Você está na página 1de 98

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO-SENSU

MESTRADO PROFISSIONAL EM EXERCÍCIO FÍSICO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE

ELTON JHONY DE ALMEIDA

APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA:
CONCEITOS, PROTOCOLOS E APLICAÇÃO

Londrina - Paraná
2019
ELTON JHONY DE ALMEIDA

APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA:
Cidade
CONCEITOS, PROTOCOLOS
ano E APLICAÇÃO
AUTOR

Trabalho de conclusão final de curso apresentado à Universidade


Pitágoras UNOPAR, Unidade JD Piza, como requisito parcial para
a obtenção do título de Mestre Profissional em Exercício Físico na
Promoção da Saúde.

Orientador: Prof. Dr. Cosme Franklim Buzzachera

Londrina - Paraná
2019
AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO,
POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO,
PARA FINS DE ESTUDO OU PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Universidade Pitágoras UNOPAR
Biblioteca Central
Setor de Tratamento da Informação

A447a De Almeida, Elton Jhony


Aptidão cardiorrespiratória: Conceitos, protocolos e aplicação / Elton
Jhony de Almeida. Londrina: [s.n.], 2019.
97f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Mestrado Profissional em Exercício


Físico na Promoção da Saúde). Universidade Pitágoras UNOPAR.
Orientador: Prof. Dr. Cosme Franklim Buzzachera

1 – Exercício Físico – Relatório Técnico de Mestrado – UNOPAR 2 –


Livro Eletrônico 3 – Aptidão Cardiorrespiratória 4 – Promoção da Saúde 5
– Exercício Físico – Avaliação Física – I – Buzzachera, Cosme Franklim;
Orient. II – Universidade Pitágoras UNOPAR.

CDU 613.7
Andressa Fernanda Matos Bonfim - CRB 9/1643
ELTON JHONY DE ALMEIDA

APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA:
CONCEITOS, PROTOCOLOS E APLICAÇÃO

Trabalho de conclusão final de curso apresentado à Universidade Pitágoras UNOPAR


Unidade JD Piza, como requisito para a obtenção do título de Mestre Profissional em
Exercício Físico na Promoção da Saúde, conferido pela Banca Examinadora:

_________________________________________
Prof. Dr. Cosme Franklim Buzzachera
Universidade Pitágoras UNOPAR
(Orientador)

_________________________________________
Prof. Dr. Andreo Fernando Aguiar
Universidade Pitágoras UNOPAR
(Membro Interno)

_________________________________________
Prof. Dr. Denílson de Castro Teixeira
Universidade Estadual de Londrina
(Membro Externo)

_________________________________________
Prof. Dr. Dartagnan Pinto Guedes
Universidade Pitágoras UNOPAR
(Coordenador do Curso)

Londrina, 27 de março de 2019.


DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a Deus Pai, Deus Filho e Espirito

Santo pelo dom da vida e pela oportunidade de concluir

mais essa etapa em minha vida

i
AGRADECIMENTOS

Agradeço inicialmente a Deus por me abençoar e sempre me guiar meus passos nos
diversos desafios que enfrentei e venci, e ainda, por me permitir concluir mais uma etapa
acadêmica.

Agradeço imensamente ao meu orientador Prof. Dr. Cosme Franklim Buzzachera, que além
de me orientar com muita dedicação, carinho, ajuda, apoio, me aconselhou diversas vezes e ainda
me possibilita grandes oportunidades, um verdadeiro mestre e amigo.

Agradeço aos colegas do Grupo de Estudo e Pesquisa em Sistema Cardiorrespiratório &


Exercício Físico, pela convivência prazerosa nas atividades desenvolvidas e apoiar nas coletas de
dados da pesquisa que suporta o presente relatório técnico de conclusão de curso de Mestrado.

Por fim, agradeço imensamente a minha família, principalmente minha esposa (Leonora
Almeida) e minha avó (Maria das Dores), que não mediram esforços para que eu pudesse galgar
mais essa etapa em minha vida acadêmica e profissional.

ii
DE ALMEIDA, Elton Jhony. Aptidão cardiorrespiratória: Conceitos, protocolos e aplicação.
Trabalho de Conclusão Final de Curso. Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da
Saúde. Universidade Pitágoras UNOPAR, Londrina, 2019.

RESUMO

A aptidão cardiorrespiratória é considerada um componente da aptidão física de manifesta importância, seja

no âmbito da saúde ou da performance humana. A aptidão cardiorrespiratória relaciona-se com a capacidade

individual para realizar exercício físico dinâmico, com duração prolongada, em uma intensidade moderada a

vigorosa, refletindo, inclusive, a integridade anatômica e fisiológica dos sistemas respiratório, cardiovascular e

musculoesquelético. Atualmente, reconhece-se que níveis baixos de aptidão cardiorrespiratório causados por

um cotidiano pouco ativo pode predispor, em certos casos precocemente o surgimento e desenvolvimento de

doenças crônico-degenerativas, não-transmissíveis, com potencial clínico para aumentar o risco de morte. A

compreensão de conceitos básicos relacionados à aptidão cardiorrespiratória, como avaliá-la e orientá-la, de

modo seguro e eficiente, tornou-se, assim, fundamental para profissionais da saúde que atuam em programas

de reabilitação e prevenção primária e secundária. Neste contexto, elaborou-se a presente produção técnica,

visando auxiliar profissionais da área da saúde prestadores de serviços de avaliação, prescrição, e orientação

do exercício físico no âmbito do condicionamento físico aeróbico. A produção técnica, um livro eletrônico ou

e-book, intitulado “Aptidão ardiorrespiratória: Teoria e prática”, aborda, inicialmente, mecanismos fisiológicos

associados com a aptidão cardiorrespiratória e sua relação com a saúde e a performance humana. O material

aborda, ainda, protocolos, clássicos e modernos, usados na avaliação da aptidão cardiorrespiratória, assim

como fornece recomendações básicas no âmbito da prescrição e orientação do exercício físico no contexto

do condicionamento físico aeróbico. A presente produção técnica, finalmente, é composta por um manuscrito

científico original, intitulado provisoriamente “Does sex impacts psychophysiological responses to incremental

exercise following transcranial direct current stimulation?”, a ser submetido para publicação no periódico

“Brain Stimulation” (WEBQUALIS A2).

Palavras-chave: Promoção da Saúde, Avaliação Física, Aptidão Física, Aptidão Cardiorrespiratória.

iii
DE ALMEIDA, Elton Jhony. Cardiorespiratory fitness: Definitions, protocols, and practical
application. Master Dissertation. Professional Master in Exercise for Health Promotion. University
Pitagoras UNOPAR, Londrina, 2019.

ABSTRACT

In the last decades, cardiorespiratory fitness has been recognized as a key component of physical fitness, with

notable relevance in both health and athletic performance. Cardiorespiratory fitness is related to the individual

capacity to perform prolonged, moderate-to-vigorous, dynamic exercise, reflecting, therefore, the structural

and functional integrity of musculoskeletal, cardiovascular, and respiratory systems. It is currently recognized

that low levels of cardiorespiratory fitness are directly associated with insufficiently active lifestyle, which, in

turn, may predispose individuals to develop a number of chronic diseases with a clinical potential to increase

risk of death. In this context, a better understanding of basic definitions associated to cardiorespiratory fitness,

with emphasis on a safe and efficient assessment and prescription, may be crucial for health professionals in

clinical, rehabilitation, and fitness settings. Here, we developed an electronic book or e-book, originally intitled

“Cardiorespiratory fitness: Theory & Practice”, which is focused on assessment of cardiorespiratory fitness

and prescription and/or orientation of aerobic exercises. Firstly, the current e-book approaches physiological

mechanisms related to cardiorespiratory fitness and their association with health and athletic performance. In

addition, the e-book discusses classical and modern protocols commonly used for assessing cardiorespiratory

fitness, as well as details basic concepts related to aerobic exercise prescription and orientation. Despite the

e-book, the current Master Dissertation is still composed by an original manuscript, entitled “Does sex impacts

psychophysiological responses to incremental exercise following transcranial direct current stimulation?”, to

be submitted for publication to ‘Brain Stimulation” (WEBQUALIS A2).

Keywords: Health Promotion, Fitness, Cardiorespiratory fitness, Assessment, Prescription.

iv
SUMÁRIO

RESUMO .............................................................................................................................. iii

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 1

2. JUSTIFICATIVA .................................................................................................... 3

3. METODOLOGIA ................................................................................................... 4

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 6

5. APÊNDICE 1: LIVRO ELETRÔNICO ........................................................................... 8

6. APÊNDICE 2: MANUSCRITO CIENTÍFICO .................................................................. 73

7. APÊNDICE 3: RESUMO CIENTÍFICO ......................................................................... 86

v
1

1 INTRODUÇÃO

O ser humano em movimento tem sido foco de atenção na fisiologia humana desde os

primórdios do Século XIX. Investigações pioneiras realizadas por cientistas famosos, incluindo

Antoine Lavoisier e Nathan Zuntz, forneceram informações preliminares sobre comportamento

humano durante repouso e exercício físico. Contudo, foi apenas no Século XX que o estudo do

ser humano em movimento ganhou notoriedade. Inspirado por estudos de pesquisadores norte-

americanos e europeus, incluindo Francis G. Benedict, Göran Liljestrand, August Krogh, entre

outros, Archibald V. Hill, vencedor do Prêmio Nobel de Medicina de 1922, e colegas publicaram

uma série de novos estudos científicos capazes, inclusive, de dar origem a uma nova disciplina

acadêmica, chamada, atualmente, fisiologia do exercício (Tipton, 2014). Usando equipamentos

disponíveis na época, como bolsa de Douglas, gasômetro de volume de ar Tissot, e analisador

de trocas gasosas de John Haldane, Hill e colegas (Hill e Lupton, 1922; Hill et al., 1924a, 1924b)

investigaram, durante sessões repetidas de corridas com velocidades graduais, a relação entre

intensidade do esforço e consumo de oxigênio (v̇O2), na época reconhecido como um indicador

de metabolismo oxidativo em seres humanos. Os autores notaram, originalmente, a existência

de uma relação linear entre intensidade do esforço e v̇O2, com a presença de uma estabilidade

inesperada nos dados de v̇O2 nos momentos finais de corridas em intensidades mais vigorosas.

Tal fenômeno de “platô” foi interpretada pelos autores como um indicador do limite superior do

metabolismo oxidativo, sendo denominado, então, consumo máximo de oxigênio (v̇O2max; Bassett

Jr, 2002).

Nas últimas décadas, o v̇O2max tem recebido enorme atenção, devido a sua importância

crucial nos âmbitos da saúde e da performance humana (Bassett Jr e Howley, 2000). Apesar da

sua notoriedade aparente, debates acalorados ainda são evidentes na literatura científica sobre

seus mecanismos determinantes – e principalmente, fatores limitantes, referente a contribuição,

único ou compartilhada, de processos fisiológicos de transporte de oxigênio (O2) aos músculos


2

ativos “e/ou” consumo mitocondrial de O2 via metabolismo oxidativo (Bassett Jr e Howley, 1997;

Noakes et al., 1998). Independente de seus mecanismos determinantes – e fatores limitantes, o

v̇O2max pode representar a capacidade individual máxima para captar, transportar e utilizar O2 na

musculatura ativa durante exercício físico vigoroso (Bassett Jr e Howley, 2000), sendo capaz de

refletir, indiretamente, a integridade anatômica e funcional de diversos sistemas orgânicas, com

ênfase nos sistemas pulmonar, cardiovascular e musculoesquelético. Neste contexto, o v̇O2max

tornou-se o principal indicador fisiológico de aptidão cardiorrespiratória em humanos, saudáveis

ou portadores de condições clínicas (Levine, 2008). Atualmente, a aptidão cardiorrespiratória,

refletida pelo v̇O2max, é um componente da aptidão física de manifesta importância, adotado por

profissionais da saúde no diagnóstico e prognóstico de distúrbios crônico-degenerativos, como

doenças cardiovasculares (Nauman et al., 2017), metabólicas (Momma et al. 2017; Kawakami et

al. 2018), cognitivas (Defina et al., 2013), além da predição de mortalidade (Ross et al., 2016).

A determinação da aptidão cardiorrespiratória, especificamente, v̇O2max, é comumente

feita através de testes de exercício físico incremental, adotados por profissionais da saúde em

suas práticas clínicas rotineiras. Em geral, testes de exercício físico incremental são compostos

por aumentos lineares e progressivos na carga de trabalho até a intolerância do cliente/paciente

avaliado ao esforço pré-estabelecido. Tais testes ganharam notoriedade nas últimas décadas ao

estimar, com certa exatidão e precisão, v̇O2max. Uma estimativa adequada de v̇O2max dependerá,

contudo, do cuidado minucioso na manipulação de aspectos intrínsecos ao teste de exercício

físico incremental proposto (Beltz et al., 2016). Dentre os principais aspectos a serem citados,

destacam-se, por exemplo, a modalidade do teste, duração e incremento da carga de trabalho

em cada estágio, além da duração total do teste. Tais aspectos, de modo isolado ou combinado,

formam o chamado “protocolo” do teste. Cabe notar que a seleção de um dado “protocolo” não

depende, exclusivamente, de seus aspectos intrínsecos per se, mas também da disponibilidade

de recursos materiais e humanos existentes no local de avaliação e das características físicas

do cliente/paciente avaliado (Midgley et al., 2007; Eston e Reilly, 2009). Desta maneira, percebe-

se que a seleção de um dado “protocolo” de teste de exercício físico com cargas de trabalho
3

incrementais é aparentemente um processo complexo e moroso, dependente das condições

circundantes e dos propósitos do profissional responsável por sua aplicação e interpretação de

seus resultados.

2 JUSTIFICATIVA

Em meados da década de 50, Taylor et al. (1953) demonstraram, pioneiramente, que a

sensibilidade de respostas dinâmicas do v̇O2 durante testes de exercício físico incrementais era

dependente, ultimamente, das características do avaliado e protocolo empregado. Basicamente,

os autores notaram que diferentes aspectos, incluindo modalidade, incremento e duração de

cada estágio, duração total do teste, condicionamento físico e dieta do avaliado, foram capazes

de influenciar respostas fisiológicas, primariamente v̇O2, durante a condução do teste. Desde

então, vários estudos científicos têm sido conduzidos para identificar novos protocolos capazes

de estimar, com exatidão e precisão, v̇O2max, considerando-se diferenças nos clientes/pacientes

avaliados, propósitos, e condições do meio circundante (Midgley et al 2007). Por um lado, maior

número de protocolos significa maior possibilidade de escolha pelo profissional da saúde; por

outro lado, pode dificultar a sua tomada de decisão, principalmente considerando-se que v̇O2max

não é estimado em todo e qualquer teste de exercício físico incremental (Day et al. 2003). Desta

maneira, profissionais da área da saúde devem ser capazes de compreender, primeiramente, as

diferentes nuances na aplicação de um protocolo de teste de exercício físico incremental, para,

então, empregá-lo na tentativa de estimar, coerentemente, v̇O2max. O advento de novos materiais

com informações úteis e atuais, baseados em evidências científicas, pode, portanto, interessar

aos profissionais da área da saúde que prestam serviços de avaliação, prescrição, e orientação

de exercício físico no contexto do condicionamento físico aeróbico.

A presente produção técnica surge neste contexto, onde um livro eletrônico ou e-book,

intitulado “Aptidão cardiorrespiratória: Teoria e prática” fornece informações teóricas e práticas,


4

baseadas em evidências, aos profissionais da área da saúde, indicando-os como avaliar v̇O2max,

ou aptidão cardiorrespiratória, e orientando-os como interpretar e aplicar os resultados de suas

avaliações nos contextos clínico e condicionamento físico. A presente produção técnica pode,

ainda, contribuir para acadêmicos e pesquisadores no delineamento experimental de estudos

científicos futuros.

3 METODOLOGIA

3.1 DESENVOLVIMENTO DO LIVRO ELETRÔNICO (E-BOOK)

O livro eletrônico foi elaborado foi elaborado em três etapas distintas, nomeadamente, revisão

literária do conteúdo de interesse, definição de tópicos abordados no produto final, e processo

de criação, diagramação e arte final, a ser realizada por um profissional de design gráfico.

3.1.1 ELABORAÇÃO TEÓRICA DO MATERIAL

Após revisão literária, fez-se o processo de seleção de livros especializados e artigos científicos

para leitura e inserção da informação contida no presente livro eletrônico. No primeiro capítulo

do material, denominado “Aptidão Cardiorrespiratória: Mitos e Verdades”, destacam-se os itens:

(1) Aptidão Cardiorrespiratória: Um breve contexto histórico

(2) Aptidão Cardiorrespiratória: Determinantes fisiológicos

(3) Aptidão Cardiorrespiratória: Relação com a saúde humana

(4) Aptidão Cardiorrespiratória: Relação com a performance humana

Na segunda capitulo do material, descreveu-se informações úteis no contexto da avaliação da

aptidão cardiorrespiratória, realçando pressupostos básicos e protocolos, clássicos e modernos,

de testes de exercício físico, máximos e submáximos, usados nos âmbitos clínico e científicos:
5

(5) Aptidão Cardiorrespiratória: Conceitos iniciais

(6) Aptidão Cardiorrespiratória: Testes laboratoriais

(7) Aptidão Cardiorrespiratória: Testes de campo

Por fim, no último capítulo do material, serão apresentadas as informações como segue:

(8) Aptidão Cardiorrespiratória: Dados normativos

(9) Aptidão Cardiorrespiratória: Prescrição

(10) Aptidão Cardiorrespiratória: Orientação

(11) Aptidão Cardiorrespiratória: Considerações Finais

3.1.2 CRIAÇÃO, DIAGRAMAÇÃO, ARTE FINAL, E SOLICITAÇÃO DO ISBN

Após aprovação do conteúdo pela banca examinadora, um profissional de design gráfico deve

ser contratado para concluir os processos de criação, diagramação, e arte final do Guia Prático.

Utilizar-se-á programas de edição de imagens CorelDraw e Photoshop (V. 7.1), considerando as

dimensões propostas para o livro eletrônico - 21.0 × 29.7 cm (A4; formato .pdf). O material deve

ser revisado por profissional da área linguística, solicitando-se, por fim, International Standard

Book Number (ISBN), com sua divulgação feita no website www.cardiorrespiratory.com/ebook.


6

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bassett DR, Howley ET. Limiting factors for maximum oxygen uptake and determinants of
endurance performance. Med Sci Sports Exerc 32: 70-84, 2000.

Bassett DR, Howley ET. Maximal oxygen uptake: "classical" versus "contemporary" viewpoints.
Med Sci Sports Exerc 29: 591-603, 1997.

Bassett DR. Scientific contributions of A. V. Hill. J Appl Physiol 93: 1567-1582, 2002.

Beltz NM, Gibson AL, Janot JM, et al. Graded exercise testing protocols for the determination of
v̇O2max: Historical perspectives, progress, and future considerations. J Sports Med, 2016:
3968393, 2016.

Day AY JR, Rossiter HB, Coats EM, et al. The maximally attainable v̇O2 during exercise in
humans: the peak vs. maximum issue. J Appl Physiol. 95: 1901-1907, 2003.

Hill AV, Long CNH, Lupton H. Muscular exercise, lactic acid, and the supply and utilization of
oxygen – Parts i – iii. Proc Roy Soc B 96: 438-475, 1924a.

Hill AV, Long CNH, Lupton H. Muscular exercise, lactic acid, and the supply and utilization of
oxygen – Parts vii – viii. Proc Roy Soc B 97: 155-176, 1924b.

Hill AV, Lupton H. The oxygen consumption during running. J Physiol 56: 32-33, 1922.

Kawakami R, Sawada S, Lee IM, et al. Long-term impact of cardiorespiratory fitness on type 2
diabetes incidence: A cohort study of Japanese men. J Epidemiol 28: 266-273, 2018.

Levine BD. v̇O2max: What do we know, and what do we still need to know? J Physiol. 586: 25-34,
2008.

Midgley AW, McNaughton LR, Polman R, et al. Criteria for determination of maximal oxygen
uptake: a brief critique and recommendations for future research. Sports Med. 37: 1019-
1028, 2007.
7

Momma H, Sawada S, Lee IM, et al. Consistently high level of cardiorespiratory fitness and
incidence of type 2 diabetes. Med Sci Sports Exerc 49: 2048-2055, 2017.

Nauman J, Nes BM, Lavie CJ, et al. Prediction of cardiovascular mortality by estimated
cardiorespiratory fitness independent of traditional risk factors: The HUNT Study. Mayo Clin
Proc 92: 218-227, 2017.

Noakes TD. Maximal oxygen uptake: "classical" versus "contemporary" viewpoints: A rebuttal.
Med Sci Sports Exerc 30: 1381-1398, 1998.

Poole DC, Jones AM. Measurement of the maximum oxygen uptake v̇O2max: v̇O2peak is no
longer acceptable. J Appl Physiol. 122: 997-1002, 2017.

Ross R, Blair SN, Arena R, et al. Importance of assessing cardiorespiratory fitness in clinical
practice: A case for fitness as a clinical vital sign: A scientific statement from the American
Heart Association. Circulation 134: e653-699, 2016.

Taylor HL, Buskirk E, Henschel A. Maximal oxygen intake as an objective measure of cardio-
respiratory performance. J Appl Physiol. 8: 73-80, 1955.

Tipton CM. History of exercise physiology. Champaign: Human Kinetics Books, 2014.
8

VOLUME I

APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA
TEORIA & PRÁTICA

ELTON JHONY DE ALMEIDA · COSME FRANKLIM BUZZACHERA

WWW.CARDIORESPIRATORYRG.COM / E-BOOK SERIES


9

Copyright © 2019 by Cardiorespiratory Research Group

Nenhuma parte deste livro eletrônico (e-book) pode ser reproduzido ou transmitido de qualquer
forma ou por quaisquer meios eletrônico, mecânico, fotocopiado, gravado ou outro, sem
permissão por escrito do Cardiorespiratory Research Group da Universidade Pitágoras Unopar.

Informações e Contato Elton Jhony de Almeida (jhonyalmeidatri@gmail.com)

Produção e Supervisão Editorial Dr. Cosme Franklim Buzzachera

Professor Titular da Universidade Pitágoras Unopar

Programa de Mestrado/Doutorado Profissional em


Exercício Físico na Promoção da Saúde - UNOPAR

Equipe Técnica Elton Jhony de Almeida


Dr. Cosme Franklim Buzzachera

Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica Gabriele Gomes Bernardes

Impressão Eletrônica Kous9

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP – BRASIL)

CÂMARA BRASILEIRA DO LIVRO, SÃO PAULO, BRASIL

De Almeida, Elton Jhony; Buzzachera, Cosme Franklim

Aptidão Cardiorrespiratória: Teoria & Prática / Elton Jhony de Almeida. / Cosme Franklim
Buzzachera. - 1.ed. – Londrina: Cardiorespiratory Research Group E-book Series, 2019 –
xxp.

1. Aptidão Física 2. Aptidão Cardiorrespiratória 3. Exercício Físico

ISBN 000-00-0000-000-0

Cardiorespiratory Research Group · Universidade Pitágoras Unopar

Avenida Paris, 675, Jardim Piza

CEP 86041-120 Londrina, Paraná, Brasil

www.cardiorespiratoryrg.com
10

SUMÁRIO

CAPA ............................................................................................................................ 8

COPYRIGHT ................................................................................................................... 9

PREFÁCIO ...................................................................................................................... 11

PARTE 1 APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA: MITOS E VERDADES

APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA: UM BREVE CONTEXTO HISTÓRICO ......................................... 14

APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA: DETERMINANTES FISIOLÓGICOS .......................................... 17

APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA: RELAÇÃO COM A SAÚDE HUMANA ........................................... 22

APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA: RELAÇÃO COM A PERFORMANCE HUMANA ......................... 24

PARTE 2 APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA: AVALIAÇÃO

AVALIAÇÃO DA APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA: CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................ 28

AVALIAÇÃO DA APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA: TESTES LABORATORIAIS E TESTES CAMPO ... 37

PARTE 3 APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA: PRESCRIÇÃO E

ORIENTAÇÃO

APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA: DADOS NORMATIVOS ......................................................... 48

APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA: PRESCRIÇÃO E ORIENTAÇÃO ................................................. 50

APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA: CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................... 52

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................................... 53

SOBRE OS AUTORES ..................................................................................................... 64

AGRADECIMENTOS ........................................................................................................ 65
11

PREFÁCIO

Caso uma sucinta análise da evolução dos seres humanos seja feita, logo percebe-se que, assim

como outros milhões de organismos vivos existentes no planeta, fomos criados para depender,

de sobremaneira, de nossos esforços físicos para assegurarmos nossa sobrevivência, e no caso

humano, realizarmos nossas diversas demandas diárias. Para garantir a continuidade da espécie,

nossos ancestrais foram pressionados a adaptar-se a um meio circundante em transformação, e

a seleção de genes associados com a otimização anatômica e funcional dos sistemas orgânicos

humano foi crucial. Tal cenário evolutivo, baseado nos pressupostos da teoria Darwinista, indica

que a transformação e perpetuação da espécie humana ao longo dos milênios deu-se além da

sua superior capacidade cognitiva em relação aos demais seres vivos existentes1. Nos dias atuais,

nossa dependência do esforço físico, em muitos casos, parece ser irrisória em relação àquela de

nossos ancestrais de um passado remoto. A sociedade hodierna, pela primeira vez na história da

humanidade, permite aos seus membros uma vida onde a atividade física é secundária e opcional,

criando uma dissonância entre herança gênica ancestral e modo de viver 2. A reduzida demanda

energética necessária para nossa sobrevivência contemporânea trouxe consigo comodidade – e

desafios novos e complexos capazes de ameaçar, inclusive, a perpetuação da espécie humana.

De fato, atualmente, o sedentarismo é considerado um importante fator de risco para longevidade

ao nos predispor, em alguns casos precocemente, ao surgimento e desenvolvimento de diversas

doenças crônicas não-transmissíveis frequentemente associadas com mortalidade prematura 3-5.

O modo de viver sedentário, infelizmente, alastrou-se rapidamente ao redor do mundo, tornando-

se um comportamento de risco pandêmico a ser urgentemente combatido em nossa sociedade.

Sob uma perspectiva evolucionária, o ser humano moderno deveria evitar, a todo custo, um estilo

de vida sedentário, maximizando todas as suas oportunidades de tornar-se “fisicamente ativo”.

Aumentar a nossa demanda energética diária, através da prática de atividades onde a exigência

física faz-se presente, deve ser foco primário de nossos esforços para assegurar a sobrevivência

e a perpetuação da espécie humana em uma sociedade em rápida transformação e evolução. O


12

ser humano moderno, então, deve não apenas reconhecer a importância da atividade física em

sua vida cotidiana6, mas, obviamente, praticá-la, haja visto que cerca de 70% da população adulta

mundial é considerada “fisicamente ativa”7. Neste cenário de discordância entre conhecimento e

prática, surgem profissionais capazes de auxiliar-nos no planejamento, organização, e realização

de esforços físicos, de modo seguro e eficiente, minimizando riscos à saúde decorrentes de nosso

estilo de vida sedentário. Esforços físicos minuciosamente organizados para potencializar a nossa

aptidão física, um conjunto de atributos associados com nossa capacidade de realizar numerosas

atividades no dia-a-dia†, asseguram, além de riscos menores à saúde, maior longevidade e melhor

qualidade de vida durante nossa existência. Maximizar a nossa aptidão física em seus diferentes

atributos, outrora feita de maneira intuitiva e natural por nossos ancestrais, e atualmente, guiada,

em muitos casos, por profissionais especializados, tem sido um propósito difundido por agências

governamentais e não-governamentais responsáveis por promover saúde pública ao redor do

mundo8-9, criando-se, assim, um novo mercado com enorme proporções, seja no âmbito clínico

e/ou científico. O presente livro eletrônico insere-se neste contexto, auxiliando profissionais que

prestam serviços especializados na área da saúde, estudantes, e pesquisadores, a compreender,

avaliar, e intervir, de modo sistematizado e planejado, sobre um componente da aptidão física de

inegável importância, denominado aptidão cardiorrespiratória.

A aptidão cardiorrespiratória ou aptidão aeróbica denota a capacidade individual para realizar

exercício físico‡ dinâmico, com duração prologada, em uma intensidade moderada a vigorosa.10

Tal capacidade depende, ultimamente, da integração funcional e fisiológica de diversos sistemas

orgânicos, com ênfase nos sistemas respiratório, cardiovascular e musculoesquelético.11 Neste

sentido, o primeiro capítulo do livro aborda os principais mecanismos fisiológicos determinantes

da aptidão cardiorrespiratória – e seus indicadores. O primeiro capítulo destaca ainda as razões

as quais a aptidão cardiorrespiratória foi considerada historicamente um atributo da aptidão física

† Aptidão física é definida como um conjunto de atributos ou características individuais associadas com a capacidade
para realizar atividades cotidianas, incluindo exercício físico. Atributos como força e resistência muscular, flexibilidade,
agilidade, coordenação, equilíbrio, entre outros, compõem a aptidão física individual. 10

‡ Exercício físico é definido como um tipo de atividade física, porém, organizado e planejado com a finalidade de manter
e/ou melhorar um ou mais componentes da aptidão física individual.10
13

de manifesta importância, destacando a sua plausível relação com numerosas doenças crônicas

degenerativas não-transmissíveis e mortalidade. O segundo capítulo do livro busca, por sua vez,

exibir como uma avaliação da aptidão cardiorrespiratória pode ser realizada, de modo adequado

e efetivo, assegurando a integridade anatômica e funcional do cliente/paciente avaliado. Destaca-

se neste capítulo a ilustração de protocolos de avaliação rotineiramente usados no âmbito clínico

e/ou científico, de cunho submáximo e/ou máximo, capazes de serem realizados em ambientes

internos e/ou externos, em diferentes grupos populacionais. Por fim, o terceiro capítulo deste livro

aborda a interpretação dos resultados oriundos de testes máximos e/ou submáximos para avaliar

aptidão cardiorrespiratório, fornecendo subsídios úteis aos profissionais da área da saúde para a

prescrição e orientação do exercício físico aeróbico. Os autores desejam a todos uma boa leitura!

Elton Jhony de Almeida

Cosme Franklim Buzzachera


14

CAPITULO 1

APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA: MITOS E VERDADES

1.1 UM BREVE CONTEXTO HISTÓRICO

A aptidão cardiorrespiratória depende, basicamente, da integração funcional e fisiológica

dos sistemas respiratório, cardiovascular e musculoesquelético.11 Mecanismos associados

à disponibilidade e utilização do oxigênio (O2) captado do ar atmosférico e transferido até

a mitocôndria formam, portanto, a essência da aptidão cardiorrespiratória. A compreensão

de tais mecanismos fisiológicos é ainda motivo de debates acalorados por pesquisadores

da fisiologia do exercício.12 Cabe notar, todavia, que nossa compreensão sobre potenciais

mecanismos de transporte e uso de O2 na musculatura humana deriva de estudos pioneiros

conduzidos na Europa e na América do Norte em meados do Século XIX e primórdios do

Século XX, além dos estudos clássicos do famoso cientista francês Antoine Lavoisier (1743-

1794) no Século XVIII. De fato, baseado no conceito de respiração proposto por Lavoisier,

onde seres humanos consomem O2 e liberam CO2 ao ar atmosférico, Nathan Zuntz (1847-

1920), renomado fisiologista alemão vinculado a Universidade de Colônia, desenvolveu um

aparato respiratório portátil capaz de determinar o consumo de oxigênio (v̇O2) em seres

humanos e animais, particularmente equinos e caninos. Zuntz criou ainda a primeira esteira,

usada rotineiramente em seus estudos científicos pioneiros no âmbito do exercício físico.

Outros avanços técnicos ocorridos na época, como a criação de uma bolsa capaz de coletar

e armazenar o ar respirado – denominada, atualmente, Bolsa de Douglas -, e o método de

absorção de John S. Haldane (1860-1936), permitindo a mensuração de ambos, O2 e CO2,

deram as condições metodológicas mínimas para o avanço científico na área da fisiologia

do esforço.13 Alguns notáveis pesquisadores rapidamente beneficiaram-se de tais avanços

metodológicos, incluindo Francis Benedict (1870-1920), Goran Ljljestrand (1886-1960), e o

vencedor do Prêmio Nobel de 1920, August Krogh (1874-1949), constituindo a base teórica

para novas investigações sobre v̇O2 durante repouso e exercício físico em seres humanos.
15

Em uma época áurea para a fisiologia do exercício, destaca-se o nome de Archibald Vivian

Hill (1886-1977). O renomado pesquisador inglês deduziu, a partir de diversos manuscritos

publicados em famosos periódicos científicos da época, a existência de um limite superior

no v̇O2 durante exercício físico, denominando-o consumo máximo de oxigênio (v̇O2max). De

fato, analisando resultados de um estudo com corredores de Liljestrand e Stenstrom14, Hill

e seu colega, Hartley Lupton (1892-1924), intrigaram-se com a estabilidade no v̇O2 evidente

nas velocidades de corrida mais elevadas, os quais permaneciam imutáveis após aumentos

na velocidade. Tal fenômeno, interpretado pelos autores suecos como uma maior eficiência

de corrida – em outras palavras, maior velocidade de corrida independente de um aumento

na demanda por O2 -, foi diferentemente entendido por Hill e Lupton, os quais acreditavam

na existência de um limite superior na capacidade de produção energética no metabolismo

aeróbico. Neste caso, qualquer aumento na velocidade de corrida acima de tais limites seria

somente capaz pelo fornecimento de energia – leia-se, adenosina monofosfato ou ATP –

de origem anaeróbica.15 Novas investigações, conduzidas por Hill – onde ele próprio foi o

“sujeito” avaliado – confirmaram suas intuições originais, levando-o, assim, a postular:

“Embora a velocidade tenha sido aumentada além deste limite, nenhum

aumento no v̇O2 pareceu ocorrer: o coração, pulmões, circulação, e difusão

de O2 para as fibras musculares ativas atingiram a sua atividade máxima”

A existência ou não de um platô no v̇O2 durante exercício físico máximo tem sido debatida

por pesquisadores na atualidade.16 Maiores detalhes podem ser encontrados no Box 2.1

no Capítulo 2 deste livro. Outros postulados de Hill têm sido aceitos firmemente na literatura

científica atual. Um exemplo diz respeito às diferenças individuais no v̇O2max†. Hill e Lupton

acreditavam na presença de diferenças individuais notáveis no v̇O2max, assumindo, inclusive,


A influência de fatores genéticos no v̇O2max é ainda incerta. Estudos do projeto HERITAGE, liderados por Claude Bouchard
(1939-), revelaram que a herdabilidade do v̇O2max é, no máximo, 50%, com forte influência maternal.17 Respostas do v̇O2max
ao treinamento físico seguem tendência similar, com uma herdabilidade de ~47% e forte influência maternal (~28%).18
16

que o sucesso em provas de corrida de longa duração depende, ultimamente, de um v̇O2max

elevado:

“Um homem pode não conseguir ser um bom corredor devido ao seu baixo

consumo de oxigênio, baixo débito de oxigênio máximo, ou um requerimento

de oxigênio elevado”

Tal pressuposto refutava o pensamento vigente na época, negando a existência de um valor

máximo e universal de v̇O2max, em torno de 4 L.min-1. Hoje, sabemos que valores superiores

a 7 L.min-1 têm sido reportados na literatura.19 Maiores detalhes sobre os limites humanos

de v̇O2max podem ser encontrados no Box 1.1 no presente Capítulo deste livro. O postulado

mais controverso de Hill, porém, diz respeito aos fatores limitantes do v̇O2max. Em um estudo

pioneiro20, especulou-se que v̇O2max durante exercício físico é limitado pela capacidade do

sistema cardiorrespiratório em fornecer O2 aos músculos ativos. Deste então, tal hipótese

foi debatida extensivamente por renomados pesquisadores na área da fisiologia do esforço,

sendo inclusive desafiada em estudos com procedimentos metodológicos minuciosamente

controlados.11 Os resultados destes estudos, na sua maioria, suportam o paradigma de Hill,

onde a disponibilidade de O2 aos músculos ativos, e não sua capacidade de utilizá-lo dentro

do músculo, limitam o v̇O2max.

BOX 1.1 Você Sabia? Quais são os limites superiores do v̇O2max em seres humanos? (anexo)

O trabalho notável realizado por renomados pesquisadores do passado, repleto de intuição,

sagacidade, e extremo cuidado metodológico, formou uma base sólida de conhecimento

teórico referente aos mecanismos fisiológicos determinantes da aptidão cardiorrespiratória,

com implicações diretas no âmbito da saúde e da performance humana.


17

1.2 DETERMINANTES FISIOLÓGICOS

O caminho do O2 captado do ar atmosférico até a mitocôndria no interior da fibra muscular

é longo, possuindo complexos obstáculos que podem desafiar o seu fluxo natural. A Figura

1 mostra os principais fatores fisiológicos que podem limitar o v̇O2max em modelos animais

e humanos durante exercício físico. Três fatores “centrais”, nomeadamente capacidade de

difusão pulmonar, débito cardíaco máximo† e capacidade de carreamento de O2 no sangue,

e um fator “periférico”, associado com as características intrínsecas das fibras musculares,

podem, isoladamente ou combinados, ser os vilões para um fluxo de O2 sem impedimentos.

Convidamos o leitor a analisar cada um destes fatores nos parágrafos a seguir.

CAPACIDADE DE DIFUSÃO PULMONAR. Durante exercício físico realizado ao nível de mar, sabe-

se que os pulmões são capazes de saturar o sangue arterial com O2 de um modo eficiente.

A saturação de oxigênio (%SatO2) pode, de fato, permanecer cerca de 95% mesmo quando

o exercício físico é vigoroso.21 Em certas circunstâncias, contudo, o sistema pulmonar pode

ser incapaz de adequadamente saturar o sangue arterial com O2, limitando, assim, o v̇O2max.

Reduções bruscas na %SatO2 não são evidentes graças a rapidez da passagem de células

vermelhas nos leitos capilares nos pulmões, assegurando um estado de perfeito equilíbrio

alvéolo-capilar. Entretanto, um certo desequilíbrio alvéolo-capilar pode ser encontrado em

atletas de endurance, os quais demonstram uma espécie de desaturação de O 2 arterial em

consequência de seus esforços extremamente vigorosos.22 Tal fenômeno é compreensível,

pois atletas de endurance possuem um débito cardíaco máximo maior em comparação com

seus pares não-atletas (~40 L.min-1 vs ~25 L.min-1, respectivamente), aumentando, assim, a

rapidez na passagem de células vermelhas nos leitos capilares dos pulmões, dificultando,

então, a sua saturação com O2.22 E caso o exercício físico vigoroso fosse realizado em uma

condição inóspita, como em um ambiente com altitude moderada (~3000 m), tais limitações

no v̇O2max causados pela difusão de O2 ainda assim seriam evidentes apenas em atletas de

† Débito cardíaco é definido como o produto do volume de ejeção pela frequência cardíaca.
18

endurance? A resposta é não. A maioria dos seres humanos, treinados ou não-treinados,

sofre reduções na capacidade de difusão de O2 em circunstâncias onde a disponibilidade

de O2 ambiental torna-se, de algum modo, dificultada. Podemos concluir, portanto, que a

capacidade de difusão de O2 pode, circunstancialmente, limitar o v̇O2max.

DÉBITO CARDÍACO MÁXIMO. Em sua investigação clássica, Hill e Lupton15 propuseram que o

débito cardíaco máximo é o fator responsável por explicar diferenças individuais no v̇O2max

em seres humanos. A hipótese foi corroborada por diversos estudos científicos conduzidos

por renomados fisiologistas do exercício ao longo das décadas.23 Atualmente, sabe-se que

diferenças individuais no v̇O2max entre pessoas treinadas e não-treinadas, mas com idades

iguais, são causadas por diferenças no volume de ejeção máximo†, pois variações mínimas

parecem existir na frequência cardíaca máxima e na capacidade de extração sistêmica de

O2.24 Durante exercício físico vigoroso, próximo à exaustão, grande parte do O2 disponível

no sangue é extraído e alocado, por perfusão, na musculatura ativa. De fato, o conteúdo de

O2 no sangue arterial em seres humanos, em repouso, é aproximadamente 200 mL O2.L-1.

Durante esforços vigorosos, porém, o conteúdo de O2 no sangue baixa para 20-30 mL O2.L-

1
, indicando que pouco O2 é deixado de ser extraído em tais circunstâncias. Percebemos,

então, que o mecanismo dominante para aumentar o v̇O2max certamente não está associada

com a melhor capacidade de extração sistêmica de O2, pois todas as pessoas, treinadas ou

não-treinadas, possuem valores similares durante repouso e exercício físico. O mecanismo

dominante é, portanto, o aumentado fluxo sanguíneo local, causado por melhorias no débito

cardíaco máximo via maior volume de ejeção máximo, onde uma maior disponibilidade de

O2 aos músculos ativos torna-se possível. De fato, hoje estima-se que 70-85% da limitação

do v̇O2max em seres humanos deriva, meramente, do débito cardíaco máximo.25

Figura 1 Fatores fisiológicos capazes de limitar o consumo máximo de oxigênio (v̇O2max)

em seres humanos durante exercício físico. (anexo)

† volume de ejeção é definido como o sangue bombeado pelo ventrículo cardíaco esquerdo por batimento.
19

CAPACIDADE DE CARREAMENTO DE O2 NO SANGUE. Outro modo de melhorar a disponibilidade

de O2 aos músculos ativos é mediante alterações no conteúdo de hemoglobina no sangue.26

A hipótese foi somente confirmada experimentalmente analisando-se o doping sanguíneo†,

prática onde o volume de células vermelhas no sangue é artificialmente aumentado graças

a remoção, estocagem, e subsequente reinfusão destas células. 26 O procedimento pode,

de fato, aumentar o v̇O2max em cerca de 4-9%,27 um ganho substancial tratando-se de uma

estratégia não-farmacológica. Neste sentido, podemos perceber, novamente, a importância

da disponibilidade de O2 aos músculos ativos para o v̇O2max, e concluímos assim que fatores

“centrais”, como débito cardíaco máximo e capacidade de carreamento de O2 no sangue,

e em menor magnitude, capacidade de difusão pulmonar, podem realmente limitar o v̇O2max

em seres humanos. A Figura 2 ilustra os principais determinantes fisiológicos do v̇O2max e

aborda, inclusive, a sua relação com fatores “periféricos”, particularmente características

intrínsecas do músculo esquelético, um tópico mais controverso a ser discutido a seguir.

Figura 2 Determinantes fisiológicos do v̇O2max. Modificado de Mitchell e Saltin.28 (anexo)

CARACTERÍSTICAS INTRÍNSECAS DO MÚSCULO ESQUELÉTICO HUMANO. Alguns autores acreditam,

atualmente, na possibilidade que características intrínsecas do músculo esquelético

podem atuar como um fator “periférico” de limitação do v̇O2max, onde aspectos como

gradiente de difusão, atividade mitocondrial, e densidade capilar, combinados ou

isoladamente, exercem seus efeitos. Tais aspectos serão abordados nos parágrafos a

seguir.

GRADIENTE DE DIFUSÃO PERIFÉRICO. Em um estudo científico pioneiro, Carl R. Honig (1925-

1993) e colegas da Universidade de Rochester, Estados Unidos, apresentaram evidências

sólidas da existência de uma limitação periférica na difusão de O2 na musculatura canina.

Usando um elegante modelo experimental associado com complexos cálculos matemáticos

† O doping sanguíneo foi uma estratégia comumente usada no âmbito esportivo, particularmente no ciclismo na década
de 90. Lance Armstrong, famoso ciclista americano heptacampeão do Tour de France, tornou-se a principal referência
do uso ilegal do doping sanguíneo, sendo recentemente banido, por toda a vida, de eventos esportivos oficiais. 29
20

os autores puderam concluir que o principal local de resistência à difusão sistêmica de O 2

ocorre entre a superfície de células vermelhas sanguíneas e o sarcolema - a membrana

plasmática em células musculares.30 Honig e colaboradores notaram uma intrigante queda

na pressão arterial de O2 (PO2) neste curto espaço físico entre superfícies, concluindo que

uma baixa PO2 intramuscular, relativa ao PO2 no sangue, faz-se necessária para assegurar

a difusão sistêmica do O2. Os autores puderam perceber, por fim, que independentemente

do fluxo sanguíneo local, aumentos no v̇O2 em músculos isolados ocorrem somente devido

a reduções na PO2 intramuscular, a qual depende, diretamente, do uso de O 2 mitocondrial.

Conclui-se, então, que a disponibilidade de O2 per se não representa o único fator limitante

do v̇O2max. Tais conclusões são aceitas por renomados pesquisadores até os dias atuais.11

CONTEÚDO/ATIVIDADE MITOCONDRIAL. Nas últimas décadas, a fisiologia do exercício parece

ter aumentado o seu interesse sobre a importância da mitocôndria como um fator limitante

do v̇O2max.31 Dentro das fibras musculares, as mitocôndrias atuam como locais onde o O 2 é

consumido nas etapas finais da cadeia de transporte de elétrons†. Neste sentido, aumentar

o conteúdo de mitocôndrias dentro de uma fibra muscular poderia significar, ultimamente,

aumentar sua capacidade de utilização de O2. Estranhamente, em seres humanos, duplicar

o conteúdo e atividade enzimática mitocondrial intramuscular resulta, em muitos casos, em

um aumento proporcionalmente menor (20 – 40%) no v̇O2max.32 As razões deste fenômeno

são incertas, mas reforçam a maior influência de fatores “centrais”, e não “periféricos”, na

limitação do v̇O2max. Neste contexto, Roy Shephard, sabiamente questiona24:

“Ao rejeitarmos a visão que, em termos teciduais, exista uma limitação

importante no transporte de oxigênio, qual seria, então, a explicação

alternativa dada por teleologistas‡ sobre a duplicação da atividade

enzimática tecidual causada pelo treinamento de endurance?

† Cadeia de transporte de elétrons é uma etapa da respiração celular, caracterizada pelo transporte de elétrons em uma
compilação de moléculas fixadas na membrana interna da mitocôndria de células eucarióticas até um aceptor final de
elétrons, em várias etapas liberadoras de energia para síntese de ATP.
‡ Teleologismo é a ciência que estuda o conceito filosófico de finalidade, com explicações não-divinas.
21

Em um estudo clássico, John O. Holloszy e Edward T. Coyle parecem responder, ao menos

em parte, o intrigante questionamento.33 Os autores argumentam que aumentar o conteúdo

e a atividade mitocondrial no tecido muscular é aparentemente benéfico, pois proporciona

ao praticante treinado realizar seu exercício físico na presença de diminutos distúrbios na

homeostase, graças a sua maior capacidade intramuscular para oxidar gordura – e, assim,

poupar carboidrato – e para diminuir a produção de coprodutos metabólicos. Tais efeitos

podem, inclusive, explicar a otimização na performance humana de longa duração causada

pelo treinamento físico, independente de quaisquer mudanças no v̇O2max.34

DENSIDADE CAPILAR. Além do gradiente de difusão de O2 e conteúdo/atividade mitocondrial,

outro fator periférico merece ser destacado: a densidade capilar†. De fato, uma aumentada

capilarização intramuscular após treinamento físico foi originalmente notada por Andersen

e Henriksson39. Em outro estudo pioneiro, Saltin e colegas32 notaram uma associação forte

entre número de capilares por fibra muscular no músculo vasto lateral e v̇O2max, mensurado

durante exercício físico em ciclo ergômetro. Cabe salientar ao leitor que o significado desta

maior densidade capilar causada pelo treinamento físico não é aumentar o fluxo sanguíneo

próximo a musculatura ativa, mas sim, aumentar o tempo de trânsito de células vermelhas

sanguíneas na região. Uma maior disponibilidade de O2 aos músculos ativos é assegurada,

assim, graças a maior extração de O2 na microcirculação muscular, independente do fluxo

sanguíneo local.40

Em conclusão, podemos perceber que o debate sobre fatores limitantes do v̇O2max em seres

humanos ainda permanece fértil no contexto complexo da fisiologia do exercício. Enquanto

alguns autores suportam que a capacidade oxidativa intramuscular é capaz de sobrepujar,

de longe, a habilidade humana em transportar O2 aos músculos ativos,41 suportando, assim,

os postulados básicos de Hill,20 outros reforçam que, circunstancialmente, cada passo no

transporte do O2 do ar atmosférico até seu uso na mitocôndria será importante e limitante

do v̇O2max.42 Percebemos, assim, que a presente “disputa teórica” está longe do seu fim.

† Recentemente, sugeriu-se que o recrutamento neural de fibras motoras poderia limitar o v̇O2max. O postulado, batizado
Governador Central35 foi rapidamente refutado por Hawkins et al36 Para maiores detalhes, recomenda-se ao leitor recentes
revisões narrativas, elaboradas por Wagner37 e Lundby e Montero38.
22

1.3 RELAÇÃO COM A SAÚDE HUMANA

Qual é a importância da aptidão cardiorrespiratória para a saúde humana? Conforme visto

neste Capítulo, a aptidão cardiorrespiratória está associada com a integridade anatômica e

funcional de vários sistemas orgânicas, com ênfase nos sistemas pulmonar, cardiovascular

e musculoesquelético. A aptidão cardiorrespiratória, portanto, pode refletir, ao menos em

parte, nossa “saúde orgânica” como um todo. Neste sentido, manter ou aumentar a aptidão

cardiorrespiratória é um fator crucial para nossa sobrevivência, reduzindo riscos à saúde,

melhorando qualidade de vida e, finalmente, aumentando nossa longevidade. Nas últimas

décadas, verificou-se um reforço da necessidade de se evitar um nível baixo de aptidão

cardiorrespiratória para nossa saúde e longevidade, apesar de seu reconhecidamente forte

componente genético.17,18 Uma maior prática cotidiana de atividade física, incluindo a sua

forma planejada e sistematizada, denominada exercício físico, é o principal “fator do meio”

capaz de aumentar a aptidão cardiorrespiratória em seres humanos. 43 Evidências oriundas

de diversos estudos epidemiológicos e clínicos mostram como a aptidão cardiorrespiratória

associa-se com a prática diária de atividade física e seus benefícios a saúde física e mental.

Tais evidências são resumidas no Box 1.2 e detalhadas nos parágrafos a seguir.

BOX 1.2 Você Sabia? A maior aptidão cardiorrespiratória pode melhorar sua saúde?

(anexo)

A literatura atual demonstra que baixos níveis de aptidão cardiorrespiratória são associados

com riscos maiores para surgimento e desenvolvimento de doenças cardiovasculares e

seu desfecho final, morte. De fato, desde meados da década de 90, estudos científicos tem

comumente reportado que a aptidão cardiorrespiratória parece ser um indicador de risco

independente para doenças cardiovasculares e mortalidade44-46 Tal observação abrange

homens e mulheres, portadores de doenças cardiovasculares diagnosticadas ou não, e

ainda, por fim, portadores de comorbidades diversas, incluindo obesidade, hipertensão,

diabetes do tipo II, dislipidemia, entre outros.47 Referente a sobrevivência, demonstrou-se


23

que a aptidão cardiorrespiratória poderia ser capaz de predizer, mais adequadamente, risco

de morte por distúrbios cardiovasculares, comparativamente a fatores de risco tradicionais,

incluindo obesidade, tabagismo, hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes do tipo II, entre

outros.47 Em termos práticos, um simples aumento na aptidão cardiorrespiratória (1 MET1†

ou 3,5 mL O2. kg-1. min-1) assegura um aumento considerável na chance de sobrevivência,

cerca 10-25%. Cabe notar, porém, que níveis de aptidão cardiorrespiratória extremamente

altos não são necessários para reduzir riscos à saúde cardiovascular e chance de morte. A

literatura destaca, obviamente, que pessoas com aptidão cardiorrespiratória > 8-10 MET‡

possuem maior proteção contra mortalidade por causas diversas, incluindo, claramente,

doenças cardiovasculares, em comparação com pessoas com escores < 5 MET; entretanto,

benefícios adicionais a saúde cardiovascular e mortalidade são mais evidentes justamente

em pessoas com menor aptidão cardiorrespiratória que iniciam um programa de exercício

físico.46 (ver Figura 3).

Figura 3 Efeitos dose-resposta: aptidão cardiorrespiratória vs morte por todas as causas.

Além da irrefutável importância no controle do surgimento e desenvolvimento de doenças

cardiovasculares e coronarianas, e seu desfecho final, morte, a aptidão cardiorrespiratória

pode amenizar o risco para outros desfechos negativos a saúde, incluindo diabetes tipo II.

De fato, um maior nível de aptidão cardiorrespiratória tem sido associado com um menor

risco para o surgimento de pré-diabetes e diabetes tipo II.48,49 Melhoras mínimas na aptidão

cardiorrespiratória causam reduções notáveis no risco para diabetes tipo II, principalmente

entre pessoas com baixa aptidão cardiorrespiratória, destacando a necessidade eminente

de intervenções específicas neste grupo populacional.48,50 Além do diabetes tipo II, alguns

tipos de câncer também parecem associar-se com aptidão cardiorrespiratória. De fato, um

maior risco para o surgimento de alguns tipos de câncer, como mama, pulmão, e em certos

casos, gastrointestinal, são relacionados com uma menor aptidão cardiorrespiratória. 51,52

† Equivalente metabólico ou MET, correspondente ao consumo de 3,5 mL O2. kg-1. min-1


‡ 8 MET equivale a 28 mL O2. kg-1. min-1 (8 × 3,5), enquanto 5 MET equivale a 17,5 mL O2. kg-1. min-1 (5 × 3,5).
24

Em um recente estudo de revisão, reportou-se, inclusive, que a risco de morte por diversos

tipos de câncer é diminuído, cerca 20%-45%, em pessoas que possuem uma maior aptidão

cardiorrespiratória.53 Os mecanismos responsáveis por tal associação são ainda incertos.

Nas últimas duas décadas, novas evidências surgiram suportando a importância da aptidão

cardiorrespiratória para diversos outros benefícios à saúde mental. Níveis altos de aptidão

cardiorrespiratória foram associados, por exemplo, com um risco menor para o surgimento

e desenvolvimento de demência e mal de Alzheimer. 54,55 Em um estudo elegante, Defina et

al.55 notaram, por exemplo, que pessoas com maior aptidão cardiorrespiratória possuíam

36% menos chance de desenvolver demência em comparação com seus pares com menor

aptidão cardiorrespiratória. Os mecanismos fisiológicos determinantes da sua associação

com saúde mental são incertos. Recentemente, estudos têm reportado uma interessante

associação entre aptidão cardiorrespiratória e sintomas de ansiedade e depressão, 56,57 com

resultados expressivos relacionados a episódios de tentativa de suicídio. 58 Neste contexto,

torna-se inegável o papel da aptidão cardiorrespiratória sobre nossa saúde física e mental.

1.4 RELAÇÃO COM A PERFORMANCE HUMANA

A capacidade humana para realizar exercício físico tem sido estudo há décadas. Diferentes

modelos teóricos de performance humana foram criados e, até o presente momento, ainda

é incerta a importância isolada de seus fatores determinantes.59,60 Determinar a magnitude

de cada fator determinante da capacidade humana para exercitar-se é tarefa desafiadora,

principalmente tratando-se de esforços físicos com características de endurance†. De fato,

performance de endurance em seres humanos depende da integração – e não isolamento

- de diferentes indicadores fisiológicos, incluindo v̇O2max, economia ou eficiência com o qual

o exercício físico é realizado, e a fração do v̇O2max que pode ser mantida durante uma prova

† Endurance é definido como a capacidade para sustentar uma dada carga de trabalho/velocidade pelo maior tempo
possível.62
25

- indicada, comumente, por parâmetros fisiológicos tradicionais‡, incluindo limiar de lactato,

limiar ventilatório, máxima fase estável de lactato, entre outros.61 Uma breve análise de cada

indicador, inserido dentro de um modelo de performance humana atualmente aceito,59 será

feita nos parágrafos a seguir (ver, ainda, Figura 4).

Figura 4 Determinantes fisiológicos da performance de endurance. Adaptado de Joyner e

Coyle.59 (anexo)

CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO. Principal indicador de aptidão cardiorrespiratória, v̇O2max é

ainda um importante fator determinante de performance de endurance em seres humanos.

Em um estudo clássico, David L. Costill63 e seus colegas reportaram uma correlação inversa

e forte entre v̇O2max e performance de corrida de 10 milhas† em atletas com v̇O2max variando

de ~54 mL O2. kg-1. min-1 e ~81 mL O2. kg-1. min-1. Tal heterogeneidade no v̇O2max dos atletas

usados neste estudo foi importante, pois caso contrário, a correlação entre performance e

v̇O2max não seria adequadamente analisada usando amostras “homogêneas”. Em resumo,

v̇O2max é um bom preditor de performance de endurance entre atletas de diferentes níveis

competitivos, mas não é um bom preditor de performance entre atletas de similares níveis

competitivos.11 Sob uma perspectiva mecanicista, v̇O2max, e sua respectiva fração, %v̇O2max,

definem a capacidade máxima de geração oxidativa de ATP, nossa “reserva” energética

molecular, e a performance individual de um atleta durante uma prova de endurance. Em

termos práticos, convidamos o leitor a imaginar o seguinte cenário: um corredor que deseje

completar uma maratona com um tempo de 02 horas e 15 minutos deverá manter, durante

toda a prova, um v̇O2 de ~60 mL O2. kg-1. min-1.11 Sabendo-se que um atleta não será capaz

de completar a prova usando 100%v̇O2max, o seu v̇O2max deverá ser superior a ~60 mL O2.

kg-1. min-1. Em geral, atletas de elite usam uma fração de 80-85%v̇O2max em uma maratona;

assim, para o atleta supracitado completar a sua prova no tempo de 02 horas e 15 minutos,

‡ Limiar de lactato é definido como a velocidade de corrida – ou carga de trabalho – precedente a um aumento de 1
mmol. L-1 na concentração de lactato no sangue. Máxima fase estável de lactato é definida como a velocidade de corrida
onde a concentração de lactato no sangue torna-se estável.61
† 1 milha = 1,60934 quilómetros.
26

ele necessitará, no mínimo, um v̇O2max entre 70-75 mL O2. kg-1. min-1. Portanto, observamos

que o principal indicador de aptidão cardiorrespiratória, v̇O2max, é um pré-requisito crucial

para uma boa performance de endurance, mas jamais será capaz de determinar o resultado

final de uma prova, pois outros indicadores fisiológicos de aptidão cardiorrespiratória, como

sua fração (%v̇O2max) e/ou economia ou eficiência, possuem similar e/ou maior importância.

ECONOMIA OU EFICIÊNCIA MECÂNICa. Teoricamente, economia/eficiência mecânica é definida

como uma razão entre trabalho realizado e sua necessidade energética. 61 O termo

“economia de corrida/pedalada”, assim, denota basicamente o v̇O2 necessário para correr/

pedalar em uma dada velocidade.59 Tal parâmetro tornou-se outro importante indicador de

aptidão cardiorrespiratória no âmbito da performance humana, sendo simplesmente obtido

através de um gráfico XY, onde v̇O2 (eixo Y) é plotado versus velocidade de corrida – ou

carga de trabalho no caso da ciclo ergometria (eixo X). Economia de corrida/pedalada é,

assim, interpretada como a energia necessária, por unidade de massa corporal, para cobrir

uma dada distância horizontal (mL O2. kg-1. km-1 ou W-1, respectivamente). Em outro estudo

clássico na fisiologia do exercício, Conley e Krahenbuhl64 reportaram uma correlação forte

entre economia de corrida e performance em uma prova de 10 km, usando um grupo de

corredores com similar v̇O2max, mas diferente em termos de tempo para completar a prova,

variando de 30.5-33.5 min. Analisando-se apenas os tempos mais rápidos, próximos a 30.5

e 31 min, verificou-se uma variabilidade considerável na economia de corrida, variando de

45-49 mL O2. kg-1. km-1 para uma velocidade de corrida de 268m/min-164 Podemos concluir,

assim, que a economia da corrida, independentemente do v̇O2max, explica uma importante

parte da variabilidade na performance de corrida entre atletas. Podemos entender, por fim,

que a necessidade de O2 de seres humanos para exercitar-se em uma dada velocidade ou

carga de trabalho varia enormemente entre si – e, assim como em outros contextos da vida,

existirão alguns seres humanos “mais” e outros “menos” econômicos ou eficientes. 65 Um

exemplo, hipotético, de economia/eficiência de corrida é mostrado na Figura 5.

Figura 5 Comparação entre dois corredores com diferenças na economia de corrida, mas

com similares v̇O2max. (Anexo)


27

FRAÇÃO DE V̇O2MAX. Outro importante indicador de aptidão cardiorrespiratória no âmbito da

performance humana é a fração (%) de v̇O2max. De fato, em um livro tradicional na fisiologia

do exercício, Per-Olaf Astrand (1922-2015), famoso professor sueco do Instituto Karolinska,

notou como pessoas treinadas diferem em termos de %v̇O2max de seus pares não-treinados

durante exercício físico com características de endurance. Basicamente, pessoas treinadas

conseguem manter sua atividade por 1-2 horas em ~83-87%v̇O2max, enquanto pessoas não-

treinadas conseguem manter sua atividade por mesma duração, porém em ~35-50%v̇O2max.

Tal evidência pode nos mostrar, claramente, como %v̇O2max pode ter um impacto crucial na

performance de endurance. Em seu livro, Astrand nos demonstra ainda como v̇O2max e sua

fração, %v̇O2max, mudam com treinamento físico. De modo surpreendente, v̇O2max, %v̇O2max,

e performance aumentam durante os primeiros meses de treinamento físico, mas somente

%v̇O2max e performance – e não v̇O2max – continuam a ser otimizadas ao longo do tempo.66

Hoje, tais evidências clássicas mencionadas por Astrand são rotineiramente confirmadas

na literatura vigente,11 nos permitindo concluir que a performance humana, primariamente

de endurance, é dependente de uma complexa e pouco compreendida interação de fatores

fisiológicos diretamente associados com a aptidão cardiorrespiratória, os quais, atualmente,

são minuciosamente investigados em numerosos laboratórios ao redor do Mundo.


28

CAPITULO 2

APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA: AVALIAÇÃO

Historicamente, a aptidão cardiorrespiratória tem sido considerada um componente da aptidão

física de manifesta importância, seja no âmbito da saúde ou da performance humana. A aptidão

cardiorrespiratória, basicamente, relaciona-se com a capacidade individual para realizar exercício

físico dinâmico com duração prolongada em uma intensidade moderada a vigorosa. A integridade

anatômica e funcional dos sistemas respiratório, cardiovascular, e musculoesquelético, faz-se,

obviamente, necessária para assegurar uma aptidão cardiorrespiratória adequada para manter-

se a saúde física e mental e otimizar a capacidade humana para exercitar-se. De fato, atualmente,

sabemos que níveis baixos de aptidão cardiorrespiratório, causados por um modo de viver pouco

ativo, podem nos predispor, em certos casos precocemente, ao surgimento e desenvolvimento

de numerosas doenças crônico-degenerativas, não-transmissíveis, com enorme potencial clínico

para reduzir nossa longevidade. Neste contexto, tornou-se importante a compreensão dos vários

mecanismos fisiológicos associados com a aptidão cardiorrespiratória, assim como avaliá-lo, de

modo seguro e eficiente, nos âmbitos científico e clínico, como parte integrante de programas de

prevenção primária e secundária.

2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO. Tradicionalmente, a aptidão cardiorrespiratória possui como seu

principal indicador fisiológico† um famoso parâmetro, denominado consumo máximo de oxigênio,

ou simplesmente, v̇O2max. Aliás, você sabe o que realmente é v̇O2max? Bassett Jr e Howley1 definem

v̇O2max como a capacidade máxima individual para captar, transportar, e utilizar O2 na musculatura

esquelética ativa durante exercício físico de intensidade severa. v̇O2max é tipicamente expresso no

† Historicamente, v̇O2max é o principal indicador fisiológico de aptidão cardiorrespiratória. Entretanto, atualmente, outros
indicadores possuem notável importância clínica e científica, incluindo limiares fisiológicos (lactato, ventilatório, potência
ou velocidade crítica) ou mesmo análise de respostas dinâmicas/cinéticas do v̇O2 durante exercício físico submáximo.2
29

contexto clínico e científico em termos relativos ao peso corporal (ou seja, em mL O2. kg-1. min-1),

diferentemente do conceito original, expresso em termos absolutos (L O2. min-1; ver Box 3.1 para

maiores detalhes). Caso expresso em termos relativos, o v̇O2max poderá, inclusive, ser comparado

entre pessoas com diferentes pesos corporais, ou mesmo, de modo intraindividual, caso efeitos

de treinamento físico sejam examinados. 3 Cabe notar, conforme destacado no Capítulo 1, v̇O2max

denota um limite fisiológico verdadeiro, primariamente de origem cardiovascular, criando-se uma

espécie de platô nos dados de v̇O2 no período final de um teste de exercício físico com cargas

progressivas, máximo.4 Tal estabilidade torna-se aparentemente evidente na medida em que um

aumento na carga de trabalho – leia-se velocidade, referente a caminhada/corrida, e potência, no

caso da ciclo ergometria – ocorre, sem mudanças substanciais no v̇O2. Em certas populações,

incluindo pacientes portadores de doença cardiovascular ou respiratória, tal “efeito platô” parece

ser incomum. Nestes casos, o termo consumo de oxigênio pico (v̇O2pico) será mais adequado (ver

Box 2.1).

BOX 2.1 Você Sabia? Qual a diferença entre v̇O2max e v̇O2pico? (anexo)

MEDIDAS DIRETAS VS. INDIRETAS DE CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO. Como posso obter uma medida

confiável de v̇O2max? Desde meados do Século XIX, cientistas e engenheiros ao redor do Mundo

tem buscado a criação de equipamentos capazes de medir, com erros aceitáveis †, v̇O2 em seres

humanos, em condições de repouso e esforço físico, em ambientes internos e externos.5 Ao longo

das décadas, aparelhos “metabólicas” capazes de medir trocas gasosas foram sendo lançados

no mercado. De fato, com exceção do primeiro protótipo elaborado pelo engenhoso pesquisador

alemão Nathan Zuntz (1847-1920), todos os aparelhos metabólicos criados até o final da década

de 80 serviam para unicamente serem usados em ambientes internos como laboratórios e clínicas

especializadas.7 O uso destes aparelhos metabólicos prevê o cliente/paciente avaliado respirando

normalmente através de válvulas de baixa resistência, com sua narina ocluída por um prendedor

nasal ou com sua boca e nariz não-ocluídos, porém, usando máscara facial. A ventilação pulmonar

† Erro de medida é definida como a diferença entre a medida real e a medida observada. 6 Procedimentos de validação
de testes e equipamentos servem para garantir que os seus erros de medida inerentes são metodologicamente aceitáveis.
30

e as suas frações expiradas e/ou inspiradas de O2 e dióxido de carbono (CO2) são mensuradas e

posteriormente analisadas por sensores de O2 e CO2, respectivamente, localizados no interior do

aparelho. Cabe salientar que, atualmente, tais mensurações podem ser feitas de modo simultâneo

(respiração-por-respiração) ou via “misturas gasosas” (mixing chamber†).5 Com o surgimento de

novas tecnologias, tornou-se possível a criação de aparelhos “portáteis” capazes de mensurar O2

e CO2, além do gasto energético, em condições ambientais reais, aumentando enormemente a

possibilidade de novos estudos na fisiologia do exercício.7 Tais aparelhos metabólicos, “portáteis”

ou laboratoriais de “mesa”, contudo, possuem certas desvantagens, como preço elevado para

sua compra e manutenção, necessidade de recurso humano especializado, além de um espaço

físico adequado.8 Novos aparelhos metabólicos, chamados “móveis” (room-to-room), possuem

preços mais atrativos, porém, carregam consigo uma enorme desvantagem: a mensuração única

de v̇O2, mas não v̇CO2 (ver Figura 6 e Tabela 1). Neste contexto, acredita-se que a determinação

direta de v̇O2max é ainda impeditiva e, inclusive, indisponível na maioria das cidades brasileiras.

FIGURA 6 Diferentes tipos de aparelhos metabólicos: “fixo” (CPET Quark®), portátil (K5®), e

móvel (room-to-room; Fitmate®), comercializados pela mesma empresa (CosmedTM)(anexo)

TABELA 1 Principais aparelhos metabólicos vendidos no mercado atual. (anexo)

Caso a presença de aparelhos metabólicos seja um impeditivo, a determinação do v̇O2max poderá

ser feita de modo indireto, graças às famosas “equações preditivas”. Atualmente, diversos testes

de exercício físico, submáximos e máximos, são capazes de “estimar” v̇O2max, sendo, inclusive,

validados na literatura científica. De fato, a “capacidade preditiva” de v̇O2max de diversos testes de

exercício físico estabeleceu-se pela correlação de seus dados (carga de trabalho e velocidade no

caso da ciclo ergometria e corrida/caminhada, respectivamente; frequência cardíaca; percepção

do esforço; performance, como, por exemplo, distância total percorrida no teste da caminhada

de seis minutos, entre outros) com uma medida direta de v̇O2max. Cabe destacar, infelizmente, que

† Mixing chamber é um componente opcional encontrado em diversos aparelhos metabólicos, onde os gases coletados
durante a respiração são provisoriamente armazenados para posterior determinação de O2 e CO2 em um dado período
de tempo. O uso de Mixing chamber não é, portanto, adequado para análise de respostas dinâmicas de trocas gasosas.
31

medidas indiretas de v̇O2max causam, em muitos casos, erros de medida notáveis, subestimando

ou mesmo superestimando os valores “reais” de v̇O2max de um cliente/paciente. Desta maneira,

percebemos que uma medida confiável de v̇O2max depende, primeiramente, de como seus dados

serão monitorados.

TESTE DE EXERCÍCIO FÍSICO SUBMÁXIMO VS. MÁXIMO. A decisão sobre usar um teste de exercício físico

submáximo† ou máximo para determinar v̇O2max, direta ou indiretamente, dependerá da avaliação

de numerosos aspectos, incluindo riscos inerentes à saúde do cliente/paciente e a disponibilidade

de equipamentos e espaço físico, além de recursos humanos especializados. Cada aspecto citado

será brevemente discutido nos parágrafos a seguir. Antes, porém, destaca-se algumas vantagens

e desvantagens próprias dos testes de exercício físico submáximo e máximo.

Teste de exercício físico máximo requer do cliente/paciente avaliado exercitar-se até a exaustão

volitiva, e assim, necessitará de supervisão médica e equipamentos de emergência. 9 Um esforço

extremo predispõe pacientes/clientes a certos riscos à saúde, além de depender, ultimamente,

da motivação do avaliado.10 Opostamente, as principais vantagens de um teste de exercício físico

máximo incluem a sua sensibilidade no diagnóstico de doenças cardiovasculares em clientes/

pacientes assintomáticos, sua maior acuracidade na determinação do v̇O2max e outros indicadores

de aptidão cardiorrespiratória, como limiares ventilatórios, e em certos casos, limiar de lactato,9,10

entre outras. Graças as suas vantagens, testes de exercício físico máximos são rotineiramente

usados em laboratórios e clínicas especializados ao redor do Mundo. Cabe destacar, todavia, que

supervisão médica e presença de equipamentos de emergência nem sempre é acessível a todos

os profissionais da área e/ou centros especializados na promoção da saúde e, portanto, testes de

exercício físico submáximos são preferidos.11 Atualmente, testes de exercício físico submáximos

são usados, por exemplo, na liberação hospitalar de pacientes recuperando-se de infarto agudo

do miocárdio precedente (4-7 dias).12 Basicamente, tais testes são usados por profissionais no

† Teste de exercício físico submáximo constituem-se de protocolos onde o limite superior dos sistemas respiratório,
cardiovascular e musculoesquelético não são atingidos.
32

monitoramento de indicadores fisiológicos de interesse - como frequência cardíaca - em resposta

a várias cargas de trabalho, usando-os para estimar v̇O2max†. Tais parâmetros fisiológicos, porém,

nem sempre são usados para predizer v̇O2max, mas também para estimar “capacidade funcional”

do avaliado. Estimada pela combinação de parâmetros fisiológicos como frequência cardíaca e

pressão arterial, além da carga de trabalho e do esforço percebido, capacidade funcional é usada

para monitorar mudanças causadas pelo treinamento físico e na prescrição do exercício físico.

Maiores detalhes sobre interpretação de dados gerados em testes de exercício físico submáximos

- e seu uso na prescrição - serão mostrados ao leitor no Capitulo 3. Ainda, protocolos de testes

de exercício físico, máximo e submáximo, serão apresentados nos tópicos a seguir neste Capítulo.

ESPAÇO FÍSICO E RECURSOS MATERIAIS E HUMANOS. Conforme mencionado anteriormente, a decisão

sobre a execução de um teste de exercício físico submáximo ou máximo dependerá de aspectos

incluindo espaço físico e disponibilidade de recursos materiais permanentes e insumos, além da

presença de recursos humanos especializados (staff) e do grupo populacional a ser avaliado. O

espaço físico do local escolhido para avaliação física dependerá, ultimamente, dos equipamentos

disponíveis e do teste de exercício físico a ser realizado. Geralmente, recomenda-se um espaço

físico variando de 37 a 42 m2,13 amplo o suficiente para acomodar uma equipe médica atuando

em uma situação de emergência. O espaço físico deve ser mantido em uma condição ambiental

termoneutra, entre 20 e 23ºC, com uma humidade relativa entre 50% e 60%. 14

Cada espaço físico deve ser organizado para garantir a disponibilidade de materiais permanentes

e transitórios, e materiais que assegurem comodidade e segurança aos avaliadores e avaliados. ‡

De fato, um espaço físico deveria ser planejado e organizado de modo a atender, com segurança

e comodidade, clientes/pacientes crianças e adolescentes e idosos, portadores de limitações ou

† Estimar v̇O2max via dados de frequência cardíaca durante teste de exercício físico submáximo depende de critérios como:
1) relação linear entre frequência cardíaca e carga de trabalho, 2) estabilidade da frequência cardíaca em cada carga de
trabalho, e 3) diferença mínima entre frequência cardíaca máxima estimada e real, e 4) ausência de influência de fatores
externos capazes de afetar frequência cardíaca, incluindo medicamentos, suplementos nutricionais, temperatura, etc.15

‡ Materiais permanentes são materiais/equipamentos que permanecem no espaço físico, enquanto materiais transitórios
são materiais/equipamentos “móveis”, dependentes do tipo do teste a ser realizado (por ex., ECG, espirometro, etc.).
33

distúrbios clínicos, ou opostamente, atletas de elite. Tal heterogeneidade de avaliados claramente

impõe ao espaço físico e aos seus materiais/equipamentos permanentes e transitórios um cenário

desafiador. Logo, materiais/equipamentos com ampla capacidade de adaptação às necessidades

circundantes serão preferidos. Atualmente, diversos equipamentos, como esteiras motorizadas e

ciclos ergômetros, possuem adaptações capazes de permitir a condução de diversos testes de

exercício físico.16 Exemplos de ajustes incluem as mudanças possíveis no suporte lateral de novas

esteiras motorizadas, além do completo ajuste de selim, guidão e pedaleira em ciclos ergômetros.

Esteiras motorizadas e ciclo ergômetros são rotineiramente usados em testes de exercício físico.

Então, qual deles devemos escolher? A seleção depende, basicamente, do conforte e segurança

do cliente/paciente e questão clínica a ser respondida, sabendo-se que ambos possuem pontos

fortes e pontos fracos. Esteira possui como grande vantagem a naturalidade da marcha em seres

humanos, além da maior capacidade para se estimar um v̇O2max “real” – em geral, graças a maior

massa muscular envolvida.17 A maior sensibilidade no diagnóstico de sinais/sintomas clínicos de

interesse é outra vantagem.13 Opostamente, testes de exercício físico em esteiras motorizadas

possui como desvantagem o maior risco de queda, graças a incapacidade de clientes/pacientes

para caminhar/correr no aparelho. Cabe ao staff, assim, demonstrar e familiarizar o avaliado com

o ergômetro. Outras desvantagens incluem a incapacidade para calcular-se alguns indicadores

fisiológicos de interesse, como custo de O2, e maiores ruídos† causados em equipamentos como

eletrocardiograma (ECG).13 Ciclo ergometria, por sua vez, possui como vantagem a comodidade

e segurança do cliente/paciente avaliado, além de permitir uma quantificação certamente acurada

da carga de trabalho – algo não possível na esteira motorizada, onde fatores como tamanho do

corpo, comprimento da passada, e diferenças individuais na marcha, afetam de certa forma.18 A

presença de ruídos causadas em equipamentos é menor, permitindo o uso seguro do ECG. Por

outro lado, ciclo ergometria possui como desvantagem a falta de naturalidade do movimento, e a

menor massa muscular envolvida, ocultando possíveis sinais/sintomas clínicos de interesse. 13

† Ruído é uma espécie de interferência, em forma de onda razoavelmente repetitiva que acontece continuamente ao
longo do tempo.
34

SEGURANÇA. Independente do uso de esteira motorizada, ciclo ergômetro, ou outro equipamento,

como step, a segurança do cliente/paciente avaliado deve ser prioridade. No decorrer dos anos,

a baixa incidência de eventos cardiovasculares adversos durante testes de exercício físico é um

testamento de esforços contínuos e combinados de uma seleção minuciosa e triagem de clientes/

pacientes, criação de protocolos adequados para o grupo populacional a ser avaliado, e presença

de um staff treinado e com bom conhecimento técnico, capaz de identificar precocemente sinais

e sintomas de eventos adversos à saúde. 19,20 Hoje, sabemos que todo espaço físico que realiza

testes de exercício físico incrementais, máximos, deve estar sob supervisão médica especializada

em cardiologia do exercício.15 O profissional médico deverá treinar e orientar o seu staff quanto

a segurança e comodidade do avaliado, uso de protocolos/procedimentos adequados para cada

paciente/cliente, cuidados/manutenção de equipamentos, além da elaboração da devolutiva. 18 O

controle de qualidade e treinamento rotineiro dos principais protocolos/procedimentos pelo staff

é encorajado.

Referente ao staff técnico, testes de exercício físico, máximos ou submáximos, devem contar, no

mínimo, com a presença de dois avaliadores, para tarefas inerentes ao cuidado/monitoramento

do cliente/paciente, e o controle de dados coletados, incluindo ECG, pressão arterial, %SatO2, e

em certos casos, medidas de trocas gasosas. 18 O staff técnico deverá, finalmente, estar treinado

e preparado para procedimentos de emergência. Certificações como o Advanced Cardiovascular

Life Support † e outros são recomendados. Assim, a presença de equipamentos de emergência,

incluindo desfibrilador totalmente carregado e oxigênio suplementar, faz-se necessária em local

conhecido e de fácil acesso.

CONTRAINDICAÇÕES E CUIDADOS. Uma premissa fundamental de todo teste de exercício físico, seja

submáximo ou máximo, é assegurar maiores benefícios em detrimento de seus menores riscos 15

Sendo assim, podemos perceber a manifesta importância de uma adequada triagem pré-esforço,

† ACLS, ou o Advanced Cardiovascular Life Support, é um treinamento prático credenciado pelo American Heart
Association que capacita para o atendimento à parada cardiorrespiratória e outras emergências cardiovasculares.
35

usada para decidir a necessidade – ou não – da realização do teste. A Tabela 2 apresenta certas

contraindicações relativas e absolutas para realizar-se – ou não – um teste de exercício físico. Em

clientes/pacientes com contraindicações absolutas, por exemplo, o teste não deveria ser feito até

que suas condições adversas à saúde sejam estabilizadas, ou mesmo, adequadamente tratadas. 21

Pacientes com contraindicações relativas, por sua vez, podem ser testados, porém, somente após

minuciosa avaliação dos riscos e benefícios de sua realização.

Tabela 2. Contraindicações relativas e absolutas.21

Durante a realização do teste de exercício físico, submáximo ou máximo, alguns cuidados devem

ser considerados. Ocasionalmente, por razões de segurança ou problemas técnicos, o teste pode

ser finalizado precocemente, sem o cliente/paciente atingir seu “real” v̇O2max ou v̇O2pico, exaustão

volitiva, ou mesmo, um desfecho pré-determinado – por exemplo, 70%-85% frequência máxima

predita pela idade†.22 Embora frustrante, o julgamento clínico e a experiência do staff técnico para

terminar um teste de exercício físico precocemente é condição sine qua non a ser respeitada.

Em certas ocasiões, o staff técnico pode terminar o teste ao julgar que suas conclusões já foram

feitas, e novas informações adicionais não serão necessárias. Obviamente, o término de um teste

será, ainda, condicionado a decisão do paciente/cliente. A Tabela 3 apresenta indicações gerais

para finalizar-se um teste de exercício físico.

Tabela 3. Indicações gerais para o termino de um teste de exercício físico. 15

Preparação Pré-Teste. Por questões éticas e legais, a assinatura do termo de consentimento

livre e esclarecido deve ser feita anteriormente a realização do teste de exercício físico. Embora

o conteúdo e extensão do documento possam variar, sua elaboração deve levar em consideração

aspectos referentes ao propósito do teste e seus riscos e benefícios inerentes, em linguagem

acessível e de fácil compreensão. Todavia, explicação verbal de todos os procedimentos, além

† No centro de controvérsias, a frequência cardíaca máxima predita pela idade pode, ainda, ser estimada como 220-idade.22
36

da familiarização com equipamentos, asseguram maior confiança e conforto ao cliente/paciente,

e devem ser feitos anteriormente a assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido e a

triagem médica inicial.

Cabe destacar a necessidade de fornecer, de um modo compreensível e sucinto, verbal e escrita,

informações básicas para a realização de um teste de exercício físico. Caso replique-se os testes,

replicam-se as informações iniciais. Alguns exemplos de informações básicas a serem providas

aos clientes/avaliados incluem a necessidade de evitar-se a ingestão de bebidas alcoólicas e/ou

cafeinadas nas 24 horas precedentes, uso de tabaco e ingestão de alimentos 3 horas anteriores

ao teste – com exceção do jejum, onde permite um café-da-manhã leve -, uso de roupas leves e

calçados adequados para a prática de esforço físico, e em alguns casos, evitar-se esforço pesado

no dia anterior.18 O uso de medicamentos anteriormente ao teste depende, ultimamente, do teste

a ser realizado e da condição clínica do paciente. 15

Uma pergunta comum diz respeito a necessidade – ou não – dos procedimentos de aquecimento

e volta-a-calma antes e após, respectivamente, a realização de um teste de exercício físico. De

modo geral, aquecimento é feito usando diferentes tipos de esforços físicos de baixa intensidade,

permitindo o corpo adaptar-se à futura demanda bioenergética, fisiológica, mecânica, e inclusive,

psicológica, a ser imposta pelo teste. Aquecimento pode, ainda, otimizar performance aeróbica,

reduzir riscos de pequenas lesões musculoesquelética, e melhorar a capacidade de movimenta-

se.23 Opostamente, a volta-a-calma, como o próprio nome diz, permite ao organismo uma redução

gradual de parâmetros cardiovasculares, incluindo frequência cardíaca e pressão arterial, fruto

da atenuação da liberação de catecolaminas plasmáticas†, além da remoção e tamponamento de

produtos finais do metabolismo humano dos músculos outrora mais ativos. 15 Neste contexto, a

necessidade do uso dos procedimentos de aquecimento e volta-a-calma são evidentes.

† Catecolaminas são um grupo de hormônios semelhantes, os quais incluem epinefrina, norepinefrina, dopamina, entre
outros, produzidos a partir da fenilalanina e tirosina.
37

2.2 TESTES LABORATORIAIS VS TESTES DE CAMPO

Conforme citado anteriormente, existe, atualmente, uma enormidade de modelos para testes de

exercício físico, os quais incluem, por exemplo, esteiras motorizadas, ciclo ergômetros, steps e

outros. Todavia, sabe-se que existe ainda a possibilidade de realizar-se testes de exercício físico,

de um modo seguro e confiável, sem necessitar de equipamentos custosos e complexo espaço

físico. Tal possibilidade refere-se aos famosos testes de campo. A decisão profissional do uso de

testes laboratoriais ou campo dependerá da disponibilidade de espaço físico e recursos materiais

e humanos. O presente tópico abordará, especificamente, renomados testes de exercício físico,

realizados em esteiras motorizadas e ciclo ergômetros, em um espaço indoor, como uma clínica

especializada ou um laboratório de pesquisa científica. O próximo tópico, opostamente, abordará

testes de exercício físico criados por famosos pesquisadores e realizados, primariamente, em um

ambiente outdoor, incluindo – mas não limitado a – pistas de atletismo. Cabe notar, contudo, que

para testes de exercício físico com performance máxima, faz-se necessário supervisão médica.

Cada categoria de testes de exercício físico possui, obviamente, suas vantagens e desvantagens.

Um teste de campo, por exemplo, é composto por uma caminhada/corrida em uma distância ou

tempo pré-determinado, mas sua simplicidade esbarra em um importante e perigoso problema:

a incapacidade de monitoramento fisiológico minucioso durante esforço físico. Neste contexto,

certos testes de campo, principalmente àqueles de características de esforço físico máximo, são

impróprios para alguns tipos de clientes/pacientes. Por fim, motivação e incapacidade de manter

um ritmo de caminhada/corrida afetam substancialmente tais testes. Opostamente, as vantagens

inerentes desta categoria de teste são inúmeras, e incluem a facilidade de administração para um

grande grupo de clientes/pacientes, a necessidade de poucos e não custosos equipamentos, e a

possibilidade de estimativa do v̇O2max.15 Assim, conscientes dos pontos fortes e pontos fracos de

cada categoria de testes de exercício físico, o leitor será apresentado, a seguir, aos “protocolos”

tradicionais existentes para ambos, testes laboratórios e testes de campo.


38

PROTOCOLO DE BRUCE 23

PERSPECTIVAS HISTÓRICAS

Reconhecido como “pai da cardiologia do exercício”, Richard Arthur Bruce (1916-2004), professor
americano da Universidade de Washington, Seattle, tornou-se mundialmente famoso na década
de 60, com a publicação de um artigo científico reportando uma nova maneira de se aplicar testes
de exercício físico, baseado em estágios múltiplos de cargas de trabalho incrementais.24

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Teste de exercício físico com cargas incrementais (step), máximo, em esteira motorizada.

POPULAÇÃO-ALVO

Crianças e adultos assintomáticos, com boa capacidade funcional

PROTOCOLO

Duração estágio (min) Velocidade (km.h-1) Inclinação (%)

1 3 min. 2,7 km.h-1 10


2 3 min. 4,0 km.h-1 12
3 3 min. 5,4 km.h-1 14
4 3 min. 6,7 km.h-1 16
5 3 min. 8,0 km.h-1 18
6 3 min. 8,8 km.h-1 20
7 3 min. 9,6 km.h-1 22
8 3 min. 10,4 km.h-1 24
9 3 min. 11,6 km.h-1 26

CONSIDERAÇÕES FINAIS

v̇O2max (homem) = 14,76 - (1,379 × t) + (0,451 × t2) - (0.012 × t3)25


v̇O2max (mulher) = (4,38 × t) – 3,9025 t = tempo total do teste (min.)

VANTAGENS & DESVANTAGENS

Aplicabilidade, segurança, e enorme potencial clínico.

Estimativa indireta de v̇O2max.

Aplicação em crianças e adultos com baixa capacidade funcional e/ou distúrbios clínicos.

Término do teste devido a fadiga “periférica”.

23
Bruce RA, Blackmon JR, Jones JW, et al. Exercising testing in adult normal subjects and
cardiac patients. Pediatrics. 32: 742-756, 1963.
39

PROTOCOLO MODIFICADO DE BRUCE 26

PERSPECTIVAS HISTÓRICAS

Recentemente, o “protocolo de Bruce” tem sido modificado para minimizar certos problemas. 11 De
fato, a combinação de mudanças na sua inclinação inicial, além da velocidade e duração de cada
estágio, tornou o protocolo de Bruce acessível a muitos clientes/pacientes com menor capacidade
funcional ou portadores de distúrbios clínicos severos, como doenças cardíacas e respiratórias.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Teste de exercício físico com cargas incrementais (step), máximo, em esteira motorizada.

POPULAÇÃO-ALVO

Crianças e adultos sintomáticos, com capacidade funcional debilitada.

PROTOCOLO

Duração estágio (min) Velocidade (km.h-1) Inclinação (%)

0 3 min. 2,7 km.h-1 0


0 3 min. 2,7 km.h-1 5
1 3 min. 2,7 km.h-1 10
2 3 min. 4,0 km.h-1 12
3 3 min. 5,4 km.h-1 14
4 3 min. 6,7 km.h-1 16
5 3 min. 8,0 km.h-1 18
6 3 min. 8,8 km.h-1 20
7 3 min. 9,6 km.h-1 22

CONSIDERAÇÕES FINAIS

v̇O2max (homem ativo) = 3,778 × t + 0,9 v̇O2max (homem sedentário) = 3,298 × t + 4,07 27
v̇O2max (adultos, boa saúde) = 6,70 – 2,82 × sexo (homem = 1; mulher = 2) + 0,056 × t (s) 27

VANTAGENS & DESVANTAGENS

Estimativa indireta de v̇O2max.

Aplicação em crianças e adultos com baixa capacidade funcional e/ou distúrbios clínicos.

Término do teste devido a fadiga “periférica”.

26
Handler CE, Sowton E. A comparison of the Naughton and modified Bruce treadmill exercise
protocols in their ability to detect ischemic abnormalities six weeks after myocardial infarction. Eur
Heart J. 5: 752-755, 1984.
40

PROTOCOLO DE BALKE 28

PERSPECTIVAS HISTÓRICAS

Criado no ano de 1959, o “protocolo de Balke” ganhou notoriedade internacional rapidamente.28


Basicamente, o teste é composto por variações constantes na inclinação da esteira motorizada, e
nenhum tipo de aumento em sua velocidade. O protocolo tornou-se útil para avaliação da aptidão
cardiorrespiratória de pacientes obesos, sedentários, e fisicamente limitados por doenças.29,30

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Teste de exercício físico com cargas incrementais (step), máximo, em esteira motorizada.

POPULAÇÃO-ALVO

Crianças e adultos sintomáticos, com capacidade funcional debilitada.

PROTOCOLO

Duração estágio (min) Velocidade (km.h-1) Inclinação (%)

1 2 min. 5,6 km.h-1 2


2 2 min. 5,6 km.h-1 4
3 2 min. 5,6 km.h-1 6
4 2 min. 5,6 km.h-1 8
5 2 min. 5,6 km.h-1 10
6 2 min. 5,6 km.h-1 12
7 2 min. 5,6 km.h-1 14
8 2 min. 5,6 km.h-1 16
. 2 min. 5,6 km.h-1 18

CONSIDERAÇÕES FINAIS

v̇O2max (homem) = 1,444 × t + 14,99 28


v̇O2max (mulher) = 1,38 × t + 5,22 28 tempo total do teste (min.)

VANTAGENS & DESVANTAGENS

Aplicabilidade, segurança, e enorme potencial clínico.

Estimativa indireta de v̇O2max.

Aplicação em crianças e adultos com baixa capacidade funcional e/ou distúrbios clínicos.

Término do teste por fadiga “periférica”. Pouco motivante, graças a sua longa duração

28
Balke B, Ware RW. An experimental study of physical fitness of Air Force personnel. US Armed
Forces Med J. 10: 675-688, 1959.
41

PROTOCOLO DE ELLESTAD 31

PERSPECTIVAS HISTÓRICAS

Em 1969, Myrvin Ellestad e colegas31 criaram um teste de exercício físico capaz de ser usado em
adultos sem ou com sinais de problemas cardiovasculares. O “protocolo de Ellestad” é composto,
basicamente, por aumentos constantes na velocidade da esteira motorizada, com aumento na sua
inclinação (5%) somente após o 10º minuto de teste.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Teste de exercício físico com cargas incrementais (step), máximo, em esteira motorizada.

POPULAÇÃO-ALVO

Crianças e adultos sintomáticos, com capacidade funcional debilitada.

PROTOCOLO

Duração estágio (min) Velocidade (km.h-1) Inclinação (%)

1 3 min. 2,7 km.h-1 10


2 2 min. 4,8 km.h-1 10
3 2 min. 6,4 km.h-1 10
4 2 min. 8,0 km.h-1 10
5 3 min. 8,0 km.h-1 15
6 2 min. 9,4 km.h-1 15
7 2 min. 11,2 km.h-1 15

CONSIDERAÇÕES FINAIS

v̇O2max (homem/mulher) = 4,46 + (3,933 × t) 32

VANTAGENS & DESVANTAGENS

Aplicabilidade, segurança, e enorme potencial clínico.

Estimativa indireta de v̇O2max.

Aplicação em crianças e adultos com baixa capacidade funcional e/ou distúrbios clínicos.

Término do teste devido a fadiga “periférica”.

31
Ellestad MH, Allen W, Wan MC, et al. Maximal treadmill stress testing for cardiovascular
evaluation. Circulation. 39:517–522, 1969.
42

PROTOCOLO DE NAUGHTON 33

PERSPECTIVAS HISTÓRICAS

Criado na década de 70, o “protocolo de Naughton” tornou-se conhecido por sua suavidade, onde
sutis aumentos na carga de trabalho são intercalados com maiores inclinações. Recomendado
para pacientes obesos, sedentários, e fisicamente limitados por doenças.29

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Teste de exercício físico com cargas incrementais (step), máximo, em esteira motorizada.

POPULAÇÃO-ALVO

Crianças e adultos sintomáticos, com capacidade funcional debilitada.

PROTOCOLO

Duração estágio (min) Velocidade (km.h-1) Inclinação (%)

1 3 min. 3,6 km.h-1


2 3 min. 3,6 km.h-1 10,5
3 3 min. 3,6 km.h-1 14,0
4 3 min. 4,8 km.h-1 10
5 3 min. 4,8 km.h-1 12,5
6 3 min. 5,4 km.h-1 12
7 3 min. 5,4 km.h-1 14
8 3 min. 5,4 km.h-1 16
9 3 min. 5,4 km.h-1 18

CONSIDERAÇÕES FINAIS

v̇O2max (homem) = 1,11 × (60 – 0,55 × idade) 34


v̇O2max (mulher) = 1,11 × (48 – 0,37 × idade) 34

VANTAGENS & DESVANTAGENS

Aplicabilidade, segurança, e enorme potencial clínico.

Aplicação em crianças e adultos com baixa capacidade funcional e/ou distúrbios clínicos.

Não possui estimativa própria de v̇O2max

33
Naughton J. The national exercise and hear! Disease project development, recruitment, and
implementation: Cardiovascular clinics. Philadelphia: F.A. Davis, 1978.
43

PROTOCOLO DE RAMPA DE BRUCE 35

PERSPECTIVAS HISTÓRICAS

Em 1998, Kaminsky e Whaley seguiram as tendências da época na cardiologia e propuseram um


novo protocolo, onde o tempo de teste seria reduzido sem invalidar seu potencial clínico. Baseado
no teste mais famoso até então, “protocolo de Bruce”, o protocolo foi nomeado pelos autores como
“protocolo de rampa de Bruce”.35

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Teste de exercício físico com cargas incrementais (rampa), máximo, em esteira motorizada.

POPULAÇÃO-ALVO

Crianças e adultos assintomáticos, com boa capacidade funcional

PROTOCOLO

Duração estágio (min) Velocidade (km.h-1) Inclinação (%)

1 1 min. 1,6 km.h-1 0


2 1 min. 1,6 km.h-1 7
3 1 min. 2,4 km.h-1 8,5
4 1 min. 2,7 km.h-1 10
5 1 min. 3,3 km.h-1 10
6 1 min. 3,3 km.h-1 11
7 1 min. 3,6 km.h-1 11,5
8 1 min. 4,1 km.h-1 13
9 1 min. 4,4 km.h-1 13

CONSIDERAÇÕES FINAIS

v̇O2max (homem) = 1,11 × (60 – 0,55 × idade) 34


v̇O2max (mulher) = 1,11 × (48 – 0,37 × idade) 34

VANTAGENS & DESVANTAGENS

Aplicabilidade, agilidade, segurança, e enorme potencial clínico.

Controlado por idade, sexo, e condicionamento físico.

Não possui estimativa própria de v̇O2max

35
Kaminsky LA, Whaley MH. Evaluation of a new standardized ramp protocol: the BSU/Bruce
Ramp protocol. J Cardiopulm Rehabil. 18: 438-444, 1998.
44

PROTOCOLO DE ROECKER 36

PERSPECTIVAS HISTÓRICAS

Em 1998, Roecker et al. 24 criaram um novo protocolo padronizado para atletas de alto rendimento.
De concepção simples, o novo protocolo alemão prevê consideráveis incrementos na velocidade
de corrida (2 km.h-1) até a exaustão volitiva.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Teste de exercício físico com cargas incrementais (step), máximo, em esteira motorizada.

POPULAÇÃO-ALVO

Atletas semiprofissionais e profissionais, com boa capacidade funcional

PROTOCOLO

Duração estágio (min) Velocidade (km.h-1) Inclinação (%)

1 3 min. 6,0 km.h-1 2


2 3 min. 8,0 km.h-1 2
3 3 min. 10,0 km.h-1 2
4 3 min. 12,0 km.h-1 2
5 3 min. 14,0 km.h-1 2
6 3 min. 16,0 km.h-1 2
7 3 min. 18,0 km.h-1 2
8 3 min. 20,0 km.h-1 2
9 3 min. 22,0 km.h-1 2

CONSIDERAÇÕES FINAIS

v̇O2max (homem) = 1,11 × (60 – 0,55 × idade) 34


v̇O2max (mulher) = 1,11 × (48 – 0,37 × idade) 34

VANTAGENS & DESVANTAGENS

Aplicabilidade para atletas.

Estimativa indireta de v̇O2max.

Não possui estimativa própria de v̇O2max

Aplicação em crianças e adultos com baixa capacidade funcional e/ou distúrbios clínicos.

36
Roecker K, Schotte O, Niess A, et al. Predicting competition performance in long-distance
running by means of a treadmill test. Med Sci Sports Exerc. 30: 1552-1557, 1998.
45

PROTOCOLO DE CICLOERGOMETRIA DE MCMASTER 37

PERSPECTIVAS HISTÓRICAS

Na década de 80, o famoso pesquisador israelense Oded Bar-or et al.37 “fugiram” dos tradicionais
testes de exercício físico da época, comumente em esteiras motorizadas, e criaram um protocolo
baseado na cicloergometria. O “protocolo de cicloergometria de Mcmaster” original divide-se em
cinco categorias, mas somente as duas maiores, divididas por sexo, serão mostradas.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Teste de exercício físico com cargas incrementais (step), máximo, em ciclo ergômetro.

POPULAÇÃO-ALVO

Crianças e adultos assintomáticos, com boa capacidade funcional.

PROTOCOLO

Duração estágio (min) Carga (W; homens) Carga (W; mulheres)

1 2 min. 25 W 25 W
2 2 min. 75 W 50 W
3 2 min. 125 W 75 W
4 2 min. 175 W 100 W
5 2 min. 225 W 125 W
6 2 min. 275 W 150 W
7 2 min. 325 W 175 W
8 2 min. 375 W 200 W
9 2 min. 425 W 225 W

CONSIDERAÇÕES FINAIS

v̇O2max = (carga de trabalho final (W) × 11,4 + 260 + peso corporal × 3,5) / peso corporal 38

VANTAGENS & DESVANTAGENS

Aplicabilidade, segurança, capacidade de monitoramento e potencial clínico.

Aplicação em crianças e adultos com baixa capacidade funcional e/ou distúrbios clínicos.

Término do teste devido a fadiga “periférica”.

26
Handler CE, Sowton E. A comparison of the Naughton and modified Bruce treadmill exercise
protocols in their ability to detect ischemic abnormalities six weeks after myocardial infarction. Eur
Heart J. 5: 752-755, 1984.
46

PROTOCOLO DE CICLOERGOMETRIA DE JAMES 39

PERSPECTIVAS HISTÓRICAS

Em 1980, James et al. 39 criaram um novo teste de exercício físico em ciclo ergômetro. Os autores
criaram um protocolo de três categorias, come estágios de 3 min e frequência de pedalada de 60-
70 rpm. O teste possui consideráveis incrementos na carga de trabalho, mas apesar disso, pode
ser usado em clientes/pacientes com baixa capacidade funcional.

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Teste de exercício físico com cargas incrementais (step), máximo, em ciclo ergômetro.

POPULAÇÃO-ALVO

Crianças e adultos assintomáticos e sintomáticos, com moderada capacidade funcional.

PROTOCOLO

Carga (W menor
Duração estágio (min) Carga (W; maior peso)
peso)
1 3 min. 33.0 W 33.0 W
2 3 min. 49.5 W 82.5 W
3 3 min. 66.0 W 132.0 W
4 3 min. 82.5 W 181.5 W
5 3 min. 99.0 W 231.0 W
6 3 min. 115.5 W 280.5 W
7 3 min. 132.0 W 330.0 W
8 3 min. 148.5 W 379.5 W

CONSIDERAÇÕES FINAIS

v̇O2max = (carga de trabalho final (W) × 11,4 + 260 + peso corporal × 3,5) / peso corporal 38

VANTAGENS & DESVANTAGENS

Aplicabilidade, segurança, capacidade de monitoramento e potencial clínico.

Não possui estimativa própria de v̇O2max

Aplicação em crianças e adultos com baixa capacidade funcional e/ou distúrbios clínicos.

39
1. James FW, Kaplan S, Glueck, et al. Responses of normal children and young adults to controlled bicycle
exercise. Circulation. 61:902-912, 1980.
47

PROTOCOLO DE CICLOERGOMETRIA DE GODFREY 41

PERSPECTIVAS HISTÓRICAS

Criado em 1971, o “protocolo de Godfrey” foi pioneiro no uso do modelo rampa na cicloergometria.
Basicamente, o protocolo divide os clientes/pacientes em 3 categorias, de acordo com a estatura.
Cabe notar que, devido à suas características inerentes de estágios curtos (1min), certas respostas
fisiológicas não podem ser mensuradas.9

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Teste de exercício físico com cargas incrementais (step), máximo, em ciclo ergômetro.

POPULAÇÃO-ALVO

Crianças e adultos assintomáticos, com boa capacidade funcional.

PROTOCOLO

Duração estágio (min) Carga (W; baixos) Carga (W; altos)

1 1 min. 10 W 20 W
2 1 min. 20 W 40 W
3 1 min. 30 W 60 W
4 1 min. 40 W 80 W
5 1 min. 50 W 100 W
6 1 min. 60 W 120 W
7 1 min. 70 W 140 W
8 1 min. 80 W 160 W
9 1 min. 90 W 180 W

CONSIDERAÇÕES FINAIS

v̇O2max = (carga de trabalho final (W) × 11,4 + 260 + peso corporal × 3,5) / peso corporal 38

VANTAGENS & DESVANTAGENS

Aplicabilidade, segurança, capacidade de monitoramento e potencial clínico.

Aplicação em crianças e adultos com baixa capacidade funcional e/ou distúrbios clínicos.

Término do teste devido a fadiga “periférica”.

41
Godfrey S, Davies C, Wozniak E, et al. Cardiorespiratory response to exercise in normal children. Clin Sci.
40: 419-431, 1971.
48

CAPITULO 3

APTIDÃO CARDIORRESPIRATÓRIA: PRESCRIÇÃO E ORIENTAÇÃO

3.1 DADOS NORMATIVOS

No Capítulo 2, percebemos que a existência de numerosos protocolos, usados rotineiramente em

testes de exercício físico em clínicas especializadas e laboratórios científicos ao redor do Mundo,

podem favorecer o profissional da área da saúde em sua tomada de decisão. Opostamente, uma

quantidade exacerbada de protocolos poderá, inclusive, gerar dúvidas a respeito de sua seleção.

De modo geral, os protocolos mencionados anteriormente, empregados em testes laboratoriais

e de campo, são capazes de predizer, com certa margem de erro, v̇O2max1, o principal indicador

de aptidão cardiorrespiratória no âmbito da saúde e da performance humana. Contudo, devemos

nos perguntar: sabemos interpretar os dados referentes ao v̇O2max para usarmos, posteriormente,

em nossa prática profissional? A resposta, obviamente, não é simples. Neste contexto, criamos o

presente tópico, onde buscamos ajudar o leitor a minimamente compreender os dados oriundos

de testes de exercício físico incrementais.

CRITÉRIOS USADOS NA DETERMINAÇÃO DO V̇O2MAX. Conforme mencionado no Capítulo 2, debates

acalorados a respeito da diferenciação dos termos v̇O2max e v̇O2pico permeou o campo da fisiologia

do exercício nas últimas décadas.2 Entretanto, o veredito final para o embate parece ter sido dado

recentemente, através de uma elegante revisão publicada no renomado periódico inglês Journal

of Applied Physiology. O manuscrito, assinado pelos pesquisadores David Poole e Andrew Jones,

reporta que a inexistência do v̇O2pico, em casos onde um platô ou estabilidade nos dados de v̇O2

não foi facilmente visível durante um teste de exercício físico incremental, significa que um limite

superior provavelmente não foi alcançado pelo cliente//paciente avaliado. Neste caso, portanto,

o avaliado deveria repetir o teste.3 Opostamente, caso uma estabilidade nos dados de v̇O2 fosse

aparente, teríamos certeza que o v̇O2max foi “realmente” obtido? A resposta é provavelmente não.

Em geral, devemos analisar outros indicadores fisiológicos de interesse além do v̇O2, incluindo –
49

mas não limitado a - razão de troca respiratória e frequência cardíaca. Tradicionalmente, sugere-

se que, ao final de um teste de exercício físico máximo, a razão de troca respiratória† do avaliado

deva estar com um valor superior a 1.10, enquanto a frequência cardíaca deva estar próxima de

sua máxima predita pela idade (±10 bpm)‡. Assim, percebemos que não apenas uma estabilidade

nos dados de v̇O2, definida como um valor < 2,1 mL O2. kg-1. min-1,4 irá reger nossa determinação

de um “verdadeiro” v̇O2max.

COMO INTERPRETAR UM RESULTADO DE V̇O2MAX. Interpretar dados de v̇O2maz dependem, ultimamente,

da presença de tabelas normativas (ver Tabela 4). Analisando a Tabela 4, devemos compreender

que a classificação de nosso v̇O2max abaixo do percentil 20º, categorizado por idade e sexo, não

será uma boa notícia. De fato, tal classificação está associada como um modo de viver sedentário

e maior risco de morte por causas diversas.6 Embora o menor valor de aptidão cardiorrespiratória

possa, a priori, parecer um cenário negativo em termos de saúde e sobrevivência, a idade de seu

cliente/paciente avaliado, homem ou mulher, terá enorme impacto.7 Em adultos jovens, entre 40

e 60 anos, a aptidão cardiorrespiratória poderá decrescer abaixo de 60-70% daquela predita para

somente então termos uma prognose preocupante. Em idosos, por sua vez, uma relação linear

entre decréscimos na aptidão cardiorrespiratória e riscos para morbidade e mortalidade parece

existir.8 O box 3.1 nos ajuda a compreender, definitivamente, como podemos interpretar nossos

dados de v̇O2maz usando tabelas normativas.

Tabela 4 Dados normativos na do v̇O2max.

Box 3.1 Uso de dados normativos na determinação do v̇O2max.

Após compreendermos como analisarmos os dados de v̇O2max, devemos agora entender como

usar nossos dados para prescrevermos e orientarmos a prática do exercício físico.

† Razão de troca respiratória (RER, do inglês, Respiratory Exchange Ratio) é a razão entre produção de dióxido de
carbono (v̇CO2) e consumo de oxigênio pulmonar (v̇O2).

‡ Embora controversa, frequência cardíaca predita pela idade pode ser determinada como 220-idade.5
50

3.2 PRESCRIÇÃO E ORIENTAÇÃO

Basicamente, uma sessão de exercício físico é composta por três componentes, nomeadamente,

aquecimento, condicionamento físico, e volta-a-calma. Referente ao período de condicionamento

físico, devemos, inicialmente, citar a enorme gama de atividades possíveis, variando de exercícios

resistidos até mesmo exercícios aeróbicos, foco de nossa discussão neste tópico. Abordaremos

os principais aspectos pertinentes a uma sessão de trabalho aeróbico, como frequência semanal,

intensidade, e duração, os quais combinados, formam a chamada “dose” do exercício físico. 8

FREQUÊNCIA SEMANAL. A frequência de uma atividade, definida como o número de dias na semana

dedicados a prática de exercício físico, associa-se diretamente com benefícios a saúde humana.

De fato, em geral, recomenda-se uma prática de exercício físico de característica aeróbica entre

3 e 5 dias na semana, variando de acordo com a intensidade da atividade.9-10 Em estudo prévio,

verificou-se que melhorias na aptidão cardiorrespiratória ocorriam em frequências semanais de

atividade > 3 dias, enquanto aumentos adicionais não parecem ocorrer em frequência semanal >

5 dias.11 Cabe destacar, contudo, que a prática de exercício físico vigoroso em uma frequência

semanal > 5 dias pode predispor o cliente/paciente ao maior risco de lesões musculoesqueléticas

e, portanto, tamanha magnitude de esforço não é recomendável para a maiorias dos praticantes.

Todavia, intercalar sessões de exercício físico com atividades em intensidades moderadas e altas

pode ser uma alternativa segura e eficiente para promover efeitos benéficos à saúde. 8 A prática

massiva e exacerbada de exercício físico em apenas 1-2 dias semanas não deve ser incentivada,

principalmente caso não supervisionada, pois pode predispor o cliente/paciente a riscos severos,

não apenas musculoesqueléticos, mas também cardiovasculares. 12

INTENSIDADE. Uma relação dose-resposta parece existir entre intensidade do esforço e benefícios

à saúde física e mental.12 De fato, conforme as premissas básicas do princípio da sobrecarga, um

esforço abaixo de um “limiar” mínimo não resulta em efeitos orgânicos de importância biológica.

Todavia, a determinação deste “limiar” é uma tarefa complexa, pois evidências recentes sugerem

a ocorrência de benefícios à saúde mesmo em intensidades ínfimas, dependendo claramente de

fatores diversos como idade, condição de saúde, condicionamento físico, herdabilidade, além de

fatores sociais.13 Similarmente, a determinação de um “limiar” mínimo para a ocorrência de efeitos

positivos na aptidão cardiorrespiratória ainda não foi reportado pela literatura atual, caso exista.
51

Outra pergunta intrigante e desconhecida na literatura científica vigente é sobre como podemos,

de um modo acurado, estimar intensidade. Atualmente, dois métodos são preferidos para estimar

intensidade, nomeadamente, frequência cardíaca de reserva e consumo de oxigênio de reserva,

denotados pelas siglas HRR (do termo inglês, heart rate reserve) e v̇O2R, respectivamente. Ambos

surgiram no contexto prático para substituir métodos de estimativa de intensidade “tradicionais”,

como porcentagem da frequência cardíaca máxima e consumo máxima de oxigênio (%FCmáx e

%v̇O2max, respectivamente), os quais rotineiramente subestimavam ou superestimavam um dado

esforço. O Box 3.2 mostra como podemos utilizar métodos HRR e v̇O2R no âmbito da prescrição

do exercício físico no contexto da promoção da saúde.

Box 3.2 Uso de dados de v̇O2 para a prescrição do exercício físico.

DURAÇÃO. A duração poderia ser comumente definida como a quantidade de tempo usada para

se realizar uma certa atividade.12 Recomenda-se, por exemplo, que muitos adultos acumulem a

quantidade de 30-60 min/diários (> 150 min/semanais) de exercício físico moderado, 20-60 min/

diários (>75 min/semanais) de exercício físico vigoroso, ou a combinação de ambos no decorrer

da semana. Cabe notar, todavia, que para muitas pessoas, relativamente sedentárias, 20 min. por

dia pode ser benéfica em termos de saúde.11 Para a manutenção e/ou redução do peso corporal,

entretanto, uma duração mais prolongada será necessária (60-90 min/dia), o que, claramente, é

extremamente difícil para pessoas previamente sedentárias com excesso de peso corporal. 13 A

duração de uma atividade pode ser fracionada ao longo do dia, com efeitos mais favoráveis em

pessoas com baixa aptidão física/cardiorrespiratória em comparação com seus pares com maior

aptidão física/cardiorrespiratória.14 Cabe destacar, todavia, que até o presente momento, a “dose”

exata (combinação de frequência, intensidade, e duração) para otimizar as melhorias na aptidão

cardiorrespiratória são ainda desconhecidos.


52

3.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente livro eletrônico (e-book) buscou, ao longo de sua discussão, trazer ao leitor um maior

conhecimento, baseado em evidências científicas atuais, a respeito da aptidão cardiorrespiratória

e sua manifesta importância no contexto da saúde e da performance. No decorrer da leitura do

material, fica evidente como nosso moderno modo de viver “pouco ativo” afeta negativamente a

aptidão cardiorrespiratória, nos tornando susceptíveis ao surgimento e desenvolvimento de várias

doenças crônicas degenerativas, não-transmissíveis, e menor longevidade. A melhoria da aptidão

cardiorrespiratória certamente favorecerá nossa integridade anatômica e funcional de diferentes

sistemas orgânicos, com ênfase aos sistemas respiratório, cardiovascular e musculoesquelético.

O profissional do futuro inserido no âmbito da saúde deverá, portanto, não apenas compreender

aspectos referentes a avaliação da aptidão cardiorrespiratória de seu cliente/paciente, constando,

em certas ocasiões, sua “preocupação” em termos clínicos, mas também deverá ser capaz de

compreender como a aptidão cardiorrespiratória poderá ser otimizada através de uma prescrição

e orientação de exercício físico de modo seguro e eficaz. Neste sentido, esperamos ter ajudado

ao nosso leitor!
53

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAPITULO 1

1. Cordain L, Gotshall R, Eaton SB, et al. Physical activity, energy expenditure, and fitness: An

evolutionary perspective. Int J Sports Med. 19: 328-335, 1998.

2. Eaton SB, Eaton SB. An evolutionary perspective on human physical activity: Implications for

health. Comp Biochem Physiol A Mol Integr Physiol. 136: 153-159, 2003.

3. Lee IM, Shiroma EJ, Lobelo F, et al. Effect of physical inactivity on major non-communicable

diseases worldwide: An analysis of burden of disease and life expectancy. Lancet. 380: 219-
229, 2012

4. Ekelund U, Steene-Johannessen J, Brown WJ, et al. Does physical activity attenuate, or even

eliminate, the detrimental association of sitting time with mortality? A harmonised meta-
analysis of data from more than 1 million men and women. Lancet. 388: 1302-1310.

5. Patterson R, McNamara E, Tainio M, et al. Sedentary behaviour and risk of all-cause,

cardiovascular and cancer mortality, and incident type 2 diabetes: a systematic review and
dose response meta-analysis. Eur J Epidemiol. 33: 811-829, 2018.

6. Godino JG, Watkinson C, Corder K, et al. Awareness of physical activity in healthy middle-aged

adults: A cross-sectional study of associations with sociodemographic, biological, behavioural,


and psychological factors. BMC Public Health. 14: 421, 2014.

7. Sallis JF, Bull F, Guthold R, et al. Progress in physical activity over the Olympic quadrennium.

Lancet. 388: 1325-1336, 2016.

8. World Health Organization. Interventions on diet and physical activity: What works: Summary

report. Geneva. 2009.

9. UDHSS Services. Physical activity guidelines advisory committee report. Washington. 2008.
54

10. Pate RR, Pratt M, Blair SN, et al. Physical activity and public health: A recommendation from the

Centers for Disease Control and Prevention and the American College of Sports Medicine.
JAMA. 273: 402-407, 1995.

11. Bassett Jr DR, Howley T. Limiting factors for maximum oxygen uptake and determinants of

endurance performance. Med Sci Sports Exerc. 32: 70-84, 2000.

12. Poole DC, Barstow TJ, McDonough P, et al. Control of oxygen uptake during exercise. Med Sci

Sport Exerc. 40: 462-474, 2008.

13. Tipton CM. History of Exercise Physiology. Champaign: Human Kinetics Books, 2014.

14. Liljestrand G, Stenstrom N. Respirationsversuche beim gehen, laufen, ski‐ und


schlittschuhlaufen. Skand Arch Physiol. 39: 167-206, 1920.

15. Hill AV, Lupton H. Muscular exercise, lactic acid, and the supply and utilization of oxygen. Q J

M. 16: 135-171, 1923.

16. Levine BD. v̇O2max: What do we know, and what do we still need to know? J Physiol. 586: 25-

34, 2008.

17. Bouchard C, Daw EW, Rice T, et al. Familial resemblance for v̇O2max in the sedentary state: the

HERITAGE family study. Med Sci Sports Exerc. 30: 252-258, 1998.

18. Bouchard C, An P, Rice T, et al. Familial aggregation of v̇O2max response to exercise training:

Results from the HERITAGE family study. J Appl Physiol. 87: 1003-1008, 1999.

19. Saltin B. The physiology of competitive cross-country skiing across a four decade perspective.

In: Muller E, Schwameder H, Kornxl E, et al. Science and Skiing. London: E & FN Spon. 1996.

20. Hill AV, Long CNH, Lupton H. Muscular exercise, lactic acid and the supply and utilisation of

oxygen. Proc Roy Soc B 97: 155-176, 1924.

21. Powers SK, Lawler J, Dempsey JA, et al. Effects of incomplete pulmonary gas exchange of

v̇O2max. J Appl Physiol. 66: 2491-2495, 1989.

22. Dempsey JA, Hanson P, Henderson K. Exercise-induced arterial hypoxemia in healthy humans

at sea-level. J Physiol. 335: 161-175, 1984.


55

23. Saltin B, Blomquist B, Mitchell JH, et al. Response to submaximal and maximal exercise after

bed rest and after training. Circulation. 38: 1-78, 1968.

24. Shephard R. Endurance fitness. Toronto: University of Toronto Press, 1977.

25. Cerretelli P, Di Prampero PE. Gas exchange in exercise. In: Fishman AP, Farhi LE, Tenney SM.

Handbook of physiology. Bethesda: American Physiological Society, 1987.

26. Ekblom B, Wilson G, Astrand PO. Central circulation during exercise after venesection and

reinfusion of red blood cells. J Appl Physiol. 40: 379-383, 1976.

27. Gledhill N. The influence of altered blood volume and oxygen transport capacity on aerobic

performance. Exerc. Sport Sci Rev. 13: 75-93, 1985.

28. Mitchell JH, Saltin B. The oxygen transport system and maximal oxygen uptake. In: Tipton CP.

Exercise physiology. Oxford: Oxford University Press, 2003.

29. Macur J. Circuito de mentiras: ascensão e queda de Lance Armstrong. Rio de Janeiro: Editora

Intrínseca, 2014.

30. Honig CR, Connett RJ, Gayeski TEJ. O2 transport and its interaction with metabolism: A systems

view of aerobic capacity. Med Sci Sports Exerc. 24: 47-53, 1992.

31. Jacobs RA. Adaptations of skeletal muscle mitochondria to exercise training. Exp Physiol. 101:

17-22, 2016.

32. Saltin B, Henriksson E, Nygaard E, et al. Fiber types and metabolic potentials of skeletal muscles

in sedentary man and endurance runners. Ann N Y Acad Sci. 301: 3-29, 1977.

33. Holloszy JO, Coyle EF. Adaptations of skeletal muscle to endurance exercise and their

metabolic consequences. J Appl Physiol. 56: 831-838, 1984.

34. Holloszy JO. Biochemical adaptations to exercise: Aerobic metabolism. Exerc Sport Sci Rev.

1: 45-71, 1973.

35. Noakes TD. Maximal oxygen uptake: “classical” versus “contemporary” viewpoints: A rebuttal.

Med Sci Sports Exerc. 30: 1381-1398, 1998.


56

36. Hawkins MN, Raven PB, Snell PG, et al. Maximal oxygen uptake as a parametric measure of

cardiorespiratory capacity. Med Sci Sports Exerc. 39: 103-107, 2007.

37. Wagner PD. Crosstalk proposal: Diffusion limitation of O 2 from microvessels into muscle does

contribute to the limitation of v̇O2max. J Physiol. 593: 3757-3758, 2015.

38. Lundby C, Montero D. Crosstalk opposing view: Diffusion limitation of O2 from microvessels into

muscle does not contribute to the limitation of v̇O2max. J Physiol. 593: 3759-3761, 2015.

39. Andersen P, Henriksson J. Capillary supply of the of the quadriceps femoris muscle of man:

Adaptive response to exercise. J Physiol. 270: 677-690, 1977.

40. Hoppeler H, Weibel ER. Limits for oxygen and substrate transport in mammals. J Exp Biol. 201:

1051-1064, 1998.

41. Wagner PD, Hoppeler H, Saltin B. Determinants of maximal oxygen uptake. In: Crystal RG, West

JB. The lung: Scientific Foundations. New York: Raven Press, 1991.

42. Daniels J, Oldridge N. The effects of alternate exposure to altitude and sea level on world-class

middle-distance runners. Med Sci Sports Exerc. 2: 107-112, 1970.

43. Myers J, McAuley P, Lavie CJ, et al. Physical activity and cardiorespiratory fitness as major

markers of cardiovascular risk: their independent and interwoven importance to health status.
Prog Cardiovasc Dis. 4: 306-314, 2015.

44. Blair SN, Kampert JB, Kohl HW, et al. Influences of cardiorespiratory fitness and other

precursors on cardiovascular disease and all-cause mortality in men and women. JAMA. 17:
205-210, 1996.

45. Wei M, Kampert JB, Barlow CE, et al. Relationship between low cardiorespiratory fitness and

mortality in normal-weight, overweight, and obese men. JAMA. 282: 1547-1553, 1999.

46. Swift DL, Lavie CJ, Johannsen NM, et al. Physical activity, cardiorespiratory fitness, and exercise

training in primary and secondary coronary prevention. Circ J. 77: 281-292, 2013.

47. Ross R, Blair SN, Arena R, et al. Importance of assessing cardiorespiratory fitness in clinical

practice: A case for fitness as a clinical vital sign. Circulation. 134: e653-e699, 2016.
57

48. Lee DC, Sui X, Church TS, et al. Associations of cardiorespiratory fitness and obesity with risks

of impaired fasting glucose and type 2 diabetes in men. Diabetes Care. 32: 257-262, 2009.

49. Sieverdes JC, Sui X, Lee DC, et al. Physical activity, cardiorespiratory fitness and the incidence

of type 2 diabetes in a prospective study of men. Br J Sports Med. 44: 238-244, 2010.

50. Carnethon MR, Sternfeld B, Schreiner PJ, et al. Association of 20-year changes in

cardiorespiratory fitness with incident type 2 diabetes: the coronary artery risk development in
young adults (CARDIA) fitness study. Diabetes Care. 32: 1248-1288, 2009.

51. Peel JB, Sui X, Adams SA, et al. A prospective study of cardiorespiratory fitness and breast

cancer mortality. Med Sci Sports Exerc. 41: 742-748, 2009.

52. Sui X, Lee DC, Matthews CE, et al. Influence of cardiorespiratory fitness on lung cancer mortality.

Med Sci Sports Exerc. 42: 8782-878, 2010.

53. Schmid D, Leitzmann MF. Cardiorespiratory fitness as predictor of cancer mortality: A

systematic review and meta-analysis. Ann Oncol. 26: 272-278, 2015.

54. Honea RA, Thomas GP, Harsha A, et al. Cardiorespiratory fitness and preserved medial temporal

lobe volume in Alzheimer disease. Alzheimer Dis Assoc Disord. 23: 188-197, 2009.

55. Defina LF, Willis BL, Radford NB, et al. The association between midlife cardiorespiratory fitness

levels and later-life dementia: A cohort study. Ann Intern Med. 158: 162-168, 2013.

56. Dishman RK, Sui X, Church TS. Decline in cardiorespiratory fitness and odds of incident

depression. Am J Prev Med. 43: 361-368, 2012.

57. Dishman RK, Sui X, Church TS. Decline in cardiorespiratory fitness and odds of incident sleep

complaints. Med Sci Sports Exerc. 47: 960-966, 2015.

58. Neunhäuserer D, Sturm J, Baumgartlinger MM, et al. Hiking in suicidal patients: neutral effects

on markers of suicidality. Am J Med. 126: 927-930, 2013.

59. Joyner MJ, Coyle EF. Endurance exercise performance: The physiology of champions. J

Physiol. 586: 35-44, 2008.


58

60. Jones AM, Poole DC. Physiological demands of endurance exercise. In: Maughan RJ. Olympic

textbook of science in sport. Hoboken: Wiley-Blackwell. 2008.

61. Jones AM. The physiology of the world record holder for the women’s marathon. Int J Sports

Sci Coaching. 1: 101-113, 2006.

62. Jones AM, Doust JH. Limitations to submaximal exercise performance. In: Eston R, Reilly T.

Exercise and laboratory test manual. London: E & FN Spon. 2001.

63. Costill DL, Thomason H, Roberts E. Fractional utilization of the aerobic capacity during distance

running. Med Sci Sports Exerc. 5: 248-252, 1973.

64. Conley DL, Krahenbuhl G. Running economy and distance running performance of highly

trained athletes. Med Sci Sports Exerc. 12: 357-360, 1980.

65. Bassett Jr DR, Howley ET. Maximal oxygen uptake: classical versus contemporary viewpoints.

Med Sci Sports Exerc. 29: 591-603, 1997.

66. Astrand PO, Rodahl K. Textbook of work physiology. New York: McGraw-Hill, 1970.

67. Haugen T, Paulsen G, Seiler S, et al. New Records in Human Power. Int J Sports Physiol Perform.

13: 678-686, 2018.

CAPITULO 2

2. Bassett Jr DR, Howley T. Limiting factors for maximum oxygen uptake and determinants of

endurance performance. Med Sci Sports Exerc 32: 70-84, 2000.

3. Jones AM, Carter H. The effect of endurance training on parameters of aerobic fitness. Sports

Med 29: 373-386, 2000.

4. Eston R, Reilly T. Kinanthropometry and exercise physiology laboratory manual: Tests,

procedures, and data. London: Routledge, 2009.

5. Lucia A, Rabadan M, Hoyos J, et al. Frequency of the of v̇O2max plateau phenomenon in world-

class cyclists. Int J Sports Med 27: 984-992, 2006.


59

6. Shephard RJ, Aoyagi Y. Measurement of human energy expenditure, with particular reference

to field studies: an historical perspective. Eur J Appl Physiol 112: 2785-2815, 2012.

7. Atkinson G, Davison R, Nevill A. Performance characteristics of gas analysis systems: what we

know and what we need to know. Int J Sports Med 26: S2-S10, 2005.

8. Macfarlane DJ. Automated metabolic gas analysis systems: a review. Sports Med 31: 841–861,

2001.

9. Macfarlane DJ. Open-circuit respirometry: a historical review of portable gas analysis systems.

Eur J Appl Physiol 117: 2369-2386, 2017.

10. Montoye HJ, Aven T, Washburn RA. The estimation of v̇O2max from maximal and submaximal

measurements in males, age 10–39. Res Q. 57: 250-253, 1986.

11. Zeballos RJ, Weisman IM. Behind the scenes of cardiopulmonary exercise testing. Clin Chest

Med. 15: 193-213, 1994.

12. Noonan V, Dean E. Submaximal exercise testing: Clinical application and interpretation. Phys

Ther. 80: 782-807, 2000.

13. Gibbons RJ, Balady GJ, Bricker JT, et al. ACC/AHA 2002 guideline update for exercise testing:

Summary article. A report of the ACC/AHA Task Force on Practice Guidelines. J Am Coll
Cardiol. 40: 1531-1540, 2002.

14. Rodgers GP, Ayanian JZ, Balady G, et al. ACC/AHA clinical competence statement on stress

testing. Circulation. 102: 1726-1738, 2000.

15. James FW, Blomqvist CG, Freed MD, et al. Standards for exercise testing in the pediatric age

group: AHA council on cardiovascular disease in the young. Circulation. 66:1377-1397, 1982.

16. ACSM. ACSM’s guidelines for exercise testing and prescription. Baltimore: Lippincott Williams

and Wilkins. 2014.

17. Paridon SM, Alpert SB, Boas SR, et al. Clinical stress testing in the pediatric age group: a

statement from the AHA council on cardiovascular disease in the young. Circulation. 113:
1905-1920, 2006.
60

18. Washington R, Bricker J, Alpert B, et al. Guidelines for exercise testing in the pediatric age

group. Circulation. 90: 2166-2179, 1994.

19. Rowland TW. Cardiopulmonary exercise testing in children and adolescents. Champaign:

Human Kinetics Book, 2018.

20. Vuori T. The cardiovascular risks of physical activity. Acta Med Scand. 711: 205-214, 1986.

21. Thompson PD, Funk EJ, Carleton RA, et al. Incidence of death during jogging in Rhode Islands

from 1975 through 1980. JAM. 2535-2538, 1982.

22. Gibbons RJ, Abrams J, Chatterjee K, et al. ACC/AHA 2002 guideline update for the management

of patients with chronic stable angina: Summary article. A report of the ACC/AHA Task Force
on Practice Guidelines. Circulation. 107: 149-158, 2003.

23. Garber CE, Blissmer B, Deschenes MR, et al. ACSM position stand: Quantity and quality of

exercise for developing and maintaining cardiorespiratory, musculoskeletal, and neuromotor


fitness in apparently healthy adults: guidance for prescribing exercise. Med Sci Sports Exerc.
43: 1334-1359, 2011.

24. Bruce RA, Blackmon JR, Jones JW, et al. Exercising testing in adult normal subjects and cardiac

patients. Pediatrics. 32:742-756, 1963.

25. Shah BN. Onn the 50th anniversary of the first description of a multistage exercise treadmill

test: Re-visiting the birth of the 'Bruce protocol'. Heart. 99: 1793-1794, 2013.

26. Bruce RA. Exercise testing of patients with coronary heart disease. Principles and normal

standards for evaluation. Ann Clin Res. 3: 323–332, 1971.

27. Handler CE, Sowton E. A comparison of the Naughton and modified Bruce treadmill exercise

protocols in their ability to detect ischemic abnormalities six weeks after myocardial infarction.
Eur Heart J. 5: 752-755, 1984.

28. Foster C, Jackson AM, Pollock ML, et al. Generalized equations for predicting functional capacity

from treadmill performance. Am Heart J. 107: 1229-1234, 1984.

29. Balke B, Ware RW. An experimental study of physical fitness of Air Force personnel. US Armed

Forces Med J. 10: 675-688, 1959.


61

30. Rowland TW. Developmental exercise physiology. Champaign: Human Kinetics Book, 1996.

31. Van der Cammen-Van Zijp MHM, Ijsselstijn H, Takken T, et al. Exercise testing of pre-school

children using the Bruce treadmill protocol: new reference values. Eur J Appl Physiol. 108:
393-399, 2010.

32. Ellestad MH, Allen W, Wan MC, et al. Maximal treadmill stress testing for cardiovascular

evaluation. Circulation. 39:517–522, 1969.

33. Pollock ML, Bohannon RL, Cooper KH, et al. A comparative analysis of four protocols for maximal

treadmill stress testing. Am Heart J. 92: 39–46, 1976.

34. Naughton J. The national exercise and hear! Disease project development, recruitment, and

implementation: Cardiovascular clinics. Philadelphia: F.A. Davis, 1978.

35. ACSM. ACSM’s guidelines for exercise testing and prescription. Philadelphia: Lea & Febiger.

2009.

36. Kaminsky LA, Whaley MH. Evaluation of a new standardized ramp protocol: the BSU/Bruce

Ramp protocol. J Cardiopulm Rehabil. 18: 438-444, 1998.

37. Roecker K, Schotte O, Niess A, et al. Predicting competition performance in long-distance running

by means of a treadmill test. Med Sci Sports Exerc. 30: 1552-1557, 1998.

38. Bar-Or O. Pediatric sports medicine for the practitioner: from physiologic principles to clinical

applications. New York: Springer-Verlag, 1983.

39. Lang PB, Latin RW, Berg KE, et al. The accuracy of the ACSM cycle ergometry equation. Med

Sci Sports Exerc. 24: 272-276, 1992.

40. James FW, Kaplan S, Glueck, et al. Responses of normal children and young adults to controlled

bicycle exercise. Circulation. 61:902-912, 1980.

41. James FW, Blomqvist CG, Freed MD, et al. Standards for exercise testing in the pediatric age

group: AHA council on cardiovascular disease in the young. Circulation. 66:1377-1397, 1982.

42. Godfrey S, Davies C, Wozniak E, et al. Cardiorespiratory response to exercise in normal children.

Clin Sci. 40: 419-431, 1971.


62

CAPITULO 3

1. Atkinson G, Davison R, Nevill A. Performance characteristics of gas analysis systems: what we

know and what we need to know. Int J Sports Med 26: S2-S10, 2005.

2. Eston R, Reilly T. Kinanthropometry and exercise physiology laboratory manual: Tests,

procedures, and data. London: Routledge, 2009.

3. Poole DC, Jones AM. Measurement of the maximum oxygen uptake V̇o2max: V̇o2peak is no

longer acceptable. J Appl Physiol. 122: 997-1002, 2017.

4. Midgley AW, McNaughton LR, Polman R, et al. Criteria for determination of maximal oxygen

uptake: a brief critique and recommendations for future research. Sports Med. 37: 1019-1028,
2007.

5. Robergs RA, Landwehr R. The surprising history of the "HRmax= 220-age" equation. J Exerc

Physiol. 5: 1-10, 2002.

6. Blair SN, Kampert JB, Kohl HW, et al. Influences of cardiorespiratory fitness and other

precursors on cardiovascular disease and all-cause mortality in men and women. JAMA. 17:
205-210, 1996.

7. Wei M, Kampert JB, Barlow CE, et al. Relationship between low cardiorespiratory fitness and

mortality in normal-weight, overweight, and obese men. JAMA. 282: 1547-1553, 1999.

8. ACSM. ACSM’s guidelines for exercise testing and prescription. Baltimore: Lippincott Williams

and Wilkins. 2014.

9. Garber CE, Blissmer B, Deschenes MR, et al. ACSM position stand: Quantity and quality of

exercise for developing and maintaining cardiorespiratory, musculoskeletal, and neuromotor


fitness in apparently healthy adults: guidance for prescribing exercise. Med Sci Sports Exerc.
43: 1334-1359, 2011.

10. Haskell WL, Lee IM, Pate RR, et al. Physical activity and public health: updated recommendation

for adults from the ACSM and the AHA. Med Sci Sports Exerc. 39: 1423-1434, 2007.

11. Nelson ME, Rejeski WJ, Blair SN, et al. Physical activity and public health in older adults:

recommendation from the ACSM and the AHA. Med Sci Sports Exerc. 39: 1435-1445, 2007.
63

12. US Department of Health and Human Services. Physical activity guidelines for Americans. 2008.

13. Donnelly JE, Blair SN, Jakicic JM, et al. American College of Sports Medicine Position Stand.

Appropriate physical activity intervention strategies for weight loss and prevention of weight
regain for adults. Med Sci Sports Exerc. 41: 459-471, 2009.

14. Jakicic JM, Rogers RJ, Donelly JE. The health risks of obesity have not been exaggerated. Med

Sci Sports Exerc. 51: 222-225, 2019.


64

SOBRE OS AUTORES

ELTON JHONY DE ALMEIDA possui Bacharelado em Educação Física (2011) e Mestrado em Exercício Físico

na Promoção da Saúde (2019) pela Universidade Pitágoras Unopar, campus Londrina (PR). Atualmente, é

coordenador do Departamento de Educação Física no SESC (Serviço Social do Comércio, Apucarana - PR).

Possui experiência como consultor técnico em diversas modalidades esportivas, incluindo ciclismo e triátlon.

COSME FRANKLIM BUZZACHERA possui Licenciatura em Educação Física (2004), Especialização

em Fisiologia do Exercício (2006), e Mestrado em Educação Física pela Universidade Federal do

Paraná (Curitiba, 2008). Possui Doutorado em Aspectos Biomédicos/Metodológicos da Atividade

Física pela Universidade de Roma ‘Foro Italico’ (2012). Desde 2012, atua como docente titular do

Programa de Mestrado & Doutorado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde da

Universidade Pitágoras Unopar, campus Londrina (PR). Possui vasta experiência como fisiologista

em diversas modalidades esportivas, com ênfase no ciclismo e hóquei sobre a grama.


65

Fonte: Haugen et al.67


66

DETERMINAÇÃO DO V̇O2MAX

✓ ESTABILIDADE NO VO2?
SIM
✓ FREQUÊNCIA CARDÍACA MÁXIMA ± 10 BPM?
SIM
✓ RAZÃO DE TROCA RESPIRATÓRIA > 1.10?
SIM

DETERMINAÇÃO DO V̇O2MAX V̇O2PICO

✓ ESTABILIDADE NO VO2?
NÃO
✓ FREQUÊNCIA CARDÍACA MÁXIMA ± 10 BPM?
NÃO
✓ RAZÃO DE TROCA RESPIRATÓRIA > 1.10?
NÃO

Fonte: Day et al.40


67
68

Figura 1 Fatores fisiológicos capazes de limitar o consumo máximo de oxigênio (v̇O2max)


em seres humanos durante exercício físico. Modificado de Bassett Jr e Howley.11

Figura 2 Determinantes fisiológicos do v̇O2max. Modificado de Mitchell e Saltin.28


69

Figura 3 Efeitos dose-resposta: aptidão cardiorrespiratória vs morte por todas as causas.


Modificado de Blair et al.44

Figura 4 Determinantes fisiológicos da performance de endurance. Modificado de Joyner


e Coyle.59
70

Figura 5 Comparação hipotética entre dois corredores com diferenças na economia de


corrida, mas com similares v̇O2max.

A Cpet Quark® B K5 C Fitmate Pro®

Figura 7 Diferentes aparelhos metabólicos: “fixo” (A, CPET Quark®), “portátil” (B, K5®), e
“móvel” (C, room-to-room; Fitmate®), comercializados pela empresa CosmedTM.
71

Tabela 1 Principais aparelhos metabólicos vendidos no mercado atual.

Fabricante Aparelho Tipo Website

Cosmed TM K5 Portátil www.cosmed.it


K4 b 2
Portátil
CPET Quark Fixo
Fitmate Móvel

Cortex TM Metamax 3B Portátil www.cortex-medical.com


Metalyzer 3B Fixo

Carefusion TM Oxycon Mobile Portátil www.carefusion.se


Oxycon Pro Fixo

Tabela 2 Contraindicações relativas e absolutas. 21

Contraindicações relativas e absolutas

Absoluta

• Anormalidades no ECG em repouso


• Angina instável
• Arritmia cardíaca
• Estenose aórtica severa
• Insuficiência cardíaca
• Embolia pulmonar ou infarto pulmonar
• Miocardite ou pericardite aguda.
• Aneurisma diagnosticado ou suspeito
• Infecção sistêmica aguda, acompanhada de febre, dor no corpo, ou edema de gânglios

Relativa

• Estenose coronariana.
• Aneurisma do ventrículo esquerdo
• Taquicardia ou bradicardia
• Hipertensão arterial em repouso (PAS > 200 mm Hg e PAD > 110 mm Hg)
• Cardiomiopatia hipertrófica
• Anormalidades eletrolíticas
• Distúrbios neuromotores, musculoesqueléticos, e reumáticos exacerbados pelo esforço físico
• Doença infecciosa crônica, como a AIDS
• Limitação mental e/ou física
72

Tabela 3 Indicações para o término de um teste de exercício físico. 15

Indicações gerais para o Término do teste de exercício físico.

• Sinais/sintomas de angina
• Redução na pressão arterial > 10 mm Hg com aumento da carga de trabalho
• Redução na pressão arterial > 10 mm Hg comparado ao valor pré-teste
• Aumento excessivo na pressão arterial (PAS > 250 mm Hg e PAD > 115 mm Hg)
• Encurtamento da respiração, câimbras e claudicação
• Sinais de pobre perfusão sanguínea, como dor de cabeça, confusão, palidez, cianose e náusea
• Ausência de aumento da frequência cardíaca com aumento da carga de trabalho
• Mudanças substanciais na frequência cardíaca sem aumento na carga de trabalho
• Avaliado solicita o término do teste
• Exaustão volitiva
• Falha de equipamentos

Tabela 4 Dados normativos do v̇O2max.12

Homens Idade (anos)


Percentil 20-29 anos 30-39 anos 40-49 anos 50-59 anos >60 anos

90 55.1 52.1 50.6 49.0 44.2


80 52.1 50.6 49.0 44.2 41.0
70 49.0 47.4 45.8 41.0 37.8
60 47.4 44.2 44.2 39.4 36.2
50 44.2 42.6 41.0 37.8 34.6
40 42.6 41.0 39.4 36.2 33.0
30 41.0 39.4 36.2 34.6 31.4
20 37.8 36.2 34.6 31.4 28.3
10 34.6 33.0 31.4 29.9 26.7
Mulheres Idade (anos)
Percentil 20-29 anos 30-39 anos 40-49 anos 50-59 anos >60 anos

90 49.0 45.8 42.6 37.8 34.6


80 44.2 41.0 39.4 34.6 33.0
70 41.0 39.4 36.2 33.0 31.4
60 39.4 36.2 34.6 31.4 28.3
50 37.8 34.6 33.0 29.9 26.7
40 36.2 33.0 31.4 28.3 25.1
30 33.0 31.4 29.9 26.7 23.5
20 31.4 29.9 28.3 25.1 21.9
10 28.3 26.7 25.1 21.9 20.3
73
73

APÊNDICE 2. MANUSCRITO CIENTÍFICO

DOES SEX IMPACTS THE PSYCHOPHYSIOLOGICAL RESPONSES TO INCREMENTAL EXERCISE


FOLLOWING TRANSCRANIAL DIRECT CURRENT STIMULATION?

BACKGROUND

Transcranial direct current stimulation (tDCS) has recently emerged as a minimally invasive form of cortical

stimulation, with exciting potential for exercise performance. However, it is presently unknown whether this

simple but robust technique has similar effects on exercise performance in men and women. This void in the

literature is significant because sex differences in the modulation of human cortical plasticity have been well

established by previous tDCS studies.

OBJECTIVE

This randomized, double-blind, crossover study investigated the effects of acute TDCS on exercise

performance and psychophysiological responses to incremental exercise in healthy, young men and women.

METHODS

After familiarization, recreationally-trained men (N = 13) and women (N = 11) completed ramp incremental

exercise tests from rest to volitional exhaustion on a motor-driven treadmill following 20-min of brain stimulation

with either placebo TDCS (sham) or real TDCS (cathodal and anodal) applied over the primary motor cortex

(M1) region. Pulmonary gas exchange and ventilation and skeletal muscle tissue oxygenation and

hemodynamics data were collected continuously during the ramp exercise test. Ratings of perceived exertion

(RPE) and affective valence in response to the ramp exercise test were also measured.

RESULTS

The exercise tolerance was not significantly different following brain stimulation with either sham (533 ± 46

vs. 508 ± 66 s) or real TDCS (cathodal TDCS: 537 ± 40 vs. 504 ± 70 s, and anodal TDCS: 530 ± 44 vs. 503 ±

67 s, respectively from men and women; P > 0.05). Similarly, neither physiological responses nor

psychological responses during the incremental ramp exercise test did not differ between the three

experimental conditions at any time (P > 0.05), regardless of sex.

CONCLUSIONS

These results demonstrate that acute TDCS applied over the M1 region did not alter physiological responses,

perceived exertion, affective valence, or exercise performance in recreationally-trained men and women.

BRAIN STIMULATION · TDCS · SEX · ENDURANCE PERFORMANCE · EXERCISE


74

INTRODUCTION

It has previously been postulated that the transcranial application of weak direct currents (transcranial direct

current stimulation, TDCS) to the human primary motor cortex is capable of eliciting pronounced changes in

cortical excitability.1,2 These neuromodulatory effects of TDCS are, however, polarity-dependent – anodal

TDCS increases cortical excitability, whereas cathodal TDCS diminishes it.3 The reasons for these polarity-

specific effects are complex and still not completely understood. Previous research has shown that anodal

stimulation causes neuronal depolarization and increases cerebral excitability while cathodal stimulation has

opposite effects, most likely by hyperpolarizing neurons.4,5 Although much remains to be elucidated, there is

mounting evidence that TDCS offers a promising approach for understanding brain-behavior interactions

across a variety of cognitive, affective, sensory, perceptual, and motor domains. 6 To date, TDCS has been

routinely used in human neuroscience research to modulate performance across a range of cognitive and

motor tasks,7,8 with exciting therapeutic possibilities in the treatment of a variety of psychiatric and neurological

disorders.9-11

Within the last few years, TDCS has emerged as a potential “electroceutical” modulator of exercise

performance.12,13 Recent investigations suggest that the transcranial application of weak direct currents

increases cortical excitability and improves exercise tolerance in healthy humans.14-22 Some authors have

demonstrated that the acute administration of anodal TDCS stimulation over the primary motor cortex ( M1)

prior to or during isometric time to task failure tests of isolated muscle groups has resulted in improvements in

performance.14-17 However, other authors have reported less optimistic “ergogenic” effects on time to task

failure of a sustained submaximal contraction following TDCS.23-25 Similar inconsistencies in exercise

performance have also been noted in continuous, dynamic, whole-body exercise studies.18-22,26,27. Some of the

discrepancies between studies may be attributed to differences in electrode montage and location.28 Recent

reports indicate that cephalic and extracephalic montages with the anode over the M1 region are preferable

when acute tDCS is applied to extend time to fatigue duration that appears to depend, at least partially, on

how perceived exertion is attenuated.28

It is presently unknown whether tDCS, a simple but robust technique, has similar effects on exercise

performance in men and women. This void in the literature is significant because sex differences in the

modulation of human cortical plasticity have been well established by previous TDCS studies.29,30 The purpose

of the present investigation was therefore to investigate the effects of acute tDCS on performance and related

effects on physiological and psychological responses during maximal incremental exercise in healthy adults.
75

METHODS

Participants

A group of 13 male and 11 female moderately-trained adults was recruited to participate in this study, which

was submitted to approval by the Institutional Ethics Committee. A detailed, written explanation of the study

procedures was provided to all participants in accordance with the Declaration of Helsinki. None of the

participants were smokers or used any dietary supplementation or medication that could affect their somatic

or cognitive functions. All the participants provided written informed consent and declared to be in good health

and none of them presented medical contraindications for participation in the study. All participants were

trained non-elite recreational endurance runners who were familiar with the laboratory testing procedures and

habituated to treadmill running. Their training had to consist of 1 to 2 h endurance running more than four times

per week, with a running distance longer than 20 km per week for at least 1 yr prior to the start of the study.

Experimental Procedures

All participants reported to the laboratory on four separate occasions over a 2-wk period that included one

preliminary visit and three experimental visits. During the first visit to the laboratory, participants were

familiarized with the testing procedures employed in the study. After the preliminary visit, they returned to the

laboratory on three different occasions and were randomly assigned using the following site

(http://www.randomization.com), in a double-blind and counterbalanced fashion, to sham, anodal tDCS, and

cathodal tDCS conditions. The participants were instructed to arrive at the laboratory in a rested and fully

hydrated state, at least 3 h postprandial, and to refrain from alcohol and caffeine consumption for at least 24-

h prior to each experimental visit. They were also asked to abstain from strenuous exercise for at least 24-h

prior to each visit to the laboratory. Throughout the study period, participants were instructed to maintain their

normal daily activities and food and fluid intake. All experimental visits were performed at the same time of the

day in temperature-controlled room (range 21-23ºC).

Upon arrival at the laboratory, participants were seated for 10 min before receiving either of the experimental

conditions – real tDCS or sham - for 20 min. They then completed an incremental ramp exercise test on a

motor-driven treadmill (Super ATL, Inbramed, Porto Alegre, Brazil) set at a 1% gradient 31 in order to determine

the gas exchange threshold (GET) and peak oxygen uptake (V̇O2peak). Following 4 min of baseline, the

protocol began with subjects running at 5 km h-1 (for women) and 7 km h-1 (for men) for 6 min, after which

the treadmill speed was increased by 1 km h-1 every minute until exhaustion,32 despite verbal encouragement.

The exact time to volitional exhaustion from the onset of the ramp exercise test was recorded to the nearest
76

second.33 The speedometer was covered so that participants, but not evaluators, were blinded to the actual

treadmill speed. Breath-by-breath pulmonary gas exchange and ventilation and indices of muscle

hemodynamics and oxygenation measured with NIRS data were collected continuously during the ramp

exercise test. Ratings of perceived exertion (RPE) and affective valence were assessed at the end of each 2-

min stage of the ramp exercise test.

A cephalic tDCS montage similar to the one used by Vitor-Costa et al.18 was adopted in the present

investigation. This cephalic montage with the anode over the M1 region is preferable when acute tDCS is

applied to extend time to fatigue duration in continuous, dynamic, whole-body exercise studies.28 Specifically,

the electrical current was applied with a portable apparatus consisting of four main components: two rubber

electrodes (anode and cathode with an area of 35-36 cm2), ammeter (measures the intensity of the electrical

current), potentiometer (component that permits manipulation of current intensity), and three batteries (9 V) to

generate the current.18 To ensure good conductance, the electrodes were wrapped in a saline (150 mM NaCl)-

soaked sponge current and elasticated straps were used to secure the electrodes on the scalp.34 The EEG

10–20 international system was used for electrode positioning.35 The choices of electrode size and placement

were intended to induce electrical current in both the left and right sides of the primary motor cortex

simultaneously. The center of one electrode (9 × 4 cm) was placed in the Cz region (~4.5 cm of each side of

the primary motor cortex), while the center of the other electrode (7 × 5 cm) was placed on the occipital

protuberance.18 The participants were stimulated with tDCS (2 mA) for a total duration of 20 min with a 10 s

ramp at the beginning and end of stimulation. For the sham condition, the electrodes were placed at the same

positions as for the real tDCS. However, stimulation was delivered at 1 mA for 30 s, with a 20 s ramp.18,34

Using this procedure, subjects were blinded to distinguish between sham and real tDCS.36

Measurements

Pulmonary gas exchange and ventilation were measured breath-by-breath using an automated gas analysis

system (K4B2, Cosmed, Rome, Italy).37 Prior to each test, the gas analysis system was calibrated using

ambient air, in accordance with the manufacturer’s guidelines, against known concentrations of cylinder gases

(16% O2 and 5% CO2) and a precision 3 L calibration syringe (Hans Rudolph, Kansas City, USA). Heart rate

(HR) was measured during all tests using short-range radio telemetry (Polar RS800, Polar Electro Oy,

Kempele, Finland).

Indices of muscle hemodynamics and oxygenation were assessed using a portable continuous wave NIRS

system (Portamon, Artinis Medical System, Elst, The Netherlands). The NIRS apparatus emits light at 760-

and 850-nm wavelengths from three optodes, with an average optode-detector distance of 35 mm.38 The
77

probes of the NIRS apparatus were secured on the right vastus lateralis muscle, ∼10-12 cm above the knee

joint and along the vertical axis of the thigh. A surgical marker pen was used to mark probe placement for

accurate repositioning throughout the experimental sessions. The probe was covered with black tape to

prevent contamination from ambient light. It was then placed in a transparent sealed polyethylene bag for

waterproofing and firmly secured to the leg to prevent water leaking into the space between the bag and the

skin.33 Skinfold thickness at the site of application of the NIRS probe was determined before the first

experimental session using a Harpenden skinfold caliper (British Indicators, Burgess Hill, UK). The calculated

value of the combined adipose tissue and skin thickness was less than one-half the distance between the

optode and the detector. The NIRS system was connected to a personal computer by Bluetooth for data

acquisition (10 Hz), analog-to-digital conversion, and subsequent analysis. 39

RPE for the overall body was determined by the 6–20 Borg RPE scale.40 This scale is a 15-point single-item

measure, ranging from “no exertion at all” (6) to “maximal exertion” (20). Participants were previously anchored

to the scale using memory-anchoring procedures.41 RPE was assessed at the end of each 2-min stage of the

maximal incremental ramp exercise test.

Affective valence was measured using the Feeling Scale (FS).42 This scale is an 11-point single-item measure,

ranging from “very bad” (-5) to “very good” (+5). In a counterbalanced manner, 6–20 Borg RPE and FS scales

were administered at the end of each 2-min stage of the maximal incremental exercise test. Standard

definitions of perceived exertion and affective valence, along with separate instructional sets for the 6–20 Borg

RPE and FS scales, were read to the participants before the tests. During the maximal incremental ramp

exercise test, the 6–20 Borg RPE and FS were in full view of the participants at all times.

Statistical Analysis

Data are presented as mean (± SD). The distribution of the data was checked by the Shapiro-Wilk test, and

the results showed a normal Gaussian distribution. Mauchly’s test of sphericity was used to test this

assumption, and a Greenhouse-Geisser procedure was used when necessary. Two-way repeated-measures

analysis of variance followed by the Bonferroni post hoc test were used for comparison of time to exhaustion

and Vpeak between the different brain stimulation conditions (sham, anodal tDCS, and cathodal tDCS) by sex.

Three-way repeated-measures analysis of variance were used for all other comparisons, using the brain

stimulation conditions, time (baseline, min 0 (i.e., end of warm-up), min 2, min 4, min 6, min 8, and end test for

exercise test variables), and sex as main factors. When a significant simple main effect of brain stimulation

condition, time or sex was found Bonferroni follow-up test was performed. Effect sizes were calculated using

partial eta squared (ηp2) and thresholds for small, moderate, and large effect sizes were set at 0.01, 0.08, and
78

>0.13, respectively.43 Statistical analyses were performed using SPSS statistical software (version 24.0 for

Windows; SPSS Inc., Chicago, USA), with a priori statistical significance set at P < 0.05.

RESULTS

All participants reported similar habitual physical activity patterns and dietary intake in the 24-h prior to each

visit to the laboratory. Participants experienced an itching sensation under the electrodes during all the tDCS

conditions, but the brain stimulation regimen was well-tolerated and no harmful side effects were reported.

The parameters of exercise performance for the three brain stimulation conditions are presented in Table 1.

There was no significant effect of brain stimulation condition on time to exhaustion, regardless of sex (P >

0.05). No significant effect of brain stimulation condition was also found for V peak, irrespective of sex (P > 0.05).

Table 1. Group mean responses of time to exhaustion and Vpeak during a ramp incremental exercise until

volitional exhaustion, following sham (white bar), cathodal tDCS (gray bar), and anodal tDCS (black bar), in

both men and women. Data are shown as mean (± SEM).

Men Women

Time to exhaustion (sec)

Sham 533 ± 46 508 ± 66

Cathodal tDCS 537 ± 40 504 ± 70

Anodal tDCS 530 ± 44 503 ± 67

Vpeak (km.h-1)

Sham 16.9 ± 0.8 14.5 ± 1.1

Cathodal tDCS 16.9 ± 0.6 14.4 ± 1.1

Anodal tDCS 16.8 ± 0.7 14.4 ± 1.1

The pulmonary gas exchange and cardiovascular responses for the three brain stimulation conditions are

presented in Fig. 1. There were no brain stimulation condition effects or brain stimulation condition × time

interactions for V̇E, V̇O2, or HR responses during the ramp exercise test, regardless of sex (P > 0.05). However,

there were significant main effects of time for all of these variables (P < 0.01). GET and V̇O2peak did not differ

significantly between the three brain stimulation conditions, regardless of sex (P > 0.05).

*** Insert Figure 1 ***


79

The indices of muscle hemodynamics and oxygenation measured with NIRS are illustrated in Fig. 2. There

were no brain stimulation condition effects or brain stimulation condition × time interactions for the NIRS-

derived [HbO2], [HHb], or TOI responses during the ramp exercise test, regardless of sex (P > 0.05). However,

there were significant main effects of time for all of these variables (P < 0.01).

*** Insert Figure 2 ***

The RPE and affective valence responses for the three brain stimulation conditions are presented in Table 2.

There were no brain stimulation condition effects or brain stimulation condition × time interactions on the RPE

and affective valence responses during the ramp exercise test (P > 0.05), regardless of sex. However, there

were significant main effects of time, respectively for RPE and affective valence, for both variables (P < 0.05).

Men Women

Perceived Exertion

Sham 15.2 ± 2.2 14.0 ± 2.9

Cathodal tDCS 15.1 ± 2.0 12.8 ± 1.2

Anodal tDCS 14.9 ± 2.5 12.0 ± 3.0

Affective Valence

Sham 0.1 ± 3.1 2.0 ± 3.6

Cathodal tDCS -0.1 ± 3.0 2.2 ± 3.6

Anodal tDCS 0.3 ± 3.2 1.8 ± 0.7

DISCUSSION

To the best of our knowledge, this study is the first to further examine the effects of brain stimulation applied

over the M1 region via a cephalic montage on exercise performance and psychophysiological responses to

incremental large muscle group exercise in moderately trained, men and women. In particular, we studied how

acute tDCS of three different polarities impact perceived exertion, affective valence, exercise tolerance and

associated physiological responses to ramp exercise. The principal novel finding of this investigation was that,

compared with sham, neither anodal tDCS nor cathodal tDCS altered the tolerable duration of exercise in both

men and women. This is somewhat surprising considering the recent reports that anodal tDCS improved

isometric time to task failure tests of isolated muscle groups 14-17 and enhanced exercise performance in cycling

studies.18-22 It is noteworthy, however, that this lack of improvements of exercise tolerance occurred without

effects on the perceived exertion or on the affective valence.


80

In contrast with some previous studies,14-22 anodal tDCS did not alter exercise performance in both moderately

trained men and women. Previous studies have typically reported improvements in parameters of endurance

performance of ~4-23% following brain stimulation with tDCS.12,13 For example, Okano et al.17 reported

significant changes in peak power output when a cephalic montage was administered with a single anodal

electrode over T3 of the insular cortex and with the cathode over the contralateral supraorbital area, fp2. Vitor-

Costa et al.18 also reported a significant improvement in time to exhaustion during cycling exercise following

anodal tDCS applied over the M1 region via a cephalic montage. This finding provided evidence that anodal

stimulation of the cortical area upstream of M1 improves cycling endurance performance. Similarly, Angius et

al.28 placed anodal electrodes over the bilateral M1 region and the cathodal electrodes above the ipsilateral

shoulders, resulting in an extracephalic tDCS montage that caused increased cortical excitability and longer

time to fatigue. The authors therefore suggested that an extracephalic tDCS montage may be preferable for

continuous, dynamic, whole-body exercise.

The apparent lack of any acute ergogenic effect from anodal tDCS found in the current study may be attributed,

in part, to the electrode montage. It appears that a bilateral extracephalic montage is more appropriate when

tDCS is applied to enhance exercise performance. Cephalic tDCS montages may typically cause effects under

the cathode that may modulate or even negate the effect of the anode over M1.28 Otherwise, extracephalic

tDCS montages simultaneously stimulate both primary motor cortices while also avoiding the negative effects

of the cathode over other brain areas.44 Furthermore, the tDCS montage adopted in the current study placed

one electrode over the occipital protuberance, and potentially, the direction of current between the two

electrodes could also have interfered with other brain areas, 45 reflecting in both physiological and psychological

responses to exercise and running performance. Further studies with different tDCS characteristics in terms

of electrode montage and location are warranted.

The absence of any significant effect of anodal tDCS on exercise performance in the present study may also

be due to a failure of brain stimulation to reduce RPE. Earlier studies indicated that anodal tDCS extended

time to fatigue duration in parallel with a lower RPE.15-18 Theoretically, tDCS administration improves exercise

tolerance by lessening the discomfort levels and consequently decreasing the RPE.28 These changes in RPE

have been associated with the activity of various areas of the motor cortex, including the premotor and primary

motor areas.46 When increasing the excitability of the motor cortex by anodal tDCS stimulation, less excitatory

input into the stimulated cortical area is required to produce a given force or power, and hence, a lower RPE

would be expected.28 Whether the absence of any significant effect of anodal tDCS on RPE observed in the

present study might be attributed to increased excitability of the motor cortex and reduced neural drive

necessary to perform the task is still uncertain.


81

Recent reports indicate that sex differences, possibly due to the regulatory effects of hormones involved in the

menstrual cycle in women,47 in the modulation of human cortical plasticity.29,48 Compared to men, women are

more susceptible to motor cortical excitability changes following brain stimulation with tDCS.29 Therefore, it is

not clear whether the results of the present study can be applied to female recreational endurance runners.

The sex differences in endurance performance following brain stimulation are presently not known and are

likely to be a fertile area for further research.

This study provides the first description of the effects of brain stimulation applied over the M1 region via a

cephalic montage on exercise performance and psychophysiological responses to exercise in both men and

women. Our results suggest that this simple noninvasive neuromodulatory technique would not be effective to

alter physiological responses, perception of effort, pleasant feelings, or exercise tolerance in runners during

activities requiring large muscle mass. Whether differences in electrode tDCS montage and location, as well

as current intensities or stimulation durations, would produce dissimilar effects on running performance cannot

be concluded, and should be topic of future studies.

REFERENCES

1. Nitsche MA, Paulus W. Excitability changes induced in the human motor cortex by weak transcranial
direct current stimulation. J Physiol. 2000; 527:633-639.

2. Batsikadze G, Moliadze V, Paulus W, Kuo MF, Nitsche MA. Partially non-linear stimulation intensity-
dependent effects of direct current stimulation on motor cortex excitability in humans. J Physiol. 2013;
591:1987-2000.

3. Nitsche MA, Liebetanz D, Antal A, Lang N, Tergau F, Paulus W. Modulation of cortical excitability by
weak direct current stimulation: technical, safety and functional aspects. Suppl Clin Neurophysiol.
2003; 56:255-276.

4. Bindman LJ, Lippold OC, Redfearn JW. Long-lasting changes in the level of the electrical activity of
the cerebral cortex produced by polarizing currents. Nature. 1962; 196:584–585.

5. Purpura DP, McMurtry JG. Intracellular activities and evoked potential changes during polarization of
motor cortex. J Neurophysiol. 1965; 28:166-185.

6. Filmer HL, Dux PE, Mattingley JB. Applications of transcranial direct current stimulation for
understanding brain function. Trends Neurosci. 2014; 37:742-753.
82

7. Santarnecchi E, Brem AK, Levenbaum E, Thompson T, Kadosh RC, Pascal-Leone A. Enhancing


cognition using transcranial electrical stimulation. Curr Opin Behav Sci. 2015; 4:171-178.

8. Brunoni AR, Nitsche MA, Bolognini N, Bikson M, Wagner T, Merabet L, et al. Clinical research with
transcranial direct current stimulation ( TDCS): challenges and future directions. Brain Stimul. 2012;
5:175–195.

9. Fregni F, Boggio PS, Nitsche MA, Marcolin MA, Rigonatti SP, Pascual-Leone A. Treatment of major
depression with transcranial direct current stimulation. Bipolar Disord. 2006; 8:203–204.

10. Kuo MF, Paulus W, Nitsche MA. Therapeutic effects of noninvasive brain stimulation with direct
currents (TDCS) in neuropsychiatric diseases. Neuroimage. 2014; 85:948–960.

11. Bose A, Sowmya S, Shenoy S, Agarwal SM, Chhabra H, Narayanaswamy JC, et al. Clinical utility of
attentional salience in treatment of auditory verbal hallucinations in schizophrenia using transcranial
direct current stimulation (TDCS). Schizophr Res. 2015; 164:279-80.

12. Machado DGDS, Unal G, Andrade SM, Moreira A, Altimari LR, Brunoni AR, et al. Effect of transcranial
direct current stimulation on exercise performance: a systematic review and meta-analysis. Brain
Stimul. 2018; ahead of print.

13. Holgado D, Vadillo MA, Sanabria D. The effects of transcranial direct current stimulation on objective
and subjective indexes of exercise performance: a systematic review and meta-analysis. Brain Stimul.
2019; 12:242-250.

14. Cogiamanian F, Marceglia S, Ardolino G, Barbieri S, Priori A. Improved isometric force endurance
after transcranial direct current stimulation over the human motor cortical areas. Eur J Neurosci. 2007;
26:242-249.

15. Williams PS, Hoffman RL, Clark BC. Preliminary evidence that anodal transcranial direct current
stimulation enhances time to task failure of a sustained submaximal contraction. PLoS One. 2013;
8:e8141.

16. Angius L, Hopker JG, Marcora SM, Mauger AR. The effect of transcranial direct current stimulation of
the motor cortex on exercise-induced pain. Eur J Appl Physiol. 2015; 115:2311-2319.

17. Okano AH, Fontes EB, Montenegro RA, Farinatti PT, Cyrino ES, Li LM, et al. Brain stimulation
modulates the autonomic nervous system, rating of perceived exertion, and performance during
maximal exercise. Br J Sports Med. 2015; 49:1213-1218.
83

18. Vitor-Costa M, Okuno NM, Bortolotti H, Bertollo M, Boggio PS, Fregni F, et al. Improving cycling
performance: transcranial direct current stimulation increases time to exhaustion in cycling. PLoS One.
2015; 10:e0144916.

19. Abdelmoula A, Baudry S, Duchateau J. Anodal transcranial direct current stimulation enhances time
to task failure of a submaximal contraction of elbow flexors without changing corticospinal excitability.
Neuroscience. 2016; 322:94–103.

20. Angius L, Pageaux B, Hopker JG, Marcora SM, Mauger AR. Transcranial direct current stimulation
improves isometric time to exhaustion of the knee extensors. Neuroscience. 2016; 339: 363-375.

21. Angius L, Mauger AR, Hopker JG, Pascual-Leone A, Santarnecchi E, Marcora SM. Bilateral
extracephalic transcranial direct current stimulation improves endurance performance in healthy
individuals. Brain Stimul. 2018; 11:108-117.

22. Park SB, Sung DJ, Kim B, Kim S, Han JK. Transcranial Direct Current Stimulation of motor cortex
enhances running performance. PLoS One. 2019; 14:e0211902.

23. Kan B, Dundas JE, Nosaka K. Effect of transcranial direct current stimulation on elbow flexor maximal
voluntary isometric strength and endurance. Appl Physiol Nutr Metab. 2013; 38:734–739.

24. Muthalib M, Kan B, Nosaka K, Perrey S. Effects of transcranial direct current stimulation of the motor
cortex on prefrontal cortex activation during a neuromuscular fatigue task: an fNIRS study. Adv Exp
Med Biol. 2013; 789:73-79.

25. Abdelmoula A, Baudry S, Duchateau J. Anodal transcranial direct current stimulation does not
influence the neural adjustments associated with fatiguing contractions in a hand muscle. Eur J Appl
Physiol. 2019; 119:597-609.

26. Barwood MJ, Butterworth J, Goodall S, House JR, Laws R, Nowicky A, et al. The effects of direct
current stimulation on exercise performance, pacing and perception in temperate and hot
environments. Brain Stimul. 2016; 9:842-849.

27. Baldari C, Buzzachera CF, Vitor-Costa M, et al. Effects of transcranial direct current stimulation on
psychophysiological responses to maximal incremental exercise test in recreational endurance
runners. Front Psychol. 2018; 9:1867.

28. Angius L, Hopker JG, Mauger AR. The ergogenic effects of transcranial direct current stimulation on
exercise performance. Front. Physiol. 2017; 8:90.

29. Kuo MF, Paulus W, Nitsche MA. Sex differences in cortical neuroplasticity in humans. NeuroReport.
2006; 17:1703-1707.
84

30. Adenzato M, Brambilla M, Manenti R, De Lucia L, Trojano L, Garofalo S, et al. Gender differences in
cognitive Theory of Mind revealed by transcranial direct current stimulation on medial prefrontal cortex.
Sci Rep. 2017, 7:41219.

31. Jones AM, Doust JH. A 1% treadmill grade most accurately reflects the energetic cost of outdoor
running. J Sports Sci. 1996; 14:321-327.

32. Lansley KE, Winyard PG, Fulford J, Vanhatalo A, Bailey SJ, Blackwell JR, et al. Dietary nitrate
supplementation reduces the O2 cost of walking and running: a placebo-controlled study. J. Appl.
Physiol. 2011; 110:591-600.

33. Jones B, Dat M, Cooper CE. Underwater near-infrared spectroscopy measurements of muscle
oxygenation: laboratory validation and preliminary observations in swimmers and triathletes. J Biomed
Opt. 2014; 19:127002.

34. Murphy DN, Boggio P, Fregni F. Transcranial direct current stimulation as a therapeutic tool for the
treatment of major depression: insights from past and recent clinical studies. Curr Opin Psychiatry.
2009; 22:306-311.

35. Jasper HH. The ten twenty electrode system of the international federation. Electroencephalogr. Clin.
Neurophysiol. 1958; 10:371-375.

36. Gandiga PC, Hummel FC, Cohen LG. Transcranial DC stimulation (tDCS): A tool for double-blind
sham-controlled clinical studies in brain stimulation. Clin. Neurophysiol. 2006; 117:845-850.

37. Duffield R, Dawson B, Pinnington HC, Wong P. Accuracy and reliability of a Cosmed K4b 2 portable
gas analysis system. J Sci Med Sport. 2004; 7:11–22.

38. Van Beekvelt MC, Borghuis MS, Van Engelen BG, Wevers RA, Colier WN. Adipose tissue thickness
affects in vivo quantitative near-IR spectroscopy in human skeletal muscle. Clin Sci. 2001; 101:21-28.

39. Ferrari M, Mottola L, Quaresima V. Principles, techniques, and limitations of near infrared
spectroscopy. Can J Appl Physiol. 2004; 29:463-487.

40. Borg GAV. Psychophysical bases of perceived exertion. Med Sci Sports Exerc. 1982; 14:377–381.

41. Noble BJ, Robertson RJ. Perceived exertion. Champaign: Human Kinetics, 1996.

42. Hardy CJ, Rejeski WJ. Not what, but how one feels: the measurement of affect during exercise. J
Sport Exerc Psychol. 1989; 11:304–317.
85

43. Cohen J. Statistical power analysis for the behavioral sciences. Ed. 2. Hillsdale, NJ: Lawrence Erlbaum
Associates, 1988.

44. Vandermeeren Y, Jamart J, Ossemann M. Effect of tDCS with an extracephalic reference electrode
on cardio-respiratory and autonomic functions. BMC Neurosci. 2001; 11:38.

45. Lang N, Siebner HR, Ward NS, Lee L, Nitsche MA, Paulus W, et al. How does transcranial DC
stimulation of the primary motor cortex alter regional neuronal activity in the human brain? Eur J
Neurosci. 2005; 22:495-504.
86

Figure Captions

Figure 1. Pulmonary gas exchange and cardiovascular responses during a ramp incremental exercise until

volitional exhaustion, following sham, cathodal tDCS, and anodal tDCS, in both men and women. Responses

following sham are represented as open circles (○), while the cathodal tDCS and anodal tDCS responses are

shown as solid circles (●) and triangles (▲), respectively. Data are presented as mean (± SEM). (A) Group

mean V̇E response to ramp incremental exercise. (B) Group mean V̇O2 response to ramp incremental exercise.

(C) Group mean HR response to ramp incremental exercise. Left boxes, men; right boxes, women.

Figure 2. Indices of muscle hemodynamics and oxygenation measured with NIRS during a ramp incremental

exercise until volitional exhaustion, following sham, cathodal tDCS, and anodal tDCS In both men and women.

Responses following sham are represented as open circles (○), while the cathodal tDCS and anodal tDCS

responses are shown as solid circles (●) and triangles (▲), respectively. Data are presented as mean (± SEM).

(A) Group mean TOI response to ramp incremental exercise. (B) Group mean HbO 2 response to ramp

incremental exercise. (C) Group mean HHb response to ramp incremental exercise. Left boxes, men; right

boxes, women.
86

APÊNDICE 3. RESUMO CIENTÍFICO

ESTIMULAÇÃO TRANSCRANIANA POR CORRENTE CONTÍNUA (ETCC) E PERFORMANCE DURANTE EXERCÍCIO


FÍSICO INCREMENTAL MÁXIMO EM CORREDORAS RECREACIONAIS

Elton Jhony de Almeida1, Juliano Moro Gabardo2, Andrea Gomes Bernardes1,2, Leandro Ricardo
Altimari2, Carlo Baldari3, Laura Guidetti4, Marcelo Vitor-Costa2, Cosme Franklim Buzzachera1

Universidade Pitágoras Unopar, Londrina, PR1; Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR2;
Università Telematica eCampus, Roma, Itália3; Università degli Studi di Roma, Roma, Itália4.

E-mail: jhonyalmeidatri@gmail.com

Introdução A estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) aumenta a excitabilidade


cortical e, por conseguinte, possui numerosas - e diversas - aplicações no âmbito clínico. Mais
recentemente, a ETCC tem sido associada com efeitos ergogênicos na capacidade de realizar
exercício físico em seres humanos. Cabe notar, todavia, que a excitabilidade cortical – e seus
potenciais efeitos ergogênicos – parece depender do sexo, pois mulheres tendem a possuir maior
susceptibilidade aos efeitos causados pelo ETCC em comparação aos homens. Entretanto, até o
momento, nenhum estudo buscou examinar os efeitos do ETCC sobre a performance e respostas
psicológicas associadas durante exercício físico no sexo feminino. Objetivo Determinar os efeitos
da ETCC na performance e respostas psicológicas durante exercício físico incremental, máximo,
em corredores recreacionais. Métodos Participaram do estudo 11 corredores recreacionais,
sexo feminino, com idade média 30 ± 5 anos. Usando um design randômico, duplo cego, e
crossover, cada participante visitou o laboratório em quatro ocasiões. Na Sessão 1, realizou-se
um screening médico, coleta de dados antropométricos, e familiarização. Então, nas Sessões 2-
4, testes com cargas incrementais tipo rampa (velocidade 5 km.h-1 e incrementos 1 km.h-1) até
exaustão, foram realizados em esteira motorizada. Cada teste incremental foi precedido por 20
min de estimulação cerebral via ETCC sham ou ETCC real (anódica e catódica) na região do
córtex motor primário (M1). Esforço percebido (Borg RPE Scale, 6-20) e valência afetiva (Feeling
Scale, -5 até +5) foram monitoradas a cada intervalo de 2 min durante o teste. Resultados Testes
ANOVA com medidas repetidas, com post hoc de Bonferroni, revelaram que os parâmetros de
performance, ou seja, velocidade pico (14,5 ± 1,1, 14,4 ± 1,1, e 14,4 ± 1,1 km.h-1) e tempo até
exaustão (508 ± 66, 504 ± 70, e 503 ± 67 seg.), foram similares nas diferentes condições
experimentais (sham, anódica, e catódica, respectivamente) (P > 0,05). Nenhum efeito
significante foi reportado entre as diferentes condições experimentais nas respostas psicológicas
87

esforço percebido e valência afetiva durante exercício físico incremental (P > 0,05). Conclusões
Os achados deste estudo revelam nenhum efeito da ETCC usando montagem cefálica na região
cerebral motora M1 na performance e suas respostas psicológicas associadas durante teste de
exercício físico incremental, máximo, em um grupo de corredoras recreacionais.

Forma de Apresentação Apresentação Oral (Pôster).


Palavras chave Estimulação Cerebral; Sistema Nervoso Central; Performance; Sexo.

Trabalho apresentado no 41º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte (Celafiscs), realizado


no município de São Paulo/SP (4-6/outubro/2018).

Você também pode gostar