporal da aplicação do GPAQv2. Foram ainda enumeradas
vantagens logísticas à forma por autoadministração, por ser economicamente menos dispendiosa,
consumir menos tempo (Wanner et al., 2017) ao participante e equipa de investigação; e por eliminar
o risco de viés do entrevistador, que pode condicionar a resposta da pessoa (Bowling, 2005).

No que concerne à metodologia da avaliação da AF, apesar do método de referência em


contexto de vida diária ser a água duplamente marcada, este, por sua vez, é bastante oneroso e carece
de conhecimento especializado para a sua utilização (Mumu et al., 2017). Em alternativa, foi utilizado
o acelerómetro triaxial ActiGraph wGT3X-BT, amplamente utilizado na investigação como método
objetivo (Cleland et al., 2014), por ser leve, prático, com baixos custos associados e por já ter sido
previamente validado contra o método de referência, demonstrando um bom grau de validade (Kelly
et al., 2013; Plasqui & Westerterp, 2007; Westerterp, 2009).

Por outro lado, apesar do acelerómetro ser um método objetivo, também não é eficaz na
avaliação de determinadas atividades como o ciclismo, natação, levantamento de pesos ou
movimentos realizados maioritariamente com os membros superiores (Warren et al., 2010).

Por fim, o critério de “10 minutos consecutivos” presente no GPAQv2 também pode ter sido
uma barreira no relato da avaliação da AF por parte dos participantes, pois o acelerómetro avaliou
sempre de forma contínua e não neste intervalo de tempo. A remoção desta regra já havia sido alvo
de reflexão na literatura (Troiano et al., 2020) e veio a concretizar-se na última publicação das

89
recomendações da OMS para a prática de AF, contabilizando todos os minutos desta (World Health
Organization, 2020b).

90
5. CONCLUSÃO

O presente trabalho produziu evidência recente e inovadora ao traduzir e adaptar o GPAQv2


(por autoadministração) para o contexto cultural português, bem como testar as suas propriedades
psicométricas, tendo sido assim alcançados os objetivos inicialmente propostos.

Os resultados revelaram fiabilidade aceitável, através da técnica Teste-Reteste no intervalo


temporal de sete dias. Foi demonstrada uma validade concorrente moderada a substancial entre o
GPAQv2 e o IPAQ-LF; e uma validade de critério razoável a substancial, comparando o GPAQv2 com o
método objetivo – acelerometria. Todavia, deve ter-se em consideração que os níveis de AF reportados
pelo GPAQv2 foram superiores aos avaliados pela acelerometria para a AFV e AFMV, e inferiores para
a AFM e CS.

Este processo de validação contribuiu igualmente para que o GPAQv2 possa ser utilizado no
âmbito da abordagem STEPwise para a vigilância de fatores de risco de doenças crónicas promovida
pela OMS, que fora o objetivo para o qual fora concebido. Este marco permite assim, a uniformização
do método de avaliação, recolha e tratamento de dados sobre os padrões da AF da população a nível
mundial, assim como a sua comparação entre países.

Face ao exposto, pode afirmar-se que o GPAQv2, por autoadministração, é um instrumento


com um grau de fiabilidade e validade aceitáveis para a avaliação do padrão de AF e CS da população
adulta portuguesa.

5.1. Direções futuras


Futuramente, seria pertinente realizar uma atualização do GPAQv2, uma vez que a OMS
referiu que o mesmo seria alvo de revisão/reformulação para possíveis ajustes, de acordo com as
mais recentes recomendações para a prática de AF (World Health Organization, 2020b), nas quais o
critério da contabilização desta em intervalos de 10 minutos consecutivos deixou de ser considerado.
A par disto, a inclusão da abordagem sobre atividades de fortalecimento muscular no GPAQv2 seria
importante. Apesar de (re)conhecidos os seus múltiplos benefícios para a saúde e aconselhada a sua
prática nas recentes recomendações (World Health Organization, 2020b), não se efetiva em
nenhuma questão do questionário (Meh et al., 2021), sendo dado maior ênfase à AF aeróbia.

Seria igualmente interessante validar o GPAQv2 em mais países e diferentes contextos


culturais, além da sua aplicação por heteroadministração, através de entrevista. Após este processo,
o GPAQv2 seria mais um instrumento fiável e válido, a utilizar na avaliação do padrão de AF da
população mundial. Este caminho seria vantajoso não só por disseminar a sua utilização

91
internacional, mas também por possibilitar uma metodologia de recolha de dados mais
estandardizada e igualmente comparável, no âmbito das políticas de Saúde Pública.

Paralelamente, o GPAQV2 poderia ser aplicado a populações com outras faixas etárias
(especialmente em idosos), nível de escolaridade e literacia em saúde, bem como em meios urbanos
e rurais. Outro fator seria a sua aplicação em populações especiais como pessoas portadoras de
doenças crónicas, como DCV e cancro.

92
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Aadland, E., Andersen, L. B., Anderssen, S. A., & Resaland, G. K. (2018). A comparison of 10
accelerometer non-wear time criteria and logbooks in children. BMC Public Health, 18(1), 323.
https://doi.org/10.1186/s12889-018-5212-4

Aadland, E., & Ylvisåker, E. (2015a). Reliability of Objectively Measured Sedentary Time and Physical
Activity in Adults. PLOS ONE, 10(7), e0133296. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0133296

Aadland, E., & Ylvisåker, E. (2015b). Reliability of the Actigraph GT3X+ Accelerometer in Adults under
Free-Living Conditions. PLOS ONE, 10(8), e0134606. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0134606

Ács, P., Betlehem, J., Oláh, A., Bergier, B., Morvay-Sey, K., Makai, A., & Prémusz, V. (2020). Cross-
cultural adaptation and validation of the Global Physical Activity Questionnaire among healthy
Hungarian adults. BMC Public Health, 20(S1), 1056. https://doi.org/10.1186/s12889-020-08477-z

Adams, S. A. (2005). The Effect of Social Desirability and Social Approval on Self-Reports of Physical
Activity. American Journal of Epidemiology, 161(4), 389–398. https://doi.org/10.1093/aje/kwi054

Adıgüzel, İ., Raika Durusoy Onmuş, İ., Mandıracıoğlu, A., & Aslı Öcek, Z. (2021). Adaptation of the Global
Physical Activity Questionnaire (GPAQ) into Turkish: A validation and reliability study. Turkish Journal
of Physical Medicine and Rehabilitation, 67(2), 175–186. https://doi.org/10.5606/tftrd.2021.1675

Ahola, T. M. (2010). Pedometer for Running Activity Using Accelerometer Sensors on the Wrist.
Medical Equipment Insights, 3, MEI.S3748. https://doi.org/10.4137/MEI.S3748

Ainslie, P. N., Reilly, T., & Westerterp, K. R. (2003). Estimating Human Energy Expenditure: A Review of
Techniques with Particular Reference to Doubly Labelled Water. Sports Medicine, 33(9), 683–698.
https://doi.org/10.2165/00007256-200333090-00004

Ainsworth, B. (2008). How do I measure physical activity in my patients? Questionnaires and objective
methods. British Journal of Sports Medicine, 43(1), 6–9. https://doi.org/10.1136/bjsm.2008.052449

Ainsworth, B., Cahalin, L., Buman, M., & Ross, R. (2015). The Current State of Physical Activity
Assessment Tools. Progress in Cardiovascular Diseases, 57(4), 387–395.
https://doi.org/10.1016/j.pcad.2014.10.005

Ainsworth, B. E., Haskell, W. L., Whitt, M. C., Irwin, M. L., Swartz, A. M., Strath, S. J., O’Brien, W. L.,
Bassett, D. R., Schmitz, K. H., Emplaincourt, P. O., Jacobs, D. R., & Leon, A. S. (2000). Compendium of
Physical Activities: An update of activity codes and MET intensities: Medicine & Science in Sports &

93
Exercise, 32(Supplement), S498–S516. https://doi.org/10.1097/00005768-200009001-00009

Ainsworth, B., Haskell, W., Herrmann, S., Meckes, N., Bassett, D., Tudor-Locke, C., Greer, J., Vezina, J.,
Whitt-Glover, M., & Leon, A. (2011). 2011 Compendium of Physical Activities: A Second Update of
Codes and MET Values. Yearbook of Sports Medicine, 43(8), 1575–1581.
https://doi.org/10.1249/MSS.0b013e31821ece12

Ainsworth, B., Irwin, M. L., Addy, C. L., Whitt, M. C., & Stolarczyk, L. M. (1999). Moderate Physical
Activity Patterns of Minority Women: The Cross-Cultural Activity Participation Study. Journal of
Women’s Health & Gender-Based Medicine, 8(6), 805–813.
https://doi.org/10.1089/152460999319129

Alkahtani, S. A. (2016). Convergent validity: Agreement between accelerometry and the Global Physical
Activity Questionnaire in college-age Saudi men. BMC Research Notes, 9(1), 436.
https://doi.org/10.1186/s13104-016-2242-9

Almeida, M., & Ribeiro, J. (2014). Adaptation of the Modified Habitual Physical Activity Questionnaire
(Baecke) to the portuguese population. Revista de Enfermagem Referência, IV Série(3), 27–36.
https://doi.org/10.12707/RIII1303

American College of Sports Medicine. (1978). American College of sports medicine position statement
on the recommended quantity and quality of exercise for developing and maintaining fitness in healthy
adults. 10.

American College of Sports Medicine. (1995). ACSM’s Guidelines for Exercise Testing and Prescription
(5th edition). Williams & Wilkins.

American College of Sports Medicine. (2009). American College of Sports Medicine position stand.
Progression models in resistance training for healthy adults. Medicine & Science in Sports & Exercise,
41(3), 687–708. https://doi.org/10.1249/MSS.0b013e3181915670

Andersen, L. B., Harro, M., Sardinha, L. B., Froberg, K., Ekelund, U., Brage, S., & Anderssen, S. A. (2006).
Physical activity and clustered cardiovascular risk in children: A cross-sectional study (The European
Youth Heart Study). Lancet, 368, 299–304. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(06)69075-2

Angulo, J., El Assar, M., Álvarez-Bustos, A., & Rodríguez-Mañas, L. (2020). Physical activity and exercise:
Strategies to manage frailty. Redox Biology, 35, 101513. https://doi.org/10.1016/j.redox.2020.101513

94
Araújo, C. G. S., & Scharhag, J. (2016). Athlete: A working definition for medical andhealth sciences
research. Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports, 26(1), 4–7.
https://doi.org/10.1111/sms.12632

Armstrong, T., & Bull, F. (2006). Development of the World Health Organization Global Physical Activity
Questionnaire (GPAQ). Journal of Public Health, 14(2), 66–70. https://doi.org/10.1007/s10389-006-
0024-x

Baecke, J. A., Burema, J., & Frijters, J. E. (1982). A short questionnaire for the measurement of habitual
physical activity in epidemiological studies. The American Journal of Clinical Nutrition, 36(5), 936–942.
https://doi.org/10.1093/ajcn/36.5.936

Baranowski, T. (1988). Validity and Reliability of Self Report Measures of Physical Activity: An
Information-Processing Perspective. Research Quarterly for Exercise and Sport, 59(4), 314–327.
https://doi.org/10.1080/02701367.1988.10609379

Baranowski, T. (2019). Increasing physical activity among children and adolescents: Innovative ideas
needed. Journal of Sport and Health Science, 8(1), 1–5. https://doi.org/10.1016/j.jshs.2018.09.011

Barnes, J. (2015). Exercise, cognitive function, and aging. Advances in Physiology Education, 39(2), 55–
62. https://doi.org/10.1152/advan.00101.2014

Barreira, T. V., Tudor-Locke, C., Champagne, C. M., Broyles, S. T., Johnson, W. D., & Katzmarzyk, P. T.
(2013). Comparison of GT3X Accelerometer and YAMAX Pedometer Steps/Day in a Free-Living Sample
of Overweight and Obese Adults. Journal of Physical Activity and Health, 10(2), 263–270.
https://doi.org/10.1123/jpah.10.2.263

Bassett, D. (2000). Validity and Reliability issues in Objective Monitoring of Physical Activity. Research
Quarterly for Exercise and Sport, 71(sup2), 30–36. https://doi.org/10.1080/02701367.2000.11082783

Bassett, D., Ainsworth, B. E., Leggett, S. R., Mathien, C. A., Main, J. A., Hunter, D. C., & Duncan, G. E.
(1996). Accuracy of five electronic pedometers for measuring distance walked. Medicine and Science
in Sports and Exercise, 28(8), 1071–1077. https://doi.org/10.1097/00005768-199608000-00019

Bassett, D., Cureton, A., & Ainsworth, B. (2000). Measurement of daily walking distance-questionnaire
versus pedometer. Medicine & Science in Sports & Exercise, 1018–1023.
https://doi.org/10.1097/00005768-200005000-00021

Bassett, D., Mahar, M. T., Rowe, D. A., & Morrow, J. R. (2008). Walking and Measurement. Medicine &
Science in Sports & Exercise, 40(7), S529–S536. https://doi.org/10.1249/MSS.0b013e31817c699c

95
Bassett, D. R., Rowlands, A., & Trost, S. G. (2012). Calibration and Validation of Wearable Monitors.
Medicine & Science in Sports & Exercise, 44(1S), S32–S38.
https://doi.org/10.1249/MSS.0b013e3182399cf7

Bassett, D. R., Toth, L. P., LaMunion, S. R., & Crouter, S. E. (2017). Step Counting: A Review of
Measurement Considerations and Health-Related Applications. Sports Medicine, 47(7), 1303–1315.
https://doi.org/10.1007/s40279-016-0663-1

Beaton, D. E., Bombardier, C., Guillemin, F., & Ferraz, M. B. (2000). Guidelines for the Process of Cross-
Cultural Adaptation of Self-Report Measures: Spine, 25(24), 3186–3191.
https://doi.org/10.1097/00007632-200012150-00014

Biswas, A., Oh, P. I., Faulkner, G. E., Bajaj, R. R., Silver, M. A., Mitchell, M. S., & Alter, D. A. (2015).
Sedentary Time and Its Association With Risk for Disease Incidence, Mortality, and Hospitalization in
Adults: A Systematic Review and Meta-analysis. Annals of Internal Medicine, 162(2), 123–132.
https://doi.org/10.7326/M14-1651

Bland, J. M., & Altman, D. G. (1986). Statistical methods for assessing agreement between two
methods of clinical measurement. Lancet, 1(8476).
https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0140673686908378?via%3Dihub

Bonomi, A. G., Goris, A. H. C., Yin, B., & Westerterp, K. R. (2009). Detection of Type, Duration, and
Intensity of Physical Activity Using an Accelerometer. Medicine & Science in Sports & Exercise, 41(9),
1770–1777. https://doi.org/10.1249/MSS.0b013e3181a24536

Bouchard, C., Tremblay, A., Leblanc, C., Lortie, G., Savard, R., & Thériault, G. (1983). A method to assess
energy expenditure in children and adults. The American Journal of Clinical Nutrition, 37(3), 461–467.
https://doi.org/10.1093/ajcn/37.3.461

Bouten, C. V., Westerterp, K. R., Verduin, M., & Janssen, J. D. (1994). Assessment of energy expenditure
for physical activity using a triaxial accelerometer. Medicine & Science in Sports & Exercise, 26(12),
1516–1523.

Bowling, A. (2005). Mode of questionnaire administration can have serious effects on data quality.
Journal of Public Health, 27(3), 281–291. https://doi.org/10.1093/pubmed/fdi031

Brage, S., Wedderkopp, N., Franks, P. W., Bo Andersen, L., & Froberg, K. (2003). Reexamination of
Validity and Reliability of the CSA Monitor in Walking and Running: Medicine & Science in Sports &
Exercise, 35(8), 1447–1454. https://doi.org/10.1249/01.MSS.0000079078.62035.EC

96
Brown, J. C., & Gilmore, L. A. (2020). Physical Activity Reduces the Risk of Recurrence and Mortality in
Cancer Patients. Exercise and Sport Sciences Reviews, 48(2), 67–73.
https://doi.org/10.1249/JES.0000000000000214

Bull, F., Armstrong, T., Dixon, T., Ham, S., Neiman, A., & Pratt, M. (2004). Comparative quantification
of health risks: Global and regional burden of disease attributable to selected major risk factors (M.
Ezzati, A. Lopez, A. Rodgers, & C. Murray, Eds.; World Health Organization).
https://apps.who.int/iris/handle/10665/42770

Bull, F. C., Al-Ansari, S. S., Biddle, S., Borodulin, K., Buman, M. P., Cardon, G., Carty, C., Chaput, J.-P.,
Chastin, S., Chou, R., Dempsey, P. C., DiPietro, L., Ekelund, U., Firth, J., Friedenreich, C. M., Garcia, L.,
Gichu, M., Jago, R., Katzmarzyk, P. T., … Willumsen, J. F. (2020). World Health Organization 2020
guidelines on physical activity and sedentary behaviour. British Journal of Sports Medicine, 54(24),
1451–1462. https://doi.org/10.1136/bjsports-2020-102955

Bull, F., Maslin, T. S., & Armstrong, T. (2009). Global Physical Activity Questionnaire (GPAQ): Nine
Country Reliability and Validity Study. Journal of Physical Activity and Health, 6(6), 790–804.
https://doi.org/10.1123/jpah.6.6.790

Butte, N. F., Ekelund, U., & Westerterp, K. R. (2012). Assessing Physical Activity Using Wearable
Monitors: Measures of Physical Activity. Medicine & Science in Sports & Exercise, 44(1S), S5–S12.
https://doi.org/10.1249/MSS.0b013e3182399c0e

Campaniço, H. (2016). Validade simultânea do questionário internacional de actividade física através


da medição objectiva da actividade física por actigrafia proporcional [Dissertação elaborada com vista
à obtenção do Grau de Mestre em Exercício e Saúde, Faculdade de Motricidade Humana da
Universidade de Lisboa].
https://www.repository.utl.pt/bitstream/10400.5/11866/1/DISSERTA%C3%87%C3%83O%202016%2
0Helena%20Campani%C3%A7o.pdf

Campos, G., Luecke, T., Wendeln, H., Toma, K., Hagerman, F., Murray, T., Ragg, K., Ratamess, N.,
Kraemer, W., & Staron, R. (2002). Muscular adaptations in response to three different resistance-
training regimens: Specificity of repetition maximum training zones. European Journal of Applied
Physiology, 88(1–2), 50–60. https://doi.org/10.1007/s00421-002-0681-6

Canadian Society for Exercise Physiology. (2021). The Canadian 24-Hour Movement Guidelines for
Adults aged 18-64. https://csepguidelines.ca/downloads/

Canning, K. L., Brown, R. E., Jamnik, V. K., Salmon, A., Ardern, C. I., & Kuk, J. L. (2014). Individuals

97
Underestimate Moderate and Vigorous Intensity Physical Activity. PLoS ONE, 9(5), e97927.
https://doi.org/10.1371/journal.pone.0097927

Caspersen, C. J., Powell, K. E., & Christenson, G. M. (1985). Physical activity, exercise, and physical
fitness: Definitions and distinctions for health-related research. Public health reports, 100(2), 126–131.

Catellier, D. J., Hannan, P. J., Murray, D. M., Addy, C. L., Conway, T. L., Yang, S., & Rice, J. C. (2005).
Imputation of Missing Data When Measuring Physical Activity by Accelerometry. Medicine & Science
in Sports & Exercise, 37(11), S555–S562. https://doi.org/10.1249/01.mss.0000185651.59486.4e

Chau, J. Y., Grunseit, A. C., Chey, T., Stamatakis, E., Brown, W. J., Matthews, C. E., Bauman, A. E., & van
der Ploeg, H. P. (2013). Daily Sitting Time and All-Cause Mortality: A Meta-Analysis. PLoS ONE, 8(11),
e80000. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0080000

Chen, K. Y., & Bassett, D. R. (2005). The Technology of Accelerometry-Based Activity Monitors: Current
and Future. Medicine & Science in Sports & Exercise, 37(11), S490–S500.
https://doi.org/10.1249/01.mss.0000185571.49104.82

Chen, K. Y., Janz, K. F., Zhu, W., & Brychta, R. J. (2012). Redefining the Roles of Sensors in Objective
Physical Activity Monitoring. Medicine & Science in Sports & Exercise, 44(1S), S13–S23.
https://doi.org/10.1249/MSS.0b013e3182399bc8

Choi, L., Liu, Z., Matthews, C. E., & Buchowski, M. S. (2011). Validation of Accelerometer Wear and
Nonwear Time Classification Algorithm. Medicine & Science in Sports & Exercise, 43(2), 357–364.
https://doi.org/10.1249/MSS.0b013e3181ed61a3

Chomistek, A. K., Yuan, C., Matthews, C. E., Troiano, R. P., Bowles, H. R., Rood, J., Barnett, J. B., Willett,
W. C., Rimm, E. B., & Bassett, D. R. (2017). Physical Activity Assessment with the ActiGraph GT3X and
Doubly Labeled Water. Medicine & Science in Sports & Exercise, 49(9), 1935–1944.
https://doi.org/10.1249/MSS.0000000000001299

Chu, A. H. Y., Ng, S. H. X., Koh, D., & Müller-Riemenschneider, F. (2015). Reliability and Validity of the
Self- and Interviewer-Administered Versions of the Global Physical Activity Questionnaire (GPAQ).
PLOS ONE, 10(9), e0136944. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0136944

Ciconelli, R. M., Ferraz, M. B., Santos, W., Meinão, I., & Quaresma, M. R. (1999). Tradução para a língua
portuguesa e validação do questionário genérico de avaliação de qualidade de vida SF-36 (Brasil SF-
36) / Brazilian-Portuguese version of the SF-36. A reliable and valid quality of life outcome measure.
Rev. Bras. Reumatol, 39(3), 143–150.

98
Cleland, C., Ferguson, S., Ellis, G., & Hunter, R. F. (2018). Validity of the International Physical Activity
Questionnaire (IPAQ) for assessing moderate-to-vigorous physical activity and sedentary behaviour of
older adults in the United Kingdom. BMC Medical Research Methodology, 18(1), 176.
https://doi.org/10.1186/s12874-018-0642-3

Cleland, C. L., Hunter, R. F., Kee, F., Cupples, M. E., Sallis, J. F., & Tully, M. A. (2014). Validity of the
Global Physical Activity Questionnaire (GPAQ) in assessing levels and change in moderate-vigorous
physical activity and sedentary behaviour. BMC Public Health, 14(1), 1255.
https://doi.org/10.1186/1471-2458-14-1255

Cleland, V., Crawford, D., Baur, L., Hume, C., Timperio, A., & Salmon, J. (2008). A prospective
examination of children’s time spent outdoors, objectively measured physical activity and overweight.
International Journal of Obesity, 32(1685–1693), 9. https://doi.org/:10.1038/ijo.2008.171;

Clemes, S. A., David, B. M., Zhao, Y., Han, X., & Brown, W. (2012). Validity of Two Self-Report Measures
of Sitting Time. Journal of Physical Activity and Health, 9(4), 533–539.
https://doi.org/10.1123/jpah.9.4.533

Coffman, M. J., Reeve, C. L., Butler, S., Keeling, M., & Talbot, L. A. (2016). Accuracy of the Yamax CW-
701 Pedometer for measuring steps in controlled and free-living conditions. DIGITAL HEALTH, 2,
205520761665252. https://doi.org/10.1177/2055207616652526

Coleman, C. J., McDonough, D. J., Pope, Z. C., & Pope, C. A. (2022). Dose–response association of
aerobic and muscle-strengthening physical activity with mortality: A national cohort study of 416 420
US adults. British Journal of Sports Medicine, bjsports-2022-105519. https://doi.org/10.1136/bjsports-
2022-105519

Colley, R. C. (2018). Comparison of self-reported and accelerometer-measured physical activity in


Canadian adults. Health Reports, 29(12), 3–15.

Corder, K., Ekelund, U., Steele, R. M., Wareham, N. J., & Brage, S. (2008). Assessment of physical activity
in youth. Journal of Applied Physiology, 105(3), 977–987.
https://doi.org/10.1152/japplphysiol.00094.2008

Craig, C. L., Marshall, A. L., Sjostro, M., Bauman, A. E., Booth, M. L., Ainsworth, B. E., Pratt, M., Ekelund,
U., Yngve, A., Sallis, J. F., & Oja, P. (2003). International Physical Activity Questionnaire: 12-Country
Reliability and Validity: Medicine & Science in Sports & Exercise, 35(8), 1381–1395.
https://doi.org/10.1249/01.MSS.0000078924.61453.FB

Crouter, S. E., Churilla, J. R., & Bassett, D. R. (2006). Estimating energy expenditure using
99
accelerometers. European Journal of Applied Physiology, 98(6), 601–612.
https://doi.org/10.1007/s00421-006-0307-5

Crouter, S. E., Clowers, K. G., & Bassett, D. R. (2006). A novel method for using accelerometer data to
predict energy expenditure. Journal of Applied Physiology, 100(4), 1324–1331.
https://doi.org/10.1152/japplphysiol.00818.2005

Crouter, S. E., Kuffel, E., Haas, J. D., Frongillo, E. A., & Bassett, D. R. (2010). Refined Two-Regression
Model for the ActiGraph Accelerometer. Medicine & Science in Sports & Exercise, 42(5), 1029–1037.
https://doi.org/10.1249/MSS.0b013e3181c37458

D’Ascenzi, F., Anselmi, F., Fiorentini, C., Mannucci, R., Bonifazi, M., & Mondillo, S. (2021). The benefits
of exercise in cancer patients and the criteria for exercise prescription in cardio-oncology. European
Journal of Preventive Cardiology, 28(7), 725–735. https://doi.org/10.1177/2047487319874900

Davidson, L., McNeill, G., Haggarty, P., Smith, J. S., & Franklin, M. F. (1997). Free-living energy
expenditure of adult men assessed by continuous heart-rate monitoring and doubly-labelled water.
British Journal of Nutrition, 78(5), 695–708. https://doi.org/10.1079/BJN19970188

Davis, M. G., & Fox, K. R. (2007). Physical activity patterns assessed by accelerometry in older people.
European Journal of Applied Physiology, 100(5), 581–589. https://doi.org/10.1007/s00421-006-0320-
8

de Courten, M. (2002). Developing a simple global physical activity questionnaire for population
studies. Australasian Epidemiologist, 9(2), 6–9.

DeLany, J., & Lovejoy, J. (1996). Energy expenditure. Endocrinol Metab Clin North Am., 25(4).
https://doi.org/10.1016/S0889-8529(05)70357-1

Ding, D., Lawson, K. D., Kolbe-Alexander, T. L., Finkelstein, E. A., Katzmarzyk, P. T., van Mechelen, W.,
& Pratt, M. (2016). The economic burden of physical inactivity: A global analysis of major non-
communicable diseases. The Lancet, 388(10051), 1311–1324. https://doi.org/10.1016/S0140-
6736(16)30383-X

Dipietro, L., Campbell, W. W., Buchner, D. M., Erickson, K. I., Powell, K. E., Bloodgood, B., Hughes, T.,
Day, K. R., Piercy, K. L., Vaux-Bjerke, A., & Olson, R. D. (2019). Physical Activity, Injurious Falls, and
Physical Function in Aging: An Umbrella Review. Medicine & Science in Sports & Exercise, 51(6), 1303–
1313. https://doi.org/10.1249/MSS.0000000000001942

Directorate-General for Education, Youth, Sport and Culture. (2022). Special Eurobarometer 525—

100
Sport and Physical Activity (2022.4536; p. 95). European Commission.
https://europa.eu/eurobarometer/surveys/detail/2668

Doğan, N. Ö. (2018). Bland-Altman analysis: A paradigm to understand correlation and agreement.


Turkish Journal of Emergency Medicine, 18(4), 139–141. https://doi.org/10.1016/j.tjem.2018.09.001

Donnachie, C., Wyke, S., Mutrie, N., & Hunt, K. (2017). ‘It’s like a personal motivator that you carried
around wi’ you’: Utilising self-determination theory to understand men’s experiences of using
pedometers to increase physical activity in a weight management programme. International Journal
of Behavioral Nutrition and Physical Activity, 14(1), 61. https://doi.org/10.1186/s12966-017-0505-z

Dugas, L. R., Merwe, L. V. D., Odendaal, H., Noakes, T. D., & Lambert, E. V. (2005). A Novel Energy
Expenditure Prediction Equation for Intermittent Physical Activity: Medicine & Science in Sports &
Exercise, 37(12), 2154–2161. https://doi.org/10.1249/01.mss.0000177742.12931.50

Duncan, M. J., Rowlands, A., Lawson, C., Leddington Wright, S., Hill, M., Morris, M., Eyre, E., & Tallis, J.
(2020). Using accelerometry to classify physical activity intensity in older adults: What is the optimal
wear-site? European Journal of Sport Science, 20(8), 1131–1139.
https://doi.org/10.1080/17461391.2019.1694078

Dunstan, D. W., Dogra, S., Carter, S. E., & Owen, N. (2021). Sit less and move more for cardiovascular
health: Emerging insights and opportunities. Nature Reviews Cardiology, 18(9), 637–648.
https://doi.org/10.1038/s41569-021-00547-y

Ekelund, U. (2002). Assessment of physical activity and energy expenditure in adolescents [Karolinska
Institutet].
https://openarchive.ki.se/xmlui/bitstream/handle/10616/39409/thesis.pdf?sequence=1&isAllowed=
y

Ekelund, U., Steene-Johannessen, J., Brown, W. J., Fagerland, M. W., Owen, N., Powell, K. E., Bauman,
A., & Lee, I.-M. (2016). Does physical activity attenuate, or even eliminate, the detrimental association
of sitting time with mortality? A harmonised meta-analysis of data from more than 1 million men and
women. The Lancet, 388(10051), 1302–1310. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(16)30370-1

Ekelund, U., Tarp, J., Steene-Johannessen, J., Hansen, B. H., Jefferis, B., Fagerland, M. W., Whincup, P.,
Diaz, K. M., Hooker, S. P., Chernofsky, A., Larson, M. G., Spartano, N., Vasan, R. S., Dohrn, I.-M.,
Hagströmer, M., Edwardson, C., Yates, T., Shiroma, E., Anderssen, S. A., & Lee, I.-M. (2019). Dose-
response associations between accelerometry measured physical activity and sedentary time and all
cause mortality: Systematic review and harmonised meta-analysis. BMJ, l4570.

101
https://doi.org/10.1136/bmj.l4570

Epstein, J., Osborne, R. H., Elsworth, G. R., Beaton, D. E., & Guillemin, F. (2015). Cross-cultural
adaptation of the Health Education Impact Questionnaire: Experimental study showed expert
committee, not back-translation, added value. Journal of Clinical Epidemiology, 68(4), 360–369.
https://doi.org/10.1016/j.jclinepi.2013.07.013

Epstein, J., Santo, R. M., & Guillemin, F. (2015). A review of guidelines for cross-cultural adaptation of
questionnaires could not bring out a consensus. Journal of Clinical Epidemiology, 68(4), 435–441.
https://doi.org/10.1016/j.jclinepi.2014.11.021

Esliger, D. W., Copeland, J. L., Barnes, J. D., & Tremblay, M. S. (2005). Standardizing and Optimizing the
Use of Accelerometer Data for Free-Living Physical Activity Monitoring. Journal of Physical Activity and
Health, 2(3), 366–383. https://doi.org/10.1123/jpah.2.3.366

European Commission, & Directorate General for Education, Youth, Sport and Culture. (2017). Sport
and physical activity: Report. Publications Office. https://data.europa.eu/doi/10.2766/483047

Evenson, K. R., Wen, F., Metzger, J. S., & Herring, A. H. (2015). Physical activity and sedentary behavior
patterns using accelerometry from a national sample of United States adults. International Journal of
Behavioral Nutrition and Physical Activity, 12(1), 20. https://doi.org/10.1186/s12966-015-0183-7

Fabre, N., Lhuisset, L., Bernal, C., & Bois, J. (2020). Effect of epoch length on intensity classification and
on accuracy of measurement under controlled conditions on treadmill: Towards a better
understanding of accelerometer measurement. PLOS ONE, 15(1), e0227740.
https://doi.org/10.1371/journal.pone.0227740

Ferrari, P., Friedenreich, C., & Matthews, C. E. (2007). The Role of Measurement Error in Estimating
Levels of Physical Activity. American Journal of Epidemiology, 166(7), 832–840.
https://doi.org/10.1093/aje/kwm148

Fletcher, G. F., Landolfo, C., Niebauer, J., Ozemek, C., Arena, R., & Lavie, C. J. (2018). Promoting Physical
Activity and Exercise. Journal of the American College of Cardiology, 72(14), 1622–1639.
https://doi.org/10.1016/j.jacc.2018.08.2141

Fortin, M.-F. (2006). Fundamentos e etapas do processo de investigação. Lusodidacta.

Franklin, B., Thompson, P., Al-Zaiti, S., Albert, C., Hivert, M.-F., Levine, B., Lobelo, F., Madan, K.,
Sharrief, A., Eijsvogels, T., & On behalf of the American Heart Association Physical Activity Committee
of the Council on Lifestyle and Cardiometabolic Health; Council on Cardiovascular and Stroke Nursing;

102
Council on Clinical Cardiology; and Stroke Council. (2020). Exercise-Related Acute Cardiovascular
Events and Potential Deleterious Adaptations Following Long-Term Exercise Training: Placing the Risks
Into Perspective–An Update: A Scientific Statement From the American Heart Association. Circulation,
141(13). https://doi.org/10.1161/CIR.0000000000000749

Freedson, P., Melanson, E., & Sirard, J. (1998). Calibration of the Computer Science and Applications,
Inc. Accelerometer. Medicine & Science in Sports & Exercise, 30(5), 777–781.

Freedson, P. S., & Miller, K. (2000). Objective Monitoring of Physical Activity Using Motion Sensors and
Heart Rate. Research Quarterly for Exercise and Sport, 71(sup2), 21–29.
https://doi.org/10.1080/02701367.2000.11082782

Freeman, F. (1980). Teoria e Prática dos testes Psicológicos (2a). Fundação Calouste Gulbenkian.

Freeman, G. H., & Halton, J. H. (1951). Note on an exact treatment of contingency, goodness of fit and
other problems of significance. Biometrika, 38(1-2), 141-149. https://doi.org/10.1093/biomet/38.1-
2.141

Friedenreich, C. M., Courneya, K. S., Neilson, H. K., Matthews, C. E., Willis, G., Irwin, M., Troiano, R., &
Ballard-Barbash, R. (2006). Reliability and Validity of the Past Year Total Physical Activity Questionnaire.
American Journal of Epidemiology, 163(10), 959–970. https://doi.org/10.1093/aje/kwj112

Fuller, D., Colwell, E., Low, J., Orychock, K., Tobin, M. A., Simango, B., Buote, R., Van Heerden, D., Luan,
H., Cullen, K., Slade, L., & Taylor, N. G. A. (2020). Reliability and Validity of Commercially Available
Wearable Devices for Measuring Steps, Energy Expenditure, and Heart Rate: Systematic Review. JMIR
MHealth and UHealth, 8(9), e18694. https://doi.org/10.2196/18694

Füzéki, E., Engeroff, T., & Banzer, W. (2017). Health Benefits of Light-Intensity Physical Activity: A
Systematic Review of Accelerometer Data of the National Health and Nutrition Examination Survey
(NHANES). Sports Medicine, 47(9), 1769–1793. https://doi.org/10.1007/s40279-017-0724-0

Gabriel, K. K. P., Morrow, J. R., & Woolsey, A.-L. T. (2012). Framework for Physical Activity as a Complex
and Multidimensional Behavior. Journal of Physical Activity and Health, 9(s1), S11–S18.
https://doi.org/10.1123/jpah.9.s1.s11

Garriga, A., Sempere-Rubio, N., Molina-Prados, M. J., & Faubel, R. (2022). Impact of Seasonality on
Physical Activity: A Systematic Review. Int. J. Environ. Res. Public Health, 19(2).
https://doi.org/10.3390/ijerph19010002

Giavarina, D. (2015). Understanding Bland Altman analysis. Biochemia Medica, 25(2), 141–151.

103
https://doi.org/10.11613/BM.2015.015

Gillinov, S., Etiwy, M., Wang, R., Blackburn, G., Phelan, D., Gillinov, A. M., Houghtaling, P., Javadikasgari,
H., & Desai, M. Y. (2017). Variable Accuracy of Wearable Heart Rate Monitors during Aerobic Exercise.
Medicine & Science in Sports & Exercise, 49(8), 1697–1703.
https://doi.org/10.1249/MSS.0000000000001284

Gray, J. R., Grove, S. K., & Sutherland, S. (2017). Burns & Grove’s the Practice of Nursing Research:
Appraisal, Synthesis, and Generation of Evidence.

Guillemin, F. (1995). Cross-cultural Adaptation and Validation of Heatth Status Measures. Scandinavian
Journal of Rheumatology, 24(2), 61–63. https://doi.org/10.3109/03009749509099285

Guillemin, F., Bombardier, C., & Beaton, D. (1993). Cross-cultural adaptation of health-related quality
of life measures: Literature review and proposed guidelines. Journal of Clinical Epidemiology, 46(12),
1417–1432. https://doi.org/10.1016/0895-4356(93)90142-N

Guimarães, R. C., & Cabral, J. A. S. (1997). Estatística. McGraw Hill.

Guthold, R., Stevens, G. A., Riley, L. M., & Bull, F. C. (2018). Worldwide trends in insufficient physical
activity from 2001 to 2016: A pooled analysis of 358 population-based surveys with 1·9 million
participants. The Lancet Global Health, 6(10), e1077–e1086. https://doi.org/10.1016/S2214-
109X(18)30357-7

Guthold, R., Stevens, G. A., Riley, L. M., & Bull, F. C. (2020). Global trends in insufficient physical activity
among adolescents: A pooled analysis of 298 population-based surveys with 1·6 million participants.
The Lancet Child & Adolescent Health, 4(1), 23–35. https://doi.org/10.1016/S2352-4642(19)30323-2

Hagströmer, M., Oja, P., & Sjöström, M. (2006). The International Physical Activity Questionnaire
(IPAQ): A study of concurrent and construct validity. Public Health Nutrition, 9(6), 755–762.
https://doi.org/10.1079/PHN2005898

Hallal, P. C., Andersen, L. B., Bull, F. C., Guthold, R., Haskell, W., & Ekelund, U. (2012). Global physical
activity levels: Surveillance progress, pitfalls, and prospects. The Lancet, 380(9838), 247–257.
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(12)60646-1

Hamer, M., Sabia, S., Batty, G. D., Shipley, M. J., Tabák, A. G., Singh-Manoux, A., & Kivimaki, M. (2012).
Physical Activity and Inflammatory Markers Over 10 Years: Follow-Up in Men and Women From the
Whitehall II Cohort Study. Circulation, 126(8), 928–933.
https://doi.org/10.1161/CIRCULATIONAHA.112.103879

104
Hansen, B. H., Holme, I., Anderssen, S. A., & Kolle, E. (2013). Patterns of Objectively Measured Physical
Activity in Normal Weight, Overweight, and Obese Individuals (20–85 Years): A Cross-Sectional Study.
PLoS ONE, 8(1), e53044. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0053044

Haskell, W. L. (2012). Physical Activity by Self-Report: A Brief History and Future Issues. Journal of
Physical Activity and Health, 9(s1), S5–S10. https://doi.org/10.1123/jpah.9.s1.s5

Haskell, W., Yee, M. C., Evans, A., & Irby, P. J. (1993). Simultaneous measurement of heart rate and
body motion to quantitate physical activity. Medicine & Science in Sports & Exercise, 25(1), 109–115.

Haugen, H. A., Chan, L.-N., & Li, F. (2007). Indirect Calorimetry: A Practical Guide for Clinicians. Nutrition
in Clinical Practice, 22(4), 377–388. https://doi.org/10.1177/0115426507022004377

He, B., Bai, J., Zipunnikov, V. V., Koster, A., Caserotti, P., Lange-Maia, B., Glynn, N. W., Harris, T. B., &
Crainiceanu, C. M. (2014). Predicting Human Movement with Multiple Accelerometers Using Movelets.
Medicine & Science in Sports & Exercise, 46(9), 1859–1866.
https://doi.org/10.1249/MSS.0000000000000285

Healy, G. N., Dunstan, D. W., Salmon, J., Cerin, E., Shaw, J. E., Zimmet, P. Z., & Owen, N. (2008).
Beneficial associations with metabolic risk. DIABETES CARE, 31(4), 6.

Helmerhorst, H. H. J., Brage, S., Warren, J., Besson, H., & Ekelund, U. (2012). A systematic review of
reliability and objective criterion-related validity of physical activity questionnaires. International
Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity, 9(1), 103. https://doi.org/10.1186/1479-5868-9-
103

Hendelman, D., Miller, K., Baggett, C., Debold, E., & Freedson, P. (2000). Validity of accelerometry for
the assessment of moderate intensity physical activity in the field. Medicine & Science in Sports &
Exercise, 32(Supplement), S442–S449. https://doi.org/10.1097/00005768-200009001-00002

Henriksen, A., Haugen Mikalsen, M., Woldaregay, A. Z., Muzny, M., Hartvigsen, G., Hopstock, L. A., &
Grimsgaard, S. (2018). Using Fitness Trackers and Smartwatches to Measure Physical Activity in
Research: Analysis of Consumer Wrist-Worn Wearables. Journal of Medical Internet Research, 20(3),
e110. https://doi.org/10.2196/jmir.9157

Herrmann, S. D., Heumann, K. J., Der Ananian, C. A., & Ainsworth, B. E. (2013). Validity and Reliability
of the Global Physical Activity Questionnaire (GPAQ). Measurement in Physical Education and Exercise
Science, 17(3), 221–235. https://doi.org/10.1080/1091367X.2013.805139

Hills, A. P., Mokhtar, N., & Byrne, N. M. (2014). Assessment of Physical Activity and Energy Expenditure:

105
An Overview of Objective Measures. Frontiers in Nutrition, 1.
https://doi.org/10.3389/fnut.2014.00005

Hoos, T., Espinoza, N., Marshall, S., & Arredondo, E. M. (2012). Validity of the Global Physical Activity
Questionnaire (GPAQ) in Adult Latinas. Journal of Physical Activity and Health, 9(5), 698–705.
https://doi.org/10.1123/jpah.9.5.698

Howley, E. T. (2001). Type of activity: Resistance, aerobic and leisure versus occupational physical
activity: Medicine and Science in Sports and Exercise, 33(Supplement), S364–S369.
https://doi.org/10.1097/00005768-200106001-00005

Hwang, J., Fernandez, A., & Lu, A. (2018). Application and Validation of Activity Monitors’ Epoch
Lengths and Placement Sites for Physical Activity Assessment in Exergaming. Journal of Clinical
Medicine, 7(9), 268. https://doi.org/10.3390/jcm7090268

Institute of Medicine. (2007). Adequacy of Evidence for Physical Activity Guidelines Development:
Workshop Summary. The National Academies Press.

International Atomic Energy Agency. (2009). Assessment of Body Composition and Total Energy
Expenditure in Humans Using Stable Isotope Techniques. nternational Atomic Energy Agency.
https://www-pub.iaea.org/MTCD/Publications/PDF/Pub1370_web.pdf

International Physical Activity Questionnaire group. (2004). Guidelines for Data Processing and
Analysis of the International Physical Activity Questionnaire (IPAQ) – Short and Long Forms.
https://www.physio-pedia.com/images/c/c7/Quidelines_for_interpreting_the_IPAQ.pdf

Iversen, V. M., Norum, M., Schoenfeld, B. J., & Fimland, M. S. (2021). No Time to Lift? Designing Time-
Efficient Training Programs for Strength and Hypertrophy: A Narrative Review. Sports Medicine, 51(10),
2079–2095. https://doi.org/10.1007/s40279-021-01490-1

Jakicic, J. M., Kraus, W. E., Powell, K. E., Campbell, W. W., Janz, K. F., Troiano, R. P., Sprow, K., Torres,
A., & Piercy, K. L. (2019). Association between Bout Duration of Physical Activity and Health: Systematic
Review. Medicine & Science in Sports & Exercise, 51(6), 1213–1219.
https://doi.org/10.1249/MSS.0000000000001933

Jayedi, A., Gohari, A., & Shab-Bidar, S. (2022). Daily Step Count and All-Cause Mortality: A Dose–
Response Meta-analysis of Prospective Cohort Studies. Sports Medicine, 52(1), 89–99.
https://doi.org/10.1007/s40279-021-01536-4

Jimmy, G., Seiler, R., & Maeder, U. (2013). Development and Validation of Energy Expenditure

106
Prediction Models Based on GT3X Accelerometer Data in 5- to 9-Year-Old Children. Journal of Physical
Activity and Health, 10(7), 1057–1067. https://doi.org/10.1123/jpah.10.7.1057

Johansson, H. P., Rossander-Hulthén, L., Slinde, F., & Ekblom, B. (2006). Accelerometry combined with
heart rate telemetry in the assessment of total energy expenditure. British Journal of Nutrition, 95(3),
631–639. https://doi.org/10.1079/BJN20051527

Johnson, R., & Coward-McKenzie, D. (2001). Energy Requirement Methodology. Em Nutrition in the
Prevention and Treatment of Disease (pp. 31–42).

Kachur, S., Chongthammakun, V., Lavie, C. J., De Schutter, A., Arena, R., Milani, R. V., & Franklin, B. A.
(2017). Impact of cardiac rehabilitation and exercise training programs in coronary heart disease.
Progress in Cardiovascular Diseases, 60(1), 103–114. https://doi.org/10.1016/j.pcad.2017.07.002

Kamada, M., Shiroma, E. J., Harris, T. B., & Lee, I.-M. (2016). Comparison of physical activity assessed
using hip- and wrist-worn accelerometers. Gait & Posture, 44, 23–28.
https://doi.org/10.1016/j.gaitpost.2015.11.005

Karvonen, M., Kentala, E., & Mustala, O. (1957). The effects of training on heart rate; a longitudinal
study. Annales medicinae experimentalis et biologiae Fenniae, 35(3), 307–315.

Katch, V., MacArdle, W., & Katch, F. (2011). Essentials of Exercise Physiology. (Fourth Edition).
Essentials of Exercise Physiology.

Katzmarzyk, P. T., Friedenreich, C., Shiroma, E. J., & Lee, I.-M. (2022). Physical inactivity and non-
communicable disease burden in low-income, middle-income and high-income countries. British
Journal of Sports Medicine, 56(2), 101–106. https://doi.org/10.1136/bjsports-2020-103640

Katzmarzyk, P. T., Powell, K. E., Jakicic, J. M., Troiano, R. P., Piercy, K., & Tennant, B. (2019). Sedentary
Behavior and Health: Update from the 2018 Physical Activity Guidelines Advisory Committee. Medicine
& Science in Sports & Exercise, 51(6), 1227–1241. https://doi.org/10.1249/MSS.0000000000001935

Keating, X. D., Zhou, K., Liu, X., Hodges, M., Liu, J., Guan, J., Phelps, A., & Castro-Piñero, J. (2019).
Reliability and Concurrent Validity of Global Physical Activity Questionnaire (GPAQ): A Systematic
Review. International Journal of Environmental Research and Public Health, 16(21), 4128.
https://doi.org/10.3390/ijerph16214128

Kelly, L. A., McMillan, D. G., Anderson, A., Fippinger, M., Fillerup, G., & Rider, J. (2013). Validity of
actigraphs uniaxial and triaxial accelerometers for assessment of physical activity in adults in
laboratory conditions. BMC Medical Physics, 13(1), 5. https://doi.org/10.1186/1756-6649-13-5

107
Kenny, G. P., Notley, S. R., & Gagnon, D. (2017). Direct calorimetry: A brief historical review of its use
in the study of human metabolism and thermoregulation. European Journal of Applied Physiology,
117(9), 1765–1785. https://doi.org/10.1007/s00421-017-3670-5

Keszei, A. P., Novak, M., & Streiner, D. L. (2010). Introduction to health measurement scales. Journal
of Psychosomatic Research, 68(4), 319–323. https://doi.org/10.1016/j.jpsychores.2010.01.006

Kohl, H. W., Craig, C. L., Lambert, E. V., Inoue, S., Alkandari, J. R., Leetongin, G., & Kahlmeier, S. (2012).
The pandemic of physical inactivity: Global action for public health. The Lancet, 380(9838), 294–305.
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(12)60898-8

Koo, T. K., & Li, M. Y. (2016). A Guideline of Selecting and Reporting Intraclass Correlation Coefficients
for Reliability Research. Journal of Chiropractic Medicine, 15(2), 155–163.
https://doi.org/10.1016/j.jcm.2016.02.012

Kottner, J., Audigé, L., Brorson, S., Donner, A., Gajewski, B. J., Hróbjartsson, A., Roberts, C., Shoukri,
M., & Streiner, D. L. (2011). Guidelines for Reporting Reliability and Agreement Studies (GRRAS) were
proposed. Journal of Clinical Epidemiology, 64(1), 96–106.
https://doi.org/10.1016/j.jclinepi.2010.03.002

Kraus, W. E., Powell, K. E., Haskell, W. L., Janz, K. F., Campbell, W. W., Jakicic, J. M., Troiano, R. P.,
Sprow, K., Torres, A., & Piercy, K. L. (2019). Physical Activity, All-Cause and Cardiovascular Mortality,
and Cardiovascular Disease. Medicine & Science in Sports & Exercise, 51(6), 1270–1281.
https://doi.org/10.1249/MSS.0000000000001939

Kriska, A., & Caspersen, C. (1997). Introduction to a collection of physical activity questionnaires.
Medicine & Science in Sports & Exercise, 29.

Ku, P.-W., Steptoe, A., Liao, Y., Hsueh, M.-C., & Chen, L.-J. (2018). A cut-off of daily sedentary time and
all-cause mortality in adults: A meta-regression analysis involving more than 1 million participants.
BMC Medicine, 16(1), 74. https://doi.org/10.1186/s12916-018-1062-2

Lamprecht, I. H. D. (1985). Direct and indirect calorimetry of medium sized animals. Thermochimica
Acta, 94(1), 113–122. https://doi.org/10.1016/0040-6031(85)85251-5

Landis, J. R., & Koch, G. G. (1977). The measurement of observer agreement for categorical data. 33(1),
159–174. https://doi.org/10.2307/2529310

Laporte, R. E., Montoye, H. J., & Caspersen, C. J. (1985). Assessment of Physical Activity in
Epidemiologic Research: Problems and Prospects. Public Health Rep., 100(2), 131–146.

108
Laranjo, L., Ding, D., Heleno, B., Kocaballi, B., Quiroz, J. C., Tong, H. L., Chahwan, B., Neves, A. L.,
Gabarron, E., Dao, K. P., Rodrigues, D., Neves, G. C., Antunes, M. L., Coiera, E., & Bates, D. W. (2021).
Do smartphone applications and activity trackers increase physical activity in adults? Systematic
review, meta-analysis and metaregression. British Journal of Sports Medicine, 55(8), 422–432.
https://doi.org/10.1136/bjsports-2020-102892

Lee, I.-M., Shiroma, E. J., Lobelo, F., Puska, P., Blair, S. N., & Katzmarzyk, P. T. (2012). Effect of physical
inactivity on major non-communicable diseases worldwide: An analysis of burden of disease and life
expectancy. The Lancet, 380(9838), 219–229. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(12)61031-9

Lee, J., Lee, C., Min, J., Kang, D.-W., Kim, J.-Y., Yang, H. I., Park, J., Lee, M.-K., Lee, M., Park, I., Jae, S. Y.,
Jekal, Y., Jee, S. H., & Jeon, J. Y. (2020). Development of the Korean Global Physical Activity
Questionnaire: Reliability and validity study. Global Health Promotion, 27(3), 44–55.
https://doi.org/10.1177/1757975919854301

Lee, P. H., Macfarlane, D. J., Lam, T., & Stewart, S. M. (2011). Validity of the international physical
activity questionnaire short form (IPAQ-SF): A systematic review. International Journal of Behavioral
Nutrition and Physical Activity, 8(1), 115. https://doi.org/10.1186/1479-5868-8-115

Lee, P. H., Yu, Y., McDowell, I., Leung, G. M., Lam, T., & Stewart, S. M. (2011). Performance of the
international physical activity questionnaire (short form) in subgroups of the Hong Kong chinese
population. International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity, 8(1), 81.
https://doi.org/10.1186/1479-5868-8-81

Leenders, N. Y., Nelson, T. E., & Sherman, W. M. (2003). Ability of different physical activity monitors
to detect movement during treadmill walking. Int J Sports Med, 24, 43–50. https://doi.org/10.1055/s-
2003-37196

Leonard, W. R. (2003). Measuring human energy expenditure: What have we learned from the flex-
heart rate method? American Journal of Human Biology, 15(4), 479–489.
https://doi.org/10.1002/ajhb.10187

Lesinski, M., Hortobágyi, T., Muehlbauer, T., Gollhofer, A., & Granacher, U. (2015). Effects of Balance
Training on Balance Performance in Healthy Older Adults: A Systematic Review and Meta-analysis.
Sports Medicine, 45(12), 1721–1738. https://doi.org/10.1007/s40279-015-0375-y

Lewis, B. A., Napolitano, M. A., Buman, M. P., Williams, D. M., & Nigg, C. R. (2017). Future directions in
physical activity intervention research: Expanding our focus to sedentary behaviors, technology, and
dissemination. Journal of Behavioral Medicine, 40(1), 112–126. https://doi.org/10.1007/s10865-016-

109
9797-8

Liu, F., Wanigatunga, A. A., & Schrack, J. A. (2021). Assessment of Physical Activity in Adults Using Wrist
Accelerometers. Epidemiologic Reviews, 43(1), 65–93. https://doi.org/10.1093/epirev/mxab004

Livingstone, M. B. E. (1997). Heart-rate monitoring: The answer for assessing energy expenditure and
physical activity in population studies? British Journal of Nutrition, 78(6), 869–871.
https://doi.org/10.1079/BJN19970205

Livingstone, M. B. E., Coward, W. A., Prentice, A. M., Strain, J. J., McKenna, P. G., Mahoney, C. A., White,
J. A., Stewart, C. M., & Kerr, M. J. (1992). Daily energy expenditure in free-living children: Comparison
of heart-rate monitoring with the doubly labeled water (2H2180) method13. The American Journal of
Clinical Nutrition, 56(2), 343–352. https://doi.org/10.1093/ajcn/56.2.343

Loh, R., Stamatakis, E., Folkerts, D., Allgrove, J. E., & Moir, H. J. (2020). Effects of Interrupting Prolonged
Sitting with Physical Activity Breaks on Blood Glucose, Insulin and Triacylglycerol Measures: A
Systematic Review and Meta-analysis. Sports Medicine, 50(2), 295–330.
https://doi.org/10.1007/s40279-019-01183-w

Loprinzi, P. D., & Smith, B. (2017). Comparison Between Wrist-Worn and Waist-Worn Accelerometry.
Journal of Physical Activity and Health, 14(7), 539–545. https://doi.org/10.1123/jpah.2016-0211

Lyden, K., Kozey, S. L., Staudenmeyer, J. W., & Freedson, P. S. (2011). A comprehensive evaluation of
commonly used accelerometer energy expenditure and MET prediction equations. European Journal
of Applied Physiology, 111(2), 187–201. https://doi.org/10.1007/s00421-010-1639-8

Macfarlane, D. J. (2001). Automated Metabolic Gas Analysis Systems: A Review. Sports Medicine,
31(12), 841–861. https://doi.org/10.2165/00007256-200131120-00002

Magalhães, J., Hetherington-Rauth, M., Rosa, G. B., Correia, I. R., Pinto, G. M., Ferreira, J., Coelho-e-
Silva, M. J., Raimundo, A. M., Mota, J., & Sardinha, L. B. (2023). Physical Activity and Sedentary Behavior
in the Portuguese Population: What Has Changed from 2008 to 2018? Medicine & Science in Sports &
Exercise. https://doi.org/10.1249/MSS.0000000000003161

Marôco, J. (2021). Análise Estatística com o SPSS Statistics v.18 27 (8a edição). ReportNumber.

Marques, A., & André, J. (2014). Avaliação da Atividade Física: Métodos e implicações práticas. Boletim
SPEF, 38, 9.

Mâsse, L. C., Fuemmeler, B. F., Anderson, C. B., Matthews, C. E., Trost, S. G., Catellier, D. J., & Treuth,

110
M. (2005). Accelerometer Data Reduction: A Comparison of Four Reduction Algorithms on Select
Outcome Variables. Medicine & Science in Sports & Exercise, 37(11), S544–S554.
https://doi.org/10.1249/01.mss.0000185674.09066.8a

Matsudo, S., Araujo, T., Matsudo, V., Andrade, D., Andrade, E., Oliveira, L. C., & Braggion, G. (2001).
Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ): Estudo de Validade e Reprodutibilidade no
Brasil. Revista brasileira de Actividade Física e Saúde, 6(2), 14. https://doi.org/10.12820/rbafs.v.6n2p5-
18

Matthews, C. E. (2005). Calibration of Accelerometer Output for Adults. Medicine & Science in Sports
& Exercise, 37(11), S512–S522. https://doi.org/10.1249/01.mss.0000185659.11982.3d

Matthews, C. E., Ainsworth, B. E., Thompson, R. W., & Bassett, D. R. (2002). Sources of variance in daily
physical activity levels as measured by an accelerometer: Medicine & Science in Sports & Exercise,
34(8), 1376–1381. https://doi.org/10.1097/00005768-200208000-00021

Matthews, C. E., Moore, S. C., Arem, H., Cook, M. B., Trabert, B., Håkansson, N., Larsson, S. C., Wolk,
A., Gapstur, S. M., Lynch, B. M., Milne, R. L., Freedman, N. D., Huang, W.-Y., Berrington de Gonzalez,
A., Kitahara, C. M., Linet, M. S., Shiroma, E. J., Sandin, S., Patel, A. V., & Lee, I.-M. (2020). Amount and
Intensity of Leisure-Time Physical Activity and Lower Cancer Risk. Journal of Clinical Oncology, 38(7),
686–697. https://doi.org/10.1200/JCO.19.02407

Mcclain, J. J., Sisson, S. B., & Tudor-Locke, C. (2007). Actigraph Accelerometer Interinstrument
Reliability during Free-Living in Adults. Medicine & Science in Sports & Exercise, 39(9), 1509–1514.
https://doi.org/10.1249/mss.0b013e3180dc9954

McHugh, M. L. (2012). Interrater reliability: The kappa statistic. Biochemia Medica, 276–282.
https://doi.org/10.11613/BM.2012.031

McKenzie, T. (2002). Use of direct observation to assess physical activity. Em Physical Activity
Assessments for Health-Related Research (pp. 179–195). Champaign, IL: Human Kinetics.

McKenzie, T., Sallis, J., & Nader, P. (1991). SOFIT: System for Observing Fitness Instruction Time. Journal
of Teaching in Physical Education, 11, 195–205.

McLaughlin, J. E., King, G. A., Howley, E. T., Bassett, Jr, D. R., & Ainsworth, B. E. (2001). Validation of
the COSMED K4 b2 Portable Metabolic System. International Journal of Sports Medicine, 22(4), 280–
284. https://doi.org/10.1055/s-2001-13816

Mctiernan, A., Friedenreich, C. M., Katzmarzyk, P. T., Powell, K. E., Macko, R., Buchner, D., Pescatello,

111
L. S., Bloodgood, B., Tennant, B., Vaux-Bjerke, A., George, S. M., Troiano, R. P., & Piercy, K. L. (2019).
Physical Activity in Cancer Prevention and Survival: A Systematic Review. Medicine & Science in Sports
& Exercise, 51(6), 1252–1261. https://doi.org/10.1249/MSS.0000000000001937

Meh, K., Jurak, G., Sorić, M., Rocha, P., & Sember, V. (2021). Validity and Reliability of IPAQ-SF and
GPAQ for Assessing Sedentary Behaviour in Adults in the European Union: A Systematic Review and
Meta-Analysis. International Journal of Environmental Research and Public Health, 18(9), 4602.
https://doi.org/10.3390/ijerph18094602

Meh, K., Sember, V., Đurić, S., Vähä-Ypyä, H., Rocha, P., & Jurak, G. (2021). Reliability and Validity of
Slovenian Versions of IPAQ-SF, GPAQ, and EHIS-PAQ for Assessing Physical Activity and Sedentarism of
Adults. International Journal of Environmental Research and Public Health, 19(1), 430.
https://doi.org/10.3390/ijerph19010430

Melanson, E. L., Donahoo, W. T., & Lanningham-Foster, L. (2004). Commercially available pedometers:
Considerations for accurate step counting. Preventive Medicine, 8.

Mengesha, M. M., Roba, H. S., Ayele, B. H., & Beyene, A. S. (2019). Level of physical activity among
urban adults and the socio-demographic correlates: A population-based cross-sectional study using
the global physical activity questionnaire. BMC Public Health, 19(1), 1160.
https://doi.org/10.1186/s12889-019-7465-y

Metcalf, K. M., Baquero, B. I., Coronado Garcia, M. L., Francis, S. L., Janz, K. F., Laroche, H. H., & Sewell,
D. K. (2018). Calibration of the global physical activity questionnaire to Accelerometry measured
physical activity and sedentary behavior. BMC Public Health, 18(1), 412.
https://doi.org/10.1186/s12889-018-5310-3

Migueles, J. H., Cadenas-Sanchez, C., Ekelund, U., Delisle Nyström, C., Mora-Gonzalez, J., Löf, M.,
Labayen, I., Ruiz, J. R., & Ortega, F. B. (2017). Accelerometer Data Collection and Processing Criteria to
Assess Physical Activity and Other Outcomes: A Systematic Review and Practical Considerations. Sports
Medicine, 47(9), 1821–1845. https://doi.org/10.1007/s40279-017-0716-0

Miot, H. A. (2011). Tamanho da amostra em estudos clínicos e experimentais. Jornal Vascular


Brasileiro, 10(4), 275–278. https://doi.org/10.1590/S1677-54492011000400001

Mitchell, B. L., Smith, A. E., Rowlands, A. V., Parfitt, G., & Dollman, J. (2018). Associations of physical
activity and sedentary behaviour with metabolic syndrome in rural Australian adults. Journal of Science
and Medicine in Sport, 21(12), 1232–1237. https://doi.org/10.1016/j.jsams.2018.05.002

Mokkink, L. B., Terwee, C. B., Patrick, D. L., Alonso, J., Stratford, P. W., Knol, D. L., Bouter, L. M., & de
112
Vet, H. C. W. (2010). The COSMIN study reached international consensus on taxonomy, terminology,
and definitions of measurement properties for health-related patient-reported outcomes. Journal of
Clinical Epidemiology, 63(7), 737–745. https://doi.org/10.1016/j.jclinepi.2010.02.006

Montoye, A. H. K., Mudd, L. M., Biswas, S., & Pfeiffer, K. A. (2015). Energy Expenditure Prediction Using
Raw Accelerometer Data in Simulated Free Living. Medicine & Science in Sports & Exercise, 47(8), 1735–
1746. https://doi.org/10.1249/MSS.0000000000000597

Montoye, H., Kemper, H., Saris, W., & Washburn, R. (1996). Measuring physical activity and energy
expenditure. Human Kinetics, Champaign, IL.

Mota, J., Valente, M., Aires, L., Silva, P., Paula Santos, M., & Ribeiro, J. C. (2007). Accelerometer cut-
points and youth physical activity prevalence. European Physical Education Review, 13(3), 287–299.
https://doi.org/10.1177/1356336X07081795

Müller, A. M., Wang, N. X., Yao, J., Tan, C. S., Low, I. C. C., Lim, N., Tan, J., Tan, A., & Müller-
Riemenschneider, F. (2019). Heart Rate Measures From Wrist-Worn Activity Trackers in a Laboratory
and Free-Living Setting: Validation Study. JMIR MHealth and UHealth, 7(10), e14120.
https://doi.org/10.2196/14120

Mumu, S. J., Ali, L., Barnett, A., & Merom, D. (2017). Validity of the global physical activity questionnaire
(GPAQ) in Bangladesh. BMC Public Health, 17(1), 650. https://doi.org/10.1186/s12889-017-4666-0

Nahas, M. V. (1996). Revisão de Métodos para determinação dos níveis de atividade física habitual em
diversos grupos populacionais. Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, 1(4), 27–37.

National Institutes of Health. (1995). Physical Activity and Cardiovascular Health. 13, 1–33.

Nichols, J. F., Morgan, C. G., Chabot, L. E., Sallis, J. F., & Calfas, K. J. (2000). Assessment of Physical
Activity with the Computer Science and Applications, Inc., Accelerometer: Laboratory versus Field
Validation. Research Quarterly for Exercise and Sport, 71(1), 36–43.
https://doi.org/10.1080/02701367.2000.10608878

Nikitara, K., Odani, S., Demenagas, N., Rachiotis, G., Symvoulakis, E., & Vardavas, C. (2021). Prevalence
and correlates of physical inactivity in adults across 28 European countries. European Journal of Public
Health, 31(4), 840–845. https://doi.org/10.1093/eurpub/ckab067

Nilsson, A., Ekelund, U., Yngve, A., & Söström, M. (2002). Assessing Physical Activity among Children
with Accelerometers Using Different Time Sampling Intervals and Placements. Pediatric Exercise
Science, 14(1), 87–96. https://doi.org/10.1123/pes.14.1.87

113
Normand, M. P. (2008). Increasing physical activity through self-monitoring, goal setting, and feedback.
Behavioral Interventions, 23(4), 227–236. https://doi.org/10.1002/bin.267

Nunnally, J., & Bernstein, I. (1994). The assessment of reliability. Standards of reliability. In
Psychometric Theory (3a). McGraw Hill.

O’Driscoll, R., Turicchi, J., Beaulieu, K., Scott, S., Matu, J., Deighton, K., Finlayson, G., & Stubbs, J. (2018).
How well do activity monitors estimate energy expenditure? A systematic review and meta-analysis of
the validity of current technologies. British Journal of Sports Medicine, bjsports-2018-099643.
https://doi.org/10.1136/bjsports-2018-099643

OECD, & World Health Organization. (2023). Step Up! Tackling the Burden of Insufficient Physical
Activity in Europe. https://www.oecd-ilibrary.org/content/publication/500a9601-en

Oliveira, F. de, Kuznier, T. P., Souza, C. C. de, & Chianca, T. C. M. (2018). Aspectos teóricos e
metodológicos para adaptação cultural e validação de instrumenros na Enfermagem. Texto & Contexto
- Enfermagem, 27(2). https://doi.org/10.1590/0104-070720180004900016

Oliveira, M. M., & Maia, J. (2001). Avaliação da actividade física em contextos epidemiológicos. Uma
revisão da validade e fiabilidade do acelerómetro Tritrac–R3D, do pedómetro Yamax Digi-Walker e do
questionário de Baecke. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, 2001(3), 73–88.
https://doi.org/10.5628/rpcd.01.03.73

Owen, N., Healy, G. N., Matthews, C. E., & Dunstan, D. W. (2010). Too Much Sitting: The Population
Health Science of Sedentary Behavior. Exercise and Sport Sciences Reviews, 38(3), 105–113.
https://doi.org/10.1097/JES.0b013e3181e373a2

Paluch, A. E., Bajpai, S., Bassett, D. R., Carnethon, M. R., Ekelund, U., Evenson, K. R., Galuska, D. A.,
Jefferis, B. J., Kraus, W. E., Lee, I.-M., Matthews, C. E., Omura, J. D., Patel, A. V., Pieper, C. F., Rees-
Punia, E., Dallmeier, D., Klenk, J., Whincup, P. H., Dooley, E. E., … Fulton, J. E. (2022). Daily steps and
all-cause mortality: A meta-analysis of 15 international cohorts. The Lancet Public Health, 7(3), e219–
e228. https://doi.org/10.1016/S2468-2667(21)00302-9

Pate, R., O’Neill, J., & Lobelo, F. (2008). The Evolving Definition of «Sedentary». Exercise and Sport
Sciences Reviews, 36(4), 173–178. https://doi.org/10.1097/JES.0b013e3181877d1a

Pate, R., Pratt, M., Blair, N., Haskell, L., Macera, A., Bouchard, C., Buchner, D., Ettinger, W., Heath, W.,
& King, A. (1995). Physical Activity and Public Health: A Recommendation From the Centers for Disease
Control and Prevention and the American College of Sports Medicine. JAMA, 273(5), 402–407.

114
Patterson, R., McNamara, E., Tainio, M., de Sá, T. H., Smith, A. D., Sharp, S. J., Edwards, P., Woodcock,
J., Brage, S., & Wijndaele, K. (2018). Sedentary behaviour and risk of all-cause, cardiovascular and
cancer mortality, and incident type 2 diabetes: A systematic review and dose response meta-analysis.
European Journal of Epidemiology, 33(9), 811–829. https://doi.org/10.1007/s10654-018-0380-1

Paula, A. (2012). Validação de Modelos de Acelerometria para Estimar a Quantidade de Atividade Física
Habitual em Adultos [Dissertação para a obtenção do Grau de Mestre em Exercício e Saúde, Faculdade
de Motricidade Humana da Universidade de Lisboa].
https://www.repository.utl.pt/handle/10400.5/5697

Pedersen, B. K., & Saltin, B. (2015). Exercise as medicine—Evidence for prescribing exercise as therapy
in 26 different chronic diseases. Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports, 25, 1–72.
https://doi.org/10.1111/sms.12581

Peeters, G., van Gellecum, Y., Ryde, G., Farías, N. A., & Brown, W. J. (2013). Is the pain of activity log-
books worth the gain in precision when distinguishing wear and non-wear time for tri-axial
accelerometers? Journal of Science and Medicine in Sport, 16(6), 515–519.
https://doi.org/10.1016/j.jsams.2012.12.002

Pereira, J. G. (2016). Fisiologia do Exercício. Em Instituto Português do Desporto e Juventude, I.P. (Ed.),
Manual de Curso de Treinadores de Desporto (Instituto Português do Desporto e Juventude, I.P.).
https://ipdj.gov.pt/documents/20123/123444/GrauII_06_Fisiologia.pdf/cef8e055-f067-83bf-4634-
8a5979642640?t=1574941829611

Perneger, T. V., Courvoisier, D. S., Hudelson, P. M., & Gayet-Ageron, A. (2015). Sample size for pre-
tests of questionnaires. Quality of Life Research, 24(1), 147–151. https://doi.org/10.1007/s11136-014-
0752-2

Physical Activity Guidelines Advisory Committee. (2008). Physical Activity Guidelines Advisory
Committee Report, 2008. Department of Health and Human Services,.

Physical Activity Guidelines Advisory Committee. (2018). 2018 Physical Activity Guidelines Advisory
Committee Scientific Report. U.S. Department of Health and Human Services, 779.

Piercy, K. L., Troiano, R. P., Ballard, R. M., Carlson, S. A., Fulton, J. E., Galuska, D. A., George, S. M., &
Olson, R. D. (2018). The Physical Activity Guidelines for Americans. JAMA, 320(19), 2020.
https://doi.org/10.1001/jama.2018.14854

Plasqui, G., & Westerterp, K. R. (2007). Physical Activity Assessment With Accelerometers: An
Evaluation Against Doubly Labeled Water**. Obesity, 15(10), 2371–2379.
115
https://doi.org/10.1038/oby.2007.281

Pocinho, M. (2012). Metodologia de Investigação e Comunicação do Conhecimento Científico. Lidel.

Polit, D. F., & Beck, C. T. (2011). Fundamentos de pesquisa em enfermagem: Métodos, avaliação e
utilização (7th ed.). Artmed.

Portney, L. G., & Watkins, M. P. (2000). Foundations of clinical research: Applications to practice.
Prentice Hall.

Powers, S., & Howley, E. (2009). Exercise Physiology: Theory and application to fitness and performance
(6th ed.). McGraw Hill.

Prince, S. A., Adamo, K. B., Hamel, M., Hardt, J., Connor Gorber, S., & Tremblay, M. (2008). A
comparison of direct versus self-report measures for assessing physical activity in adults: A systematic
review. International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity, 5(1), 56.
https://doi.org/10.1186/1479-5868-5-56

Programa Nacional para a Promoção da Atividade Física. (2020). Programa Nacional para a Promoção
da Atividade Física. Direção-Geral da Saúde. https://www.dgs.pt/programa-nacional-para-a-
promocao-da-atvidade-fisica/ficheiros-externos-pnpaf/relat_pnpaf2020-pdf.aspx

Pulsford, R. M., Blackwell, J., Hillsdon, M., & Kos, K. (2017). Intermittent walking, but not standing,
improves postprandial insulin and glucose relative to sustained sitting: A randomised cross-over study
in inactive middle-aged men. Journal of Science and Medicine in Sport, 20(3), 278–283.
https://doi.org/10.1016/j.jsams.2016.08.012

Reilly, J. J., Penpraze, V., Hislop, J., Davies, G., Grant, S., & Paton, J. Y. (2008). Objective measurement
of physical activity and sedentary behaviour: Review with new data. Archives of Disease in Childhood,
93(7), 614–619. https://doi.org/10.1136/adc.2007.133272

Rennie, K., Rowsell, T., Jebb, S., Holburn, D., & Wareham, N. (2000). A combined heart rate and
movement sensor: Proof of concept and preliminary testing study. European Journal of Clinical
Nutrition, 54(5), 409–414. https://doi.org/10.1038/sj.ejcn.1600973

Riddoch, C. J., Mattocks, C., Deere, K., Saunders, J., Kirkby, J., Tilling, K., Leary, S. D., Blair, S. N., & Ness,
A. R. (2007). Objective measurement of levels and patterns of physical activity. Archives of Disease in
Childhood, 92(11), 963–969. https://doi.org/10.1136/adc.2006.112136

Ridgers, N. D., & Fairclough, S. (2011). Assessing free-living physical activity using accelerometry:

116
Practical issues for researchers and practitioners. European Journal of Sport Science, 11(3), 205–213.
https://doi.org/10.1080/17461391.2010.501116

Riley, L., Guthold, R., Cowan, M., Savin, S., Bhatti, L., Armstrong, T., & Bonita, R. (2016). The World
Health Organization STEPwise Approach to Noncommunicable Disease Risk-Factor Surveillance:
Methods, Challenges, and Opportunities. American Journal of Public Health, 106(1), 74–78.
https://doi.org/10.2105/AJPH.2015.302962

Rivière, F., Widad, F. Z., Speyer, E., Erpelding, M.-L., Escalon, H., & Vuillemin, A. (2018). Reliability and
validity of the French version of the global physical activity questionnaire. Journal of Sport and Health
Science, 7(3), 339–345. https://doi.org/10.1016/j.jshs.2016.08.004

Roach, K. E. (2006). Measurement of Health Outcomes: Reliability, Validity and Responsiveness: JPO
Journal of Prosthetics and Orthotics, 18(Proceedings), P8–P12. https://doi.org/10.1097/00008526-
200601001-00003

Rowlands, A. V. (2007). Accelerometer Assessment of Physical Activity in Children: An Update. Pediatric


Exercise Science, 19(3), 252–266. https://doi.org/10.1123/pes.19.3.252

Rütten, A., Ziemainz, H., Schena, F., Stahl, T., Stiggelbout, M., Auweele, Y. V., Vuillemin, A., &
Welshman, J. (2003). Using different physical activity measurements in eight European countries.
Results of the European Physical Activity Surveillance System (EUPASS) time series survey. Public
Health Nutrition, 6(4), 371–376. https://doi.org/10.1079/PHN2002450

Sallis, J. F. (2010). Measuring Physical Activity: Practical Approaches for Program Evaluation in Native
American Communities. Journal of Public Health Management and Practice, 16(5), 404–410.
https://doi.org/10.1097/PHH.0b013e3181d52804

Sallis, J. F., & Saelens, B. E. (2000). Assessment of Physical Activity by Self-Report: Status, Limitations,
and Future Directions. Research Quarterly for Exercise and Sport, 71(sup2), 1–14.
https://doi.org/10.1080/02701367.2000.11082780

Santos, A. C., Willumsen, J., Meheus, F., Ilbawi, A., & Bull, F. C. (2023). The cost of inaction on physical
inactivity to public health-care systems: A population-attributable fraction analysis. The Lancet Global
Health, 11(1), e32–e39. https://doi.org/10.1016/S2214-109X(22)00464-8

Santos-Lozano, A., Marín, P. J., Torres-Luque, G., Ruiz, J. R., Lucía, A., & Garatachea, N. (2012). Technical
variability of the GT3X accelerometer. Medical Engineering & Physics, 34(6), 787–790.
https://doi.org/10.1016/j.medengphy.2012.02.005

117
Sasaki, J. E., John, D., & Freedson, P. S. (2011). Validation and comparison of ActiGraph activity
monitors. Journal of Science and Medicine in Sport, 14(5), 411–416.
https://doi.org/10.1016/j.jsams.2011.04.003

Sawan, S. A., Nunes, E. A., Lim, C., McKendry, J., & Phillips, S. M. (2023). The Health Benefits of
Resistance Exercise: Beyond Hypertrophy and Big Weights. Exercise, Sport, and Movement, 1(1), 1–5.
https://doi.org/10.1249/ESM.0000000000000001

Scherr, J., Wolfarth, B., Christle, J. W., Pressler, A., Wagenpfeil, S., & Halle, M. (2013). Associations
between Borg’s rating of perceived exertion and physiological measures of exercise intensity.
European Journal of Applied Physiology, 113(1), 147–155. https://doi.org/10.1007/s00421-012-2421-
x

Schneider, P. L., Crouter, S. E., & Bassett, D. R. (2004). Pedometer Measures of Free-Living Physical
Activity: Comparison of 13 Models: Medicine & Science in Sports & Exercise, 36(2), 331–335.
https://doi.org/10.1249/01.MSS.0000113486.60548.E9

Schnohr, P. (2003). Changes in Leisure-time Physical Activity and Risk of Death: An Observational Study
of 7,000 Men and Women. American Journal of Epidemiology, 158(7), 639–644.
https://doi.org/10.1093/aje/kwg207

Schoeller, D. A. (1988). Measurement of Energy Expenditure in Free-Living Humans by Using Doubly


Labeled Water. The Journal of Nutrition, 118(11), 1278–1289. https://doi.org/10.1093/jn/118.11.1278

Sember, V., Meh, K., Sorić, M., Starc, G., Rocha, P., & Jurak, G. (2020). Validity and Reliability of
International Physical Activity Questionnaires for Adults across EU Countries: Systematic Review and
Meta Analysis. International Journal of Environmental Research and Public Health, 17(19), 7161.
https://doi.org/10.3390/ijerph17197161

Shaopeng Liu, Gao, R. X., John, D., Staudenmayer, J. W., & Freedson, P. S. (2012). Multisensor Data
Fusion for Physical Activity Assessment. IEEE Transactions on Biomedical Engineering, 59(3), 687–696.
https://doi.org/10.1109/TBME.2011.2178070

Shephard, R. (2003). Limits to the measurement of habitual physical activity by questionnaires. Br J


Sports Med, 37(3), 197–206. https://doi.org/10.1136/bjsm.37.3.197

Shephard, R. J. (2011). Physical activity of Canadian adults: Accelerometer results from the 2007 to
2009 Canadian Health Measures Survey. Yearbook of Sports Medicine, 2011, 111–113.
https://doi.org/10.1016/j.yspm.2011.03.006

118
Siegel, S., & Castellan, N. J. (1988). Nonparametric Statistics for the Behavioral Sciences (2a). McGraw
Hill.

Silva, A. G., Queirós, A., Alvarelhão, J., & Rocha, N. P. (2014). Validity and reliability of the Portuguese
version of the Rapid Assessment of Physical Activity questionnaire. International Journal of Therapy
and Rehabilitation, 21(10), 469–474. https://doi.org/10.12968/ijtr.2014.21.10.469

Sim, I. (2019). Mobile Devices and Health. New England Journal of Medicine, 381(10), 956–968.
https://doi.org/10.1056/NEJMra1806949

Simonson, D. C., & DeFronzo, R. A. (1990). Indirect calorimetry: Methodological and interpretative
problems. American Journal of Physiology-Endocrinology and Metabolism, 258(3), E399–E412.
https://doi.org/10.1152/ajpendo.1990.258.3.E399

Sims, E. A., & Danforth, E. (1987). Expenditure and storage of energy in man. Journal of Clinical
Investigation, 79(4), 1019–1025. https://doi.org/10.1172/JCI112913

Sirard, J. R., & Pate, R. R. (2001). Physical Activity Assessment in Children and Adolescents. Sports Med,
16. https://doi.org/10.2165/00007256-200131060-00004

Skender, S., Ose, J., Chang-Claude, J., Paskow, M., Brühmann, B., Siegel, E. M., Steindorf, K., & Ulrich,
C. M. (2016). Accelerometry and physical activity questionnaires—A systematic review. BMC Public
Health, 16(1), 515. https://doi.org/10.1186/s12889-016-3172-0

Soo, K., Wan Abdul Manan, W., & Wan Suriati, W. (2015). The Bahasa Melayu Version of the Global
Physical Activity Questionnaire: Reliability and Validity Study in Malaysia. Asia Pacific Journal of Public
Health, 27(2), NP184–NP193. https://doi.org/10.1177/1010539511433462

Sousa, V. D., & Rojjanasrirat, W. (2011). Translation, adaptation and validation of instruments or scales
for use in cross-cultural health care research: A clear and user-friendly guideline: Validation of
instruments or scales. Journal of Evaluation in Clinical Practice, 17(2), 268–274.
https://doi.org/10.1111/j.1365-2753.2010.01434.x

Speakman, J. R. (1998). The history and theory of the doubly labeled water technique. The American
Journal of Clinical Nutrition, 68(4), 932S-938S. https://doi.org/10.1093/ajcn/68.4.932S

Speakman, J. R., Pontzer, H., Rood, J., Sagayama, H., Schoeller, D. A., Westerterp, K. R., Wong, W. W.,
Yamada, Y., Loechl, C., & Murphy-Alford, A. J. (2019). The International Atomic Energy Agency
International Doubly Labelled Water Database: Aims, Scope and Procedures. Annals of Nutrition and
Metabolism, 75(2), 114–118. https://doi.org/10.1159/000503668

119
Spittaels, H., Van Cauwenberghe, E., Verbestel, V., De Meester, F., Van Dyck, D., Verloigne, M.,
Haerens, L., Deforche, B., Cardon, G., & De Bourdeaudhuij, I. (2012). Objectively measured sedentary
time and physical activity time across the lifespan: A cross-sectional study in four age groups.
International Journal of Behavioral Nutrition and Physical Activity, 9(1), 149.
https://doi.org/10.1186/1479-5868-9-149

Spurr, G. B., Murgatroyd, P. R., Reina, J. C., & Goldberg, G. R. (1988). Energy expenditure from minute-
by-minute heart-rate recording: Comparison with indirect calorimetry. Am J C/in Nuir 1, 48, 552–559.
https://doi.org/doi:10.1093/ajcn/48.3.552

Stamatakis, E., Ekelund, U., Ding, D., Hamer, M., Bauman, A. E., & Lee, I.-M. (2019). Is the time right for
quantitative public health guidelines on sitting? A narrative review of sedentary behaviour research
paradigms and findings. British Journal of Sports Medicine, 53(6), 377–382.
https://doi.org/10.1136/bjsports-2018-099131

Stamatakis, E., Gale, J., Bauman, A., Ekelund, U., Hamer, M., & Ding, D. (2019). Sitting Time, Physical
Activity, and Risk of Mortality in Adults. Journal of the American College of Cardiology, 73(16), 2062–
2072. https://doi.org/10.1016/j.jacc.2019.02.031

Sternfeld, B., Jiang, S.-F., Picchi, T., Chasan-Taber, L., Ainsworth, B., & Quesenberry, C. P. (2012).
Evaluation of a Cell Phone–Based Physical Activity Diary. Medicine & Science in Sports & Exercise, 44(3),
487–495. https://doi.org/10.1249/MSS.0b013e3182325f45

Strath, S. J., Kaminsky, L. A., Ainsworth, B. E., Ekelund, U., Freedson, P. S., Gary, R. A., Richardson, C. R.,
Smith, D. T., & Swartz, A. M. (2013). Guide to the Assessment of Physical Activity: Clinical and Research
Applications: A Scientific Statement From the American Heart Association. Circulation, 128(20), 2259–
2279. https://doi.org/10.1161/01.cir.0000435708.67487.da

Strath, S. J., Swartz, A. M., Bassett, D. R., O’Brien, W. L., King, G. A., & Ainsworth, B. E. (2000). Evaluation
of heart rate as a method for assessing moderate intensity physical activity. Medicine & Science in
Sports & Exercise, 32(Supplement), S465–S470. https://doi.org/10.1097/00005768-200009001-00005

Swain, D., & Leutholtz, B. (1997). Heart rate reserve is equivalent to %VO2 reserve, not to %VO2max.
Medicine and science in sports and exercise, 29(3), 410–414. https://doi.org/10.1097/00005768-
199703000-00018

Swartz, A. M., Strath, S. J., Bassett, D. R., O’Brien, W. L., King, G. A., & Ainsworth, B. E. (2000). Estimation
of energy expenditure using CSA accelerometers at hip and wrist sites: Medicine & Science in Sports &
Exercise, 32(Supplement), S450–S456. https://doi.org/10.1097/00005768-200009001-00003

120
Tamura, T., Maeda, Y., Sekine, M., & Yoshida, M. (2014). Wearable Photoplethysmographic Sensors—
Past and Present. Electronics, 3(2), 282–302. https://doi.org/10.3390/electronics3020282

Taylor, H. L., Jacobs, D. R., Schucker, B., Knudsen, J., Leon, A. S., & Debacker, G. (1978). A questionnaire
for the assessment of leisure time physical activities. Journal of Chronic Diseases, 31(12), 741–755.
https://doi.org/10.1016/0021-9681(78)90058-9

Taylor-Piliae, R., Norton, L. C., Haskell, W. L., Mahbouda, M. H., Fair, J. M., Iribarren, C., Hlatky, M. A.,
Go, A. S., & Fortmann, S. P. (2006). Validation of a New Brief Physical Activity Survey among Men and
Women Aged 60–69 Years. American Journal of Epidemiology, 164(6), 598–606.
https://doi.org/10.1093/aje/kwj248

Teng, X. F., & Zhang, Y. T. (2004). The effect of contacting force on photoplethysmographic signals.
Physiological Measurement, 25(5), 1323–1335. https://doi.org/10.1088/0967-3334/25/5/020

Terwee, C. B., Bot, S. D. M., de Boer, M. R., van der Windt, D. A. W. M., Knol, D. L., Dekker, J., Bouter,
L. M., & de Vet, H. C. W. (2007). Quality criteria were proposed for measurement properties of health
status questionnaires. Journal of Clinical Epidemiology, 60(1), 34–42.
https://doi.org/10.1016/j.jclinepi.2006.03.012

Thompson, D., Batterham, A. M., Bock, S., Robson, C., & Stokes, K. (2006). Assessment of Low-to-
Moderate Intensity Physical Activity Thermogenesis in Young Adults Using Synchronized Heart Rate
and Accelerometry with Branched-Equation Modeling. The Journal of Nutrition, 136(4), 1037–1042.
https://doi.org/10.1093/jn/136.4.1037

Thuy, A. B., Blizzard, L., Schmidt, M., Luc, P. H., Magnussen, C., & Dwyer, T. (2010). Reliability and
Validity of the Global Physical Activity Questionnaire in Vietnam. Journal of Physical Activity and
Health, 7(3), 410–418. https://doi.org/10.1123/jpah.7.3.410

Tremblay, M. S., Aubert, S., Barnes, J. D., Saunders, T. J., Carson, V., Latimer-Cheung, A. E., Chastin, S.
F. M., Altenburg, T. M., & Chinapaw, M. J. M. (2017). Sedentary Behavior Research Network (SBRN) –
Terminology Consensus Project process and outcome. International Journal of Behavioral Nutrition
and Physical Activity, 14(1), 75. https://doi.org/10.1186/s12966-017-0525-8

Trinh, O. T. H., Nguyen, N. D., van der Ploeg, H., Dibley, M., & Bauman, A. (2009). Test-Retest
Repeatability and Relative Validity of the Global Physical Activity Questionnaire in a Developing
Country Context. Journal of Physical Activity and Health, 6(1), 8. https://doi.org/10.1123/jpah.6.s1.s46

Troiano, R. P., Berrigan, D., Dodd, K. W., Mâsse, L. C., Tilert, T., & Mcdowell, M. (2008). Physical Activity
in the United States Measured by Accelerometer. Medicine & Science in Sports & Exercise, 40(1), 181–
121
188. https://doi.org/10.1249/mss.0b013e31815a51b3

Troiano, R. P., McClain, J. J., Brychta, R. J., & Chen, K. Y. (2014). Evolution of accelerometer methods
for physical activity research. British Journal of Sports Medicine, 48(13), 1019–1023.
https://doi.org/10.1136/bjsports-2014-093546

Troiano, R. P., Stamatakis, E., & Bull, F. C. (2020). How can global physical activity surveillance adapt to
evolving physical activity guidelines? Needs, challenges and future directions. British Journal of Sports
Medicine, 54(24), 1468–1473. https://doi.org/10.1136/bjsports-2020-102621

Trost, S. G., Mciver, K. L., & Pate, R. R. (2005). Conducting Accelerometer-Based Activity Assessments
in Field-Based Research. Medicine & Science in Sports & Exercise, 37(11), S531–S543.
https://doi.org/10.1249/01.mss.0000185657.86065.98

Tucker, W. J., Fegers-Wustrow, I., Halle, M., Haykowsky, M. J., Chung, E. H., & Kovacic, J. C. (2022).
Exercise for Primary and Secondary Prevention of Cardiovascular Disease. Journal of the American
College of Cardiology, 80(11), 1091–1106. https://doi.org/10.1016/j.jacc.2022.07.004

Tudor-Locke, C., & Bassett, D. R. (2004). How Many Steps/Day Are Enough?: Preliminary Pedometer
Indices for Public Health. Sports Medicine, 34(1), 1–8. https://doi.org/10.2165/00007256-200434010-
00001

Tudor-Locke, C., Hatano, Y., Pangrazi, R. P., & Kang, M. (2008). Revisiting «How Many Steps Are
Enough?» Medicine & Science in Sports & Exercise, 40(7), S537–S543.
https://doi.org/10.1249/MSS.0b013e31817c7133

US Department of Health and Human Services. (1996). Physical activity and health. A report of the
Surgeon General [Data set]. US Department of Health and Human Services, Public Health Service, CDC,
National Center for Chronic Disease Prevention and Health Promotion.
https://doi.org/10.1037/e305342003-001

US Department of Health and Human Services. (2008). 2008 Physical Activity Guidelines for Americans.
https://health.gov/our-work/nutrition-physical-activity/physical-activity-guidelines/previous-
guidelines/2008-physical-activity-guidelines

US Department of Health and Human Services. (2015). Step it Up! The Surgeon General’s Call to Action
to Promote Walking and Walkable Communities (p. 72). U.S. Dept of Health and Human Services, Office
of the Surgeon General. https://www.cdc.gov/physicalactivity/walking/call-to-action/index.htm

Van Auken, R. M., & Kebschull, S. A. (2021). Type I error convergence of three hypothesis tests for small

122
RxC contingency tables. RMS: Research in Mathematics & Statistics, 8(1), 1934959.
https://doi.org/10.1080/27658449.2021.1934959

Van Domelen, D. R., Koster, A., & Harris, T. B. (2011). Accelerometer nonwear algorithms: Optimizing
parameters for both wear states. Medicine & Science in Sports & Exercise, 43(5), 932.
https://doi.org/10.1249/MSS.0b013e318212b002

van Poppel, M. N. M., Chinapaw, M. J. M., Mokkink, L. B., van Mechelen, W., & Terwee, C. B. (2010).
Physical Activity Questionnaires for Adults: A Systematic Review of Measurement Properties. Sports
Medicine, 40(7), 565–600. https://doi.org/10.2165/11531930-000000000-00000

Vanhees, L., Lefevre, J., Philippaerts, R., Martens, M., Huygens, W., Troosters, T., & Beunen, G. (2005).
How to assess physical activity? How to assess physical fitness? European Journal of Cardiovascular
Prevention & Rehabilitation, 12(2), 102–114. https://doi.org/10.1097/01.hjr.0000161551.73095.9c

Vilelas, J. (2020). Investigação—O Processo de Construção do Conhecimento (3a). Edições Sílabo, Lda.

Wanner, M., Hartmann, C., Pestoni, G., Martin, B. W., Siegrist, M., & Martin-Diener, E. (2017).
Validation of the Global Physical Activity Questionnaire for self-administration in a European context.
BMJ Open Sport & Exercise Medicine, 3(1), e000206. https://doi.org/10.1136/bmjsem-2016-000206

Warburton, D. E., Charlesworth, S., Ivey, A., Nettlefold, L., & Bredin, S. S. (2010). A systematic review
of the evidence for Canada’s Physical Activity Guidelines for Adults. International Journal of Behavioral
Nutrition and Physical Activity, 7(1), 39. https://doi.org/10.1186/1479-5868-7-39

Ward, D. S., Evenson, K. R., Vaughn, A., Rodgers, A. B., & Troiano, R. P. (2005). Accelerometer Use in
Physical Activity: Best Practices and Research Recommendations. Medicine & Science in Sports &
Exercise, 37(11), S582–S588. https://doi.org/10.1249/01.mss.0000185292.71933.91

Wareham, N. J., Hennings, S. J., Prentice, A. M., & Day, N. E. (1997). Feasibility of heart-rate monitoring
to estimate total level and pattern of energy expenditure in a population-based epidemiological study:
The Ely young cohort feasibility study 1994–5. British Journal of Nutrition, 78(6), 889–900.
https://doi.org/10.1079/BJN19970207

Wareham, N. J., & Rennie, K. L. (1998). The assessment of physical activity in individuals and
populations: Why try to be more precise about how physical activity is assessed? Int J Obes Relat Metab
Disord, 22.

Warnecke, R. B., Johnson, T. P., Chávez, N., Sudman, S., O’Rourke, D. P., Lacey, L., & Horm, J. (1997).
Improving question wording in surveys of culturally diverse populations. Annals of Epidemiology, 7(5),

123
334–342. https://doi.org/10.1016/S1047-2797(97)00030-6

Warner, R. M. (2013). Applied Statistics: From Bivariate through Multivariate Techniques (2nd ed.).
SAGE Publications, Inc.

Warren, J. M., Ekelund, U., Besson, H., Mezzani, A., Geladas, N., & Vanhees, L. (2010). Assessment of
physical activity – a review of methodologies with reference to epidemiological research: A report of
the exercise physiology section of the European Association of Cardiovascular Prevention and
Rehabilitation. European Journal of Cardiovascular Prevention & Rehabilitation, 17(2), 127–139.
https://doi.org/10.1097/HJR.0b013e32832ed875

Washburn, R. A., & Montoye, H. J. (1986). The assessment of physical activity by questionnaire.
American Journal of Epidemiology, 123(4), 563–576.
https://doi.org/10.1093/oxfordjournals.aje.a114277

Watson, K. B., Carlson, S. A., Carroll, D. D., & Fulton, J. E. (2014). Comparison of accelerometer cut
points to estimate physical activity in US adults. Journal of Sports Sciences, 32(7), 660–669.
https://doi.org/10.1080/02640414.2013.847278

Welk, G. J. (2002). Physical activity assessments for health-related research. Human Kinetics.

Welk, G. J. (2005). Principles of Design and Analyses for the Calibration of Accelerometry-Based Activity
Monitors. Medicine & Science in Sports & Exercise, 37(11), S501–S511.
https://doi.org/10.1249/01.mss.0000185660.38335.de

Welk, G. J., Corbin, C. B., & Dale, D. (2000). Measurement Issues in the Assessment of Physical Activity
in Children. Research Quarterly for Exercise and Sport, 71(sup2), 59–73.
https://doi.org/10.1080/02701367.2000.11082788

Welk, G. J., Mcclain, J., & Ainsworth, B. E. (2012). Protocols for Evaluating Equivalency of
Accelerometry-Based Activity Monitors. Medicine & Science in Sports & Exercise, 44(1S), S39–S49.
https://doi.org/10.1249/MSS.0b013e3182399d8f

Welk, G. J., Schaben, J. A., & Morrow, J. R. (2004). Reliability of Accelerometry-Based Activity Monitors:
A Generalizability Study. Medicine & Science in Sports & Exercise, 36(9), 1637–1645.
https://doi.org/10.1249/01.MSS.0000074670.03001.98

Westerterp, K. R. (1999). Body composition, water turnover and energy turnover assessment with
labelled water. Proceedings of the Nutrition Society, 58(4), 945–951.
https://doi.org/10.1017/S0029665199001251

124
Westerterp, K. R. (2009). Assessment of physical activity: A Critical Appraisal. European Journal of
Applied Physiology, 105(6), 823–828. https://doi.org/10.1007/s00421-009-1000-2

Whiting, S., Mendes, R., Abu-Omar, K., Gelius, P., Crispo, A., McColl, K., Simmonds, P., Fedkina, N.,
Andreasyan, D., Gahraman, H., Migal, T., Sturua, L., Obreja, G., Abdurakhmanova, Z., Saparkulovna, I.
N., Erguder, T., Ekinci, B., Keskinkilic, B., Shukurov, S., … Breda, J. (2021). Physical inactivity in nine
European and Central Asian countries: An analysis of national population-based survey results.
European Journal of Public Health, 31(4), 846–853. https://doi.org/10.1093/eurpub/ckab028

Wijndaele, K., Westgate, K., Stephens, S. K., Blair, S. N., Bull, F. C., Chastin, S. F. M., Dunstan, D. W.,
Ekelund, U., Esliger, D. W., Freedson, P. S., Granat, M. H., Matthews, C. E., Owen, N., Rowlands, A. V.,
Sherar, L. B., Tremblay, M. S., Troiano, R. P., Brage, S., & Healy, G. N. (2015). Utilization and
Harmonization of Adult Accelerometry Data: Review and Expert Consensus. Medicine & Science in
Sports & Exercise, 47(10), 2129–2139. https://doi.org/10.1249/MSS.0000000000000661

World Health Organization. (2000). Obesity preventing and managing the global epidemic: Report of
a WHO consultation. World Health Organization. https://apps.who.int/iris/handle/10665/42330

World Health Organization. (2005). WHO STEPS surveillance manual: The WHO stepwise approach to
chronic disease risk factor surveillance. World Health Organization.
https://apps.who.int/iris/handle/10665/43376

World Health Organization. (2009). Global health risks: Mortality and burden of disease attributable to
selected major risks. World Health Organization. https://apps.who.int/iris/handle/10665/44203

World Health Organization. (2010). Global recommendations on physical activity for health.
Recommandations Mondiales Sur l’activité Physique Pour La Santé, 58.

World Health Organization. (2011). Review of physical activity surveillance data sources in European
Union Member States. WHO Regional Office for Europe.
https://apps.who.int/iris/handle/10665/108041

World Health Organization. (2018). Global action plan on physical activity 2018–2030: More active
people for a healthier world. World Health Organization.
https://apps.who.int/iris/handle/10665/272722

World Health Organization. (2020a). Leading causes of death and disability. World Health Organization.
https://www.who.int/data/stories/leading-causes-of-death-and-disability-2000-2019-a-visual-
summary

125
World Health Organization. (2020b). Who Guidelines on Physical Activity and Sedentary Behaviour.
World Health Organization. https://www.who.int/publications/i/item/9789240015128

World Health Organization. (2020c). WHO STEPS Surveillance Manual: The WHO STEPwise approach to
chronic disease risk factor surveillance. World Health Organization.
https://www.who.int/teams/noncommunicable-diseases/surveillance/systems-tools/steps/manuals

World Health Organization. (2022a). Global status report on physical activity 2022. World Health
Organization. https://apps.who.int/iris/handle/10665/363607

World Health Organization. (2022b). Noncommunicable Disease Surveillance, Monitoring and


Reporting. https://www.who.int/teams/noncommunicable-diseases/surveillance/systems-
tools/physical-activity-surveillance

World Health Organization. (s.d.). Global Physical Activity Questionnaire (GPAQ)—Analysis Guide.
World Health Organization. https://cdn.who.int/media/docs/default-source/ncds/ncd-
surveillance/gpaq-analysis-guide.pdf?sfvrsn=1e83d571_2

World Health Organization & United Nations Economic Commission for Europe. (2022). Vienna
Declaration: Building forward better by transforming to new, clean, safe, healthy and inclusive mobility
and transport. World Health Organization. Regional Office for Europe.
https://apps.who.int/iris/handle/10665/353806

Yngve, A., Nilsson, A., Sjostrom, M., & Ekelund, U. (2003). Effect of Monitor Placement and of Activity
Setting on the MTI Accelerometer Output: Medicine & Science in Sports & Exercise, 35(2), 320–326.
https://doi.org/10.1249/01.MSS.0000048829.75758.A0

Zhang, K., Werner, P., Sun, M., Pi-Sunyer, F. X., & Boozer, C. N. (2003). Measurement of Human Daily
Physical Activity. Obesity Research, 11(1), 33–40. https://doi.org/10.1038/oby.2003.7

126
ANEXOS E APÊNDICES
Anexo I – Autorização da Organização Mundial de Saúde
AUTORIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE
Anexo II – Aprovação da Comissão de Ética do Centro Académico de Medicina
de Lisboa
AUTORIZAÇÃO DA COMISSÃO DE ÉTICA DO CENTRO ACADÉMICO DE
MEDICINA DE LISBOA
Anexo III. Questionário Internacional de Atividade Física, versão portuguesa,
forma longa (IPAQ-LF), por autoadministração
QUESTIONÁRIO INTERNACIONAL DE ACTIVIDADE FÍSICA, VERSÃO
PORTUGUESA, FORMA LONGA (IPAQ-LF), POR AUTOADMINISTRAÇÃO

“Ao responder às seguintes questões considere o seguinte:

Atividade física vigorosa refere-se a atividades que requerem muito esforço e tornam a respiração
muito mais intensa que o normal.

Atividade moderada refere-se a atividades que requerem esforço físico moderado e torna a respiração
um pouco mais intensa do que o normal.

Secção 1 - Actividade física no trabalho

A primeira secção refere-se ao seu trabalho. Inclui trabalhos remunerados, trabalho agrícola, trabalho
voluntário e outros trabalhos não remunerados que faça fora de casa. Não inclua trabalhos não
remunerados que possa fazer em sua casa, como limpezas da casa, cuidar do jardim, manutenção geral
ou cuidar da família. Sobre estas tarefas irá encontrar outras questões na secção 3.

1a. Tem, presentemente, um emprego ou algum trabalho não remunerado fora de casa?

__ Sim.

__ Não (Passe para a Secção 2: Transportes).

As seguintes questões referem-se a toda a actividade física que faz durante uma semana como parte
do seu trabalho remunerado ou não remunerado. Não inclui viagem de ida e volta para o emprego.
Pense apenas nas actividades físicas que faz no mínimo 10 minutos seguidos.

1b. Habitualmente, por semana, quantos dias faz actividade física vigorosa, como levantar e/ou
transportar objectos pesados, cavar ou subir escadas, como parte do seu emprego?

___ dias por semana.

___Nenhum (passe para questão 1d).

1c. Habitualmente quanto tempo despende num desses dias a fazer atividade física vigorosa no seu
emprego?

____ horas ___ minutos.


1d. Normalmente, por semana, quantos dias faz actividade física moderada, como levantar e/ou
transportar cargas leves, no seu emprego?

___ dias por semana.

___Nenhum (passe para a questão 1f).

1e. Quanto tempo despende num desses dias a fazer actividade física moderada no seu emprego?

____ horas ___ minutos.

1f. Habitualmente, por semana, quantos dias caminha pelo menos 10 minutos seguidos no seu
emprego? Por favor não considere as viagens de ida e volta para o emprego.

___dias por semana.

___Nenhum (passe para a seção 2: Transportes).

1g. Normalmente quanto tempo despende num desses dias a caminhar no seu emprego?

___horas ___ minutos.

1h. Quando caminha no seu emprego, qual o passo normalmente utilizado? Caminha com:

__Passo vigoroso

__Passo moderado ou

__Passo lento.

Secção 2: Actividade física como meio de deslocação/ Transportes

Estas questões referem-se ao modo como usualmente se desloca de um lugar para outro, incluindo
emprego, lojas, cinema, etc.

2a. Normalmente, por semana, quantos dias viaja num veículo a motor como o comboio, o autocarro,
o carro ou eléctrico?

___dias por semana.

___Nenhum (passe para a questão 2c).


2b. Quanto tempo despende num desses dias a viajar de carro, autocarro, comboio ou outro tipo de
transporte motorizado?

____ horas ___ minutos.

Agora considere apenas as deslocações de bicicleta ou a pé que poderia fazer para se deslocar para o
trabalho e para casa, para fazer compras, ou para se deslocar de um lugar para outro.

2c. Normalmente, por semana, quantos dias anda, pelo menos 10 minutos, de bicicleta para se
deslocar de um lugar para outro?

___dias por semana.

___Nenhum (passe para a questão 2f).

2d. Quanto tempo despende por dia a deslocar-se de bicicleta de um lugar para o outro?

____ horas ___ minutos.

2e. Quando anda de bicicleta, a que velocidade normalmente se desloca?

__Velocidade rápida.

__Velocidade moderada ou

__Velocidade lenta.

2f. Normalmente, por semana, quantos dias caminha, durante pelo menos 10 minutos, para se
deslocar de um lugar para outro?

___ dias por semana.

___ Nenhum (passe para Secção 3: Trabalho Doméstico, Manutenção Geral e Cuidar da Família).

2g. Quanto tempo despende por dia a caminhar de um lugar para outro?

____ horas ___ minutos.

2h. Quando se desloca a pé de um lugar para outro qual o passo normalmente utilizado?

__Passo vigoroso
__Passo moderado ou

__Passo lento.

Secção 3: Trabalho doméstico, Manutenção Geral e Cuidar da Família

Esta secção refere-se a algumas das actividades físicas que pode fazer numa semana em casa, por
exemplo, as limpezas, jardinagem, trabalhos gerais de manutenção ou cuidar da família. Mais uma vez,
considere apenas as actividades físicas que faça pelo menos durante 10 minutos seguidos.

3a. Normalmente, por semana, quantos dias faz atividade física vigorosa, como levantar e/ou
transportar objetos pesados, cortar madeira, limpar neve ou cavar no jardim/quintal.

___ dias por semana.

___ Nenhum (passe para a questão 3c).

3b. Quanto tempo despende por dia a fazer actividade física vigorosa no jardim/quintal?

____ horas ___ minutos.

3c. Normalmente, por semana, quantos dias faz atividade física moderada, como levantar e/ou
transportar objetos leves, limpar/lavar janelas, varrer ou podar o jardim/quintal?

___ dias por semana.

___ Nenhum (passe para a questão 3e).

3d. Normalmente, quanto tempo despende por dia a fazer atividade física moderada no seu
jardim/quintal?

____ horas ___ minutos.

3e. Normalmente, por semana, quantos dias faz atividade física moderada como levantar e/ou
objectos leves, limpar/lavar janelas, esfregar/limpar o chão e varrer dentro de sua casa?

___ dias por semana.

___ Nenhum (passe para a secção 4: Actividades Físicas de Recreação, Desporto e Tempos Livres).
3f. Quanto tempo despende por dia a fazer actividade física moderada dentro de sua casa?

____ horas ___ minutos.

Secção 4: Actividades Físicas e Desportivas de Recreação e Tempos Livres

Esta seção refere-se a toda a atividade física e desportiva que efetua no seu tempo livre para recreação
numa semana. Mais uma vez, considere apenas a atividade que faz durante pelo menos 10 minutos
seguidos. Por favor NÃO inclua qualquer atividade que já tenha mencionado.

4a. Não considerando qualquer tipo de caminhada que já tenha referido, normalmente, por semana,
quantos dias anda durante pelo menos 10 minutos seguidos no seu tempo livre/lazer?

___dias por semana.

___Nenhum (passe para a questão 4d).

4b. Quanto tempo despende normalmente por dia a andar no seu tempo livre/ lazer?

____ horas ___ minutos.

4c. Quando anda nos seus tempos livres, a que intensidade normalmente o faz?

__Passo vigoroso

__Passo moderado ou

__Passo lento.

4d. Normalmente, por semana, quantos dias nos seus tempos livres faz actividade física vigorosa como
ginástica aeróbica, corrida, bicicleta, natação?

___dias por semana.

___Nenhum (passe para a questão 4f).

4e. Normalmente, nos seus tempos livres, quanto tempo despende a fazer actividade física vigorosa?

___horas___minutos.
4f. Normalmente, por semana, quantos dias nos seus tempos livres faz actividade física moderada
como andar de bicicleta a uma velocidade moderada, nadar e jogar ténis?

___ dias por semana.

___Nenhum (passe para a Secção 5: Tempo sentado).

4g. Quanto tempo costuma despender por dia a fazer atividade física moderada nos seus tempos
livres/lazer?
____ horas ___ minutos.

Secção 5: Tempo sentado

As últimas questões referem-se ao tempo em que está sentado por dia enquanto trabalha, está em
casa, faz o percurso para o emprego e durante os tempos livres. Também pode ser incluído o tempo
sentado numa secretária, a visitar amigos, a ler ou a ver televisão. Não inclua o tempo sentado num
veículo a motor que já tenha mencionado.

5a. Quanto tempo costuma estar sentado num dia de semana? ____ horas ___ minutos.

5b. Quanto tempo costuma estar sentado num dia de fim de semana? ____ horas ___ minutos.”

Fonte: Campaniço (2016).


Apêndice I – Versão Final do Questionário Global de Atividade Física,
versão 2, em português europeu
VERSÃO FINAL DO QUESTIONÁRIO GLOBAL DE ATIVIDADE FÍSICA, VERSÃO 2,
EM PORTUGUÊS EUROPEU

GPAQ
Atividade física
Este questionário incidirá sobre o tempo que dedica a fazer diferentes tipos de atividade física, durante uma semana normal. Por
favor, responda às perguntas mesmo que não se considere uma pessoa fisicamente ativa. Comece por pensar no tempo em que
está a trabalhar, pense no trabalho em termos daquilo que tem de fazer, como trabalho remunerado ou não remunerado,
estudos/formação, tarefas domésticas, trabalho agrícola, pesca ou caça para consumo próprio, procura de emprego. [Insira outros
exemplos, se necessário]. Ao responder às questões abaixo indicadas, tenha em conta que a “atividade física de intensidade
vigorosa” engloba atividades que exigem um elevado esforço físico que causam uma respiração intensa ou subida da frequência
cardíaca; e “atividade física de intensidade moderada”, atividades que requerem um esforço físico moderado e causam pequenas
alterações na respiração ou na frequência cardíaca.
Questões Resposta Código
Atividades no trabalho
O seu trabalho envolve atividade física de
intensidade vigorosa, que cause
significativos aumentos da respiração ou
frequência cardíaca, como transporte de 1 Sim
1 cargas pesadas, cavar e outros trabalhos de 2 Não P1
construção, pelo menos, durante 10 minutos
consecutivos? Se não, passe para a P4
[INSERIR EXEMPLOS] (USAR CARTÃO DE
EXEMPLO)
Numa semana normal, quantos dias pratica
2 uma atividade de intensidade vigorosa, como Número de dias └─┘ P2
parte do seu trabalho?
Num dia normal de trabalho, quanto tempo
dedica à prática de atividade física de
Horas: minutos └─┴─┘: └─┴─┘ P3
3
intensidade vigorosa? (a-b)
hr. min.
O seu trabalho envolve atividade física de
intensidade moderada, que cause um
aumento moderado da respiração ou
frequência cardíaca, como uma caminhada 1 Sim
4 ritmada ou transporte de cargas leves, 2 Não P4
durante, pelo menos, 10 minutos
consecutivos? Se não, passe para a P7
[INSERIR EXEMPLOS] (USAR CARTÃO DE
EXEMPLO)
Numa semana normal, quantos dias pratica
5 atividade física de intensidade moderada, Número de dias └─┘ P5
como parte do seu trabalho?
Num dia normal de trabalho, quanto tempo P6
6 dedica à prática de atividade física de Horas: minutos └─┴─┘: └─┴─┘
intensidade moderada? hr. min. (a-b)
Viagem (deslocação) entre locais
As perguntas seguintes excluem as atividades físicas no trabalho, as quais já foram abordadas. Agora será questionado(a) sobre a
forma habitual como se desloca entre locais. Por exemplo: para o trabalho, ida às compras, ao mercado ou ao local de oração.
[INSERIR EXEMPLOS]
Para se deslocar entre locais, caminha ou 1 Sim
utiliza uma bicicleta (não elétrica) durante,
7 2 Não P7
pelo menos, 10 minutos consecutivos?
Se não, passe para a P10
Numa semana normal, para se deslocar,
quantos dias caminha ou anda de bicicleta,
8 Número de dias └─┘ P8
durante, pelo menos, 10 minutos
consecutivos?
Num dia normal, quanto tempo gasta a P9
Horas: minutos └─┴─┘: └─┴─┘
9 caminhar ou a andar de bicicleta, para se
deslocar? hr. min. (a-b)
GPAQ continuação
Atividade física (atividades recreativas)
As próximas perguntas excluem as atividades de trabalho e deslocação, que já foram abordadas. Vai ser questionado(a) sobre o tipo
de desporto, exercício físico e atividades recreativas (de lazer) que costuma praticar. [Inserir termos relevantes]
Questões Resposta Código
Pratica algum desporto, exercício físico ou atividade
recreativa (de lazer) de intensidade vigorosa, que cause
1 Sim
grandes aumentos na sua respiração ou frequência
10 cardíaca (correr ou jogar futebol) durante, pelo menos, 2 Não P10
10 minutos consecutivos? Se não, passe para a P13
[Insira Exemplos] (Usar Cartão de Exemplo)
Numa semana normal, durante quantos dias pratica um
11 desporto, exercício físico ou atividade recreativa (de lazer) Número de dias └─┘ P11
de intensidade vigorosa?
Num dia normal, quanto tempo dedica à prática de P12
12 desporto, exercício físico ou atividade recreativa (de lazer) Horas: minutos └─┴─┘: └─┴─┘
de intensidade vigorosa? hr. min. (a-b)
Pratica algum desporto, exercício físico ou atividade
recreativa (de lazer), de intensidade moderada, que
cause um pequeno aumento da sua respiração ou 1 Sim
13 frequência cardíaca como caminhada rápida, (andar de 2 Não P13
bicicleta, nadar, voleibol) durante, pelo menos, 10
minutos consecutivos? Se não, passe para a P16
[Inserir Exemplos] (Usar Cartão de Exemplo)
Numa semana normal, quantos dias pratica desporto,
14 exercício físico ou atividade recreativa (de lazer), de Número de dias └─┘ P14
intensidade moderada?
Num dia normal, quanto tempo dedica à prática de
15
desporto, exercício físico ou atividades recreativas (de Horas: minutos └─┴─┘: └─┴─┘ P15
lazer), de intensidade moderada? (a-b)
hr. min.

Comportamento sedentário
A pergunta seguinte refere-se ao tempo gasto na posição de sentado(a) ou reclinado(a), no trabalho, em casa, na deslocação entre
locais (num automóvel, autocarro, comboio), com amigos(as), à secretária, a ler, a jogar às cartas ou a ver televisão, excluindo o
tempo que passa a dormir. [INSERIR EXEMPLOS] (USAR CARTÃO DE EXEMPLOS)
Num dia normal, quanto tempo gasta na posição de P16
Horas: minutos └─┴─┘: └─┴─┘
16 sentado(a) ou reclinado(a)?
hr. min. (a-b)
Apêndice II – Folha de registo Acelerometria
FOLHA DE REGISTO ACELEROMETRIA

NOME:

PROJETO: GPAQ Ref. Acelerómetro

Folha de Registo (Acelerómetro)

DATA DIA DA SEMANA HORA INICIAL* HORA FINAL*

Hora Inicial diz respeito à hora em que o acelerómetro é colocado (após acordar ou após o duche da manhã, se
este tiver lugar)

Hora Final refere-se à hora em que o acelerómetro é removido, mesmo antes de se deitar para dormir.

Data de devolução do acelerómetro:

Duração Intensidade
Dia Modalidade
(minutos) (0-20)
Como Utilizar o Acelerómetro

INSTRUÇÕES:

# O acelerómetro deve ser colocado na cintura, por cima da crista ilíaca do lado direito.

O acelerómetro deve ser colocado junto ao corpo, por baixo ou por cima da roupa, de forma a permanecer
#
justo mas não demasiado apertado.

# O acelerómetro não deve, em ocasião alguma, ser colocado no bolso.

É necessário assinalar na folha de registo a hora a que o acelerómetro for colocado e retirado (colocar de
#
manhã ao acordar e retirar à noite para dormir).
O acelerómetro deve ser retirado apenas para dormir, nadar ou tomar banho e deve voltar a ser colocado após a ocorrência
#
destas atividades. Certifique-se que volta a colocar o acelerómetro quando acorda e quando sai da água.

# Não deve, nunca, tentar abrir o acelerómetro para não o avariar ou desactivar.

O acelerómetro não pode molhar-se. Como qualquer instrumento electrónico o acelerómetro deve ser
#
manuseado com cuidado para não cair no chão.

# O acelerómetro deve ser devolvido na data assinalada na folha de registo.

AVALIAÇÃO:

A recolha dos dados é efectuada durante os dias assinalados.

Através de uma análise posterior dos dados, é possível verificar o número de dias de utilização do
&
acelerómetro.

É por isso fundamental, para o sucesso da avaliação, que o acelerómetro seja colocado durante os dias
&
destinados para o efeito.

& Em caso de imprevisto, comunicar esse facto no momento da devolução do acelerómetro.

E LEMBRE-SE DE UTILIZAR O ACELERÓMETRO TODOS OS DIAS!

Em caso de dúvida, por favor ligue para: Mariana Ribeiro


Contato: 961204737

Email: mfbr@edu.ulisboa.pt
Apêndice III – Modelo/Exemplo do Relatório Individual das Avaliações
realizadas
MODELO/EXEMPLO DO RELATÓRIO INDIVIDUAL DAS AVALIAÇÕES
REALIZADAS

Tradução e Validação do Questionário Global de Atividade Física (GPAQ) para a população adulta portuguesa

Atividade Física
A prática de atividade física regular é um fator protetor na prevenção e controlo
das doenças não transmissíveis (DNTs), como as doenças cardiovasculares, hipertensão,
diabetes, osteoporose e em alguns tipos de cancro. Porém, o seu efeito benéfico tem
sido cada vez mais estudado ao nível da saúde mental, função cognitiva e gestão do
stress, contribuindo para a manutenção do bem-estar geral.

De acordo com as recomendações da Organização Mundial de Saúde (2020), os


adultos devem realizar, pelo menos, 150 a 300 minutos de atividade física aeróbia de
intensidade moderada; ou pelo menos 75 a 150
minutos de atividade física aeróbia de
intensidade vigorosa; ou uma combinação
semelhante de atividade física de intensidade
moderada e vigorosa, ao longo da semana. Para
benefícios adicionais podem ainda realizar
atividades de fortalecimento muscular de intensidade moderada ou superior, que
englobem os principais grupos musculares, pelo menos 2 dias por semana1.

Limitar o tempo de comportamento sedentário, isto é, muito tempo sem


movimento (estar sentado, deitado ou reclinado, excluindo o tempo que
passa a dormir) é outro conselho chave para a manutenção e promoção da
sua saúde! Estudos científicos recentes têm demonstrado que o sedentarismo é um
fator de risco relevante para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, diabetes,
aumento do índice de massa corporal e hipertensão arterial2.

Bibliografia:
1- World Health Organization. (2020). WHO guidelines on physical activity and sedentary behaviour: at a
glance. World Health Organization https://apps.who.int/iris/handle/10665/337001.
2- Ahmad, S., Shanmugasegaram, S., Walker, K. L., & Prince, S. A. (2017). Examining sedentary time as a risk factor for
cardiometabolic diseases and their markers in South Asian adults: a systematic review. International journal of public
health, 62(4), 503–515. https://doi.org/10.1007/s00038-017-0947-8.

1
Tradução e Validação do Questionário Global de Atividade Física (GPAQ) para a população adulta portuguesa

RELATÓRIO DE AVALIAÇÃO DE ATIVIDADE FÍSICA


Nome do(a) participante

Período de avaliação 21/05/2022 a 27/05/2022

Atividade Física
Atividade Física Atividade Física Comportamento
Moderada e
Método de Avaliação Moderada Vigorosa sedentário
Vigorosa
(min/semana) (min/semana) (horas/dia)
(min/semana)
Questionário GPAQ 90 90 180 8
Questionário IPAQ-LF 90 0 90 7,5
Acelerometria 192,7 0,8 193,5 10,6

Acelerometria

Sábado Domingo 2ª feira 3ª feira 4ª feira 5ª feira 6ª feira

Atividade Física
Moderada (min/dia) 39,8 7,2 15,5 20,8 32,2 34,3 42,8

Atividade Física
Vigorosa (min/dia) 0 0 0,2 0,2 0,2 0,3 0

Atividade Física
Moderada e Vigorosa 39,8 7,2 15,7 21 32,4 34,6 42,8
(min/dia)
Comportamento
Sedentário (horas/dia) 8,5 10,9 12,2 10,6 12 10,3 9,7

Após a análise dos resultados obtidos no estudo é possível concluir que cumpre as
recomendações para a prática de Atividade Física definidas pela Organização Mundial de Saúde.
Parabéns! Porém o seu valor de tempo sedentário é cerca de 10,6 horas/dia.
Continue a praticar Atividade Física ao longo do seu dia como por exemplo através de
caminhadas, dança, prática de um desporto ao seu gosto, entre outros e evite passar tanto tempo
ESTRATÉGIAS PARA A PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NO DIA-A-DIA...
sentado(a) ou deitado(a), através da realização de pequenas pausas, movimentando-se nem que seja
por um minuto! A sua saúde e bem-estar agradecem!

2
Tradução e Validação do Questionário Global de Atividade Física (GPAQ) para a população adulta portuguesa

ESTRATÉGIAS DE PROMOÇÃO DA ATIVIDADE FÍSICA NO DIA-A-DIA


● Na rua:
o Utilize uma caminhada ou a bicicleta como meios alternativos de se deslocar entre
lugares;
o Estacione mais longe do local de entrada;
o Se viaja de transportes públicos saia na paragem anterior e faça o percurso a pé até
ao seu destino;
o Faça passeios mais frequentes com o seu cão e vá até ao parque com os seus
filhos/netos/sobrinhos, aproveitando o tempo em família.
● No trabalho:
o Prefira as escadas ao invés do elevador;
o Inove e promova pequenas reuniões em pé, com os seus colegas;
o Se está sentado(a) durante 1 hora, levante-se e mexa-se durante 1-2 minutos. Nas
nas pausas do lanche, aproveite para caminhar ou subir e descer escadas.
● Em casa:
o Realize trabalhos de bricolage, jardinagem ou carpintaria;
o Participe nas atividades domésticas (aspirar, varrer, limpar vidros, passar a ferro...);
o Levante-se ou ande pela casa enquanto fala ao telemóvel;
o Evite ficar mais de 30 minutos na posição de sentado(a) ou deitado(a).

...E PORQUÊ? SER FISICAMENTE ATIVO(A) E MENOS SEDENTÁRIO(A) PROMOVE...

↑ da massa muscular ↓ da massa gorda ↓inflamação

↓ do risco de doenças
como a hipertensão,
Melhoria na gestão do Melhoria da função diabetes, osteoporose,
stress cognitiva doença coronária,
acidentes vasculares
cerebrais, etc.

Você também pode gostar