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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE


DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
EDUCAÇÃO FÍSICA – BACHARELADO

MARIA EDUARDA MENDES DA SILVA

EFEITO DOS BENEFÍCIOS DO TREINAMENTO DE FORÇA PARA GESTANTES:


Uma revisão sistemática

Recife
2023
MARIA EDUARDA MENDES DA SILVA

EFEITO DOS BENEFÍCIOS DO TREINAMENTO DE FORÇA PARA GESTANTES:


Uma revisão sistemática

Monografia apresentada à Disciplina de Seminário


de Trabalho de Conclusão de Curso II, do Curso de
Educação Física (Bacharelado) da Universidade
Federal de Pernambuco, como requisito final para
aprovação na disciplina.

Orientador: Prof. Dr. Ozéas de Lima Lins Filho

Recife
2023
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor,
através do programa de geração automática do SIB/UFPE

Silva, Maria Eduarda Mendes da .


Efeito dos benefícios do treinamento de força para gestantes: uma revisão
sistemática / Maria Eduarda Mendes da Silva. - Recife, 2023.
20 : il., tab.

Orientador(a): Ozéas de Lima Lins Filho


Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Universidade Federal de
Pernambuco, Centro de Ciências da Saúde, Educação Física - Bacharelado,
2023.

1. Treinamento de força . 2. Gestantes . I. Lins Filho, Ozéas de Lima .


(Orientação). II. Título.

790 CDD (22.ed.)


AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente a Deus por ter chegado até aqui, por Ele estar
sempre comigo, por ser fiel em todos os detalhes da minha vida e por ter me dado forças para
concluir mais essa etapa. Quero agradecer a minha mãe, porque ela é a pessoa que mais
acredita nas minhas competências, ela sempre foi e continua sendo minha maior incentivadora
para conquistar os meus objetivos; também agradeço a minha família por todo apoio, por
acreditarem que eu chegaria onde estou. Agradeço também aos meus amigos, aos que estão
comigo desde antes do vestibular, aos que chegaram na metade e aos que chegaram perto do
fim da graduação, obrigada por todo apoio, incentivo e por sempre acreditarem em mim.
Meus colegas de curso, o meu muito obrigada, em especial ao meu grupo “choveu choveu”,
pela longa caminhada que tivemos, por todos momentos compartilhados, por toda ajuda nas
questões acadêmicas e fora delas também. Desejo todo sucesso do mundo para vocês, seremos
profissionais incríveis. Agradeço ao meu orientador Ozéas por toda paciência e
disponibilidade para que esse projeto fosse concluído e também a todos os docentes que
participaram da minha formação. Por fim, mas não menos importante, agradeço aos meus
colegas de trabalho, a toda equipe da noite da Gym Fit Academia - Cavaleiro, pelo
acolhimento, por todas as trocas de conhecimento, pelo companheirismo, pela amizade, pela
lealdade e por todos os momentos vividos durante meu período de estágio. Em especial,
agradeço ao meu professor André Luiz, por ser um líder incrível, por me moldar como futura
profissional, por ter confiado no meu potencial, por saber lidar com sua equipe de forma tão
cautelosa e ao mesmo tempo tão firme. E também, a professora e coordenadora Mayara
Freitas, pela oportunidade, pela confiança e por todos os ensinamentos.
RESUMO

O treinamento de força vem sendo abordado na literatura como uma excelente


ferramenta para um estilo de vida saudável, sendo indicado para diversos grupos e
principalmente para as gestantes. O presente trabalho, tem como objetivo analisar quais são os
benefícios do treinamento de força em gestantes saudáveis. O método utilizado para tal
objetivo, foi uma revisão integrativa, que utilizou como ferramenta de busca a base de dados
do National Library of Medicine (PubMed). Foram achados 120 artigos científicos e destes,
apenas 5 atenderam os critérios propostos. A partir dos estudos apresentados, os resultados
demonstraram que o treinamento de força, sendo realizado de maneira segura e
supervisionada, na ausência de restrições e contra indicações é uma excelente opção de
exercício físico para gestantes. Entretanto, essa é uma temática que ainda precisa ser mais
explorada e estudada, pois carece de informações e estudos sobre a prática do treinamento de
força durante o período gestacional.
Palavras-chave: Treinamento de força, gestantes, grávidas, período gestacional, treino
resistido e gravidez.
ABSTRACT

Strength training has been discussed in the literature as an excellent tool for a healthy
lifestyle, being indicated for different groups and especially for pregnant women. The present
work aims to analyze what are the benefits of strength training in healthy pregnant women.
The method used for this purpose was an integrative review, which used the National Library
of Medicine (PubMed) database as a search tool. 120 scientific articles were found and of
these, only 5 met the proposed criteria. From the studies presented, the results demonstrated
that strength training, being performed in a safe and supervised way, in the absence of
restrictions and contraindications, is an excellent option for physical exercise for pregnant
women. However, this is a theme that still needs to be further explored and studied, as it lacks
information and studies on the practice of strength training during the gestational period.
Keywords: Strength training, pregnant women, pregnant women, gestational period,
resistance training and pregnancy.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................8
2 OBJETIVOS.........................................................................................................................10
2.1 OBJETIVO GERAL..................................................................................................... 10
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS........................................................................................10
3 MÉTODOS........................................................................................................................... 11
4 RESULTADOS..................................................................................................................... 12
5 DISCUSSÃO.........................................................................................................................16
6 CONCLUSÃO...................................................................................................................... 19
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................. 19
REFERÊNCIAS...................................................................................................................... 20
8

1 INTRODUÇÃO

Nos dias atuais, a prática do treinamento de força vem crescendo de maneira relevante
devido a diversos fatores, como por exemplo: o aumento de doenças crônicas não
transmissíveis (DCNTs), para prevenir doenças, pela estética corporal e após o cenário de
Pandemia da Covid-19. Diante disso, segundo o livro de treinamento de força: saúde e
performance (2019) o treinamento de força (TF) é definido como um método eficaz para o
desenvolvimento da aptidão musculoesquelética; melhoria da saúde; aptidão física e
qualidade de vida. Existem algumas variáveis que combinadas são fundamentais para as
alterações fisiológicas na questão do treinamento resistido: ordem dos exercícios, tipo de
exercícios, intensidade, volume, carga, tempo de descanso, número de séries, número de
repetições (UCHIDA; CHARRO; BACURAU, 2013).
Geralmente, a prática do treinamento de força está associada a fins estéticos e o mais
comum é a hipertrofia muscular, que é quando ocorre o aumento dos filamentos de actina e
miosina dentro das fibras musculares (UCHIDA; CHARRO; BACURAU, 2013). Porém,
existem fatores associados que interferem diretamente na hipertrofia muscular e um deles é o
princípio da individualidade biológica. Segundo Tubino (1984), cada ser humano possui uma
estrutura e formação física e psíquica própria, neste sentido, o treinamento individual tem
melhores resultados, pois cada indivíduo possui necessidades e objetivos diferentes. Sendo
assim, o conhecimento sobre os princípios do treinamento de força tem sua importância, pois,
é relevante saber e conhecer o que cada pessoa apresenta, para fazer da melhor forma possível
um treinamento específico e qualificado, atendendo as demandas que são solicitadas por cada
um.
Para conseguir construir uma boa forma, vários tipos de força são necessários no
treinamento. Existe a força geral, que é a base do programa de treinamento, é a fase inicial de
um atleta experiente e é utilizada por alguns anos por um atleta iniciante e também tem a
força máxima, que é a maior força que pode ser desenvolvida pelo sistema neuromuscular na
contração máxima, ou seja, é o máximo de carga que o atleta consegue levantar em uma única
repetição completa (BOMPA; CORNACCHIA, 2000 p.18).
Dentro de um treinamento sistematizado, são necessárias que ocorram algumas
mudanças e adaptações estruturais e fisiológicas no corpo, como por exemplo: hipertrofia,
adaptação anatômica, adaptação do sistema nervoso, adaptação da coordenação
9

neuromuscular. Vários sistemas se adaptam de forma diferente. Os músculos crescem,


dependendo da carga, há fortalecimento ósseo, o Sistema Nervoso Central (SNC) se torna
mais eficiente em relação à ação muscular e a performance motora se torna mais coordenada e
mais refinada (BOMPA; CORNACCHIA, 2000, p.19).
Além disso, o TF também atua na promoção e manutenção da saúde e também no
tratamento de patologias. Segundo Dias (2020), a grande maioria das pessoas que não
praticam o treinamento resistido ou outro tipo de atividade física (AF) apontam a falta de
tempo como maior barreira para a não realização.
Porém, a diminuição de mortalidade, de co-morbidades e o aumento da expectativa de
vida, vem crescendo com a prática de AF e além da parte estética, que se torna uma
consequência do TF, a massa muscular tem uma extrema importância para a qualidade de
vida. Um estudo que foi feito com praticantes do TR, aponta que houve a diminuição de 46%
de mortalidade dos praticantes e concluiu que o TF possui o mesmo poder que alguns
medicamentos para o aumento da qualidade de vida (MURER; BRAZ; LOPES, 2019).
Diante dos fatos apresentados, vale ressaltar sobre o público que será estudado, as
gestantes. Segundo o Ministério da Saúde: " A gravidez é um fenômeno fisiológico, é um
evento resultante da fecundação do óvulo (ovócito) pelo espermatozóide. Habitualmente,
ocorre dentro do útero e é responsável pela geração de um novo ser ". O tempo da gestação é
dividido em 3 etapas, chamados trimestres. Os sintomas da gravidez começam a aparecer a
partir da 4ª semana, alguns deles são: enjoo; aumento dos seios; sono constante; mais fome;
sensação de cansaço; entre outros. Porém, não são todas as mulheres que sentem de fato esses
sintomas, então, o que chama mais atenção é geralmente o atraso menstrual (Ministério da
Saúde). Os órgãos mais importantes do bebê começam a ser desenvolvidos no primeiro
trimestre (período em que a gestante deve ter mais cuidado) e após a 8ª semana, o embrião se
torna feto. A partir do segundo semestre, já pode ser feito o reconhecimento do sexo e no
último trimestre, ocorre o amadurecimento dos órgãos do feto.
Existem diferentes classificações em relação aos tipos de gravidez, de acordo com a
implantação do embrião, que pode ser classificada em tópica que é quando ocorre dentro da
cavidade uterina e ectópica (ou extra uterina) que é quando ocorre fora do útero; de acordo
com o número de embriões, pode ser única ou múltipla (presença de dois ou mais bebês); de
acordo com o risco da gravidez, ela pode ser habitual, que é quando não se identifica maiores
riscos que os comuns e a gravidez de alto risco que é quando são identificadas doenças que
podem prejudicar a mãe ou o bebê (Ministério da Saúde). Durante a gravidez, algumas
alterações fisiológicas e anatômicas ocorrem, modificando questões relacionadas com
10

equilíbrio, coordenação e estabilidade das gestantes e isso influencia o meio em que vive,
devido a quantidade de hormônios que surgem a fim de facilitar e promover a nova vida que
está sendo gerada (Oliveira et al, 2020) e devido a isso, ela precisa ter uma mudança de rotina
e hábitos mais saudáveis (se não possuir), pois agora ela precisa nutrir também o ser que está
sendo gerado.
Durante muito tempo, a prática de AF por gestantes, foi repudiada por questões
sócio-culturais, para reduzir problemas como o parto prematuro e a redução da circulação
placentária. Porém, com avanço de estudos e com o passar do tempo, foi observado que os
problemas citados não estavam relacionados com a prática de exercícios físicos. Sendo assim,
a prática de exercícios físicos se torna relevante, pois, se a gestante apresenta um estilo de
vida ou comportamentos sedentários, o risco de adquirir doenças crônicas durante a gravidez
se torna maior (OMS). O treinamento de força é um ótimo aliado quando o assunto é sair do
comportamento sedentário, pois, inúmeros são os benefícios que estão associados à sua
prática. E para a grávida, a prática do treinamento resistido oferece diversas melhorias, como
por exemplo diminuição do risco de diabetes mellitus gestacional, de doenças hipertensivas
(WHITE; PIVARNIK; PFEIFFER, 2014), do desenvolvimento de pré-eclâmpsia, da
intensidade de dores nas costas, risco de depressão, (Guia de Atividade Física para a
população brasileira 2021), aumento da força muscular, além de melhorar a autoestima dessas
mulheres, a redução do estresse e de possíveis complicações no parto (RODRIGUES, 2021).
Ademais, “a adoção de um programa supervisionado de treinamento de força de intensidade
baixa a moderada durante uma gravidez única sem complicações pode ser segura e eficaz”
(O’Connor et al, 2011).

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Demonstrar quais são os benefícios do treinamento de força em gestantes.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

● Identificar o que a musculação proporciona a mãe e ao feto;


● Verificar quais são as recomendações sobre o treinamento resistido em gestantes
saudáveis;
11

● Investigar se existem restrições em relação a prática do treinamento de força;


● Analisar qual a melhor intensidade e frequência do treino resistido;

3 MÉTODOS

O tipo de estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura e para este estudo
foram realizadas buscas nos bancos de dados: National Library of Medicine (PubMed). Os
descritores que foram utilizados foram: “pregnant women”; “gestation”; “pregnancy”;
“pregnant” “strength training”; “resistance training”; “treino contra resistência” e “strength
exercise” (gestantes; gestação; gravidez; grávida; treinamento de força; treino resistido; treino
contra resistido; treino contra resistência e exercício de força). Além das
palavras-chaves/descritores, foram utilizados os booleanos AND e OR.
Para os critérios de inclusão, foram selecionados artigos que se relacionam ao objeto
de estudo, que utilizou o treinamento de força como modelo de intervenção em mulheres
gestantes. Para o critério de exclusão, foram removidos os artigos de revisão, estudos que não
avaliaram os efeitos do treinamento de força, estudos com animais, estudos com crianças e
adolescentes e os que não se correlacionam diretamente com o objeto de estudo. A partir dos
resultados e conclusões dos artigos selecionados, foram extraídos alguns dados como tamanho
da amostra, idade, IMC, peso, altura, protocolo de exercícios, intensidade, frequência e
duração, para gerar a tabela de resultados do presente estudo.
12

4 RESULTADOS

O objetivo desta revisão, foi avaliar os efeitos do treinamento de força em gestantes


saudáveis. Como maior limitador da pesquisa, pode ser apontada a escassez de estudos
relacionados ao tema. Ao todo foram encontrados 5 artigos abordando o tópico proposto.
Porém, mesmo com a limitação de estudos, o treinamento de força apresenta uma série
de benefícios para as gestantes e abaixo, especificamente na tabela 2, pode-se observar alguns
desses benefícios.

TABELA 1. Características dos estudos incluídos

Participantes
Autor, Tamanho
Projeto Idade média Peso corporal IMC Médio
ano da amostra
(anos) (kg) (kg/m2)
Fieril et al, 72 (EG: 38; EG: 30,8 EG: 22,6
RCT NI
2014 GC: 34) GC: 30,6 GC: 23,0
O'Connor et al,
RCT 32 no total 29,0 76,0 27,63
2011
White; 284 (TR+EA: TR+EA: 29,0 TR+EA: 25,2
Pivarnik; RCT 95; EA:132; EA: 27,3 NI EA: 28,7
Pfeiffer, 2014 GC: 53) GC: 26,0 GC: 29,0
Ward-Ritacco;
RCT 26 29,7 NI 25,7
Poudevigne;
13

O'Connor,
2016
Barakat; Lúcia; 142 (EG: 72; EG: 30,4 EG: 64,7 EG: 24,3
RCT
Ruiz, 2009 GC: 70) GC: 29,5 GC: 60,1 GC: 23,4

Observação: RCT – Ensaio randomizado controlado; EG – Grupo de Exercícios; CG – Grupo


Controle; NI – Não Informado; TR– Treinamento Resistido; EA – Exercício Aeróbio.
14

TABELA 2. Descrição da medição da composição corporal e protocolo de exercícios dos estudos incluídos.
Intervenção
Programa
de Frequênci Intensidad Desistente Control
Autor, ano Duração Resultados
exercício a e s e
s
Os resultados deste estudo indicam que o treinamento
resistido moderado a vigoroso supervisionado não
60 prejudica as mulheres grávidas ou o feto durante a
Fieril et al, Treino 2 Moderada à
min/sessã 13 34
2014 resistido vezes/sem vigorosa gravidez, mas parece ser uma forma apropriada de
o
exercício na gravidez saudável.

A adoção de um programa supervisionado de


treinamento de força de baixa a moderada intensidade
O'Connor et Treino 2 Baixa a durante a gravidez pode ser seguro e eficaz para
NI 1 NI
al, 2011 resistido vezes/sem moderada
gestantes.

As mulheres podem se envolver com segurança em


White; exercício aeróbico e treinamento de resistência para
27,3
Pivarnik; Treino 2-3 resistência muscular 3 dias/semana durante 30 minutos
NI min/sessã NI 53
Pfeiffer, resistido vezes/sem
o durante toda a gestação.
2014

Ward-Ritacc Para pacientes saudáveis, ​exercícios de fortalecimento


o; 45 muscular agudos de intensidade baixa a moderada
Treino 2 Baixa à
Poudevigne; min/sessã 6 NI
resistido vezes/sem moderada durante a gravidez são eficazes para melhorar
O'Connor, o
2016 temporariamente a sensação de falta de energia e fadiga.
15

Os resultados deste estudo sugerem que


treinamento supervisionado de exercícios resistidos de
Barakat; 35-40 intensidade leve realizado durante o segundo e terceiro
Treino 3 trimestre da gravidez
Lúcia; Ruiz, Leve min/sessã 8 70
Resistido vezes/sem
2009 o não tem um impacto negativo no tamanho do corpo do
recém-nascido.

Observação: NI - Não Informado


16

5 DISCUSSÃO

Levando em consideração os resultados apontados, Fieril et al (2014), indicam que o


treinamento de força é uma ótima opção para uma gravidez saudável, pois não prejudica as
mulheres grávidas ou o feto, mesmo sendo realizado de maneira vigorosa, desde que seja
supervisionado. Os autores abordam que esse é o primeiro estudo onde é examinado o
treinamento de força de intensidade moderada à vigorosa, porém é recomendado que as
gestantes que não são fisicamente ativas, dê início em um treinamento de intensidade leve a
moderada e que as gestantes que são fisicamente ativas, façam o treinamento em uma
intensidade mais vigorosa.
O’Connor et al (2011), apontam segurança e eficácia do treinamento de força
supervisionado na gravidez. Alguns sintomas como tontura e dor abdominal foram relatados
nas primeiras sessões de treinamento, porém ao decorrer das semanas, foram pouco relatados.
Foi percebido que ao longo do processo, as gestantes adquiriram resistência e força a partir
dos treinos e com isso conseguiram uma progressão de carga significativa e sem alterar o
número de repetições. Outro resultado obtido foi a falta de lesões musculoesqueléticas, que
são comuns nas gestantes, que pode ter sido evitada devido à intensidade leve e ao treino
supervisionado, priorizando as técnicas adequadas.
No estudo de White; Pivarnik; Pfeiffer (2014), apresentam que mulheres que
praticaram o exercício de força, tiveram menos risco de adquirir a Diabetes Mellitus
Gestacional (DMG) do que mulheres que apenas praticaram o exercício aeróbio. Outro fator
que pode ser citado, foi a questão do IMC pós parto que foi menor em mulheres praticantes do
TR. Os autores descrevem algumas dificuldades adquiridas durante o estudo, pela falta de
algumas informações, como por exemplo prática de atividade física pré-gestacional e também
pela amostra não ter sido tão variada mas apontam que essa é uma das primeiras investigações
que tem como objetivo do estudo avaliar a segurança da mãe e do bebê em mulheres que
praticam o treinamento de força, trabalhando uma ampla gama de frequências, intensidades e
durações do treino resistido relacionado a gravidez e ao trabalho de parto. Sendo assim,
concluíram que as mulheres podem se envolver com segurança em exercício aeróbico e
treinamento de resistência para resistência muscular 3 dias/semana durante 30 minutos
durante toda a gestação.
17

No próximo artigo, os autores Ward-Ritacco; Poudevigne; O'Connor (2016),


mencionam que o exercício de resistência aguda aumentou a energia física e mental das
gestantes praticantes. As medições foram feitas antes e depois de cada treino usando as
escalas de energia e fadiga do estado físico e mental. Os autores expõem que a fadiga e falta
de energia durante a gravidez são consequências comuns, devido a todas mudanças
fisiológicas, físicas e mentais que as mulheres passam durante o processo da gestação e que
muitas vezes são tratadas de forma inadequada por mulheres grávidas e seus profissionais de
saúde. Sendo assim, o treinamento de força se torna um método eficiente para corromper
esses sentimentos de falta de energia e fadiga, pois, a partir desse estudo, concluiu-se que
sessões agudas de exercícios de resistência estão consistentemente associadas a aumentos na
sensação de energia e diminuição da sensação de fadiga em mulheres grávidas principalmente
durante o segundo e terceiro trimestres. Ainda se faz necessário mais estudos em relação aos
achados, mas com base nesse estudo, os profissionais já poderiam recomendar o exercício de
força para a diminuição dessas sensações.
No estudo de Barakat; Lúcia; Ruiz (2009), teve como objetivo investigar o efeito do
treinamento resistido de intensidade leve realizado durante o segundo e terceiro trimestre de
gravidez no tamanho do recém-nascido. Os autores apontam que tiveram limitações por não
ter informações detalhadas sobre os hábitos alimentares porém apontam que não foi algo que
pode ter influenciado os resultados, pois os grupos de mulheres eram bem nutridos e tiveram
ganho de peso semelhante durante a gestação. Concluem que o treinamento supervisionado de
exercícios resistidos de intensidade leve realizado durante o segundo e terceiro trimestre da
gravidez não tem um impacto negativo no tamanho do corpo do recém-nascido e que a prática
do treinamento de força e de outras atividades físicas podem ajudar no controle do peso
corporal da gestante, pois a depender do seu peso antes da gestação, pode interferir no
tamanho do recém-nascido.
As gestantes, estão dentro dos grupos especiais, que são uma população que possui
algum impasse que interfere diretamente na realização de atividades físicas regulares.
Segundo Montenegro (2014) a musculação pode auxiliar na gestação aumentando a força
muscular, fortalecendo as articulações, reduzindo a gordura intra-abdominal e aumentando a
massa magra, aumentando o bem estar e estado psicológico da gestante. Sendo assim, a
prática de exercício para esses grupos se torna mais importante ainda por conta dos benefícios
que o TF possui. Dentre eles estão: a melhora da capacidade oxidativa e mitocondrial,
aumento do consumo de oxigênio pós exercício, controle da glicemia e aumento da massa
muscular (MURER; BRAZ; LOPES, 2019 p. 101). Atualmente, existem alguns estudos e
18

esclarecimentos sobre a prescrição do treinamento de força para esse grupo, mas ainda sim
são necessárias mais investigações. Segundo Montenegro (2014), estudos mais recentes
apontam que o treinamento de musculação vem sendo recomendado de preferência por
exercícios de grandes grupos musculares de baixo impacto, com 2 séries de 8 até 10
repetições com frequência entre 2 e 3 vezes por semana.
De acordo com o guia de atividade física para a população brasileira (2021) a prática
de atividade física durante a gestação e no período pós-parto é segura, traz diversos benefícios
para a saúde da mãe e a saúde do bebê, além de reduzir os riscos de algumas complicações
relacionadas à gravidez. A atividade física para gestantes e mulheres no pós-parto traz os
seguintes benefícios:
● Promove o desenvolvimento humano e bem-estar, ajudando a desfrutar de uma vida plena
com melhor qualidade;
● Promove relaxamento, divertimento e disposição;
● Auxilia no controle do peso corporal;
● Diminui o risco do desenvolvimento de pressão alta e diabetes gestacional (alto nível de
açúcar no sangue durante a gravidez);
● Reduz o risco do desenvolvimento de pré-eclâmpsia (pressão alta durante a gestação);
● Melhora a capacidade de fazer as atividades do dia a dia;
● Ajuda a diminuir a intensidade das dores nas costas;
● Reduz o risco de depressão;
● Ajuda na inclusão social, e na criação e fortalecimento de laços sociais, vínculos e
solidariedade;
● Reduz o risco do bebê nascer prematuro;
● Ajuda o bebê a nascer com peso adequado.
Diante dessas informações também existem recomendações para a prescrição do tipo
de atividade, a intensidade e frequência que deve ser realizada. Se a gestante já era
fisicamente ativa antes da gestação ou do pós-parto, pode manter a rotina de atividade física,
praticando atividades de intensidade leve, moderada e vigorosa. Se a gestante não praticava, a
quantidade de tempo para atividade física antes da gestação, é recomendado começar com
uma atividade física de intensidade leve e com tempo de duração menor. Deve-se aumentar a
intensidade e o tempo de duração progressivamente, praticando atividades de intensidade leve
a vigorosa, de acordo com a capacidade de cada gestante. Se a gestação for sem
contraindicações, a prática de atividade física pode ser feita até o dia do parto ou enquanto for
confortável para a mulher (Guia de Atividade Física para a população brasileira, 2021).
19

6 CONCLUSÃO

Esse estudo pretendeu avaliar o efeito dos benefícios do treinamento de força para
gestantes a fim de explorar recomendações e restrições a partir de estudos sobre a temática.
Em suma, pode-se concluir que a partir dos estudos apresentados, o treinamento de força,
sendo realizado de maneira segura e supervisionada, na ausência de restrições e contra
indicações é uma excelente opção de exercício físico para gestantes. Entretanto, essa é uma
temática que ainda precisa ser mais explorada e estudada, pois como foi visto, carece de
informações e estudos sobre a prática do treinamento de força durante o período gestacional.
Como visto nos estudos, o treino resistido oferece uma série de benefícios tais como
aumento da força, aumento da resistência, redução da fadiga, aumento da energia, melhora do
humor, diminuição do risco de DMG, diminuição do risco metabólico, diminuição de lesões
musculoesqueléticas, aumento do bem estar e estado mental da gestante.
O período gestacional, é um momento de grandes transformações para a mulher e
também para o meio em que ela vive, pois ela passa por diversas mudanças físicas,
psicológicas e fisiológicas e é necessário uma rede de apoio de qualidade para esse momento.
E esse período também se torna importante para a mulher trazer benefícios a sua saúde, pois
se ela não tinha o zelo em cuidar de si, agora se faz necessária a atenção especial para ela e
principalmente para a vida que está sendo gerada.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por fim, pode-se concluir que o treinamento de força traz diversos benefícios para o
período gestacional. Mesmo com a limitação de estudos, os objetivos do trabalho foram
atingidos, pois a partir dos artigos que foram encontrados, houve o esclarecimento de algumas
dúvidas e os estudos podem dar direcionamento de prescrição aos profissionais de educação
física sobre a temática.
Entretanto, faz-se necessária mais investigações sobre o tema, pois ainda sim o
treinamento de força é julgado quando direcionado a gestantes, pois muita gente ainda
acredita que irá proporcionar algum malefício para a mãe e para o feto.
20

REFERÊNCIAS

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https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/23962890/. Acesso em: 15 mar. 2023.

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