Você está na página 1de 114

A Era Vargas

1930 - 1954
Apoio político
Dois movimentos políticos deram condições ao golpe de 1930:
-- Movimento das Oligarquias Dissidentes;
-- Tenentismo;

Grupos que apoiaram Vargas no golpe:


-- Políticos Civis do RS, MG e PB;
-- Tenentes;
-- Partido Democrático – SP;

Projeto da Revolução:
--reforma eleitoral, do sistema judiciário e do ensino;
--anistia aos tenentes de 1922, 1924 e 1926;
--a defesa do café e da pecuária;
--código de proteção aos trabalhadores;
Balanço do golpe de 30
Prejudicados:
-- a Oligarquia paulista que perdeu o controle do
governo Federal;
--o centralismo do novo governo diminuiu as forças dos
poderes locais e estaduais;

Favorecidos:
-- as Oligarquias gaúcha e mineira e os tenentes;
Desse modo, foi um movimento intra-elite;
Momentos da Era Vargas
1930-1934 – Governo Provisório de Vargas;

1934-1937 – Governo Constitucional de Vargas;

1937-1945 – Estado Novo de Vargas;

1951-1954 – Governo Republicano democrático de


Vargas;
Novo Estado de Compromisso
Vargas trazia na sua formação o Positivismo como
teoria filosófica e política. O político deve evitar
desarmonias e, para isso, deve tutelar os grupos
carentes concedendo benefícios – Diálogo com todos
os grupos da sociedade;
Como o RS foi sacrificado economicamente na
Primeira República, Vargas vai propor um pacto entre
os grupos de elite econômica no Brasil: incentivar a
exportação e incentivar o mercado interno;
O intervencionismo estatal
Ante o quadro gravíssimo gerado pela maior crise do
capitalismo, o governo Vargas, em escala muito
menor, adotou métodos semelhantes ao New Deal dos
norte-americanos – a intervenção estatal na economia;
O liberalismo econômico foi abandonado, e o Estado
passou a intervir em todas as instâncias da vida dos
cidadãos, inclusive na vida particular;
1930–1934 – Governo Provisório

Todo o aparato legal, principalmente a Constituição


que dava legalidade ao governo Washington Luis, foi
derrubado junto ao presidente de São Paulo;

Vargas fechou o Congresso e arrogou todos os poderes


ao Executivo;
A Era Vargas nasce sob uma ditadura...
Nos lugares dos Governadores e Prefeitos foram
criados os cargos de Interventores Estaduais e
Municipais (homens de confiança de Vargas);

Em dezembro de 1930 foram criados os Ministérios da


Revolução: Ministério da Indústria, Comércio e
Trabalho e o Ministério da Educação e Saúde;
Igreja Católica
Em 1931 houve a união do Governo Vargas com a
Igreja Católica;
Em outubro de 1931 foi inaugurada a Estátua do
Cristo Redentor, no Corcovado;
Também em 1931, o ensino religioso católico foi
permitido em escolas públicas;
Esse foi um primeiro ponto de desgaste para Vargas
com sua base política: parte da elite gaúcha reclamou
da religação com a Igreja Católica;
Desgaste com a base aliada
No final de 1931, políticos civis da base aliada
varguista o cobravam da reconstitucionalização do
país. Como ele não dava sinais nem de eleições para
formar uma Assembleia Constituinte, dois ministros
gaúchos deixaram o governo e expuseram à imprensa
a insatisfação;
Os tenentes eram contra a reconstituciona-
lização do país, temerosos da retomada da máquina
estatal pelas oligarquias;
Reação de São Paulo...

Em 1926, havia nascido em São Paulo o P.D. (Partido


Democrático). A sigla aglutinava uma parte da elite
paulista insatisfeita com os rumos que o P.R.P. dava a
política brasileira;
O P.D. apoiou o golpe de Vargas em 1930. Mesmo
assim, viu Vargas nomear como Interventor Estadual
de São Paulo o tenente João Alberto de Barros,
configurando uma afronta;
Formação da F.U.P. em SP

Passado um ano do golpe, o P.D. abriu contestação ao


governo Vargas pela concentração dos poderes;
Começaram passeatas em São Paulo pedindo a
reconstitucionalização do país;
O P.R.P. decidiu apoiar o movimento e, no início de
1932, P.D. + P.R.P formaram a F.U.P (Frente Única
Paulista);
Nasce o M.M.D.C.

Em manifestações em maio de 1932, quatro jovens


foram assassinados na cidade de São Paulo (Miragaia,
Martins, Dráusio e Camargo);

Com as iniciais dos nomes dos jovens assassinados,


formou-se o M.M.D.C. (agrupamento para cooptar
recursos de empresários a fim de derrubar o governo
Vargas);
Revolução Constitucionalista de SP
Em 9 de julho de 1932, o Estado de São Paulo abriu a
luta para derrubar o governo Vargas, clamando pela
reconstitucionalização do país;
Contando com a Força Pública Estadual, que havia se
tornado a grande guarnição junto a gaúcha na Primeira
República, as tropas paulistas foram para o
enfrentamento;
Chama muito a atenção como a elite conseguiu
sensibilizar todos os grupos de São Paulo para o
movimento;
Os paulistas se mobilizaram...

As mulheres da elite doaram joias para a revolução. Os


empresários interromperam suas produções para
concentrar na revolução, produzindo capacetes,
roupas, armas para os soldados de SP;
Os populares se alistaram sem preparação alguma e
foram aos frontes de guerra, enfrentando soldados do
exército do outro lado;
A reação do Governo Federal
Para fazer frente a essa poderosa oposição armada, num
estado cuja contribuição era essencial para a estabilidade
econômica do país, Getúlio Vargas mobilizou, praticamente,
todo o resto do Brasil, com exceção de Mato Grosso, cuja
guarnição federal aderiu a São Paulo;
Não foi difícil essa mobilização, uma vez que as lideranças de
muitos Estados já vinham sustentando que o acúmulo de
riqueza em São Paulo é que determinava o atraso de outras
regiões;
São Paulo se entregou...

Depois de dois meses e meio, os paulistas se


entregaram e Vargas saiu vitorioso do conflito;
Para Vargas, ficou o aprendizado de que a elite paulista
era realmente muito forte ao ponto de tentar derrubá-lo
do poder. Para os paulistas, ficou claro que Vargas não
seria ‘nuvem passageira’;
O Código Eleitoral e o início dos direitos
trabalhistas
Cumprindo item do programa da Aliança Liberal, em
1932 o governo promulgou o Código Eleitoral, pelo
qual adotou-se a justiça eleitoral, o voto secreto e o
voto feminino;
Foi institucionalizada a Carteira de Trabalho,
decretando ‘salário igual para trabalho igual’, jornada
de oito horas, licença-maternidade e concessão de
férias anuais para comerciários;
Eleição para a Constituinte
Em maio de 1933, teve eleições para a Assembleia
Constituinte;
Em dezembro daquele ano os deputados eleitos
começaram a se reunir para elaborar uma nova
constituição;
Em julho de 1934, estava pronto o projeto
constitucional e foi aceito por Vargas, sendo assim
promulgada a nova Constituição;
Foi influenciada pela Constituição alemã de 1920, a da
chamada República de Weimar;
Promulgação da nova Constituição
Essa Constituição ratificou todas as novidades
eleitorais de 1932, com a novidade da obrigatoriedade
de votos para maiores de dezoito anos no país. O
número de senadores ficava reduzido a dois por
estado;
A Constituição criava a Justiça do Trabalho. Quanto ao
trabalhador, o artigo 120 garantia a autonomia de
sindicatos, fixava um salário mínimo, além de férias
remuneradas e indenização por dispensa sem justa
causa;
Getúlio foi eleito presidente

A Assembleia Constituinte elegeu Getúlio Vargas


presidente da República brasileira no dia posterior à
promulgação da nova constituição;
Começava um novo momento de Vargas no poder: o
congresso seria reconstituído e o executivo perderia o
poder centralizador dos primeiros anos;
Governo Constitucional de Vargas1934-
1937
Além das regras constitucionais, outra novidade foi a
volta do Congresso no final de 1934, limitando as
decisões de Vargas;
Esse período foi marcado pela polarização política
entre um grupo de extrema direita (AIB) e um grupo
de extrema esquerda (ANL);
Integralismo
Em 1932, nasceu a AIB (Ação Integralista Brasileira),
fundada por Plínio Salgado;
De início era um movimento paramilitar que logo
ganhou a adesão de civis por todo o Brasil e de
políticos de destaque como Gustavo Capanema, San
Thiago Dantas, Miguel Reale;
Os integralistas defendiam as ideias nazi-fascistas para
o Brasil na década de trinta;
Os galinhas-verdes
O lema dos integralistas era “Deus, pátria e família”;
Tinham como signo do movimento a letra grega sigma, que ficava à
mostra nas braçadeiras dos uniformes;
Os uniformes eram verde-oliva e quando se encontravam, os
integralistas se saudavam com o ‘anauê, anauê, anauê’;
Eram chamados de ‘galinhas-verdes’;
Os integralistas terão uma boa relação com Getúlio até o 1938,
quando invadirão o Palácio do Catete para tentar matá-lo, em
função de ter fechado todos os partidos com o golpe do Estado
Novo;
Aliancismo ou Anelismo
Em 1934, nasceu no Rio de Janeiro a ANL (Aliança Nacional
Libertadora). Nomearam o capitão Luis Carlos Prestes
presidente de honra do grupo;
O programa do partido tinha como pilares o cancelamento da
dívida externa e a reforma agrária;
Defendiam a implantação do comunismo no Brasil na década
de trinta, pois rápido os liberais e moderados se afastaram do
partido;
O programa da ANL vai colocá-los na oposição ao governo
desde a fundação do partido;
1935 – Lei de Segurança Nacional
Vargas fechou a Aliança em julho de 1935, quando
eles já contavam com 1600 núcleos pelo país e lançou
a Lei de Segurança Nacional, definindo crimes contra
a ordem política e Social;
Prestes estava na U.R.S.S. desde 1931 e em junho de
1935, voltou ao Brasil clandestinamente, para
organizar uma revolução, derrubar Vargas do poder e
implantar o comunismo no país;
Prestes no Rio de Janeiro
Luis Carlos Prestes e Olga Benário ficaram numa casa
em Copacabana com mais alguns casais comunistas e
Prestes estava entrando em contato com lideranças
militares e tenentes da ANL para ter apoio para o
golpe comunista;
Em 23 de novembro de 1935, estourou em Natal – RN
uma quartelada que se estendeu em um movimento
social em que a cidade foi tomada por 72hs;
Intentona Comunista
Ao estourar a quartelada em Natal, Prestes julgou ser a hora
de sair à rua e tomar o poder no Rio de Janeiro;
25 de nov. de 1935 – Intentona Comunista – foi a tentativa
fracassada dos comunistas tomarem o poder no Brasil. Havia
financiamento do Partido Comunista Soviético e participação
da ANL e militares esquerdistas;
Notem que foi um movimento sem apoio de bases populares,
em específico, de proletários;
Consequências do golpe comunista
Assustados com a tentativa de golpe comunista, o
Congresso decretou o estado de sítio;
Vargas iniciou o pente fino em inimigos políticos que
eram presos mesmo sem ligação com os comunistas;
Em suma, o golpe fracassado dos comunistas deu
margem pra Vargas voltar a centralizar lentamente o
poder;
Cadernos do Cárcere
Vargas decretou o Estado de Guerra e instituiu a pena
de morte. Foi uma época de terror;
O jornal New York Times informava que o regime
tinha 7 mil presos políticos, enquanto o L’Humanité
falava em 17 mil;
Dentre eles, Graciliano Ramos, que começava seu
calvário de um presídio a outro. As prisões mais
conhecidas eram em Ilha Grande (RJ), Maria Zélia
(SP) e a ilha de Fernando de Noronha, além do navio
D. Pedro I;
O ano de 1937 e o golpe iminente.
Em 1937 se lançaram à presidência da República o
nordestino José Américo e o paulista Armando Salles
de Oliveira;
Faziam campanha pelo Brasil enquanto Vargas,
silenciosamente, preparava um golpe para concentrar
os poderes novamente;
Vargas nomeou o general Eurico Gaspar Dutra como
Ministro da Guerra e se mexeu para o general Góis
Monteiro assumir a chefia do Estado Maior do
Exército;
Plano Cohen
Como as eleições se aproximavam, os congressistas
cancelaram o estado de sítio em junho de 1937 –
temiam atos centralizadores de Vargas;
Em out. de 1937, o chefe do Serviço Secreto da AIB,
Olímpio Mourão Filho e o general Góis Monteiro,
forjaram o Plano Cohen, que seria uma nova tentativa
de golpe comunista no Brasil, descoberta pelos
integralistas;
Golpe do Estado Novo
Esse documento foi repassado para o Congresso e, mesmo
desconfiados, mas assustados, os congressistas decretaram
novamente o estado de sítio;
Em 10 de nov. de 1937 – Golpe do Estado Novo - com o
apoio das Forças Armadas, Vargas fechou o Congresso e
iniciou um período de ditadura escancarada;
Getúlio extinguiu os partidos políticos e, durante os sete anos,
governou em estado de emergência, jogando com a direita e
com a esquerda, sem que seus atos fossem julgados;
Os atores do golpe
O verdadeiro objetivo de Getúlio era adiar a realização
das eleições para presidente: queria permanecer no
poder, ainda que por um golpe militar;
Os militares, por sua vez, apoiavam os planos de
Vargas, pois não acreditavam que um governo
constitucional fosse capaz de afastar a ‘ameaça
comunista’. Além disso, só um golpe podia deter a
indisciplina reinante entre os oficiais mais jovens do
Exército;
O despontar do generalismo
Com a fundação do Estado Novo, rompem-se as
últimas ligações de Getúlio com o tenentismo;
As Forças Armadas são entregues a Dutra, Góes
Monteiro e a outros oficiais que dão início ao
generalismo daqui em diante;
O alto escalão das Forças Armadas se põe cada vez
mais como “árbitros internos da política brasileira”;
1937-1945 – Estado Novo
Foi imposta uma nova constituição que validou esse
período que se abria – a Polaca;
A Polaca foi elaborada pelo jurista mineiro Francisco
Campos, conhecido no meio político como Chico
Ciência;
Claramente ele copiou trechos da constituição
polonesa que validava um estado ditatorial também
(ausência de legislativo e concentração de poderes no
Executivo);
Modernização Conservadora
O Estado Novo ficou conhecido como um período de
caráter policialesco e modernizante – daí a expressão
usada por especialistas de ser um período de
modernização conservadora;
O lado policialesco foi o da perseguição, falta de
liberdade, censura na imprensa e o lado modernizante
foi o da industrialização, ganhos sociais, urbanização;
Lado Policialesco
Desde 1933 tinha sido instituído o Departamento
Especial de Segurança Política e Social (DESPS).
Com o Estado Novo, esse órgão aumentou a
perseguição contra toda dissidência política ao
governo – tornou-se uma polícia política a prender
presos políticos, o que se tornou uma marca do
período, caracterizando o lado ditatorial do novo
momento;
Política Cultural
Por ordem de Vargas, imprimiu-se um tom nacionalista
em suas propagandas;
A política cultural e educacional do período marcou-se
pelo lema: “um Brasil para os brasileiros”;
Os modernistas foram convidados a assumir cargos
importantes nas secretarias de educação e cultura;
A busca de uma ‘identidade nacional’

O presidente da ABL (Academia Brasileira de Letras)


iniciou uma reforma do português tendo por princípio
o ‘abrasileiramento do português’, que entrou em
vigor em 1942;
Na tentativa de construir uma ‘identidade nacional’, o
samba foi elevado a ritmo musical nacional;
A expansão da escola pública e
’getulização dos textos escolares’
Um dos maiores legados desse período foi a reforma
no ensino conduzida sob a coordenação do ministro da
educação, Gustavo Capanema. Aquele foi um
momento de impactante expansão da Escola Pública,
democratizante, e de uniformização do ensino em
escala nacional;
Mas, aproveitava-se os textos escolares para construir
a imagem de Vargas como ‘o grande pai da nação’;
A rádio como grande difusor cultural
Esses anos serão marcados por forte legado cultural. Tivera
início a revolução nos meios de comunicação, sobretudo com
o rádio, com a difusão de formas culturais variadas, da música
sertaneja à música clássica, como a Rádio Gazeta, em São
Paulo, segundo seu próprio slogan, ‘a emissora de elite’, com
óperas e ‘música fina’, que ilustravam a burguesia
ascendente;
Mais populares foram a rádio Mayrink Veiga e os programas
de auditório da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, além das
novelas da Rádio São Paulo;
Criação da DIP
Em fins de 1939, foi criado a DIP (Departamento de
Imprensa e Propaganda) – responsável pela censura e
propaganda do Estado Novo, controlada por Lourival
Fontes;
Além dos jornais escritos, as rádios que eram a grande
novidade em comunicação, passaram a conviver com a
presença de censores do governo nos seus
estabelecimentos, sendo a censura uma marca desse
novo momento;
A Hora do Brasil
A DIP também elaborava as propagandas do governo;
Criaram um jargão para Vargas usar nos seus
discursos: ‘trabalhadores do Brasil...’;
Em 1942, a DIP criou o programa radiofônico “A Hora
do Brasil”, que era diário nas rádios e mostrava
notícias de Vargas naquele dia. Isso aproximou muito
o governo da população, que passou a sentir o
governante mais próximo;
Uma nova ética pessoal
A fim de criar uma reserva de trabalhadores para o novo
momento que também se balizara pela industrialização, a DIP
forjou uma nova ética comportamental para o homem
brasileiro: o casamento e o trabalho passaram a ser
incentivados e a malandragem, a prostituição e a bebida,
reprimidos;
O Ministério do Trabalho criou o SENAI (Serviço de
Aprendizagem Industrial), a fim de formar mão-de-obra
especializada para a indústria;
Lado Modernizante
A modernização no novo período foi tomada como
responsabilidade do Estado;
Uma mostra desse modelo foi a criação da DASP
(Departamento Administrativo dos Serviços Públicos),
em 1938, que gerou um aumento significativo dos
funcionários públicos no período;
Outro exemplo é que até então o estado limitara-se ao
fornecimento de créditos para os industriais – agora
ele próprio se tornava empresário;
“Saudações a Hitler, saudações a
Roosevelt”
Iniciada a Segunda Guerra Mundial, em 1939, o Brasil
viveu mais um momento de Industrialização por
Substituição de importações (ISI), sendo o terceiro já
da nossa história;
Mas, desta vez, Vargas aproveitou o momento para
consolidar a indústria de base no Brasil, cooptando
investimentos dos E.U.A. de Roosevelt e da Alemanha
de Hitler;
Indústria de Base – Rio de Janeiro e São Paulo
foram os centros da modernização dos anos Vargas

A cidade de Volta Redonda, no Rio de Janeiro, foi


destacada para receber o parque industrial de base;
A Cia. Siderúrgica Nacional (CSN), a Cia. Vale do Rio
Doce e a Fábrica Nacional de Motores (FNM), abertas
nos primeiros anos da década de quarenta, iniciaram a
produção de aço, extração do minério de ferro e a
produção de motores no Estado Novo;
“Quem tem ofício, tem benefício”
Foram tomadas medidas para pôr em execução a Lei
do salário-mínimo, instituída em 1934 e
regulamentada por decreto de 1938;
Mais importante, porém, seria a Consolidação das Leis
Trabalhistas (CLT), regulamentada em 1943, contendo
claramente os direitos trabalhistas;
Esses benefícios da legislação social viriam através do
trabalho e da vinculação às suas corporações;
Sindicalismo de “Peleguismo”
É por meio do sindicato que se dava a participação política do
trabalhador e esse era também o canal de representação junto
ao Chefe da Nação. Notem que o pertencimento às
corporações sindicais era vital para a realização da cidadania -
Corporativismo;
Por meio do imposto sindical obrigatório, Vargas conseguiu
transformar o sindicalista em intermediário entre o interesse
do Estado e o do trabalhador. Daí chamar o sindicalista de
“pelego”;
Chama a atenção a exigência da unicidade sindical por
categoria;
A nova “democracia” do Estado Novo

O Estado Novo, embora autoritário, pretendia-se


democrático, pois sua intervenção na sociedade era
presumidamente revestida da preocupação em resolver
a questão social;
Desse modo, o sentido de democracia não se constituía
na liberdade, mas na justiça social;
II Guerra Mundial
O Brasil manteve-se neutro na II Guerra Mundial até agosto
de 1942;
Se por um lado havia recebido um empréstimo de 20 milhões
de dólares de bancos norte-americanos para construir a CSN,
por outro aproveitou-se da ofensiva comercial alemã na
América do Sul nos anos da depressão;
Os bancos alemães vinham oferecendo créditos mais
vantajosos do que os bancos ingleses e norte-americanos. Daí
o Brasil ter comprado material bélico com as usinas alemãs
Krupp;
O fim da neutralidade brasileira
A situação de neutralidade começou a se alterar no
final de 1941 quando a aviação japonesa destruiu a
esquadra norte-americana ancorada em Pearl Harbor,
no Havaí;
Os E.U.A. acionaram logo o Tratado de Havana e a
reunião foi no Rio de Janeiro em janeiro de 1942;
O Brasil ao lado dos aliados
Em março de 1942, foram assinados os chamados
Acordos de Washington em que os E.U.A.
comprometeram-se a comprar produtos brasileiros por
preços maiores que as cotações internacionais;
O Brasil também permitiu que os E.U.A. construíssem
uma base aérea em Natal – RN;
Desse modo, os E.U.A. foram engessando o Brasil ao
lado deles na guerra;
Entrada do Brasil na guerra
Em agosto de 1942, submarinos alemães
bombardearam o litoral da Bahia e Sergipe, depois de
já terem torpedeados dois navios brasileiros nas costas
dos Estados Unidos e mais um nas Antilhas;
Naquele mês, Vargas posicionou o Brasil na guerra ao
lado dos aliados e, logo em seguida, foi criada a F.E.B.
(Força Expedicionária Brasileira), órgão que preparou
em torno de 23 mil pracinhas que o Brasil enviou para
lutar na Europa;
Brasão da FEB – ‘A cobra vai fumar’
O contato com as tropas norte-
americanas na Itália
As tropas brasileiras foram enviadas para a Itália e
lutaram junto as tropas norte-americanas. Iniciou-se ali
uma aproximação entre as Forças Armadas brasileiras
e as Forças Armadas norte-americanas;
Daqui se deriva o fato das Forças Armadas brasileiras
passarem a comungar da Doutrina de Segurança
Nacional (o cidadão é um potencial inimigo do país e
deve ser perseguido quando não comungar da
ideologia do estado);
Perseguição à comunidade alemã,
italiana e japonesa...
Como o Brasil entrou na guerra ao lado dos aliados, deu-se
início a uma forte perseguição aos italianos, alemães e
japoneses em cidades brasileiras;
O governo nacionalizou cerca de setecentas escolas em áreas
de colonização alemã e italiana, que orientavam seus alunos a
favor do Eixo;
Instituições tiveram que nacionalizar seus nomes, como
aconteceu com o Palestra Itália em São Paulo e em Belo
Horizonte, renomeados como Palmeiras e Cruzeiro;
A postura de Vargas com os judeus
Documentos mostram que Vargas tinha conhecimento da
situação vivenciada por judeus na Europa;
Ao entrar na guerra ao lado dos EUA, Vargas prometeu a
órgãos internacionais que daria 3 mil vistos por mês aos
judeus perseguidos pelos nazistas;
Ele não cumpria com 10% disso e exigia um depósito no
Banco do Brasil para ceder o visto, selecionando judeus pela
capacidade financeira;
Os judeus que aqui entravam ou já viviam eram tratados
como súditos do Eixo e, por isso, presos e discriminados por
suas origens;
A Política da Boa Vizinhança
Se, por um lado, o período é marcado pela perseguição
ao legado dos países do Eixo, por outro lado, marca-se
também pela forte influência cultural norte-americana;
A Política da Boa Vizinhança adotada pelos E.U.A. em
relação à América Latina nos anos 1940 pode ser
entendida como o primeiro intenso momento de
extensão da influência norte-americana sobre os países
latinoamericanos;
Americanização à brasileira
O inimigo dessa vez era o crescente e assustador
esquema bélico-industrial dos países do Eixo
(Alemanha, Itália e Japão) e, finda a guerra, o perigo
comunista (URSS);
A Europa torna-se o atraso para a elite brasileira, ao
passo que a cultura norte-americana passa a ser o
modelo (way of life);
Os estúdios de Hollywood produziam filmes a invadir
os cinemas brasileiros. Destaque para Carmem
Miranda e para o estúdio da Disney, que inclusive
criou o papagaio Zé Carioca;
Vitória dos Aliados na guerra
As Forças Armadas eram contra a entrada do Brasil na
guerra ao lado dos aliados por temer que ficaria difícil
justificar a ditadura interna do Estado Novo se o Brasil
apoiasse os E.U.A., que eram a vitrine do modelo
político democrático;
No início de 1945 já era visível a vitória norte-
americana na guerra e estudantes nas ruas pediam o
fim da ditadura estadonovista;
Pressão pelo fim da ditadura
Além dos oficiais brasileiros que estiveram com os
norte-americanos na Itália e retornaram com propostas
de democratização, ainda em 1944, foi lançado o
Manifesto dos Mineiros, coordenado por tradicionais
políticos mineiros como Pedro Aleixo, Afonso Arinos,
Arthur Bernardes, Milton Campos, exigindo a
redemocratização do país, visto que o Brasil tinha
declarado guerra ao Eixo;
Prestes foi solto
Em 28 de fevereiro de 1945, Vargas anunciou que em
90 dias marcaria a data das próximas eleições e ele não
seria candidato;
Em abril de 1945, Vargas libertou em torno de 200
presos políticos comunistas, entre eles Luís Carlos
Prestes, que logo tornou-se o Secretário Geral do
Partido Comunista Brasileiro. Como a U.R.S.S. saía
vitoriosa também da guerra, Vargas já pensava em se
aproximar dos soviéticos;
Eleições à mostra...
Em 28 de maio de 1945, Vargas anunciou que as
eleições seriam em 2 de dezembro daquele ano;
Ainda em 1945, nasceram partidos políticos, pois
tinham sido todos fechados com o Golpe do Estado
Novo;
Os três grandes partidos dos próximos vinte anos da
vida política brasileira foram o PSD, o PTB e a UDN,
além do PCB que foi reaberto;
Novos partidos políticos
PSD (Partido Social Democrático) – composto pela
velha elite rural e parte da elite empresarial urbana;
PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) – composto pelos
trabalhadores urbanos, grupo que cresceu muito no
Estado Novo;
UDN (União Democrática Nacional) – composta pela
elite intelectual, grupo que sofreu muito com a
ditadura estadonovista;
A relação de Vargas com os novos
partidos
Vargas ajudou a criar o PTB e terá ótimo trânsito no interior
do PSD, pois manteve a concessão de benefícios a alta elite
rural e urbana nos quinze anos que já havia governado;
Um excelente exemplo é que os direitos trabalhistas tinham
sido concedidos somente aos trabalhadores urbanos, para
evitar desagradar a poderosa elite rural;
Já os udenistas serão a oposição total a Vargas e ao legado
varguista daqui pra frente;
As Forças Armadas na disputa
Desde o início, o PSD e o PTB se aproximaram, pois
ambos saíram do berço varguista. Lançaram candidato
único pra eleição, o ex-ministro da guerra de Vargas, o
General Eurico Dutra;
O General Góis Monteiro assumiu o Ministério da
Guerra em 1945;
Já a UDN, oposição total ao legado varguista, lançou o
Brigadeiro Eduardo Gomes;
Movimentos pela permanência de Vargas
Em outubro de 1945, comemorando os 15 anos do
governo Vargas no poder, nasceu no Rio de Janeiro o
movimento do Queremismo – “Queremos Getúlio
candidato em 2 de dezembro”;
Destacou-se também o movimento “Constituição com
Getúlio”, que propunha a permanência de Getúlio na
presidência, referendada pela aprovação de uma
assembleia nacional constituinte a ser instalada;
Queda de Vargas
No final de outubro, quando Vargas avisou que nomearia o
seu irmão, Benjamim Vargas, chefe da Polícia no Rio de
Janeiro, acusando-o de uma manobra continuísta, as Forças
Armadas forçaram a sua saída, que se deu em 29 de outubro
de 1945;
O presidente do Supremo Tribunal Federal, José Linhares,
assumiu o governo federal;
Em 2 de dezembro de 1945, com uma campanha de
continuidade do varguismo, mas com um regime político
aberto, o general Eurico Dutra venceu as eleições;
Governo Dutra

1946-1951
Início do período liberal-democrático

Entramos no período intraditaduras no Brasil no


século XX, entre o fim da ditadura do Estado Novo
(1945) e o início da ditadura militar (1968);
Essas duas décadas próximas de estudo são
caracterizadas também por especialistas como o
período do Populismo no Brasil e, em maior escala, na
América Latina;
O populismo latino-americano
O conceito de Populismo nos remete a uma prática
política em que o governante cria uma relação direta
com as massas com uma fraca intermediação dos
partidos políticos;
Esse momento chamado de populista marcou-se na
América Latina por um conjunto de fenômenos:
concessão de direitos sociais, forte urbanização, forte
industrialização, prática de nacionalismo econômico,
daí o carisma desses governantes;
Legados populistas
Por meio de concessão de benefícios sociais, o
governo aumenta o seu carisma junto ao povo e se
sobrepõe às instituições de representação do poder;

Enfim, os governantes populistas modernizariam


muito os países da América Latina, mas deixariam
como legado negativo o enfraquecimento das
instituições de representação política;
Eurico Gaspar Dutra
Logo no início do governo Dutra, de São Borja – RS,
Vargas chamou a imprensa e deixou claro que não
apoiaria seu ex-ministro na presidência;
Sobre a figura apagada de Dutra, seu diálogo com o
presidente dos E.U.A. é ilustrativo:
--How do you do, Dutra?, perguntou o presidente
Truman;
--Well. How do you tru, Truman?, respondeu Dutra;
1946 – Nova Constituição
A Constituição promulgada em setembro de 1946
iniciou um período liberal democrático no país após a
ditadura varguista;
Consagrou a divisão dos poderes e sua independência.
Instituiu-se eleições diretas;
Restaurou-se as liberdades expressas na Constituição
de 1934, que haviam sido retiradas em 1937;
Ponto negativo foi a manutenção da exclusão de
analfabetos e praças das Forças Armadas nas eleições;
Liberalismo econômico

Em termos econômicos, Dutra assumiu uma postura


liberal face ao capital estrangeiro. Incentivava o uso
das reservas econômicas para a compra de produtos
estrangeiros;
Logo, os anos Dutra foram marcados pela
desindustrialização e pelo antinacionalismo
econômico;
Um exemplo foi a instrução 113 da Sumoc, que
permitiu a importação de máquinas e equipamentos;
Plano SALTE
No início de 1947 foi lançado um plano econômico pela
equipe de Dutra nomeado de Plano SALTE, iniciais de Saúde,
alimentação, transporte e energia. Foi o primeiro plano
governamental do gênero;
Na área da saúde foi construído o Hospital dos Servidores do
Estado do Rio de Janeiro. Na área de transporte começou a
ser construída a Rodovia Dutra, que ligaria SP ao RJ. No
campo da energia foi construída a Usina Hidrelétrica de Paulo
Afonso, no rio São Francisco;
O conservadorismo social
Dutra suprimiu o direito de greve e manteve o arrocho
dos salários no seu governo, congelados desde 1942.
Em 1949, 234 sindicatos estavam sob intervenção;
Como escreveu Darcy Ribeiro: “Dutra só não tocou na
legislação trabalhista e nas grandes empresas estatais
porque não pôde”;
O tom político foi dado pelo PSD e UDN, a despeito
do crescimento das esquerdas trabalhista e comunista;
PCB: do auge à ilegalidade
Em 1947, o governo Dutra iniciou a perseguição
aberta aos comunistas no Brasil;
Em 1945, os comunistas pelo mundo apoiaram
alianças com governos antifascistas. No Brasil, o PCB
apoiou Vargas e Dutra e chegou a ser um partido forte
com aproximadamente 200 mil filiados;
Além disso, o PCB elegeu 14 deputados federais, 46
estaduais e 1 senador no novo Congresso;
Perseguição aos comunistas no Brasil
No meio do ano de 1947 o PCB foi colocado na
ilegalidade novamente e no final do ano os
congressistas comunistas perderam seus mandatos.
Três deles aderiram novas legendas para continuar nos
cargos;
Vários funcionários públicos ligados ao comunismo
foram ameaçados de perder os cargos;
Nesse momento, o PCB passou a defender a luta
armada e ensaiou tática de guerrilhas no Paraná e em
Goiás, com pouco fôlego;
Macartismo à brasileira
Essa atitude de Dutra posicionava o Brasil ao lado dos
E.U.A. no início de uma nova era pós II Guerra
Mundial, que logo ganharia o nome de Guerra Fria;
Podemos dizer que Dutra difundiu o macartismo no
Brasil antes do senador norte-americano, Joseph
Maccarthy, propor a perseguição aos comunistas nos
E.U.A. a partir da década de 1950;
Eleições de 1947
Nas eleições para governadores em 1947, Adhemar de
Barros venceu pela primeira vez no estado de São
Paulo, se lançando pelo seu partido PSP (Partido
Social Progressita);
Seus mandatos no estado deixaram um legado e uma
maneira de fazer política que fez seus adeptos serem
chamados de ‘ademaristas’;
Seus inimigos sempre o acusaram de se basear na
prática do “rouba, mas faz”;
Comissão Mista Brasil x E.U.A.
Em 1950, o governo Dutra assinou com o governo
norte-americano um acordo econômico em que os
E.U.A. investiriam mais para o desenvolvimento
econômico brasileiro;
O acordo recebeu o nome de Comissão Mista Brasil x
E.U.A;
Nas eleições presidenciais de 1950, o PSD não cedeu a
sigla para Vargas se candidatar por pressão de Dutra,
que se irritou muito com ele quando Vargas rompeu
com seu governo em 1946;
Candidatos nas eleições de 1950
O PSD lançou o advogado mineiro, Cristiano
Machado;
A UDN lançou novamente o Brigadeiro Eduardo
Gomes;
Getúlio Vargas lançou-se pelo PTB com a aliança do
governador de São Paulo, Adhemar de Barros, que em
troca do apoio vislumbrava as eleições de 1955, em
que Getúlio não poderia ser candidato. O PSP, de
Adhemar, mandou o vice da chapa de Vargas, o
político Café Filho;
O Corvo: um grande orador

Já se destacava como grande liderança da UDN no


início da década de 1950 o jornalista e deputado
federal, Carlos Lacerda. Além de grande figura da
bancada udenista no Congresso, ele era dono do jornal
Tribuna da Imprensa, e por meio dele destilava
reportagens contra a volta de Vargas. A frase mais
famosa das eleições de 1950 foi escrita por ele;
A oposição udenista

Lacerda escreveu: “Vargas não pode ser candidato. Se


candidato, não pode ser eleito. Se eleito, não pode
tomar posse. Se tomar posse, não vai governar”;
Essa ameaça de Lacerda era a evidência do novo
momento que o país vivia em que não havia mais uma
ditadura e a volta de Vargas se daria num cenário de
imprensa oposicionista aberta;
“Bota o retrato do velho outra vez”
Vargas vence as eleições de 1950
Em outubro de 1950, com 49% dos votos, sendo um
quarto oriundos de São Paulo, Getúlio Vargas venceu
pela primeira vez uma eleição ao Executivo Federal;
Assumiria a presidência de uma república
democrática, com congresso funcionando, imprensa
livre e partidos políticos em exercício. Em suma, era
um outro cenário para Vargas;
Governo Vargas

1951 - 1954
Vargas e seu nacionalismo paradoxal

Em janeiro de 1951, Vargas assumiu a presidência da


República;
Se Dutra tomou uma postura liberal em termos econômicos e,
por isso, teve sérios problemas com setores ligados a
industrialização, Vargas era símbolo de um nacionalismo
paradoxal, pois sabia conciliá-lo, inclusive, com a facilitação
do ingresso de capitais externos;
Apesar disso, nesse novo cenário em que a Guerra Fria dava a
tônica, tal nacionalismo soará como esquerdista e pró-
comunista, pois será um freio a entrada das multinacionais
norte-americanas no país;
A polêmica do petróleo: ’entreguistas’ x
’nacionalistas’
Um dos primeiros projetos enviados por ele ao
Congresso contemplava o assunto mais latente na
virada da década de cinquenta no Brasil: a extração do
petróleo no país;
Quando estudos confirmaram a existência das reservas
de petróleo no solo brasileiro, abriu-se a discussão de
como deveria ser extraído o produto;
Surgiram os ’entreguistas’ e os ’nacionalistas’;
“O Petróleo é nosso”

Muitos economistas, jornalistas e intelectuais liberais


defendiam que o Brasil deveria abrir a economia para as
grandes multinacionais de extração do petróleo entrarem no
país (entreguistas);
Isso gerou a reação de estudantes, jornalistas e intelectuais
nacionalistas que defendiam que o petróleo era uma riqueza
dos brasileiros que deveria ser extraído por uma empresa
nacional (nacionalistas)– Nasceu a campanha: “o petróleo é
nosso”;
O veto da bancada da UDN

Já em 1951 Vargas enviou ao Congresso um projeto


para a criação de uma petrolífera nacional;

A bancada da UDN, liderada por Carlos Lacerda,


vetou o projeto por dois anos, argumentando sempre
que era mais uma medida populista de Vargas;
1953: Criação da Petrobrás

Como a campanha popular “o petróleo é nosso”


arrebanhava cada vez mais pessoas às manifestações,
quando se aproximou as eleições para o Congresso que
seria no final de 1953, vários deputados da UDN,
temendo cobrança eleitoral da população, votaram à
favor do projeto e, em outubro de 1953, nasceu a
Petrobrás, empresa nacional para extração do petróleo;
Outras marcas do varguismo

Outras marcas desse novo governo Vargas foram:


-- a criação do BNDE (Banco Nacional do
Desenvolvimento Econômico), em 1952;
-- a criação do Banco do Nordeste, também em 1952;
-- o IBC (Instituto Brasileiro do Café), no final de 1952;
Desafios da nova era

A urbanização e industrialização intensas aumentaram


muito o número de trabalhadores industriais nos
grandes centros urbanos brasileiros;
O aumento do custo de vida gerava o aumento da
inflação nas grandes cidades e os trabalhadores
reclamavam com greves e protestos;
Greve dos 300 mil
No início de 1953, na cidade de São Paulo, estourou a
greve dos 300 mil, organizada pelos sindicalistas da
cidade, mas com o PCB paulista determinando os
rumos nos bastidores;
O cérebro do movimento foi Carlos Marighella, que na
década de cinquenta começava a ser reconhecido como
um dos grandes nomes do Partido Comunista
brasileiro;
Reforma ministerial
Para conter os movimentos de greve e insatisfações, Vargas
fez uma reforma ministerial em junho/julho de 1953, com
destaque para o novo Ministro do Trabalho, o petebista João
Goulart;
Sendo o presidente do PTB e um excelente negociador com
sindicalistas, Vargas esperava acalmar os ânimos das greves;
Outra expectativa que se tinha no novo Ministro do Trabalho
era em relação ao aumento do salário-mínimo para conter o
custo de vida nos grandes centros;
A pressão norte-americana contra o
nacionalismo varguista
No segundo semestre de 1953, no clima da guerra fria e do
macartismo nos E.U.A., apertou-se o cerco a Vargas;
Por ordem do novo presidente norte-americano, General
Eisenhower, foi cancelada a Comissão Mista Brasil x E.U.A.
e ameaçaram não comprar o café brasileiro;
A abertura da Petrobrás, com o monopólio da extração e
refino de petróleo foi a gota d’água para intensificar a pressão
norte-americana;
O nacionalismo começava a cobrar seu preço;
Fev. de 1954 – Manifesto dos Coronéis
Isso explica o fato de Vargas ter feito discursos acalorados e
ácidos contra os E.U.A. no início de 1954;
Falava-se nos bastidores políticos que João Goulart pretendia
aumentar o salário-mínimo em 100% no início de 1954;
Em fev. de 1954, o jornal ‘O Estado de São Paulo’ publicou
um manifesto de coronéis do Exército em que mostravam-se
contra o aumento e reclamavam melhorias para a instituição,
principalmente denunciavam os baixos salários;
Demissão de João Goulart

No dia 22 de fev. de 1954, Jango anunciou o aumento


do salário-mínimo em 100% pela manhã. À tarde, para
acalmar a pressão de grupos das Forças Armadas,
Vargas cancelou o aumento e o demitiu;
Cada vez ficava mais evidente que a grande
característica de Vargas se enfraquecia: o controle do
jogo político;
Carta Brandi

Em abril de 1954, por pedido da UDN, foi votado o


impeachment de Vargas por acusação de aproximação
com peronistas argentinos e possíveis planos de formar
uma República Sindicalista na América do Sul. A
denúncia teria sido feita pelo deputado argentino
Antônio Jesus Brandi;
O pedido de impeachment foi vetado com folga pelos
congressistas;
1º de maio de 1954
Na comemoração de 1º de maio do dia do trabalhador,
que Vargas fazia discursos no campo de São Januário –
RJ, em 1954 ele aproveitou o estádio cheio e decretou
o aumento do salário-mínimo em 100% e fez muitos
elogios a seu ex-ministro do Trabalho, João Goulart;
Para especialistas, esse dia foi um divisor de águas:
Vargas se jogou de vez nos braços do povo e se afastou
das elites;
UDN: a oposição se fortalece

Após o aumento do salário-mínimo em 100%, os


udenistas escancararam mais ainda a oposição às
atitudes varguistas. Carlos Lacerda, no jornal Tribuna
da Imprensa, alardeava a irresponsabilidade do
governo;
Nesse contexto, cada vez mais tenso, ficava evidente
que desaparecer com a figura de Lacerda daria um
fôlego para o governo;
Episódio da rua Tonelero - Copacabana

O chefe da guarda-pessoal de Vargas, Gregório


Fortunatto, pediu a um membro da sua equipe,
Climério, que cuidasse de matar Carlos Lacerda;
Na madrugada de 5 de agosto de 1954, Lacerda
chegava no seu apartamento na rua Tonelero, em
Copacabana, acompanhado do major Rubens Vaz, da
aeronáutica, que fazia a proteção de Lacerda naquela
noite;
“Lacerda levou um tiro no pé. Eu levei
dois tiros nas costas”
Foram surpreendidos pelo pistoleiro que atingiu o pé
de Lacerda e acertou o major em cheio, matando-o na
hora;
A aeronáutica abriu investigação e chegou logo no
pistoleiro, que sob tortura revelou que tinha sido
contratado por Climério, que era da equipe de
Gregório Fortunatto;
Automaticamente, a imprensa acusou Vargas de ser o
mandante do crime;
‘Manifesto dos Generais’

Em 22 de agosto de 1954, chegou ao Palácio do Catete


o ‘Manifesto dos Generais’, em que 19 grandes nomes
das Forças Armadas pediam a renúncia de Vargas;
Getúlio convocou uma reunião ministerial urgente que
foi realizada na madrugada do dia 24 de agosto. Vargas
disse que se afastaria, mas não estava renunciando;
Suicídio de Vargas
Quando os ministros deixaram o Palácio do Catete, as 6 hs,
Benjamin Vargas foi chamado para depor no inquérito
policial-militar do Galeão;
As 7hs, em ultimato, os militares exigem a renúncia. Por volta
das 8hs30 da manhã do dia 24 de agosto, Vargas se suicidou;
Ele deixou uma carta-testamento sobre a cama
ensanguentada;
Na carta se dizia que aqueles que pensavam que o tinham
vencido seriam derrotados. Era a evidência que Vargas sabia
que a população cobraria da UDN o seu suicídio;
Um balanço da pressão política a Vargas
Podemos afirmar, então, que a pressão política que
levou ao suicídio de Vargas centrou-se em três grupos:

Pressão externa: grupos norte-americanos ávidos por


instalar-se na economia brasileira;

Pressão interna: políticos udenistas e setores


antivarguistas das Forças Armadas;

Você também pode gostar