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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

CAMPUS BAIXADA SANTISTA

BEATRIZ TRANCOSO LOPES

EFEITO AGUDO DA MEDITAÇÃO NA PRESSÃO


ARTERIAL DE ADULTOS HIPERTENSOS

Santos
2019
1

BEATRIZ TRANCOSO LOPES

EFEITO AGUDO DA MEDITAÇÃO NA PRESSÃO


ARTERIAL DE ADULTOS HIPERTENSOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade


Federal de São Paulo como parte dos requisitos curriculares para
obtenção do título de bacharel em Educação Física.

Orientador: Profª. Drª. Alessandra Medeiros


Co-orientadores: Prof. Dr. Vinícius Demarchi Silva Terra
Prof. Ms. Fábio Tanil Montrezol

Santos
2019
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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família, em especial, aos meus pais, que sempre me
incentivaram a estudar e me permitiram cursar a graduação concedendo todo o apoio necessário.
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AGRADECIMENTOS

Agradeço à todas as pessoas que contribuíram de alguma maneira com este trabalho e
também com a minha jornada profissional e pessoal até o momento, direta ou indiretamente;
Agradeço à minha orientadora e co-orientadores pelo auxílio em diversas fases da
pesquisa;
Agradeço à minha família pelo apoio concedido durante toda a graduação;
Agradeço aos colegas de turma e universidade, pelos bons momentos vivenciados e
estudos em grupo;
Agradeço ao professor Ricardo Luís Fernandes Guerra e ao Programa de Educação
Tutorial-Educação Física pelos aprendizados, que foram tão significativos para o meu crescimento
pessoal e acadêmico/profissional;
Agradeço ao professor Rogério Cruz de Oliveira, pelo amparo em diversos módulos,
questões acadêmicas e contribuições neste trabalho;
Agradeço ao professor Ronaldo Vagner Thomatieli dos Santos, pela dedicação para com
os estudantes e contribuição em meu aprendizado;
Agradeço aos meus amigos mais próximos, em especial, ao Rodrigo Fernandes de
Souza, por compreenderem os momentos de ausência devido à dedicação com a faculdade e
presente trabalho;
Agradeço aos professores do ensino escolar e técnicos esportivos que demonstraram se
importar com a minha pessoa e contribuíram, cada um à sua maneira, com os diversos aprendizados
e proporcionaram momentos recordáveis;
Agradeço aos preceptores de estágio que se demonstraram empenhados em me auxiliar
nas atividades práticas e teóricas;
Por fim, expresso muita gratidão por poder completar esta etapa da minha vida, por
cursar Educação Física, e realizar o sonho de me formar numa universidade pública.
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RESUMO

Diversas abordagens de tratamento não medicamentoso para a hipertensão arterial sistêmica vêm
sendo estudadas para reduzir os efeitos adversos desta condição clínica. Além do exercício físico,
que já possui muitas das suas modalidades consolidadas no âmbito científico, as práticas
integrativas e complementares ganham força e merecem atenção no cenário da ciência e tratamento
da HAS. A literatura aponta que a meditação gera numerosos benefícios para a saúde, sendo um
deles o controle da pressão sanguínea. Em vista disso, o presente estudo possuiu o objetivo de
avaliar o efeito agudo da meditação na pressão arterial de indivíduos adultos hipertensos. Para tanto,
foi desenvolvida uma pesquisa de abordagem quantitativa, que avaliou a pressão arterial de 5
mulheres adultas hipertensas controladas com idade entre 30 e 50 anos. Como instrumento de coleta
de dados foi utilizada a Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial após duas sessões, sendo
uma sessão controle e outra meditação. Foram avaliadas as pressões arteriais sistólica (PAS),
diastólica (PAD), média (PAM), e frequência cardíaca (FC) nos momentos pré e pós sessão, com
medidas clínicas, e de maneira ambulatorial nos períodos diurno, noturno, matutino e de 24 horas.
Calculou-se ainda a área sobre a curva de cada uma das variáveis ambulatoriais mencionadas. A
análise de dados se deu por meio teste T student, e o valor de significância adotado foi p ≤ 0,05. Os
principais resultados encontrados foram a redução estatisticamente significativa da PAS do período
matutino e tendência a diminuição significante da PAM do mesmo período (p=0,057). As demais
variáveis analisadas não apresentaram alterações significativas. Portanto, concluímos que uma única
sessão de meditação foi eficaz somente na redução de PAS e PAM do período matutino.

Palavras-Chave: Meditação. Hipertensão. Atenção Plena.


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ABSTRACT

Several non-drug treatment approaches for systemic arterial hypertension have been studied to
reduce the adverse effects of this clinical condition. In addition to exercise training, which already
has many of its modalities consolidated in the scientific field, integrative and complementary
practices have gain strength and deserve attention in the scenario of science and treatment of
hypertension. The literature points out that meditation has numerous health benefits, one of which is
the control of blood pressure. In view of this, the present study aimed to evaluate the acute effect of
meditation on blood pressure in hypertensive adult individuals. Therefore, a quantitative approach
research was developed, which evaluated the blood pressure of 5 hypertensive controlled adult
women. As data collection instrument was used Ambulatory Blood Pressure Monitoring after two
sessions, being a control session and another meditation. Systolic (SBP), diastolic (DBP) and mean
blood pressure (MBP), were evaluated at the pre and post-session moments besides heart rate (HR),
with clinical and ambulatorial measurements, during the day, night, morning and 24 hours periods.
The area on the curve of each of the mentioned ambulatorial variables was also calculated. Data
analysis was performed using T student test. The main results found were a statistically significant
reduction in SBP in the morning and a tendency to a significant decrease in MBP in the same period
(p = 0.057). The other variables analyzed showed no significant changes. Therefore, we concluded
that a single meditation session was effective only in reducing morning SBP and MAP.

Keywords: Meditation. Hypertension. Full attention.


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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AUC – Área sob a Curva


AVC – Acidente Vascular Cerebral
DCV – Doenças Cardiovasculares
FC – Frequência Cardíaca
FR – Fatores de Risco
HAS – Hipertensão Arterial Sistêmica
IMC – Índice de Massa Corporal
IPAQ – Questionário Internacional de Atividade Física
MAPA - Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial
MBCT - Mindfulness Baseado na Terapia Cognitiva
MBSR – Mindfulness Baseado na Redução do Estresse
OMS – Organização Mundial da Saúde
PA – Pressão Arterial
PAD – Pressão Arterial Diastólica
PAM – Pressão Arterial Média
PAS – Pressão Arterial Sistólica
PIC – Práticas Integrativas e Complementares
PNS – Pesquisa Nacional de Saúde
SUS – Sistema Único de Saúde
TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES E TABELAS

Tabela 1 – Caracterização da amostra...............................................................................................18


Quadro 1 – Dados complementares da amostra................................................................................19
Tabela 2 – Medidas clínicas da pressão arterial................................................................................19
Tabela 3 – Medidas ambulatoriais da pressão arterial.......................................................................20
Gráfico 1 – Dados de pressão arterial sistólica e média do período matutino durante 24h...............21
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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 10

2. MÉTODO ....................................................................................................................... 15

3. RESULTADOS............................................................................................................... 19

4. DISCUSSÃO ................................................................................................................... 23

5. CONCLUSÃO ................................................................................................................ 27

6. REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 28

7. ANEXOS ......................................................................................................................... 31

8. APÊNDICES................................................................................................................... 43
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1. INTRODUÇÃO

Atualmente, pode-se perceber que as doenças cardiovasculares (DCV) possuem


grande impacto na saúde da população mundial, gerando gastos elevados para a saúde pública e
também acarretando inúmeros óbitos. Sabe-se que estas consequências cardiovasculares negativas
estão fortemente associadas ao estilo de vida da população moderna, que segundo Bündchen et al.
(2013) é caracterizado por má alimentação, sedentarismo e estresse exagerado. Considerada a
principal causa de mortalidade no mundo (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2017) e
também no Brasil (MALACHIAS et al., 2016), as DCV englobam diversas patologias, sendo uma
delas a hipertensão arterial sistêmica (HAS), ponto central deste estudo.
Com base na sétima diretriz de hipertensão arterial sistêmica, a HAS se caracteriza
por níveis pressóricos elevados (≥ 140 e/ou 90 mmHg para valores sistólicos e diastólicos,
respectivamente), e está frequentemente associada com distúrbios metabólicos, alterações
funcionais e/ou estruturais de órgãos-alvo (MALACHIAS et al., 2016), como coração, rins, cérebro,
e vasos sanguíneos (CARVALHO et al., 2013). É uma condição clínica multifatorial, podendo tanto
ser provocada pela presença de demais doenças crônicas e/ou cardiovasculares, quanto ser agravada
pela presença de outros fatores de risco (FR), como as próprias doenças crônicas. Dentre os
principais fatores de risco estão a idade, sexo e etnia, excesso de peso e obesidade, ingestão de sal,
ingestão de álcool, sedentarismo, fatores socioeconômicos e genética (MALACHIAS et al., 2016).
A HAS atinge diversas faixas etárias, etnias, e ambos os sexos, possuindo uma
associação direta e linear com o processo do envelhecimento (MALACHIAS et al., 2016). Atinge
no Brasil 60% dos indivíduos idosos e 32,5% do público adulto, sendo responsável, direta ou
indiretamente por 50% dos óbitos por DCV (SCALA, 2015).
A qualidade de vida é uma variável que se demonstra afetada negativamente nos
indivíduos hipertensos. Com base em Carvalho et al. (2013), os indivíduos normotensos apresentam
melhor qualidade de vida relacionada à saúde quando comparados com hipertensos. Além disso, a
prática de exercício físico demonstrou melhora na qualidade de vida dos sujeitos acometidos pela
patologia (BÜNDCHEN et al., 2013). Todavia, além dos prejuízos na saúde física, mental e
qualidade de vida advindos da hipertensão, a patologia também gera consequências negativas para o
sistema de saúde pública, acarretando em elevados gastos para o sistema único de saúde (SUS).
Como mencionado, a inatividade física é um importante FR para o desenvolvimento de
DCV e, mais especificamente, também está diretamente associada a ocorrência da HAS. Esta
associação do sedentarismo com a patologia em questão torna-se ainda mais preocupante quando se
observa que os indivíduos insuficientemente ativos representam 46% dos adultos no Brasil segundo
Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) (MALACHIAS et al., 2016). Indivíduos fisicamente ativos
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apresentam redução de 30% no risco de desenvolvimento da HAS quando comparados com


sedentários (FAGARD, 2005)
Esta patologia possui evolução lenta e silenciosa, acarretando muitas vezes em um
diagnóstico tardio (CARVALHO et al., 2013), fato este que corrobora com a preocupação para com
alternativas de prevenção, diagnóstico e tratamento. Como alternativas de tratamento para a HAS
estão o uso regular de medicamentos e a prática de exercício físico, sendo o primeiro mais utilizado
pela população acometida pela patologia, apesar do custo elevado e efeitos adversos proveniente do
uso de fármacos. Entretanto, a literatura sugere que o tratamento não-farmacológico deve ser
implementado sistematicamente (BÜNDCHEN et al., 2013), além de ser indicado a atuação de
equipe multiprofissional para melhor controle (MALACHIAS et al., 2016) e políticas públicas que
visem estimular o diagnóstico precoce, o tratamento contínuo, controle tanto da PA quanto de FR
(MALACHIAS et al., 2016).
Existe uma diferença conceitual e de extrema significância sobre os termos “atividade
física” e “exercício físico”. O primeiro se refere ao aumento do gasto energético devido à qualquer
movimentação corporal, podendo ser considerado, portanto, caminhadas cotidianas, a realização de
serviços domésticos e de trabalho, subir e descer escadas, etc. Já o exercício físico diz respeito à
atividade física realizada de maneira sistematizada e com objetivo específico (MALACHIAS et al.,
2016). Dentro deste contexto, podemos também classificar o exercício físico como agudo
(realização de uma única sessão ou número baixo de sessões), ou crônico/treinamento (realização de
exercício por um período de tempo maior; várias sessões), visto que possuem diferentes efeitos
sobre a PA e fisiologia humana. Feitos estes esclarecimentos conceituais, será apresentado de
maneira sintetizada nos próximos parágrafos o efeito sobre a pressão arterial (PA) que possui a
atividade física e diferentes tipos de exercício físico.
A atividade física também contribui com a redução dos níveis pressóricos, sendo
apontada uma redução de aproximadamente 3,6 mmHg para a pressão arterial sistólica (PAS) e 5,4
mmHg para a pressão arterial diastólica (PAD) (DUNN et al., 1999). A recomendação de atividade
física é válida para todos os indivíduos hipertensos, sendo indicado que realizem para a melhora dos
níveis pressóricos: mínimo de 30 minutos por dia de atividade física moderada; de maneira contínua
(1 x 30 minutos) ou acumulada (2 x 15 minutos ou 3 x 10 minutos); a atividade física deve ainda ser
realizada de 5 a 7 dias na semana (MALACHIAS et al., 2016).
O exercício físico tem sido muito estudado nas últimas décadas e apontado pela
literatura como um potente agente terapêutico (ARAMENDI e EMPARANZA, 2015). O exercício
físico aeróbio é o mais evidenciado na literatura, sendo também o mais indicado para o tratamento e
prevenção da HAS (MALACHIAS et al., 2016). Este tipo de exercício é eficaz na redução da PA
tanto de hipertensos quanto de pré-hipertensos, sendo que no primeiro grupo é responsável pela
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redução aproximada de 8,3 mmHg na PAS e 5,2 mmHg na PAD. A recomendação para o
treinamento aeróbio é que o mesmo seja realizado por pelo menos 3 vezes na semana por 30
minutos (ideal seria 5 vezes na semana entre 40 e 50 minutos) (MALACHIAS et al., 2016). A
intensidade deve ser moderada e as práticas possíveis de realização para este treinamento são
diversas (MALACHIAS et al., 2016).
Também foram realizadas pesquisas que abordaram os efeitos do exercício resistido
(exercício de força) sobre os níveis pressóricos de indivíduos hipertensos e pré-hipertensos. Sobre
este tipo de exercício físico ainda são necessários mais estudos para consolidação dos resultados
encontrados. Todavia, até o momento sabe-se que o treinamento resistido dinâmico é responsável
pela redução aproximada de 2 a 3 mmHg nos indivíduos hipertensos (MACDONALD et al., 2016).
O exercício resistido isométrico também reduz a PA destas pessoas, porém, ainda são necessárias
mais pesquisas sobre o tema (CARLSON, 2014).
Desse modo, o exercício físico e atividade física devem fazer parte da prática clínica
diária do indivíduo com HAS, de maneira que possa contribuir com a redução dos níveis
pressóricos, controle dos FR, e melhora da qualidade de vida destes sujeitos. Portanto, os exercícios
físicos aeróbio e resistido são benéficos para este público, sendo que o treinamento aeróbio é o mais
recomendado, e o treinamento resistido é indicado como complementar ao aeróbio.
As Práticas Integrativas e Complementares (PIC) similarmente demonstram seus efeitos
sobre os níveis pressóricos. Por definição, tratam-se de práticas heterogêneas que não pertencem ao
propósito da medicina convencional, sendo condizentes, segundo Carvalho e Nobrega (2017), com
a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS) de medicina tradicional e medicina
complementar/alternativas. Diversas destas práticas têm sido abordadas em estudos com
hipertensos, como o Pilates, yoga e meditação. Estudos com yoga e Pilates apresentaram resultados
positivos na redução da PA e qualidade de vida de indivíduos hipertensos (MIZUNO et al., 2015;
PINHEIRO et al., 2007; JUNGES et al., MARTINS-MENESES et al., 2015).
A meditação é uma prática oriental realizada há mais de 2500 anos e leva o nome de
Buda como principal representante (GOLEMAN, 1997 apud SBISSA, 2009). Entretanto, a prática
meditativa vem se popularizando no ocidente, sendo que as primeiras pesquisas foram realizadas
por Robert Benson, nos EUA em 1975 (SBISSA, 2009).
A definição de “meditação” é bastante diversificada na literatura, não sendo, inclusive,
preocupação de muitos autores defini-la. Neste estudo utilizaremos a definição proposta por
Cardoso et al. (2004), que indica que a meditação é um procedimento que envolve cinco
parâmetros: um estado necessariamente auto induzido (1), aplicado através de uma técnica
específica (claramente definida) (2), usando uma habilidade de autofoco (cunhado “âncora”) (3),
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pretendendo o “relaxamento lógico” (4) e apresentando relaxamento psicofísico (muscular) em


algum lugar durante o processo (5).
Os principais tipos de meditação são concentração, atentividade e meditação integrada
(GOLEMAN, 1997 apud SBISSA, 2009). A prática de todos estes tipos está associada com
benefícios à saúde, como controle da pressão sanguínea, redução da resistência à insulina, redução
da peroxidação de lipídios e envelhecimento celular (KOIKE e CARDOSO, 2014). Além disso, de
acordo com os mesmos autores, a prática da meditação leva à redução da PA pelo aumento de óxido
nítrico, redução da sensibilidade beta-adrenérgica, redução da resistência periférica vascular, e
redução do nível de aldosterona, confirmando, portanto, a sua relevância no tratamento da HAS.
O tipo de meditação utilizado no presente estudo foi a meditação do mindfulness, ou
técnica perceptiva passiva de harmonização segundo a classificação de Cardoso et al. (2008). Esta
técnica se caracteriza pela prática da atenção plena (foco de atenção no momento presente) e atitude
de completa aceitação (CARDOSO et al., 2008). Programas baseados em mindfulness foram
desenvolvidos para públicos específicos, visando o tratamento de alguma condição clínica. O
programa de mindfulness mais original e conhecido é o “Programa de Mindfulness Baseado na
Redução do Estresse” (MBSR). Este programa foi desenvolvido no final da década de 60 e deu
suporte para o desenvolvimento de diversos outros programas ao longo do tempo, como o
“Mindfulness Baseado na Terapia Cognitiva” (MBCT). Desenvolvido nos Estados Unidos por Jon
Kabat-Zinn, pela Universidade de Massachussets, o programa se organiza em grupo e durante oito
semanas de intervenção, sendo destinado ao público com condições clínicas crônicas.
O MBSR foi o tipo de mindfulness abordado para a realização desta pesquisa.
Entretanto, a mesma não seguiu em sua totalidade o programa desenvolvido por Kabat-Zinn, visto
que foi utilizado um período de intervenção inferior às 8 semanas do programa original.
As intervenções com meditação podem ser realizadas de maneira crônica e de maneira
aguda. Ainda que não seja esclarecido na literatura as definições destas duas terminologias,
denominaremos a intervenção desta pesquisa como sendo aguda, visto que foi realizada com apenas
uma única sessão meditação.
Dentro deste contexto, percebe-se que a maior parte dos estudos adotam intervenções
com um longo período de realização, o que na ótica deste trabalho caracterizaria as mesmas como
sendo crônicas. Os efeitos agudos da meditação ainda são pouco estudados em comparação com as
pesquisas que utilizam de longas intervenções. Nesse sentido, o estudo possuiu a seguinte
problemática: Qual o efeito agudo da meditação na pressão arterial de indivíduos adultos
hipertensos?
Sendo assim, o objetivo consistiu em:
• Avaliar o efeito agudo da meditação na pressão arterial de indivíduos adultos hipertensos.
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Muito recentemente comecei a me interessar pelo estudo das PIC, destacando-se entre
elas a meditação. Como já era de minha preferência e afinidade estudar aspectos psicobiológicos e
cardiovasculares, decidi escolher esta temática para a pesquisa, visto que a meditação pode ser
relacionada com ambas as áreas de estudo.
A literatura já está repleta de trabalhos que investigam os efeitos do exercício físico
aeróbio e resistido sobre a HAS, sendo, muitos dos assuntos relacionados a estes temas já
consolidados. Nota-se que o estudo das PIC atrelado à saúde e HAS têm aumentado nos últimos
anos, destacando-se, segundo Cardoso et al. (2008) entre estes trabalhos a evolução e
reconhecimento acadêmico da prática meditativa, que tem sido apontada como método promissor
para tratamento de determinadas condições clínicas. Entretanto, são escassas as pesquisas que
abordam uma sessão única de meditação para avaliar a pressão arterial. Neste sentido, o presente
estudo demonstra-se importante para contribuir com novos trabalhos sobre o assunto em questão e
descobertas sobre o tema.
Em relação à educação física, o desenvolvimento deste tema colabora para que
profissionais que trabalhem com a meditação e/ou práticas contemplativas possam se aprofundar na
temática e descobrir novas perspectivas para atuação. Trata-se, ainda, de uma ferramenta não
onerosa e de fácil aplicação, que pode se tornar uma alternativa de tratamento para a HAS pela
educação física dentro do SUS.
Partindo do pressuposto de que a HAS gera danos à saúde da população acometida,
reduzindo a qualidade de vida da mesma, além de acarretar em elevados custos para a saúde
pública, este trabalho afirma sua relevância ao estudar métodos alternativos de tratamento para a
doença.
Como hipótese, acreditava-se que o efeito agudo da meditação seria capaz de reduzir a
pressão arterial de indivíduos adultos hipertensos.
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2. MÉTODO

Este estudo teve caráter experimental. Embasado em Turato (2005), o estudo


experimental é caracterizado por análise de dados qualitativos e quantitativos.
O estudo foi realizado na Unidade I da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP,
campus Baixada Santista, localizado na Av. Ana Costa, 95 – Vila Mathias – Santos/SP, CEP 11060-
001 e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo –
UNIFESP sob o parecer de nº 3.202.485 (anexo A). Todas as voluntárias foram informadas
previamente sobre como ocorreria a pesquisa e assinaram o termo de consentimento livre e
esclarecido – TCLE (apêndice A).

Voluntários de Pesquisa
A amostra foi constituída de mulheres adultas hipertensas, com idade entre 30 e 50
anos. No total foram 5 voluntárias, e todas elas realizaram uma intervenção com meditação e uma
intervenção sem meditação (controle).
Os critérios de inclusão foram:
• Serem hipertensas controladas;
• Não praticantes de exercício físico sistematizado há pelo menos 6 meses;
• Possuírem idade entre 30 e 50 anos;
• Não possuírem experiência com meditação ou nunca ter meditado.
Os critérios de exclusão foram:
• Indivíduos que apresentassem outras doenças que impossibilitassem e/ou dificultassem a
prática e/ou ainda, influenciassem na pressão arterial;
• Indivíduos que faltassem em alguma etapa do estudo.
Para caracterizar a amostra quanto ao nível de atividade física foi aplicado a versão
curta do questionário internacional de atividade física (IPAQ) (MATSUDO, 2001), no início do
programa (anexo B).
O recrutamento das voluntárias ocorreu através de redes sociais (Instagram, Facebook,
WhatsApp) e cartazes dispostos na Universidade Federal de São Paulo e alguns outros locais
públicos e privados.

Etapas do Estudo
Os experimentos da presente pesquisa foram elaborados a partir de 3 encontros
realizados com cada voluntária. No primeiro ocorreram procedimentos de caracterização da
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amostra, conferência dos critérios de inclusão e exclusão, assinatura do TCLE, verificação do


tamanho de manguito ideal para a voluntária, e diálogo para conhecimentos sobre a pesquisa e
familiarização entre pesquisadora e participante. Esta reunião ocorreu na presença de uma ou duas
voluntárias, situação que se deu a partir da disponibilidade das partes envolvidas.
O segundo e terceiro encontro (sessões meditação e controle) foram realizados de
maneira randomizada, na presença de apenas uma voluntária (pelos mesmos motivos mencionados
anteriormente), com no mínimo uma semana de intervalo entre cada sessão, e no período da tarde
(final de tarde). Em ambas as sessões foram realizados os mesmos procedimentos para a medida da
PA e colocação da MAPA, além das condições/estrutura do espaço serem as mesmas. Tanto a
sessão controle quanto a sessão meditação foram realizadas em sala climatizada (entre 21°C e
24,5ºC), isolamento visual, e com a utilização de colchonetes. Na sessão meditação foi ainda
utilizado de aparelho de som para a execução de áudio em parte da prática meditativa. As posturas
adotadas no decorrer das etapas da intervenção, para as duas sessões, variaram entre os
posicionamentos sentado e deitado, de forma que a estrutura da sessão meditação e da sessão
controle fossem semelhantes.
Diversas instruções e recomendações para as voluntárias foram realizadas durante a
pesquisa, em relação aos cuidados e preparativos para a realização das sessões controle e meditação,
e instruções para as 24 horas de uso da MAPA. Todas estas informações, juntamente com os
procedimentos adotados para a aferição clínica e de 24 h da PA estão dispostos no anexo C. Em
ambas as sessões foi solicitado que as voluntárias realizassem um relatório das suas atividades
durante as 24 horas de uso da MAPA.

Sessão Meditação
A intervenção com meditação consistiu de uma única sessão de mindfulness MBSR,
com duração de 30 minutos. A sessão foi baseada no conteúdo dos dois primeiros
encontros/semanas do Programa de Redução do Estresse Baseado em Mindfulness - MBSR
(Mindfulness Based Stress Reduction).
A sessão foi organizada no seguinte formato:
• Parte inicial: foram realizadas orientações sobre meditação e postura adequada para a
realização da prática; esta etapa teve duração de 5 minutos.
• Escaneamento corporal: foi trabalhada a prática do “Body Scan” ou escaneamento corporal
através de prática guiada por áudio (utilização da caixa de som); esta etapa teve duração de
15 minutos.
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• Focalização da atenção na respiração: foi realizada a prática guiada de focalização da


atenção na respiração através da condução pela própria voz da pesquisadora; etapa com
duração de 5 minutos.
• Parte final: a prática foi finalizada com alguns comentários e observações por parte da
pesquisadora; etapa com duração de 5 minutos.

Sessão Controle
A intervenção sem meditação consistiu em um período de 30 minutos, e foi organizada
da seguinte maneira:
• Parte inicial: foi realizado um diálogo e explicações sobre a presente pesquisa; esta etapa
teve duração de 5 minutos;
• Posicionamento em decúbito dorsal: nesta etapa os indivíduos permaneceram deitados em
decúbito dorsal sem tarefa determinada durante 15 minutos;
• Escolha da posição: neste momento foi sugerido que os indivíduos adotassem a posição de
maior conforto; etapa com duração de 5 minutos;
• Parte final: a intervenção foi finalizada, com a realização de comentários e observações;
etapa com duração de 5 minutos.

As orientações mencionadas na parte inicial e final realizadas em ambas as sessões se


encontram disponíveis no anexo D.

Avaliações Propostas
Foram realizadas avaliações para caracterização da amostra e da PA de cada indivíduo.
Para as primeiras avaliações mencionadas foram verificados os seguintes parâmetros: idade,
estatura (cm), massa corporal (kg), IMC, fármacos utilizados, nível de atividade física, e foi ainda
realizada uma anamnese para verificação dos critérios de inclusão e exclusão da pesquisa. Nesta
etapa foram utilizados os seguintes equipamentos: estadiômetro de bolso da marca Cescorf para a
medida de estatura; balança bipolar da marca Tanita para verificação da massa corporal.
Como instrumento de coleta de dados foi utilizada a Monitorização Ambulatorial da
Pressão Arterial (MAPA) em ambas as sessões. O modelo do aparelho utilizado para a aferição foi
o Dyna-MAPA da marca Cardios. A PA foi aferida de maneira clínica no período pré-
meditação/controle e pós meditação/controle, sendo que após a intervenção os indivíduos
permaneceram com a MAPA durante as próximas 24 h. Foram avaliadas as pressões arteriais
sistólica, diastólica, média e frequência cardíaca nos momentos pré e pós sessões, e nos períodos
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diurno, noturno, matutino e de 24 horas. Calculou-se ainda a área sob a curva de cada uma das
variáveis ambulatoriais mencionadas.

Análise Estatística
Para a análise estatística foi utilizado o programa GraphPad Prism 5.0. Os resultados
foram expressos como média ± desvio padrão e foram submetidos ao teste de normalidade de
D’Agostino e Pearson (D’AGOSTINO e PEARSON, 1973) e submetidos ao teste T student
(STUDENT [GOSSET], 1908). Em todos os resultados apresentados, foi adotado 5% como limite
de significância estatística (p<0,05).
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3. RESULTADOS

Os dados utilizados para caracterização da amostra foram: idade, massa corporal,


estatura, IMC, fármacos anti-hipertensivos e o nível de atividade física (tabela 1). A tabela 1
apresenta seus resultados como média ± desvio padrão e porcentagens.

Tabela 1: Caracterização da Amostra


Dados Voluntárias (n = 5)

Idade (anos) 45,8 ± 4,15

Massa corporal (Kg) 74,6 ± 12,69

Estatura (cm) 155,7 ± 6,56

IMC (Kg/cm2) 30,8 ± 4,40

Nº de anti-hipertensivos 1-3

Diuréticos 20%

Bloqueadores dos receptores da angiotensina 100%

Bloqueadores dos canais de cálcio 40%

Betabloqueadores 20%

Outros anti-hipertensivos 0%

IPAQ

Irregularmente ativo B 20%

Ativo 80%

Fonte: dados da pesquisa.


Legenda: IMC: índice de massa corporal; IPAQ: questionário internacional de atividade física; Irregularmente ativo B:
indivíduo que realiza atividade física, porém, não atinge recomendações nem de frequência nem de duração; Ativo:
cumpre as recomendações de realizar atividade vigorosa (≥ 3 dias/sem e ≥ 20 minutos por sessão), ou atividade
moderada ou caminhada (≥ 5 dias/sem e ≥ 30 minutos por sessão), ou qualquer atividade somada (≥ 5 dias/sem e ≥ 150
minutos/sem), considerando caminhada + moderada + vigorosa; Kg: quilograma; cm: centímetros.

Além disso, algumas informações complementares foram coletadas por meio da


anamnese, como etnia, estado civil, escolaridade, tabagismo, consumo de álcool e ocorrência da
menopausa entre as voluntárias (quadro 1).
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Quadro 1: Dados Complementares


Dados Voluntárias (n = 5)

Tabagismo 1
Álcool 3
Menopausa 2
Etnia

Parda 3

Preta 2

Estado civil

Solteira 2
Casada 3
Escolaridade

Superior completo 3
Superior incompleto 1

Fundamental I incompleto 1

Fonte: dados da pesquisa.

As medidas de PA clínicas realizadas nos momentos pré e pós sessões meditação e


controle da pesquisa estão apresentadas como média ± desvio padrão na tabela 2. Comparou-se o
período pré e o pós de uma mesma sessão, e também os dados de uma sessão com a outra
(meditação e controle). Não houve alteração estatisticamente significante nas variáveis de PAS,
PAD, PAM e FC com a prática aguda da meditação. A sessão controle também não foi responsável
por redução estatisticamente significativa de nenhuma dessas variáveis.

Tabela 2: Medidas de PA Clínicas


Controle Meditação
Variáveis
Pré Pós Pré Pós

PAS (mmHg) 131,8 ± 12,62 130,0 ± 17,38 127,2 ± 16,18 133,6 ± 18,77

PAD (mmHg) 85,0 ± 8,03 85,2 ± 7,66 83,0 ± 10,30 82,0 ± 11,47

PAM (mmHg) 105,2 ± 9,83 105,6 ± 11,26 102,0 ± 11,07 105,6 ± 14,60

FC (bpm) 71,7 ± 13,15 69,6 ± 10,55 74,5 ± 16,70 68,6 ± 9,79

Fonte: dados da pesquisa.


Legenda: PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica; PAM: pressão arterial média; FC: frequência
cardíaca; mmHg: milímetros de mercúrio; bpm: batimentos por minuto.
21

Os dados ambulatoriais obtidos através da MAPA estão apresentados como média ±


desvio padrão na tabela 3. Podemos observar que apenas a PAS do período matutino após a sessão
meditação foi estatisticamente menor quando comparada com a sessão controle (p=0,02). A PAM
do mesmo período apresentou uma tendência a significância, manifestando-se menor comparada
com a sessão controle (p=0,057). Os dados de PAS e PAM estão representados no gráfico 1.

Tabela 3: Dados Ambulatoriais


Variáveis Controle Meditação
PAS 24 horas (mmHg) 120,2 ± 12,32 119,8 ± 13,88
PAS vigília (mmHg) 123,0 ± 12,35 123,2 ±13,59
PAS sono (mmHg) 109,0 ± 9,69 108,0 ± 12,77
PAS matutino (mmHg) 110,4 ± 6,841 106,8 ± 8, 38 *
PAS AUC 9113,2 ± 1157,17 9067,0 ±1363,61
PAM 24 horas (mmHg) 95,8 ± 8,50 94,2 ± 10,57
PAM vigília (mmHg) 98,4 ± 8,85 97,4 ± 10,21
PAM sono (mmHg) 85,4 ± 5,46 83,6 ± 9,48
PAM matutino (mmHg) 86,8 ± 4,55 82,4 ± 6,99
PAM AUC 7268,8 ± 896,47 7144,0 ± 1104,68
PAD 24 horas (mmHg) 75,2 ± 6,30 72,6 ± 8, 50
PAD vigília (mmHg) 77,8 ± 6,72 75,8 ± 7,98
PAD sono (mmHg) 65,0 ± 2,00 62,2 ± 7,46
PAD matutino (mmHg) 66,8 ± 5,85 62,0 ± 8,34
PAD AUC 5710,2 ± 714,99 5512,8 ± 913,40
FC 24 horas (bpm) 71,8 ± 9,60 69,8 ± 7,89
FC vigília (bpm) 73,0 ± 9,82 71,6 ± 7,47
FC sono (bpm) 66,2 ± 8,32 63,8 ± 8,29
FC matutino (bpm) 65,6 ± 6,19 61,8 ± 6,57
FC AUC 5439,8 ± 899,37 5285,0 ± 802,57

Fonte: dados da pesquisa.


Legenda: PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica; PAM: pressão arterial média; FC: frequência
cardíaca; AUC: área sob a curva; mmHg: milímetros de mercúrio; bpm: batimentos por minuto; *: diferença
significativa vs. sessão controle (p ≤ 0,05).
22

Gráfico 1: Dados de Pressão Arterial das Voluntárias Obtidos ao Longo das 24h. A- Pressão
arterial sistólica (PAS), B- Pressão arterial média (PAM)

A- PAS

B- PAM

Fonte: dados da pesquisa.


Legenda: PAS: pressão arterial sistólica; PAM: pressão arterial média; mmHg: milímetros de mercúrio.
23

4. DISCUSSÃO

Em relação aos resultados encontrados de PAS e tendência de PAM do período


matutino, não foi constatado na literatura nenhum estudo que apresentasse os mesmos resultados ou
dados semelhantes em condições similares. Entretanto, interpreta-se estes dados como sendo muito
positivos, visto que o aumento da PA matinal está intimamente relacionado a eventos
cardiovasculares, principalmente ao acidente vascular cerebral (AVC), mas também abrangendo
infarto do miocárdio, ataques isquêmicos transitórios e morte súbita cardíaca (HEAD e
LUKOSHKOVA, 2008).
Apesar do aumento da PA e FC no período da manhã se justificarem através do ciclo
circadiano hormonal, comportamental e autonômico naturais do ser humano (HEAD e
LUKOSHKOVA, 2008), ocorrem outros eventos que elucidam o aspecto negativo do aumento das
variáveis mencionadas no período matinal. Neste período do dia ocorrem alterações como um
estado hipercoagulável e maior tendência de arritmias cardíacas, fatores que sugerem a
predisposição aos eventos cardiovasculares mencionados (WEBER, 2002).
Portanto, os resultados encontrados neste estudo sugerem que o efeito agudo da
meditação foi capaz de reduzir os valores de PAS e PAM do período matutino após a prática aguda,
(sendo que a segunda variável mencionada apresentou apenas tendência a diminuição). A redução
destes valores pode indicar menor risco de ocorrência de eventos cardiovasculares matinais, o que
confere um ponto de extrema importância na saúde vascular de indivíduos hipertensos. Porém, é
relevante ressaltar que estes dados devem ser interpretados com cautela, pois a literatura ainda não
tem uma consolidação frente à temática.
No que se refere ao estudo do efeito agudo da meditação, nota-se nas bibliografias
consultadas que não há preocupação dos diferentes autores em determinar de fato o que seria o
“efeito agudo da meditação”, em relação ao tempo/duração e frequência da intervenção aguda. A
maior parte dos trabalhos científicos realizam suas intervenções a partir de um período de 2 meses,
sendo que foram encontradas apenas 3 pesquisas com tempo de intervenção menor do que o
mencionado: Kaushik et al. (2006), Kretzer et al. (2007), e Chen et al. (2013).
Estes 3 trabalhos abordaram diferentes práticas (meditativas ou não), amostras, e
períodos de intervenção. O estudo de Kaushik et al. (2006) comparou o relaxamento mental e a
respiração lenta em pacientes com hipertensão. A amostra consistiu em 100 pacientes de ambos os
sexos com idade entre 28 e 72 anos que faziam ou não o uso de fármacos anti-hipertensivos
(KAUSHIK et al., 2006). A intervenção baseou-se em uma única sessão composta de 10 minutos de
relaxamento mental, 15 minutos de silêncio e 10 minutos de respiração lenta (KAUSHIK et al.,
24

2006). Ambas as técnicas resultaram em redução da PAS e PAD, sendo que a da respiração lenta
gerou resultados mais significativos em ambas as variáveis (KAUSHIK et al., 2006).
Já o estudo de Kretzer et al. (2007) buscou melhorar o quadro de hipertensão através da
técnica do Ho’oponopono (combina exercícios de respiração, orações e meditação). Participaram
deste estudo 23 indivíduos adultos de ambos os sexos com idade acima de 30 anos que
apresentavam pré-hipertensão ou hipertensão controladas, e a intervenção foi realizada em uma aula
de 4 horas (KRETZER et al., 2007). Como resultado, observou-se o aumento da PAM no próprio
dia da intervenção (KRETZER et al., 2007).
Por fim, Chen et al. (2013) verificaram que uma prática breve de mindfulness foi eficaz
na redução da PAS. Foram separados igualmente em grupo meditação e grupo controle 60
estudantes com pressão arterial normal, de ambos os sexos e com idades entre 18 e 22 anos, sendo
que o grupo meditação realizou a prática do mindfulness por 30 minutos diariamente por um
período de 7 dias consecutivos (CHEN et al. 2013) e o grupo controle não recebeu nenhuma
intervenção (CHEN et al. 2013). Foi observado que a PA reduziu mais no grupo meditação do que
no controle, com uma redução de 2,2 mmHg (CHEN et al. 2013).
Todavia, foram encontradas maiores quantidades de trabalhos científicos que abordam a
HAS associada à meditação, MBSR ou PIC, independentemente do tempo de intervenção, amostra
e metodologia. Sendo assim, podemos equiparar os achados desta pesquisa com os demais estudos
mencionados.
Uma revisão sistemática da literatura publicada no ano de 2018 (LÓPEZ, 2018)
analisou 5 artigos e discutiu a eficácia do MBSR para a PA em adultos com PA elevada ou
hipertensão. Os artigos analisados nesta revisão foram publicados entre 2012 e 2017, e todos eles
tinham como intervenção o programa MBSR desenvolvido por John Kabat-Zinn. Intervenções
curtas do programa mencionado ou intervenções baseadas em mindfulness não descritas como
MBSR foram excluídas da revisão. Trata-se da primeira revisão sistemática que aborda os assuntos
de MBSR e pressão arterial em hipertensos (LÓPEZ, 2018). Os resultados deste estudo indicam a
falta de outras pesquisas com MBSR e riscos cardiovasculares, além de ressaltar que a maior parte
dos estudos mostrou maiores reduções na PAS e PAD dos grupos intervenção comparado aos
grupos controle, sendo que estas respostas foram observadas somente na PA clínica e não na
ambulatorial. Ademais, reduções clinicamente relevantes da PA clínica também são constatadas nos
grupos intervenção, considerando o pré e pós teste (LÓPEZ, 2018).
Outros tipos de meditação também têm sido estudados e relacionados com a redução da
PA. A meditação transcendental é apontada em alguns estudos como sendo eficaz na redução da PA
em adolescentes e adultos (BARNES e ORME-JOHNSON, 2012). Um outro trabalho verificou
redução de 4 mmHg para a PAS e 2 mmHg para a PAD (OOI e GIOVINO e PAK, 2017). Os
25

mecanismos que justificam estes resultados parecem consistir na redução da reatividade ao estresse
e reduções agudas e longitudinais no tônus simpático (BARNES e JOHNSON, 2012).
Alguns estudos se dedicaram à investigação do efeito das práticas yoga e Pilates na PA,
ampliando ainda mais o universo de possibilidades de tratamento não farmacológico para a HAS
através das PIC. Em relação ao Pilates, revisão da literatura recente indica o método como sendo
promissor para o tratamento da HAS (GONZÁLES et al. 2016). Rocha et al. (2019) mostraram em
seu trabalho que mesmo uma única sessão de Pilates parece gerar redução da PA, tendo sido
encontrado neste estudo que uma sessão de Pilates foi capaz de gerar efeito hipotensor pelo
exercício realizado durante 60 minutos em hipertensos controlados (ROCHA et al. 2019). Contudo,
ainda são necessários mais trabalhos científicos que investiguem os efeitos hemodinâmicos do
Pilates na população hipertensa (GONZÁLES et al. 2016), elucidando também os mecanismos
fisiológicos envolvidos.
Intervenção breve de yoga (12 semanas) realizada com adultos hipertensos não
encontrou resultados favoráveis para a redução da PA, sendo que os achados deste estudo
apresentaram diferença não significativa da redução da PA no grupo intervenção quando comparado
ao controle (WOLFF et al. 2016). Cramer et al. (2018) verificaram que apenas yoga sem posturas
de yoga (associação de respiração e meditação) induziu redução significativa de curto prazo na PAS
ambulatorial de hipertensos (CRAMER et al. 2018). Os autores concluíram também, que o yoga
pode ser recomendado no tratamento adicional da HAS (CRAMER et al. 2018).
Percebe-se que as PIC são potentes alternativas de tratamento coadjuvante e não
medicamentoso para a HAS, já que proporcionam redução da PA e/ou são eficazes na melhora da
qualidade de vida, aquisição de hábitos mais saudáveis, e demais parâmetros ou variáveis. Mais
estudos são necessários para confirmar os resultados, hipóteses e discussões da literatura sobre esta
temática, além de elucidar os mecanismos fisiológicos envolvidos nos resultados encontrados.
Tendo em consideração a meditação, nota-se ainda muitas limitações de estudo e erros
metodológicos nas pesquisas (LEVINE et al. 2017; GOLEMAN, 1997 apud SBISSA, 2009).
Dentre as principais limitações estão a baixa quantidade de estudos randomizados de alta qualidade
publicados, que envolvam a meditação e avaliação da PA; diferentes populações estudadas; altas
taxas de desistência dos voluntários; viés na metodologia de medição da PA e na apuração de
dados; variação ampla da magnitude das reduções da PA nas pesquisas (LEVINE et al. 2017).
Todos os fatores mencionados contribuem com a heterogeneidade nos resultados dos estudos
publicados até o momento.
Nesta pesquisa também foram identificadas algumas limitações, como o número baixo
de voluntárias, e a variação da temperatura do ambiente nos momentos intervenção e controle (entre
21°C e 24,5°C). A primeira limitação mencionada pode mascarar resultados pelo fato de que a
26

pesquisa realiza sua conclusão sobre um número reduzido de participantes, além de que os testes
estatísticos podem não verificar diferenças significantes com um n baixo. Quanto ao fator
temperatura, era esperado na pesquisa o controle da mesma entre 23 e 25°C, entretanto, não foi
possível devido às condições do espaço. O controle da temperatura é relevante por conta da
influência desta variável sobre a PA, principal ponto deste estudo. No entanto, esclarecemos que
essas variações influenciariam significativamente apenas nas respostas das medidas clínicas da PA,
e não nas medidas de 24 h. Ressaltamos também que as variações ocorreram tanto nas sessões
meditação quanto controle, o que ameniza a interferência das diferentes temperaturas nos resultados
encontrados.
27

5. CONCLUSÃO

Os resultados obtidos na presente pesquisa indicaram redução estatisticamente


significativa da PAS do período matutino e tendência a diminuição significante da PAM do mesmo
período (p=0,057). As variáveis clínicas da PA analisadas e demais variáveis ambulatoriais não
apresentaram alterações significativas. Portanto, concluímos que uma única sessão de meditação foi
eficaz somente na redução de PAS e PAM do período matutino em mulheres hipertensas
controladas e não praticantes de exercício sistematizado.
Assim, sugere-se que novas pesquisas no âmbito da meditação associada à redução da
PA/melhora do quadro de HAS sejam realizadas, de modo que haja padronização nos estudos e
maior rigor nos desenhos metodológicos e demais fatores limitantes, visando pesquisas de
qualidade elevada na área. Desta forma, será possível obter resultados e conclusões realmente
significativas sobre a temática.
28

6. REFERÊNCIAS

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with hypertension: a randomized controlled trial in primary care. Journal of Human
Hypertension, v. 30, n. 10, p. 1-7, 2016.
31

7. ANEXOS

ANEXO A - PARECER CONSUBSTANCIADO CEP


32
33
34
35
36
37

ANEXO B – QUESTIONÁRIO INTERNACIONAL DE ATIVIDADE FÍSICA (IPAQ)


VERSÃO CURTA

QUESTIONÁRIO INTERNACIONAL DE ATIVIDADE FÍSICA – VERSÃO CURTA

Nome:_________________________________________________________________

Data: ___/___/___ Idade: ______ Sexo: F ( ) M ( )

Nós estamos interessados em saber que tipos de atividade física as pessoas fazem como parte do seu
dia a dia. Este projeto faz parte de um grande estudo que está sendo feito em diferentes países ao
redor do mundo. Suas respostas nos ajudarão a entender quão ativos somos em relação a pessoas de
outros países. As perguntas estão relacionadas ao tempo que você gasta fazendo atividade física na
ÚLTIMA semana. As perguntas incluem as atividades que você faz no trabalho, para ir de um lugar
a outro, por lazer, por esporte, por exercício ou como parte das suas atividades em casa ou no
jardim. Suas respostas são muito importantes. Por favor, responda cada questão mesmo que
considere que não seja ativo. Obrigado pela sua participação!

Para responder às questões, lembre-se de que:

• atividades físicas VIGOROSAS são aquelas que precisam de um grande esforço físico e
que fazem respirar MUITO mais forte que o normal;
• atividades físicas MODERADAS são aquelas que precisam de algum esforço físico e que
fazem respirar UM POUCO mais forte que o normal

Para responder às perguntas pense somente nas atividades que você realiza por, pelo menos, 10
minutos contínuos de cada vez:

1a. Em quantos dias da última semana você caminhou por, pelo menos, 10 minutos contínuos em
casa ou no trabalho, como forma de transporte para ir de um lugar para outro, por lazer, por prazer
ou como forma de exercício?

_________ dias por semana ( ) Nenhum

1b. Nos dias em que você caminhou por pelo menos 10 minutos contínuos, quanto tempo no total
você gastou caminhando por dia?

Horas: ______ Minutos: ______


38

2a. Em quantos dias da última semana você realizou atividades MODERADAS por, pelo menos,
10 minutos contínuos, como, por exemplo, pedalar leve na bicicleta, nadar, dançar, fazer ginástica
aeróbica leve, jogar vôlei recreativo, carregar pesos leves, fazer serviços domésticos na casa, no
quintal ou no jardim, como varrer, aspirar, cuidar do jardim, ou qualquer atividade que fez aumentar
moderadamente sua respiração ou batimentos do coração (POR FAVOR, NÃO INCLUA
CAMINHADA)?

___________ dias por SEMANA ( ) Nenhum

2b. Nos dias em que você fez essas atividades moderadas por, pelo menos, 10 minutos contínuos,
quanto tempo no total você gastou realizando-as por dia?

Horas: ______ Minutos: _____

3a. Em quantos dias da última semana você realizou atividades VIGOROSAS por, pelo menos, 10
minutos contínuos, como, por exemplo, correr, fazer ginástica aeróbica, jogar futebol, pedalar
rápido na bicicleta, jogar basquete, fazer serviços domésticos pesados em casa, no quintal ou
cavoucar no jardim, carregar pesos elevados ou qualquer atividade que fez aumentar MUITO sua
respiração ou batimentos do coração?

____________ dias por semana ( ) Nenhum

3b. Nos dias em que você fez essas atividades vigorosas por, pelo menos, 10 minutos contínuos,
quanto tempo no total você gastou realizando-as por dia?

Horas: __________ Minutos: ________


39

ANEXO C – RECOMENDAÇÕES PARA AS VOLUNTÁRIAS E PROCEDIMENTOS


PARA A AFERIÇÃO CLÍNICA E DE 24 HORAS DA PA

Recomendações para as sessões:

• Utilização de roupas confortáveis;

• Não fumar, ingerir bebidas alcoólicas, café ou bebidas que continham cafeína
nas horas que antecediam o encontro;
• Não praticar exercício físico nas horas que antecediam o encontro;
• Não estar com a “bexiga cheia” /vontade de ir ao banheiro no momento em que
a voluntária estiver na sala de realização da sessão.

Procedimentos para aferição clínica da PA:

• A medida foi realizada no braço não dominante;


• Posicionamento do manguito: 2 dedos acima da fossa antecubital, 1 dedo de
espaço/folga entre a pele do braço e o manguito;
• Descanso (sentado na cadeira) de 10 minutos antes da aferição;
• Realização de 3 medidas da PA após o descanso, com intervalo de 1 minuto
entre cada medida.

Procedimentos para utilização da MAPA:

• O equipamento foi colocado no braço não dominante;


• Posicionamento do manguito: idem ao item anterior;
• O cabo que conecta o manguito ao monitor foi passado por trás do pescoço da
voluntária e em seguida pela região do esterno/entre as mamas, sendo por fim
conectado ao monitor preso ao cinto envolto no corpo da voluntária;
• Utilização de malha ortopédica para maior aderência entre manguito e braço, e
consequente melhor funcionamento da MAPA;
• A voluntária foi devidamente instruída para: não apertar nenhum botão do
equipamento; não molhar o equipamento; saber identificar erros no equipamento
40

e comunicar o pesquisador; somente mexer na MAPA caso fosse necessário


trocar as pilhas ou reposicionar o manguito; desligar e retirar o equipamento do
corpo quando passassem as 24 horas;
• A voluntária foi instruída para manter sua rotina durante a utilização do
equipamento (sendo recomendado também que não praticasse exercício físico
durante a utilização do mesmo, e nem realizasse a ingestão de bebidas
alcoólicas, café ou bebidas que continham cafeína).
41

ANEXO D – ORIENTAÇÕES DURANTE AS SESSÕES

Parte inicial da sessão meditação:


Nesta etapa foi informado para a voluntária novamente qual seria a sessão realizada (já
havia sido informada no início do dia através de comunicação via redes sociais); além disso foi
comunicado que a sessão teria duração de 30 minutos, sendo que 20 seriam de meditação
propriamente dita e 10 de comentários, observações, e orientações da prática.
Foi exposto que a sessão teria 4 etapas: parte inicial (explicações gerais e orientações
sobre a postura corporal adequada para a prática de meditação); prática de meditação do Body Scan
ou escaneamento corporal (prática guiada com áudio); realização da técnica de focalização da
atenção na respiração (prática guiada pela voz da pesquisadora); parte final (breves apontamentos e
finalização da sessão). Em seguida foi explicado que a meditação do mindfulness, tipo de meditação
utilizada no estudo, consistia basicamente em atenção plena ao momento presente e atitude de
completa aceitação. Através destes dois parâmetros foi, portanto, sugerido que durante toda a
prática as voluntárias se atentassem ao que o áudio e voz da pesquisadora diziam, estando atentas às
regiões do corpo e sensações que seriam observadas; e ao mesmo tempo aceitando as distrações da
mente, que são naturais e próprias do ser humano.
Sobre as duas técnicas de mindfulness realizadas (escaneamento corporal ou body scan,
e focalização da atenção na respiração), foi dito que a primeira consistia de fato num escaneamento
corporal, onde a nossa atenção ao corpo passa desde os pés até a cabeça, escaneando todas as partes
do corpo. Já a segunda técnica voltava a nossa atenção somente para a respiração. Foi mencionado
ainda sobre a importância de tentar manter o mesmo posicionamento corporal durante toda a
experiência, e procurar abrir os olhos somente quando a pesquisadora desse este comando.
Orientações sobre posturas corporais foram realizadas de modo que houvesse maior
conforto e atenção plena durante a sessão: adoção de uma postura que incorporasse o ato de
despertar (relaxado, porém desperto); quando estivesse na posição deitada: pernas descruzadas,
conforto da conforto da região lombar, cabeça voltada para cima, olhos cerrados, braços ao lado do
corpo.

Parte inicial da sessão controle:


Assim como na parte inicial da sessão meditação, foi informado sobre qual seria a
sessão realizada e o tempo de duração da mesma. As voluntárias ficariam na sala sem atividade
predeterminada. A única instrução realizada durante a sessão foi quanto às posturas corporais. A
sessão seria então composta de 4 etapas: parte inicial (breves apontamentos), solicitação do
posicionamento de decúbito dorsal; posição à escolha; parte final (breves apontamentos e
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finalização da sessão). Foi anda explicado que uma sessão controle de um estudo é a sessão onde as
atividades experimentais não são realizadas, e possui o objetivo de ser um comparativo para com a
sessão experimental, de modo que os resultados sejam comparados e que se teste a validade dos
mesmos.

Parte final da sessão meditação:


Finalização da prática através de comentários para trazer a consciência para o ambiente
e corpo, e sugestão de realização de leves movimentos. Por fim, foi solicitado que a voluntária
abrisse os olhos e realizasse movimentos que o corpo estivesse necessitando (espreguiçar,
movimentar a cabeça, pescoço, etc.)

Parte final da sessão controle:


Sugestão de realização de movimentos que o corpo estivesse necessitando.
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8. APÊNDICE

APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE


Você está sendo convidado (a) para participar da pesquisa intitulada “Efeito agudo da
meditação em adultos hipertensos”, sob a responsabilidade dos pesquisadores Alessandra
Medeiros, Beatriz Trancoso Lopes, Vinícius Demarchi Silva Terra e Fábio Tanil Montrezol. Nesta
pesquisa nós estamos buscando entender o efeito agudo da meditação sobre a pressão arterial de
indivíduos adultos hipertensos. O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido será obtido pela
pesquisadora Beatriz Trancoso Lopes, após a explicação do projeto e seus objetivos. Na sua
participação você terá sua pressão arterial verificada por MAPA. Além disso, será submetido a uma
sessão de Mindfulness e a uma sessão controle.
Em nenhum momento você será identificado. Os resultados da pesquisa serão
publicados e ainda assim a sua identidade será preservada. Você não terá nenhum gasto ou ganho
financeiro por participar da pesquisa.
Os riscos advindos da prática do mindfulness/meditação são mínimos, quase que
inexistentes. Entretanto, caso ocorra qualquer intercorrência, a atividade será interrompida e os
pesquisadores tomarão os devidos cuidados para reverter o quadro ou minimizar agravos.
Você é livre para deixar de participar da pesquisa a qualquer momento sem nenhum
prejuízo ou coação. Uma via original deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ficará com
você.
Qualquer dúvida a respeito da pesquisa, você poderá entrar em contato com: Alessandra
Medeiros (011 98179-8528) ou Vinícius Demarchi Silva Terra (013 98120-4002) ou Fábio Tanil
Montrezol (013 98132-0104) ou procurá-los na Universidade Federal de São Paulo, sito Av. Ana
Costa nº95, Vl. Mathias, Santos -SP.
Santos, ....... de ............................... de 2017
_______________________________________________________________
Assinatura dos pesquisadores
Eu aceito participar do projeto citado acima, voluntariamente, após ter sido devidamente
esclarecido.
____________________________________
Participante da pesquisa

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