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PAPIRITO

TUDO O QUE HÁ PARA SE SABER

Dês dos primórdios se discutia a extensão do mundo conhecido, e dês do


começo líderes e estudiosos sempre se restringiam ao que se já era de senso
comum e dificilmente abriam espaço para teorias mais complexas sobre novos
territórios.
Sou Ernest Agranel, filho de Lorde Tirlon Agranel, senhor da Proa, OcêNorte.
Eu como filho mais novo de meu pai fui mandado por ele a me formar, pois não
haveria herança para mim após sua morte. Mais afortunados que alguns tive a
honra de estudar na Cidadela de Meistres em Daxtavenion, uma das Cidades
Livres de North. Nesse momento decisivo de minha vida tenho de prestar um
serviço singular para finalmente completar meus estudos como noviço e ganhar
o título de acolito, após fazer meu juramento, é claro. O trabalho em campo
nunca foi um grande objetivo que almejo, então me foquei em algo que
pudesse fazer dentro da cidadela, sendo assim, me joguei de cabeça em uma
das muitas bibliotecas, fui até o décimo quarto andar e por lá encontrei as
estantes de livros e relatos sobre a distante região e com isso decidi resumir,
compilar e examinar os relatos dados até agora, com isso, teremos um único
livro sobre o assunto e não dezenas.

SÚMARIO
O nome • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
A vida antes de conhecer a região • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
O descobrimento • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
A Descrição • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
A Colônia de Parsana • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
A incursão gigante • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Colônia da jovem, do velho e do audaz • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Assentamento do capturado, sobrevivente ou conspirador • • • • • • • • • • • • • •
As tribos • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
A colônia da rainha • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Colônia Prisional • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Doenças • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
Relatos de aventuras • • • • • • • • • • • • • • • • • • •
O Nome.

Á duas origens prováveis para esse nome.


A primeira é a de uma das muitas tribos que dominam o local, talvez a maior
delas, 'Papirions' que por sua vez o nome se origina de uma comum planta
estilo samambaia encontrada na região 'papilioua', uma planta de substancia
branca e vermelha que usam para tinta.
A segunda vem de um ditado muito comum em cidadelas de mestres do
conhecimento e entusiastas costeiros, dizendo que "tudo o que há para se
saber sobre a região pode ser escrita em um misero papiro", indicando a falta
de registros sobre a área.

A vida antes de conhecer a região.


Durante o final da Era dos Heróis, onde cavaleiros lutavam mano a mano
contra feras que respiram fogo os Alto Sacerdotes Élficos de Aristocral
profetizaram o surgimento de uma nova faixa de terra, com o antagonismo
entre elfos e humanos fazia com que temessem que isso de fato acontecesse,
pois nas previsões citavam montanhas nascendo do solo em plena vista, isso
poderia devastar civilizações, claro que isso nunca aconteceu, porém aos
poucos fez entrar nos pensamentos de todos que o mundo em breve se
tornaria maior. Há elfos que ainda aguardam esse cataclisma acontecer. Nessa
época a civilização estava em Amarc e Balatuh, Sul era só uma grande planície
governada por nômades e selvagens, tal como North, Aristrocal e Garchalho
eram dominadas por tribos.

O descobrimento.
No fim dessa Era se inicia as primeiras navegações e com isso, navios
exploravam novas oportunidades de escravos e especiarias, novas terras e
novas ilhas eram tudo muito alienígena para os homens comuns da época,
quando Papirito fora descoberto pensaram ser nada mais que uma ilha com
nativos para o ramo escravagista, não demorou muito para aos poucos
notarem o tamanho dessa suposta ilha, mas ninguém explorou mata a dentro
por conta de nuvens de peste que comiam de dentro para fora os aventureiros
e patrulheiros que tentavam desbravar o território. E por anos essa “ilha” foi
esquecida.

A Descrição.
No extremo canto do mundo conhecido, além das águas quentes do
arquipélago do verão, se encontra a misteriosa região de Papirito, sendo a
única parte de Todo Continente que não se encontra conectada aos demais
registrado na cidadela. Continente vasto, formado primariamente por uma
densa floresta tropical pouquíssimo explorada, de clima quente e húmida,
gigantes selvas densas, desertos áridos, poços de lama e doenças exóticas.
Uma terra onde as pedras nascem em árvores e os galhos enforcam aqueles
que se distraem. a região abriga alguns dos seres mais misteriosos e
ameaçadores do mundo. Ao redor da região existem pedregulhos retorcidos
polvilhados por toda a margem da costa.

A Colônia de Parsana.
Conforme as Eras passaram foram se criando formas melhores de explorar
lugares de difícil acesso, ilhas por todo o mundo conhecido foram levantadas
colônias. O Império Basterlinus que viria a tentar colonizar toda North se
interessou primeiro do que todos por Papirito, numa época onde ninguém se
importava com aquela suposta ilha, eles já chegaram com força sob as praias
do continente. Uma frota de dez barcos acostou na costa, está nas
documentações que um terço fora destruído em rochas e tempestades antes
mesmo de chegar a avistar a terra, indicando que antes haviam quinze deles.
Montaram a Cidade Parsana, que viria a ser uma espécie de base capital em
próximos assentamentos, ficaram cerca de três anos, construindo casas,
fortalezas, igrejas, etc. Nesse meio tempo mais cem navios chegaram para
auxiliar, pois a terra era muito maior do que se imaginava, uma extensão onde
mesmo com barcos traçando ao redor da costa não foram capazes de dar a
volta no continente. Dentre os navios da nova frota grande parte eram próprios
ao combate.
Durante o primeiro ano sofreram muitos ataques de nativos ali, o que antes
pensavam ser apenas tribos descobriram comunidades de milhares deles. Os
nativos foram conhecidos como Homens Tigrados, pois seus corpos eram
malhados com listras brancas e vermelhas. Um povo primitivo e hostil que
habitam a densa mata tropical e costuma atacar qualquer forasteiro que tente
se estabelecer em sua terra, viriam a descobrir que são extremamente
perigosos, dizem ser esfoladores e inclusive canibais. Alguns deles costumam
ser ocasionalmente capturados por traficantes de escravos e vendidos como
gladiadores em arenas de combate, pelo que dizem são fortes e rápidos,
porém lentos de raciocínio.
Os reforços de cem navios obviamente não vieram todos de uma só vez,
durante os três anos foram chegando de pouco a pouco, totalizado pelo menos
quatorze mil estrangeiros que passaram pela Colônia de Parsana. Os ataques
dos nativos ocorriam principalmente nas matas fechadas por meio de ataques
de guerrilha e emboscada. Pelo menos três mil dos colonos pereceram apenas
em conflitos com Tigrados, dos homens que chegaram nos primeiros dez
navios não sobreviveram até final dos três anos. Sem contar as doenças que
corroíam os homens tal qual o ferro na maresia salgada, no fim das contas, dez
mil dos colonos foram infectados. Ao final de três anos a colônia de uma hora
para a outra foi deixada pelos exploradores que restaram, Parsana fora
abandonada. Muitos ainda viriam a morrer de estranhas doenças na viagem de
volta. Quando seus navios atracaram em Arabor do Norte o rei da época,
Eddoard Primeiro, mandou queimar os sete navios que retornaram, como
condição de acolher os sobreviventes da incursão. Parsana não viria a se
manter viva novamente, seus prédios em ruinas permanecem vazios. Todas as
tentativas de repopular a cidade terminaram em tragédia, incluindo a expedição
Varredura Cintilante, parte da frota de cem mil navios de Vanessa que tentou
se estabelecer ali, mas foi atacada e destruída por demônios listrados. Diz a
lenda que as palavras de Vanessa ao ver Parsana foram: “Tão amaldiçoada
que nem mesmo a floresta ousou entrar para retomar seu lugar...”.

A incursão gigante.
Os principais nomes para esse evento são o gigante das nuvens Ligrard
Sevenia e suas duas esposas Luciana Sevenia e Sabugrid Sevenia, que
diferente do primeiro assentamento que não restaram nomes para se registrar.
Esses três irmãos, entretanto, foram e voltaram do grande continente. Eram
capitães de navios flutuantes, e navegaram por entre os céus com cada um
dos três capitaneando o seu próprio barco, juntamente com mais outros seis
sob seus comandos. As intemperes começaram ainda no percurso, quando
dois navios tombaram sob um grande tufão em mar aberto. Ao chegarem a
sobrevoar Papirito o navio de Luciana estranhamente começou a perder
altitude, simplesmente encalhou numa ravina sob a floresta tropical. Ligrard
tinha o objetivo de registrar até onde se estendia o tal continente. Ficaram
cerca de sete meses nessa busca, construíram um forte flutuante para minar
ataques aos navios e residir com mais tranquilidade no continente, porém, no
fim Ligrard retornou a Cordilheira do Tarrasque, morada gigante, dizendo para
todos que nada encontrou além de florestas densas, montanhas e desertos
áridos. E sem chegar a uma costa, jurando que o continente era pelo menos do
tamanho ou maior que Balatuh. Uma terra sem fim.

Colônia da jovem, do velho e do audaz.


Enquanto da primeira a segunda incursão foi questão de alguns anos de
intervalo, a terceira foi cerca de seiscentos anos até que se desse início.
Durante esse período sem maiores tentativas de colonização ouvem
assentamentos menores, de apenas piratas e escravagistas se refugiando ali e
caçando selvagens para tráfico. Um evento cataclísmico mudaria isso para
sempre, quando o Vulcão Pulkan do norte de Balatuh se enfureceu e devastou
dois terços da grande metrópole Vilu, sua população nas mãos da
autointitulada rainha Len sem mais escolhas avança com toda a população
sobrevivente para uma ilha a três dias de viagem marítima de sua antiga
cidade. A rainha nos próximos meses se interessou cada vez mais a
exploração entre ilhas. Meses pulando de ilha em ilha, fugindo de piratas e
caçando uma ilha estável para seu povo viver fez com que a rainha ouvisse em
entrepostos sobre o tal continente, mesmo sendo catalogado não era
amplamente conhecido, até hoje existem e sempre haverá ignorantes a este
assunto.
A rainha de súbito caiu nos encantos das lendas sobre uma terra tropical e
vasta, de clima perfeito, onde a comida chovia do céu junto as águas, sem
amarras governamentais, que prejudicavam seu governo em Balatuh. Ao
chegarem em Papirito, seu povo, que estavam numa rotina de quase nômades
não demoraram a se habituar com o novo local, uma floresta fechada, sem
estradas ou qualquer sinal de civilização parecia a eles apenas uma provação
divina. Ao que parece estavam longe do território de tribos nativas e com isso
residiram por bastante tempo sem conflitos, sendo o único problema as
incontáveis doenças que se espalhavam sem pudor pelos cidadãos. Moraram
cerca de quatro anos no continente, crescendo com o tempo, os mais
longínquos moradores até então.
O primeiro homem que se teve notícia a nascer ali foi um filho de agricultor, o
recém-nascido viria a se tornar cavaleiro quando crescesse, seu nome era Sor
Brendon Guilbert, seria ele quem no futuro teria grande ação sobre a tribo
Papirions, que nessa época eram conhecidos apenas como Homens Tigrados
ou Demônios Tingidos. Por hora ele era apenas uma criança de dois anos, mas
que dês de seu nascimento foi tomado como símbolo de prosperidade ao povo
que mesmo em um local hostil estavam sobrevivendo. Fora fundado o Reino de
Len, a rainha era jovem, mas soube administrar muito bem seu jovem reino,
havia com ela experientes conselheiros: Sor Balerion Glegueynne e Meistre
Zorralyrion ambos de terras além mar de Balatuh, encontrados na jornada ilha
a ilha que a jovem Len fez depois do vulcão devastar sua antiga cidade.
O reino era forte e prospero de fato. Casas, armazéns, estábulos, uma praça e
uma feira de trocas foram construídas. Um esboço de castelo esculpido em
sapê e madeira também fora levantado para a rainha. Até que num dia como
qualquer outro, alguns coletores de frutas que comumente exploravam áreas
além do reino para encontrar novas fontes de alimentos foram mais audaciosos
que de costume, andaram o suficiente atrás de novas descobertas e sob uma
clareira encontraram por acaso a base capital dourada dos Homens Tigrados,
antes eram primitivos e nômades, agora possuíam grandes pirâmides e torres
sob uma cidade estado forte, ao que parece as incursões anteriores os
incentivaram cada vez mais a evoluir como povo. Embora mais civilizados que
antes ainda mantinham seus primitivos costumes como sacrifícios, rituais e
criação de monstros. Eram ainda muito agressivos e implacáveis. Os coletores
que sobreviveram ao primeiro encontro fugiram de volta a segurança do reino,
criando um fácil rastro aos perseguidores. Após meses de preparação por parte
dos nativos fora iniciado uma guerra que seria conhecida pelos historiadores
como Guerra da Pedra Negra, a primeira em grande escala do continente.
Difíceis lutas e fortes derrocadas fizeram com que em questão de um ano os
vindo de Balatuh fossem obrigados deixarem seu reino construído,
debandando de forma descoordenada. Separando-se em grupelhos.
O maior grupo não fugiu por mar, guiados por Sor Balerion foram ainda mais
para dentro da grande selva. Escondendo-se em cavernas em algum lugar
debaixo da terra movediça.
Os cavaleiros do exército de Len ficou nas ruinas do reino, sacrificando-se para
que outros pudessem fugir. Ao dominarem uma das muitas ondas de inimigos
tribais eles perceberam serem os únicos que sobraram na cidade. Fugiram por
entre as águas, a nado ou a barco, para uma ilha a poucos quilômetros do
continente, era fina como a uma minhoca e tinha uma rocha lisa como um
espelho escuro pelo seu comprimento. Esse grupo de soldados restantes
criaram um pequeno forte ali com essas rochas. Em questão de semanas.
Rainha Len orientada por seu Meistre abandonou a cidade ainda enquanto o
reino estava sob ataque, ela e um grande número de pessoas fugiram a barco
para longe. Desceram as ancoras e aguardaram. Por alguns dias o silencio
tomou o continente. Porém não demorou para uma grande tempestade assolar
o grupo da rainha que aguardavam um próximo ataque dos Tigrados por terra.
Uma tribo denominada Jafonos surgem das águas, subindo pelas correntes
dos barcos numa noite de lua clara vagaram por entre os conveses e
destruíram qualquer forma de controle de dois terços dos barcos, depois se
atiraram ao mar e submergiram sumindo entre as ondas sombrias. O mar
turbulento bateu navios contra navios fazendo o caos. Quando o sol raiou
haviam apenas destroços sob as margens da ilha de pedra escura do grupo de
cavaleiros do exército. Poucos navios sobreviveram às sabotagens, guiados
pela rainha deram a volta na baía e deixaram a vista do reino em busca de
sobreviventes nas praias.
O maior grupo, que estavam nas cavernas sofreu ataques de uma tribo
chamada Luggenos e apenas algumas dezenas de famílias fugiram das
cavernas no meio da confusão, rumaram para as praias na esperança de ajuda
vir do mar. Não se sabe a situação dos muitos outros que foram ainda mais
para fundo nas cavernas dês de então, pois apenas a história dos que fugiram
foi ouvida. Um bote vindo do navio da rainha Len passou e de pouco a pouco
buscou as famílias da costa, levando-as para os barcos que sobraram em
posse da rainha e de Meistre Zorralyrion.
Já o grupo de exércitos foram atacados por fogo. Numa noite, enquanto os
barcos rondavam a costa em busca de sobreviventes avistaram o forte de
pedra negra queimando como se fosse palha e centenas de cavaleiros
preferindo se atirar ao mar turbulento a ficar na fina ilha em chamas. Os barcos
tomaram isso como um alerta de não se aproximar mais do continente e a
rainha ordena abandonar as buscas por quaisquer outros grupos que ainda
tenham sobrado, resistindo em Papirito. Após semanas pegando suprimentos
na costa a colônia oficialmente acaba, com no total apenas dezesseis navios
intactos rumando para longe do continente. A viagem só chegou ao fim quando
os sete navios aportaram numa ilha com civilização mercantil próxima a Amarc.
Dizem que a rainha Len se tornou mãe de pedra e imperadora de algum
grande império em Garchalho. Meistre Zorralyrion voltaria a cidadela para viver
o resto de seus dias. Nunca mais ouve noticia de Sor Balerion, há quem diga
que construiu e reinou em uma protocidade nas cavernas profundas do
misterioso continente.

Assentamento do capturado, sobrevivente ou conspirador.


Seja lá qual o destino final da Rainha Len, o que nos interessa é Sor Brendon
Guilbert. Os olhares em Papirito tiveram um aumento substancial nessa época,
incursões de piratas, mercenários e aventureiros tornaram-se relativamente
mais comuns nessa época, embora poucos e menos ainda eram os que
voltavam. A Terceira Era teve grandes conflitos entre reinos de impiedosos
imperadores, a Era dos Heróis já havia acabado a quase quatro mil anos e a
honra não movia mais os corações dos homens. Com grande desilusão em
Amarc - onde Brendon cresceu - pois uma guerra queimava o solo, e seja lá
qual dos dois lados ganhassem eram maus governantes que pensavam
apenas em si. Com trinta e poucos anos de idade, Brendon, tinha certa posição
na corte de um fidalgo menor no litoral de Amarc, ele usa sua influencia para
guiar uma missão marítima ao seu continente natal, ele igual a todos da região
cresceram com histórias fantásticas sobre o continente e ansiava por ser quem
iria solucionar os enigmas do continente.
Fazendo algo que até então era inédito a corte, ele e um pequeno grupo de
arcanos e bruxos avançaram mar a dentro de apenas um barco comum.
Houveram anos de preparação e foram numa época supostamente das mais
calmas para as ondas. De fato, os estudos deram frutos e não ouvem registros
de ventos arrasadores, ondas gigantes nem mesmo ciclones. Embora algumas
tempestades tenham ocorrido nenhuma chegou a afetar o navio de modo como
descriam as histórias antigas. Aportaram no suposto continente, só para
semanas depois explorando as selvas sem nada encontrar descobrirem que
estavam numa ilha deserta qualquer, hoje a conhecemos como Ultimo Porto,
por ser a última ilha a se visitar antes de entrar no Campo de Dentes, mar que
abrange boa área do continente onde é coalhado de pedregulhos afiados que
sobem à superfície como ervas daninhas num canteiro. Frustrados seguiram
avançando no mar, quando todos pensaram estarem perdidos da rota, levando
semanas a mais do previsto para chegar a ver terra a vista, finalmente
encontraram o continente, certificaram-se dando algumas voltas por costas e
bahias antes de atracarem. Ao descerem encontraram vestígios de um antigo
território de tribo nativa, e formaram sua base temporária ali.
Usando mapas antigos e artefatos de localização não demoraram mais que um
mês para encontrarem as ruinas perdidas de Parsana, a cidade que agora
estava em ruinas tomadas pelas vegetações, se tornou a base dos arcanos por
algum tempo. Após a confecção de alguns rituais macabros na praça da cidade
ao que tudo indica tribos foram atraídas para perto da cidade destruída, os
nativos aproximaram-se das zonas fronteiriças da cidade de algum modo e
atacaram. Eles enfrentaram os arcanos e os castigaram, os bruxos que não se
esconderam nas ruinas foram mortos. Sor Brendon foi capturado pelos hostis e
sendo arrastado mata a dentro foi levado a crer aos companheiros que estava
morto. Porém os tribais o levaram até seu terreno descampado, um local de
cerimonias, foi dado a ele um tipo de pedra vinda das árvores e junto a ela um
osso partido. Ao redor dele haviam seres estranhos, criaturas como leões e
ursos juntas, porém com asas e mil pernas, essas criaturas eram usadas como
cavalos para os guerreiros da tribo. Ele as enfrentou, usou o osso partido como
arma e durante horas as enfrentando perdeu o seu olho esquerdo segundo as
lendas, mas segundo os registros foi o olho direito. Durante a luta com as feras
e seus montadores ouve um terceiro lado surgindo no conflito, um ataque
inesperado, uma outra tribo lutando contra a que o capturou, eram os Homens
Tigrados, que só de serem tocados os inimigos caiam mortos, logo fugiram
para a mata densa, junto com as feras que o Sor enfrentava. Brendon ficou
para trás e novamente foi capturado, dessa vez por novos captores, que o
tratavam de uma forma mais digna para um Sor.
Diz em seu relato que o os Homens Tigrados o levaram até a capital dourada
deles, diz também que viu as maravilhas das pirâmides douradas, contemplou
templos de deuses politeístas e avistou os aquedutos com águas cristalinas
que tinham textura de algodão. Ele então viveu seus próximos sete meses
andando com os selvagens de Papirito, dizem que ele enlouqueceu por lá,
outros afirmam que ele na verdade nunca se quer pisou em território Papirion
por conta da natureza agressiva dos selvagens e principalmente de as
localizações conflitarem de onde seria essa grande capital tribal nos relatos e
nas crônicas, e sim dizem que ele sobreviveu sozinho na selva, apesar de ser
quase impossível em vista dos predadores e monstros macabros que existiam
por lá e o tempo - que é confirmado - de ele ter demorado a ser visto
novamente. Tem quem diga que Sor Brendon na verdade esteve se
encontrando esses meses na protocidade subterrânea junto a Sor Balerion
Glegueynne, isso explicaria uma outra vertente não oficial das crônicas que diz
que Brendon jamais tenha sido consagrado cavaleiro em Amarc e sim em
Papirito mesmo, pois supostamente não há registros de um Sor com esse
nome no feudo onde o relato diz que a comitiva saiu, apesar da
improbabilidade dessa situação também, tantos anos depois do reino de Len
afundar que se torna difícil, para não dizer impossível que ainda existisse
algum Sor Balerion para marcar história naquela época. Os acontecimentos
nesse tempo que ele ficou desaparecido são contestados até hoje, embora a
linha oficial seja levada em conta os relatos pessoais teoricamente ditos por
ele. Fato é, após esses sete meses Brendon retorna para Parsana sozinho, nu
e desnutrido. Seu corpo estava com ferimentos leves e apinhado de linhas
vermelhas auto e rudemente pintadas sobre o corpo. Ele se encontra com os
arcanos que por lá ainda residiam, notou a mudança nas ruinas, que antes
estava consumida pela floresta, agora não haviam plantas vivas sobre as
rochas das antigas construções amareladas. Sor Brendon evitou dizer o que o
afligiu nesses sete meses. Ele comentou que estava em Zargor a capital dos
Papirions, na próxima semana ele contaria tudo o que sabemos sobre os
Homens Tigrados e seus costumes, não só sobre eles, mas também sobre
tantas outras tribos e pela primeira vez trouxe estudos sobre a flora e a fauna
do continente. Os registros dele acabam por aí, pois os arcanos o mataram
após ele tentar os atacar ao que dá a entender. Os arcanos por muito mais
tempo ficaram nos arredores das ruinas, dizem que às profanou de tal modo
que qualquer um dos nativos que entrassem em contato com as ruinas
morreria de enfermidades. Após isso os arcanos foram embora, o objetivo
deles foi completo, o de tornar ali um lugar propício para futuras incursões, pois
segundo seus relatos o que sempre destruía as chances de colonizar ali eram
os Papirions, então suas feitiçarias agora impregnadas nas rochas das ruinas
salvaguardariam os próximos que por ali chegarem.

As tribos.
Temos diversas tribos conhecidas, mas temos ciência que são menos da
metade das que existem. Lembrando que tais registros tem séculos de vida,
tribos podem já terem sido desmanteladas ou mudarem suas características.
Por fim todas as tribos conhecidas possuem a característica de serem um povo
primitivo na idade da pedra, são hostis a forasteiros e não os permitem em sua
terra, assim como a maioria dos selvagens.
Papirions: possivelmente a maior e mais avançada organização do continente.
Sua quantidade total de membros é desconhecida, mas estimativas feitas por
meu amigo pessoal e colega de laboratório o Acólito Jabuslino, segundo ele
baseado em diversos apanhados de relatos haviam pelo menos onze mil deles
na Terceira Era. Em vista que dessa época não há império que sobreviveu até
hoje na Quarta Era temos grandes dúvidas se até hoje eles existem. Seus
costumes na época envolviam sacrifícios de animais e provavelmente de
inimigos. Eles pintavam seus corpos de vermelho e branco, tendo variantes de
cores mais frias como azul. Essas cores em listras têm haver com variantes de
guerreiros e heróis dentro da tribo. Não foram registradas mulheres nas lutas
então apenas guerreiros homens são comuns nessa tribo. Muito agressivos
contra estrangeiros.
Jafonos: aparentemente um pequeno grupo aliados aos Papirions, pois só
foram citados uma vez nos registros, uma tribo nadadora e furtiva, seus
apelidos são de fantasmas aquáticos. Agressivos contra estrangeiros.
Luggenos: grande tribo nos arredores mais ao centro do continente. Possuem
escudos de ossos coloridos com listras e padrões retangulares sobrepostos um
sobre os outros. Arremessam boleadeiras, indicando que talvez prefiram pegar
as presas/inimigos vivos ao invés de mata-los de imediato. Seus costumes ou
tradições são desconhecidas, talvez as cores em seus escudos indicam
hierarquias dentre eles.
Seturns: tribo rica em cores, seus corpos possuem diversas penas de animais
sobre seus corpos, não uma das únicas tribos que escondem todo o corpo,
incluindo o rosto. Criaram um círculo simbiótico com feras grandes de tamanho
e pequenas de compaixão, ao que tudo indica são nômades com pontos
religiosos fixos, as penas sobre o corpo podem indicar cultura caçadora e
mente mais evoluída, ao terem o dom da vergonha. São hostis a forasteiros e
possuem costumes de arena.

Molarions: são descritos como bárbaros de cabeça invertida sobre o dorso, são
os únicos registrados com ilustrações precisas de suas feições e construções,
os desenhos os mostram de pelagem negra e abastada com braços longos
segurando lanças em posição de ataque, pronto para arremessa-la, o nativo no
desenho possui o topo da nuca no local do pescoço e visse e versa, ele está
sob uma praia com choupanas de um só cômodo ao fundo, na divisa entre mar
e praia, empoleiradas a um metro e meio do chão por estacas altas sobre a
areia. Essa tribo é obviamente litorânea e não parecem haver mais que vinte
casas na imagem, sugerindo que apesar do conhecimento de arquitetura não
eram uma tribo muito numerosa. Seus números exatos são desconhecidos,
seus costumes são ainda mais obscuros, embora saibamos que o estranho
jeito de suas cabeças serem invertidas deva ter algo haver com sua
religiosidade ou cultura. Á discussões sobre a veracidade dos desenhos, no
sentido de não ser claro se são representações da realidade ou metáforas,
embora certamente aja um motivo para os desenhos serem feitos assim,
muitos pensam que só alimenta mais as superstições do local, por conta de ser
o único desenho que retrata a face dos nativos com realismo. Outra indicação
que o rosto do nativo não é de cabeça pra baixo de fato como no desenho, é
que certamente quem o desenhou não estava na posição que deveria se estar
para pegar aquele ângulo, mostrando aí a liberdade criativa do ilustrador.

A colônia da rainha.
Zargor só seria invadida na virada da Quarta Era quando Vanessa Talerian, a
rainha aranha, moveu seu comboio, o chamado reino sob rodas, para o grande
continente, a rainha aranha era conhecidamente nômade por todo o mundo,
ela, e junto a sua horda de vinte mil navios formava o que ficou conhecido por
piratas e navegadores como a Varredura Cintilante, e iam de ponta a ponta por
todo o Golfo Amarc, hoje conhecido como Mar das Estrelas Caídas, algo que
futuramente teria grande impacto com Vanessa, obviamente como todos
conhecemos.
Após todos os conflitos que permeiam a guerra das nações em Balatuh,
e o cataclisma demoníaco em Amarc, que àquela altura era eminente, a
relação entre reinos ficou abalada quando a Tétrades do Poente tornou-se
Cavaleiros do Apocalipse e declaram guerra contra todo e qualquer reino
menor que não se aliassem a causa deles, contra os seres obscuros das
trevas, como diziam. Sendo tudo uma grande jogada de poder, Vanessa
avistara o golpe e junto a toda sua esquadra quase infinita de navios rumaram
para longe das grandes nações e terras desoladas, regiões bálticas de Balatuh
pareceram boa ideia até que sessenta mil Leandros cruzaram o mar para os
enfrentar em batalha, ela fugiu sem lutar, disse ela que não mataria um só
Leandro se quer para não favorecer Marco Orélio de forma alguma. Como
todos conhecem Vanessa se tornou uma das maiores exploradoras do mar que
se tem notícia, ela e seu povo foram fundo ao plano da água buscar refúgio,
por lá tornaram-se rapidamente influentes na superfície, porém dizem que
Vanessa ansiava por um lugar para chamar de seu, e então, ao retornarem ao
plano material buscaram a colonização de diversos locais nos anos que se
viriam. Com seus navios submarinos, tecnologia exclusiva forjada no plano da
água, fundaram no subterrâneo das áreas profundas a sua cidade capital,
sendo ela a maior e mais completa construção subaquática que se tem
registro, há quem suspeite da veracidade se essa cidade de fato existiu, ou
mesmo se ela era uma construção do plano material ou o da água, mais ainda,
há quem diga que era uma cidade com setores tanto em um como em outro
plano. Certamente não há limite para lendas populares que afirma até mesmo
terem passagens ao plano do fogo por entre as correntezas que levavam os
navios submarinos a cidade subaquática.
O império de Vanessa botaria os seus olhos em Papirito ao surgirem
lendas sobre os mistérios daquelas terras e abundancias de alimentos e
riquezas inimagináveis, bastando apenas que destemidos heróis alcançassem
o coração da ilha, para eles o continente não passava de uma ilha grande e
esse fato só os incentivou. A essa altura a rainha aranha, já havia teias por
todo o mundo, ela detinha o quíntuplo de navios que tinha em sua
adolescência, e rumou pessoalmente com uma frota de nada mais que dez mil
navios. O reino sobre rodas virou um grande reino fixo, aportam em dois pontos
diferentes, o primeiro próximo a cidade Parsana, e nela tentaram reavivar a
capital. A poucos dias de viagem à barco da cidade amaldiçoada foi construído
numa baía de argila carmesim sob cada lado do leito de um rio, os Portões do
Inferno Verde, nome dado ao centro da floresta. O rio se chama Estrada Ciana,
de águas esverdeadas e lentas, ele segue em linha reta por grandes áreas,
desagua no mar e sua nascente é nas terras desconhecidas no interior da mata
densa. Os Portões do Inferno Verde são dois castelos gêmeos construídos a
margem cada um de um lado do rio, são ligados por uma ponte alta que cruza
o rio, sobre a ponte há todo um sistema de portão em grade levadiço. As
laterais de cada um dos castelos se comprimem em uma muralha alta de pedra
negra que barra toda e qualquer floresta numa área de quilômetros, tornando
por conta dos portões, ele a única passagem possível, sendo a via de barco,
pois quem quer que se atreva a nadar na Estrada Ciana é consumido por suas
criaturas ferozes, que não deixam nem os ossos de suas vítimas.
Dois terços da população moravam em Parsana, junto a sua rainha. O
um terço restante ficou em áreas litorâneas protegidos atrás das muralhas
negras, morando em casebres ou fortalezas menores sobre rochas frente ao
mar. Os Portões do Inferno Verde em si serviam apenas como fortaleza e
meios de defesa, e apenas por ali rumavam para mais dentro do continente
desconhecido. Exploradores e batedores que eram enviados no começo, mas
não demorou para esses voltarem – quando voltavam – com informações de
tribos e assentamentos na margem do rio, mais ao longe. E em questão de
pouco tempo, soldados eram o que começaram a ser enviados. Barcos
grandes conseguiam entrar no canal com folga, porém os nativos dificultavam
colocando obstáculos e criando diques, obrigavam os soldados a reverem suas
estratégias e a irem por terra, quando chegava a isso, dificilmente retornavam.
Sempre que os portões se abriam uma nova campanha militar se iniciava.
Vanessa adorava tomar a frente nas incursões, e era comum encontrar outros
governando sua corte em sua ausência de Parsana, a bem da verdade é que a
própria nunca gostou daquele lugar. Pois lendas de maldições a outros que
tentaram dominar ali e desgraças ocasionadas a estadia daquelas ruinas a
deixava incomodada pelo que se diz os relatos. Ela preferia estar à beira da
morte de cara a cara com Demônios Tingidos.
Tantas incursões rumo ao centro do continente, o chamado coração da
ilha naquela época, apenas uma dessas incursões tem registro de ter efetuado
uma vitória inegável a todos. Missão após missão, avançando sobre tribos,
trincheiras, territórios de caça de animais selvagens, finalmente conseguiram
forçar a entrada no território Papirions e chegar na tão endeusada cidade de
Zargor dos povos tribais. A rainha pessoalmente guiou os soldados até
encontrarem com grandes dificuldades os portões altos e ferrosos da cidade,
era tão alto que mal se via o que lá havia. Entraram pelo portão central, num
cenário de luta extrema, destruíram tantos selvagens quanto puderam, mas a
custa de muitos aliados. A rainha avistou em cima da mais alta pirâmide
dourada (como diziam nas lendas anteriores) um cetro de ouro maciço fincado
no cume, ela pegou para si como troféu, retornaram vitoriosos para Os Portões
do Inferno Verde, porém pagaram um alto preço em homens na incursão, e
apenas Vanessa sobreviveu, ela usou o cetro como marca de suas conquistas
como governante pelos próximos anos que se seguiram.
Parsana foi devastada em algum momento, dessa vez não pelos nativos,
e sim por uma invasão pirata por toda a costa, saquearam e sequestraram
centenas como cativos para serem vendidos como escravos. Da mesma forma
súbita que surgiram, desapareceram, e não houveram rastros para se seguir ou
pistar para investigar. A maré de azar estava permeando por aquelas terras,
pois num período de tempo bem próximo, a rainha, que estava novamente fora
da cidade em missão durante a invasão pirata, foi acertada e ferida em uma
campanha de luta no Pântano Pegajoso, um lugar fétido, ela e outros lutavam -
ou mais precisamente - resistiam e tentavam sobreviver a ataques
coordenados em onda, por inimigos que flutuavam por entre cipós de arvore
em arvore atirando projeteis, informações raras que comumente são resumidas
ao seu desfecho em relatórios padrões. Dizem as lendas que os poucos
catálogos arbóreos e bestiários que temos hoje são providos pela rainha
aranha, pois dizem que ela era bem minuciosa nesse aspecto, mal podemos
imaginar os conhecimentos perdidos desta época em Parsana. Fato é, após
uma detalhada cena de dar pesadelos a homens comuns, com uma situação
bem especifica que deixarei apenas um trecho registrado nesse compilado de
relatos, essas palavras dizem as lendas vieram da própria Vanessa:
“dos sessenta e quatro membros da guarda que vieram comigo buscar o cálice
dourado de Gysseth apenas doze restaram, mal chegamos à metade do caminho. Nos
encontramos num pantanal, uma transição do Estrada Ciana com a floresta de Luh,
seguíamos enfileirados numa trilha fina e alta que cortava um charco ao meio, arvores
cobertas de musgo e cogumelos de raízes retorcidas que começavam no caule eram o
que nos cercavam por todos os lados, mas não eram apenas as arvores que nos
cercavam. Atacantes vieram de todas as direções, voando das arvores e mergulhando
na água pútrida, éramos um grupo grande, desajeitado. Minhas ordens não
alcançariam o fim da linha mesmo que me esforçasse, os ataques vieram das laterais
nos partindo e impedindo qualquer fuga de maneira fácil. O charco não era tão fundo,
de modo que incentivou alguns mais desesperados a cogitarem a ideia de se
espalharem para evitar serem alvos fáceis das lanças dos nativos, mas criaturas como
crocodilos e piranhas deixaram claro para os demais que ir pela água era sentença de
morte. Os nativos sabiam das feras e passavam balançando por cipós derrubando
guardas nas águas, jacarés vieram para o banquete, flechas voaram, guerreiros a pé
comiam pelas beiradas, arvores previamente cortadas cederam pelos nativos e caiam
na trilha, bloqueando o caminho e consequentemente esmagando qualquer um tolo o
bastante para tentar fugir. Em questão de dez minutos que pareceram segundos toda
nossa aramada fora devastada. Foram momentos onde a honra dos sobreviventes
seria contestada por aqueles que não conheceram o terror de quinhentas vespas
gigantes, mil monstros aquáticos e mil humanoides armados de estratégias e
armadilhas lhe atacando ao mesmo tempo. Uma vespa da estatura de um alce
enfincou seu ferrão do tamanho de uma espada longa em meu ombro direito,
inutilizando-me” [...]

Esse relato pertencia ao acervo particular de inteligência do castelo de


Vanessa, Varsau Mármore, o público comum não detinha tais relatos. Até que,
semanas depois uma revolta estouraria em Parsana e o povo invadira Varsau
Mármore, o objetivo eram protestos contra a proteção falha da cidade, os
esforços eram contra nativos e doenças, porém ficavam expostos ao que vinha
por mar. Mas enquanto a massa de gente ia para confrontar a rainha
pessoalmente desvios foram feitos e pilharam a cozinha e a pequena biblioteca
do castelo. A rainha fraca e sem paciência decapitou a todos os manifestantes,
dizem que o começo de seu declive foi com isso. Parsana a tornara louca
segundo alguns. Ela ficou muito doente nos próximos dois anos que se
passaram, não saia mais para suas campanhas e ordenou o abandono dos
Portões do Inferno Verde, pois os ataques de nativos eram cada vez mais
intensos nas duas cidades e já não era viável manter as duas. Parsana com o
aumento de população estava crescendo mais do que nunca, o comercio com
áreas externas era difícil, mas começou a se tornar possível com os barcos
voadores desenvolvidos no continente. Um ano se passou e uma grande peste
assolou a comunidade ali, vinda de peixes escamosos pescados nas margens
de um pequeno lago chamado Laurin Azul, essa peste assolava os dentes dos
homens os deixando com eles azuis lilás, os dentes apodreciam e caso o
doente dormisse morria sufocado pelos próprios dentes, os dentes exalavam
um fedor descrito como insuportável. Doença se espalhava com o contato da
língua a algo contaminado, fazia qualquer um que comesse um peixe ali
doente, peixes mortos por outros peixes no lago faziam o sangue se espalhar
pela água, de modo que os que bebiam a água eram infectados da mesma
forma, a peste demorou dezenas de dias para se descobrir a causa dela, até lá
já haviam pilhas de corpos por todas as calçadas de pedra e toques de
recolher instaurados, algo que já havia acontecido, sempre bem comum nos
relatos anteriores, porém essa doença foi mais um dos motivos que se somou
ao resultado final. A rainha ordenou atearem cinzas ao lago para matarem tudo
que nele vivia, a doença se extinguiu com a morte do último contaminado. Mais
um ano se passou e ataques piratas quebraram as frágeis rotas de comércio
que Parsana de Vanessa construíram com o tempo. Ainda assim, a cidade
continuou por mais uns meses de sensações de desapego e impotência. Mas
as doenças do continente e os ataques dos nativos foram demais para seu
povo e eles seguiram adiante.
Colônia Prisional.
Simultaneamente a dois terços do tempo que Vanessa esteve em
Papirito um consulado do reino Cetro Lustrado, do Sul. Navegaram em nome
do raj Tugghon IV com seis barco-a-remos com guindastes no lugar de
mastros. Eles esculpiram entre a cordilheira de montanhas sem nome um
complexo de escavações na roxa rente aos penhascos do mar, uma área sem
praias da região. Por lá o que no começo tinha o proposito de ser uma
prospera colônia, logo mudaram de ideia com as fortíssimas doenças
impregnadas em minérios encontrados nas cavernas escavadas nas
montanhas, que deixavam a pele pedregosa e quebradiça. O reino não deixaria
que seus esforços tenham sido atoas. Eles fizeram com que seus salões e
cavernas artificiais se transformassem em celas, jaulas, transformando a
fortaleza numa colônia prisional para casos extremos sendo uma opção a
execução.
Não há qualquer relato ou diário de detentos dessa prisão, por motivos
óbvios, existem lendas de homens que fugiram e se tornaram reis entre os
nativos da região, embora seja extremamente improvável. Para qualquer
fugitivo, teria de arcar com os seguintes estágios: os próprios guardas e muros,
a altura, pois a colônia se encontrava a dezenas de metros de altura. A única
forma de sair seria por mar ou escalando rocha sólida, terra árida é o que
espera os que passarem de alguma forma a parte montanhosa, pois não há
florestas por perto. Mesmo que sobreviva a tudo isso e chegasse à floresta,
teriam de se preocupar com todos os males que nela existiam: pragas,
humanoides hostis, feras e monstros.
Mesmo sendo uma opção a execução a própria ilha era em parte uma
sentença de morte, pois as celas eram apinhadas de vestígios de doenças dos
detentos anteriores, transformando as salas e corredores fechados ambientes
perfeitos para pragas contagiosas. Muitos eram os que saltavam para o abismo
rochoso do mar para evitar sofrer pelas enfermidades que ali existiam. Nem
guardas estavam seguros, não demorou para os salários serem o quíntuplo do
que eram no começo da colônia.
Passaram dezoito anos até que a colônia prisional do Cetro Lustrado
fosse finalmente abandonada, os guardas deram um basta, desertaram
roubando os mantimentos e navios e rumaram para ilhas paradisíacas
distantes, nunca mais foi ouvido falar deles, sabe-se que abandonaram os
presos a sua própria sorte, ou pelo menos a maioria deles. Os nativos nunca
atacaram essa colônia, sendo essa a única sem relatos de ataques, pois o
terreno era muito árido e montanhoso, e não há nativos nessas áreas ao que
indica. O que afastou os carcereiros eram as incessantes pragas que
assolavam as celas e quartos da fortaleza dentro da montanha, o afastamento
de mulheres e as lendas de maldições do continente, tratado como ilha por
eles.
Após meses sem mandarem sinal de vida o raj de Cetro Lustrado enviou
um grupo de aventureiros para investigar, poucos voltaram, porém, com eles
trouxeram alguns dos presos e relatos de criaturas estranhas e de detentos
mortos de fome presos em suas celas, o raj colocou a cabeça dos guardas a
prêmio e os próprios envolvidos da aventura se proporam a investigar.
Tugghon IV também mandou para que uma nova comitiva desse inicio a novas
instalações prisionais e recomeçasse a colônia abandonada. Porém quando os
barcos chegaram por lá deram meia volta. Toda a montanha onde a fortaleza
estava havia desmoronado, toda ela sumira. O raj não voltou a se interessar
em Papirito novamente, ou talvez seu conselho o impediu de gastar mais
recursos em algo assim em outro continente.
Doenças.
Os relatos de enfermidades falam de doenças como:
Polvilho azul Perna castanha
Cobre serroso Verme de osso
Tétano de tutano Desgraça dos marinheiros
Sangue fervente Olhos de pus
Febre verde Gengiva amarela
Praga dançante Máscara de pus
Podridão doce Cegueira das juntas
Pasta ocre
Escamagris

Relatos de aventuras.
São os últimos vagos relatos que se tem registro. A colônia prisional de
Tugghon IV foi a última tentativa registrada de colonizar o continente. Daí em
diante apenas pequenos assentamentos rústicos e lamacentos surgiram, onde
aventureiros, criminosos, navegadores e desterrados de outras regiões vão em
busca de oportunidades. E onde traficantes de escravos vão atrás de
mercadoria. Quanto ao que o continente esconde em suas profundezas pouco
e ainda menos é sabido, e não existem muitos registros na Cidadela. Os
Arabores acreditam que Papirito é pelo menos do tamanho do arquipélago de
North, Long Mar, enquanto os nascidos em Angel acreditam que o continente é
maior que Balatuh e Amarc juntos. Mas apenas um povo pode conter a
resposta para essa pergunta: os Sabugos Vermelhos, seus navios de açúcar
são famosos por navegarem muito além dos mares já mapeados pelos homens
comuns, por isso especula-se que eles detenham o conhecimento sobre o
tamanho real de Papirito e que talvez já tenham mesmo navegado em torno
dele, mas a verdade permanece desconhecida já que eles não dividem o
conhecimento cartográficos com estrangeiros.

Papirito possui demasiadas lendas, contos e anedotas. Porém o que temos de


concreto baseado em relatos reais e pergaminhos oficiais está agregado neste
insumo de folhas, cordões e tinta. Tudo pronto para ser lido brevemente uma
única vez e ser empilhado sobre a mesma pilha empoeirada e com traças que
estavam os relatos soltos anteriores. A conclusão de meus estudos são que
Papirito é uma terra fascinante, cheia de mistérios, perigos e tesouros. Porém é
tão pouco explorada que há quem brinque que portais para a Escadaria Eterna
estão por lá, mas para aqueles que em algum momento estudem e de fato
ouçam falar sobre o continente, é questão de tempo para os anseios de
aventuras o chamarem para lá. Sou Ernest Agrane, obrigado por ler ‘TUDO O
QUE HÁ PARA SE SABER sobre PAPIRITO’.

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