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Diamantina
2017
Fernando Joaquim Gripp Lopes
Diamantina
2017
DEDICATÓRIA
Dedico a realização deste trabalho ao meu filho Victor Gripp, à minha companheira Karina
Granata e à minha família, especialmente aos meus pais e irmãos, que sempre me apoiaram
nesta longa caminhada.
AGRADECIMENTOS
Meus sinceros e eternos agradecimentos a todos aqueles que contribuíram direta e
indiretamente para a realização deste trabalho. Sem dúvidas, sem o suporte, a competência e a
dedicação de vocês este trabalho não teria sido realizado.
Aos orientadores e amigos: Prof. Dr. Fabiano Trigueiro Amorim e Prof. Dr. Marco
Fabrício Peixoto.
Aos ex-alunos da UFVJM e atuais profissionais de Educação Física que foram
fundamentais nas várias etapas da coleta de dados: Caíque Diniz, Lucas Canuto, Samuel
Henrique, Diana Marques, Rayane Brandão, Suhey Salim, Paula Aguiar, Sidney José Costa,
Luana Otoni Costa Santos e Daniele Viana.
Às professoras e alunos do Curso de Nutrição da UFVJM pelo suporte na análise
da ingestão alimentar: Profa. Dra. Daniele Ferreira da Silva, Profa. Dra. Elizabeth Esteves e aos
alunos Amanda Letícia Ribeiro Moreira e Marcos Oliveira.
Aos oficiais do 3º Batalhão de Polícia Militar de Minas Gerais: Tenente Coronel
João Carlos Mesquita de Moraes, Tenente Coronel Anderson de Deus Aguilar e Capitão Paulo
Bruno Sobral de Aguiar que apoiaram e abriram as portas da instituição para a realização deste
trabalho.
Ao Setor de transporte do 3º Batalhão de Polícia Militar de Minas Gerais:
Subtenente Enivaldo Freire Vial, Subtenente Jorge Luiz Dias, Cabo Geraldo Fernandes de
Oliveira Filho.
Ao coordenador da Banda de Música do 3º Batalhão de Polícia Militar de Minas
Gerais: Tenente Everton da Luz Ferreira.
Aos profissionais do Núcleo de Atenção Integral à Saúde da PMMG: Tenente
Marcelo Ferreira de Sousa, Sd Renata Flávia Batista P. Rocha, Cb Silvana da Conceição
Oliveira, 1º Sgt Serafim dos Santos Júnior, Sd Gelson Ângelo dos Santos, Maj Vera Lúcia Alves
de Souza, Sub Ten José Jorge de Souza, Cb Eduardo, Cb Julianne da Conceição N. Silva, 3º
Sgt Wanderley das Mercês Ribeiro, 3º Sgt Simone de Fátima Fernandes Pinto
Ao policias militares: Subtenente Márcio Adelmo Nascimento Ribeiro, Cabo
Claiderson Fonseca Silva, Sargento Reinaldo Vieira Pinto, Cabo Edimar Rocha de Freitas e
Soldado Fábio Cristiano Silva
Agradecimentos especial ao Cabo Neumir Sales de Lima pelo suporte fundamental
na execução do piloto e durante a coleta de dados.
Aos professores do Curso de Educação Física da UFVJM: Prof. Dr. Flávio de
Castro Magalhães e Prof. Dr. Ricardo Cardoso Cassilhas.
Aos policiais militares que se voluntariaram a participar do estudo com
compromisso e dedicação.
Agradecimentos às agências de fomento à pesquisa FAPEMIG, CAPES e CNPq
que apoiaram financeiramente este projeto.
Agradeço também cidadão brasileiro que, com seu trabalho, financiou este trabalho.
Agradeço ao ensino público brasileiro pelo qual percorri toda a minha trajetória de
formação e atuação profissional.
EPÍGRAFE
The objective of the present study was to compare the effects of high intensity interval training
(HIIT) versus continuous moderate intensity training (MICT) after eight weeks of training and
four weeks of detraining on the cardiometabolic health in untrained middle-aged and
overweight / obesity subjects. Twenty-seven men were randomly and matched in two groups
according to their age, body mass index and maximal oxygen consumption, respectively: HIIT
(38 ± 6 years, 27.04 ± 1.30 kg/m2, 46,16 ± 3.10 mLO2.kg-1.min-1) and MICT (39 ± 5 years,
28.77 ± 3.10 kg/m2, 45.01 ± 4.12 mLO2.kg-1 .min-1). Direct measurements of oxygen
consumption, anthropometry, body composition by densitometry, ambulatory blood pressure
monitoring, lipid profile, glucose metabolism and heart rate variability were done at the pre-
training, post-training and post-detraining moments. HIIT and MICT significantly increased
the maximum aerobic capacity (15.84 and 9.04%, respectively), but the negative effects of the
detraining were similar between the two groups (4.04 and 3.99%). Both groups had positive
effects with training on anthropometry and body composition, and there was a significant
improvement in BMI values, body fat and visceral fat volume in the HIIT group. In the MICT
group this improvement was detected only in the reduction of BMI and visceral fat. After
training, only HIIT group showed significant reductions in fasting blood glucose, total
cholesterol, and in systolic blood pressure (SBP). In the other variables, significant interactions
(time x treatments) were not detected. Taken together, the data allow us to affirm that a HIIT
and MICT produces positive effects on risk factors for cardiometabolic diseases. In addition,
most of the consequent benefits of the HIIT protocol were not reversed after the detraining. We
conclude that, even when training in a smaller volume and duration, the HIIT protocol outside
the laboratory environment proved to be time-efficient, since it positively alters a greater
number of risk indicators for cardiometabolic diseases. In addition, such positive adaptations to
HIIT proved to be long-lasting after a four-week detraining period.
VIGITEL - Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito
Telefônico
2. OBJETIVOS ...........................................................................................................33
4. RESULTADOS ....................................................................................................... 63
5. DISCUSSÃO ...........................................................................................................83
5.3. Apenas HIIT reduz a pressão arterial sistólica no período de vigília ....................... 88
6. CONCLUSÃO .........................................................................................................99
8.4. Apêndice D – Ficha do Teste multiestágio de vai e vem de 20 metros .................. 116
1. INTRODUÇÃO
A ideia de que a atividade física está diretamente relacionada com a boa saúde está
presente desde a antiguidade, quando o médico grego Hipócrates (460-77 a.C.) propôs em sua
teoria do equilíbrio humoral que “se pudéssemos dar a cada indivíduo a quantidade certa de
nutrição e exercício físico, nem pouco, nem muito, encontraríamos o caminho mais seguro para
a saúde”. Uma das grandes figuras do pensamento grego antigo, Hipócrates é considerado o pai
da medicina, pois alterou o conceito de que as doenças resultavam da punição de deuses,
substituindo as explicações de ordem sobrenatural até então aceitas pela influência das
condições ambientais, sendo um dos pioneiros a elaborar uma base racional para explicar as
doenças, relacionando-as (Kritikos et. al., 2009). Ao propor que a quantidade adequada de
exercício físico seria “nem pouco, nem muito”, Hipócrates emana uma preocupação que até
hoje é tema de debates entre aqueles que pesquisam e utilizam o exercício físico para a saúde:
qual a dose ideal de exercícios físicos para promover adaptações positivas na saúde das pessoas?
Em meados do século passado, a relação entre atividade física e saúde foi
estabelecida em um clássico estudo científico de Morris et. al., (1953) que mostraram que os
motoristas de ônibus da cidade de Londres apresentavam o dobro de prevalência de doenças
coronarianas quando comparados aos cobradores de bilhetes. Os autores atribuíram esta
diferença às características ocupacionais entre os dois grupos durante sua jornada de trabalho.
Enquanto os motoristas exerciam sua função permanentemente sentados, os cobradores
necessitavam se deslocar constantemente. Mais recentemente, nas últimas duas décadas, os
avanços da biologia molecular ampliaram as evidências científicas e os conhecimentos sobre
as adaptações fisiológicas em nível celular que comprovam os vários benefícios do exercício
físico para a saúde ( Egan e Zierath, 2013).
Porém, de forma paradoxal, neste mesmo período, presenciamos um processo claro
de sedentarização da sociedade, apesar da popularização do exercício físico e do esporte.
Mesmo com as constantes evidências científicas, a ênfase das políticas públicas de saúde e da
constante divulgação pelos meios de comunicação sobre os benefícios do estilo de vida ativo,
o número de indivíduos que atingem os padrões mínimos estabelecidos de atividade física ainda
é preocupante. O baixo nível de atividade física está associado a uma série de doenças crônicas
e mortes prematuras em todas as partes do mundo, o que nos permite afirmar que vivenciamos
atualmente em uma pandemia global do sedentarismo (Rowe et. al., 2014).
A questão do sedentarismo vai muito além dos problemas de saúde pública. A
economia mundial também sofre seus efeitos negativos. Estudo realizado com dados
padronizados do ano de 2013 coletados em 142 países sobre os custos diretos dos cuidados de
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à saúde. Estas recomendações indicam que indivíduos adultos devem se engajar ao menos em
30 minutos diários, durante cinco dias da semana, isto é, 150 minutos por semana, em exercícios
físicos com intensidade moderada. Além dos seus benefícios para a saúde, a maior difusão do
método contínuo moderado provavelmente pode ser explicada pela sua menor intensidade e,
consequentemente, pelo menor risco de complicações provocadas pelo exercício físico (Gibala
e Little, 2010).
De forma alternativa para esta questão da falta de tempo para exercitar-se, temos
visto na última década uma série de estudos que mostraram evidências de que o treinamento
intervalado de alta intensidade (HIIT), que tem como característica um baixo volume, alta
intensidade e curta duração, também seria capaz de provocar adaptações equivalentes ou
superiores ao MICT em parâmetros relacionados à saúde em indivíduos saudáveis e com
doenças cardiometabólicas (Gibala et. al., 2012). Sugere-se, então, que este modelo de
organização do exercício físico seja capaz de estimular uma série de adaptações fisiológicas
benéficas comparáveis às mudanças consequentes do tradicional exercício contínuo, apesar da
sua menor duração (Gibala e Hawley, 2017). Recentes revisões sistemáticas e metanálises
concluíram que o treinamento intermitente ou períodos alternados de exercícios relativamente
intensos e recuperação, podem ser uma estratégia tempo-eficiente para melhorar a aptidão
cardiorrespiratória, que por sua vez representaria uma redução significativa no risco para a
saúde (Batacan et. al., 2017; Gibala e Hawley, 2017).
Gillen e Gibala (2014) ressaltam que apesar das evidências sugerirem os benefícios
do HIIT para a saúde, devemos considerar as dificuldades de sua aplicação prática e diária, isto
é, sua implantação no mundo real. Tais dificuldades estão relacionadas com a necessidade de
equipamentos especializados (ergômetros) e de um alto grau de motivação para se exercitar em
alta intensidade. Características que poderiam torná-lo inseguro, intolerável e pouco prático
para muitos indivíduos. Gray et. al. (2016) também reconhecem as evidências científicas de
que o HIIT promove uma série benefícios em parâmetros relacionados à saúde, porém ressaltam
que tais evidências estão baseadas em estudos relativamente curtos que foram feitos com a
utilização de equipamentos caros e sob condições laboratoriais controladas e padronizadas.
Ainda há a necessidade de novos estudos que permitam a transposição destes benefícios
laboratoriais para a realidade das políticas públicas de saúde e ambientes não-supervisionados.
Os autores discutem sobre a necessidade dos cientistas do exercício físico realizarem novos
estudos sobre o HIIT, enfrentando quatro desafios:
Estudos efetivos no “mundo real”: há necessidade de estudos randomizados do
HIIT com diferentes populações e em diferentes locais, tais como, em casa, local de trabalho e
31
ambientes comunitários. Espera-se que esses estudos sejam capazes de confirmar os benefícios
do HIIT para a melhoria de parâmetros clinicamente relevantes, bem como a sua taxa de adesão
e abandono.
Estudos de longa duração: há a necessidade de novos estudos com maior duração
e que envolvam amostra de diferentes idades e características que confirmem os benefícios do
HIIT. A maioria dos estudos atualmente duram entre 8 a 10 semanas. Novos estudos com
duração mínima de 12 meses são necessários.
Estudos com dados mais seguros: as evidências da segurança do HIIT ainda são
limitadas, principalmente para aqueles que ainda habitualmente não são submetidos ao
exercício físico vigoroso. Novos dados sobre a segurança do HIIT são necessários para que
sejam recomendados para a população em geral que queira se exercitar em ambientes não
monitorados e sem supervisão.
Estudos com protocolos acessíveis e de baixo custo: novos estudos precisam
desenvolver protocolos de HIIT que permitam à população se exercitar com segurança, na
intensidade necessária, sem supervisão, sem a necessidade de equipamentos dispendiosos e que
possam ser feitos em um local de sua escolha, tais como casa ou trabalho.
Segundo Gillen e Gibala (2014) pouco ainda se sabe sobre a viabilidade de
implementação do HIIT na prescrição de exercício fora de um ambiente de laboratório. Seja
por questões de segurança, como também pela dificuldade em controlar a intensidade do
exercício, ainda são raríssimos os estudos que utilizam a corrida intervalada de alta intensidade
em pista ou outro local aberto como meio de treinamento, sendo que a grande maioria das
pesquisas é realizada em ambiente laboratorial, utilizando ergômetros específicos (bicicleta ou
esteira). Para exemplificar este aspecto, podemos citar o trabalho de Kessler et. al. (2012) que
revisaram os estudos que verificaram os possíveis efeitos do HIIT para a redução dos fatores
risco de doenças cardiometabólicas. De um total de 24 estudos encontrados, apenas um deles
utilizou a corrida intervalada em pista durante oito semanas para analisar o impacto do HIIT
no perfil lipídico dos voluntários (Musa et. al., 2009). Todos os demais estudos analisados
foram feitos em ambiente laboratorial, utilizando ergômetros específicos para a análise. Isto
nos parece contraditório, visto que o número de pessoas que praticam a corrida ao ar livre nos
parques, praças, ruas e pistas das cidades é cada vez maior em nossa realidade atual.
Gibala e Mcgee (2008) ressaltam que entre pessoas jovens e saudáveis de aptidão
média o HIIT é uma estratégia eficiente e rápida em termos de tempo para estimular uma série
de adaptações do músculo esquelético. No entanto, esforços devem ser feitos no sentido de
esclarecer questões fundamentais em relação ao volume mínimo de exercício intervalado
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necessário para melhorar os parâmetros fisiológicos, bem como a sua eficácia para essas
populações.
As rápidas adaptações ao HIIT também nos levam ao questionamento sobre a
manutenção dos seus efeitos após um breve período da suspensão ou redução da carga de treino.
Poucos são os estudos que verificaram o efeito do destreinamento após um período de HIIT
(Ready et. al., 1981; Ahmadizad et. al., 2015; Bonsu e Terblanch, 2016; Steckling et. al., 2016;
Granata et. al., 2016). Esta lacuna se amplia ao verificarmos que apenas o estudo de Ahmadizad
et. al., (2015) comparou os efeitos do destreinamento entre HIIT e MICT. Persiste ainda a
dúvida se os efeitos positivos dos dois métodos são mantidos ou são reduzidas de forma
semelhante após um período de destreino.
Em suma, o HIIT surge com uma alternativa tempo-eficiente e capaz de promover
adaptações fisiológicas positivas e consequentemente importantes para a melhoria de
indicadores de saúde de indivíduos aparentemente saudáveis e de diversas populações com
doenças específicas. Todavia, ainda necessitamos entender melhor os mecanismos moleculares
envolvidos nas adaptações fisiológicas oriundas do HIIT; bem como o comportamento dessas
adaptações ao longo de um processo de treino e destreino. Novas pesquisas devem ser feitas no
sentido de aproximá-lo do mundo real, buscando identificar estratégias cada vez mais seguras,
práticas, toleráveis e acessíveis para um maior número de pessoas, especialmente para os
indivíduos sedentários.
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2. OBJETIVOS
2.1.2.1. Objetivo geral
- Comparar os efeitos do treinamento e destreinamento de dois programas de
corrida (HIIT versus MICT) sobre a saúde cardiometabólica de indivíduos não treinados com
sobrepeso/obesidade.
2.2.2.2. Objetivos específicos
- Comparar as possíveis alterações em indicadores da saúde cardiometabólica
relacionados abaixo nos grupos HIIT versus MICT após um período de oito semanas de treino
e quatro semanas de destreino:
• Capacidade aeróbia máxima;
• Antropometria e composição corporal;
• Pressão arterial;
• Perfil lipídico;
• Homeostase da glicose;
• Variabilidade da frequência cardíaca.
- Verificar a aplicabilidade, a segurança e os possíveis benefícios do treinamento
intervalado de alta intensidade fora do ambiente laboratorial, em pista aberta, sem a necessidade
de ergômetros específicos, mais próximos ao mundo real.
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3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1.Origem e evolução do treinamento intervalado
Sob uma perspectiva histórica, o treinamento intermitente foi utilizado de forma
pioneira pelo técnico finlandês de atletismo Lauri Pikhala, que desde o início do século o
aplicava no treinamento de corredores europeus que tiveram grandes êxitos em provas
olímpicas (Tschakert e Hofmann, 2013). Os finlandeses Hannes Kolehmainem, três medalhas
de ouro nas Olimpíadas de 1912, em Estocolmo, Suécia; e Pavoo Nurmi, nove vezes campeão
olímpico no período de 1920 a 1928 utilizavam o método intervalado para treinar em
velocidades próximas àquelas específicas de suas provas. Porém, o mais popular e ícone do
método intervalado foi o corredor tcheco Emil Zatopek, conhecido como a “locomotiva
humana”, até hoje o único vencedor das provas de 5000, 10000 e a maratona de uma mesma
Olimpíada, em Helsinque, na Finlândia, em 1952 (Meyer et. al., 2013). Há registros de que
Zatopek chegava a executar por dia cerca de 100 sprints de 400 metros de corrida, intercalados
por pausas ativas de 200 metros (Billat, 2001).
Segundo Billat (2001), apesar dos grandes resultados alcançados com a sua
aplicação em competições esportivas realizadas nas primeiras décadas do século passado, a
primeira descrição do treinamento intervalado na literatura científica foi feita por Reindell e
Roskamm (1959). Na década de 60, um importante grupo de pesquisadores suecos, liderados
pelo professor sueco Per Olaf Astrand, publicou os primeiros estudos sobre os aspectos
fisiológicos do treinamento intervalado, especialmente dados descritivos do consumo de
oxigênio, frequência cardíaca e o nível de lactato durante a sua aplicação.
Apesar destes novos conhecimentos fisiológicos sobre as suas características, o
treinamento intervalado sempre esteve mais próximo do universo do treinamento esportivo de
alto rendimento, distante dos objetivos da prevenção de doenças e da reabilitação da saúde.
Weston et. al. (2014) citam que até a década de 1950 a reabilitação de pacientes cardíacos se
resumia à abstenção de qualquer tipo de exercício físico e que somente no início da década de
1970 foi publicado o primeiro estudo propondo a utilização do exercício intervalado para esses
indivíduos (Smodlaka, 1972).
Gibala e Hawley (2017) relatam que em 1974, os fisiologistas Edward Fox e Donald
Matthews da Universidade de Ohio (EUA) já indicavam que ''o treinamento intervalado é a
maneira suprema de condicionar uma pessoa", que com os princípios adequados poderiam ser
aplicáveis às necessidades de treinadores, atleta e daqueles que desejam se condicionar para
fins de saúde Os autores já enfatizavam a importância da recuperação ou o ''intervalo de alívio
'' para otimizar o condicionamento cardiovascular (Fox, 1974).
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Mais recentemente, Meyer et. al. (1996) conduziram um estudo pioneiro com
pacientes com insuficiência cardíaca utilizando o treinamento intervalado, considerando-o
como adequado e recomendável para tais indivíduos. Neste mesmo ano, Tabata et. al. (1996)
publicram um estudo clássico cujo objetivo era comparar os efeitos de dois programas de
treinamento de seis semanas, sendo um com intensidade moderada (70% do VO2max) e outro
intermitente de alta intensidade (170% do VO2max). O treinamento intermitente consistia de
sete a oito repetições com duração de 20 segundos, intercaladas por períodos de 10 segundos
de repouso, totalizando um treino de quatro minutos de duração. Os dados mostraram que o
treinamento de intensidade moderada com duração de 60 minutos promoveu uma melhora na
capacidade aeróbia e não afetou a capacidade anaeróbia. Por outo lado, o treinamento
intermitente de alta intensidade foi capaz de promover adaptações positivas em ambas variáveis
de forma simultânea. A partir deste estudo, a proposta desta estrutura de exercício caracterizada
pelo baixo volume e alta intensidade passou a ser mais difundida, sendo conhecido por muitos
como o Método de Tabata. Basicamente, são propostos treinos padronizados com duração de
quatro minutos, composto de períodos supra máximo de 20 segundos com períodos de descanso
de 10 segundos. Apesar do seu sucesso, o método ficou restrito a nichos específicos de
indivíduos treinados.
Este cenário se alterou de forma significativa nos últimos dez anos, em grande parte,
devido aos estudos desenvolvidos na década passada pelo grupo de pesquisadores liderados
pelo canadense Martin Gibala (Burgomaster et. al., 2005; Burgomaster et. al., 2006; Gibala et.
al., 2006; Gibala, 2007; Burgomaster et. al., 2008; Gibala e Mcgee, 2008; Rakobowchuk et. al.,
2008; Gibala, 2009; Gibala et. al., 2009). Os dados encontrados nestes estudos despertaram um
maior interesse científico na possibilidade de se estudar a aplicabilidade do treinamento
intermitente para indivíduos recreacionalmente ativos e com determinadas doenças. Para se ter
uma ideia deste crescimento de interesse na última década, podemos observar abaixo (Figura
4) o histórico dos últimos 40 anos do número de estudos disponíveis na base de dados Pubmed,
cujo tema envolve o termo “high-intensity interval training”.
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Figura 4 - Gráfico representativos do número de estudos disponíveis na base de dados Pubmed com
o descritor “high-intensity interval training”. Extraído do www.gopumed.org em 21 fevereiro de
2017.
Figura 5 - Representação gráfica de uma típica sessão de treinamento intervalado de alta intensidade
(Francois e Little, 2015)
Figura 6 - Ilustração esquemática das nove variáveis de estruturação de uma sessão do HIIT (Buchheit
e Laursen, 2013b).
Treinamento
Intervalado
HIIT SIT
High Intensity Interval Sprint Interval Training
Training
Intensidade > VO2max
Intensidade entre 80 -100% FCmax
Figura 8 - Gráfico comparativo de três sessões de treino: SIT (4 x 30 segundos ‘all-out’, ~175% da
potência máxima; barra escura); HIIT (10 x 60 segundos, ~90 % FCmax, ~75% da potência máxima,
barra cinza) e MICT (50 min, 70% da FCmax, ~35% da potência pico; caixa hachurada).
volume de ATP (B) e a maior utilização de carboidratos para combustível (C), em comparação
com o exercício a uma menor intensidade. Como resultado, há uma maior acumulação de
metabólitos, íons e radicais livres (D), que aumentam a ativação da sinalização de proteínas (E),
incluindo as quinases Ca2+/calmodulina dependente de proteína quinase II CaMKII e AMPK.
A atividade aumentada destas proteínas quinases provoca maiores taxas de expressão gênica
para PGC-lα, que por sua vez atua como um co-activador de transcrição para genes nucleares
codificando proteínas mitocondriais F). As taxas de síntese de proteína mitocondrial são
maiores para exercício de alta intensidade (G), levando a um maior aumento do conteúdo
mitocondrial (H), em relação ao exercício de menor intensidade. Dois mecanismos adicionais
mediados por espécies reativas de oxigênio (ROS) já foram relatados. Em primeiro lugar,
através de um mecanismo dependente de ROS, o SIT de baixo volume levou à fragmentação
do Rianodina (RyR) do retículo sarcoplasmático e aumentou a concentração intracelular de
cálcio (I), um sinal para a biogênese mitocondrial. Do mesmo modo, duas semanas de SIT de
baixo volume foram associadas com a inibição de aconitase no ciclo do ácido tricarboxílico
(TCA) e um aumento da concentração de citrato intracelular, que foi como possível sinal para
aumentar o conteúdo mitocondrial através de uma redução na mitófagia (J) (Macinnis e Gibala,
2017).
Figura 9- Mecanismos de sinalização celular induzidos pelo exercício
intervalado de alta via biogênese mitocondrial (Macinnis e Gibala,
2017).
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melhoras no controle glicêmico de adultos sedentários com base na glicemia de jejum (Hood
et. al., 2011) e em pacientes com diabetes do tipo 2 com monitorização contínua da glicose
(Little et. al., 2011). Todos esses estudos têm sido intervenções de curto prazo, sem
comparações diretas com protocolos MICT (Sandvei et. al., 2012; Cocks et. al., 2013;
Shepherd et. al., 2013; Cocks et. al., 2016).
Especulou-se que o alto grau de recrutamento de fibras musculares (Edget et. al.,
2013) e a maior utilização de glicogênio (Cochran et. al., 2010) durante o SIT e HIIT podem
contribuir para a melhora induzida pelo treinamento na sensibilidade à insulina (Holloszy,
2005).
Kessler et. al. (2012) revisaram 13 estudos que avaliaram o impacto do HIIT sobre
o metabolismo da glicose e os dados também confirmam que o HIIT resulta numa melhora da
sensibilidade à insulina em uma variedade de populações, cujo efeito pode ser igual ou superior
ao proporcionado pelos protocolos MICT. Contudo, segundo os autores, há de se ressaltar que
a duração desse treinamento é um fator importante a ser considerado, pois tais benefícios foram
encontrados somente em estudos com 12 ou mais semanas de duração.
Resultados mais conservadores são apontados por Cassidy et. al. (2017). Neste
estudo os dados indicam que as melhorias no controle da glicose promovidas pelo HIIT são
clinicamente relevantes para valores de glicose em jejum, hemoglobina glicada (HbA1c) e
insulina em jejum, mas não superam os benefícios do tradicional MICT. Segundos os autores,
o HIIT pode aprimorar os mecanismos do metabolismo da glicose e deve ser indicado, porém
não deve ser enfatizada a superioridade em comparação com outras formas de exercícios.
Tjonna et. al. (2009) realizaram um estudo longitudinal que durou 12 meses com
54 adolescentes com sobrepeso e obesidade submetidos a um protocolo HIIT (4 x 4 min, 90%
da FCmax, duas vezes por semana). Os resultados deste programa de exercícios foram
comparados com uma estratégia de acompanhamento profissional multidisciplinar (médicos,
fisioterapeutas, nutricionistas e fisiologistas) a cada duas semanas. Os principais achados do
estudo mostraram que após três 3 meses o HIIT foi superior ao atendimento multidisciplinar na
melhora de vários fatores de risco para doenças cardiovasculares, incluindo a pressão arterial
média. Tal superioridade do HIIT manteve-se após um acompanhamento de 12 meses.
Bonsu e Terblanche (2016) submeteram 20 mulheres jovens com
sobrepeso/obesidade, não treinadas, a seis sessões de HIIT durante duas semanas e verificaram
que o protocolo foi suficiente para melhorar de forma significativa as respostas da hipotensão
pós-exercício (HPE). No entanto, tais efeitos se perderam após duas semanas de destreino.
3.3.Segurança, riscos e desvantagens do HIIT
Apesar das muitas adaptações fisiológicas promovidas pelo treinamento
intermitente de alta intensidade, encontramos na literatura uma discussão sobre as suas
características que poderiam ser consideradas como riscos e desvantagem para a saúde de quem
o pratica. A preocupação com a segurança da implementação do HIIT justifica-se pelo fato do
exercício de alta intensidade ser associado ao aumento do risco de eventos cardiovasculares
agudos (Francois e Little, 2015). Shiraev e Barclay (2012) acrescentam também que devem ser
considerados os aspectos de segurança, especialmente em indivíduos que apresentam maiores
fatores de risco para complicações cardíacas e distúrbios metabólicos. A preocupação com as
lesões musculoesqueléticas também deve ser considerada quando indivíduos são submetidos ao
exercício físico mais intenso, especialmente os sedentários, obesos e idosos.
Outro aspecto a ser ressaltado é a necessidade de maior envolvimento e maior
motivação do praticante em suportar intensidades maiores. Em um artigo que analisou a relação
entre a intensidade do exercício e o sentimento de prazer e envolvimento do praticante,
Ekkekakis et. al. (2011) afirmam que os exercícios intensos, principalmente aqueles realizados
acima do limiar ventilatório, de lactato ou no início da acumulação de lactato sanguíneo, são
menos prazerosos para quem o pratica. Por outro lado, Stork et. al. (2017), relataram que o
prazer e o envolvimento dos indivíduos com exercícios intermitentes de alta intensidade são
equivalentes ou maiores do que para o exercício contínuo.
Alguns críticos ao HIIT também acrescentam que ele tem um baixo nível de adesão.
Segundo os autores muitas pessoas sentem dificuldades para se engajar em um programa HIIT,
e mesmo entre aqueles que participam, a permanência é baixa diante do alto desgaste físico e
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psicológico (Biddle e Batterham, 2015). Novos estudos precisam ser feitos nesse sentido, pois
os dados ainda são incipientes e contraditórios. Tais desvantagens podem ser minimizadas com
a adequada escolha do tipo de exercício, a supervisão profissional e a individualização na sua
prescrição e aplicação. Em recente pesquisa retrospectiva envolvendo cerca 4846 pacientes com
doenças coronarianas, acompanhados durante sete anos de reabilitação cardíaca em quatro
hospitais da Noruega, relatou-se uma taxa de ocorrência de complicação cardíacas de apenas 1
evento não letal a cada 23.182 horas de HIIT. Os autores concluíram que, considerando as
significativas adaptações cardiovasculares associadas ao exercício de alta intensidade, o HIIT
deve ser considerado como uma possível estratégia segura, positiva e tempo-eficiente para o
tratamento destes pacientes.
3.4. Efeitos do destreinamento sobre o HIIT
Um dos princípios estabelecidos pela teoria do treinamento esportivo afirma que as
adaptações causadas pelo exercício são transitórias, que podem desaparecer ou reduzir a partir
do momento que a carga de treino é suprimida ou diminuída. Esta premissa é conhecida na
literatura como o princípio da reversibilidade (Bousquet, 2012). As razões para o
destreinamento são complexas e multivariadas tanto para atletas e como também para não-
atletas. Podem estar relacionadas com a ocorrência de contusões, doenças, periodização do
treino, questões psicológicas, profissionais e sociais. As consequências do destreinamento para
o indivíduo estão diretamente relacionadas com a magnitude e as características da
redução/interrupção do exercício. Em linhas gerais, o destreino pode se manifestar de duas
formas (Bousquet, 2012):
Interrupção total do treino: descontinuação temporária ou o abandono completo
de um programa de exercícios físicos.
Redução do treino: diminuição variável da carga de treino por um determinado
período de tempo para se adaptar às demandas internas ou externas do programa de exercícios
físicos.
A ausência da diferenciação entre redução e interrupção do treinamento provoca
algumas contradições e resultados confusos sobre o destreinamento na literatura científica
(Mujika e Padilla, 2000a; 2000b). Grande parte dos estudos foram feitos a partir da análise dos
efeitos do “tapering”, estratégia metodológica usada por treinadores de alto rendimento para
reduzir a carga de treinamento em momentos específicos da periodização do treinamento de
seus atletas. Outro fator a ser considerado na análise dos efeitos do destreinamento é o histórico
do indivíduo na prática do exercício físico. Há que se levar em conta se o indivíduo já foi
48
Em conjunto esses dados nos mostram que períodos curtos de destreino podem
prejudicar diversos parâmetros fisiológicos importantes para a saúde, tais como a capacidade
cardiorrespiratória, o perfil metabólico e o desempenho muscular. Porém, poucos são os
estudos que verificaram os efeitos do destreinamento após um período de treinamento
intervalado de alta intensidade sobre indicadores da saúde cardiometabólica.
Ready et. al. (1981) submeteram nove mulheres jovens a um treinamento que
consistia em pedalar três vezes por semana a 115% do VO2max durante 10 períodos de um
minuto com pausas passivas de um minuto. O grupo controle, composto de oito mulheres, não
foi submetido a nenhum programa de exercício. Os dados mostraram uma melhora significativa
no VO2 max (7,7%) e no débito cardíaco (19,8%) das mulheres treinadas do grupo de treino
quando comparado ao grupo controle. Duas semanas de destreino foram suficientes para
retornar os valores do débito cardíaco aos níveis pré-treino. Apenas 24% do aumento do
VO2max foi retido após a interrupção dos exercícios.
Mora-Rodriguez et. al. (2014) submeteram 48 mulheres e homens obesos
diagnosticados com síndrome metabólica a um programa de exercícios aeróbicos intervalados
com duração de 18 semanas, seguido de 4 semanas de destreino. Os autores verificaram um
aumento do HDL, do fluxo O2 e da atividade mitocondrial, bem como uma redução da massa
corporal, da PAS, PAD, gordura visceral da circunferência da cintura. O destreino provocou
um aumento da pressão arterial e uma redução do HDL. Os demais indicadores não se alteraram
após quatro semanas de interrupção dos exercícios físicos
Com o objetivo de comparar os efeitos de HIIT e MICT sobre o hormônio do apetite
nesfatin-1 (efeito anorético), IL6 e TNF-alfa, Ahmadizad et. al. (2015) submeteram homens
sedentários a seis semanas de treino e uma semana de destreinamento. Apenas HIIT reduziu
significativamente Nesfatin-1. Glicemia de jejum, insulina e HOMA-IR apresentaram melhoras
semelhantes em ambos os grupos. Apenas a glicemia de jejum do grupo HIIT sofreu efeitos
negativos do destreinamento. Os autores concluíram que, de um modo geral, os dois grupos
apresentam resultados semelhantes entre os dois grupos, tanto no que se refere aos efeitos do
treino como também do destreino.
Steckling et. al. (2016) investigaram os efeitos de doze semanas de um programa
HIIT (70 a 90% da FCmax) seguidas de duas semanas de destreinamento na capacidade
funcional, composição corporal, perfil lipoprotéico, metabolismo da glicose e marcadores
inflamatórios de mulheres com síndrome metabólica. O programa de treinamento melhorou de
forma significativa os indicadores inflamatórios, bem como os níveis de glicose e de
50
hemoglobina glicada. Contudo, apenas duas semanas de destreino foram suficientes para o
reverter os benefícios do treinamento.
Bonsu e Terblanche (2016) realizaram um estudo com o objetivo de verificar os
efeitos de um curto período de treino e destreino na hipotensão pós-exercício em mulheres
jovens normotensas com sobrepeso e obesidade. Seis sessões de HIIT foram suficientes para
promover modificações clinicamente positivas para as voluntárias. Contudo, com apenas duas
semanas de interrupção do treino tais adaptações foram revertida ao nível pré-treino.
Resultados contraditórios foram encontrados por Bruseghini et. al. (2015) que
verificaram uma estabilidade na capacidade aeróbia e em parâmetros da composição corporal
após um período de quatro meses de destreino de 12 idosos adultos que haviam sido
previamente submetidos ao treinamento HIIT em cicloergômetro (7 x 2 min, 85 a 95% do
VO2max). Segundo os autores as melhoras provocadas pelo HIIT se mantiveram devido à
manutenção das atividades diárias dos indivíduos. Contudo, há de se ressaltar que no período
de destreino os voluntários mantiveram um estilo de vida ativo. Tal decisão metodológica nos
parece comprometer o entendimento dos efeitos de um efetivamente de destreino, isto é, a
interrupção completa da prática do exercício físico.
Em linhas gerais, exceto o trabalho de Bruseghini et. al. (2015), todos os demais
estudos que analisaram os impactos do destreinamento após um programa de HIIT mostram
uma redução nas adaptações, com uma tendência ao retorno aos valores encontrados
previamente ao período de treinamento. Além disso, apenas o estudo de Ahmadizad et. al.
(2015) utilizou um grupo MICT para comparação, o que nos leva a acreditar que novos estudos
precisam ser feitos com períodos mais extensos de destreinamento, bem como a comparação
entre grupos HIIT e MICT em diferentes grupos amostrais.
51
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1.3.1. Cuidados éticos
Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, conforme parecer nº 667.788 de 25/07/2014. Ao
se apresentarem como voluntários, os indivíduos foram informados sobre os objetivos e
procedimentos metodológicos do estudo, sobre os possíveis riscos, desconfortos e benefícios
relacionados com a sua participação na pesquisa. A assinatura do termo de consentimento livre
esclarecido - TCLE (Apêndice A) pelo voluntário foi condição indispensável para a sua
participação no studo.
4.2.3.2. Delineamento Experimental
Na figura 10 mostramos que se trata de um estudo longitudinal no qual as variáveis
dependentes foram comparadas antes e após a aplicação de dois tipos de programa de
treinamento de corrida durante de oito semanas. Um grupo foi submetido a um programa de
corrida baseado no treinamento intervalado de alta intensidade (HIIT) e outro se exercitou
utilizando o treinamento contínuo de intensidade moderada (MICT). Posteriormente, os grupos
foram avaliados novamente após um período de destreinamento cuja duração foi de quatro
semanas. Todos os procedimentos descritos abaixo foram executados nas dependências do 3º
Batalhão de Polícia Militar de Minas Gerais, nos Laboratórios de Fisiologia do Exercício
(LAFIEX), Biologia do Exercício (BIOEX) e no Departamento de Educação Física da
Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), na cidade de
Diamantina, Minas Gerais.
52
4.3.3.3. Amostra
Incialmente, 162 policiais militares (141 homens e 21 mulheres) participaram de
uma bateria de testes cujo objetivo era fazer um levantamento de indicadores de saúde e
desempenho físico do 3º Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais, situado na cidade de
Diamantina (PMMG). Tal ação faz parte de uma parceria entre o Departamento de Educação
Física da UFVJM e PMMG, cujo objetivo é promover a saúde e a qualidade de vida dos
policiais militares. Nesta fase foram feitas medidas de desempenho motor, composição
corporal, força muscular, flexibilidade e estimativa da capacidade cardiorrespiratória dos
policiais.
A partir deste levantamento inicial, 29 policiais que atendiam aos critérios de
inclusão citados abaixo foram convidados a participar como voluntários deste estudo.
3.3.1. Critérios de inclusão
• Ser do sexo masculino;
• Ter idade entre 30 e 50 anos;
• Possuir um índice de massa corporal maior ou igual a 25 kg/m2 ;
• Ter um consumo máximo de oxigênio inferior a 50 mLO2. kg-1.min-1 ;
53
• Não estar envolvido em atividades físicas em mais de dois dias por semana nos últimos
três meses;
• Não ser fumante
• Atuar predominantemente em atividades administrativas da Polícia Militar.
Estes sujeitos manifestaram o interesse em participar do projeto e assinaram o
TCLE após a apresentação dos objetivos, procedimentos e riscos envolvidos na pesquisa. A
seguir, os voluntários foram encaminhados para a fase de anamnese para a estratificação de
riscos e aplicação dos critérios de exclusão.
3.3.2. Critérios de exclusão
Todos os casos em que o voluntário respondeu positivamente a uma das perguntas
do questionário de prontidão para a atividade física - PARQ (Apêndice B) ou que confirmou a
existência de no mínimo dois fatores do questionário de risco cardíaco (Apêndice C) foram
discutidos com o médico do Núcleo de Assistência Integrada da Saúde da PMMG. Foram
excluídos da amostra os indivíduos inaptos para a atividade física ou que o exercício físico seria
um fator de agravamento para a sua saúde. Somente após a aprovação do médico da Polícia
Militar, o voluntário era incorporado aos procedimentos subsequentes do estudo. Dois
indivíduos foram excluídos da amostra após a reunião com o médico da PMMG devido ao seu
histórico de doenças (aneurisma aórtico e lesão na coluna vertebral). Ao final, após a aplicação
dos critérios de inclusão e exclusão, 27 indivíduos foram considerados aptos a participar do
estudo e foram submetidos às avaliações preliminares e aos procedimentos experimentais.
4.4.3.4. Procedimentos experimentais
3.4.1. Fase de treinamento
Os voluntários foram separados em dois grupos de forma pareada conforme idade,
índice de massa corporal (IMC) e consumo pico de oxigênio (VO2pico) detectado em um teste
ergométrico progressivo na esteira, a ser descrito posteriormente. Após o pareamento, um
sorteio foi feito para definir o tipo de treinamento de cada grupo.
A periodização do treinamento dos dois grupos foi feita a partir do desempenho dos
voluntários no teste progressivo de corrida de vai-e-vem, também conhecido como beep test ou
teste shuttle run multiestágio de 20 metros (Leger e Lambert, 1982; Leger, Mercier et. al.,
1988). A ideia original para o desenvolvimento desta metodologia de treinamento surgiu a partir
do estudo de (Delahunt et. al., 2013), que utilizaram o Yo-Yo teste de recuperação intermitente
(Bangsbo et. al., 2008) como ferramenta para o planejamento, prescrição e o controle do treino
intervalado em mulheres jovens saudáveis.
54
Figura 11 - Esquema do teste multiestágio de vai e vem (beep teste) em uma pista de 20 metros
identificada como frequência cardíaca de repouso o menor valor registrado pelo equipamento
durante este período.
A variabilidade da frequência cardíaca foi analisada a partir dos registros feitos pelo
monitor de frequência cardíaca citado acima em intervalos R-R e com uma frequência de 1000
Hz (Barbosa et. al., 2016). Também em uma sala reservada, a medida foi feita durante dez
minutos de repouso do voluntário deitado em uma maca na posição supina. Foram considerados
para análise somente os cinco minutos finais do período de medição. Ao longo de toda a
avaliação o voluntário foi orientado a manter uma frequência respiratória de 12 incursões por
minuto com o auxílio sonoro de um metrônomo previamente configurada para esta frequência.
Os voluntários foram orientados a não realizar movimentos de maior amplitude, não dormir e
nem falar durante o registro dos dados.
Os dados foram transferidos incialmente para o computador pelo programa Polar
Pro Trainer 5 (Polar Electro Oy, Kempele, Finlândia) e posteriormente o arquivo gravado foi
analisado por um único avaliador utilizando o software Kubios HRV (Tarvainen et. al., 2014),
versão 2.2 (University Eastern Finland, Kupio, Finlândia). A análise da variabilidade da
frequência cardíaca foi feita pelo domínio do tempo: média dos intervalos R-R em
milissegundos; desvio padrão de todos os intervalos R-R normais gravados em um intervalo de
tempo (SDNN); intervalos R-R adjacentes com diferença de duração maior que 50 ms (NN50);
porcentagem de intervalos R-R adjacentes com diferença de 50 milissegundos (pNN50); raiz
quadrada da média do quadrado das diferenças entre intervalos R-R normais adjacentes
(RMSSD).
3.5.4. Pressão arterial
Esta avaliação foi realizada de acordo com as diretrizes de monitorização
ambulatorial da pressão arterial da Sociedade Brasileira de Cardiologia (2011) utilizando o
método oscilométrico, automático, não-invasivo, por meio de um gravador Meditech ABPM-
O4 (Meditech Kft, Budapeste, Hungria) cuja faixa de medida é de 0 a 260mmHg. O aparelho
foi programado para realizar os registros da pressão arterial a cada 15 minutos do período de
vigília e a cada 30 minutos do período de sono. A definição do braço em que o manguito seria
colocado foi feita preferencialmente pelo membro não dominante, mas também levou em
consideração os equipamentos que compõe o fardamento do voluntário durante seu serviço.
Feita essa definição, o mesmo braço foi utilizado nas avaliações posteriores. Após a colocação
do aparelho foi feita uma mensuração prévia para que o voluntário se familiarizasse com o
monitor e com a insuflação do manguito, orientando-o, quando possível, a se manter estático,
braço relaxado e imóvel e com o cotovelo estendido durante cada mensuração. Também foi
60
entregue ao voluntário um diário para registro da data, horário e descrição de atividades que
pudesse alterar diretamente os valores pressórico. Os voluntários foram orientados a manter
suas atividades habituais durante o exame, porém evitando a prática de exercícios físicos. No
dia seguinte, no mesmo horário, o aparelho foi retirado do voluntário e imediatamente
conectado ao computador para a transferência dos dados via fibra ótica para posterior análise
pelo software Hyperview versão 5.0.1.52. (Micromed Tecnologia, Brasília, Brasil). Todos as
medidas que apresentaram erro foram excluídas. Também foi recolhida a folha de registro
preenchida pelo voluntário.
Foram considerados válidos os exames que apresentaram pelo menos 16 e 8
medidas válidas nos períodos de vigília e sono, respectivamente. Os dados da monitorização
ambulatorial foram analisados levando-se em consideração três momentos distintos: durante as
24 horas (média de todas as mensurações realizadas durante as 24 horas); vigília (média de
todas as mensurações realizadas antes do voluntário dormir e depois da noite de sono); e o
período do sono (média de todas as mensurações realizadas durante o sono). Os valores das
medidas de pressão arterial sistólica (PAS) e pressão arterial diastólica (PAD) foram utilizados
para o cálculo da pressão arterial média (PAM) pela equação: PAM = PAD + [(PAS - PAD) ÷
3].
3.5.5 Capacidade aeróbia máxima
A capacidade aeróbia máxima dos sujeitos foi avaliada pela medida do consumo
pico de oxigênio (VO2pico) durante um exercício contínuo e progressivo pelo protocolo de
rampa em uma esteira rolante Inbrasport ATL (Inbramed, Porto Alegre, Brasil) conectada a um
painel central de controle de velocidade e inclinação. Antes do teste propriamente dito, todos
os voluntários foram submetidos a uma sessão de familiarização com o equipamento e os
procedimentos de mudança de velocidade e inclinação.
No dia do teste, ao chegar ao laboratório, o voluntário foi questionado sobre o
cumprimento das orientações prévias e seu estado geral saúde para o teste: estar devidamente
alimentado, hidratação adequada, mínimo de oito horas de sono na noite anterior, não ingestão
de álcool e café, abstinência de exercício físico no dia anterior. Também foi registrada a
possível necessidade de ter feito uso de algum tipo de medicamento. A pressão arterial foi
medida após dez minutos de repouso, conforme descrito anteriormente e uma cinta torácica foi
colocado no voluntário para a detecção e registro da frequência cardíaca pelo monitor de
frequência cardíaca Polar RS800 (Polar Electro Oy, Kempele, Finlândia) durante todo o teste.
A velocidade inicial e os incrementos de velocidade e de inclinação do protocolo
de rampa foram definidos individualmente de acordo com o valor já conhecido da estimativa
61
do consumo máximo de oxigênio de cada voluntário. Tais valores foram definidos com o
objetivo de que o avaliado atingisse a fadiga voluntária entre o oitavo e o décimo segundo
minuto do teste. O protocolo consistiu inicialmente de três minutos prévios de preparação (5
km/h), seguidos de incrementos de velocidade e inclinação até a fadiga voluntária. Ao atingir a
fadiga, a inclinação era retirada e a velocidade reduzida automaticamente para 5km/h durante
três minutos. Após esta fase de recuperação, o voluntário era auxiliado a descer da esteira e
permanecia sentado por um período de 15 minutos em uma cadeira.
A frequência cardíaca foi registrada continuamente durante o teste, por meio de um
monitor de frequência cardíaca POLAR RS800 (Polar Electro Oy, Kempele, Finlândia) e a
escala de Borg (6-20) foi utilizada a cada minuto para medição da percepção subjetiva do
esforço (PSE). Para detecção do VO2pico, foi utilizado o sistema Modular Moxus VO2 (AEI
Technologies, Pittsburgh, EUA). Diariamente, antes das avaliações, foi feita a calibração do
analisador de gases utilizando-se misturas de gases de concentrações conhecidas e
padronizadas. Também foi feita a calibração do volume por meio de uma seringa de 3 litros. O
grau de precisão do analisador de oxigênio foi de ± 0,01%; do analisador de dióxido de carbono
foi de ± 0,02% e do volume do sistema era ± 1%. Durante o teste, os voluntários utilizaram um
clip nasal e uma válvula bucal unidirecional (Hans Rudolph Inc., Kansas City, USA) conectada
ao sistema. A cada ciclo respiratório o sistema coletava e registrava os volumes respiratórios,
bem como as frações expiradas de oxigênio e dióxido de carbono. Para determinar o valor do
VO2pico, foi feita a média aritmética a cada sete medidas do consumo de oxigênio , indicada
pelo equipamento e o maior valor médio encontrado foi considerado o VO2pico. Para que o
valor de VO2pico encontrado fosse considerado válido os três critérios abaixo deveriam ser
atingidos (Yoon et. al., 2007):
- Relação de troca respiratórias máximas (RER) > 1,10;
- Frequência cardíaca máxima > 95% da máxima prevista (220 - idade),
- Percepção subjetiva do esforço entre 18 e 20
3.5.6. Perfil lipídico e homeostase da glicose
Amostras de sangue foram coletadas no início da manhã após um período de jejum
de 12 horas para análise da homeostase da glicose e do perfil lipídico dos voluntários.
Aproximadamente 30 mL de sangue foram coletados da veia antecubital e distribuídos em tubos
contendo EDTA ou ativador de coagulação. As amostras foram centrifugadas (2000 g) durante
10 minutos e posteriormente foram armazenados em freezer -80°C até o momento da análise.
Ao final de todas as fases de coletas, amostras em duplicata foram enviadas a um laboratório
de análise clínica e manipuladas por um único técnico responsável devidamente treinado e com
62
4. RESULTADOS
4.1.Caracterização da amostra
Conforme descrito no delineamento experimental deste estudo, dos 27 voluntários
que iniciaram os treinamentos, cinco foram excluídos, sendo três por motivo de lesão
musculoesquelética e dois por questões pessoais que impossibilitaram o cumprimento do
cronograma de exercícios e avaliações. Importante ressaltar que dentre aqueles que
abandonaram os treinos por lesão, apenas um voluntário do grupo HIIT se lesionou durante
uma sessão de treino. Ao final, 22 sujeitos cumpriram todas as fases do estudo e seus dados
foram considerados na análise estatística apresentada. Na tabela 2 abaixo são apresentados os
dados comparativos de caracterização inicial dos dois grupos experimentais deste estudo (HIIT
e MICT). Constata-se que, previamente ao período de treinamento, não foi detectada nenhuma
diferença significativa entre os dois grupos nas variáveis de caracterização. Estes dados
mostram que o pareamento prévio dos voluntários foi eficiente, garantindo um perfil
homogêneo entre os grupos. Em linhas gerais, podemos caracterizar que os voluntários
participantes deste estudo estavam na meia-idade, com sobrepeso, não estavam envolvidos em
programas de exercícios físicos nos últimos seis meses, porém apresentam uma boa resistência
aeróbia.
Tabela 2 - Caracterização comparativa entre as amostras dos grupos HIIT e MICT antes do período de
treinamento.
HIIT MICT p
Idade (anos) 38 ± 6 39 ± 5 0,262
Massa corporal (kg) 81,36 ± 6,88 83,86 ± 15,11 0,514
Estatura (cm) 173 ± 0,06 171 ± 0,07 0,526
IMC (kg/m2) 27,04 ± 1,30 28,77 ± 3,10 0,102
Gordura Corporal (%) 28,32 ± 3,74 29,32 ± 3,24 0,987
VO2pico (mLO2.kg-1.min-1) 46,16 ± 3,10 45,01 ± 4,12 0,988
Podemos afirmar que este incremento do nível de atividade física foi resultado da inserção do
programa de corrida, já que o tempo de caminhada não se alterou de forma significativa durante
as fases do estudo. Além disso, chama atenção a figura 14 que compara o tempo médio de
corrida entre os dois grupos na fase de treinamento. Podemos deduzir que o volume de treino
do grupo HIIT foi de aproximadamente 48% do grupo MICT.
Os dados do número diário de passos apresentados na figura 15 abaixo confirmam
o aumento do nível de atividade física durante o período de treinamento e, posteriormente, o
seu retorno ao nível pré-treino durante o período de destreino. Além disso, não houve diferença
entre os dois grupos durante todas as fases do estudo.
Figura 13 - Tempo médio diário caminhando (min) dos grupos HIIT e MICT nas situações
pré-treino, treino e destreino.
80
HIIT
Caminhada diária (min)
MICT
60
40
20
0
Pré-treino Treino Destreino
Figura 14 -Tempo médio diário de corrida (min) nas situações pré-treino, treino e destreino. *
Diferente do momento anterior intragrupo. (†) Diferente no mesmo momento intergrupos (p < 0,05).
†
50
* HIIT
Corrida diária (min)
40 MICT
30
*
20
10
* *
0
Pré-treino Treino Destreino
65
Figura 15 - Número diário de passos nas situações pré-treino, treino e destreino. * Diferente do
momento anterior intragrupo (p < 0,05).
20000 * HIIT
*
Passos diários (nº)
MICT
15000
* *
10000
5000
0
Pré-treino Treino Destreino
Figura 16 - Ingestão calórica diária de proteínas (kcal) dos grupos HIIT e MICT durante as fases pré-
treino, treino e destreino.
400
200
0
Pré-treino Treino Destreino
Figura 17 - Ingestão calórica diária de carboidratos (kcal) dos grupos HIIT e MICT durante as fases
pré-treino, treino e destreino.
Ingestão carboidratos (kcal)
2000
HIIT
MICT
1500
1000
500
0
Pré-treino Treino Destreino
67
Figura 18 - Ingestão calórica diária de lipídios (kcal) dos grupos HIIT e MICT durante as fases pré-
treino, treino e destreino.
2000
1000
500
0
Pré-treino Treino Destreino
Figura 19 - Ingestão calórica diária total (kcal) dos grupos HIIT e MICT durante as fases pré-treino,
treino e destreino.
Ingestão calórica total (kcal)
4000
HIIT
MICT
3000
2000
1000
0
Pré-treino Treino Destreino
Tabela 3 - Dados semanais médios da distância (m), tempo (min), velocidade (km/h), frequência
cardíaca média (bpm) e percentual da frequência cardíaca máxima durante oito semanas de
treinamento dos sujeitos do grupo HIIT.
Semana Distância Duração Velocidade FC média FCmax(1) FCmax(2)
(m) (min) (km/h) (bpm) (%) (%)
1ª 1400 14:45 10 149 91 79
2ª 1600 16:36 10 148 91 79
3ª 1600 16:07 11 152 93 81
4ª 1800 18:08 11 152 93 81
5ª 1800 17:45 12 156 94 83
6ª 2000 19:43 12 155 93 82
7ª 2000 19:16 12 158 94 84
8ª 2000 18:51 12 159 95 84
Média 1775 17:39 11,29 154 93 82
FC max(1) : percentual da frequência cardíaca máxima atingida durante a sessão do treino.
FC max(2) : percentual da frequência cardíaca máxima considerando a FC média da sessão
Tabela 4 - Dados semanais médios da distância (m), tempo (min), velocidade (km/h), frequência
cardíaca média (bpm) e percentual da frequência cardíaca máxima durante oito semanas de
treinamento dos sujeitos do grupo MICT.
Semana Distância Duração Velocidade FC média FCmax(1) FCmax(2)
(m) (min) (km/h) (bpm) (%) (%)
1ª 3500 28:27 7,71 142 83 76
2ª 4000 31:57 7,83 145 85 77
3ª 4000 29:57 8,38 146 86 78
4ª 4500 32:38 8,57 147 84 79
5ª 4500 31:48 8,85 154 89 82
6ª 5000 33:40 9,13 151 89 81
7ª 5000 33:59 9,34 153 88 82
8ª 5000 32:32 9,66 156 89 83
Média 4438 31:52 8,68 149 87 80
FC max(1) : percentual da frequência cardíaca máxima atingida durante a sessão do treino.
FC max(2) : percentual da frequência cardíaca máxima considerando a FC média da sessão de treino (corrida +
pausa)
69
Figura 20 - Consumo pico de oxigênio dos grupos HIIT e MICT nos momentos pré-treino, pós-treino
e destreino. (*) Diferente do momento anterior intragrupo. (#) Diferente da situação pré-treino
intragrupo (p < 0,05).
60 #
* HIIT
VO2pico (mLO2.kg .min )
#
-1
* * MICT
55 *
-1
50
45
40
0
Pré-treino Pós-treino Destreino
Figura 21 - Delta entre medidas repetidas (∆VO2pico) do consumo de oxigênio pico (mLO2.kg-1.min-
1) entre os grupos HIIT e MICT. (†) Diferente no mesmo momento intergrupos (p < 0,05).
†
10
HIIT
VO2pico (mLO2.kg-1.min-1)
MICT
5
-5
Figura 22 - Índice de massa corporal (kg/m2) dos grupos HIIT e MICT nos momentos pré-treino, pós-
treino e destreino. (*) Diferente do momento anterior intragrupo. (#) Diferente da situação pré-treino
intragrupo (p < 0,05).
35
HIIT
*
MICT
30
* #
IMC (kg/m2)
25
20
0
Pré-treino Pós-treino Destreino
Figura 23 - Gordura corporal (%) dos grupos HIIT e MICT nos momentos pré-treino, pós-treino e
destreino. (*) Diferente do momento anterior intragrupo. (#) Diferente da situação pré-treino
intragrupo. (p < 0,05).
35
# HIIT
Gordura corporal (%)
* MICT
30
25
20
0
Pré-treino Pós-treino Destreino
72
Figura 24 - Massa magra (kg) dos grupos HIIT e MICT nos momentos pré-treino, pós-treino e
destreino.
70
HIIT
MICT
Massa magra (kg)
60
50
40
0
Pré-treino Pós-treino Destreino
Figura 25 - Volume de gordura visceral (cm3) dos grupos HIIT e MICT nos momentos pré-treino,
pós-treino e destreino. (*) Diferente do momento anterior intragrupo (p < 0,05).
1600
* *
* HIIT
Gordura visceral (cm3)
1400 *
MICT
1200
1000
800
600
400
200
0
Pré-treino Pós-treino Destreino
4.7.Pressão arterial
Nas figuras 26 a 28 são apresentados, respectivamente, os valores da pressão arterial
sistólica, diastólica e média dos grupos HIIT e MICT durante 24 horas de monitorização,
período de vigília e do sono. Foi detectada uma redução significativa da pressão arterial sistólica
(PAS) durante o período de vigília do grupo HIIT na situação pós-treino. Em média os
voluntários deste grupo tiveram uma redução de 6 mmHg (128 para 122) na PAS durante o
período diurno, ocupado principalmente pelo seu horário de trabalho. Tal adaptação positiva
foi afetada pelo período de destreino, já que a PAS do grupo retornou ao nível pré-treino. A
PAS durante o sono parece não sofrer qualquer alteração consequente dos treinamentos
73
utilizados neste estudo. O mesmo resultado foi encontrado nos resultados da PAS monitorizada
durante 24 horas.
Figura 26 - Pressão arterial sistólica durante 24 horas (a), vigília (b) e sono (c) dos grupos HIIT e
MICT nas situações pré-treino, pós-treino e destreino. (*) Diferente do momento anterior intragrupo (p
< 0,05).
140
HIIT
PAS 24 horas (mmHg)
MICT
120
a)
100
0
Pré-treino Pós-treino Destreino
140
* HIIT
*
PAS Vigília (mmHg)
MICT
120
b)
100
0
Pré-treino Pós-treino Destreino
140
HIIT
PAS Sono (mmHg)
MICT
120
c)
100
0
Pré-treino Pós-treino Destreino
A análise de variância das medidas repetidas dos dados de pressão arterial diastólica
(PAD) e a pressão arterial média (PAM) não apresentaram interação significativa tratamento x
tempo. Contudo, deve-se registrar que houve reduções clínicas significativas destas variáveis
74
após o treinamento. A PAD média durante 24 horas reduziu 6 e 5 mmHg para os grupos HIIT
e MICT, respectivamente, após o período de treino. No período de vigília esta redução clínica
foi de 6 e 3 mmHg para HIIT e MICT, respectivamente. A PAM também apresentou uma
redução clínica de 6 e 3 mmHg durante 24 horas e no período de vigília para os grupos HIIT e
MICT, respectivamente, após o período de treinamento.
75
Figura 27 -Pressão arterial diastólica durante 24 horas (a), vigília (b) e sono (c) dos grupos HIIT e
MICT nas situações pré-treino, pós-treino e destreino.
100
PAD 24 horas (mmHg) HIIT
90 MICT
80
a)
70
60
0
Pré-treino Pós-treino Destreino
100
HIIT
PAD vigília (mmHg)
90 MICT
80
b)
70
60
0
Pré-treino Pós-treino Destreino
100
HIIT
90
PAD sono (mmHg)
MICT
80
c) 70
60
0
Pré-treino Pós-treino Destreino
76
Figura 28 - Pressão arterial média durante 24 horas (a), vigília (b) e sono (c) dos grupos HIIT e MICT
nas situações pré-treino, pós-treino e destreino.
110
HIIT
PAM 24 horas (mmHg)
100 MICT
90
80
a)
70
60
0
Pré-treino Pós-treino Destreino
110
HIIT
100
PAM vigília (mmHg)
MICT
90
80
b)
70
60
0
Pré-treino Pós-treino Destreino
110
HIIT
100
PAM sono (mmHg)
MICT
90
c) 80
70
60
0
Pré-treino Pós-treino Destreino
77
70
HIIT
60 MICT
HDL (mg/dL)
50
40
30
0
Pré-treino Pós-treino Destreino
Figura 30 -Valores do LDL (mg/dL) dos grupos HIIT e MICT nas situações pré-treino, pós-treino e
destreino.
200
180 HIIT
160 MICT
LDL (mg/dL)
140
120
100
80
60
0
Pré-treino Pós-treino Destreino
78
Figura 31 - Valores do VLDL (mg/dL) dos grupos HIIT e MICT nas situações pré-treino, pós-treino e
destreino.
60
HIIT
50 MICT
VLDL (mg/dL)
40
30
20
10
0
Pré-treino Pós-treino Destreino
Figura 32 - Valores do colesterol total (mg/dL) dos grupos HIIT e MICT nas situações pré-treino, pós-
treino e destreino. (*) Diferente do momento anterior intragrupo (p < 0,05).
300
HIIT
Colesterol total (mg/dL)
MICT
250
*
200
150
100
0
Pré-treino Pós-treino Destreino
Figura 33 -Valores de triglicérides (mg/dL) dos grupos HIIT e MICT nas situações pré-treino, pós-
treino e destreino.
300
HIIT
Triglicérides (mg/dL)
250 MICT
200
150
100
0
Pré-treino Pós-treino Destreino
79
110
HIIT
100 * #
MICT
Glicose (mg/dL)
90
80
70
60
0
Pré-treino Pós-treino Destreino
Figura 35 - Valores da insulina de jejum (mg/dL) dos grupos HIIT e MICT nas situações pré-treino,
pós-treino e destreino.
20
HIIT
MICT
Insulina (µU/mL)
15
10
0
Pré-treino Pós-treino Destreino
80
Figura 36 - Índice HOMA-IR (mmol. µU/mL) dos grupos HIIT e MICT nas fases pré-treino, pós-
treino e destreino.
0
Pré-treino Pós-treino Destreino
Figura 37 - Desvio padrão médio dos intervalos R-R (ms) da frequência cardíaca dos grupos HIIT e
MICT nas situações pré-treino, pós-treino e destreino.
120
HIIT
SDNN (ms) 100 MICT
80
60
40
20
0
Pré-treino Pós-treino Destreino
Figura 38 -Raiz quadrada da média do quadrado das diferenças entre intervalos R-R normais
adjacentes (RMSSD) dos grupos HIIT e MICT nas situações pré-treino, pós-treino e destreino.
80
HIIT
MICT
60
RMSSD (ms)
40
20
0
Pré-treino Pós-treino Destreino
82
Figura 39-Número de intervalos RR adjacentes com diferença de duração > 50 ms (NN50) dos grupos
HIIT e MICT nas situações pré-treino, pós-treino e destreino.
120
HIIT
100 MICT
80
NN50 (nº)
60
40
20
0
Pré-treino Pós-treino Destreino
Figura 40 - Percentual de intervalos RR adjacentes com diferença maior que 50 ms (pNN50) dos
grupos HIIT e MICT nas situações pré-treino, pós-treino e destreino.
40
HIIT
MICT
30
pNN50 (%)
20
10
0
Pré-treino Pós-treino Destreino
83
5. DISCUSSÃO
O presente estudo teve como objetivo principal comparar os efeitos do treinamento
e destreinamento de dois programas de corrida em ambiente não laboratorial (HIIT versus
MICT) sobre a saúde cardiometabólica de indivíduos não treinados e com sobrepeso/obesidade.
Os dois grupos passaram por um período de treinamento de oito semanas, seguido de uma fase
de destreino de quatro semanas. De uma forma geral, os dois protocolos foram capazes de
provocar adaptações fisiológicas benéficas aos voluntários. Contudo, o grupo HIIT, mesmo
com um menor volume de treino e demandando menos tempo, foi capaz de provocar a melhora
significativa em um maior número de indicadores da saúde cardiometabólica dos sujeitos,
quando comparado ao grupo MICT. Esta superioridade também foi verificada quando
analisamos os efeitos do período de destreinamento sobre as variáveis de estudo. Neste aspecto,
o grupo HIIT apresentou resultados iguais ou superiores ao grupo MICT, pois algumas
adaptações positivas promovidas pelo HIIT foram mantidas mesmo após a suspensão do
treinamento durante quatro semanas.
5.1.Superioridade do HIIT na melhora da aptidão cardiorrespiratória
Os incrementos nos valores de VO2pico dos grupos HIIT (46,16 para 53,47
mLO2.kg-1.min-1) e MICT (45,01 para 49,12 mLO2.kg-1.min-1) após o período de treinamento
mostram que ambos os protocolos melhoraram de forma significativa a aptidão
cardiorrespiratória dos sujeitos deste estudo. Ao analisarmos o percentual de melhora desta
variável (HIIT:15,84% e MICT: 9,04%) detectamos uma superioridade nos efeitos do protocolo
HIIT, mesmo demandando um menor volume e duração de treinamento. Isto representa uma
rápida e significativa melhora da saúde cardiometabólica dos sujeitos, visto que o consumo de
oxigênio é um parâmetro representativo da integração e do bom funcionamento de diversos
sistemas e mecanismos fisiológicos (Aarboleda et. al., 2016). Maiores níveis de aptidão
cardiorrespiratória estão associados ao menor risco de todas as causas de mortalidade e de
doenças cardiometabólicas (Kemmler et. al., 2016). Segundo Blair et. al. (1996) para cada
equivalente metabólico (MET) acrescentado no valor do VO2max, as taxas de mortalidade
diminuem cerca de 8-17%.
Em consonância com nossos resultados, estudos como o de Whyte et. al., (2010)
mostram que um período de apenas duas semanas de treinamento intervalado já é suficiente
para promover incrementos significativos no VO2 max de indivíduos sedentários com
sobrepeso/obesidade. Segundo Kessler et. al. (2012) a melhora na VO2 max parece ser a
adaptação fisiológica mais comumente documentada na literatura sobre o HIIT. Para esses
autores há fortes evidências científicas de que o HIIT é capaz de aumentar o VO2max dos
84
indivíduos de forma igual ou superior ao tradicional MICT, apesar de menor volume e duração
das sessões de treino.
Kemmler et. al. (2014) encontraram resultados muito semelhantes ao presente
estudo ao comparar os efeitos de um programa de corrida HIIT e MICT. Ambos os grupos
apresentaram, respectivamente, um aumento de 15,6 e 10,5% do VO2max após dezesseis
semanas de treinamento. Contudo, não foi possível verificar uma superioridade estatisticamente
significativa do protocolo HIIT em relação ao MICT.
Sloth et. al. (2013) conduziram uma revisão sistemática e uma metanálise
envolvendo dezenove estudos para avaliar o efeito do treinamento intermitente sobre o VO2max
de homens e mulheres. Os autores concluíram que há sólidas evidências de que duas a oito
semanas de treinamento intervalado melhora o VO2max de homens e mulheres adultos
sedentários ou recreativamente ativos, incluindo não treinados, com sobrepeso e obesos. Além
disso, foi detectada uma baixa taxa de abandono aos protocolos de treino e nenhum efeito
colateral grave foi observado.
Outros estudos também reforçam a evidência científica de que o HIIT é capaz de
provocar rápidas e consistentes melhoras na aptidão cardiorrespiratória de diferentes grupos de
indivíduos: McKenna et. al., 1997; MacDougall et. al., 1998; Barnet et. al., 2004; Burgomaster
et. al., 2008; Bailey et. al., 2009; Hazell et. al., 2010; Astorino et. al., 2011; Bayati et. al., 2011;
Macpherson et. al., 2011; Met.calfe et. al., 2011; Trilk et. al., 2011). Apesar disso, os
mecanismos que explicam tais adaptações ainda não estão totalmente elucidados. Especula-se
que o aumento da capacidade mitocondrial do músculo esquelético via melhora da capacidade
enzimática oxidativa e biogênese mitocondrial (Little et. al., 2010) e as adaptações
cardiovasculares centrais e periféricas (Wisløff et. al., 2009) sejam os principais mecanismos
que explicariam tais incrementos.
Sugeriu-se que as melhorias induzidas pelo HIIT no VO2pico podem ser mediadas
pelo aprimoramento a curto prazo da capacidade de extração de oxigênio (Sloth, 2013). Embora
os incrementos no VO2pico após o MICT sejam tradicionalmente mediados por adaptações
centrais, vários estudos falharam na tentativa de detectar um aumento no débito cardíaco após
SIT ou HIIT de curto prazo (Jacobs et. al., 2013; Machperson et. al., 2011). Por outro lado,
Esfandiari et. al. (2014) registraram por meio da técnica de doppler aumentos concomitantes
do volume diastólico final, débito cardíaco, fluxo sanguíneo e VO2max em extensão similar
após duas semanas de HIIT ou MICT.
Apesar de não ter sido avaliada pelo presente estudo, acreditamos que a capacidade
do HIIT em aumentar o VO2max de maneira superior ao protoclo MICT seja explicada por
85
para provocar um aumento significativo do consumo de oxigênio medido 24 horas após a sessão
de exercício. Dentro dessa mesma linha de raciocínio, Sevits et. al. (2013) realizaram um estudo
cujo objetivo foi investigar a hipótese de que um único sprint em cicloergômetro seria suficiente
para aumentar a taxa metabólica de repouso e o gasto energético diário total após o exercício.
Sob condições padronizadas, os dados mostraram que um único sprint foi suficiente para
aumentar de forma significativa em todos os voluntários o gasto energético diário total (~950
kj), permitindo especular que o HIIT pode ser uma estratégia eficiente para a manutenção
saudável da massa corporal. Os autores do estudo especularam que um único estímulo diário
de treinamento intervalado pode ser suficiente para prevenir o ganho de peso em ~ 90% dos
adultos que vivem em países industrializados.
Skelly et. al. (2014) também compararam o consumo de oxigênio após 24 horas nos
dias subsequentes à aplicação de dois protocolos de exercício HIIT e MICT. Apesar do
consumo de oxigênio durante HIIT ter sido menor quando comparado ao grupo MICT, não
foram detectadas diferenças significativas do consumo de oxigênio após 24 horas da sessão de
exercício. Esses dados demonstram que HIIT e MICT induzem a um EPOC semelhante;
podendo explicar em parte as alterações semelhantes na composição corporal.
Alguns autores atribuem a uma possível alteração no apetite para tentar explicar as
mudanças na composição corporal após a aplicação do protocolo HIIT. Sim et. al. (2014)
conduziram um estudo com homens jovens com sobrepeso cujo objetivo foi comparar os efeitos
agudos de dois protocolos HIIT (alta e altíssima intensidades) com uma situação controle (sem
exercício) e um grupo MICT. Os dados mostraram uma redução no consumo energético ad-
libtun de ambos os grupos HIIT quando comparados ao grupo controle, além de uma redução
significativa nesta variável no grupo HIIT de altíssima intensidade quando comparado ao grupo
MICT. Williams et. al. (2013) investigaram os efeitos agudos dos protocolos HIIT e MICT
sobre a percepção subjetiva do apetite (fome, plenitude e desejo prospectivo) utilizando a
aplicação de uma escala analógica visual nas situações antes, imediatamente após e nos minutos
60, 120 e 180 minutos após a sessão de exercício. Tais medidas subjetivas de apetite foram
significativamente deprimidas imediatamente após o exercício intermitente. Outros autores
encontraram resultados contrários a esta perspectiva. Os resultados de Martins et. al. (2017)
indicam que o protocolo HIIT crônico (12 semanas) não tem efeitos sobre o apetite ou a
recompensa alimentar em indivíduos obesos.
Dentre estes dois possíveis mecanismos citados acima que podem explicar as
adaptações na composição corporal de nossos voluntários, acreditamos que o EPOC seja o mais
provável. Descartamos a possibilidade de alteração no apetite e no consumo alimentar dos
88
voluntários, já que pelos dados coletados do registro alimentar não foi possível identificar
diferenças significativas entre as fases e entre os grupos nos valores médios de energia total
diária (Kcal) e de energia advinda de proteínas, lipídeos e carboidratos.
Contudo, devemos ressaltar que uma redução de quase 1000 kcal é muito
impactante, mesmo sem significância estatística. Acreditamos que a alta variabilidade, somada
ao pequeno tamanho da amostr, tenha contribuído para a não constatação de uma diferença
estatisticamente significativa após o período de treino e destreino.
5.3. Apenas HIIT reduz a pressão arterial sistólica no período de vigília
Ao utilizarmos a técnica de MAPA de 24 horas verificamos que o grupo HIIT
apresentou uma redução significativa de 6mmHg (128 para 122 mmHg) da pressão arterial
sistólica apenas durante o período de vigília. O protocolo MICT não alterou nenhum parâmetro
dessa variável. Também não foram detectadas diferenças significativas entre os protocolos
HIIT e MICT.
A pressão arterial é uma medida comummente avaliada como um indicativo da
saúde cardiometabólica. A pressão arterial elevada é uma das mais comuns desordens da saúde
e está associada ao aumento da incidência de mortalidade por todas as causas e doenças
cardiovasculares. A técnica de MAPA fornece informações importantes sobre a dinâmica da
pressão durante a vida diária do avaliado e vem sendo cada vez mais recomendada como
ferramenta tanto para diagnóstico como também com objetivos de tratamento da hipertensão
arterial. Além disso, há evidências de que os valores registrados por meio desta técnica têm
uma maior capacidade preditiva do risco cardiovascular, quando comparados aos valores
aferidos isoladamente no consultório. A monitorização ambulatorial apresenta duas vantagens
importantes em relação ás medidas isoladas em repouso. Primeiro, reduz a possibilidade da
ocorrência do fenômeno da hipertensão do “jaleco branco”, consequente de uma ansiedade
momentânea e vinculada ao ambiente hospitalar ou à presença do médico. Além disso, as
respostas hipertensivas decorrentes do estresse físico ou mental decorrentes das atividades
diárias podem ser melhor identificadas
Encontramos na literatura apenas dois trabalhos que utilizaram a técnica de MAPA
24 horas para comparar os efeitos dos protocolos HIIT e MICT sobre os valores de pressão
arterial durantes os períodos de vigília e de sono. Ciolac et. al. (2012) que compararam os
efeitos dos protocolos HIIT e MICT de 16 semanas sobre a pressão arterial ambulatorial de
mulheres jovens normotensas que possuíam alto risco familiar para hipertensão. Ambos os tipos
de treino foram capazes de reduzir de forma significativa a pressão arterial ambulatorial
(sistólica e diastólica) das voluntárias, tanto no período de vigília como também no período
89
noturno. Não foram detectadas diferenças significativas entre os dois grupos. Iellamo et. al.
(2013) compararam os efeitos de HIIT e MICT na dinâmica da pressão arterial durante 24 horas
de monitorização após 12 semanas de treinamento de pacientes diagnosticados com
insuficiência cardíaca crônica. Diferente de nossos dados, os autores não detectaram reduções
significativas da pressão arterial sistólica nas diferentes fases do estudo e nem entre os dois
protocolos. Contudo, reduções significativas da pressão arterial diastólica foram encontradas
no período de 24 horas, vigília e sono em ambos os grupos. Os resultados também indicaram
que o exercício de alta intensidade fornece um benefício adicional, pois provocou uma redução
de maior magnitude na pressão arterial diastólica durante o dia.
Em concordância com nossos resultados, Cornelissen et. al. (2013) realizaram uma
revisão sistemática e uma metanálise em que analisaram estudos que mediram o comportamento
da pressão arterial de adultos saudáveis durante os períodos de dia e da noite por meio da
monitorização ambulatorial. Os autores concluíram que este tipo de exercício é benéfico apenas
para o controle da pressão arterial ambulatorial durante o dia. Podemos supor que as mudanças
da pressão arterial verificadas pela monitorização ambulatorial durante o dia estejam associadas
à redução dos picos isolados produzidos pelo estresse físico e mental decorrentes das atividades
diárias. O que não acontece durante o período noturno, já que o avaliado está dormindo. Além
disso, sabe-se que a atividade simpática durante o período noturno é menor do que o período
de vigília, reforçando assim o papel do sistema nervoso simpático no efeito hipotensivo do
exercício físico.
Kessler et. al. (2012) revisaram 12 estudos que examinaram os possíveis efeitos do
treinamento intervalado sobre a pressão arterial em grupos de sujeitos com diferentes
características. Os autores concluíram que, em indivíduos que ainda não estavam sendo tratados
com anti-hipertensivos, o protocolo HIIT promove adaptações benéficas na pressão arterial em
intervenções de pelo menos 12 semanas de treinamento. Nenhuma mudança foi observada para
os pacientes que já estavam sendo tratados eficazmente para a hipertensão, o que nos leva a
supor que os benefícios do HIIT sobre pressão arterial podem ser mascarados pela medicação.
Nos estudos comparativos com o protocolo MICT, também de duração mínima de 12 semanas,
o HIIT apresentou a mesma efetividade na redução da pressão arterial, mesmo demandando
menor tempo e volume de treino.
Em parte, nossos dados diferem dos encontrados na metanálise de Batacan et. al.
(2017) cujo objetivo foi verificar os efeitos do HIIT sobre indicadores da saúde metabólica de
indivíduos com sobrepeso/obesidade. Os autores detectaram uma redução significativa apenas
na pressão arterial diastólica em estudos com duração inferior a 12 semanas de treinamento.
90
Por outro lado, entre os estudos com duração superior a 12 semanas esta redução foi verificada
tanto na pressão arterial diastólica, como também na sistólica. Em conjunto, é possível
especular que períodos de intervenção HIIT mais longos sejam necessários para produzir um
efeito significativo na PAS nesta população.
Nossos resultados também estão em consonância com os achados de Pimenta et. al.
(2015). Utilizando o modelo de experimentação animal, os autores comprovaram a redução da
PAS de ratas ovariectomizadas e induzidas à obesidade após a realização de um protocolo HIIT
em meio aquático com duração de oito semanas.
Ao tentarmos entender os mecanismos fisiológicos que poderiam explicar os dados
encontrados em nosso estudo, torna-se importante ressaltar que ambos os grupos eram
composto por indivíduos normotensos, o que provavelmente dificultou a detecção de maiores
reduções estatisticamente significativas nos valores de pressão arterial dos grupos e nas
diferentes fases do estudo. Na literatura, especula-se que os estímulos de alta intensidade do
protocolo HIIT provoquem algumas adaptações benéficas para a prevenção e tratamento da
hipertensão arterial. Assim, o efeito hipotensor sobre a pressão arterial sistólica do grupo HIIT
poderia ser resultante de um ou mais mecanismos adaptativos consequentes dos estímulos de
alta intensidade que provocam adaptações neuro-humorais, vasculares e estruturais que
resultam na diminuição da resistência periférica total (Ciolac, 2012). Um dos possíveis
mecanismos que explicam o benefício do treinamento intervalado na redução da pressão arterial
está relacionado com a melhora na função endotelial via aumento da produção de óxido nítrico
endotelial promovido pelo maior estresse sobre a parede vascular. Este mecanismo conhecido
como “shear stress” (tensão de cisalhamento) é causado pelo aumento do fluxo sanguíneo,
devido à maior frequência e volume de ejeção cardíacos promovidos pelos estímulos de alta
intensidade do exercício. Especula-se também que os altos estímulos do HIIT poderiam estar
relacionados com a atenuação da resposta adrenérgica vascular à norepinefrina, bem como ao
remodelamento vascular via angiogênese vascular e o aumento da complacência arterial.
5.4.Apenas HIIT reduziu o colesterol total e glicemia de jejum
A análise do perfil lipídico dos sujeitos deste estudo foi feita a partir das medidas
de HDL, LDL, VLDL, colesterol total e triglicérides. Verificamos somente uma redução
significativa da concetração do colesterol total no grupo HIIT após oito semanas de
treinamento. As demais variáveis não se alteraram em ambos os grupos ao longo do tempo e
também não foram detectadas diferenças significativas entre os dois tipos de treinamento.
De um modo geral, os efeitos do exercício físico sobre o perfil de lipídios e
lipoproteínas são bem conhecidos, pois indivíduos fisicamente ativos apresentam maiores
91
Outro objetivo do presente estudo foi comparar os possíveis efeitos dos protocolos
HIIT e MICT sobre a homeostase do metabolismo da glicose dos sujeitos da pesquisa. Para
isso, foram feitas medidas da glicemia e insulina de jejum, além do cálculo do índice HOMA-
IR. Como resultado, apenas o grupo HIIT apresentou uma redução significativa nos valores
de glicemia em jejum após as oito semanas de treinamento. Nas demais variáveis e comparações
entre os grupos não houve mudanças significativas.
Na literatura científica encontramos dados contraditórios em sete estudos
controlados e randomizados que compararam os efeitos dos protocolos HIIT e MICT sobre a
glicemia em jejum de seus voluntários. Três destes estudos não mostraram alterações
significativas desta variável em ambos os grupos (Wisloff et. al., 2007; Schjerve et. al., 2008;
Ciolac et. al., 2010). Dois estudos mostraram redução semelhante em ambos grupos (Nybo et.
al., 2016; Moreira et. al., 2008) após 12 semanas de intervenção. Fisher et. al. (2015) também
não identificaram uma superioridade ao comparar os dois tipos de protocolos ao treinar durante
seis semanas homens jovens, sedentários e com sobrepeso/obesidade. Por outro lado, Tjona et.
al., (2008) identificaram uma superioridade do protocolo HIIT de 16 semanas em promover
adaptações benéficas destas variáveis em pacientes com síndrome metabólica.
Os dados de revisões sistemáticas e metanálises sobre o efeito do HIIT sobre as
medidas do metabolismo da glicose também são contraditórios. Kessler et. al. (2012) revisaram
13 artigos que examinam o impacto do HIIT em medidas representativas do metabolismo da
glicose, tais como sensibilidade à insulina, glicose sanguínea de jejum e testes de tolerância à
glicose. Como conclusão, os autores sugeriram que o treinamento intervalado promove
melhoras significativas no controle do metabolismo da glicose e pode ter efeitos iguais ou
superiores ao tradicional método contínuo moderado. Já a revisão sistemática de Batacan et. al.
(2017) indica que há poucas e inconsistentes evidências para afirmar que o HIIT tem efeitos
positivos sobre este indicador da saúde cardiometabólica de indivíduos com peso normal,
sobrepeso ou obesidade.
Apesar dos dados contraditórios, a literatura científica atual permite indicar que o
treinamento intervalado, no mínimo, apresenta uma efetividade semelhante ao treinamento
contínuo no controle do metabolismo da glicose. O que o coloca como uma possível estratégia
tempo-eficiente para a prevenção ou tratamento de doenças como a diabetes tipo 2 e a síndrome
metabólica. Novos estudos são necessários para entender melhor a eficácia do HIIT e os
possíveis mecanismos de sua ação nestas variáveis.
Acreditamos que as reduções da glicemia de jejum e do colesterol total verificadas
após o período de oito semanas de HIIT sejam decorrentes da melhora dos parâmetros da
93
composição corporal induzida pelo aumento do gasto energético promovido pelo exercício,
visto que os voluntários deste grupo apresentaram uma redução significativa do IMC,
percentual de gordura corporal e do volume da gordura visceral. Além disso, podemos especular
que o controle da homeostase da glicose pode ocorrer de maneira independente da perda de
peso total ou da perda de gordura corporal por meio da ativação de múltiplas vias de
sinalizações intracelulares que estão envolvidas com a captação de glicose e no controle da
gliconeogênese. De acordo com esta hipótese os intensos estímulos intervalados seriam o
mecanismo disparador da ativação da AMPK induzida pela contração muscular que por sua vez
está envolvida com a captação de glicose em modelos experimentais e em seres humanos,
através do aumento da translocação do transportador de glicose 4 (GLUT4) para a membrana
celular (Gibala et. al., 2009; Little et. al., 2011). Especulamos também que tal adaptação teria
um efeito no aumento do efeito antilipolítico da insulina no tecido adiposo, com consequente
redução do transporte de ácidos graxos livres para o fígado, resultando em redução dos níveis
plasmáticos de triglicérides.
5.5.HIIT e MICT não alteraram variabilidade da frequência cardíaca
A avaliação da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) pode fornecer
importantes informações fisiológicos sobre a modulação do ritmo normal do coração.
Mudanças nos padrões da VFC oferecem um indicador sensível e antecipado de
comprometimentos na saúde. Uma alta VFC indica uma boa adaptação do sistema
cardiovascular, caracterizando um indivíduo saudável com mecanismos autonômicos
eficientes. Por outro lado, uma baixa VFC é frequentemente associada a uma adaptação anormal
e insuficiente do SNA, o que pode indicar a presença de mau funcionamento fisiológico do
sistema cardiovascular (Rajendra Acharya e Joseph, 2006).
o presente estudo não detectamos nenhuma alteração da VFC no domínio do tempo
após a aplicação dos protocolos HIIT e MICT durante oito semanas de intervenção. Também
não foram detectadas diferenças significativas entre os dos tipos de treino. Ao comparar nossos
resultados com a literatura científica verificamos uma escassez de estudos sobre o tema. Foram
encontrados apenas dois estudos clínicos aleatorizados que compararam os possíveis efeitos
dos protocolos HIIT e MICT sobre a VFC. Ambos os estudos tiveram a duração de 12 semanas
de treinamento.
No estudo de Ramirez (2017) a amostra era composta por indivíduos aparentemente
saudáveis e os autores concluíram que não houve diferenças significativas entre os dois grupos
na magnitude das mudanças na VFC, sugerindo que ambos os protocolos de treinamento podem
fornecer benefícios de médio prazo na saúde cardiovascular. Contudo, os autores chamam a
94
atenção para uma superioridade do protocolo HIIT como estratégia de médio prazo para
aumentar a VFC, especificamente na varável SDNN, que sofre grande influência do controle
vagal.
No estudo de Currier et. al. (2013), cuja a amostra era composta por pacientes com
doença arterial coronariana. Todos os índices de variabilidade da frequência cardíaca não foram
alterados em ambos os grupos. Os autores atribuíram a ausência de adaptações ao adequado
controle medicamentoso e ao estado normativo pré-treinamento da amostra.
Um terceiro estudo utilizou uma amostra de indivíduos que passaram por uma
intervenção coronariana percutânea para implantação de stent para o tratamento de angina. Os
sujeitos foram divididos em um grupo HIIT e um grupo controle sem treinamento. Neste estudo
os sujeitos foram acompanhados por um período de seis meses e foram detectadas melhoras
significativas nos parâmetros de VFC no domínio do tempo e de frequência dos pacientes
treinados (Munk et. al., 2010). Os autores correlacionaram esse efeito benéfico na VFC com as
alterações no VO2pico, mas não com alterações na função endotelial.
Em conjunto, estes dados indicam que, diante dos resultados contraditórios e do
baixo número de pesquisas, ainda são necessários novos estudos para termos uma posição mais
segura sobre o tema. Analisando os resultados obtidos no presente estudo, talvez a ausência de
alterações nos parâmetros da VFC seja decorrente da curta duração dos protocolos de
treinamento ou pelo fato dos voluntários não possuírem nenhuma disfunção autonômica ou
cardiovascular.
5.6.Efeitos do destreinamento após HIIT e MICT
Quando iniciamos o presente estudo no ano de 2014 não havia na literatura nenhum
artigo sobre os efeitos do destreino sobre variáveis fisiológicas relacionadas à saúde de
indivíduos submetidos ao HIIT. Havia naquele momento um questionamento de que os rápidos
benefícios promovidos pelo protocolo HIIT poderiam também ser perdidos de forma mais
rápida, quando comparados aos benefícios oriundos do protocolo MICT. Contudo, nos últimos
quatro anos foram publicados cinco estudos que contribuíram para uma melhor discussão sobre
este tema. Na tabela 6 sumarizamos a duração, a caracterização da amostra e os efeitos dos
respectivos períodos de treino e destreino.
95
Tabela 5 - Resumo dos artigos publicados na literatura científica sobre os efeitos do destreino após o
treinamento intervalado de alta intensidade.
Estudo Duração Amostra Efeitos do treino Efeitos do destreino
Ready et. al. 6 sem. de 17 mulheres jovens: 9 ↑ VO2max, débito de 02 ↓ VO2max, débito de 02
(1981) treino no grupo exercício e 8 e time trial e time trial
no grupo sem exercício
2 sem.
destreino
Mora- 18 sem. de 48 mulheres e homens ↑HDL, fluxo O2 e ↔ Circunferência da
Rodriguez et. treino obesos com síndrome atividade mitocondrial cintura, massa corporal
al. (2014) metabólica. e gordura visceral
4 sem. ↓Massa corporal, PAS,
destreino Apenas grupo HIIT PAD, gordura visceral, ↑ Pressão arterial
circunferência da
cintura ↓ HDL
Ahmadizad 6 sem. 30 homens sedentários, ↑ Nesfatin-1: HIIT ↔ Nesfatin-1, insulina e
et. al. (2015) treino HOMA-IR
Grupos: HIIT, MICT e ↓ Glicemia de jejum,
1 sem. CONT. insulina e HOMA-IR: ↑ Glicemia de jejum
destreino HIIT E MICT
Bonsu et. al. 2 sem. 21 mulheres não Efeito clínico Perda do efeito clínico
(2016) treino treinadas normotensas. hipotensor pós- hipotensor pós-
exercício. exercício.
2 sem. Apenas grupo HIIT.
destreino
Steckling et. 12 sem. 17 mulheres não ↓ Interleucinas pró ↑ Interleucinas pró
al. (2016) treino treinadas com inflamatórias (IL-1β, inflamatórias
síndrome metabólica. IL-6, TNF-y) e glicemia
2 sem.
destreino Apenas grupo HIIT. ↑ IL-10
Tabela 6 - Resumo dos efeitos dos períodos de treinamento e do destreinamento sobre os fatores de
risco para doenças cardiometabólicas nos grupos HIIT e MICT.
Treinamento Destreinamento
Fatores de risco
HIIT MICT HIIT MICT
Consumo pico de oxigênio
Índice de massa corporal
Gordura corporal
Volume de gordura visceral
PAS vigília
Colesterol total
Glicose de jejum
Legenda: Efeitos na saúde cardiometabólica: positivo negativo.
dos estudo com HIIT utilizam o cicloergômetro e pouco se sabe sobre os efeitos de outras
modalidades de exercício, tais como remo, corrida, escaladas e natação (Boutcher, 2011).
Diante deste desafio, a estratégia metodológica utilizada no presente estudo do
grupo HIIT (baseada na prescrição e no controle da intensidade da corrida por meio de um teste
de vai e vem, em uma pista de 20 metros) mostrou-se efetiva e viável no mundo real. A
utilização de sinais sonoros para controlar a intensidade dos voluntários durante cada repetição
da corrida de 200 metros levou os voluntários a atingir uma frequência cardíaca média de 93%
da frequência cardíaca máxima dos voluntários. Se levarmos também em consideração os
períodos de pausas entre os estímulos a frequência cardíaca atingiu um percentual médio de
82% da frequência cardíaca máxima.
Lunt et. al. (2015) submeteram adultos com sobrepeso a um programa de
treinamento intervalado de doze semanas em um parque comunitário. Os autores verificaram a
viabilidade da utilização do HIIT em um ambiente mais próximo da realidade dos indivíduos,
reduzindo de forma considerável a duração das sessões de treino. Contudo, as mudanças no
VO2max foram consideradas modestas, quando comparadas aos resultados encontrados em
estudos anteriores em ambiente clínico e laboratorial.
Estes dois possíveis fatores levantados por Lunt et. al. (2015) nos levam a uma
análise sobre a viabilidade no “mundo real” e as adaptações positivas, especialmente do grupo
HIIT, encontradas no presente estudo. As características da amostra podem nos ajudar entender
o elevado índice de adesão aos programas de exercícios de ambos os grupos. Policiais militares
têm um histórico profissional cuja atuação exige um comportamento ativo, em que a sua
capacidade física é exigida e avaliada periodicamente. Soma-se a isso, a valorização da
disciplina e da resiliência durante a sua formação e treinamento. Ao analisarmos o nível de
atividade física da amostra verificamos que, apesar de não se engajarem em programas
regulares de exercícios físicos, o número médio diário de passos dos voluntários pode ser
considerado alto. Acreditamos que tais características contribuíram para o baixo índice de
abandono dos voluntários durante o período de treinamento no presente estudo.
5.8.HIIT é tempo-eficiente em promover a saúde cardiometabólica
No Brasil, em recente pesquisa feita pelo governo junto à população, identificou-se
que a falta de tempo é o principal motivo alegado pelos brasileiros para não se dedicar ao
exercício físico (BRASIL, 2016). Pesquisas feitas em países desenvolvidos como o Canadá e
os Estados Unidos também identificaram a falta de tempo como uma das principais barreiras
para a adoção de um estilo de vida ativo (Trost et. al., 2002; Gaesser e Angadi, 2011). Diante
deste quadro, os resultados encontrados neste estudo reforçam a ideia de que o HIIT pode ser
98
uma alternativa tempo-eficiente que poderia aumentar a possibilidade de pessoas que alegam
falta de tempo se engajarem em um programa regular de exercícios físico com o objetivo de
melhoria da saúde cardiometabólica. Os dados finais do volume de treino do grupo HIIT no
presente estudo representaram 40% da distância percorrida e 52% do tempo de treino do grupo
MICT. Durante as oito semanas de treinamento o tempo médio da sessão de treinos foi de
17min39s para o grupo HIIT e 31min52s para o grupo MICT. Mesmo demandando menos
tempo, os dados consolidados na tabela 5 confirmam que o HIIT é capaz de alterar de forma
positiva um maior número de fatores de risco para as doenças cardiometabólicas, quando
comparado ao grupo MICT. Estes resultados estão de acordo com os recentes avanços das
pesquisas desenvolvidas sobre o HIIT na última década que confirmam seus possíveis
benefícios para a saúde dos indivíduos de forma tempo-eficiente. Isto é, o protocolo HIIT é
capaz de melhorar a saúde cardiometabólica dos indivíduos, mesmo com um menor volume e
demandando uma menor duração da sessão de treinamento.
99
6. CONCLUSÃO
Conclui-se que o protocolo o treinamento de corrida intervalada de alta intensidade
com duração de oito semanas, quando comparado ao tradicional método contínuo de
intensidade moderada, promove um maior número de adaptações positivas na saúde
cardiometabólica de indivíduos não treinados com sobrepeso/obesidade.
Em relação aos efeitos do destreinamento, verificamos que a maioria dos efeitos
positivos do protocolo HIIT são mais duradouros e não são revertidos após a suspensão da
corrida intervalada de alta intensidade durante quatro semanas. O que os permite confirmar sua
superioridade sobre o tradicional protocolo MICT e rejeitar a hipóteses de que suas rápidas
adaptações benéficas são também revertidas rapidamente durante o destreinamento.
100
101
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111
8. APÊNDICES
será limpa com uma solução desinfetante. O local da retirada do tecido será anestesiado e um
pequeno corte na pele (menor que 1 cm) será realizado com um bisturi. Depois, neste corte será
introduzida uma agulha fina (6 mm) para retirar um pequeno pedaço do músculo esquelético.
O local da biopsia será limpo com uma gaze com desinfetante e o corte na pele fechado com
uma fita, e depois coberto com um curativo. Após a biopsia você ficará em repouso por 15
minutos e poderá se mover normalmente. Este procedimento será realizado por um médico
devidamente treinado para este procedimento.
Durante toda a sua participação no estudo você será supervisionado por uma
nutricionista que registrará a sua dieta alimentar. Este acompanhamento será feito por meio da
aplicação de questionários específicos.
Estas avaliações serão feitas antes, durante e após as duas fases desta pesquisa. A
primeira fase consiste em um programa de exercícios físicos de corrida com duração de oito
semanas. A segunda fase, também de oito semanas, consiste no destreinamento, isto é, você
passará por um período no qual o exercício físico será interrompido.
Todos os dados coletados serão confidencias e sua identidade não será revelada
publicamente em hipótese alguma. Somente os pesquisadores envolvidos no projeto terão
acesso aos dados, que serão utilizados apenas para fins de pesquisa e divulgação científica em
congressos, livros e revistas.
Os possíveis riscos deste estudo estão relacionados com o exercício físico: lesões
nos músculos e ossos, náuseas, vertigens, dores musculares e articulares após o exercício. Estas
situações são raras e você será acompanhado todo o tempo por profissionais treinados. Qualquer
desconforto durante e após os exercícios deverá ser avisado aos pesquisadores para que estes
possam tomar as providências devidas (interromper o treinamento, encaminhar você para o
médico ou fisioterapeuta). Também existe risco de hematomas decorrentes da coleta de sangue
e de desmaio ou tontura durante o procedimento, de desconforto durante e após a biopsia e do
desenvolvimento de uma pequena cicatriz no local da biopsia. A coleta de sangue será realizada
em ambiente adequado, com materiais descartáveis, e por médico devidamente treinado. A
biópsia será realizada com aplicação de anestésico e a utilização de materiais descartáveis. As
avaliações serão feitas em salas especificamente reservadas para tal fim e estarão presentes
somente pessoas da equipe de pesquisa necessárias naquele momento.
Com a participação no estudo você será beneficiado com informações sobre a sua
saúde e com a melhora de sua condição física devido ao programam de exercícios de corrida.
Não está prevista qualquer forma de remuneração (pagamento) para você. Você também não
113
terá nenhum gasto com sua participação nesta pesquisa (todos os exames/consultas serão
arcados pelo projeto).
Você poderá recusar e/ou deixar de participar deste estudo a qualquer momento, sem
nenhum constrangimento, sem prejuízo em sua relação com a UFVJM e os pesquisadores. Os
pesquisadores responsáveis por este projeto podem decidir sobre a sua exclusão do estudo por
razões científicas, a respeito das quais você deverá ser devidamente informado.
Em caso de qualquer dúvida você poderá entrar em contato a qualquer hora com o
pesquisador responsável (Fabiano Trigueiro Amorim) pelo telefone (38) 8838-3441 ou com o
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade (3532-1240).
Testemunha: ___________________________________________
Testemunha: ___________________________________________
Declaro que expliquei todos os objetivos, benefícios e riscos deste estudo ao voluntário, dentro
dos limites de meus conhecimentos científicos.
114
Pesquisador responsável:
Refeição 2
Refeição 3
Refeição 4
Refeição 5
Refeição 6
119
Refeição 7
Assinatura: _________________________________________________________________________
120
Fig33. Desvio padrão médio dos intervalos R-R (ms) da frequência cardíaca. Anova P=0,191
(1)925,35 (2)988,65 (3)938,71 (4)942,25 (5)938,07 (6)914,00
1 HIIT PRE 0,166910 0,995341 0,999480 0,999870 0,999926
2 HIIT POS 0,166910 0,402050 0,943507 0,920472 0,699144
3 HIIT DES 0,995341 0,402050 1,000000 1,000000 0,996585
4 MICT PRE 0,999480 0,943507 1,000000 0,999985 0,882750
5 MICT POS 0,999870 0,920472 1,000000 0,999985 0,936845
6 MICT DES 0,999926 0,699144 0,996585 0,882750 0,936845
Fig34. Raiz quadrada da média do quadrado das diferenças entre intervalos R-R adjacentes (RMSSD).
Anova p=0,615
(1)33,945 (2)45,400 (3)37,782 (4)32,527 (5)38,291 (6)34,400
1 HIIT PRE 0,082636 0,936454 0,999832 0,964969 0,999999
2 HIIT POS 0,082636 0,449152 0,182592 0,773248 0,336680
3 HIIT DES 0,936454 0,449152 0,923598 0,999999 0,988427
4 MICT PRE 0,999832 0,182592 0,923598 0,728696 0,997437
5 MICT POS 0,964969 0,773248 0,999999 0,728696 0,932760
6 MICT DES 0,999999 0,336680 0,988427 0,997437 0,932760
Fig34. Número de intervalos RR adjacentes com diferença de duração > 50 ms (NN50). Anova
p=0,590
(1)39,909 (2)63,455 (3)55,636 (4)34,364 (5)42,818 (6)39,909
1 HIIT PRE 0,245683 0,671299 0,998547 0,999941 1,000000
2 HIIT POS 0,245683 0,975404 0,290970 0,659314 0,523878
3 HIIT DES 0,671299 0,975404 0,629972 0,934326 0,856999
4 MICT PRE 0,998547 0,290970 0,629972 0,965552 0,994865
5 MICT POS 0,999941 0,659314 0,934326 0,965552 0,999784
6 MICT DES 1,000000 0,523878 0,856999 0,994865 0,999784
127
Fig36. Percentual de intervalos RR adjacentes com diferença > 50 ms (pNN50). Anova P=0,156
(1)12,664 (2)24,809 (3)17,536 (4)12,155 (5)14,664 (6)12,609
1 HIIT PRE 0,013569 0,722571 0,999998 0,997915 1,000000
2 HIIT POS 0,013569 0,307858 0,084023 0,253358 0,104647
3 HIIT DES 0,722571 0,307858 0,847059 0,988505 0,889008
4 MICT PRE 0,999998 0,084023 0,847059 0,977799 0,999995
5 MICT POS 0,997915 0,253358 0,988505 0,977799 0,990963
6 MICT DES 1,000000 0,104647 0,889008 0,999995 0,990963