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VYGOTSKY

Aprendizado e desenvolvimento
)

Um processo sócio-histórico

Marta Kohl de Oliveira


• Licenciado em pedagogia pelo USP
• Doutora em psicologia do educação pelo
Universidade de Stanford, EUA
• Professoro do Faculdade de Educação do USP

IL\\'
oditorn sciplono
l1u1sli!11do1 fl<liloríal
Mauro Iodou Aristides
f'rep.Jraçilo
Adalberto Luls de Oliveira
Rov1s/Jo
lwz Cuasco o Luciana Compos de Carvalho
CoordonoçJo de orto

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11ico Ho1ku l lnn<1. Ma11a do Céu Pires Passuello, Edson
11.lluo Toyota o Sueh A Loga
f'togramaçáo visual da capa V
t ui1 T11go e Tah Kim Chiang

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ll"straçôos do miolo
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Luiz Trigo
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Foros
Lourem Focheno /:\ ( ,, \'

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oditora scipione
MATRIZ
l'roçn Carlos Gomes, 46
Ol!.>01040 São Paulo SP
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(11 1 lmpross~o)
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t- P~I• •H'hii._ t !IM..&. ltrt Uf
SUMÁRIO

PREFÁCIO por jaan Valsiner ...... .. ... ... ...... 6


CRONOLOGIA . . . . .. . .. . . . . . . .. .. . . . . .. .. .. . . . .. . . . .. .. 9
IN1RODUÇÃO . .... .. .... .. .... .. .. ...... .. .. .......... 13
1. I llSTÓRIA PESSOAL E HISTÓRIA INTELEC-
1'UAL .................................................. 17
2. A MEDIAÇÃO SIMBÓLICA ..................... 25
• O uso de instrumentos .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . 27
• O uso de signos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
• Os sistemas simbólicos e o processo de interna-
lzzação . . . . . ... . . . . . . . . . . ... . . . .. ... . . . . . . ... . ... . . . . 34
~. PENSAMENTO E LINGUAGEM ............... '41
• O desenvolvimento do pensamento e da lin-
guagem ............................................ 43
• O significado das palavras .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . 48
• O discurso interior e a fala egocêntrica . . . . . 51
4. DESENVOLVIMENTO E APRENDIZADO .. . 5J
• O conceito de zona de desenvolvimento pro
ximal . . . .... .. . ... .. . . .. .. . . . . ... . . . . ... ... .. . . . . . .. 58
• O papel da intervenção pedagógica . . . . . . . . . . 61
• Brinquedo e desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
• A evolução da escrita na criança . . . . . . . . . . . . . . 68
• Percepçao, atenção e memón'a . . . . . . . . . . . . . . . . 71
5. O BIOLÓGICO E O CULTURAL: OS DESDO
BRAMENTOS DO PENSAMENTO DE VY
GOTSKY ............................................ . Hl
• A base biológica do funcionamento psicológr
ro: a neuropsicologia de Luria . . . . . . . . . . . . . . . . H2
• Os fundamentos culturais e sociais do desen
volv1mento cognitivo. a pesquisa intercultural
na Ásra Central .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . .. .. .. . H9
• A teona da at1V1dade de Ieonlrev . . . . . . . . . . . . %
CC)NC!.lJSÁO . ,, ... .. .................... ... .... ..... 101
IWU IOGRAFIA .. .. .. . .... ..... ...... .... ....... .. rn<1
• Ohr.1J d Vy;:o111ly .. .• .. . .. . .. .. .. ... .. ... . ........ /()(1
• Ob1.-.1 d,. IJ/dtrll '111/0rt~J .. .. .. • .. • • .. .. .. .. .. .. • .. . . / ()(I
• (J/Jn11 dt1 111't1111u ....... . .... ... .... . ..... .......... , .. I OR
PHEFACIO ilo h.-1t11 m:.1,nJ para o ""t1m1 '" q11tt 1
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Cht1pd I !ti/, North C1110/111t1 1111 P'Y<hl' /111111111111 wh 0111•11/;1ç1io wuül. H11t1/1t·11/11 oi
011t11hm d1• 1991 1,11 l.tll/IJ Oll~llltlf <flltJlllO t'"<Írt'llJ1llllt'1Jte j>erllllt'lllt~ /HI
1

A pub/1caçào deste pequeno livro a reJpe1to das 1de1111 '" a1 c11·11ui1.1 .wâaiJ d1· 11011os dias. A mr110r pür/1· 1!.1 /1.iÍ
do ;udeu russo Lev Vygotsky, estudioso de l1teraturc1 e 1:olo;:1a t' dar ciênciúI educaczonau conlemporâm·.11 ,.,
p11cólogo do desenvolvimento, representa um aconteci 1110 1'111 1•1t11gnaçdo e..'evido à perspectzva estática qut• h1•1
menta notável por vánas razões. Ele é muito oportuno, d11rt1m da hJJtóna das ciências sociais do ocidente nos ill
no momento em que a obra de Vygotsky está adquin'n 11mor 1éculor. As ciências sociais tendem a encarar a w
do popularidade em todo o mundo, e grande número uedade e OJ seres humanos que a constztuem como en/1
de estudiosos se têm proclamado ardorosos seguzdores des dade.r relatJVamente estáticas e não como sistemor com
ia fascinante personagem do cenário da psicologia e do plexo.r constantemente wbmetidos a processos de de11•11
movimento de estudos sobre a cnança na União Soviéti volvunento. Contudo, nossa realidade cotidiana ofert'l't'
(ti, durante a década de 20. No decorrer de suas ativi nos, ao contránó, evidências dessa mudança consttm/1
dades, muitas pessoas - educadores, estudantes, soció ar cnanças se desenvolvem, muitas vezes, de manem11111
logoJ, psicólogos e muitos outros - vêm se tornando cada previsível para pais, professores e políticos - todor e/11,
va matS interessadas no que Vygotsky de fato pensava ou quase todos, tentando fazer com que a geração 1111111
1• tÍIZla. Na verdade, Vygotsky está se tornando um ''he- ;ovem aprove e seja fiel às visões de mundo que poH111•111
rru ·' das ciências educacionais e sociais de nosso tempo Porém, como moJtra a hi.Jtória de maneira bast.int1 110
matJ de meio século após sua morte. tável, seus esforços são em grande medida em viío ~ 11
Contudo, há um certo infortúnio na fama, particular geração mau nova constrói seu própnó modo de w111
111,~1111• na fama póstuma. Nem sempre, ao crescer a fa preender o mundo, que apenas parcialmente acomp1111h;1
"'" de uma pessoa, a análise substantiva de suas idéias o de seus pais, divergindo da compreensão destes d1· 11111
ilt 111J(il em ritmo correspondente. O nome de Vygotsky
1 netra significativamente inovadora.
Mm 1endo cada vez mais mencionado nas conversas en Analogamente, nenhuma cultura ou sociedadt' t' 01
ln' cio111stas sociais e educadores, e suas idéias são cita ganizada de modo imutável e estático. Pode part'CN q111
di11 com freqüência cada vez maior. O interesse por ma dada sociedade permaneceu por décadas numa 1it111l(1711
11h1it l'm âmbito mundzal tem-se baseado, em geral, nos de status quo, e somos tentados a descrevê la co11m t 11,í
/1'.\/o.r dtSponíveis a respeito dele (sobretudo norte-ame vel. E aí, s11b1tamente, numa sociedade assim ap111r11/t
11t'1111os). bem como em tradu;,,ões do russo para o inglês mente bem organizada, tumultuam se os prou11m 111
d1· alj!,um de .reus trabalhos. E importante que estudio crats, e uma nova forma de organização social e1111·1xr 10
'"' d1 outros países por todo o mundo desenvolvam suas bre as rumas das formas sociais passadas. Essas 11m i11 fo 1

/1rfi/milr análtJeJ das idézas de Vygotsky. Dessa perspec mar podem se tornar ternporan'amente estãve11 111111, 11
111111 x1·rr1/, o 111rgimento, em português, da cuidadosa aná- 1t•g11ir, novamente se desintegrarão e se reot}!.tllll w i711
lilr tl111 u/1•1111 de Vygotsky, feita neste livro por Marta A geraçdo mais nova que desabrocha que podt '""'"''
Koh/ d1• Olw1·iri1, constitui passo significativo para uma vulo de mstmmento para ocasionar a mudança wo.11 ff111
, oh1•r111r.1 i1/n11ng1•nte dos temas, juntamente com uma .reta constrmrá novm utopias wcmu e proum110 1•i1wt
1•11u 1tl11(iJo d1•1/1•1 a grande número de importantes pro dt• conformidade com ela.1. Esse empenho ol111111Ji1 /JtJil1
h/11111111 1:d11c11rnm,111 prdl1cor. Neste livro, o exposiçào dar li't e/êmno em /1011co tempo 11• dt•1cohnm q111~ 1:.11111
1d~1:11 d,· V•mo11ky (t' d1· l 11na) é cuidadora, clara e h1 111 1
111op1,11 11t10 j)()d1•111 li'! 111/t'J!.rúlm1•11/t' 1111/1lt•1111•11/i11l.11, /\
t/11111.11!.1 A'"''"'" tn111u11r11do zelo em oferecer 110 /1•1 lota/ w111/'11•\1dt1d1 da vula h11111a1111 t' /J/1•1111 d1 11/(tU lr:
lfll' 1111í1111·1111 ulr1111 co111pl11'<1tl.11 whrt• o dt•rt•nvo/1111111•11 ~:i11, i1rn11/N11111wlm 1111•r/Jt'r1ulo1, Jf.lici1l.1tltr 1: ,w/ii111r1
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F11.; n.il11rez11 fluida do1 m11ndo1 1ou1ll I' /J.11coloj!,trn 1905 Rt•1•ol11r110 popular co11/ru o czur. Arn11/111Ht.' 11 ,,.,
O"ltl 11m11 necessidade premente de que toda.1 a.1 c1ênotJ1
it• 1ooal 1111 R111J1t1.
1oct..11.1 venham a orientar se para o estudo de proceuo.r 191 1 !11,1vc11t1 /Jt•la pr1111e1ru 11ez 1111111a m.1t1tmf"º t!J((I
d1 de.1envolv1mento de pessoas (na jJJ1cologí'a), dt ms !.11, úno.1 di· mJlmçtio com l11tore.1 />úrl1rnl1m~1
11/)()J
l1/111çôes sociais (na sociologia) e de culturas em geral (na 191 .i Forlllú w no c11no rec11ndáno .
•m1mpolog1a cultural). Desnecessánó acrescentar que as l!Jgrt•11i111t1 U1111•t'r.wlude de Moscou, no 01rw d1.
cihnú.1 sociais apenas começam a compreender as com I )unto.
/1it'xidc1des do desenvolvimento em nossos tempos. Daí
1914 J>.111il ti frcqiit'1llt1r <111Ú1 de hLStón.i t' de jilowj1t1
11111• r1 voltar se para as idéias de Vygotsky fundamenta
11t1 lfn11 11•nid.;d1~ Pop11lar de Sh<1nyav.1ku.
11· 11c1 necemdade concreta de descobrir como conceituar
11 d<'1t'n11olv1mento. Vygotsky foi um dos poucos estudio
1916 /•1m•1 t' "A trap,édia de Hamlet, príncipt• d11 /)1
1

101 11.1 /mmezra metade deste século que insistiu, de ma-


11.1mt1n.1' ', como trtJbalho de fim de euno nt1 Um
/ll'TJl<Ítldt•.
"''"" /1en1stente e firme, em aJJumir uma penpectiva cen
l1i1tl.1 110 desenvolvimento a respeito de todo tema que
.1h11nlo11. Essa ênfase está bem transmitida neste lzvro.
/;'t11 1•1•z d1• um discurso avaliativo sobre a obra de um ''gê
11i() '' (como repetidas vezeJ seus discípulos na Rússta e
111i1 F1111dos Unidos têm se refendo a Vygotsky), a auto-
'" .1j1n11 n/,1 11s zdézas de Vygotsky e suas aplicações de
11111d() conciso, acessível ao grande públzco e com zfustra
f1Í1'1 /11•1/mentes A lógica da abordagem de Vygotsky,
wlm~ .1 gênese dt1 psyché humana em seu contexto
l111/1Ínco cultural, centrada no desenvolvimento, emer
.1:1· /hllw a passo das páginas deste livro, e constitza um
1•1•111.idl'iro tnb1110 à obra global de um homem cu;a /as
t'llJ.l{•ÍO j)()r l lamlet er11 mais do que simples tópico para
.111.íli11.' li11úna O gêmo de Vygotsky pode ter estado em
'"" /11•r11·111•r,mç11 m1 tarefa de resolver o problema do de
11J11/'(Jll'f'11101/o <11ml11 longe de estar rerolv1do neste nos
'" //1,.,I d1• .1t~u!Ío, maJ q11e prec1Sa ser resolvido. Pura rs
10, 1•1/1' l111m ofat•ce nco matenal para ultenor n•flexào
~ ;,,,J/,í 11•1 1 111111/or lt•11orts a oferear nov.;.1 .rol11ç<J1•1 ,,
1

t'llr' l//U/111'1//0W /Jroh/t'l//11.

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1~11 7 f.'111'1/ld .11· 1111 /Jm~ito llil U11i1 u1i1l.11/r• dr1 i\I01tf1/,
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Nf'l•(J/11p/o R111111. íi anulo o Co1111•/lm tlm C"mi1 · l'J'i'l Almm .\'11íli11,· Kmdwt• wht• 1/0 /wdt•r
.111r101 tio Povo, prt•.1ululo por f 1•11111.
Vive em Gome/, lecwnamlo Ílter.il11r.1t• /111
191 7 19.l.3
1'J'>l1 f...'mdw1• d11 1111t'W ''° pr<>a•uo dt• ''dt•11•1111h111 t11
ftlo '' dt1 UR .\ S.
cologia.
1~JM. 1'11h/1(1J(do do IJVro Pensamento e linguagt·111 11111
1918 Abre, com o amigo Semyon Dobkm e o pnmo Da
/•1/11do.r Unuio.r.
v1d Vygotsky, uma pequena editora de obras dt> Íl
teratura (fechada pouco tempo depots, devido a l 9H.l l 9H4 FdiçiJo daJ obras completas de Vygot1ky 1111
uma cnse de fornecimento de papel na Rúma). URSS.
1920 Toma conhecimento de que está tuberculoso. 1984' P11hlrcaçào da coletânea A formação social da mt111c
110 RrarlÍ.
1922 Centralização do poder. Stálin é nomeado 1987 P11bltcaçdo de Pensamento e linguagem no Bn111/,
secretán'o-geral do Partido Comunista. Constitui- 1988 P11bl1cação de ''Aprendizagem e desenvolv11111·11
ção da URSS. lo mtelectual na idade escolar" na coletânl'tl l.111
1924 Faz uma conferência no li Congresso de Psiconeu gu.1.gcm, desenvolvimento e aprendizagem 1111
rologia de Leningrado, marco importante em sua Br.11d.
h1Jtóna profissional. Muda-se para Moscou, a con
v11e de Kornzlov, para trabalhar no Imtrtutu de PJi
cologia de Moscou.
Morre lênin. Stálin assume o poder.
19.lS hcreve o livro Psicologia da arre (publtcado na Rií.J
11a em 1965).
Vta;a para o exterior pela pnmeira e única vez em
.111.i vida.
Com1•ça a organizar o Laboratório de Psicologia para
Crianças Deficientes (transformado, em 1929, no
ln11111110 de Estudos das Deficiências e, após rna
111orlt', 110 lmtituto Científico de Pesqmsa sobre De
7oh/{/i/I dt1 Academia de Ciências Pedagógict1J}.
1•Jl'i - 1~)j9 l'afodo t•m que, antes de 1962, rão pub/1Ct1
d111 1111h.1/h011e11s (sete artigos dwersos) em p11bl1
t:0{1ír•1 do 1111111do ocidental.
1!l.lH l'm(t~1 w dt! mmlemizaçào da URSS: imlmtrializa-
f•ío , "{"'"''' ll!(riírin, alfabetização.
1!J:l~J l11frio t/11 d11111/11ra str;finista.
l 1H•i Mon1· d1~ 111hamluw, em 11 dt~ pmho, ªº-'37 '"''"
d1• 11l.1d1\
l'11h/ic,11 ,711 do li11m Pcma 111<•11to e linguagt· 111 '"'
III<\\
11f\(j, p)J 7 J'1:rmdo 11111i1 1•io/1.•11/" d" 11·~i111n _1t11/i11Íl/11,
1inc~ . 1 ~>5<1 /\1 11/mn d1~ l':l'liOIJkJ rlri.,·am d1r"~' ' /111hlitt1
dj1" 1111 lJ/\ SS, /1or fllOIÍl'O' po/rf1ú1'
..•·, .
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t C1ttü8 olQ f.ü(;ir,dí1dc f.flVi~111.r1 : c: 1111c 19)(1 r. l 9H•, up rt:•X!
11111uln vc11110s, IH>Jt, "t IC"\fCl11C fKll!'ll.11,.ln d.I\ 11k1.1' 111.1d11111c111c, 11 p11lili1:11~íl1:i d.is 11lm1s de Vy.::01:.ky, j11111í1
Q de~ Vyw11 .'iky nas Jrt·.1\ da P'irnlo~r.1 1· d.t rd111 .11,.10
r., p11m ip.d111r11tc, quando torna mm tt>11t~11t1t1111111t1111
lllC:lllC (11111llde11111Í111s 0\11111~ llllllll<:.S , l~1i ""~IH! llSll pdo
1e:11s11n1 vi111c111:1 do 1q~i111c s1ali11is1:1.
tnrclo de seu pensamento, podemos mugi1ü lo h•l't.111 Atu:d111c111<:, :i puhlira~.w ck ttXIO'> nt 11t11'\ p1·11
tr prüxtmo de nós, no tempo e no espaço Esse 1cómo Vyw11sky e 'c·u' wlal>o1.ulo1c,, bem wmo ck tcxros ~11
'ov1ético, entretanto, nasceu ainda no século passado, tcn hrc: ~cu trnh.tlho, e\tá cm rápida expansão no., JMi'>C.\ nd
do vivido apenas até a década de 30 de nosso século , nu dc·111:1i ... No Br.1stl, onde as traduções têm sido fritai\ \1
ma situação social, política e científica completamente p.ttt i1 das t•d1~ocs norte americanas, foram publicados apc:
drferente da nossa. nas cltm livros de Vygotsky· A /ormaçiio sacra/ da mrnl
O momento histórico vivido por Vygotsky , na Rússia t 1'1·11111111rnlo e lmguagem. Ilá também um artigo '"11.
pós-Revolução, contribuiu para definir a tarefa intelec- dc·num1n.tdo ''Aprendizagem e desenvolvimento in1c·k1
tual a que se dedicou, juntamente com seus colaborado- 1u.d na idade escolar'', na coletânea Linguagem, t/1•11·11
res: a tentativa de reunir, num mesmo modelo explicati- 110/11111/l'tllo e aprendizagem.
vo, canto os mecanismos cerebrais subjacentes ao funcio- A cl rswssão do pensamento de Vygotsky na área 1 b
namento psicológico, como o desenvolvimento do indi- nlmaç:lo e da psicologia n~s remete a um.a re~ex<H> 'º
víduo e da espécie humana, ao longo de um processo lm· •IS relações entre ele e Pragec. No Brasil, P1age1 1c111
sócio-histórico. Esse objetivo teórico implica uma abor- .\ido a rcferênua teórica básica nessa área e a pem·t raçn11
dagem qualitativa, interdisciplinar e orientada para os pro- d:t\ idéias de Vygotsky sugere, inevitavelmente, es~c 1011
tessos de desenvolvimento do ser humano. O objetivo Ílüfltü. Es~c:~ Joi~ tt:óriw~. wind<lrntt.mentl, na~\·cnim
teórico e a abordagem utilizada são de extrema contem- no mesmo ano (1896), mas Vygotsky teve uma vida 1t111i1o:i
poraneidade, o que provavelmente explica o recente e in- mais rnrta: Piaget faleceu quase cinqüenta anos dc·w1ls
tenso interesse por seu trabalho, não apenas no Brasil, tk Vygotsky . Vygocsky chegou a ler e discuur, t'lll s1~11
mas em muitos outros países. textos, os dois primeiros trabalhos de Piagec (A fingi.
Vivemos hoje um momento em que as ciências em ge- gN11 e o pensamento da cn'ança, de 1923, e O raciodmo
ral, e as ciências humanas em particular, tendem a bus- na cnÍJn(tl, ele 1924). Ptager, por outro lado , sü foi ''''
rnr áreas de intersecção, formas de integrar o conhecimen- mar rnnhccimento da obra de Vygotsky aprox1mad:11nu11<
to acumulado, de modo a alcançar uma compreensão mais 25 anos depois de sua morte, tendo escrito o tex10 "( o
wmpleta de seus objetos. A interdisciplinaridade e a abor- mt·111.mos sobre as observações críticas de Vygotsky " , 111
dagem qualitativa têm, pois, forte apelo para o pensa- mo apênditc à edição norte-americana de 1962 do liv111
mento contemporâneo. 1'1•111a111t'fllo e linguagem, de Vygocsky. Ao longo do~ c11
Do mesmo modo, a idéia do ser humano como imer- pí1ulos qm· se seguem, comentaremos algumas rn11vc1
·' º num contexto histórico e a ênfase em seus processos gcnrias e divergências no pensamento desses Jurorcs, r1111
de transformação também são proposições muito impor- forme sua relação com os temas cspecífirns que cst iv1:1
mo~ abordando
tantes no ideário contemporâneo.
Embora, atualmente, o trabalho de Vygotsky seja bas-
tante divulgado e valorizado no ocidente, permaneceu
(luase que completamente ignorado até 1962, quando seu
livro Pensamento e linguagem foi publicado pela primeira
vez nos Estados Unidos. Ainda que alguns artigos seus
já uvessem sido publicados anteriormente em inglês, suas
idéias não tinham sido apreciadas e d1fund1das fora da
União Soviétirn . ls~o <kvcu-sc, ('fl\ parte, à situação de
1solamc-nto c-m qur .1 lJ 11iolo Sovrc11t .1 se colmava t•m
rda~;io ,Ili\ (CllllOS de p1111l1t\.lCI 1 rc·1111fo a CIHOfH'll'I ("
11011" ,11llC:ii1:1111n5, 11111' 1nci11 de li.111ci1.1' pol1111;t\, 1111t11
f ,11\ !' IÍ11giiÍSrifltlt , l)r,VCll =f.I_~ llltfllll:lll H 11\!º1,1111\lllll\ Ili
fill1ns , Scf;1111dü Sc;t11)'f111 Ooliki11, H for111li:1 de V)'f\l'.•t ~ k y
e1:1 "• b s 11111is .-1d1 :1s d:i fid:11lc" , .A 1,1\,1 ilril111 1111111 01
rnnsfr:n1 i111cku11ali~:11l.1, 1111dc pais <' filho' de h.11i.1111 si
1c:rn:11io1111<~111c soh1t• divcl\m ,l\\lllltm A h1hlto1c1,1 d11
p:1i c~:a;1va li<: lllpr<: à dl\pmu,.lo do' ftlhm r dr "ti\ .1111i
J:flS p:11 ;1 11 ntudo irul1v1du;d t ' .1, 1t·u111oe\ ck grupo-;

Cr<:M t'11<lu llC'\\t' ;unhit:ntc: de granel<: esumula~.io 111


1<:lc:1111.tl, dt,clt· t<.·do Yygotsky interessou se pelo es1l1< l11
<: pcl.1 rcfkx.io sobre varias arcas do rnnhec1mento Or
g:111i1.1v•1 grupm dt: estudos mm seus amigos, usava nw1111
:1 hihliott·ra publtrn <.'aprendeu diversas línguas, indu\I •
vc o< spt·1an10. Gostava muito , também, de ler obras dr
litc·1.1tu1a, poesia e teatro, atividade à qual dedicou se d11
1:111tt toda a vida.
L ev Semenovich Vygotsky nasceu na cidade de Orsha,
próxima a Mensk, capital de Bielarus, país da hoje
extinta União Soviética, em 17 de novembro de 1896.

~
,!)

/J
LETÔNI~\ ..................
..............···-......... //····
®Moscou l 't'.!.!OJ/~)

1 /11d11111r M11u1kovri11 flu1:e1 F111•11111·111


LITUÂNIA ····(·· ~;
_, . RÚSSIA ( IH'H 19.W) (1898 194H)
·······., Vilna@/ Orshae \ ..
. ········· ···'· .............> \. ..,
·~.- ®Mensk i
~.. ..-~·.../ A 111aior pa11e de sua eclurnc;ao formal nao foi l<':di1.:1
; BIELARUS : ·····"·. d:i na t:~toht, mas sim cm casa, por meio ele wtort'S p:11
/ ••:: ....t •·••.
POLÔNIA I r" ( 1111d:11cs. Apt·nas aos 15 anos é que ingressou 1111111 1111(
\ ...······-····.......,._,.......~.......} """'\ g111 privado, onde frequentou os dois úlumos anos do i:ur
..: · ._ ,.......····•·......
,'\11 M'l'.1tndário, formando se em 19U Ingrcs'tou, t:11tíaf1,

-~)
UCRÂNIA
11:i U11ivcrsiclack de Mosrnu fa1endo o rnrso de Oi1ci1 11
t f111111a11do -st· cm 11) l '. Ao rncsnw tempo c111 que ~e

Viveu, com sua família, grande pane ck sua vida em guia ~ua rn rrcira univcr.s11ar1;1 prill< ipal, frc:qiic1111111 u11
!'OS de história e filosofia 11a U11ivt "id.11k Popul.11 cl(
(,omel, na mesma região de Bielarus. Era membro de
11111a famíltJ iud1a, sendo o segundo de oiro 1rm<ios St·u Sha11yavskii. Emhor:111ão tenha rntlwlo 11tnltu111 1í111l11
pai t•ra chefe de ckp.irtamento em um hanrn t·m (,onwl nc;11 li'!111irn dc·,sa w1ivt1 sidadc, :11 o1profu11d1111 w11s cs11r
e H prt"sen1an1e ck um.t rnmp;111hi.1 ck sq~urm Su.1 rll;k
0 dos c:111 P'tcologia , fdmofi .1 « l1tt'r.11111.1 o qm ll1i de gr:111
c:1.1 ptoft.ssor.1 fo1111acla , 111,1\ 11.lo cxcrria a prolt\\;IO de vnli:i rnl \11,1 vid.1 proÍl\\1011al pm1u1111 A11o'i 111;1is H11
•k- de' 11111 ,1 •.cu 1111< rc-"< n11 11.d1alli,11 111111 p1 olile rr111 s
:-,11,1 f.1111111.1 111tl1a 11111;1 \lltt ,1\.i11 c;1011(111111a h.1~1.1111c
r1c 111i:1lí1•: 11 "' 1 1111111 f111111.1 ek 111111p1t•c11dc:111 1'11111 i1:i1111 rnc11
11111f~111(ivd, 1111>1,tVillll 1111111 .1111pl11 ftp.111 :11111'11111 <: p1ulh1111
111 psiu.l.-1giu1 do 1101111111 , "'111111111 1 :1111li~ n1 111edi.-111f1 ,
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lc-1Hi :1, <!d11r:1~fi11e1p11!~ ti'1es 1d1iic:is 1: 1111! 1111l11lt1gic:i1~ 1elu
viclacle prof 1"m11;d fot llllltt<> divt•t.,ifo .1d.1 l 1.d1;dl11111 r111
difo1f111n lotal1dades dentro da ex Un1ào Sov1ét H a. 1c11do 1iv:1s ~' ( i~11ci:is l111111a11:is.
"11-do do pais urna un1ca vez, cm 1<)2~, parn lllll.l v1.1~t 111 '111.1 1111111t p11111.11111.1 (37 anos), junt<lllH' lllt~ 111111 11
dt' trabalho a outros países <la Europa. Foi proft•\sor <.' pt'' 111111111t voh1111t· 1k "'·' produç.io mtekuual, m.mo11, cl1
qu1sador nas áreas de psicologia. pedagogia, ftlo,of1a, 11 <t 11.1 fo1 m.1, o <.s11lo tk s<.·us tt•xtos estritos· sao t <.'X tos dt 11
1crawra, deficiência física e meneai, acuando cm d1vcr ~''· d1cim dt· 1dt.•1as, numa mmura de reílcxõ<:s ftlosúfo ,1\,
'ªs instituições de ensino e pesquisa, ao mesmo ceºmpo i111.1gcm lttt·r.inas, proposições gerais e dados de pt'\<1111
cm que lia , escrevia e dava conferências. .'i a que t·xc.·mpl1f1rnm cssas proposições gerais. Tamhc111
devido .1 su.1 enfermidade, muitos dos cextos de Vygo1 ~~ >
Vygocsky trabalhou, também, na área chamada "pc 11!10 foram ongmalmcnte produzidos na forma escrtt.1 lo
<lologia" (ciência da criança, que incegra os aspeuos b10 1.1111 ni.tdos ocalrnentc e ditados a outra pcssoa qut o·
lógicos, psicológicos e antropológicos). Ele considerava essa <np1.1v.1, ou anotados taquigraficamente durante suas .u1l.1\
disciplina como sendo a ciência básica do desenvolvimento 1111 !!lnfrrênuas [~s.,e fato também tem clara inílut'111 1.1
humano, uma síntese das diferentes disciplinas que es· 1111 c .\ I ilo dm tt:xtos de Vygocsky
tudam a criança. Na verdade, "os aspectos da psicologia <J V1\N IWH ll J!fR
(:!H)
de Vygotsky que nós, nos anos 80, lentamente aprende- S11.1 produção csnita não chega a conscicuir um sisw
mos a apreciar ênfase consistente nos processos de de- 111:t <.xpltt ativo completo, articulado, do qual pudl:~~e
senvolvimento , na emergência de novas (superiores) for- 111os 1·xtra1r uma "teoria vygotsk1ana" bem estru1ur.1cl:1
mas de organização dos processos psicológicos e recusa Não<. wnstttuida, tampouco, de relatos detalhado' df1 ~
em reduzir a dinâmica complexidade psicológica a seus ~c: 11 s trabalhos de invesLigação científica, nos quai' 11 Ju
elementos constitutivos - eram considerados, por 1111 puck"c obter informações precisas sobre scu' p1üf!
Vygotsky, como o centro da pedologia enquanto ciência di11w111os t· rcsultados de pesquisa . Parecem 'i<. t j11rn
mais geral que a psicologia". 111c11 t t'. H'Xto'> '' iovens' '. escritos com encusiasnw t p11:s
sa. tt·pktm de idéias fcwndas que precisariam \t 1 c:1 11:1
Criou um laboratório de psicologia na escola de for- 111ada' num programa de crabalho a longo pra111 p:11a q111
mação de professores de Gamei e participou da criação p11dc.,,<.·m '><.'r explorados em coda a sua nqtu·1a
do Instituto de Deficiências, em Moscou. Paralelamente
a sua vida profissional propriamente dita, Vygotsky man E"c programa ele trabalho existiu, de fato,<. idt:111 ª'
unha intensa vida intelectual, fazendo pane de vários gru- ele Vygot,ky não S<.' lirnttaram a uma elabora1,.io inclivi
pos de estudos, fundando uma editora e uma revista lt dual. Ao< ontrarto rnulciplirnram-se e desu1volvn:1111
terána, coordenan do o setor de teatro do Departamento ,o;e 11a obra d(' seus rnlaboradorcs, dos quais m mais u.•
de Educação de Gamei e editando a seção de teatro do 11l1n idm c1111t· n<>s sao Akxanclcr Romanovtrh l.u11.1 <~Ali
iornal local. Ao longo de seus textos Vygotsky recorre . xei Niknlait·vu h Lrnnttt'V
freqüentemente, a situações extraídas de obras literánas 1\ atua1,·ão 1111tlcttual dt Vygotsky part:te ter .-.1d1111111111_1
O capítu lo 7 do livro Pensamento e linguagem, por excm 111111rnn1t• para as pessoas a s<.·u redor Ele era u111 111:11101
pio, tem como epígrafe um verso do poeta Osip Man
l111ll1:1111c, que t'nt.1111ava a pl.llt'l•l qut· o ouvia , E1111e ~cu
delshtam : "Esqueci a pala' ra que pretendia dll(:r e meu
1

al111111s t: <olt:gas havia llllltta adrmr.11,;io pda~ .\ll:IS 1déi;1~,


pensamento, pnvado de sua substância, volta ao rei110
que !111~1111111midt1.ulas ponto' de pattida para cl1d1111lí
das \Ombras" . 1,iH:s 11:1í111.:is < proinm de pnq111\a pm1cr101cs. J.111111:1f11
Vygotsky tasou-sr em ll)2•i wm Roza Smt'khova, wm r11:1va, t<'pc111l.1~ vt /1 ;, ljllt' Vygor,,ky fi1i 11111 i11clivi'd111J
quull tevt• duas filhas . [)c,dc 1<)10 wnv1vn1 wm a 111 - 11111i1111·s111~1.i;d ("11111 g~11io"), q11t: lhe :ij11drn1 :1 nl;11gil1
ht'tl.lllmc, clocrn:a que o kvaria à tnortc t•m 19.)ii. e :1p1of1111d 111 :1<'11111p1rc11'i:io dc~11a 1a1d:1c111111:11111_1111:~
S11:1 p1rnl11\fin csc111:1 foi \':t~tíssi111:1 parn 11111:1 vid:1 irt11 i•:tilf11·: "N11 fi11:d cl11.; :11111~ 20 o 1'11111111pi;1<111511 de rní
1.llll íl e, 11:11111 :d111r.111<!, SCll llll<~ ICSS<' divcrsilir:11:l11 e Sllll r1'1;i n111t·11~1 jfi e~rnv:-11:s111hck1id11 , H11dcdir:11i;11111'l1s 11110
11hscqiitr11t•s :i1_11lco,c 11v11lvi1111·1111111i_1~ vft1 inS :1~pertoS cJo
1..-11111;1dlí1 '1111c11 I'1s(q: ' 1I'111:11, 1d11111:11n
~ 1111111111t~z:1 e1essa pw
cJ• . · - " -·· .. .. .,.• .; .. ,., ..-1,,,,.,,,,,,, 1flll 1111l1;tll10~ l.ic111Í /NI /1 rnu p~rf1Jlt111ico de Vyw11~~y'' . i\s pabvn1~ de 1111111111
difkil clc1c1111111.11 11 q11< <x.11.11111 111< 1111s 111.111 11[1S 1~líl'll 11111 111C111 c, u111s!"1t 111cin , c5 pl1i1ri, l!ss:t scg1111d ;1 1c11dríl
~l\ÍIC:S de: l.tv ~l'llll'llOVll h Alr111 d1 \Cll 111111< 1íd1_1 11111
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l'u11d11 l' 1ntc:rc:\\a111t·, nfo f1t.1va111m f.1'1111.ulm p<'l:t :;11,1 ~l)fi11 e d;1s d ê111'i11s l1111n:11us, 111111 11111!1 ttl11:11da1;c111 de
'11Hc:t1dade gc:nu1na. pc:lo w1H111uo t·slor~o c·m progrc· 11itiv~1. i.111>11·1iv:i cdi11~i1b a 1(11(111111111· gluh;1is, i.~~ 111 p11:0
d1r no seu raliocínio, mm o qual rnuvava st·us ouv1111t·s, 111p.1~!ill l'llll1 a an:ili:.c; dt:,~C°~ f< llOllltllOS t:lll (lllll (>llllCll
l c 1 pela bela expressão literária de st·u pt:nsamcnto O 1cs 11111is si111plcs.
proprio som de sua suave voz de barícono, ílexívc:I e m .1 1 1"11q11.1111u .1 fl\i111lugi.1 dt· 11po expt"rimt11tal ele ix~l\ll
cm entonações, produzia uma espécie <lc encanto cstcu- de .1h1111l.11 ª" f1111ç<'>t'' p-.1wk1g1tas mais rnmplt·x.ts do" 1
rn. A gente queria muito entrar no efeito hipnotizador li11111.11111 .1 ps1wlog1.1 llH:nt.tlrsta não rhcg.iva ,1 pmd11111
da exposição dele e era difícil abster-se do sentimento 111 dcsni~iíls dt·"c.·, prou:s-.os wmplcxos cm tt•rmos .1u·i1:i
voluntário de frustração quando ela acabava". vei'I (>•lia .1 l lt'IH 1.1 Foi ius1amcntt: na tentativa ck "'111
1:c1c~~al11\(' da (Nwlogia qu<: Vygotsky e seus w Ltlu:11"
d111n IHmaram uma abordagem alternac1va, qut· po:.si
Trecho de cana de Vygotsky a ànco de seus discípulos e colaboradores, &uhovich, l.nin.1 , M.JIO
Slavina e Zaporozhec, datada de 15 de abril de 1921). liilit.ts\l' uma síntt'Sl' entre as duas abordagens prt"<l11111i
11a111n n.1quclc momtnto
''Tive um sentimento de enorme surpresa mento que predommJ em r11im I~ importantt' ckstat.lr qual o s1gn1f1cado <lc s1ntt\l' p.11 :1
quando A. R. [Luriaj, em sua época, foi o pn · toma a situação dJqut'le.r /10111111 '7"" J
Vygotsky, pois tssa é uma ideia comtantcmctltt' prt\I 11
metro a trilhar esse caminho e quando A. N. nova linha da e1ênciú (p,Jr11i'ulam1tmf,
[Leontievj o acompanhou. Agora, 1unta-se à sur- eia sobre o homem), infimtamt.11/e rt'1/1, 11~ c111 su.1s roloraçües e é central para sua forrn.t dt 111111
preJ.1" alegriu pttlu fato de que, pelos traços que séna no mau alto grJu, quase trdgt. ' '' '" ,, p11•c11<kr os prou·ssos ps1colog1cos. A srntcse de.· dois cl(
se revelam, o grande caminho não é visível ape- sentido patético deua /111/avrú, !"ª' 111c11111s não t' a rnnplcs soma ou justapos1çao dess<:s d
nas para mim, nem apenas para nós três, mas tido maior e mais verdJdeim) ll /1rrr110 111e111os. mas a emergênua de algo novo, antt•110 11111~ 111
também para outras cinco pessoas. O sentimen- vezes, pôr-se ii provil, jircJl1%nr•se, tJtl,
to da vastidão e do ilimitado do trabalho psico- nosa expenêncía antes de dradtr, ./IQIJ 111cxistl'lllt' Fsse c.omponentc novo não estava p1c~1: 111i;
lógico contemporâneo (vivemos um período de caminho muito dijicíl que 1tq11t'r " P'.1 1111.; clc. nH·ntos 1111uais· foi tornado possível pd.1 i1111'l'O
cataclúmas geológicos na psicologia) é o senti- maneira mlegral". (28) ç:io c111 rt t \\t·s clernemos, num protesso de tr.111 fo1111 ~
t;(io que gua novos fenômenos . Assim, a abord.1gcrn q111
1>11'1 :1 uma -;íntcse para a ps1rnlog1a imegra, 111111111 1ru
Vygocsky, Luria e Leontiev faziam parte de um grupo 111.1 pnspt•ctiv.1 , o homem enquanto corpo t 111c111c, c11
de jovens intelectuais da Rússia pós-Revolução, que tra- q11:11111> st·r hiológ1rn e ser soual, enquanto 1m:111h111 d11
balhava num clima de grande idealismo e efervescência c' p1:1.ic: h11111a11a e part1lipantc de um prort"sso liis1(111111
tntelcccual. Baseados na crença da emergência de uma Ess;1 11m·a abordagem para a ps1rnlog1a f1c;1 c·xpl11:11!!
nova sociedade, seu objetivo mais amplo era a busca do cm 1ré':.-. idf ia' 1entrais que podemos rnm1dt·r;11 <111110 ~e11
"novo", de uma ligação entre a produção científica e o do m "pdarc.~" bás1rns do pensamento de Yyg111 ~ ~; y
regime social recém-implantado. Mais especificamente ,
buscavam a construção de uma "nova psicologia", que • as f'unçiit·s l"Ícológ1rns têm um mporte b1ologiro pi-11
cons1susse numa síntese entre duas forces tendênuas pre- s:io produtos da atividade c.crebral,
sentes na psicologia do início do sécu lo. De um lado ha- • 11 f"unuonamento psKol<>grro fundament:t -.' c 11:1 ~ 1cl
via a psicologia como ciência natural , que procurava ~t1c:'i
., m 1al'i entre o ind1vícluo e o mundo extcriur , :is q11:11s
explicar processos elementares sensoriais e reflexos, toman- dt.,c11volvcn1 -sc num pro~csso histomo,
do o homem basicamente como corpo . Essa tendência re- • a 1c· la~ão homt·m / mundo í: uma rt la~•lll 111cdi:ul:1 pül'
lanona -se com a psicologia experimental, que procura sistemas -.i111h6linis
aproximar seu'i métodos daqueles das outras ciências ex ·
pcrimcmais (física , química, ctt ), preocupando se mm Essa' uln'"" 1.111 IHrvc.·111c111c dd11H·aclai.; a '<'jjllil , 1~ dr
a qua1111f1c11;ão de fenômenos obscrv~1vt·1s t' mm a suh· i"111id:" < 111 111.11111 cln.dht ao lo11go clm prí1xi11u1s l'!1pí111l1.,,
divi'>:io dos prmcssos rnmplt·xm <'Ili panes rnt·nort·s, lll•tÍs .1\ 1111s11rl:11Ji11 ele que o 1l:1t:h10 , r1111111 o (11Hfi11 1n111
foril111c11H' •llUll\áVt'I' De· 11111111 lado havia .1 psirnlo1-:1 .1 nn l, t 11 li:1~c lii11l(1gic:1d11 f'1111cinn:1111c 11111 p~icôl (1g11ei 111
romn ci~nria nwnwl , qm d1,,1evi;1 ~c s p111p1inl.11k. cl11. rn 111J1 dn5 cx111· 11111~ da psi1 oh1J:i:1 h11111:i11 :1: n h~)1úc111
• • 1 • 1• • - • • fl •
!~ ll(ltHllllO C~ fW(IC llt> llJ(ICH, pnss111 111n;1 t:l(ISll,, llU;1 llHI
p1111 <'!i~CIS psic 11liígifC:15 SllpCI ii-111~~. 1111111111110 1) hc:1111c111 ((1
1c11:d q11<~ ddinc li111111~s <~ p11ssihdid:11ks p.11 :1 .-. !i1:11 dt
\l!llvolvi111c11111 () 1(1<'11111 , 110 t'111:111111 , n!ío í~ 11111 :1is1i:111:1
d1· f'unç<>l"' fixa' l' lllHllávtis m.1s um ,j,1<.·111.1 .1h<:r10, dt
grande plasticidade, cuia cstrurura e modo' dt· funno
11.uncnto sao moldados ao longo da historia da c'pcr1t·
e do desenvolvimento individual Dadas as 1mtmas pos·
'ibd1dades de realização humana, essa plastiridadt l-. es-
sencial: o cérebro pode servir a novas funçc>e!>, macias na
história do homem, sem que sejam necessárias cransfor
mações no órgão físico. Essa idéia da grande ílex1bd1da
de cerebral não supõe um caos inicial, mas sim a presl'nça
de uma estrutura básica estabelecida ao longo da evolu ·
ção da espécie, que cada um de seus membros traz con
A mediação
sigo ao nascer.
A concepção de uma base material em desenvolvimento
ao longo da vida do indivíduo e da espécie está direta-
simbólica
mente ligada ao segundo pressuposto do trabalho de
Vygotsky, que toca o outro extremo do funcionamenco
humano: o homem transforma-se de biológico em sóuo-
histórico, num processo em que a cultura é parte essen-
cial da constituição da natureza humana. Não podemos
pensar o desenvolvimento psicológico como um proces-
so abstrato, descontextualizado, universal: o funciona-
mento psicológico, parcicularmente no que se refere às
funções psicológicas superiores, tipicamente humanas, está
baseado fortemente nos modos culturalmente construí-
dos de ordenar o real.
Um conceito central para compreendermos o funda-
mento sócio-histórico do funcionamento psicológico é o
conceito de mediação, que nos remete ao terceiro pres-
suposto vygotskiano: a relação do homem com o mundo
não é uma relação direta, mas uma relação mediada, sen-
do os sistemas simbólicos os elementos intermediários en-
tre o sujeito e o mundo. O capítulo 2, a seguir, é inteira-
mente dedicado à complexa questão da mediação sim-
bólica .
V n:111 sky dnllltlll ·.SC, ptÍm:ip;tf111<111c, (Ili c::>1t1dfl cltt
qÍ1ilo qu<.· dum<11t1m dt fu11~on P"wl6gic":1s 11upc·
llOH'\ ou pro<essos memais supcrt<HCS hto ( ' illll'l('\\Clll \(
l1tl1k1 fH)l lllll fllll 111111plexn , n1ccl1,1cl11,
111ns cln scg11i111r 1111111.1:
Clfll ICf•IC&Clll (I

por rnmprcencler os mecanismos pmológ1ws mais mÍl\11


1 ados, mais complexos, que são típicos do ser humano
e que envolvem o controle conscience do componamcn
S ~-7 1{
to, a ação intencional e a liberdade do indivíduo cm rc X
lação às características do momento e do espaço presentes.
O ser humano tem a possibilidade de pensar em ob- Nc·"c novo pron·sso o impulso direto para reagir e.: 1111hi·
jetos ausentes, imaginar eventos nunca vividos, planejar cio , e e· 1nrnrporaclo um estímulo auxiliar que fan l11.t 11
ações a serem realizadas em momentos posteriores. Esse 111111plu11c111,1ç:lo da operação por meios indiret0\ " Nn
tipo de atividade psicológica é considerada '' superior' ' t•xt mplu da vela, o estímu lo (S) seria o calor da d1.1111.1
na medida em que se diferencia de mecanismos mais ele- e: .1 rnpO\ta (R) seria a rcLirada da mão . Numa r<· l.1~.111
mentares tais como ações reflexas (a sucção ào seio ma- cl11tt.t t'rH rc.· o 1nd1VJduo e a vela, é necessário que o <.tlor
terno pelo bebê, por exemplo), reações automatizadas (o prnvoqu<· dor para que a mão seja retirada. A lcmhran~.1
movimento da cabeça na direção de um som forte repen- el a dor (ISlo é, algum tipo de representação me111.tl do
tino, por exemplo) ou processos de associação simples en- d(·110 cio calor da chama) ou o aviso de outra pessoa "'
tre eventos (o ato de evitar o contato da mão com acha- 111<~ o mm da queimadura seriam elementos rn<·dr.11111
ma de uma vela, por exemplo). rt:i, imerrncd1árros encre o esrímulo e a respoc;1 i1 A p11
Um exemplo interessante ilustra a diferença entre pro- ~rn~ .t ele clcmencos mediadores introduz um cio .1 111.ris
cessos elementares e processos superiores: é possível en- "ª' •< b~c1es organismo/ meio, tornando-as mais rn111pl1
sinar um animal a acender a luz num quarto escuro. Mas x;" Ao longo do desenvolvimento do indivíduo·" 11 h1
o animal não seria capaz de, voluntariamente, deixar de ~õc ' nwdraclas passam a predominar sobre
clrrn ,,,
ª'
11'1 :1~t11:1i
realizar o gesto aprendido porque vê uma pessoa dor-
mindo no quarto . Esse comportamento de tomada de de- Vygot.\ky 1rabalha, então, com a noção de que ,1 1c;l11
cisão a partir de uma informação nova é um comporta- \·'ºcio homem rnm o mundo não é uma rcla~.in cli1 e1:1,
mento superior, tipicamente humano . O mais importante 111,1,, fundamerualmente, uma relação mediada A' 11111
desse tipo de comportamento é o seu caráter voluntário , ~m·, pstrnk>grtas superiores apresentam uma csn 111111.1 1il
intencional. q11r rntrt' o homem <:o mundo real existem 1111 cl1.1cl11
Um conceito central para a compreensão das concep- tr•, fr11.11m·n1.1s auxiliares da atividade hum.111,1
ções vygotskianas sobre o funcionamento psicológico é o Vygot sky cli~ 1i11guiu dois tipos de elemento\ 11wcl1 ~1
conceito de mediação. Mediação, em termos genéricos, clon' º' instrumentos e os signos. Embora exi,1,1 11111:1
é o processo de intervenção de um elemento intermediá- .111alog1a cmr<· t·sscs dois tipos de mediadores, <'ks tc-111
rio numa relação; a relação deixa, então, de ser direta e e.11.1< 1trh11cts b.tstantc diferences e merecem ser 11.t1;1cl11.
passa a ser mediada por esse elemento. Quando um in- ~e· J1:t rac l .t m<·n te:
divíduo aproxima sua mão da chama de uma vela e a re-
tira rapidamente ao sentir <lor , está estabelecida uma re-
lação direta entre o calor da chama e a retirada da mão .
Se , no entanto, o indivíduo retirar a mão quando ape-
O uso de instrumentos
nas sentir o calo r e lembrar-se da dor senucla em outra
ornsião, a relação entre a chama da vela e a retirada da A 1111por1a11< 1.1 clm 111\lllllll<:llto\ na atrvrd.tclc 1111111;1
m•lo estará mediada pela lembrança da expenênna :111 11.1, p.11.1 Vygol\ky, lt'lll < L1r.1 ltga~.10 mm \lf,t fil1.11,.111 1ní
1t·11or Se, em outro rnso , o tnd1v1duo rc.·111ar a lll<i<> qtwi 1ic.t ·"" pmt 11l.1clm 111arxl\1as Vygot•ky hu\I ,t e11111111u:11
cio algu(·m lhe: disser que.· podt· .,, que 1111ar , .1 rtl.1~.10 cs- ele r ·" 1 .11.11 l <11\l H .ts do h11111r Ili .11 1.1vc ' do n111cl11 cl ,1 111 i
i·c: clt " 11v11lv111w1110 cl.t n pc 11< 1111111 ,111,1 , t1111t.111cl1111
1.u.t 111C'Cl1.11l.1 1wl.1 1111c· tvt'11~ .i11 clc!lsa 01111a pc:\~11.1.
:i lllj:illll llfll cf11 f1,th,tfl111 1 ol /111111 , 1~ .lCI d,t \IH 1nl.1ef1 1111
" I... 111 f>tm.t~~o :-i111pf c:., 1;,tÍ11111lc1°1cspc1st;1 1! ~11h~t j . <I 11 \'t'':(I JSK \', /1. 4t l11H1111 , f•)ltl l1;1 sc 111.1 11.d1,tlliu. ru11111" 11du 11 p1111 e· 11 l1;í,
~ 1fn ~pu~ vai 111.111.11 n hi-1111<'111 1:1111111 1·~pí\ie dil1,• 1c•11i:11\ () i 11 ~1111 111c' Jll(f1 1~ 11111 cl1~1111~ 111i1 11111•q1f1S111 e 11111: v Ui!
da E o trnlullw que, pda :1~;\11 tl'flll'tfl:11111:11l11n1 du 1111 li:tllir11k11e,-,1-1l11c111 de M'. ll 11:1li:dl111 , :c111pli.1111l11 ,h pi1ss1
llH'lll \obre a n,uureza, llll( hor11t111 < 11a1111c1,1 < < ii.1 :1 i1íll1l:1d1·s de 11'1 111sf~-11111:1~n,-,_d:1 11.c1111c~1.:1 . O 111.11 lr.rclo, p111
1ultura e a h1~cóna hum ana~ No tr.1b,d l10 dot11v11lv<"111· rx1•nq1li:1 , fü11~1 111:1i~ e 1l11:ll1or q11c: :1 111:w l111111a1w : :1 '"'
\e. por um lado. a ac1v1dade rnleuva e. po1 tamo , '" 1< la· dlc:t permite .11111.11c,11.111111110 de· águ.c O 111\1111111<11111
<;ões sociais, e, por outro lado, a cna<;ão e ut1l11a<;<10 de fd111 (111 btt~< .1<l11 opn 1.d 11w111t· par.1 um ter to ohJ< 11 °
mstrumencos. v11 l ! lt~ 1~;11 1 c:g.1 wm1go, portanto , J f'unçao para .1 qu.d
l11i (1 iado e 1; 111odo de: ut il11aç.io desc:nvolvrdo dw ,111tc
1 lc is1ii1i:1 do1t:1 halho rnktrvo 1!, pois , um objc:to so1 r.d
n11:di:11ln1 da rt l.t<;;io c.·ntr<.' o 1nd1v1duo <: o mundo
Rej>rt•Je11tart10 dl' homr111 11/i/1
za11do 11Hlrt11m•11/o 1•111 /1i11111w
primilil'P fé1ta 11111110 ft///'fl/11

Idéias marxistas que influenciaram Vygotsky

Marcado pela orientação da natureza) é o processo pn .,,,,,


predominante na União So- vtfeg1ado nessas relações ho
viética pós-revolucionária, mem/mundo.
Vygotsky via no matenalismo • a sociedade humana é
E 1111po11.1111c.· menuonar que animais tambc.·111 11iil1
hist6nºco e dialético de Marx e uma totalidade em constante ;,r1111 im1111111t·1110'> de forma ru<l1mencar São bast.1111 <' 111
Engels uma fonte importante transformação. É um sistema °'
rill<'l'ido" cxpc.nmentm mm chimparues que us.1111 v:u:rs
para suas pr6pnas elabora- dmâm1co e contrad1t6no, que p:11ü akanc:ar al11nc:ntos distantes ou sobc:m c:m caixorcs
ções teóncas. Alguns postula- precisa ser compreendido co-
dos básicos do marxismo cla-
p:m1 :11i11gi-r frutas pc:nduradas no t<.'to Embor,1 c.·"c'S i115
mo processo em mudança, em ·
ramente incorporados por q1111w11t11~ tamhcm tenham uma fu11~.io rnc.·cl1acl111:1 c;11
desenvolvimento.
Vygotsky são: IH; i11d1víd110 e.· oh1c·10, Vygotsky os wmrdc·ra 11111111 :1c11
• as transfon11ações quali
• o modo de produção da /ativas oco"em por meio da 111 de 11a111rc1a difrrc.·111c.· d.1dm111s11umc·111m hur11.11111s
vida matenal cond1c1ona a vi- chamada ''sínteJe d111lética'' (>~ fil!llllal.S, clif(·renl< llH ntc· do homem , 11,io p111d11~c111, .
du social, política e espmtual onde, a partir de eler111:11101 i:1,;1il11:1:11 la lllqJL<: ' 111\t lllllH'lll ()\ <0111 ob)t'l IVO'_ nú~.üii
do homem preun/t's 111111111 Je1err11m.id.i •-"~, 11!11) 1~u~11cl:1111 m 111\t1unH·111m pa1 11 uso 1'111111 11, 11:111
• o homem é um ser hu 11111.ir.Jo, fi'11ôme1101 1101•01
1°1111·11:r111 . /:'1111 i e.\111111111·11/e
p1~ ·~1: 1v :u11 .\11.1 fon~.ío tOllH> to11q1t l\l.I 1 '< r 11~111111cl.1
l1íni-i>, que re comlrót atru1•1'1
de ,111111 rrl11rô1• 1 ro111 o 1111111 ,, (°1111(1'/•Jllll "'~ ,1/-1//1!1/11111/rr.,1 ;i 1~1'11~1~l11c 111li1m do glllpo \ot 1.d ~.1<1 c.1po11c 'Ide~ 11.111\
d11 1/1111/rlll f' 1(1(/j// () />lll(f'f .lo11•m' l ~y1:111 1.'1y '"' /011>:11 ,;,. lí11m1: •-• .1111li11111c· 1111111 111t1111< 11111npnif1111, '" ·" 11ri1-1
111 ,1,. /111/i.1//111 (lr1m1/1ir•1fdf1h1 10.ü 11111 11hu1 dri;r11w1l\'1111 '"ª~
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' " l.11,.111 111111 o 111<_111 1111 111 p11111'''''
lt1S!(tllflJ•'°1rl1111:.t ; IClllHI l i IHll11( Ili
O mo de ,ignm

"A invenção e o uso de signos t0mo rneim auxiliar<'' •I jl)'(;(J l'.\J\\', /!


para solucionar um dado problema ps1cológit0 (lembrai.
comparar coisas, relatar, escolher, etc.), é análoga a in
venção e uso de inscrumenÇQ~. só que agora no campo
psicológico. O signo age como um instrumento da ativi
dade psicológica de maneira análoga ao papel de um ins
trumento no trabalho". Os instrumentfil, porém, são ele
mentos externos ao indivíduo, voltados para fora dele;
sua função é provocar mudanças nos objetos, controlar
processos da natureza. Q~. ~ignos, por sua vez. também
chamados por Vygotsky de "instrumentos psicológicos",
são orientados para o próprio sujeito, e_ara dentro do 1n
divíduo; dirigem-se ao controle de ações psicológicas. $eja
clru 11111 1H1 num kn~o para não esquecer um comprom"'º
do próprio indivíduo, seja de outras pessoas. São ferra-
~" ~1 p< "'" txemplos de como constantemente rcw11 t'
mentas que auxiliam nos processos psicológicos e não nas
111os 1 111< d1.11,ão de varios cipos de signos para melho1.11
ações concretas, como os instrumentos. 11ns~;1' pm\lbd1dadcs <le armazenamento de inform.1~11n
Ao longo de sua história, ó homem tem utilizado sig- e ele rn111rnlt da açao psicológica.
nos como instrumentos psicológicos em diversas situações, Vyg111sky e seus colaboradores realizaram diversm ex
conforme veremos a seguir. Na sua forma mais elemen- pc1i111cn1os para estudar o papel dos signos na ativ1d.1el1
tar o signo é uma marca externa, que auxilia o homem 11~i111liigi«1 Um dos experimentos cinha como ohic 11\11
em tarefas que exigem memória ou atenção. Assim, por ve1ifica1 .1 tt· la~ao entre a percepção e a ação moto1.1 c·111
exemplo, a utilização de varetas ou pedras para registro .-1 i:111~:1~ cll qu.uro e c1nrn anos, com e sem a imervt:111,.111
e controle da contagem de cabeças de gado ou a separa- ele: :1ig11m nwd1adores. Numa primeira fase do exp('!lflH·n
ção de sacos de. ce;e.ais c:_m pilhas diferentes qu~ identifi- 10 liavi.1 11rn wniunto de figuras e a cada figura ni11c·,
cam seus propnetanos sao formas de recorrer a signos que p1111d1a umJ teda de um teclado. Quando uma figur;1 c1:1
ampliam a capacidade do homem em sua ação no mun- 111f1S11.ula ;1 nian~.t. a teda correspondente deveria st•r prcs
do . Assim como o machado, instrumento de trabalho, :iin11ad:1. As rnanças unham dificuldade de deud11 1.1pi·
corta melhor que a mão humana, as varetas usadas na 1h1111c11H' que 1nla apenar, vaulan<lo cm ~em movlllH'll
contagem do gado permitem que o ser humano armaze- 111s, indo e vindo enire as várras cedas, até esrnlher .t que·
ne informações sobre quantidades muito superiores às que d<:ver ia .ser prt'\stonada
ele poderia guardar na memória . Isto é, as varetas repre- Nurna ~t'gu11da fase do experimento os pesq1mad111c·.;
sentam a quanudade de cabeças de gado, a qual pode i1111<11lu1.in11ll rn.irrns identtfiradoras n-1s teclas, que· .111
ser recuperada em momentos posteriores. É neste senti- xi l.i:1va111 $Ua rorrt·spondênua mm as figuras (pm < (Clll
do que as varetas são signos: são interpretáveis como re- pio , a f'ig111a de um trl'll(> para kmhr.u lavalo, .1 f'ig111;1
presentação da realidade e podem referir-se a elementos de 1111111 fara pa1a krnhrar pao) A 1111rodu~ao dt·S\aS 111:11
ausentes do espaço e do tempo presentes. A memória 111~ 1:is 111rnldin>11 radie al111t·111c o dnl'mpt·nho d'" e1i.111ç:1
diada por signos é, pois, mais poderosa que a mem<ma 1'111 v< dt v·.11 ilar r111r1· ·" 1n 1.1,, f.t1u1do rnov1111c111i:1s
não mediada. d"'111dc 11.ulm, a~ nia11~.is pass;ua111 .1 f111.d11.t1 s11,1 ~11e11
São inúmeras as formas de utilinr signos wmo im \.lo 11.h 111,1t1 ·" , e a .~< ln 11111;11 a tc•d:1 ap111p1 i:11la :1 p:111 ir
trumentos que auxiliam no dt•,t·m1wnho de .111vid.1d•' 1l:1 1d:11:n11cs1:tlH:ltci1h11'1111c a fi1!111a 111m11:ula e 11 si1:111-,
ps1H>log1rns Fa7<'1 unu 11'1 .1 ele 111111p1.1\ p111 t'\I 11111, 1111 qtt;: ;l rc111c:~e11111v:1, A 1cla~:í11, :1111c., d11<1.1 , c;11111~ a 1;c1
111.tr 1111\ 111.lj>•I p.11 .1<IHUllll11 d«IC'lllllll.1<111 lm ,d, f~l i'C I fcpçrtf1 d11 tig111H e; :1 cs111ll 1n du 1rd:1, p.1s«;u11 ;1 ~cr111cdi11
11111 d i:1i:1 ~1111.1 p.1 1.11111<111.11 H10 11\1111 ~111 tll' 11111 11hjc10, 1fo pcltls 1111111,i• ~ l(llC 11:p1csc11n1va111 ~IS v(i1i.1s flHllll!S
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A 1ivic1.u lt: cl itt:I~· 11. tcn~n ..; e de 11111111..i.1 e:, ~ü hÍ1; 1111l11 p1! 1111iti11-~í' 1i'1;, ·f1~11
,~.~-1l é v11l11111:íti11 d11 \ll jt:ilfl ~11 1111 '11.t ;11 ivid.11lr -
pcncp1,<t0 da figura • esn:11l111 d;1 1
l!sscs dois 1:xp111111111tm 111< 1111<>11.11lm <ln nc 111plm do
ri1111 l11s fciros por VyAot,ky t "us rnlahoradorn 110 \C!11
Atividade mediada rido dr. ff1mp 1c•c ndu rn1110 <J pJottsso dt· nH·d1.1ç.lo, pw
percepção da figura ., t'.Sltl li Ili .J li 1 111cio de i11s111111w111m e \Íg11m é fund.urn·n1.d para o dC"
e11v11lvi111c:1110 das funçot·s ps1rnlopirns supcrior<.·s. d1s
1i11i:11íwJo o honH'lll <los outros animais A med1aç;lo <
marcas nas teclas 1111lpr111 <'"ºe sst·rn 1al para 10rnar posstvel auvrdacks psi
cc1lt1nic·:" volt1111.111as, intcnuonais, concroladas pelo pro
pr i1) -i11drvrduo
Esse processo de mediação possibilitou um comportamen 1 i111t rc·S\•llHC obsnvar que os processos de media~:•!'
to mais controlado, uma ação motora dominada por uma u1111ht:l11 sof'rt·rn transformações ao longo do desenvolVf.
escolha prévia. A ação psicológica tornou-se mais sofisti 111c1110 d~ 111divícluo Justamente por constituírem fi;-;'1 .
cada, menos im..12ulsi~a.
!.t11~s l"i1-1l lúgrc.ts mais sofisticadas, os processos mediado~
Um outro experimento, conduzido por Leonticv, vi- vn1_1:.cr <0mtru1clos ao longo do desenvolvimento , não('\
sava fornecer elementos para a compreensão do papel dos 11111110 .1111da pr1·sentes nas crianças pequenas . No expt 11
signos rne<liadorcs na atenção voluntária e na memória 111c1110 d.t'> "cores proibidas", que acabamos de eles< r<
Leontiev utilizou um jogo infantil tradicional na Europa vc;r, por cxtmplo, e só .i partir de oito anos, aproxrm.1
como base para estruturar a situação experimental. Nes- 11:111111111, que a criança vai começar a beneficiar··St· d11
se jogo uma pessoa faz perguntas a outra, que deve res- n11 ti1cs. ut rlczando-os como auxiliares psicológico' A
ponder sem usar determinadas ·'palavras proibidas'' . No d i.1111,.1, nwnores não se beneficiaram dos carcõe'> w11111
caso do experimento de Leontiev, as crianças deveriam 61/ 110' dC' apoio à sua atividade psicológica. Ao resolvn
1

responder a diversas questões sobre cores, por exemplo: r \\< trpo dC' tarefa, sua atividade era predominantcllH 11
"Qual a cor de um tomate?", "Qual a cor da sua blu- 1c: dirtt.1, nao mediada. Sem serem capazes de, dclcht1.1
sa?", sem usar o nome de duas cores definidas no expe- d:i111cntC', fazerem uso de recursos externos, como m t.11 •
rimento como "proibidas" (verde e amarelo, por 1õ1~.<1 . C'ss.ts rrranças pequenas lembravam-se ou n<to cl.1.s
exemplo). rntC's proibidas mas não conseguiam controlar sua pro·
Na primeira fase do experimento o pesquisador for- prr.t a11v1dade por meio desses signos mediadort's
mulava as perguntas oralmente, e a criança simplesmen-
te as respondia, como no jogo original. Sua resposta era
considerada errada se falasse o nome das cores proibidas.
Numa segunda fase, a mesma brincadeira de pergunta-
resposta era feita, mas a criança recebia cartões coloridos Atividade direta
que podia utilizar, se quisesse, como auxiliares no jogo
Algumas crianças passaram, então, a utilizar os carrões p('rgunta - - - - -- resposta
como suportes externos para sua atenção e memória: se-
paravam os carrões com as cores proibidas e, antes deres-
ponder às perguntas, olhavam para os cartões, como se
A11vrdade mediada
estivessem "consultando" uma fonte de informaçáo
As crianças que utilizaram os carrões como mam1-. t·x rt'SJ>O\l.l
pc 1g11111a
ternas para a regulação de sua atividade pmológ1t .l rn ~

meteram muico menos erros rwssa 'cgunda fas(' do npr

""''
rtnH·1110 cio qut· na 1rnnH·11 .1 fase, \cm m. c.t11<)c·' Nova
rnnll<" , .u1111, .1 .111v11l.11lc P"111híg11 .1 f111hcndu1,111.1 p<:l;1 c·m1ik~ 111lo11dos
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1111 111.1~ .lo 11(~ Slj\11115 lfllllll
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fl~ ll 11 ...'l(n
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Os w.tcmas simbólicos e o fHO<' t:SíiO dt s i1 1jei1115 fr11 r1111 1 tp.1 1 d1 . I'"' 1(111111 p1 (1p1 b, IH'll,\ill
intcrnalização 11(ifü1' v1!11fou11111.1•1 11d11 p1111l11d.,··,,e 11111n (' .i1.11 dn
md5 1 ~ 11.-1 ;1 fisifrt de 11111 c.111.111 vndt p.11.1 lt111h1.c lm cli!I
~r" .1\1) 111111:11 do p1c:11 ' "º de ele \e 11volv1111c 111<>, 11 111cl1vi
d1111 d1 ;,,,de 11e:n:.,~it.11 ck 111.ll<.I \ e Xltlll.l\ e P•"'·' :t 111 i
Vimos que Vygotsky trabalha com a funçao mc:d1ado
1i~:11 Mj; 11m 1111t·rnm , "' º e·, rcprcscn t.1çc>c' ment.1i, q uc~
ra dos instrumentos e dos signos na atividade humana,
fazendo uma analogia entre o papel dos insuumcnws ck 11l"1ic11c«11 m ohJ<.'IO' do mundo real Os s1g11m mie 111.1 ·
trabalho na transformação e no controle da natureza, e l i;-.1idi1~ '''º· rn1110 ª' lllatlas c.:xcenorc:,, elementos que· 11 •
o papel dos signos enquanto instrumentos psicológicos. 111 c:i;c11111111 ol>1um, tVt'lltos, s11uaçoc·s. Assim rnmo 11111
ferram entas auxiliares no controle da atividade psicoló- 11111111111 k11~0 pode: rt·pr<:\C'rll<tr um comprom 1s~ qm· 11.111
gica. E é justamente em sua analogia com os instrumen - 'li".:1o csc/ un ~ r , m rn l_ia 1dc·ia dc " ".1ªc '.' representa .t pc '
tií1u tcal 1 :1 rn111ha mae e me permtle lidar mentalmu11t
tos de trabalho que os signos aparecem comQ marcas ex-
.-11111 <:la, 111c:., rno n:t sua ausência. No caso dos rnrrnn
ternas, que fornecem um suporte concreto para a ação
do homem no mundo. icléi:i ~ vudc: proibido" su bsticui o cartão verde 111
11111 signo llll'dwdor.
Ao longo da evolução da espécie humana e do desen -
volvimento de cada indivíduo, ocorrem, entretanto, duas A p1úpr1a 1dé1a de que o homem é capaz dc opn .11
mudanças qualitativas fundamentais no uso dos signos. 111c111.rl111rntt sobrt o mundo isto é, fazer relaçôe\, pl.1
Por'"um"Jado. a utilização de marcas externas vai se trans- 111~j:11, l'o111parar, lembrar, etc. supõe um pro((·sso ele
formar em processos interno~ d e mediação; esse meca- 1i:p1csc111a~·flo mental. Temos conteúdos mentais que· 111
nismo é chamado, por Vygotsky, de processo de interna- 111:111111 l11ga1 dos obic;tos, Jas situações e dos evento\ do
fkaç_ão . Por outro lado, são desenvolvidos sistemas sim- 11111111111 u:a l Quando pensamos em um gato, por cxl'111

bólicoS; que organizam os signos em estruturas comple- plc:1, 11fo tnnos na mente, obviamente, o próprio g.1111 1
xas e articuladas. Vamos discuti-los em maior detalhe a tt'í1h.tlliamos mm urna idéia, um conceito, uma 1m.1gnn ,
seguir, pois tanto o processo de internalização como a uti - 1111rn palavra, c·nf1m, algum tipo de representação, de :.ii•
lização de sistemas simbólicos são essenciais para o de- 111_1, que: substitui o g.uo real sobre o qual pcma111os
senvolvimento dos processos meneais superiores e eviden- Hss:1 capai idade de lidar com represcntaçocs qtH' ,'l~~
ciam a importância das relações sociais entre os indiví- 11111c111__!~ptopt10 real é que possibilita ao homem l1hu1.11
duos na construção dos processos psicológicos. 1fo 1~;1~11 e.: do tempo presences, fazer rela~fü·, tt1111
É interessante retomar, aqui, o experimento das "pa- 1:us..1l:i :imrncta elas próprias coisas, imaginar , f.tzu 1~1
lavras proibidas" desenvolvido por Leontiev. Conforme nos e: 1cr 1111 t. n~óc:s Posso pensar em um gaw epu 11 nu
mencionamos anteriormente, foi apenas a partir dos oi- 'il(i p1 c:\e:1111· 110 local em que estou, 1mag111ar um i:a111
to anos , aproximadamente, que as crianças fizeram uso ~11h11: 11111a poltrona que no momento está vazia, p1c·1c11
dos cartões como instrumentos psicológicos; crianças me de,. ter 11111 gato cm m111ha rasa a parur da prox1111:1 S<
nores operaram de forma direta, sem o uso de signos me- 111:111a . E'"ª~ pos\lbiltcladc.·s de operação mtntal 11au 11111s
diadores. Adultos que participaram do mesmo experimen
-=
ti111c111 11marela~ão direta com o mundo 1eal fo1c.u11r11
-.
to também não se beneficiaram da presença dos cartões. 1c pt<:M'llH~.; ;1 relaç;io e· mediada pelos s1gnm 1111u11,tli
seu desempenho na primeira fase do experimento (sem u:lc;s ~yuc:re·prt·\c: 1uarn m d<.'m<.'ntos do mundo , ld iÚ
cartões) foi muito semelhante ao da segunda fase (com 11111110 11 ho111crn_da_1w1 t·s\ld.tck ck 11Ht·raç.io 1CHH1< 1.11 oi11
cartões). .~!\--;-,r~c.:1n, ,f(.--.;c·l1 l "'11sarm 111n
Vygotsky argumenta que esse resultado não signifirn Qw1111ln 11ah.1ll1a1110' rn111 °' prml'\\OS supt1tc11e ·\ q111
uma regressão dos adultos a uma atividade psirnlog1ca 111i:11 1c:1i1.u11 o li11111011.1me·r110p\1<olog1w1qrn.u1111111 li11
não mediada, como a das (rtanças pcquc·nas Ao rnntra . 1111111e1le'i rtprt·\nll.1~iH.'\ mc.·ni.m d.1 r<.-:1l1d.1clc: c.·x1t·11ot \,1<1
rio, o bom desempenho dos aclu lt m nas du .1~ f.t.~ t}. <J<> 1L1 v1·1<l.u1t- , º' prinnp.11' meclr.1don:s ,1'"rt·m t 011,rcln .1
~xp<:rtmc.·nto cv1dcnn;1 cn1~ ~·il~, \1111, h.1w11do 111<;-li:1ç:.o. du'i 11:1 1d.1c..w cio l10111t·111 c-0111 o mundo I• )ll\t.111tc 1111
lmrf111 que c·la nt.1 oco11c11do i111c111:1111t•n1e, 111dc·pri11lc11 • ur1t:e111 clt '·" 11pr n1 111.rc.fü ' que Vrn111,·i y c-\1,t '111,1.111
1c111e·111c: cl :1 p1c·ú·11ç 1 dú~ n111c)i.:-s . Í;c11l1: 111c1~ :;'Of,c)r"q111! c:.s do q1i:111c:lc:1 1111s t<tltc te :i e11.11... 11 1 < ,111 11 •.11 cl1~ i11 , 1111111111
1i1s e ele signos cx1cr11os r111110 111ccli:11k111:s da ~111vid:1d1 Van1ns 311por ~ cxi~1ê1u. iu de 11tf1 w11pi:-i wl111111I 01uJ
l1111na11a . po1 1ili;t11n:1 rnifo, 1111111'!1 11;11IH1111 5uk1 vÍ$t(1S :1vi1'k s, S
,.. i 11r11 i11divld1111 desse: g11q11:1utl1111 :il 1~11 m11s1i:11k1 , pd.
Ao longo da hjslória <la cspcci<: humana - 011dc: o .\ lll pii111cit:1 vc:t. , 11111 nv1~11, de 11.\11 tcr!i n111d1çiks d
g1mento do trabalho prop1ua o descnvolv1nH:1110 da .11 i- 1111cq11c:1(t. l11 (1_111111 1.d não cli'JH>r.t da 1cprnt·111:i~ã11 !'ill1
v1dade coletiva, das relações soua1s e <lo 'J'io ele rnmu h(.lirn, cl11i11~1111111<111.d pslwl<>girn qut· 1w11nita a com
mentos - as representações da realidade Lêm se arutu p1c1;11s~O desse ohJtlO f• ;t H,;_!llir d<: S!_l_a l'XJ>t'llCIH.ia_lClll!
lado em sistemas simbólicos. Isto é, os signos não se man ,_, n11111clo ohjt tivo <'do rn111a10 rnm as formas rnli_!_!_!_!~l ­
têm como marcas externas isoladas, referentes a objecos n1r.111eik1c 11i11nad.1s de orgar111aç:lo do real (e t0m os sig
avulsos, nem como símbolo~ usados _pa._r mdivíduos par no_~ fr1111n reios pd.t lllhura) que os 111d1v1duos vão wm
ticulares. Passam a ser signos comparrifhaào~ pelo co~­ l lltÍt_.f>C~l _Si'I t lll<I dt•_signos, O <j_U af COílSlSttrá numa C)pt
junto dos membros do grupo social, permitindo a c~~­ rlci lc- ' 'i'"cíi}igo" paril ~ckcifr_ação do mundo.
nicação entre os indivíduos e o aprimoramento da inrs-
rasão SQcial Quando um indivíduo aprende, por exem-
pfo, o significado de "cavalo", esse conceito, int~rnali­
zado pelo indivíduo e compartilhado pelos outros usuá-
rios da língua portuguesa, passa a ser uma representação
mental que serve como signo mediador na sua compreen-
são <lo mundo. Se alguém lhe contar uma história sobre
um cavalo, o indivíduo não necessitará do contato direto
com esse animal para lidar mentalmente com ele, para
compreender a história. A idéia de cavalo fará a media-
ção entre o cavalo real (que pode estar ausente) e a ativi-
dade psicológica do sujeito (pensar sobre o cavalo,
imaginá-lo nas ações descritas na história, etc.).
,....Os sistema~ de representação da realidade - e ._a~ f
guagem é o sistema simbólico básico de todos os grupos
humanos - são, portanto, socialmente dados. É o gru-
po cultural onde o indivíduo se desenvolve que lhe for- U111a ro11wqíit:nria imponantc: dessas colora~iks d
nece formas de perceber e organizar o real, as quais vão Vyg111~ky , d irei arncntc ltgada a um dos ''pilares'' de :.cu
constituir os instrumentos psicológicos que fazem a me- pc11 s:1111c111n, dis1 ui idos no primeiro rnpículo, é:. que o
diação entre o indivíduo e o mundo. g 111pos nil1urais cm qu<: as cnanças nas((:m e ~-e ck:.c:n
V1_ilvcr11 fu11ciona1n no senudo de produ1ir adulw~ \Ili!
í Enquanto mediadores entre o indivíduo e o mundo opcrn111 p~11ologitamcn1<: de uma maneira pan1rnl.11, clt
real, esses sistemas de representação da realidade cons1s il• 111clo e11111 °' modos rull uralment<: CO!l!>Lrtlldos d<' 1!1
t.em numa espécie de "filtro'' através do qual o homem dcnru o rc~:ilr ff Ímp<)rrni11c rncntionar qu<: n cli111<:11; i,_,
será capaz de ver o mundo e operar sobre ele. Quando m i11(11l111rnl cio dt'scnvolvirn<:nto humano não w 1di:1c
um indivíduo vê, por exemplo, um avião, ele é capaz de 1111s :1 11111 amplo n ·11áiio, um pano di· fundn ondt• ~e
interpretar esse objeto como um avião e não como um dem11ol:1 a vicia individual. L~to é, quando Vygot sky fo
amontoado de informações perceptuais (linhas, formas, lu 1•111 nd111ra 11fio t\t ~í se t<'pnrtando apc11<1'i :1 f'n11_11c
cores, sons) caóticas ou não compreensíveis O conn:ito tl11 ru1gc:111<:'I 1111110 o paí'i 11nclc o indivíduo vive , 5c11 111
~ . • • , a pio ,.1ssã11 e1e· \('li' Pª"
vt•1 i.1_1r1n-c·c1111111111u1 . -;;
' ~:;1.1f. ,.:11:111
de avião, construído socialmente, rnnsisLe numa repH·
sencação meneai que fa7 a mediaç:io {'ntre o 111cl1v1duo d1_1 , is111 si111 , d1_1 g111po culqual w1110 lo111t·ct11d11 (1f1 i11
e o objeto real que t•sta no mundo A palavra "av1;111" divid11n 11111 ~11nhic:111c Qtrllt111,1clo, 01111c todos"" cl1·1111:11
qul' cks1gna urn,t ttrl.l Lllrgor1,1 ck ohictm do 1111111clo c:111e:il:i~l11s ele sig11ific,1cl11 1i11fa ,1 v1d.1 li11111:l11 r1
irai, e· um .'lig1111 11ircli~1clo1 e 1111< 11 111d1v11h111 < o :1viílfl '" 1111p1q;11:1d:1 de sigtliíic:i~i1cs ê :i i11fl11i'11ci:1 110 1111111
c:11q11:1111i:i c:IC'111<:11tü füllflCIO do ~1)d:d i;1: dft por 111cii:i de 11111(css11'1 q11c O(n11c1n 1:111
eliv1: 1 ~11 s 11lv1 i /\ 1si111 ,, 11111111'! é ,_._,1ou1do p;m1 dç11111ir Ll"
lnrtt jl1ll 1i (11•11!111" ! l ~ jO ~. lllÍlllCll 1 11l'!Clll{~ IJ Til
1111111 hu1,11 , 1111111.1 ttd< 011 1111111:1 c :~ 1c:i1 :1, 5C q111•111 ~d i111c11 dívlil11011~i1li~o r1•.(•es ex1c11 111s, q111~ ~1~1n11i1 11cq>1i:1 11d :1.,1
1:1 a er1a11~.l l' .i. lll<it ou ollllll .111111111 do""º rn :1s111li1111 IM pr!iSfl:I\ ll M~ ll i<~d11 1 cl1 ~,,-•• .-ln' 11111 llS s!s11ifii:111 lf1s ,~111
ou f'em1111no , se o al 11nento súl1do l' kvado .1 hm .1 111111 1111ril111c111c• 1·111:d1dn tdm /L11a1111 cln~;~ 11 c11~11 : lfl\'ill1
a mao , com talheres ou com palitos, se: c:x1s1ern 011 11.111 q 11c,~ ~e 1:iy11~sív1~ 1 •.l'·11.1 o 111d1 v1d1111 .1111l111i1 ,j~1lif~~o!h~
escolas ou outras instituições onde as cnanças sáo suhml il ~11a s p1op11as :IÇIH'S e cl <,:à~llVOlvu IH l>l t '"" 1>'1111l11g IÜIS
tidas a conteúdos culturais considerados impo1tantes, estt'\ J1111•111i1$'1 1p1c podem \<I i111up1t·i.1dm por t·k p1êip1in ~1
são apenas exemplos da multiplicidade de fatores que de 1;:111 i1 d1~s-i11ét.111l,111c), tst.tlH'lcttdm pt·lo grupo uíl1111.tl
finem qual é o mundo em que o indivíduo vai se desen 111111p1cc11dulm pot 1fü·10 dm wd1go' wmp.trtdh.u lm
volver. pc l.-1s 1rn:111hrm dt·sst· grupo
\Í\interação face a face entre indivíduos particulares Vyg1>1sky 111tl1zJ o dt:st·11volv11m·nto do gt·sto dt· "111111
desempenha um papel fundamental na construção do ser t:!I, 11a c1 ia 11~.1. tomo um t•xemplo que ilustra o pr0< <·.o
humano: é através da relação interpessoal conc_rc:ta cgm de i111<;111;tlita\a<> cl<: s1g111fitado., dados wlturalmcntt· l11 i
ouüOsllomens que o indivíduo vai chegar a interiorizar i;i;drn1~ 111< o hd>t· tt ma pegar, com a mão , um obJt'to
as formas culturalmente estabelecidas de funcionamen - 11111 d11w:tlho, por exemplo que está fora de st·u .d
to psicológico.1,Portanto, a interação social, seja direta- iJi tl(C F,111.1 .1 nl.lo na direção do chornlho fazendo, 1111
mente com óutros membros da cultura, seja através dos 11, 11111 1110v111wnto de pegar, sem conseguir tocá lo 1)11
diversos elementos do ambiente culturalmente estrutu- p1111111 ele vl\t•t do bebê, e~te ('um gesto dmg1d o .w dw
rado, fornece a matéria-prima para o desenvolvimento Üdl11 1, 11111:1 rdaiJ10 externa entre ele e esse chocalho, 11111:1
psicológico do indivíduo 1c111:11iv:i 1t1alsuted1da de alcançar um objeto Quando
A cultura, entretanto , não é pensada por Vygotsky co- 1111111d11 lio v(· c\sa lena , entretanto, ocorre uma 1ra11sfo1
mo algo pronto, um sistema estático ao qual o indivíduo rnn~llu 11a 'i t ua~ão Observando a tentativa da ui.111~11 el1
se submete, mas como uma espécie de " palco de nego- l'''H.11 n 1hmalho, o adulto provavelmente reagt· 1l.111dn
ciações'', em que seus membros estão num constante mo- ,_, d1rn alho pa1.1 a trian~a. Na verdade estará interp1<"t t11d1
vimento de recriação e reinterpretaçãode informaçõe_s, 1q111:lc· 11111virntnto m.1.lsUled1do de pegar um oh1<111111
conceitos e significados. A vida social é um processo di- 111n 1c11d11 11 ' 1g111fitado "Eu quero aquele tho1.tl l111 '
nâmico, onde cada sujeito é ativo e onde acontece a in- Ao l1111go dt várias expertênuas scmelhantt, , ,1 p111
teração entre o mundo cultural e o mundo subjetivo de pt H1 c:r i:1111;a wmeça a incorporar o sign ificado :11 1ih11íd11
cada u[ij. Neste sentido, e novamente associado a sua fi- pcln :111111111 .1 \li ua~;lo e a rnmpreender seu pr<>prto l~<!S
liação marxista, Vygotsky postula a interação entre vá- 111 1·1111 w ..t 11do um gesto ele apontar um ob1e10 dc'l(:j;1
rios planos históricos: a história da espécie (filogênesc ), d11 6<pwk 111ov1mento, que era uma relação { nm· .111 bt)
a história do grupo cultural, a história do organismo in - 1,11 1· 11 d1(1t;dho, passa a ser dirigido para mura' pc·""t!
dividual da espécie {ontogênese) e a seqüência singular O 111~_1vi11H· 1110 dt' peg_ar transforma-se no ato dt .~p1111
de processos e experiências vividas por cada indivíduo . CT'il,- 10111 uma intt:ra~ão onenuülanão mais pa1.1 _!!.J!.!!l1
O processo pelo qual o indivíduo internaliza a matéria- 1111 1Í1:1s p.tta m11ra pessoa \ O signifitado cio goto(: ir11
prima fornecida pela cultura não é, pois , um processo de 1Í1il11H· 111i~ t'.\t.1htkudo por unu s11uação ob1<·1 1va, depois
absorção passiva , mas de transformação , de síntese. Esse 1111cq11c·1acl11 p< las pt·ssoa\ <Jll{ tt'rt.un a trt.111~:1 e :1 si
processo é, para Vygotsky , um dos principais mecanis- 1111 1111111p111ado pda própria cr 1.111~a . a partit das i111c1
mos a serem compreendidos no estudo do ser humano p11' t:t~i1c:i; dm 1111110\ \
É como se, ao longo de seu desenvolvimento, o indiví- l1111lc1í:1111m t'xp l11r~11 11 rxunplo dado p111 Vy1:111:1ky
duo "tomasse posse" das formas de compçmamento for 1111:i1:11w111l11 11111 g111p11 n 1ltw.tl onde 11 gnto ele .1p1111t(11
necidas pela cultura, num processo em que as auvidacks 11íl11 cxi~t:i , 1111 111dh111, 11:i11 lt'llha 11c11l111111 ,1;1g11tf11.11l11 c11
externas e as funções inte_rpcssoais transformam -se cm 1:dwkdd11 . N<·~•c 'ª'" ltipo1é1iw , aquele 111ov1111c111111111
atividades internas_, intrapsicolQgicas H•11nl d:1 11i:111~:i. de 1c111 ;11 p<'gar u111 ohjc10 1111,1 de ~c11
O processo de dcsenvolvim('nto cio st·r lwmano, 111a dn111((', 1111111.:111c1:. i111c1p1c1;1clo , pelos :11 hrl1os desse Hf 11
cado por sua imer~ão {' !TI dcH·rm111.ulo g111po 1uh111 :d, fllt'l//(I j
pu, u 1111f1 11111 iic~rn el e Hp1">111:ir; 1111111·:1S<!l'fi, po11 r11110, i11

,-,
1c;111.il11.11lo pd .11 11.111\ .1 rc111111t<'.11du11111 \ir: 11illc 11lo q11
n1.1hdn < rd.1~1W\ 10111 ,,, f>C.'\~oas < p111voivl~ l111c111c , 111; 1
111.111nu .t torno u rn mov111w111 o q 11< rr l.u:io11:i 11 1 1Li11~:1
U)Ul O ObJCLO
As ºrigens das funções ps1colog1rns supcrrorc' dnrn1
ser buscadas, assim, nas relações sociais cnt rc o rncl1v1
duo e os outros homens: para Vygotsky o f undamc.·n10
do funcionamento psicológico tipicamente humano<.· '><>
eia! e, por~o. histórico . Os elementos mediadores na
relação entre o homem e o mundo - instrumentQ.~, 'Sii­
nos e rodos os elementos do ambiente humano cªrrc_ga
dos de significado cultural - são fornecidos pelas rela
ções entre os homequ Os sistemas simbólicos, e panicu
larmente a linguagem, exercem um papel fundamental
l?ensamento e
na comunicação entre os indivíduos e no escabelecimcn-
co de significados compartilhados que permitem inter
precações dos objetos, eventos e situações do mundo real.
linguagem
A linguagem, e suas relações com o [uncionamenco psi-
cológico do homem, é o cerna tratado no capítulo que
se segue.
o <Jpítulo 2 di\clltimo'i :1 illlp1111:i111.i:1 1k1. ü11111~ 1111 ti 1111111.;10du1.:xpciih1ti:i VÍVJ{l1UeJ111 qw~ ~el' <'><! 11: 111;1111t-11!
N de: mc:dta~ào '>tlllbúltca p.11.1 Vygot\~ y V1111m q11e
m .erocc:ssos mentais superior<:'> que: rnrant·111.1m o pu1
ill11plil td idCt I! !\<' ll(ffllli',fl1k1 jlfll f l jli"ld' 1 '' 1 l l~llflfi'Í(kc (.' Ili
'll"º~ q11c 1_111~~: 1111 M: • u :1m1.11i1id11-; .1 111111e!,s.
sarnento tipicamente humano açües wrm 1c·ntt·1m 111 c 1
\ p:il;ivi:1 r:1dw110 pot <·xc111plo , ll 111 11111 'iig11i fi1 ,11111
rnntroladas, atenção voluntária, memorização at)va, pt'll p11;c 1sf1 , 111111p.11 t illi;tdo pdm ll'>llallm d.t lí11gu.1 p111111
sarnento abstrato, comportamento imen<Jgpal são pro f1Ul'S:1. l11dt f" 11eln11t·111< Ili<' dm t.td10rrm w1Hrnm q11e
cessos mediados por sistemas simbólicos.lComo a lrng_u.t 11111i11div1d11011111hr~.1. ou do medo ck t.td10rro q11c ai
gem é o sistema simbólico básico de tQdos os grupo_~ bÜ n11 r n1 p11• ,,, tu , .1 p.tl.1v!_.t cachorro dtnom111a um <tito
rnanos, a questão do desenvolvimento da linguag~nl .!.. rn11j1111111 de ti< 1m111(i, do mundo r('al O contcit<!Jls 1'~!
suas relações CQm o pensamento ocupa lugar cem_ral 1u i 1111111.1111111< ..cr 11;1clu11do por cssa pal.ivra e sc:ra .úkq11.1
obra de Vygotsk'l. J dt1111<:1i1e~-<01llfHtc'ncl1d~ J~ir outras pessoas, mcsrn.Qj.1u_c
Vygotsky trabalha com duas ~QSQÇ_s básicas da língua í Cl<J tCI ic~ lle 1;1 llllll í<.'l,l cklãs com me borro~ ~tja d1frt~lll <
gem. A principal função é a de intercâmbio.sosi.al · é pa r;,\lfl-í1i1l1v1<lt10 que·=1l 1lliwu a palavra ~ - .
ra s.e comuniç_ar com seus semelhantes que o homem cria Í! ~:>s<~_f~·1H~1nt110 c~1e· gc:ra a ~eguncTa funç:io ~la. 1 1~
e utiliza os sistemas de linguagem. Essa função de rn 1i~ K!: 111 ;--;--;-!<.: pemamento genc.:ralizante A 1ing\l:ll;c111
municação com os outros é bem visível no bebê que esta 1111 li_;"liiti.11< .ti , .1g1 upanclo todas as ornrrC:·m ias de uma 111<:s
começando a aprender a falar: ele não sabe ainda anicu 111 ;1 14'lil[;~1 dt ohitto~. t·vcntos, snuaçóe!>, sob uma 111cs
lar palavras, nem é Lapaz de compreender o significado 111 :1!~;ll<:ti>fla lOlltl'llUaJ .
preciso das palavras utilizadas pelos adultos, mas consc 1 \~ , ,·ft.1111.11 dt.tlfntmado objeto de cacho1ro <'~11111 111
gue comunicar seus desejos e seus estados emocionais aos •flü, d : 1 ~"fu .111do c:s'>c: obicto na categoria "cad101111" e.,
outros através de sons, gestos e expressões . É a necessida. 1i1_1111111111 .1g1upando-o rom outros elementos d.t 1111 111:1
de de comunicação que impulsiona, inicialmente, o de- t111 cn.-i1i:1 <:, .10 mtsrno tempo , <lifercncrando o de r Ir
senvolvimento da linguagem. mc111os dc: 111111a' r.itegort.is . Um ca<.horro parrnul.11 e p:u
te de um 11111ju1110 abstrato de objetos que sao todos nu;111
lnos d:1 111ts111a ca1cgoria e: d1stinguc:-se <los mc111l110~ d:1
rn1cguii11s " 11H'sa", ' '. girafa"_, _'_s~minháo". c:11
Jsss~1J1111~füLs!fl><.:.1S,l'mi; n to-g<.: nerali 'ª'.!!gq11e.!~flfJ1:1
l1i_1 r 1_rng_1 : 11 ~m 111,trumcmo)k pensamen10~ a li11g11~
gc111 -fc1111<'<<: º' wrHt'llOS e: as formas d(' orga11iza~f111 d11
1c11I qu e 11111~1i111c:111 ,1 mtdiaçao <.:ntrc o suic·110 < 1111hjc
.... lü de 1n11l11:ti11wnto A rnmprtensão elas 1tjac..1H' c:111!1
"'8> pcw1:1n~c'.l_!J_1~ e lj 1Jgl1.1g~ L p<Hs, t'S\enrndJ~r.1 .1 <~:;t11
z p1 tc 11 s~o dn -Í1111l'io11a11H:nto p'>irnlógiw- do -- -.cr 1111111:11111
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8
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O dc~cnvolvimcnto do pcn~amcnto
Para que a comunirnção com outros indiv1duos sc:ja pm e.~ da lingua~cm
sível de forma mais sofisticada, não basca, entretamo, que
a pessoa manifeste, como o bebê , c:stados gc:rai., rnmo
"desrnnfono" ou "pra1er". F ncc('ss;\rio que· .\c·j:1111 u11
l11ados signos, rnrnpn·<·ns1ve·1s po1 01111:1.; pessoa\, que tra· O JH.: 11s:11ne11111 e: :1 li11g11agn11 1t111or1~1 e11 s elikr1:111
dunlll idéias, suH1111e·nto, _v1111t.1di:, , pcma111c11t0s, ele 11vnlv1~ 111 -~c bcg1111rl11 1i:i)t't1111.1 drfne : 111e:~ <: 1111lc
1111111.1 h;1s1a11t<~ p1n j,,1 Cor1111 c:ulu i11div!!_ltu.i vivi~ 1'1tacx pC11i_l1_• llt<":~ , fllllCS qui~ 1111111,1 11·<11111.1 li1;11\Ítt11.:11111; r:JISC\
11111111lÍ:r 11e:s~11:tl ele 111111l1111111Í111111111pkx11 e: p;111i111l;H, dois fc111~111 c 1111~ . Vn:•)t•i y 11.il1;dli;111111111 rli::;r~ 11volvi111c11
1(1 da e5p(1° i <~ 1111!~•1111 '~!)<11111 n dc;sc11volvi111r. 1111-, do j11d1 \o 111 c~ 1ú(1 !Cll1pü C fft ifll C CX ílii;111 c:SS:1 fo111l11(I(' 1
vid1111i';lim.111l1,-h11" .ii1do 111111p1c·c·11dl·1:i oiii:n11 e:" 1111j1 s;1111c 1111-, I" <~• \'C 1liu 1 , f1 S !111 i111 11i'I H11n l H~ 111 ~"~J11 i 1i ,. 11 n
tÔIÍa cl<.' \st'S clo1' Í<.'lliifllt'flOS.· . - - 111wOi111•li.1~·c ih p11~1 ~iu~ l!111:~ ili \Oil~liz:1111 gc~I
Ao buscar rnmprccnckr a lm1ór1.1 da c·~tH't 1<." hu111a e~ c·xpit·s\lh'' Í.u 1,11,-10<.: 1(·111 .1 fu11~.to de .ilivio c~ llHj(
na, Vygocsky ertcomrou, nos estudos fruo~ mm p11111.1 11.d e tom11111c111 , ~ i11111lt.111c'.t1IH'lll<', 11111 lll<'Íil d1: i:o-111
tas-superiores, principalmente com chimpanzés, formas to p'1wlóg1rn wm º ' outros nwmhrm do g1upo . ~'~J
de funcionamento inteleccual e formas de utiltzaç.io ck d.1l~~l:ª.Scrn e prc 1mc:kcwal no s<.' IH ido ck c~tl ill!
linguagem que poderiam ser tomadas como prccu_Isoras 1cm1a111da Íunçao de \1gno . Isto e, funno11a c~11111J11 f
do pensamento e da linguagem no ser humano . Cons1 de expressão emocional e de rnmunirn~•io d1fus:1~0111
derou esses processos como sendo a "fase pré-ve!bal do outros, mM:Pão indirn s ignificados cspcuf1w~" 11111p11'[
desenvolvimento do pensamento'' e a "fase pré-imelct s1veis de forma pretisa por um irHerlocu101 t111c u11rq)I
tüãl do desenvolvimento da linguagem'' . ulhe de um sistema de signos.
Os animais são capazes de utilizar instrumentos como Ex•fil., assim , a trajetória do pensan~o eh w111111
mediadores entre eles e o ambiente para resolver deter do da linguagem e a Lrajerória da linguagun 1111llp~
minados problemas. Usam meios indiretos para consc dente do pensamento . Num detc:rminaclo mo111< llll'.
guir um cerco objetivo, como nos experimentos já men desenvolvimento filog~nético , essas duas 11 .11< 111d11s
cionados, em que chimpanzés utilizam varas ou sobem unem ô"Q pensamento ..se coma verbaf e a l111ml.:~ttc:i1_~
em caixotes para alcançar um alimento que está distan- clonai • .A associação entre J?ensamemo e lrngu.11!( J11 ;: 111
te. Esse ripo de comportamento revela uma espécie de buída à necessidade de intercâmbio dos 111d 1v1d11ns i
' ' inteligência práuca '' , onde existe capacidade de solu- rame o trabalhç:>, attv1dade e~pecificamentc._: l111111-:11H•
çãÕdç_ problemas e de alteração do ambiente para a ob- crabalho é Uf!lª atividade que exige, por um 1.,;i.,, (, l•
tenção de determinados fins. Esse modo de funcionamen- lizaçao de instrumentos para a transformaç.111 d.1 "-~Lll
to intelectual é independente cfalinguagem, definindo za, .e,. por outro lado , o planejamenco, a a~ao e 11lc 1l~1
a chamada fase pré-verbai'rlo desenvolvimento do pen ponanto, a comunicação soei~!. Para agir rnl( 11v.:.!_!)l.fl
sarnento. e de form~s cada ~ez mais soÍÍstica~s. Q g_uipu hLLW
,. c_eve de cnar um.s1scema de comurncação que 111:1111111
troca de informações cspecífic~ e ação no 111111111.-i u
base em significados compartilhados pelo\ viiiio~ 111d!
"1 duos empenhados no Pççje.to coletivo. O '>t11gi111~!·~·1 t
l?~nsamenco verbal e dá Jinguagen) como ~"11 1111~ .'~
nos é t1m momenC<~ çruciafno desenvolvrnH11111 !IJ_r~ 1
ele human_a , momento em que o blológ1rn 1lilil
se no sócÍo-hiscónco . =

'ilfl tl11 ,,,,


~1111·1:1111r11
N11 cv11r.1\ •.h1do 1Í11clivíd111 ;"; 11li~c1 \'r1d:11lc:sdc sc11 1111F1
111c1~1(1, 1111111c u111p 1e11 <"º ,'< 111c ll1 .1111c ~i q11rk dr\0_1111
para a historia 1Ta npt-r1c All!<:.., dt:~U ILCJ1sa1m:mo <:.J!
linJ,:uagem se assÕuarcm. txrst<', 1.unhC:m, 11.1<1i.111~.1 pc
quena, uma fase pré-verbal no <lesenvolvrmcnio do prn
sarnento e uma fase pré-imeleccual no <lesenvolv1mt1110
da linguagem. Antes de dQruioar a lingu~cm, a criança
d!monstra capacidãae de.resqlvçr problemas práLicos, <lc
utilizar instrumenf~ meios indiretos para conseguir de
t-êrminados objetivos. Ela é capaz, por exemplo, de su
bir numa cadeira para alcançar um brinquedo, ou de dar
a volta num sofá para pegar uma bolacha que caiu acrá~
dele. De forma semelhante ao chimpanzé, a criança pré
verbal exibe essa espécie de inteligência prática, que per-
mite a ação no ambiente sem a mediação da linguagem .

'''""""'"'''"~
Pensamento Verbal e
Linguagem Racional
• t ramformação <lo
b1ológ1co no souo histor iro
U11p,11;1grm

Nessa fase de seu desenvolvimento, a criança, embora


não domine a linguagem enquanto sistema simbólrrn,
já utiliza manifestações verbais. O choro, o riso{' o b,d
bucio da criança pequena têm clara função de alivio tmo
cional, mas também servem romo nH·10 dl' con1.110 "'
cial, de comunicação d1fu,.1 <0111 01111.1' pn'º·''
O ~ i,.;nifictdo d a' p.tlavr:1s 1111 r1, i1111 ~l1t:i de cl11 :1s fl(~l• S de 1f111p.i' : ~' .r.1•1:11i1 1•.• .\~1111
• 1 • 1
1

• • 1 •
~ 1_1c~ 1 g 11 :11 ., 111)1 r11111 f1g1:1, qw1 q11c~1 c~p1:c 1 c e e 11111~Qú
j1111çOr1 de d1m 1 p.11cdc, 11111 1.111111, 11111.1 n q11111.1 Mr. t!I•
fó 1 h-i1111e• 111 c 1~\\r "l:111fo .ulo fw n tt·nd1do, pmtc 110111111111:,
Na análise que Vygotsky faz das relasões entre p<.·ma
mento e linguagem, a questão do significado ocup.t lu fli\l f1 (1 11c: p1í~111111 , l\to t , .1 JlllH,•i<> do dr.t rnrll .1 110111
\ p ;11 tir d:ií, 11 p111ndo w111plC'to clltr<.· um trt'j)lJS<ulu e:
gar central. O Sígnificaao é um componente essencia l da
!U 1111, ist11 (. o pC'l 1odo de 24 horas que 111rl ui o d i;1 e:
palavra_ e é, a9 mesmo tempo, um ato de pensamenio ,
pois o significadd de uma palavra já é, em si, uma_gcOC- 1 11üi1e, p:""H' .1 'e1 d1.11nado de !!Ulki .
ralizaç~. Isto é, no significado da_Q?.lavra é q_ue o _Q<;n N11 11111-:11.1 po1tugucsa lemo~ exemplos scmelhantt'.'i ,
sarnento e a fala se unem em pensamçn!O v_erQal. Ao di i\ p.d.1v1 .1 111.rnccbo (do laum ma11C1p111m) significava, ori
zer sapato , por exemplo, estou enunciando uma pala- 11!11:d111e·11tt , "t·,navo" . Pelo fato de se preferirem c.·su.1
vra que tem um determinado significado. Esse significa- vos 111v1"11,, fotte, , passou a significar " moço, jovem , 101
do, além de possibilitar a comunicação entre usuários da 1c" Dcp11" o termo passou a designar amame, prova
língua, define um modo de organizar o mundo real de vcl1111111c porque: llas casas romanas muitas vezes o!> 10
forma que a alguns obje..!2.5 (os sapatos) e~~a palavra se ~ '~ "~ < 1r ,1vm p.l.. S<tvam a amantes de suas senhoras D.11
aplica e a outros (cadeiras, cachorros, etc.) essa palavra 11111111 e h1;1 , 1k,1g11.1ndo concubinato, e o verbo amanc.ebar
não se aplica. M.1111 e ho 1.unbcm significa " cabide onde se pendu
E no significadó que se encontra a unidade das duas 11w1 11111pa,, chapcus, etc.", numa reminiscência do srg
funções básicas da linguagem~ o intercâmbio social e:o !!if11 _11l11 dt t•stravo . A palavra boêmio designava o haln
pensamento generalizante. São osSignificados que vão 1r1111 c cl.1 Boemia , como os ciganos vinham da Boêmr.1 ,
propiciar a mediação simbólica enue o indivíduo e o mun- !iS 1 p.11.tvra passou a significar "errante, nômade , dn
do real, constituindo-se no " filtro" através do qual o in- 1('f" .ti 111 ''

divíduo é capaz de compreender o mundo e agir sobre l)C' modo surn lar ao que acontece na h iscória de 11111.1
ele. ''O significado de uma palavra representa um amál- <J V)'(;o t :H.: l li11i:i1.1 , .r 1r .1nsformação dos significados cambém owr 11
gama tão estreito do pensamento e da linguagem, que no p1111 <'"º dt· .tqu isiçao da linguagem pela crian~.1 <>
fica difícil dizer se se trata de um fenômeno da fala ou m 11111.1 de· rcla~ õcs e generali zações contid o numa p;d.1
de um fenômeno do pensamento . Uma palavra ~ç_m _sig: vn1 11111d.1 .w longo do desenvolvimento. Ao aprendn .
nificado é um som vazio; o significado, portanto , é um 1){1r oc 111plo, a palavra lua, a criança pequena pode apl11 .11
cmério aa 'palavra' 1 seu componente indispensável. Pa- i11 k i.tl111 c·1111· essa palavra não só à própria lua , rnmo .1
rece~ então, que o significado poderia ser visto como d1.1 j111c\, lmtres, lanternas e outros focos de luz v1\lvt"
um_tenôr;t1e~o da fala . Mas .~o pon~o de vista da psico- 1 11111t t 1111 C'lll ambientes escuros. Por outro lado, pode
logia, o ~n~do de cada palavra_e umá.,g_eneraJ1za~ão 111 11 •.. 11 qur Nc'lcau refere-se apenas ao leile morno w111
ou ~m concettd) E como as g~ral1za_ções e os conce1l~S d1111 ol .uc· que sempre toma , não aceitando essa d<·\lg11.1
são inegavelmente '!tos de pensamento, podemos consr- ~íl 11 , p111 exemplo, para leite gelado com t hocola 1c.· Ao
de;ar qs,!gnifi~õ como um fenômeno do pensamento.'' 10111.11 pn">t' dos s1gnrfirn<lo., expressos pela lingu.1gC'll1 .
Como os significados são construídos ao longo da his- ~ 1· 11.111~.1 º' .1pl1rn a ~cu universo de t onherimentl>\ "'º
tória dos grupos humanos, com base nas relações dos ho- I•~, o 1111111<!0, .l \CU modo panicular de " 1non.11 ''\11.1
menscom o mundo filico esocial em que vivem , eles c11pn 1111< 1.1 Ao longo de seu cle.,envolv1m<·nto , 111.111 .1
ê'StãQ$m constante transform~ãQ. No desenvolvimento do p!'l.1 111tt'l.t\•l<> verba l mm acl ullo'> e uian\a., n1.1" v<
dOl\uma língua, os significados não são, pois, ~tático~· llt " · .1 1: 1i.111~.1 v.11 .lJll\t,tndo '<.'U\ s1gn1f11.1dm ele- 11lllcl11
um nome nasce para designar um determinado concei 1 ,1ptox1111.1 I°' <.t1l.1 ve1 nl.il\ dm lOIH tllm p1e·d11111111.111
to, e vai sofrendo modificações, refinamentos, acréscimo\ li 1 1111g!t1p11111lt111,d t' l111gi11\IÍW dt• <tlle' f,11 p.111<'
Um exemplo da língua russa, mencionado por Vygotsky, 1,,:-.c; p1111 i-\\11 de· t 1 .1mfo1111.1~.to dt "g 111f11 .1dm rn 11111
é muito apropriado para ilustrar <.'N.' fenômeno . A/"da de fo :n1.1111111111 1l.11 .1 '"" l.l\c' 111111.1" d.1 .1 q1m1~·'º cl .1
vra sutki significa " dia-e noite·", l\to t', um perioc o de l1!JH11.1w:111, q11:1111l11 t.111111 o vrn.1h11l.11 111cl.1111.1111,.1q11.1111 (1
24 horas. O riginalmt'rl H', r\\.1 p;d,1 v1.1 ~ •w11f11.1v;1 "1 m Si'. tl u11d1cc:i 1111:11111 \11h11 11 1111111110111111111111·111 q11c v1v1
i:r1~sc1 : 111 11111i111 1.1pub1111; 1111; 11 p1111lr d1~ 111H1 c>q11; 111~ 111; 1,
• . ,~ 1 • f'
fH'"ºª 1 Ma' os s1g111 11':11 º ' n111111111.1111;1•.e11 n111 !! f11111 r1
dm durante todo o dcscnvolvi111cn111 do 111divíd11f>, g:1 ·
nhando wntornos pcculian:s quando s< 1111ria o ptm c~M>
de aprendizagem escolar. Em ao se realtn .1 int cr vu1~;lo
deliberada do educador na formação da cstrut Ul•l rnn
ceitual das crianças e adolescentes. As cransforma~ões eh.
significado ocorrem não mais apenas a pamr da expenên
eia vivida, mas, principalmente, a partir de definições, O di.' iCllP10 interior e a fala cgocêntric.1
referências e ordenações de diferences sistemas wnc.eituars,
mediadas pelo conhecimento já consolidado na cuhurn.
Assim, a criança que aprendeu a distinguir a lua da
luz do abajur e da lanterna vai, agora, aprender que a
lua é um satélite, que gira em corno da Terra, que satéli-
te é um tipo de astro diferente de planetas e estrelas, etc
Novamente o significado da palavra transforma-se,
tornando-se cada vez mais próximo dos conceitos esta-
b.clecidos na cultura. NQ caso espeáfico do conhecimen-
to escolar, o referencial privilegiado dos sistemas concei-
tuais é Q saber acumulado nas diferentes disciplinas cien
tíficas. - -
A idéia da transformação dos significados das palavras
está relacionada a um outro aspecto da questão do signi-
ficado. Vygocsky distingue ~:loi~componente~ do signifi-
cado da palavra: QJi_g__nificado propriamente dito e o "sen-
tido" . ó(sigajftcad? .ro riamente ditQ refere-se ao sis-
tema de(fetações ob1euvas ue se formou no processo de
desenvolvimenroaã palavra, consístindo num núcleo re-
lativamente e~tável de q>mpreensão da palavra, Ç.2,!!l_par-
cilhado por todas as pessoas que a ucilizal]l,~ .Ô ~entid_s),
por sua vez, refere-se a~ignificado da palavra para cada
indivídu~ composto por relações que dizem respeito ao
contexto de uso da palavra e às vivências afetivas do in-
divíduo.
A palavra carro, por exemplo, cem o significado obje-
tivo de "veículo de quatro rodas, movido a combustí
vel, utilizado para o transporte de pessoas''. O sem ido
da palavra carro, entretanto, variará conforme a pessoa
que a utiliza e o contexto em que é aplicada. Para o mo
corista de táxi significa um instrumento de trabalho; pa-
ra o adolescente que gosta de dirigir pode significar for-
ma de lazer; para um pedestre que já foi atropelado o
carro cem um sentido ameaçador, que lembra uma srtua
ção desagradável, e assim por diant<'~ scnudo ela pala
vra liga seu significado objct rvo ao rn111 <'JDO de.: uso .b'
língua e aos m()tivos afe11vos <' )><''"""'
dt .~çus u~11.1110~.
M11nics" . Es~a v1:1snn 111111plc1í1 SC I i;1 1cd1111d ~11111• dc1111d~
p.11.1 11111 diálogo do \li)< 1111 consigo 111t\11111
V~gcmky pmtulJ para .!_!J>rme~'º ck dnc·1~1>h'.l!.l!Ç_111'l
do pensamento e da linguagcm -J rrn.·srna 1rn1u111i.1 d.1~
outras funções psicológicas. O percurso e cl.1 .ttlVldadc 'º'
eia!, interpsíquica; para a arividade tnd1v1dual1z.tda, lll
.!!ªIDíqu1ca. A criança primeiramente utiliza a foi a soe l<l
lizada , com a função de comunicar, de manter um rnn
rato social. Com o desenvolvimento é que ela passa a ~er
capaz de urlflzar a linguagem como instrumento de pen
sarnento, com a função de adaptação pessoal. liLO. f, a
incernalização do discurso'f um processo gradual, que ~e
completará em fases mais avançadas da aquisição da lin-
guagem.
No escudo da transição entre o discurso socializado ~e
o discurso interior, Vygotsky recorre à "fala egocêntri-
ca'' como um fenômeno relevante para a compreensão
dessa transição.
lw li~ ,~,,.,,.:, dr Piagc< ao~ comenc.írios
Conforme discutimos anteriormente, a função inkial du \'n:o1\ky auhrt:' \UJ obra, (li).
da linguagem é a comunicação social. O bebê , membro
imaturo de um determinado grupo cultural, vai passar "/... / t111111u11lo " livro dl' jlygulr~.Y il/1i11
rc~u rm 193-1, 11u111 lruhulhOJ que .1Jo por tlc· c/11
por um processo de aquisição da linguagem que já existe C11/11/01 tlulJfll clr 192{ 1' 192-1 Penrumlo d1• '/"
no seu ambiente enquanto sistema compartilhado pelos f>rt!IJ 01 podenJ reulrz11r 1·.11.i dilcuulio r1·1m1
membros desse grupo cultural. Nas fases iniciais da aqui- /1Nl1vu, t11ccmtrâ umJ roluçJo "º 1111•11110 1011
sição da linguagem a criança se utiliza, então, da lingua- /•o 1i111plr.1 1' m11m1iv11 (/1elo 1111'1/CJJ pa1i11111111),
gem externa disponível no seu meio, com a função de 1u1 11'/J, prornmr va rr 11.r crilffill dr l/yg1111ky
111111'jit.1fll·.ll' ,; luz ele 111e111 1ri1h11/lm1 /m-111•1/11
comunicar.
11•.1. A rr1/101/11 E lilnlo 11firm1111v11 C1J111<1 ""K"'i
Num cerro momento do seu desenvolvimento, a criança 1•11: 11 rt•1pe1lo de dr1er11111111tloi 111pn101 e.111111
passa a se utilizar da fillguagem egocêntric~. falãna9 al- 111.li1 dr ilwrtlo co111 Vy1:011ky do 11111• l1n:1 trl.I
d11 011 1934 1• il rerpr1Jo dr 011/ror /111111111 11111
to para si mesma, independentemente da presença de um
i'n terlocutor. A fala egoç_êntrica acompanha a atividade ) tl1111 111111 porruo, hojt', 111dhwt1 •"K'"'"'"''"
/1,1r.1 /11r rt' 1/11111tla "
da criança, começando a ter umaJunção pessoal_. ligada J
às necessidades dQ..P_!n~amen_to. E ~ilizada como apoiç
ao planejamento de seqüências a serem seguidas, como
auxiliar na solução de problemas. Para Vygotsky, o sur-
gimento ãa fala egocêntrica, com essa função claramen- O dc:.c11v11lvi11H·11to d.t lrngu.tgt·m e :-.ua\ 1cla~ll<'S 111111
te associada ao pensamento, indica que a uajecórta da • 1)c11 ç:11rn:11111 'ªº 1 orno .11 ah.tmo\ de vt r qucs1t1cs 1c11
criança vai ,_ de fato, dos processÕSsoc1al1zados para os pro- 11nis 11:1 nhrn de Vygot:-.ky t 'ªºpor de ~1hord.11l:i s de fr11
cessos internos, Isto e, ao tomar posse da linguagem, ini 111a 111111plc:x:i t 111ultiEuuada (h drvc·r,m ·"lwttns d<~ St• i•
ciãTmente utilizada apenas com a função de comun1rn d1M ll \!l:'i11 s 11h1c e:.~'ª' q11t:~1 t1c·, pwkm w 1 !li111c1 i1:11los c111
ção, a criança passa a ser capaz de ucilizá-la como instru 11;1s p11~pr ias p.d.1v1~" "I 1a tl'laçrto c·1111c 11 fH' llS:1111n11f1
menta (interno, incrapsíquico) de pensamento. Como ('\S<.' e ~· p:ibv1 a n!ío <~ 11111a 1 º"·' 111.1\ 11111 p1rn C\\O, u111 11111vl
processo é gradual, a fala egocên1 rim aparc<.c wmo ulll lllClllO l'lllllÍllllll de V,llV('Jll do p< m.lllH 11111 p:11:1 li p :1b
procedimento de transição, no q~1al o disnmo j:t~ vra, (' vic~· vc1 s:1 . Nc:,~c p1rn r"º· .1 11 l.11•.lo c1111c ú pc11s11
fu~ão que cerá co~o clisnmo 1111<·1101 , lll ,l, ~1111da _tr 111 ff• Cl >I(> e \1 p.d:1v1:1 11·"'·' p111 11a11'l111111.1~ iin que, c 111 b l
a íorma da fo la son~d11ad.1, <~\('111,1 1ncs11rns, podc:111 iic 1 111m1d1: n11h1 ~ 11111 de "~11v11lv11111: 1111_1 111•
l>C lílldO1'111111111111 , o pr11~.llllCl1l(l lln11 f .i111pk)1111;111c •.!X
p1t·"11 t111 pal.1v1,1~ : e· por 111t io dc: I~" q11C' de p.1ss:1 n <~xis
tir. (ada pcm;ullt'lllo 1c:ndt· .1 rc·latio11.11 .tlg11111:1rnis:1111111
outra, a estabelner uma relaçào c11tr<.· .ts uma\ C .11!.1 J>C'll
samcmo se move, amadurece e se desenvolve . dc.·\t·1111H
nha uma função, soluciona um problema . .. Es.\e fluxo de·
pensamento corre como um movrmenco 1mermr att.tvn
de uma série de planos. Uma análise da inceraçáo <lo pc.·11
sarnento e da palavra deve começar com uma investig;t
ção das fases e dos planos diferentes que um pensamen·
to percorre antes de ser expresso em palavras .
"A primeira coisa que esse escudo revela é a neccssr .
volvimento e
dade de se fazer uma distinção entre os dois planos da
fala. Tanto o aspecto interior da fala - semântico e srg
nificativo - quanto o exterior - fonético - . embora
aprendizado
formem uma verdadeira unidade, têm as suas própnas
leis de movimento. A unidade da fala é uma unidade
complexa, e não homogênea.''
cl1,c11v11l v11111111 11 l111111:i110, f1 :1p1c : 111~ i~.r11lr1 e11 s 11~ b
O ~()(\ t' llll< clt\t llvolv11rn 1110 t· .q11t 11cl1 .11 111 111 11111 1
tt'llltal \ nm trah,dhm dt· Vygot,ky Sua p1t·m 11p;1 ~ .\11 e1 1111
o <lesenvolv1menco <lo homem esta pre\t'lltt' t 111 tod.1 \ll,1
obra, como fi cou evidente nos cap1tulm .111t c·rior o
Vygotsky busca compreender a origem e o desc:11volv11nrn
to dos processos psicológicos ao longo ela história d.t t'\
pécie humana e da história individual. Esse tipo de abo1 '1 J tl.ft1 1111 11/' f f! 11d1Z•IJ:f. lfl

dagem, que enfatiza o processo de desenvolvim ento , t' 011 r111111 (ohm ht 111t) 1i'g11íjiftJ tJlgn rn11111 " /m•
chamado de abordagem genética e é comum a outras teo · e111• .11 0111111111/11111.lrn1x1•111 ", í11d11111d o 1r111
rias psicológicas. /•11~ aqut'le q11e .if!rt!nd1•, .i1/11t'l1· 1111e 1·1111t111 ~ •
ri:/.1(1~111•11/11! 1! 11<11 /11•1111.11 . J'd,1 f"1/t.1d1• 11111 l t'/'
As teorias de Jean Piagec e de Henri Wallon são as mais f/Jll t'i/IÚNft'lllt' t'lll i11g /h, 11 f!Jfúl'lú o h lll h <'. 1111.
completas e articu ladas teorias genéticas do desenvo lvi - 11' /ll 1ido 1r,1d112i.li1 r11.1 ,·111110 011i110, m.1 ( 1/1110
mento psicológico de que dispomos. Diferentemente des- i1p11•11dii.ixe 111 , • .i11i111 n !·l1.11/11z 11/.1 / ''""11 /111r
ses dois estudiosos, Vygocsky não chegou a formular uma 111g11f.1, 0/1t111110 1111111i pd1111111 d.1 /111!.11•r,1 a/•11!11
diz.ido, 1111'1101 c11m11111q111! 11prt·111ltz.1f.1!111, / 1'1tiJ
concepção estruturada do desenvolvimento humano, a 1111\Íklf 11 lti111r" k111/Jr,1r 11· dr q11t! o f1111.:r1/11
partir da qual pudéssemos interpretar o processo de cons- 1~111 VyKol.1k,Y lt'lfl 11111 .l~l!,llÍfic.iilu 111<11111hrJ11gt11
trução psicológica do nascimento até a idade adulta . Ain - 11: • .11'111/111• l'llt'tJ/111'111/11 i1111•1.i(J1J .wo'.il .
da que o desenvolvimento (da espécie , dos grupos cul-
turais, dos indivíduos) seja obieco pr1V1legiado de suas
investigações, Vygocsky não nos oferece uma interpreta-
ção completa do percurso psicológico do ser humano ; l'c:m;111do 11um.1 suposição rna1s cxlrcma, um.t <11 :i 11 ~11
oferece-nos , isco sim , reflexões e dados de pesquisa so- 111·11111.d q ut· <rt·sressc num ambiente cxclusivanH·111 <: f(11 •
bre vários aspectos do desenvolvimento, os quais serão 111 1cl11 p111 surdos mudos não clescnvolvena <l l111g11.1r1111
discucidós ao longo do presente capítulo. 111.tl 11 1t·,1110 q ut· t1vessc todos m requisitos inato., 11n es
Ao lado de sua preocupação constante com a questão ti~ ' im p.11 a i'so l 1cnômeno semelhante ornrre w 111 o • ví
do desenvolvimento , Vygocsky enfatiza, em sua obra, a iií1S 111'0\ d1lS d1:una<las " crianças selvagens", qu< ,111
importância dos processos de aprendizado. Para ele, desde oi:i 11~·" u Homrad as em 1'>0lamemo, sem w ntato w111 011
o nascimento da criança, o aprendizado está relacionado 1111S 'cl<'' ln1nuu10., , Mc.,mo em idade supt·rio1 .1 111.1.lc
111-11 1111d pa1.11l aqu1s1ção da linguagem, nfto luv1.1111 :q11 e11
ao desenvolvimento e é ''um aspecto necessário e unive1sal <J 1 1 rcOTS>~ 1
do processo de desenvolvimento das funções psicológi- 1.lid11 :1 fal.11 O desenvolvimento fita 1mpt'd1d11 cl< 111 .-i1
cas culturalmente organizadas e especificamente huma- 1c1 11:1 l.d 11l de \1tuaçóes pro p1tias ao apH·11<l11.11l11
nas' ' . Existe um percurso de desenvolvimento, em parte
definido pelo processo de maturação do organismo indi-
vidual, pertencente à espécie humana, mas é o aprendi-
zado que possibilita o despertar de processos i~ter~~s de
desenvolvimento que, não fosse o contato do ind1v1duo
com cerco ambiente cultural , não ocorreriam .
Podemos pensar, por exemplo, num indivíduo que vive
num grupo cultural isolado que não dispõe de um siste-
ma de escrita. Se continuar isolado nesse meio cultural
que desconhece a escrita , esse indivíduo jamais será alfa
becizado. Isco é, só o processo de aprendizado ela lciu11a
e da escrita (desencadeado num determinado ambic·n1<·
sócio-cultural onde isso seja poss1vt·l) t' qut· pCHkn.t dt·,
penar os processos de ck s<·nvolv1111t·1110 111tt·11ws do 111d1
Hssa i(l111 epç·no de q11c f: o 11 p11~ 11diu1cl11 quti poHihif;
1:1 clc.spc11f11 cl1~ p1111·cs:>ús i1111:111w1 cio i11cl i\'id110 liflll 11
ri
1cs (Uti-t oil1t1s d e di v1~1M•S 111111.111l11.1s, po r cxc111 pln , o pc!i
q11isí!do1 11111 vr1i 1011sidc1:11 q11r 11111.1e1i;111~.1 j;i ,,tfll e1111s
clnn1v11lvi111c11111 da pc~so;i a ~1111 ic:htç.111111111 "' :11nliic11
111111 :1 1011e 5C cb t:1111wg11i1 11111\11u1 Li apc·11.1' po1q11t
1c· "" ro llllr ur.d c 111 'Ili< vive e a \ll:t .~ 1111.11,.111 de n1~a11is
1110 que n;io st· dnc nvolve plu1.1111c:111c sun 11 \lljl!lll e de
11111 111kn:• dr 1 l."'c a ajudo11 Para \cr rnm1<!c-rada ro1110
pos~11i d 111 .1 dt' « 11 .1 1.1pawt1<k, a u1ança tem que de
<>LHros rnd1v1dum ck su.1 espt·ne 1: essa i111po11.1111:ia que•
Vygotsky dá ao papel do outro soe 1al 1w clc·\t·nvolvi111rn 1111111~11:11 q11t podc.· 1 umprir a tarefa sem nenhum tipo
lO dos rnd1v1duos l'rtSLal1za se na formulaç.io ck um 1011
de :aj11da.
<cito cspetífico dentro de sua teoria, essenu al par.1a w111 Vy~111,ky dc·nomina essa capacidade de realizar tare-
preensão de suas idéias sobre as rdaçõcs cnuc dcsrnvol 1:1 dr l11rrna tnd ependente de nível de desenvolvimento
vimento e aprendizado· o concc110 de zona de dcst·nvol 11 11 l'.11.1c·k. o nível de desenvolvimento real da criança
vimenco proximal . fl!n1nc:111a o desenvolvimento de forma retrospectiva, ou
~cj:1, 1dc·1t· se a etapas já alcançadas, já conquistadas pe-
1;1 1~ ii:111ç.1 As funções psicológicas que fazem parte do
nível de~ dcsenvolvimento real da criança em determina-
d11 1110111t lllO de sua vida são aquelas já bem estabeleci-
1bs 11.1q11t·le momento. São resultado de processos de de-
O conceito de zona de desenvolvimento se11v11lv1111ento' já completados, já consolidados.
proximal Vygrn-.ky ehama a atenção para o fato de que para com-
prtr 11dc r Jckquadamente o desenvolvimento devemos
u1115idcrar náo apenas o nível de desenvolvimento real
Normalmente, quando nos referimos ao dcscnvolv1 rl:i 11i.111~a. mas também seu nível de desenvolvimento
menco de urr.a criança, o que buscamos compreenckr e 11111rnn.1I , isto é, sua capacidade de desempenhar tarefas
·'ate onde a criança já chegou'', em termos de um per (11111 .1 •lJUda de adultos ou de companheiros mais capa-
rnrso que, supomos, será percorrido por ela. Assim , oh :u:s. l lá iarcfas que uma criança não é capaz de realizar
sc·rvamos seu desempenho em diferentes tarefas e ativi. i;o~inh.1, mas que se torna capaz de realizar se alguém
dadcs, como por exemplo: ela já sabe andar? Já sabe amar- llu dc·r imcru~ões, fizer uma demonstração, fornecer pis-
1.1r \apacos? J á sabe construir uma torre com cubos de cli
111\ ou dt'r a\sistência durante o processo. No caso da cons-
versos 1amanhos? Quando dizemos que a crians·a já sabe 1111~ .10 da w rrc de cubos, por exemplo, se um adulto der
1c-.tlizar determinada tarefa, referimo-nos à sua capac 1 i11~11u~1>c.·s para a criança ("Você tem que ir pondo pri-
cl.tdC' de realizá-la sozinha. Por exemplo, se observamos 111ci10 o rnbo maior de rodos, depois os menores" ou
que· .1 eriança "já sabe amarrar sapatos", está implínta " 'l'cm que fazer de um jeito que a torre não caia") ou
.1 ide 1.1 de.· que ela sabe amarrar sapatos soz inha , sem 11c··
~e da 11h,c·rvar uma criança mais velha construindo uma
'e "li.te da a1 uda de outras pessoas.
11111< a ,c·u lado, é possível que consiga um resultado mais
fa'lc· modo de avaliar o desenvolvimento de um ind1 ~l\':t11~.11lu do que aquele que conseguiria se realizasse a
vrduo < lá prc·sence nas situações da vida d1árra, quando lflld,t \Ollllha
11h11c:1vamm as crianças que nos rodeiam, e Lambem rnr
! ~'·' poss1btf1dade de alteração no desempenho de uma
rc.spo11ck a maneira mais comumence uulizada em P'' '
pc:~i 1 pda mterferência de outra é f undamencal na trn
q11i'la' \o bre o desenvolvimento infanul O pesquisador
51;kci1111a algumas 1.1refas que considera 11nporcan1c:s pa rin de Vygot,ky Fm primeiro lugar porque reprcsen1.1,
'""estudo do desc·mpenho da criança e observa que· rni· ele: l.1111, um mornc·nt o cio clcsenvolv1menw· nao e qual ·
s:i~ cl:I j[i é rapaz de fazer Geralnwnte nas pesqu1.s;I\ c·xf\1c <111n 111div1duo que pode, a partir da ajuda de outro, rea
11111 111idado <~pedal para qut '" rn11s1clc.·rc· a1w11as as wn li1.ar q11.1lqul·r t.trcf.I Isto e, a c.iparnlack dc st· hc:nd1
1'111is1 us 1p1c·.i!i c·sr.10 rnnsulidatl~s ~11 111.111~,1 .1ep1tf.1, 1,1 11.11 dr uma co l.1h111.1~ào d t' ouir.i pessoa vai <K01t c.·1 11 u111
1l;irid:1i l1·s1111111111,1)<\ qitt: •tnúm,;1j[td1)1tlii1a1or11 pl<1 .1· 1< 1111 111vc:I dt dtscnvolv1111e1110, nus 11<1•> 1ntt\ U1111
rifrn1c i: ~'l:t'llC dt 1111111,t i11rlc:p1~ 11rlc111 c, ~l'lll_~1j11d .1 de 11_y c11.111~.1 de cimo .111os , por exemplo, pock sc·r c.ipu de
1111s pcs~11.1s , N11111.1 pr .q11is;i s11 l.11c 11 n111111 n1:1:111 d1~ 1111. 11111"' 11 ,1 1011c de tubos so1i nh;t, um.1 ck 11c\ ;lllO\ 11.111
n111sc:H1u e111111111í la so1111k1, lll:l\ podt' 1omq;11ir 111111
0
:111SSiSlCi11, l11 de ulg11é1n; tlltHI fl 11111~~ de 11111 Ullíl un:o (IJll
Al'H11i1iu 1cídiir11 c5s;1 ir11d'11, 111:111 111c~n10 ffun nj11cl11 , U1n11
l'1Ían~:1 que: :ii11da 11!1ci sahc a11ch11 s11zi11lt.1 :;6 v:ii 1'011çc 1\ i:o1111: p~n11 d1~ Vygot~ky suh1t ,,., 1cl.11,iin t1111< de
g11i1 a11clar <0111 :i :.j11da de: 11111 :1el11l10 que :1 :.<'HlllC pdas Cll\lolVÍllH' lllll C :qit<ll;lindo, (' patlltllbílllellte <,Ohtc ,l
111âo'i a pari i1 dt um dc1crrni11:ulo uivei de~ dcsc·11vcilvi 0
01111 de dc:;c11volv1111r1110 proximal, e<,tabclete fone 11
111<·11w Am 11C:·' nwsn ck idack, por txc-mplo, d:i n!'in ttt•~!li-1 cntt< o processo ck desenvolv1me1110 e a rclaçao do
< c.tpu de andar nem mm ajuda A 1di·1.1 de nível de 111divld110 1orn seu ambiente sôlio-cultural e com sua si-
dnc·nvolv1mento potennal t'apta, assun, um mo111c 11111 111:1~n11 dt orp.111ismo que não se desenvolve plenamente
do cksenvolv1mento que tarattenza 11áo àS etapas J.l :d· c111 11 J>ll pnrtc de· outros 111d1víduos de sua espécie. É na
cançadas, Já consolidadas, mas etapas postt·norn, nas c111u de dc:,cnvolvuncnto proximal que a interferência
quais a interferência de outras pessoas afc:ta '1g111fu·at j. 11! 0111111~ indivlduos é a mais transformadora. Processos
vamente o resulcado da ação individual JÚ fo11s11lid:11los, por um lado, não necessitam da ação ex-
hn segundo lugar essa 1<léia e fund.1mu11al na 1<·01 ia 1c111:1 parn st·rern desencadeados; processos ainda nem ini-
de· Vygotsky porque ele atrthur 1mport;i11ua t·xm·nu à in · 1_Íf11lo~. pn1 outro lado, não se benefioam dessa ação ex-
tC'ração solial no prolesso de constru1,;lo das funçoes p,j . 1c11H• . l'a1a uma niança que já sabe amarrar sapatos, por
wlog1cas humanas O desenvolvimento ind1v1clual se d:í xc111pl11, o ensino dessa habilidade seria completameo-
num ambiente sotial determinado ta n:l.t<;ao rnm o 011- 1c si:111 efeito, para um bebê, por outro lado, a ação de
110, nas diversas esferas e n1ve1s da ;t1iv1dack humana, Í.' 11111 :1d11lto que tenta ensiná-lo a amarrar sapatos é tam-
t·sscnual para o pron:sso de rnnstru,ão do ser psirnlógi- bé111 sc:111 dt·tto, pelo fato de que essa habilidade está mui-
' º 1ncl1vidual l•I distante do hor11ontc dt: cksc.nvolvimento de suas fun
!' a p;trtir da postulaçao da cx1st<.·ntia desses dois 111· çi"ics psirnlúgilas So se bencfüiaria do auxílio na tarefa
de a111:i1c11 sapatos a criança que ainda não aprendeu bem
V<'IS de desenvolvimento real e pott·m ial . que
Vygotsky dcfme a zona de desenvolvimento proxim.il rn ~ t':izê-lu, mas Já dcsenrndcou o processo de desenvolvi-
11111 "a d1stâ11tia entre O nível de desenvolvimt'lllO real , <l l'l'( 111c11t11 dessa habilidade.
que .se· lOStuma determinar atraves da solução inckpen·
dt'11tc de problemas, e o 111vcl de desenvolvimento po ·
t<'IH ial, detcrm111ado através da solução de problemas sob
,1 orientação de um adulto ou cm colabora\'10 mm mm ·
p.111hciros mais capazes" .
1\ rn11a ele descnvolvirncnco proximal rcfere-sc. ass1111,
1111 i:1111111ho que o indivíduo vai ptHorrcr para descnvol -
vc:1 f1111~1ícs que estão cm processo dc amadurcrirnento
e q11<' se tornarão funções consolidadas, cstabekndas 1w
't:ll nível ck dc.·scnvolvimrnto real. A zona dc dt·stnvol ·
vi111<·1110 proximal é, pois, um domínio psil:c>lógic;>=_t.:!.ll
iQllSta111c. trJn:-.formaçao clquilo que uma Ul<lll~a e.· ra·
p:iz de fuer mm a ajuda de alguém hoje, ela rnmc·guirá
t:1:.-1:1;11111111.1 amanhã. É rnmo se o prmesso ck ckse1ivvl·
vi111c11111 prog1c.:dis!>c- mai~ lcncamentt' guc o prolt'ss~,uk
l1p11:111lizado_! o .tprenclizaclo dcspena~ protcssos dc_~~t ·
v1._1 lvi111c;11to quc aos pourns, vão tornar se P•lflt:.da.s.fu11 · 1\ i111plic:1çft1> dc,sa rnmt"pc.;ao ck Vygotsky pa1.1 o rn
~1'ks psi1olí1gi1,1s <0nsoltd.1cl.1s do i11d1v1c!uo. lntc1fr1i11· s11111 c·siol:11 é i111nliat~l . Se o ap1t"nd11.ulo 1111pu1'1011.1 11
do 11111st:111tt 111<·111c na zona de• d('\C'tivolvi111t:1110 proxi· dcM'llVOlvi111c1110, então"' C'lola tclll 11111 p:tpd c:si;c1111.d
1111d d:1 s 111,1111,.", os .1d111t11~ e :is i:ri:i11ças mai'i cxpcric·n· 11ri 1011s1tu~!'it1 do ~c:r P'in1log1<0 .ululto d11s i11d1vi11l11)~
ICS fllllt I il111n11 p:11:1.11111v11111:111:11' fl~ pie)( C.\Sll~ de~ dC'~<: ll • q11•! v.1vc111 c111 ~11l'icd :11lcs c:-111l.1111.1cl.". M11!í 11 dcs1:11q11
volv1111c1110 do.s 111c111li111· 1111:11111üs dn l'11lt111a

d
111111 cl1·,,1. p:q~~ I ~t, ·.1 d.11.i r11b 111 ~11_l11.11111111 f/w111do, f(1
1!1111!11do 11 lllV! 1 d1 dnr llV1tfv1111c11111 dm ,1 lllll)S, fl t:S 1t' 1flt•11 1e, 111111111 pos1111111;11p1111i:111c1rn1, 1pic p10püc q11
1ol.1 d111g11 o Ul\1110 11.io J>.ll':t, t 1.1p." 11111lru11:1i\ j:i :d :l uir111~r1 cfoVc ~CI' dd!Wdlt livre; i;n1 :11 1.1 i111cr:1çnc:i (0111 •)§
<,lfl\.1d.t\, lll.ts sim par.1 <.''l.tgius dt· dt·,c·11volvi111t•11111 .111111~1 1í11111":1s do 1111111clc1 fisii:11 paru que~ possa :i111:11l111uc1,
nao mrnrporados pelos alunos, fu1H1on .111do l<".11111<"1111· " dcs:1b11_11:lw1", e:111 1><~11 clc.\C· 11v11l vi111c1110 11:1111nd, 11n1n
tomo um motor de novas rnnqumas p.'1wk1g1t,I\ Par.1 l(l1np1 i:c11sfi11 ~11pcdi1ia 1 de Vy~o1 .. ky pnde·1ia kvar cx:1
a c.riança que freqüenta a esrnla, o aprend11.1clo t·srnl:11 11trnc111c :111opo~to : 11111:1 pu-.111ra dirr1iva, i11tt·1vuH 1011lst:t,
é elemento central no seu desenvolvrmenw 11111:1 v11lt11 ~ · 'cd11l'a\!ío 1rndicio11al". Fmbora Vygn1.,ky
11foiizc: 11 p.1pcl da intervenção no clt~envolv11ncr1111, sc:11
O processo de ensino-aprendizado na esrnla dt'Vc: ser
ubk1iv11~11:1ha ll1ar rnrn .l imponanua do mcm nihur:d
construído, então, comando como ponto de partida o llÍ·
vel de desenvolvimento real da criança num dado mo
e d:1.s rcla~iít·~ u1rn· 1nd1v1duo~ na clcfini~ao ele um pu ·
q11~11 clr dnn1volv1me1110 da pessoa humana, e não p111
mento e com relação a um determinado conteudo .t S<'I 1101 11111.1 pnl.1gog1a cl1rc.·uva, automãria Nem sena pm
desenvolvido - e como ponto de chegada os objc11vm ~fvl'l~ i.11p111, .1 p.1rt1r dt· Vygotsky, um papel de recc1H111
escabelecidos pela escola, supostamente adequado~ a faixa 1':1ssivo par .1 o c·d urnndo : Yygotsky trabalha expl1rn .1 ~'
etária e ao nível de conhecimentos e habilidades de cada dimr:lrlit 111c·ntc c.om a ideia de reconstrução, de red.1
grupo de crianças. O percurso a ser seguido nesse pron:s
l1orn~rin, pot parte <lo indivíduo, dos signifirndos que lhr
so estará balizado também pelas possi bilidades das crian
ças, isto é, pelo seu nível de desenvolvimento potenual
.n11 11:im111111clos pdo grupo cultural. A consciênua 111
c:livid11:d t' os .ispenos subjeuvos que wnstituem cada pts
Será muito diference ensinar, por exemplo, a distinç;io 1>fl;1po~ par.t Vygotsky, elementos essenciais no dt•\t'll
enrre aves e mamíferos para crianças que.: vivem na Lona v;;JvlíY11:flio_d6l p~1wlogia humana, Jus prou.. ssos psi\ 11
rural, em conrato direto e constante com an1ma1s, e para
liígi·f·'·'.' ~11pcriores \A constante recriação da cu ltura P'.'.'

l
crianças que vivem em cidades e conhecem animais por p:111 e de mela um dos seus membros é a base do pr0< t·,\11
vias muito mais indiretas. Mas nos dois casos a escola tem
hi\l~Íril.o, sempre em transformação, e.las soc1cd.1d1·s
o papel de fazer a criança avançar em sua compreens;io
li11m:1na~
do mundo a partir de seu desenvolvimento já consolida-
l.ii.;~ulo aos proc.edimcntos esrnlares, mas não rest 11111
do e tendo como mera etapas posteriores, ainda não al-
ranç·adas. ;• ~ Ir 11,1i;.io c.·swlar, escá o mernn1smo de imitaçao , clc·\I 1
1111 lo expl1rnameme por Vygocsky. Imicação, para c.·k, 11.111
Como na escola o aprendizado é um resultado deseja ~ 111c1;11úp1a de um modelo, mas reconstrução ind1v1d11.tl
vd. (· o próprio objetivo do processo escolar, a i1Herven d11q11ilo quc e observado nos outros. Essa rernnstruç;lo
~.io e um processo pedagógico privilegiado. O professor é liall1ad.t pt·la.\ possibilidades psirnlógirn~ da criança q1u
1t·111 o papel explícito de interferir na zona de desenvol 1c~diz:1 a 111111ação e constitui, para ela, t riaç;to ck .tlgo
virnrn rn proximal dos alunos, provocando avanços que 1111rn a par111 do que observa no outro Vygot~k~ nao ,;,.
11.10 ornrreriam espontaneamente. O único bom ensino. 111:i a ai ividadc· 1mnativa, portanto, rnrno um pro(("º
.d 11 m.1 Vygorsky, é aquele que se adianta ao desenvolvi 1nc:l'ft11i10, mas sim C'omo uma oponunrcladt· de a t11.111
111ento Os procedimentos regulares que ocorrem na es çn 1e~:tli1ar açõc'> que e5tao além de suas própria' <'ap:id
1ola demonstração, assistência, fornecimenro de p1s d~dt'.S, o qut• rnntribuiria p.ira seu cl<-scnvolvimcn1<1. Ao
' ~". in.struções são fundamentais na promo~·;to do 1mi1:11 a csnirn do adulto, por exemplo, a nia11ç:1 cs1i
" 1>11111 t·nsino" lsto é, a criança não tem cond1çõe\ de , ,ro111ewe~ 11clo o amadurc.·cimcnw de pron:sms clt• 1k-.i:11
111:1< <>rrt•r, soztnha, o caminho do aprendizado A u11c.·r v11lvimc1110 que a kvar:lo ao aprt·1Hli1aclo da i:si:1 i1a
VCll\~áo ele outras pessoas que, no caso espenf1rn cl.t A 1111\:tll de :11111a dt· clt•sc·11volvinwnto p111xi111:d é (1111
1·~111la, '•io o professor e as demais C'rtanças t' funda d:i111<·111al 11cs~a qut:.\lâo: \<Í (: pm,ivd ;t imi1:1\!lc1 de :1~íics
111rn1al par.t a promoção do dcscnvo lvmwn10 do 111 que: cs1!'111 clt:111111 ela 1.1111a de dc~c11vol\'1111<:111n p1oxi111~d
divid110
dn .s11je·i1n. U111 hchi'~ de dt / rm'e s I"'' e i111i1:11 1:xp1cs
r: 1111po11.1111c.· ck\latar , .1q111, () 1i.\ t0 dt· 11111.1 i111up1t ~ikS f':in :1is 011 gc!i111~. por c·xC'111plo, 111;1s M:11 11íve~ I di~ de
1.1\.111 ill\ll>f(lcla cl.t pO.\l\.io dr Vy1:111\ky s(' llllla 1111('1 .s(:11vnlvitrH:111 f1 11no lhe pc 111111< 111111~11 n p;1pd de " 111i
ptc 1.1\,ill kv1:r11a d.l\ pm1\c'1n dr 1'1111:11 kv1111, 1'1rq11r11 dico" i:111 d1: "li11il:11 i11:1", uu :1 i:i.uirn do .11 ltd11_1 . ;\ i1111
1:1çíin 1'•Cuk11u S<:1111ili;.rid11 cle:lil11:nul:1n1i,:1111 1111 ~t11111çi
<lores i11t(lflWf11f1 u1111 ~c1 1 \ i;1qc 1111s de 111~F1111Sil parn pil
de emi1111 .1p1c11di .1cl1111111111 fo1111 ;1de p1~ 1111i111 ~1
clul1P "..OU11 1n.111.~ .'~-1r11111~i1. CS ( Ili ~c111111 1q1111_1 ;11r1. c11111(lllC1o~~Ci~l
r.111 :111 de u111.1 f1111~.10 p"111l11gi1·a 1111 11ivd i111c1psíq11i1 n 1irq_u_11111111cs pt1111 1·1_1111111cc111k1 p1i11 r:s~11\ de 1 csc:11\'1_1lv1
(r\111 t, u11 .u1v1dadts rnk11vas, 'rn i,11\) par.1que 111,ti, 1.11dc 111(11111 \11 111vl, clr .11:i11:111 11pc•11:1s 1"11rnil 11lisc:l\':.1do1c
c''ª í unçao pudessc ser mtcrn.tl1ud.1 wmo .ll ivrd,1d c 111 d11 :111\111.111< \1"1111111•11,1, .1gi.1111 n111111 dc111c:11111s :11í,·1)
trapsrcológica ( rsto é, interna ao próprio 111d ivrduo) 1111111\1 0,1111.11,,111 d< lllll'l.l\olO '°' i~d. 111i\i1ar1d11 :1 i11tt:l\'Cll
Com relação à atividade escolar, é 1ntcrcssa11tc do t.t ~fio 111111111111111.1 dt 11ia1 lll.ltt ri.d de pcsqui.,a 1c·ln.11111
car que a interação entre os alunos tambcm provo<.1 111 Hss:1 111trr v1111..u1 cio poqui,,tdor t' frita 1111 st•111iclo clt dr
tervenções no desenvolvimento das crianças. Os grupos :1f'i:1r 11 \llJ<llll, 1k qut·,11onar 'U•l' lt''Pº'tas, p;11,1oli't1
de crianças são sempre heterogêneos quanco ao conht.•t r v:11 1111111> .1 11ll< rfrrtm ra de outra pt'''ºª afrt.l \l'll d1·st:111
mento já adquirido nas diversas áreas e uma wança mais 111111111 1, ,11h1t tudo, p.u.1 ob,ervar ,c.·us prmt'''º' P'i111
avançada num determinado assunto pod e contribuir pa 1(11:1111' < 111 1r.1nsfo11n.1~;io l' n.lo •l\K"ª' º' ít"\Ult•ttlo• dr
ra o desenvolvimento das outras. Assim como o adu lto , SC:ll clr\t"llllHllhO
uma criança também pode funcionar como mediadora H!i't p1rn «d11rn:nto de pe,qu1sa e ha,tame difere llll d .1
entre uma outra criança e às ações e significados cstabc q11d1 1111 qtK O l>l"'l\u1sador e apenas um ob-.crvador p.1,
tecidos como relevantes no interior da cultura. ~j,•,_1d11,ll)t1111 bn 1ern1os da pesquisa edmational 11111
Essa posição explícita de Vygotsky, sobre a imporcân 11~111p111.111c1, podemo' fazer uma ligação dessc' prrn nli
eia da intervenção do professor e das próprias crianças no 1111:11111-. u>rll a pe-.qursa ação, pc,qu1sa-111tcrvcnç.lo 1111
desenvolvimento de cada indivíduo envolvido na situa pesq11i,.1 pat11tqMnte na snuação esc.olar O pesqt11'•1cl111,
ção escolar, sugere uma recolocação da questão de quais 1wss11' m11d.tl1dadn de pesqu1-.a, n>lota-sc wmo t:lum 1110
são as modalidade!> Je interação que podem ser cons1de q11t· f.11 p.lltt da \1tuaçáo que está ,endo estudada 11~11
radas legítimas promotoras de aprendizado na escola. Se 1111t<11dt 11do tl'í uma posiçao de observador neutro ~1111
o professor dá uma tarefa individual aos alunos em sala 1~r111 1111 .1111b1cnte e os efrtt<>' dessa ação são. wm\11': 111
de aula, por exemplo, a troca de informações e de estra- r11:i1cri:il 1ckv..11Ht" para a pesquisa Como a s1n1•11,.l11 r ~
tégias entre as crianças não deve ser considerada como pro- 111\:11 l: um prmesso permanentemente cm mov1111t 11111
cedimento errado , pois pode tornar a tarefa um projeto 1~ :i 11:1mfor m.1~ao e Jll\tamente o resultado desq:ivd dt" '•I
coletivo extremamente produtivo para cada criança. Do procc:.'º· 111ewdm de pe'>qu1sa que permitam rnpt.tr 11.111•
mesmo modo , quando um aluno recorre ao professor (ou fr11111.1çi1n 'ªºos mc:·wdo'> mar'> adequados para .1 \K'l\11i,,1
aos pais, em casa) como fonte de informação para ajudá- cd111.1t 1011al A wntrrbu1ç:lo de Vygotsky ne"l' .l'pn 111
lo a resolver algum tipo de problema escolar, não está í~ t•x11t·tn.11lHIHt rtkvantt·
burlando as regras do aprendizado mas, ao contrário,
utilizando-se de recursos legítimos para promover seu pró-
prio desenvolvimento.
É interessante observar que, em situações informais de Brinquedo e desenvolvimento
aprendizado, as crianças costumam utilizar as interações
sociais como forma privilegiada de acesso à informação:
aprendem regras dos jogos, por exemplo, através dos ou- V111111\, .111H·1i1111m·11tt'. u>llH> V>gotsky 11ah:dli.1 u1111
tros e não como resultado de um empenho estritamente 1 1d11.1 dt que· 11a ,j111,11,ao n1 ol.tr .t 11Hcrvc11~ão 11:1 1111111
individual na solução de um problema. Qualquer mo de dcsc11volv11rn 1110 proxrrnal das nia111,"as ~<: d(i d1~ fi.11
dalidade de interação social, quando integrada num con 111:111111,1.1111< t dt l1h< 1.111.1. A .. 11ua1,"ão c~111br é l1.1s1:1111l
texto realmente voltado para a promoção do aprend11a r:s11111111.ul:1t:txpl11r1;1111t·1111·10111p11>me1id;11111n :i p1c1
do e do desenvolvimento, poderia ser utilizada , ponan 11111l.111 de p1111.c·s~11' dt: ap1<·111lindo e dt:_,t•11v11lvi1111~ 111ü
to, de forma produtiva na situação escolar. Vyg111sky 1nil>;ilh:11:1111hf:111111m 1111111111r11 cl11111í11i11 d 11
A postura de Vygocsky, no que cfo respeito :1 inter iidvid:idc: i11l\1111 il q11< 1<111 d:11:1s 1r:la~i1cS 10111 o dc~1~11
venção de um indivíduo no dc·st.·11vol v1mcnto cio outro , vulv 111w1110: 11 h11m111ltl11 C11111p.1n11h (11111 : 1 si11m~Po
cem conseqüências para M u propr10 p10n·drnwnto de· pc ' 11:1lr11, 1111i1 11flffi11 de h11111.1dci1:i pn11:i"1: p1:i1110 1~~ 11\11111>1
quisa Mutto freql1c·n1<·111rn1r V~Wll'~Y e \t' ll ' wl.d1111.1
d11t~ sç111 11111n i1111~0·:i cx pll1:11 11 11:1 pio111o~C!o de p1111 csFi5 M11s 11 lh 11 •k M~ r 1111111 .i 111.1~)11 i111 .11:i11:iri11, ,~, li1 ir1q1H
de cl csr. 11v1~11vi1111: 11111 . Nn 1~ 11n111111 , .:1 l11 i1;1p1cd111 r111tl1r.111 " '-..'e~ 1111. 1tl .1 ~ ni 1111111 111ivicl.1cl1 rct:11l.1 por 1c:gr:ts. M c~11 u_1
f1111 11111,1 11111.1 de cl<'.'IC:11volvi111<:11ro p111xi1nrd 11:1 ui(111çu , • l lt(I
Ili> lllll\'l' 11(1 .. ,.:11,•1C:•C11111.l
1 .. lil 1rgt.I\ que (1t VI 111 sc:1
1c11do <1101111t· i111lui1H i.1 <111 .\Cll cksc11volvi111c1110, c"Ott• ~cw11 d :i s . N11r na hr im .tele 11a ck ''t·srnli11h.1' ' por rxnn
f111111<· vt·rt·rnm a \t•gurr
pio , rc:111 lflH li .1v< 1 .tlunm <.'uma professora , e as .uivi
Quando Vygotsky dr5<.u1e o pape·I do hrmqunlo rc:krc:· 1fadcs a \t' tcm dc·\t nvolv1das têm uma correspondênua
'< e·s1w< 1fHamence a brrnrnderra de "fa1 de· 10111 .1", «>· p11;.e,o;1ahckuda w m aqueles que ocorrem numa escola
mo hrrrHàr ck castnha, brrmar de e\rnl1nha. b1111t.11 t11111 irai. N.to t: qualquer comporcamento, portanto, que é
um rnbo de vassoura como se fosse: um t.1valo '"'' rde 111:idvcl 110 ;imbito de uma dada brincadeira.
rênna a outros upos de brmquedo , mas a bnn< .1dt·11.1 d1 Srto Jll'l •trneme as regras da brincadeira que fazem com
" fa1 de-rnnca " é privilegiada em sua dt\ctm.w \ohrt o que a u1 ,tnça se rnmporce de forma mais avançada do
papel do brinquedo no desenvolv1menw qtr< .tquc·la habitual para sua idade. Ao brincar de ôni-
O rnmporcamenco das crianças pequenas e: fortcrnt'n lul\ , por exemplo, exerce o papel de motorista. Para isso
1c determinado pelas características das snuações rnrH r<· 1c rtl que tomar como modelo os motoristas reais que co-
tas em que elas se encontram . Conforme d is(U udo c 111 11'1c 1<' r rxtrair deles um significado mais geral e abscra-
rapítulos anteriores, só quando adqui rem a lrnguagrn1 111 fl•tlit a c negoria " motorista" . Pah brincar conforme
t' passam, porcanco , a ser capazes de utiltzar a r<:prt•scn :is regra,, tem que esforçar-se para exibir um comporca-
1açào simbólica , é que as crianças vão cer rnndrçõts ck 111c111<> s<.·mclhante ao do motorista, o que a impulsiona
l1bc:rcar seu funcionamenco psicológico dos elementos wn Jt•lla akrn de seu comportamento como criança. Vygotsky
1rciamence presentes no momento atual. Vygut~ky cxem cr l' l't-.C li ff11:l1l io11a um exemplo extremo, cm que duas irmãs, de
plifrca a importância das situações concretas e a fusão que 1.Í11w e sc:te anos, decidiram brincar " de irmãs". Ence-
a trrança pequena faz encre os elementos percebrdm e: 11:111110 .t própria realidade, elas tentavam exibir o com-
o significado: ''quando se pede a uma criança de dors anos 11111.1m<.·1Ho típico de irmã, trabalhando d.e forma deli-
que repita a sentença 'Tânia está de pé' quando Tânia 11crncla sobre as regras das relações ef){re irmãs . O que
c·sc:í sentada à sua freme , ela mudará a frase para 'Tânia 11:i v1d .1 real é natural e passa despercebido , na brinca-
<'Sta sentada '''. Ela não é capaz de operar com um s1gn1 de:rra wrna -~e regra e contribui para que a criança encen-
f1< ado contraditório à informação perceptual presente cb o universo particular dos diversos papéis que de-
Numa si tuação imaginária como a da brincad<.'1ra de \CllllH'llha .
"f.t1 dt m ota ". ao concrário , a criança é levada a agi r Tanto pela aiação da situação imaginária, como pela
1111m mundo imaginário (o "ônibus" que ela esta dirr clt li111~:i.o de regras específicas, o brinquedo cria uma zo-
g111do na brincadeira, por exemplo), onde a rnuação <' 11,1dt desenvolvimento proximal na criança. No brinque-
cld'1n1da pelo significado estabelecido pela brincadeira (o do .1 tnança comporta-se de forma mais avançada do que
t1111 h1" o mocorisca. os passagei ros, <.'t( .) e não pelos ele· 11 .l\ .111v1dades da vida real e também aprende a separar
111c•111m reais concretamente presentes (as cadeira' da'ª oh1c:to e '>ignificado. Embora num exame superficial possa
l;1 onde da está brincando de ôn1 bus, as bonet as, ('tr ) p;11u n que o brinquedo tem pouca semelhança com ati-
1\0 brincar rnm um cijolmho de madelía rnmo st fm vuLuks psicológicas mais complexas do ser humano , uma
\ <' 11111 ramnho. por exemplo, ela se relaoona mm o ,j~ 111áll'i< mais aprofundada revela que as ações no bri nque-
11ific~1do t·m questao {a idéia de "carro ")(' ruo rnrn o do ..,;;o i.uhordinadas aos sigrnficados dos objetos, concri-
.-1hjc:111 rn11c rt·to que cem nas mãos O llJolrnho d« rn.t · l111 i11 do d ararnente para o desenvolvimento da criança.
clcira ..e rvc corno uma representação de uma rtal1dack •I li Srndo assim. a promoção de atividades que favoreçam
.se111c e .1Jud.1 .1 u1ança a separar o b1c10 e· s1gn1frrado Cori,. 11 c11v11lvi111c1110 ela rnança em brincadeiras, principalmen-
111111 11111 fl•l\SO importam<.' 110 pc·ruirso <Jll(' a kv.ua .a 'n rc' 111111<·las qtH promovem a triação de situações imagi-
ellf >.tZ ele·. 1oriw no p<.·mamu110 .u lulto , clc·wrrH 111.11 \t' 10 11(1 11,1, , t< 111 11111da fun~ão pedagógica . A escola e, pani-
1 ~tl111c:11 1 c cl,I\ \llllaçú('\ w11< 1c·t.I\ O h11rH1uc-do pmv<~. ,,, 11d:i1111r1111:, .1 prc· nrnla poderiam se uulitar delibera
s1111 , 11111:1 si 111.1,.w de 11 .1mr~.l11 e1111c ,1 .1,;\o d.1 111.111,.1 c1 ~1111C · lc::.~1: 11po clt· SJtua~ües para atu ar no prm(·sso
ü>lll nlijc~lll\ 1orH1r1m 1· ·.11.1\ .1 çt1c:> i-11111 \li:11rf 11.11!11,
1fo 1k~ c: 11vo l vi 111< 11111 d.1' e11.111~.t '>
A cvolu~':io d :1 cs<:•i1:1 11:i c1·1 :111~·:1
pmí111l1111~ 111e , ,., 111í1111~111 cl1 "111c11ç:1s e 1.1 111.11111 cio q111
1q1u:I<: de q11e .1 ui:r11~:r e11mrg11i1ia k111hr.11 \t l >rpot~
A qu,·stao da <:voluc;ao da cst 111.111,1111;1111,.1 <' h.1s1.1111<· ele fie .11 1v11lc111<~ p;11,1.t111.1111,.1 su.t dilrurld tck t'lll 111<
tniportant<: no conjunto das rnlor.t<;Ó('S ck Vygorsky 'º" 11111111.11 111cl.I\ ·" st 111<'11\.t\ faladas, o expenmemado1 su
br<: desenvolvimento e apr<:ndw1do, por duas rató('S Em w11.t qm cl.t p.1''ª''" a "rs(f<:ver" as semenças, tomo
.1p1d.1 P•lla .t lll('lllorra A parur da observação da produ
primeiro lugar porque suas idéias .sobre: c:sse ttma .sao <'X
1, ,111 d< div1·rsa!> rnanças nessa sicuação, Luria delineou um
cremamence contemporâneas, surprtcndemcs, nwsn10
quando levamos em conca que foram produzidas ha •tpro pc11111'0 para a pré-história da escrita .
ximadamente 60 anos. A'< 11ant,as inicialmente imitavam o formato da escri-
Em segundo lugar porque sua concepção sobre a "' 1.1 do •t< luh o. produzindo apenas rabiscos mecânicos, sem
crita, enquanto sistema simbólico de representaçao da rc.1 11< 11h11ma func;ao instrumental, isto é, nenhuma relação
1 rn11 m <0111eúdos a serem representados. Obviamente,
tidade, está estreitamente associada a questões tcn1rars
essc 1tpo ele grafismo não ajudava a criança em seu pro-
em sua teoria (linguagem, mediação simbólica, uso de
1 nso ek memorização. Ela não era capaz de utilizar sua
instrumentos). Assim sendo, embora não seja uma qucs
cão muito explorada por Vygocsky em seus textos tsrn ptoduc;ao estrita como suporte para a recuperação da in-
tos, é bastante justificável que a língua escrita seja obje 1111 m.tc;ào a ser lembrada.
to de nossa atenção nesta revisão sobre suas conlep<;õcs
a respeito de desenvolvimento e aprendizado.
Coerente com sua concepção sobre o desenvolvimen hu:mplo11 de produção escrita de crianças não alfabetizadas
to psicológico em geral, Vygocsky tem uma abordagtm
genética da escrita: preocupa-se com o processo de sua " Rabiscos mecânicos " - imitação do formato da es
aquisição, o qual se inicia muito ames da entrada da crian rrna do adu lto:
ça na escola e se estende por muitos anos. Considera, tn
cão, que para compreender o desenvolvimento da escrita
na criança é necessário estudar o que ele chama de ''a
pré-história da linguagem escrita''. isto é, o que se passa
tom a criança antes de ser submetida a processos d<:lib(·
raclos de alfabetização.
Corno a escrita é uma função culturalmente mediada .
.1 1r1an1,a que se desenvolve numa cu lcura letrada está ex ~\\~~~
~~10\~~~Gt tG
pmr.1 .tm diferences usos da linguagem escrita e a seu for
111.110 rendo diferences concepções a respeico desse objc

:~1-t~~\" ~~~(
tc1e11l1ural ao longo de seu desenvolvimento . A prinu
p.cl eondrc;ao necessária para que uma criança seja capai'
de 11>111prcender adequadamente o funcionamemo da 1111
gtt.t t'st rna e que ela descubra que a língua escma e um
~i~1< 11"1,1 de signos que não têm significado cm si . Os "g •. -<D '{,~º~~\ {d\ f\-1\)~~
1111~ I< presentam outra realidade; isto(:, o que se esrrcv(·
,~yo-~
.11.IJJO\r~~'!\~~~~'"<D~~ \
1c111 11111,1 função instrumental, funciona rnmo um supo11<·
p:11 a a flH·mona e a tran.smi.ssao de ideias (' t orH cr 1º·'
r>111110 do vasw programa de 1wsqu1sas do grupo <k
Vn:o1skv, 111r1a for seu wlahot.tdor <1111· dcsn1volvc 11 o
<::.111cl11 <xp1·1111wn1,d 'oh11· o d<·sc11volvi111t·11111 d.t nni1 :1.
S11l1111.1\.t .1 < 11.111,.1, qtt<· 11,111 s;rlir.1111 11·1 1· n11rv<1 qtw
lllCllll>l!;-a~'< Ili lllll,t .s<~ lic ele Hiii< 11~.ts l.tl.111.l\ por dr l'rc:i :1 ( 11.1111..1 q111s c·~c:rc:vc:r : 1 <'SI c>1 t<'g.u l<>1 , J h.cl.111~.1
~ - 111 I'·' 11cpr1: •i. 1:11:1-1:in1: ~ . 1:111q111 de .1111.1
" M.ut .I\ 1opo~Ltf1<.I\ " di ,11d1111~,ll> cl11' 1q~ I Sll f1~ 111.1 lr1i:l í•S, 111(1d11111H ln, p111ê111 11 q111 l 111111dn1111 11 de " 11 H11
np.u,o do p.1pt 1 u 1s 111p11wMlc 1s": dis11d111n11 '<'" r11liis.:i:1s pd11 p•pcl,
p(1ssi liiliH1111lo 11111.1 e 11H·11r dt 111.1p< a11u·11111 d11 111[111:;.lril
GISL AINC .. r~ Avio
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'"~ s:1s lll.11 1'\IS ai11d.1 li.Ili''' º \IJ.:lll>', lll.l\ ÍOllHH' lll pi\t ,IS 111
~ dimc111 :11c:s qu<· pmk r.111 auxd1;u 11 .1 ret upt r.1c,;to d,1 i11
f'.-11111.1~!10
· :~
~~ n.1\ lll.11(.1\ topogrüf1tJS rnd1fert·nuacl.1s J l íl<lll<,.l P·''
s:1 .1 jllt<H upar \C cm pro<lunr t·m sua e\trlla .tl go qtH'
··~ 1dl11.1 ·'' dif<:renças prcscrHes nas sentenças falad.I\ 1'1 i
111c11a111< 111<· .ts d iferenças registradas s:lo forma is, 1dl1
'· 1i11d1111 qu<· lu11a chama de " titmo da fa la". 1s10 e, f1.1\n
"-
r11 11 ~t5 s;to rt·g1st radas com marras pequenas e frases 11111
a criança quis escrever: 1. balanço; 2 . Eu gosco de brin H·" 111111 marcas grandes. A !leguir a criança passa a dd1
car no balanço; 3. leite; 4. banana; 5. Eu com i bana 1r1111;11 pt'lo rnmeúdo do que é dito , preocupando st· <·111
na no café. ""' 111g111r quanudade , taman ho, forma e outras rarnl 11
11•111a' wnnetas das coisas ditas. "Uma fumaça n1t111 11
3. " Representações pictográficas" - desenhos estili za- pie 1.1 nt;I ,,u ndo da chaminé ", por exemplo. é uma \t n·
dos usados como forma de escri ta: 1c n~a 1rgt\t racla com marras ht·m pretas mm o láp1' "Nn
1<:11 liii 111u1tas estrelas' ' e regi strada mm munas l111h.1 ~
í~
, J
1! " Fi' um homem e ele tem duas pernas" com .1pn1,1
d1i:" l111has

.n
1
J Nc.\ tt ponto de seu d esenvolvimento a tr1ança J•I dcç
l_
1ohriu •t nett·ss1dade de trabalh ar com marcas d1fr1<·1111'
.,.;:/"'; \
clll \ lia t•s1ma , que possam ser relati onadas tom o 11111
~ J
1n11lo cio material a ser memorizado . A mança clt·\l 11
\ 111111, po1tanto , a natureza instrumental da csui t<t lk
fH>t \ cll\so , rnmeça a utilizar representações p1uogral11.1 s
1, "'º t', cl<·senhos Mas neste caso os d esenhos n:lo sao 111 i
111.ulos wmo forma de expressão individua l, rnmo .11 iví

---
----
~
,.-
d.ui< qut· st· enterra em si mesma, mas como 1nst ru nH 11
tos, tomo \lgnos mediadores que representam wfll< udo'
drt< 1r11111aclos Da rcpresemaçao pKtográfirn a t 1w1~.1 p.I\
\;1 .1 <'\t rua s1mból1ca, inventando forma s dt' rt·prt'\( 111 ~11
111fl11111a~1ks d1fice1s de serem desenhada, (por t'Xtmp lo,
11111 IÍ11ulo t•scuro para represen t.tr a no11t·)
~)· {~'

n
P.11.1 .1 t11an~a que vive numa cultura k11.1d.1 . <: se1:1
i '\
1 \
s11h11H 1111.1 .1 processos dt· alf.1bt111ac,ao , o prox111111 p.1 )~11
c:11 vulvt .1 .1\\1 mtla~;io do' flH"C.llll \ lllO\ dt r\1 111.1 ,i111hi'1
> 111.a 1.11h111 :d11H 1Ht d"1m111vt·" · l't o e·, o .1prn11l11.11lo d:1
lí11g11a <''1:1ita pwpr 1.t11H'lll <· d 11 •l
a criança quis escrever: 1 ônibus; 2. ócu los, 3. nw111
no; 4. árvore; 5. esco la, 6 rua , 7 dasse l.111i ,1 t h.1111.1 .11tnc,.w par .1 o lato dt· qur 1·"1 p< 1111 1:-0
1 l ~1 c11.1111,.1 11:111 ( 11111 11101<'\\0 111d1v1d11.tl , 111dc pc 11dc 1111
do l, 1111 x111 /\1111111 11.11 111 , 1111<·1.11:< 10111 m tl\m d.1 1111
Num n1vd mais avanc,.u lo, ,1\ t 11 .1111,.1' t·ont i1w.1m a f:i . 1 11.1 rSt lll ll q111 cl.1nh\11v~111 .1v 11l.11n11d1.111 ,1 111111 11 f~ 11
1

/(' f \ llLllS \t"lll 1d,1c,.10 111111 11111111111110 d,!\ \t llltll\,I\ 1\1· 111,1111 d r1q1iilo qw m ,1d11l1 m 1 li,11111111 de 1\1 111 1 1 u11 11
1~ b1111.11i'11 •de 11p1c11cli .1cl11 111 .11111111111 f'l'l11s q11;1is (~ l i! lnhü1Ptli:11cs, (lllC ~'"~ 1111111fii:n111 111 <.: 111 v!i1111S 11:1111!?1 1111 (1!
p;1ss:1 \,,1111 , p111 1·x1•111plo .11.11.111\.1 pode .1~~i11dl:1r l1c111 1clr1uo1 n11l1)S. Sc 11 p1111 1rnl11 1 11111: 1 cs~c p1 ~ hi ~:1~11c~c. 11111
1nln .1 drfntll\,t t·1111c dt,t11k11 l t'\lltvn <' 11:i111hcg:11 ~nu e c~ 1111111rn d1_•S p1rn: 1·s~o~ p~ 1111l 61-:i.-11s i.11111~iiü11•s 1
a ur rl inr a rcprtst·111,1~ao prnográfit a por 11.lo an~i1 :í -la vu11 11 11111-.1 111 c:rn 11p;1çl\11 111111 I< 111.1, 1l;í:,'lit'o\ d:i pskulu
lUlllo "tstma". Pode, tambt:m, st· soL1bt1 g r.1L11 k1ra' i;i:1, i"11111111H 11< ptJ11 , a1n11,.10 t 1nt·1111í1ia, 1111111:1 ahf11dn
mas amda não river compretnd1do a fun\~IO 111s1run1t•11 HC 111 q11i: 1!'1.111011.1dt,c11volv111H11to < aprcrnl11.:11li1, dn
ral da escrita, utilizar a mesma letra como marta nao d1 1111.:11i111l11 li\ lllll ,llll\lllO\ lll.l" l'lt'llH'lll<lll\ d.tljlH lt·\ 11111
ferenciada para registrar informações d1fercnm, (por ex<·m i;i:1ll ..1i1.11111,, lljlllólllH' llll' hunianm Nestt' llllll , dt l1m .1
pio , "A" para cachorro, " A" para mesa, "A" para d11 1e11111· h11 v< lllUlll' ,t, tdl'l<l\ dt· Vygotsky sohrt· l ' " ' ' 11
nelo ). Enfim. o percurso proposto sofrerá varia~õt•s rnn 111r1s ci;pn i'li1m , bus«uHlo artirnlá los mm os p1t'\\lllH"
forme a experiência concreta das crianças. 11.is fi (t:1il º' d.1 .1hmcl.1gt·m vygotsk1a11.1, d 1sn111da 1ws 1.1
Podemos supor que, atualmente, esse pen.urso e mais pÍtllloS ~llllll 101('\
difícil de ser observado em crianças urbanas de grupm No q11< ' < rt f(·rt· a percepção, a abordagem de Vygo1'~ y
culturais escolarizados. Em comparação com sujenos es- e 11:.1111.1d.1 no fato de que , ao longo do clesenvolv11m11111
tudados por Luria nos anos 20, essas crianças mgressam 1111111.11111 .1 pt'ílt'P\•io torna se rnda vez mais um prmt.
mais cedo na escola, são alfabetizadas mais cedo e vivem ,-, 111111pkxo que se d1stanua das de1ermina1,ões Íl\111111
em um meio onde a presença da língua escrita é muno .:1u1s dm (>t gaos se nsori.us embora, obviamente, tor11 1
marcante. Assim sendo, o sistema simbólico da escma 1111<· a h.1\l .11 st· nas poss1bilidades desses órgãos fi.,1111,
interfere antes e mais fortemente no processo de desen ·\ 111nl1.11,.111 \lmból1rn e a origem sóuo-rnltural do' p111
volvimento da criança. 1c11~11' psirnlog1cm superiores são pres~uposcos f uncl.1111< 11
É importante mencionar, ainda, que como a aquis1 1111s p.11.1 txplicar o funuonamento da percepção A vt
ção da língua escrita é, para Vygotsky , a aquisição de um sflo 1111111.111.1, por exemplo, está organizada para p1111 '
sistema simbólico de representação da realidade, também lu;r ltr1., q11t· revelará pomos, linhas, cores, movirm·11111 >,
contribuem para esse processo o desenvolvimento dos ges- p1of'u111lrd.1de, a audiçáo permite a percepção de som 1111
tos, dos desenhos e do brinquedo sim bólico, pois essas cl1f'c1< 111cs 1rmbres, alturas e incensidàdes; o tato JH 1111 i
0

são também atividades de caráter representativo. rsto te pcrn:hn pressão, temperatura, textura Os l1mtll'' d<'~
é, utilizam-se de signos para representar significados s;1s < d,,, dl'mais sensações são definidos pelas rn r.1c H 11~
" [ ... ] desenhar e brincar deveriam ser estágios prepara <J t.l~'GO lik \ 1i(:I\ do .qrnrato pcrtcpuvo ela espétie humana: não ('\
tórios ao desenvolvimento da linguagem escrita das crian 1"111.1111m ultra -.ons, como o morcego e o golfinho , 11.111
ças. Os educadores devem organizar todas essas ações e pc11 (hunos movimento na água com a mcileza dO\ p( 1
todo o complexo processo de transição de um tipo de lin - xi::; 11.10 \Olllm rnpazes de nos orientar no espa~o .1 p.111 ir
guagem escrita para outro . Devem acompanhar esse pro d e 11dorllla\ôt•s sobre temperawra , tomo as u>hr.1'
cesso através de seus momentos críticos, até o ponto da C> IH h( humano nasce , cmão, mm suas po\\1hrl1d:1
descoberta de que se pode desenhar não somente obje- d1 ' de· pt·Ht·p~áo cld1111clas pelas rnrauemuras do \1 \11·
tos, mas também a fala. Se quiséssemos resumir todas 111.1 \ll l\11r1al humano Ao longo cio de-.t·nvolvrmc·nto , 1·11
essas demandas práticas e expressá-las de uma forma uni- 11c1:111111 printip.dnwntt' atraves da 1111t111al11a\.IO d.1 1111
ficada, poderíamos dizer que o que se deve fazer é ensr :11agc 111 t· dm tlllHt'llO\ t' '> 1gn1f1rndos tulturalnH'lllf. de
nar às crianças a linguagem escrita e não apenas a esuua 11v11lvidm, .1 JH'llt'f>\ªº dt·1xa de· '>l'I urna H l.1\.111 di1 c1:i
de letras'·. t'llllf 11 i11d1vrdu11 t' o llH'IO , passando a \l'I ml'd1.11l11 por
111111111d11' 111l1111.11s
A,,1111, por ot mplo , <(ll.t1ldo olh.11110' p;11~111111 p;11 d1
"' 11lns, 11,111 vc111m " d11,I\ 101'>.I\ 1('(!1111d.I\, lig:11Lis 1:11111
Percepção, atenção e memória ~r p111 11111,1 111.1 111111111111.d t 10111 du.1' 111 ,1\ 111.1i' l1111g:1s
1111:s:is 11.1 p.1111· l.11< 1.d", lll.1'> vt·11111\, 1111nlr.11.1111< 1111 11111
p;u {k "' 11lm ls11111, 1111\\,1lt l.1\.111pn1rp111.d11>111111111111
As idéias básicas de Vygo1.,J..;y gt·r.1r.1m um progra111.1 du 11ft o ·< d.111111e11111" de .11ril1111m fl 'l i111 . 1.11l.1d11· 1111
de pesquisas, dest·nvolv1d." por l'I< p11íp1111 ,. por '<' ti\ n>· 1~ 11111:11n.·1 s de (1hj(:H1s fvn111" < \lt111 ~1"ics 1111111i1dos pd11
li11gu.1gu11 e· '<ttc·goruadm pda wltura A ÍUn\ào dos ow-
lm, as snua~ües rnncreca5 em que nos acoscumamos a in - produzir uma imagem do mesmo tamanho na m111h.1 11
ttrag1r com esse objeto, o lugar que ele ocupa nas ativi- tina, sou capaz de avaliar adequadamente o camanho 1ud
cfades que desenvolvemos habitualmente, são caracterís- desses dois estímulos por saber, previamente, o que e.· u111:1
ticas que vão interagir com os dados sensoriais que obte- mosca e o que é um avião. Percebo o objeto como u111
mos quando nosso sistema visual capta esse objeto que rodo, como uma realidade completa, articulada, e n;io
aprendemos a recon hecer como óculos.
como um amontoado de informações sensoriais. Isso es
cá relacionado ao percurso de desenvolvimento do ind1
víduo, ao seu conhecimento sobre o mundo, à sua vivênu;t
O mesmo estímu lo é percebido como número ou letra, dcpn11 l1 11tl em situações específicas. A criança pequena que chama
texco em que se encontra.
um cavalo de "au-au " não está sendo iludida pela in
formação sensorial: embora veja que o cavalo é maior que·
li! 13 14 o cachorro, que seu rabo é diferente , que seu focinho tem
outro formaco, ecc., classifica cachorros e cavalos dentro
de uma mesma categoria conceicual. Não tendo info1

A 13
Se não conheço a escrica árabe, uma sujeira no papel pode ., 1 1
e 010 1
mação suficiente para fazer uma distinção precisa entre
esses dois cipos de an imais, percebe ambos como seme
lhante'i, equ iva lences.
O funcionamento da atenção se dá de forma semelhan
mo um sinal relevance. Um árabe, por sua vez, distingue 'lllª" 11.d1.-f11 te ao que foi descrico para a percepção. Inicialmente b.1
irrelevantes no papel.
'cada em mecanismos neurológicos inacos, a atenção vai
gradualmente sendo su bmetida a processos de conuolc
voluntário , em grande pan e fundamentados na med1.1
\J.O simbólica . Os organismos estão submetidos a 111H 11 ·
\J. quant idade de informações do ambiente. Em tocLts .1,
at1v1dades do organismo no meio, entrecanco, ocorr e u111
prmesso de seleção das informações com as quais vai 111 -
1eragir: se não houvesse essa seletividade a quantidad1·
de 111formação seria tão grande e desordenada qut' scr 1.1
1111possívcl uma ação organizada do organismo no mun
do Cada espécie é dotada da capacidade de sekção d<
n1 1mulm do ambience que é apropriada para sua \ohr<
v1vcnua. O bebê humano tam bém nasce com nwrarm
rnm de atenção involuntária: estímulos mu1to rntt·n""
(wmo ru1dos fones), mudanças bruscas no amb1cntt', oli
(escrita árabe) tl •m <'ffi movimento, são elementos que. invanavclnH 111<
e 11.1111.i.m J atenção de uma criança
Ao longo cio clesenvolv1mtnto, o 1nd1v1duo Pª"ª ;1 \1:1
e .qi.11 dt• d1r1g1r, voluntanamt·nte, \llà aten~.w p.11.1 ck
111< fito\ do amh1c.·n1t· qut· ek tt·nha dd1111do tolllo 1c:k
A P<'nep~·ão agt', portanto , num ~Í'>ttma qut' <·nvolvc
outra, fun1,õe' Ao p<.·rccbermos dt·nH:nto, do mundo v.1111<·' A 1<.'lcvânrn1 dm nhjt·1m da a1cnção volu111.111.1 cs
1,11,1 l< l.111on.1d.1 .1 .t11vu l.1dc dncnvolv1 la pc lo 11ulivíd1111
1cd, fa1cmos 1nl(·rêrH 1.1\ bawad.l\ c·m w nlwnrn<·nto, ad
e :111" 11 \lg11 1f11 .11 lo, \C'lldo, port.tllto, 1om11111<l.1;1011111°
qt1rr1dm P•<·v1.111w111 c l' <'Ili 111(111111.1\oc·, \ol>rc· .1 \ltll.l\.ICI
p1C'\< llf« llll<' IJH< r.1 11d11 w; dacl11, P< 11 <J>lll,11\ .t h11 dr 1111 B•J d. ele 11 11v11lv1111r1110 do rnd1v1d110 e 1111111<1.1~!if1 f111H
c1 111<111 r111 q11< viv< """"· p111 <x< 111pl11 11111:i (1ir111c:í•
fiel\ co111n1dm fl'hol111:u115, 1:111'1111.1 11111.1 111mc,1 /IClll\,1
r°j u1p.1i de ((11111:11 11 ,11 \t 1.1 :t1t1H.11111.1 1111111111çfíu de~ 11;,,
clu 110 v1cl111 cl.1 1.1 11cl .1e 11111 r1vi111 .111 l1111v1• 11 .. • . . . . . . . . . ·-
11111\C l·..1t1d11: 11111 !1d1ift11 cllllJ:< ~ ~ 11:1 : 11 1~ 11~:11) jl.11 :1
,tflll.tt11 ~h1111111c;111c p1cw 111e 1111s 1k 1c1111l11 :11~1i1,~s 111f11 1111 <ln 111n,1
n 11.d1.ill111 que- 11 ..tli:1:1 , '<111 w cll\11.111 111111 1.1cLr t11q11c 111 ~1110 d1t C5 pc\:ic~ li11111:111:1, !i lllj•ll1cl11n1111011_111H'(liÍ ~ !ll! 1i
11:1 m.1qu111.1 d<: nnt·vcr d.1 pn'º" quc 11ahalha .1 '<'li belo. d:1 i 11fh11~ 111. i:1 cl11c1 :1 dus r:.lÍ11111l11• cx11; 11111~ s1il•1c rn 1ii
Podemos retomar , aqui, um exemplo uul11ado 110 t .1 .1i,•í1li111s 1'111 1:xc1npl11 11 l>c IH qu< fl1i 1111wi11w111ofi d
pítulo 2, referente ao experimento das "palavras pro1b1 litll Çfif1!Ili vc 1 \ll.I lll!ttll.111111.1 nl.t l<':tHi11.lo di11•t1l11lf,' lll
das", em que as crianças deveriam responder a qucsifk, l 11111111.111< i1.1<1111111 n11111ulo b.w c.,1itn1il11prod111, 11 1ú1
sobre cores. Os cartões coloridos, fornecidos ptlo exp('t 1 ~íli1 cl< \lll\.lO pc lo l.110 ele· 1t.1ve·1 11111.1 lc 111111 ;111~;11 d;1 11.1
meneador como auxílio à carefa, servi ram wmo inst ru 11cxíl 11 111.1111.Hk11a I ato de: mamai l 1x•1< l.1 11;1 1111"~ 111él1 Li cio
menta para ajudar a criança a, voluntariamente , focalr 111 I>< A 111c·111011.1 natural, na c:spn 1< hu111.111.1 , e~ ~i: 1111
zar sua atenção nos elementos relevantes da tarefa (1sw 111.11111 .1Ili(11\Ó Ila t'XISt<:nle nos OllllO\ .1111111.11\ f( f'< I< '•~(
é, os nomes das cores proibidas). Como vimos na desui :111 11 ):l\lro n;lo voluntário de experrêrma,, que pu1ni11

ção desse experimento, a ajuda externa para a organiza 11 ,111í111ulo ck 111formaçoes e o uso dessas rnfo1111.1~m' 1111
ção da atenção voluntária é substituída, com a passagem 1no11H 111m pmtenores, na ausência das "lll•U/>e'' v1v11bs
lllll'l IOl lllC'lll('
para níveis mais avançados do desenvolvimenw indivi
dual, por instrumentos internos: os adultos podiam dis- A 11H·111011a mediada é: de natureza bastante· dif<:rc:11
pensar os carrões coloridos porque já haviam internaliza- 1e H< f<·r r '<:, iam bérn, ao registro de exptrtt'rH ia, p:Hfl
do formas de controle de sua atenção. 1n Lrpc 1.11.,.lo t J.Jso postc:rior , mas inclui a açao voluru.iri:t
d11 111d1v1duo no srntido de apoiar-se cm clc:m<:ntm 111<
Apesar da aquisição de processos de atenção voluntá-
d1.1d111n que· o ajudem a lembrar-se de contcudm t \I H
ria, os mecanismos de atenção involuntária continuam
eif11m A rntmiíria mediada permite ao indrvrduo <011
presentes no ser humano: niídos forres repentinos ou mo-
t1e1L11 \C'll próprio comportamento , por meio da u1ili11
vimentos bruscos, por exemplo, continuam a despertar
e.to ck 111,11umentos e signos que provoquem a lcmh1.111~.1
a atenção do indivíduo . É interessante observar, entre- cio 1or1tc·udo a ser recuperado , de forma delibcrad.1 \•
tanto, que até mesmo a atenção involuntária pode ser me-
:;irn , voltando mais uma vez ao exemplo do cxperi111c11111
diada por significados aprendidos ao longo do desenvol-
ela s "p.davras proibidas" , vimos que as crian~as u1ili1.1
vimento. Quando escucamos nosso próprio nome, por
v:1111 m rarwes rnmo signos externos para ajudá las .1 lt 111
exemplo, reagimos imediatamente, focalizando nossa
1>1.11 quais os nomes de cores que, de acordo com ,1, rc
atenção de forma não deliberada. Isto é, o nome próprio ,
por ser carregado de significado que indica a referência gra' do iogo , nao podiam ser faladas .
a um indivíduo parricular, provoca uma reação semelhante Os grupos humanos desenvolvem inúmeras forma s ele
àquela despertada por estímulos repentinos, como uma 111il11;u;üo cl<: signos para auxiliar a memória: calrnd.lii11'
porra batendo, por exemplo. Do mesmo modo, é comum age nd.l', listas de compras, ett. Com o U'><> cksst·s "J.:'H"
vermos crianças que desviam sua atenção de outra ativi- .11.1pa< 11!.tdc de: memoritação fica s1gnifirn1 1vanw111c .111
dade para, quase automaticamente, olharem para a te- 11H ntacl,t t' 'ua relação com conteúdos wlturais e pu1
levisão quando aparecem determinados comerciais de sua 1.11110, wm processos de aprendizado, frrn daranw111<: cs
preferência. Neste exemplo , a atenção involuntária , isco 1.1ht'ln ida Com o desenvolvimento lm1<>11rn rnh ur:d 1.1
é, não controlada de forma intencional pelo próprio su- '< 1 ltumano dc.·senvolvt , portanto, moclm dt' 111 tl11!1«;fl11
jeito, também está sendo mediada por significados apren - do rnt·rn111Smo da memóna qu(· dist.11H iam \C'll clt" 111
didos. <11110 daquele ddrn1clo pelas formas natur.tis dr 11111
11011.11111111<> P"rnlügrrn
Com relação à memória, Vygotsky também trabalha ., ,1 1111w11í1;11 I· 111t!'l<'~'.1111t nH'rHron.11 um exemplo fu 11c 111q111: 111
com a importância da transformação dessa função psirn I< gt.t °' tti·s ptmt'ssm psrcologuos drsn111dm 111·,1.1 '< '.~~ í1
lógica ao longo do desenvolvimento e com a poderosa in
p<·tc <'pt,.lo, .111 ni,.1o 1· llH'rll01t.1 rvrdt 1111.111cl11 , ju~
fluência dos significados e da linguagem. O forn prirH i.
1.1111< 111< . •1 '11111l.111daclc· dm llH'Ltnrsmm cl< ,1·11 l11111:iú
pal de suas discussões é a distin~·ão entre a memória "na
11 ,tlll< 11111 e !IS CSll< Ít.I\ l!'l.11.,fH'\ ('11(1( <I<' lJ111 i11divicl1111
tural", não mediada, e a nwmo11a nwclrada po1 \igno, ( ' ' 11it1lt:t11cl11 j>lll 11111.1 lortg,1 ltl ,t, pt11t llf,lllcl11 tllll ~I
A mem ória não mc.·di:1cla, .1,.,,,11 <01110 a pertt·p~.w \til l.11111(11i:1 11111k j.1 (\((V( 1111'.t V( I V.11 11111.1111111 p.11'(1 tfl
\Orial e a atenção 1nvolu111 .111.1 < 111,m !'11·11wr11.1r . 111.11\
dm 11s cdiflc111 clm d11i' 1:1110' cl.1 111.1 . 111,1\ \11.1 1111'111 n11
1 ,
I C .-11lt111id ~ p:tll C C~SClll.tlll ele ~11~1 p111p11.1 c11llSlllllÍ\,i\O
('la ddtl>< 1.11 la111 c r11 c fm altzada 11.1 htr\l .1 cl< t1111.1 dc·u ·1 1'11(1'111'110 p<!S~fl:1 , J11111pí1)~tvd pc11s.11 11 •e r l1t111lf11111 lllÍ
rntna<la farmaua . Isto (-, nao e q ualq ucr n l riu 10 11.1 r11:1 \'(1d11 dci collt~tlll .-.-1111 11111 ~lltpO t ultur.1\, que lhe fi)llli
que chama sua atenção: as casas, lojas e pr<:cl1os "w uma i:1·1ú .-is i11s1 111111c11111s t ,ignos qut Pº''1b11i1.t1rto .-, dc~1:11
espécie de .. pano de fund o". no q uai vai ~e cbtarnt ,l vi1lvi1 11c111 11 das ~111vHl.1dt·' P'1rnlóg11.1' 1m·dwl.1o;, iipic1
farmácia que está sendo intencionalmente procurada . !'.> u.1 111e111< hu111a11a'> O .tprencl1z.tdo, nc:sta to1Htpc,:i11 <- 11
atenção voluntária está fortemente relacionada wm os nw "º
111 .-11 < 1'11111Lunt·mal para a tonstrução elo ser lnun.11111
canismos de percepção e memória, também mediados por O dr" 11volv1mt·1Ho da espt-ue humana e do 111d1v11h111
significados construídos ao longo de seu desenvolv1men 1kss~1 t 'pt·1 1c t''>ta, pois, baseado no aprendizado qm, P•" ·'
to. Os elementos observados na rua não são um amon VyH111sky. \t'lllpre envolve a intcrfcrênua, dtrt'ta ou 111
toado caótico de informações sensoriais: organ izam-se em di11; 1.1 tk outro'> 1nd1víduos e a reconstrução pcs'>o•d d.1
estruturas reconhecidas e rotuladas por nomes correspon cx pc111·m 1a e dos significados.
dentes a conceicos ("casa", "açougue", "padaria", etc)
Sua lembrança da farmácia não é apenas uma imagem
mental diretamente gerada a partir da experiência com
cal farmácia . Está mediada pelo próprio conceito de far
mácia (que o auxilia a focaliza r a atenção apenas nos ek
mencos relevantes da paisagem) e evencualmeme por ou
eras informações paralelas, tais como: "cem uma árvore:
na frente " ou "e perco de um prédio grande".
O indivíduo sabe , então, que o que está procurando
é uma determinada farmácia. A rotulação por meio d a
linguagem e a relação com um conhecimento anterior-
mente possuído dirigem sua atenção e sua memória de:
forma deliberada, orientando sua percepção e facilitan
do a realização da tarefa . É interessante observar que os
mecanismos mediadores utilizados no caso em questão
neste exemplo são mecanismos internalizados. Isto é, o
indivíduo não se apóia em signos externos, mas em re
presentações meneais, conceitos, imagens, etc., realizando
uma atividade complexa, na qual é capaz de controlar ,
deliberadamente, sua própria ação psicológica, através de
recursos incernalizados.
Vemos assim que , para Vygocsky, as funções psicolo
gicas superiores, típicas do ser humano, são, por um la
do, apoiadas nas características biológicas da espécie ht1
mana e. por outro lado, construídas ao longo de sua his
cária social. Como a relação do indivíduo com o mundo
é mediada pelos instrumentos e símbolos descnvolvtdos
no interior da vida social , é enquanto ser social que o ho
mem cria suas formas de ação no mundo e: as rela1,ón
wmplexas entre suas várias funções ps1colüg1rns Par,,
de"·nvolver-se plenamente romo ser humano o htHlH'!ll
m·tessita , assim , dm rnc·ta111,rnm de :1pn:nd1zado que 1no
vrmt·ntaráo S('ll' (>fO( ('"º' dC' clt'\t' llVOI Vtfllt' lllO
Na 101Hrpc,.111 <111r Yygt_1tsky 1c:111 cio'< r 1111111;11111 por
do 111divíd1111 1111111 d 1 rc1111 i11.11 l11.1111h1<11
1.111111 , .1Ili '( 11,.10
N .111 ,- 1p 1 11,1 , .1 p ;11111 cl11s ,1cx1 m d1 Vy1:111, 1. y q w~ p11
dtlllO \ (('f ·lll\\() •• \lJ,I\ (Ofl1<p~1)n i\nl\ lfl l)c111 1.:i .-k1 g111pü cliJ fül.d1111.11 l111c·s d1 Vyj~111~I:)', Uiii11
l.1boradorc:s rnnun uaram, ckpol\ ck \U,1111011c·, .1dnc11 foj flllC~ITI 5C dcilifflll 111:1Ís ÍlllCll\,olllCllll ,111 c:S111.J(t tJ
volver investigações fundamentadas no' fH<.'\\llJ>O.\ lm h.1 f'1111~;'11~~ fl.\Íú1fi~HÍl'l1~ 1d11d1111.11l.1' ;111 SÍ\lt' lll,l llCI V11§0 {(.li
srcos de seu pensamento e a produzir vasto m:uc:rral C.''>trrm 111d, 10111a11cl11 'r 11111lin ido <0111<> u111 dm 111:.is i111pt•r
que nos permite aprofundar os vários aspeCLos pre.\en1 c·, 111111c:s 11c: 111np,11c1lo~m ck todo o mundo O prt1prk1 l,11
no programa de trabalho do chamado grupo de psr(ófo riu w11sidr 1a queª' 1nv<.'st1gaçôc.·s ck Vygo1sky 'º"'e 11
gos soviéticos. 50<:~ 1( 1( hr.ti\ , p<.'rturbaçôes da linguagc.·m (' orn.111i1.11ç!l11
Como forma de explorar os desdobramencos das pro de: f'1111~<W' p'rrnlog1cas cm concl1çõ<.'s norm;m t ~11wr ·
postas de Vygotsky na obra de seus colaboradores, abor 11111;, , rctl 11;tclas na ckcada de 20, "lançaram ,L, ha'<'' p:i 1:1
daremos, neste capítulo, três aspectos fundam entais desse.· 11111.1 nova ar<.'<1 da uênoa, a neuroprnolog1a, quc· ,<) 11
programa de trabalho : fCfll< 111c.·111<.' s<.' estabeleceu" e que suas 1dc1as sohr<' .1111
~.11111.1~.lo c<.'r<.'bral "agora, trinta anos depois ela n1011 c
• o funcionamento cerebral como suporte biológico do
funcionamento psicológico; do ,llllO I , incorporaram -se completamente à Uêllt 1.1
111111 l<-r ru ''.
• a influência da cultura no desenvolvimento cognitivo
dos indivíduos; 1k .1cordo c.:om o que já foi discutido em rnpítu lm .1 11
• a atividade do homem no mundo , inserida num siste- 1n 101n, um dos pilares do pensamento de Yygot,ky <
ma de relações sociais, como o principal foco de interes- 1 11lr1,1 ele que as funções meneais su periores sao wm
se dos escudos em psicologia. 1111í1hi' .w longo da história social do homem . Na su.1 1<
l :1~:lo mm o meio físico e social que é mediada pdm 111•
1111111<·11tos e s1mbolos desenvolvidos no interior da vicl.1
i111.d, o S<.'I humano cria e transforma seus modos d< .1~.10
11111111111clo É justamente essa visão sobre o func1orw111 11111
p~11 olo~rrn que es~á na base das c~ncepções de Vyg111 ;ky
A base biológica do funcionamento ~ rnpc·110 do func1onamenco do cerebro: se a h1s1ür 1.1 •11
psicológico: a neuropsicologia de Luria c1.d ohic·tiva tem um papel crucial no desenvolv1111111111
pS1wlóg1rn, este não pode ser buscado em propr1ecl.1d1 ,
11111 til ais do sistema nervoso. Isto é, o cérebro e um sl\t 1
111.1 .1h<.' rt o, que está em constante interação mm o nu 111
< q11<' tr:tmforma suas estrutu ras e mecanismos ele.· 11111
111>11.lflH' ll to ao longo desse processo de intera~~to N.-1<1
pock1110s, portanto, pensar o cérebro como um 111.1'"'<
frrhaclo, rnrn funções pré-definidas, que não se altc·r .1 1111
p1111 c's\o de· relação do homem com o mundo

í: i11tc rc·,sant<' observar que , em nenhuma espc·uc 11111


111.d, o modo ck full(·ionamento <lo organ1Smo c.·s1:1111111
plc:1.1111u11c· <.'\1,tbdernlo no momento <lo na\C.tm<.'nto Hr11
101.1ª'1.1ratt<.'mt1rns d<.' <•tela <.'spéue dcftnam l11n111:s e
l""~ihil1cl;11ks para o d<.'s<.·nvolv1mt•nto dos orga11i"''°" i11
d1vicl11.1is, c·xis1t· \<.'lll(>rt' ct·rta fl <.'x1bdrdaclt', u111.1 p11ssi
l11lid.11k ck v;11 1 .1~.io nm w111port.tlll<.'ntos 11p1<m 1b e~
pr1.1c· I· ""' qm ~.11.1111< .t c.1parnhtdt· dt· acl.tpt.1(io d11
liC ICli vivos :1 :1111h1c ntn divu'1f1 tado~ t' po11.111to , 11 p1 11
1cssn cl1· 1•vol11,.10 cl,1., t\I H'llC'\

tll~ \'illll/
I'\ csp1111 1111111.111.1 t 11111a n pt1 u· .111 i111:d '"l"'
111drv1
d1111S 1111•.1r111 11111 i111 potrc o prq1.11.11lm p.11.1 .1 '11h1c vivê 11
( l !Jll.:, l f.I
d:1 iinccli>i1r1: .-, 11•fé111°11,1,111l11. e n 111111 l.11111:1110 :11é 1111 N
cl111.) Hllf>S cl1~ vicia, clc~ pc11clc· 111 1n1 :tl111c:111c cl1:is 11iicl11elo 101111111 idl!i;1 d11fü11q•kx1d(1d1~ dos ~1 s 1u1111 ~ f1111i 1011i1i ~ <Ili
de· adultm p.11.1 su.1 'ohrcvivê11< i.1 . Frn I< 1111115 cln clc:;c11 .t i1i>:•:111 : 111~;d1~,:1~no 1l css;1 s1~11dl1 ~ . U111a pcs~oa poda; 1
volv1rncnto ps1rnlõg1rn isso significa que o orga11i,11111 liu - pc1111lc1111111·1:1111<:111 e q11:111111 é l 'i ·t 7, por cxe·n1plo, rn11
rnano nasce murro "pourn pronto", isto é:, wm rtH1l1;1~ 111111_h1 1111s dtdns, f':1~1· 11d11 11111 dl1ulo111< 111.d, 11 s:111cl•J 11111;1
características em aberto, a serem descnvolv1<las 110 rnn · 1níi q11i11a de~ !'ah 111:11 , l'111c:11do a opc·ro11,;10 w111l(ip1se1m
caco com o mundo externo e, particularmente, wm m pd 1111 :.i 111 plc·s111c11 te· lcn1 hra ndo·st· de uma i11 fo111111~no
outros membros da espécie. Essa imacurtdade <los org.i 16 :11111.11c11ada antt"rio1mcn1c: t'lll sua rncm(11i11 . 1 f(i, il
nismos no momento do nascimento e a imensa plasuu i111.1g111a1 101110 1.tda um•t dessas rotas par.ta solu~.111 de
dade do sistema nervoso central do homem escão fone- 11111 111t:'1110 problema mobrlrzará d1frrcntt's partt' de .n1
mence relacionadas com a importância da história da es- t1 p :11 ~110 u1g1H11vo e. portanto, de seu funuorunit·1110<1
pécie no desenvolvimento psicológico: o cérebro pode se rehr:tl . (muar nos dedos impl1ra uma auv1dacle mo1111 :1
adaptar a diferences necessidades, servindo a diversas f un- que c,1.1 au"'tHe nas oucrns estratégias , usar a nüqu11w
ções estabelecidas na história do homem . de: 1,d1ular exige o uso de uma informação "téurna" ""
Uma idéia fundamental para que se compreenda essa h11 o uso da máquina; lembrar de um resultado p1Tvi:1·
concepção sobre o funcionamento cerebral é a idéia de 1111111c· nwmorizado exige uma operação espedfira l1g:1·
sistema funcional. As funções mentais não podem ser lo- d.1 .1 rnt·rnüna, e assim por diante .
ca lizadas em pontos específicos do cérebro ou em grupos A rrH:r.t listagem desses pro(edimento~ t·v1clcnua a w
isolados de células. Elas são, isso sim, organizadas a par-
1u x.\11 11H11rnt que existe entre o desempenho de tarefa s
tir da ação de diversos elementos que atuam de forma lii;:u las ao funtionamenro menral e a in~erção do indivi
aniculaJa, mela um desempenhando um papel naquilo clun num wntcxco sóc10-histórirn cspecífüo lm1nrn1< 11
que se constitui como um sistema funcional complexo. ws e· .símbolos rnnstruídos socralmente definem qu;tl\ d.1•
Esses elementos podem estar localizados em áreas dife- 111fi11d;ivc·" possibilidades de func1onamento (erebral '< 1111
rences do cérebro, freqüentemente distantes umas das ou-
tras. Além dessa estrutura complexa, os sistemas funcio-
de t ivamcmc desenvolvidas e mobilizadas na execu~.i11 cl1
11111.1 cena tarefa: o caminho percorrido pela opera~ao 11.1
nais podem utilizar componentes diferences, dependen- li .1d.1 mm lápis e papel , por exemplo , seria 1nexl\111111:
do da situação. Numa determinada tarefa (por exemplo, 1111 <OllJUlllO de sistemas f umionais de um membro de
a respiração) um certo resultado final (no caso, suprir os
11111.1 sot ieda<le sem escrita.
pulmões de oxigênio, o qual será posteriormente absor-
vido pela corrente sangüínea) pode ser atingido de diversas Podemos retomar aqui um exemplo mencionado 1111
maneiras alternativas. Se o principal grupo de músculos <1 UJHI 1 (1 J) 1,1p1tulo 4: um indivíduo que vive num grupo rulwr.il
que funcionam durante a respiração pára de atuar, os mús- qm nao dispõe da escrita jamais será alfabetizado 1\111
culos incercostais são chamados a trabalhar, mas se por e\ embora , enquanto membro da espécie hununa , dis·
alguma razão eles estiverem prejudicados, os músculos ponli;t d.t possibilidade físira de aprender a lt-r e rn 1e·
da laringe são mobilizados e o animal ou a pessoa come- vr 1, t''''t possibilidade só será desenvolvida rnmo um 11111
ça a engolir ar, que então chega aos alvéolos pulmonares 1111 ·k fum 1onamento psicológirn por sere~ hum.11w' q1H
por uma rota completamente diference. A presença de \ 1va111 c·m soucdades letradas. É importante ckst a< ar <I'!'
uma tarefa constante, desempenhada por mecanismos va- c:~Sa diÍ<.'rença f unuonal nao ~e reílcte cm d1fcrc·1H,.I\ f1 1i
riáveis, produzindo um resultado constante é uma das ;1s 110 l'<.'rt'hro humano enquanto ~1Stcma alwrto, o < i
características básicas que distingue o funcionamenco de 1duo t'\t.t, Jll't arncntc, prcJ)arado para rcalt1.ir h1111,.<)< ;
cada sistema funcional. .tive"'"· cl<.'pc:ndcndo dos e 1Ít'rt·1Hc'> modos ele· 111\c ·~·'º
O exemplo acima mostra como até mesmo uma tarefa do liollH'lll 110 1m11ulo
básica como a respiração é possibilitada por sistemas com h-.,.1 wmtp~.ln d.1 org.11111.1~.10 ct·rchr.d 101110 \t11d11 h.1
plexos, que podem se utili zar de rotas diversas e de difc q:a d.1e111\l\tc111,1\ lum 1w1.ll' qu<.' \(' 1 ~t .tlH'ln c·111 11.1 l11s
rentes combinações de seus rnmponentes. Quando prn 1(111.1 do 1101111111 \llpiit' 11111.1 01g.1111z.t~•lo h.1\11.1 d11 1t:t<
samos em tarefas mais dis1:1111 t''> do funcionamento P" 1 1111111.11111, q111 ll'\lllt.1 d,1 noh1~.111 d.1npn1c 1, 111 i,
cológico básico e mais l1g.1d." .1 t<'l.1~.io do indivíduo <0111 ,1 1d11 1d .1 pl.1\1111d.11lc I<' 11'111.d li.Ili \lj\llrf 1t ,1 f.il1.1 cl1 e•
o mt'io soe iowh111.tl onde· e Ir vive , 111,11' l1111d.111JC·111.tl \C 111111111 , ,-111t S .1111111111.11111, 1111pl11 ,1,1 p1n1 t1\.1d e; 11111.1 '"
1111111 ·1 l1."l\H 11, fú1n ,, f/lt;il (l ic"b 111!)11111111 tb C5fWCIC,) n;c\
rc~ e .1 p.111i1 cb q11a/ '<' c'c.d1<ln<l'!°iC1O'i111f1clc1s de: 11111
c:in11;1111c·1110 do ·"''<'fll;t 11c·1vo,o <c1111:d . 111:1111 i.111c:11 ,:1ltl0 ôpr 1!11 ~ 11.111111111, q11.1111lo 1111,1 wídu I011
t_lll\'lclt1 CI \1 1/C 1111 ft11·:cft l H , 11,1.Il i 11,,111 11,1 f(llllt_l dü l[li
d11 , ft1!thif11.111cl11 'I jl.11\l lf,IJ~jl ,111111 t'Vt'lllllitl {H~1:1111 ('(i ·
1111 lllCI lllll\lt.11111 () \l\ll'fll,1 llt'IVO\() (0111.1, Ct1tiii:1 il}fft 1

<:>'ª 101111.1 dt rn111ml< \oba· "'li p1op110 111vcl de 11IÍ\11


cl.ttlt , "que· lhe.· da wnd 1~ao d<: lurHronamc '"" .ttkq11:1
do dcpt·mkndo d.t s1tuaçào em que o org.urnnw 'e c11
ltl fl(I(

A ,c·gunda unidade de funcionamcmo cc.·rebr.d é ,11111i


d.1ck para reccbimenco, análise e armazenamento tk 111
form.içút~ Essa unidade é responsável, rniualmc.·n1<·, JH l.1
1n t p~;io ck informações sensoriais do mundo ext<·rno .111.1
vh dm órgaos do~ sentidos. Trabalha com infor111.1,oc'
npn 1f1tas, como por exemplo, na percepção visual, w 111
pontm luminosos. linhas, manchas. A segu ir essas 1111111
111;111oes s:io analisadas e integradas em sensações mal\ rn111
plt·x.l\ , rnnstituindo objetos completos (cadeiras, 111< 'ª~
t~lt ) Depois sao sintetizadas em percepçôes atnda m:iis
e omplex<lS qut cnvulvun, simultaneamentt, inforrn.1çt11
das varias modalidades sensoriais (visão, aud içào, 1a111,
e 11 ) Assim se dá a percepçao de cenas, eventos, \li 11 f1
~c'Jt'' que se desenvolvem no tempo e no espa~o l 111:l11s
essas informações, das mais simples às mais rnmpkxns,
11:io ;trmazenaclas na memória e podem ser u1il11acl :1s c111
,j, 11.t\üt·s posteriores enfrentadas pelo indivíduo
Luria aprofunda, em sua obra, a questão da estrutura A 1erte1ra unidade postulada por Luna e a u111tl.11l1
básica do cérebro, distinguindo três grandes unidades de p:ira programação, regulaçào e controle da .1t iv1d .11 lt
funcionamento cerebral cuja participação é necessária em "A a11v1cladc: rnmtiente do homem apenas rnllH'\.I 1.11111
I ''
qualquer tipo de atividade psicológica. A primeira de/as ,, ol>itnç<to da 1nformaçao e sua claboraçao, H·rm111.111dl)
é a unidade para regulação da atividade cerebral e d o es- 1olll a formaç.lo d.is intenções, do rcspeu ivo proJ• 1ói11111
tado de vigília . Para que os processos meneais se desen - ele: ação e tom a rc:alização desse programa em •llm c:x1c
volvam de forma adequada é necessário que o organis- 111110 (moiorcs) ou interiores (mentais) Para isso é 111
mo esteja desperto: a atividade mental organizada e di 1.c.ss.1110 um aparelho espenal, rapaz de trnu t' 111:1111t•1 11
rígida a objetivos não ocorre durante o sono . Além disso 11t·1 nsartas 1n!t'rl\<>es, elaborar programa' dt .1ç.111 a c:l;1
é necessário que o cérebro funcione num nível adequa- 1or 1npo11de11H·~. real11á lw, nos d<:v1clm <llO\ e: , o q li<
do de atividade, nem muito excitado, nem muito inibido dl' \lllll.t tmporranua, .uompa11har ª" .t~ün <:lll 1111~11 1
O sistema deve estar, também, a/ena para a neces.\1- 111111pa r;111clo o d'c:110 cl,1 a~;io cxert ida t 0111 ª' i111c11çt11
dade de mudanças de comportamento. Isco é, embora 111iciai," . b1qua11to a \(g u11cla untei.ide 11ah.tllia 1.11111 :1
o s1ç1ema nervoso tenha, normalmente, um cerro n1vd 1<:1 C'p~.111 cl.1 111fo1111.1,<lo v11H b do .unh1C'111t e"·1111n•i1.i
dt' aiividade e a manutenção desse nível seja uma car;1< 11111cl.1d1 11·gula ,, ól\.io - '"" '' t' 11w111al cio 111cl1vid1111
1n1\tl(a essencial do funcionamen10 do organ1\mo, ha " 'º1111 o .1111.hic1111
111a~óe~ t'm que esse n1ve/ dt·vt· wr aumt·rHado . Qu.111do l.111i.1<11 f'. 111r.1e111 St:l l 11 ahall10 qtt<: q11.dq11t 1 111111111 d1
o 111d1v1duo iem fonw , pot e'«:111p/11 vo/1a .\11,1 .11 1v1cl.1 .11ivid.11k p\1Clllt1J:ll':t e: lllll \l\lt 111.1 rn111plnw q1w c1 1v1il
ele- J>•1t.1 a bus<;t de .d1111c 1110 1n111p1111,tr1do \(' d< lo1111.1 1 npl'l .1\·'" .111111l1 !i111::1 ela' 11 (, 111111l.1cln 111111 i111Hii\
·\ 1'' 111 11~ri1:i vi• 11.tl pnt exc111pl11 <11v11lv1 n 11ívc:I [11.lr_
1p1:11_l11 de ntivid.11lc ci o 1.111:~1111\11111(1111111111.1 1111idwle), li
111rd1.\r~ e :1 Si111c•sc d11 i11k11111.1,Jo 11 n~liid:i pclc:1 Si,,1t;11 1n
vis11~d (\c'J:1111d:1 1111id.1d<") e"' 111ov1111e 1110~ dos 11ll1ns pc
I;", v:í1 ias -p.mt·s do obJtto .t \c·r pc·11e bido (tt11 <'ir:1 11111 - Os f11rnl.1111f:11tos culwr:lis t: 'm rnis (!._.
dadC') As três un1dadt', sem1m: funuou.1111 Junra, e· a wrn . dcscnvolv1111('lll0 cognitivo· .t pnqt1Í!li!
preensão da interação entre elas e· essenna f para a rnm.
in1crn1lr ural na A~ia Ccncr.d .
preensão da narureza dos mecanismos cerebrais t•nvof v1.
dos na atividade mental. Essas três grandes un1dadt·, ck
funcionamento cerebral estão presentes em codos os 111
divíduos da espécie humana e são a base .sobre a qual St' ,Alt-m dt' \C ter ckdtl.tdo ao est udo cl.1s f 1111~111 ~ psuc1
construirão mecanismos específicos, carregados de con lt1gica,, 110 11ivd da organização cerebral , Lu11a 1.1111lié111
teúdo cu/rural. foi qunn, entre os colaboradores de Vygo1sky , dc:.c11v11I
vrn .1 pcsqu1sa de maior alcance sobre a qucs1.w d.1-, d1
Outro aspecto importante resulrante das concepçóes frrrn~às culturais. Com o objecivo de estudar rnmo 11~
de Luria , sobre a organização cerebral , é a idéia de que p1ort'ssos psicológicos superiores são construídos e111 d1
a estrutura dos processos mentais e as relações entre os frrt'ntts contextos culcurais, Luria conduziu extenso 11.1
vários sistemas funcionais transformam-se ao longo do de- hall10 de rnmpo sobre o funcionamento psicologirn d1
senvolvimento individual. Nos estágios iniciais do desen- 11101.tdorcs de vilarejos e áreas rurais de uma rcg rao 11
volvimento, as atividades mentais apóiam-se principal- 11101a e· pouco desenvolvida da Ásia Cencral. Vygotsky 11,111
mente em funções mais elementares, enquanco que, em p.111 rnpou diretamente desse trabalho, por enconu.11-s1
estágios subseqüentes, a participação de funções superro- j.1 bastante doente.
res, especialmente as que envolvem a lrnguagem, torna-
A rcg1ao em que o estudo foi realizado (Usbc·qui\111e1
.se mais importante. Os processos de mediação simbólica
e: Quirguistão) situa-se na Ásia Central, próxima a í1011
e o pensamento abstrato e generalizante, tornado possí-
1cira mm o Afeganistão. Essa era uma região bastam e: h11
vel pela linguagem , passam a ser mais centrais nos pro-
cessos psicológicos do adulto. fada , estagnada economicamente, com alto grau ck :111.d
Ethrnsmo, predominância da religião muçulma11.1 e d1}
Essa diferença no desenvolvimento tem uma correspon- 11ahalho rural em propriedades individuais e isolada' N;1
dência na organização cerebral propriamente dita. Na t porn em que o trabalho de campo foi realizado ( 11Jj 1
criança pequena as regiões do cérebro responsáveis por 11H2) , a região escava sofrendo um processo de r.q>1d.1·,
processos mais elementares (registro sensorial de pontos 11.1nsformações sociais, com a implantação de Í.tzrnd.1"
luminosos, por exemplo) são mais fundamentais para seu 1olt·11vas, mecanização da agricultura e escolariZ:l\•IU d.e
funcionamenro psicológico; no adulto, ao contrário, a im - população. Esse período de transformações prop111.1va
porcância maior é a das áreas ligadas a processamentos uma oportunidade privilegiada para a observação cLt, 11
mais complexos (reconhecimenro de imagens visuais com- l.t\<1<·s c·ntre vida social e processos psicológicos, t.io 1111
pletas, por exemplo). Assim sendo, lesões em determi- pon,uHe na construção de uma psicologia h1st6rtrn <111
nadas áreas do cérebro podem causar problemas comple- rural A pcrgunca fundamental que Luna fez foi o q111
tamente diferentes, dependendo do estágio de desenvol- .c1ontc.·cc com os indivíduos q ue passam por e"ª' 11a11
v1menro psicológico do indivíduo.
fo1111a\üt•s socra1s, em termos de seu funuonamC'1110 i11
Foi propondo uma linha de investigação que buscasse 1dn waP Diferences md1v1duos, com varios graus de c:s
dc·,,c rever a estruturação das funções meneais em cond1- colar1za~áo e de mserç.lo no trabalho mais moderno 1bs
\1íe, normais de desenvo/vimenco, sua perda ou de.sor- E11t11d.1s rnlcuvas, foram mdu1dos na pcsqu1s.t , par.1 per
/~.11111.1~,ao em caso de lesão cerebral e suas possibil1dadc·s mi1i1 a lnrnpara~;io de seu dcst·mpenho cm diver sos 11
ele t('wperação que Vygotsky lançou os fundamentos do pos de 1;11d':ts pstrnlogtras.
q11c· v1na a ser a neuropsicologia de Luria e as bast's de· l.111i:t e: n g111po de pnqui,adorc.'i que o ~1<1>1 11p:11d1(11t
11111.1 rnrnpreensão da psicologia humana, qut' rn1111·m p1111'111:11a111 1cl:1no11.11 " 111111m11111t:cdnrts d:i 1cgiih1 e:;
pl.1 o \llb~tralO biofóg irn do func ionamC'nto p,siwlog1< o 1111h1d:i, l'flflvivcndo 1111t1 < lc·, 11m a111hin11n d1 ' 11:1 vid:1
de"·' ('.\ pcue, rujo ckw11vofv1111c·11111 <' t'\\<'lln;tl111t·1111· !1;111:1., ~1 11t c.~ d<~ fo 111c:Ç:tll 1111111 ,d1all1f1 p111p11,1111C;1tl(
'º' 111 l11srúri«>
.11111, Oc11c1is c'IS d 1ccln~ d1~ p1:,q111• ,( 101,1111 ( cdc l cclus Clll
lc:111~:;'tS r.:1111r: VÍ Stfl S 11:15 q11:1i~ 1: 1 :1111 ~1p1c :~1 : 111 :11l.ts1:11 cf:c S pillfl
c:1Ú11 ICl!O lvldí<S p1:ft1 Cllll CV <füH ffl , (l c;xpc1i1111:111:1d(l111
1111: 11ltlS, e 10
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\llJCÍ IOS fli llt 1111 p(llCllfi(t Ü 1:1111~{\(11tf1 d 11• fc1111111< 111,1•), l'C:l~lllllllV[! ~<'IH!
v:" pt1g1111 t,l\ p.11.1 oht l l, de
11111 mc·\11111 111clivic h111, 1111 c11111:vi)1111li:1 q111d~ c1111n 118 11!·, ulww · :;c•111cllr.1111cfi,
11.1' rdlc:xoc.' l outra' Pº'"bd rdack' d r r.u 1111 111111 po1lcii11111 .e 1fl:1l111~u1k1s 1111111 111< ""11 w11po . e q11 il u
ll~il pc11r1111.1 ,1 <!SSt: );111\lll º' 111.11\ l\tOl.1111.1d11o 1 i11bf
dd111t n11 '1111.11,on dt 11.1h;1lh11 11\.11' 1nodc:11111.11l.1. 1111
di i1111 :11nlm.11 ·" lll'' fr11Jll\t'llW'i Jlllll•lS e 111tl11 .11 .1 1111.1
de 111:11\nr.1 tnino o untlO ohJt'lO d1fc1cnt<: j:1 º' .111.dl.1
\icli!S <: qtK 11ab.dhavànt nm10 tamponcs<:s l\ol.tdo'> 11,\11
frtúun nw 11po de da,s1f1ração dos ohjt:\O'>. 0111<1lll qttl
11s q11;11111 oh1cws deviam 1;cr rnlo<:ados 1untos, po1qu1
11:;c·.11111t· snrn a tora. a mathad inha uma a tora e prn1
s~111111s da nuck1ra para pregar alguma t:OlSa tom o 111.11 ·
1cln: 1od. o'> os objetos são usados juntos e nenhum ckks
p111k o,ct ..ep:uado
ll111 111na V•trta~áo ela mesma tarefa. apresentava \t' u111
11_111j111uo de desenhos de três objetos que penenuar11 .1
11111;1 111t·,ma rntcgona (por exemplo, "árvore". "1101"
e "np1g;1", to<los vc:getais) e pedia-se aos sujc:itos q11<
si ln 11111.1'>'elll um quarto objeto aJu.iua<lo, de um v•u·
pn dl" c\01s ou três outros desenhos(" roseira" e "p:'""
Vários tipos de tarefas foram utilizadas ao longo das 111' , po• exc:mplo). Novamente os mais escolartí'.tdo' e
entrevistas : tarefas de percepção (nomeação e agrupamen- ('' .
111111lt·11111.ados tendiam a selecionar o objeto pcrt<:tll < 11
te ,1 111tslll.l racegona que os outros ues rose1r:1 . 1111
''
to de cores, nomeação e agrupamento de figuras geomé-
tricas, resposta a ilusões visuais); de abstração e generali- 1xc111plo utado) Os analfabetos e camponeses 1sol.1clo
zação (comparação, discriminação e agrupamento de ob- 1111111.1111 ,t fazer outro tipo de relàção entre os oh1nm,
•e ln tonanclo, pot exemplo, o pássaro para rnmpor o cn11
jetos, definição de conceitos); de dedução e inferência
j111110 " . a andorinha \ la uma árvore aqui e um;1 l\nt
(estabelecimento de conclusões lógicas a partir de infor-
mações dadas); de solução de problemas matemáticos a
í: um lugar bonito A andorinha vai sc:nt•ll .1q111 <
partir de situações hipotéticas apresentadas oralmente; de (.111\l\ll 0 '
imaginação (elaboração de perguntas ao experimentador); l!lll m11ro ttpo ele tarefa. pedia se aos '>llJt·tto" <jlll' 1111
de auto-análise (avaliação de suas próp rias características). ~11"t·111 .i uma n)lldusáo tom base em 1nfo11n.1~fit·' d.1
Em todas as tarefas apresentadas, os resultados obtt- 1L" pt lo t·xpcrimc:ntador. O expenmenrn<'lor 111fo1111.1v"'
dos apontaram para uma mesma direção: houve altera- 11111 t·xt·tnplo, que "No norte, omk lu m·vt·, wdo'om 111.11\
ções fundamentais na atividade psicológica acompanhan- srto h1.1mm" e: qut· "Nov:tya Zcmlya ftl•I no 1w1ll t l.i
do o processo de alfabetização e escolarização e as mu- i;cl\\ptt· ncv•l" A st·gu1r pt·rgum,1va "De que· 101 ,,111 m
danças nas formas básicas de trabalho. Isto é, os sujeitos 11~11' t"tll Novay•t Zt·mlya)" A nindusao lo1~tt.1 .1 p.11111
mais escolarizados e mais envolvidos em situações de tra- 1\:1\ d11.l'o 1nfo1 m.1~0<:<, h<1'otl",l'o t ,1 de: que O\ Ul\ll\ tlll f 111
balho coletivo exibiram um comportamento mais sofis- vay.1 /.u11 ly•l s.lo h1.1mo., F''" t·1.1 .1tom111,,111.q11c·'c111 •
ticado do que os analfabetos e os camponeses que traba- cl:i pt lm \llJ< 11m m.11, t·,wl.11i1.1clo., l qm 11.1\1;1\111v11111
lhavam individualmente . Vamos apresentar aqu i apenas c111 l.11t· 11d.1'i tolt·11v.I' J.1 m 1nemis c-,wl.1111.1cl11' e: 1_p1
alguns resultados específicos, como exemplo dos tipos de 11;1halh:iva1n 11111111 t .111lpom·<,t' 1<,ol.1dm 1111lt.1111 dtll11d
respostas dadas às tarefas uti lizadas na pesquisa. i\111lc t11111 t\\t· 1.11 1111 11110 ,th,1 1.110. h.1<111d11 \llltS tt~fi\}P
Em uma das tarefas de classificação foram apresenta- n1~ c:1 11. 1x/u 1u·11t ''" pc\!lll<lt" t· 11l"~·11.1~lo (1~
'e 1 .. i' t l'!l
rtn1. 1:1~ .11 111 l.11m 11.111 v1vt·111 1.11ltw h1 11.111 .1 ~1 d0 C!i_i
~!ln
dos desenhos de quatro objetos, sendo u ês pertenc entes
a u ma categoria e o quarco a 0t1tr;1 c 1cegoria (por t·x<·rn c111 m 111.os t;i, 1•11 1111111.1 os vi'' ,
pio , " martelo", " serra", " m.u h.11 l111h.1'', todo' ferra
'l'ard.1 dt pt·•<"cp~·:io 111ili:n11l:1 pm l,1111,1
F1g11ra., ap1nc111ada., aos \llJt "º" p.11 a \Ct<:111 :ii.: i t1J1;1cl ,1s e 1111mr111 I

Ou e/\ ..
O 11111el11 d1:1111ado ~rafou lunuon.il rd crc·:;1: :11_1 per\
!l;1111c11111 h.1wado 11a cxp<.'rK11<1a 111d1vidual, <'Ili fo1111~>:
~Ü .{.~\ .. . )
JC..
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lúS 1111111t•111s, <.'lll sí1 ua~õt·~ reais viv<.'tH'Íad.is pelo .sujei

D ······
. .
• 1111 •••

~"A- 111, E d1arnado "gr:ífüo" no st•111 ido tk que se h;m·i.1 <'111


11111fig11m~Õt\ p<.·rtcptuais, prt'\t'lll l'~ 110 campo da <~xpc
. .
...... [ ]o 1i~ 111i:i do sllJ<'lt<>
................ wmo no caso das ligurns
..
. .
.....·.
Exemplos de agrupamentos de figuras realizados po1 t.11np1111cs ............... .........
dos e a jusrificariva que eles deram para agruparem dt'"< qttc w pare<l'm porque ambas tC:·m pontrnhm", "111
1p11· ~cj.1111 fe11as relaçõ<''> entr<.' as figuras eª' <.u<.·g111 1.1'

ILJQ " Molduras de 1and,l\ , "


111\IÍ\ :ihstf<ll<l.'> de quadrado .. e triângulos
"fl1111:io11al" porque refere-se as rehu;<J<.·s rn1H 1<.·1.1s <'11111
11s objetos, rmtrrdos t•m si1uaç<)es prãucas de uso - 111.
n th.1111.1d11

1
.•...•.
.
........ . 11111 1111 ('aso da tora dt: mackrra dass1f1rada <om o ~1·111111
11111t1uc o strrote serra a tora.
1
. . .
. ..
1 • •
1 •• ••
O modo de pensamento t hamado categorial 1dc:1c.:,1
I ·········· ···•····• "Rdóg10~ . " .111 pc11~.11nento baseado em categorias abstratas, .1 r:1p ;1
i:idadc <k lidar mm arn buros genemos dos ohic to\ 1 :11~111
11
....
:•••••••••
.. 1d't· 1 ~ 1 1tia aos rnnrexros práu rns em que o '>llJ<'rto ~< 11.
1:1111111:1 rnntretameme m m os ohictos O 111d1v1du11 q111
. .
··•·····• D "Estes são parclido~ 1'111
a gaveta de alimentJ\.111 ~l lilv
fttm iona psicolog icamente de forma ca1egorral t <.q 1.1:
clt clt·w11Hu lar-sc das situaçoes rn nnetas e trah.dh.11 c11111
ohJ<. tos de forma dcst0nrexwalm1da . Assim, por rx< 111
pio, rndependentememe do uso rnnjun10 qta· o s11J< i111

D\ / l.1~·1 do sei rote e da tora ck rnad <'1ta , ek <' <..1pa1 ele cl:t!i
, ,(u.11 l'S\<.'S objetos em dois grupm d1Í< tt'lltt·s fr11:111u·111:1s
0

( 11.111 fr1 ramemas. Do mesmo modo , e:·< apa1. de< 1111d11i1,


a p.11111 <k rnforrnaçõcs verh;w., que <'Ili Novay:i %c:11il)''
us ur'm sao brnnws, mesmo qu<' 11u11rn tcnlia c.'it:iclf1 l(i,
1111 lllllHa (('Ilha VISIO os tal\ lll\O\
Co11f(n111t mcnuonado alllt'll<Hlllt'lllt:, 11~ i11d1 víd 111_1
Nas demais rarefas urilizadas nesse csrudo as difrr<·n mai., cstol.1r11.1dos <. «>m um tipn d< 11a hall11_1 11nii' n10
ças observadas enrre os grupos de sujeiras apontavam sem dc11111ado é que t<.'11<liam a 111111111111ar·s<' de 111111k1 flllt
pre na mesma direção: " mudanças nas fo rmas pra11ta\ g111ial. Í: i111<:tc.,,:1111c olN:rvar que alg1111.; s 11jc11c:1~ 1 f'llll
de atividade, e especialmenre a reorganização da a11vi. 1ip:d111t:111 c aquele.\ «>Ili prqu c1111 gt:111 de: c~111l111idi1d
dade baseada na escolaridade forma l, produi'1ram alt<.· e: uma at ividad<' prnf 1\\11111.il i111t 1111t:di(i1i:i c11 11 c 1'011111!
ra~«><.·s qualirnrivas nos processos d<' p<'nsam<'n10 do., 111 111:iis 11adicio11:11s e 1'111111.1\ 111ml1111:i ~. :q.11e:.1~11l:tViltll 111ií
d1v1duos esrudados' '. Ba~eado na, propm1<;6<.·, 1<.·orrcl\ clt· dc::.c111p<111!11 ''cm 11a11\l~,11>' ' 11.1' 1.111:f':1 ~ p'i i111lt11ill llfí lill
Vygotsky, Luria id<'n1if1wu do" 111odm ha\lt0\ d<' P<'n Jt :tll!J · Il i'' .e : <~Sll lCIO , f\111 <, 111.I < Cllllf Hll(flVlllll <hl:; d
\illll('fl(O qu(.' rnr:t{f('tl/,1111 C'\\;I\ .d111.1\ Cll'\ <p1.d11.111v;(\ oi \ 1io Uttl j'.1111.rl , 11111 1q111:~c: 111.1v1111 11111 l'llrtl1Ó11Í11 11H1I
~n li S tltl (l(i'°11~1' ffllll~ l t l l'iS e n c:xp1:1ic'; 111· 1~1 pCS'lUl! I
,... ,,,v11, .u1r1n pn<1c ohsr;1·v111· 1:1111 111111::11 p(tl l, 11 1ii1 llCbfl] (1i11pf1) p•uJClll d1 lllVC~ lijt~~au
1c 111111111 cl;1i111e1vcr1çf1 11 cl11 pc q11i• 111111 11 11 ~011:1 de de
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1'uli1.:ii1 , Í 1ü111111 IHd•~· n~ psirn l0H i:1 t n11liti111111l nnu lrvli rn
a rdkxào do, c·11trcvis1 ados w 1111.1po11do .1 1npo\l a de
lcs uma re\pos1a dada por uma pessoa h1po1t·11c1 ("Ma\
c:c111111 f1 ~ 1cbçt1es c1111c 1'1il1111:I e JH "''""« 11111 b11 ~u11Hl o
1 u11111111·1~ 11 s:t11 d11 1'1111l'i1111.1111t 11111 l1'1111log1111 1c:11ú1_1 111.-i
uma pessoa me disse que uma dessa~ rnrsas n.io j)(' ll c· 111 e
a esse grupo", por exemplo) ou fazendo um qucst1on.1. t(;11t1111c11111111ivnsal. l\ wdm como o ck 11111.1 p111 11111111
menro explícito da resposta do sujeito ("Está teno , m.ts bd11 , 111m1111u11 u111a d1frrcnu.1~.lo u111t modo·. d1 11111
1:io11111m1110 1111tkuual que, ao wmpcr com .1 11111v<"1s:1
um martelo, uma serra e uma machadinha sao todo.s ft·r.
licl:11 lc dm prmcssm pm:ológ1rns, podt·m kvar .1 11m.1 v•1
ramenras"). Para aqueles sujeitos "em transição " e\\a
J.:11 i1.1<,.1<1 ck um dm modos de funuorumcnto wmo sc·111 l11
intervenção ativa do pesquisador muitas vezes resultava
o 111,11' ,of1st1tado, mais complexo, mais aelc:qu.tdo < 11
numa transformação do seu modo de pensamento: ao lon
go da realização da tarefa o indivíduo passava do modo 11111 o 1dt·r t•ntia l prrvrlcgiado da ps1rnlog1a e: a sourd.11 lc
gráfico-funcional ao categorial. Essa transformação não 111hana, moderna, escolarizada, com dcsenvolv11m11111
acontecia com os que raciocinavam , consistentemente, de 1i<'11t1f1t0 e ternológico, o modo de f umionanH'nto P"
modo gráfico-funcional. Parece, jusramenre, que a in 111l<1g1rn associado a esse Lipo de inserçao do honH·111 1111
rcrferência externa provoca transformação visível apenas 1111111do tc·nde a ser tomado como o modo mais av<111~.1do
quando o novo modo de pensamento já está presente. Mrc hac:I Cole, um dos principais estudiosos wn1rn1
"em semente", no próprio sujeito . Esta é exatamente po1.111t·os elas relações entre cultura e pensamento. 111.1111
a idéia da intervenção na zona de desenvolvimento pro- 11 ''ªsua preocupação com essa questão no prólogo .1 0111.1
ximal e da promoção de processos de dc-senvolvimcnto •• dt lu11a "Seu objetivo geral era mostrar as rarzt·s \IH 111
a partir de muações de interação social. lll\tor rt .1s de lOdo~ o~ p10lc~~u~ wgnitivos b;is1w., .1 1
11u111 í<l ele pcnsamcnco depende da estrutura clm ti 111, 1
As relações entre as diferenças no modo de funciona- de a11v1eladcs dominantes cm diferences culturas 1k. ,e
mento intelectual e as transformações no modo de vida rnllJllllt O de premissas, segue-se que o pensamt·nto p1 1
são baseante evidentes no que se refere ao processo de 11< o vai predominar cm sociedades caracLcrizadas pt l.1 111:1
escolarização formal. A escola é uma instituição social on- 11ipul.1~ão prática de objetos e que formas mais '.dl\l n1
de o conhecimento é objeto privilegiado da atenção dos t.ts ' clt· at iv1dade 'teórica' em sonedadcs tetnolog1t as v:io
indivíduos, sem conexão imediara com situações de vida induzir a pensamentos mais abstraLos, teó11cos O p.t1.1
real. Os sujeitos que passam pela escola acostumam-se lt lo c·ntre o desenvolvimento social e individual p1ocl111
a trabalhar com idéias e conceitos de forma descontex- urna forte tendência à interpretação de todasª" ddc1<11
tualizada, sem referência ao domínio do concreto. As ciên- 1,.ts rnmponamencais cm termos de descnvolvimc·nto 1 1
cias, cujo conhecimento acumulado é transmitido na es- Minha interpretação pessoal desse tipo de dados < 11111
cola, constroem , ao longo de sua história, modos de or- pouw distinta, uma vez que sou um tanto tt.'tlto q11.111111
ganizar o real justamente de forma categorial.
a 111 d1clade da aplicação de teorras do dnc:nvolv11rn:11111
No que se refere aos processos de modernização no tra- e rn t·swdm rnmparativos de tuhuras As'>l m, •lqurlo q111
balho, particularmente de implantação das fazendas co- l 1111.t 1111erprcta como aqU1s1çao de novm motim dt p~ 11
letivas no caso da região estudada por Luria, esses envol- sarnt·nto, tenho cendêncra a rrHerpretar wmo 11111d.111\ 1
vem o planejamento de ações coletivas, a tomada de de- 11:1 :ipl11 <l~ào de modos previamente· d1spo111vt" ;111~ p111
cisões com base em critérios que ultrapassam as necessi- !n11.1S p.1rt1rnhtrcs e wntcxtos do drswr'o 11 p1c·"·11111
dades e motivações individuais, a substituição daquilo que dos pt l.1 s11ua~~10 cxperunt·r11al hurct.11110, o v~dw dc11
é circunstancial e particular pelo que é previsível, geral .'ic l1v10 n.io depende da no'>sa 11Ht•rprt·1açáo dm 1n11lui
e compartilhado. Essas características do modo de rraba- do~ ele l.u11.1 Como ele: enf;u 11a c· 111 d 1v1 "'" p.t• '•IJ:CllS ,
lho parecem propiciar a emergência de novas formas cfr o t< x10 1c:p11·st·111a um proicto prloto .1111pli.11lu q11-c j11
funcionamento intelectual. 111.m pucl1·1.1 st·1 1t·pr11do Sera 1ard.1 ele 0111 1m pr 'q1d~;1
É importante mencionar que as relaçoes entre rn111c.·x clo1c·\, 11.1balh.111clo naqudas pa11t·s do 1111111du e 111 q111
tos cul turais e processos psicolé>g1rns supl'riort'.'>, ('S1t1d.1 ,1111d 1 ·xl,11111 srn H'Cladc·s 11.1d11 to11 ""• .1pc de l\11.11 (1 i11
11;ip1c 1.1\.tfl dt·\\c' .t< h.1dos''

n
Cn11 1 C!}~C!i i11clivícl1111, l 1111.1 pt1d1: i:il 1~1~1vill' 1'1:11 ,1111 c r1
tto p.tp< 1cl.1 i111c: 111c:11\·:111 do pnq11 k 1do1 11:1 7.0rq ik dr d113 po1 l,111 i11 111~blf) 11.-i-1plo 111111rt11 dr 111vcs1 •iw~1H
,i111l11 l11-1jc, ol>lc1ü de í11 t11ul1 111111111v1 '"111111(i rei! d
w1111ol111111c.·11ro proximal lur1.1frn111r111n111111c prf111111 .I\· 1
111lt1Hi r1, 110111111 l;rdo '1f'SÍ111l1_1Hi111n11l11~ ii111:d nílo l;::vu crn
a rdlexao do\ entrevi\tadm <0111r.1po11do .1 1npm1.1 clt
u 1111:1 :is 1 c L1~tics c1111 (' 1' 1111111'~1 <~ pc:1i..1111111111, limrnndo
les uma resposta dada por uma pessoa h1po1t·11c1 ("M."
1fflllll>l<'l' ll\:111 di:1 f'1111c iull.1111<11111 fl\Uolil)'lff> tülllü l_llll
uma pessoa me disse que uma dessas nmas 11;10 pert<·11< <
a esse grupo", por exemplo) ou fazend o um quc.·\1 1011.1 fo 11t1111 c111111111vr1!ial. h111dos 101110 o d< 1111 i.1 pul' 0111111
menco explícito da resposta do SUJeHo ("Esta terto, m.1s bilo, 11111\t to\11111111.1 ddt1t1H1.1ç.w<1111< 111111111 de f1111
1:if111.11m11111 i111dn1u.d que , ao w111pc1 1wt1 ,1 1111iv1~ 1s:1
um martelo , uma serra e uma machadinha são todos frr.
lid:11k dm plll<O'°' ps1wlóg1ws, pmk111 kva1 .1 11111,1 v~1
ramencas"). Para aq ueles sujeitos "cm transição" (''>\a
l11d1.1ç.h1 ck 11111 cios modm de fu11uo11.11nt 11111 eorno~< 111111
intervenção ativa do pesquisador muitas vezes resultava
o 111.1" 'ºf"11rndo , m.m tompkxo, m.11' .ukq11 .1d11 Ct»
numa transformação do seu modo de pensamento: ao lon
go da realização da tarefa o indivíduo passava do modo 1111111 rdc.·rcnnal p11vilegiado da pm olog1a i· a \1111n l.11le
gráfico-funcional ao categorial. Essa transform ação n;to 111ha11.1, mockrna , cstolarizacla , (0111 dc·sc 11volv1 11 1< 11111
acontecia com os que raciocinavam, consiscencemente, de 1ic·111if1 w e tcrnolôg1rn, o modo de.· ft11H1011.1111< 11111 f'"
modo gráfico-funcional. Parece, justamente, que a in 111log1rn assmiaclo a essc tipo ele 1nsc.·1ç;io do 11111111111 1111
11 n1111lo 1cnclc a ser tomado (Otno o modo 111.us ,, voi 11~ ,u lo
rerferência externa provoca transformação visível apenas
quando o novo modo de pensamento já está presenct', M1d1ad Cole, um cios pnnupais c.·s1ud1osm 1111111111
"em semente", no próprio sujeito. Esta é exatamente po1.111c.·os elas relaçücs entrc rnltur.1 e pensanw111n, 111.1111
f1·s1.1 su.1 pr(·m upaç:lo mm essa qm·st.io no prologo .1 11111 .1
a idéia da intervenção na 7ona de desenvolvimento pro
x1mal e da promoção de processos de desenvolvimento
(,, 1k I.u1i.1 " ~eu obicuvo ger.d <:ra mostrar as r.111<, .1111·
a partir de situações de interação social. lmtúm .l\ de co<los os proc.cssm wgrnttvos h!ísi1 m 11 <
111111ara ele pensamento dcpcndc da c.·st ru1 U1.1 dw dpu
As relações entre as diferenças no modo de funciona- d e m1v1dades dominantes ern d 1fcren1c.·s wltur.1s 1)(
mento intelectual e as transformações no modo de vida 1 onjunt<> de premissas, seg ue· \e que o p<.·m;111H 111 c:1 p111
são bastante evidentes no que se refere ao processo de 11rn V•ll predominar em soncd;tdn rnranc.·111.td.ts 111 l:r 1111
escolarização formal. A escola é uma instituição social on- nqHtlaç<i<> práttrn <lc objeto\(' que.· forrn;ts 111,llS '.rl1,1 111
de o conhecimento é objeco privilegiado da atenção dos '·" ' ck atividade 'tcoma' cm .,oucchtdt·s 1ru10log11 ,1• vfi11
indivíduos, sem conexão imediata com situações de vida 111du11r a pen samentos mais abs11 .uos, tt'oll<m OI'·"·'
real. Os sujeitos que passam pela escola acostumam-se klo t'ntre o dcscnvolv1mcnto soc. ial <.' 1nd1v1du.d p111cl11
a trabalhar com idéias e conceitos de forma descontex- uma fone 1c11clt:ncia a i111crp1etaçüo de tod.I\ ·" cld11111
tualizada, sem referência ao domínio do concreto. As ciên- ças w rnponamcnrnis em termos ck dne11volv1111t 11111 I ·, .1
cias, cujo conhecimento acumulado é transmitido na es- Minha mc<.· rpre1ação pessoal ckssc· 11po dt· d.11lm ,: 11111
cola, constroem, ao longo de sua história , modos de or- pmHo d1sttnta . uma vez que sou um 1.11110rê11111 q111111111
ganizar o real justamente de forma categorial. .1 llttl1dadc.· ela apl1rnção de tt·ort.l\ do dnt•11vnlvi1111;1111_1
No que se refere aos processos de modernização no tra- c:m c•sllJdm rnmpara11vos de (lllt 11Ll\ Ass1111, aq11il11 q11c
balho , particularmente de implantação das fazendas co- l 1111;111uerpre1a (Omo .1quts1ç;io d< novm 111ml11s 1k~ pç11
letivas no caso da região escudada por Luria, esses envol- s.11nc·nto, ten ho 1cndC'1H 1.1 .1 1111 t 1fH<' t.t1 1011111 11111cl:111~;i1.,
vem o planejamento de ações coletivas, a tomada de de- na .1pl1t.1ç;lo de· modm prtviamtntc dispo111vcis rios 1110
cisões com base em critérios que ultrapassam as necessi- hlnnas p.tr11ntL1rcs e· rn nt c-x tm do di,n11~11 1<·p11,:ie1111i
dades e motivações individuais, a substituição daquilo que dm 1wl.1 \llll<1ç.lo cxpu 11ntnt.d h111c 1.111111, 11 v1rl111 de,
é circunstancial e particular pelo que é previsível, geral \t livro 11.w dtpcndc: d.1 nms.1i111c1p1r1a~!i11 cios 11~:. 1111
e compartilhado . Essas características do modo de traba dos dt l.u11;1 ( 01110 tk <11L1111.1 <111 d1v<1s." p.1 s~;1f:•; 11 ~
lho parecem propiciar a emergência de novas form as de O l< XIII IC'fHC'\C'lll.l 11111 fH OJ< Ili pif11111 ,1111pl1,11l(l fjlllJ j (1
funcionamento incelectual . 111.1" pode 1.1\ li 1qw111lo S1·1.11.ud.1dr111111 11' p1:sq11i\11
É importante mencionar que as rdaçoes <'ntr<· rn rlt tx cl"r ,, 11 .1h.dh.111do 11.1q11< l.I\ p.111< ' cl11 11111111111 e111 qu
tos culturais e processos psirnlélgH os s111w11or<·s, c·s1t1d.1 1111111.1 rxi~tl! lll \Cll IC'll.11ln 11 .1cl1c 11111,ll\, .qu "' 11.11111 li li
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11am111111dm no ()[O(Cs~o <lc trabalho wopcLll ivo e de
i 1m·1.1~.10 'ºuai 1 J As auvrd.td<.·s mc1H ;t1\ llllt'lll•I\ <~ llWI'
gc111 d.1 .tt 1v1d.tdt pratirn dtsenvolv1d.1 na 'º' 1nl.1dc lq1
1-11.111.1 t<> lll l>as<.· no trabalho, e sao formad.I' 1m 1111,11 ela
n111og(·11<''l' de rnda pessoa <.'rn rnd.1 nov.1 gt·1.11,.to" Os
p1m <\SOS ps1rnlog1rns <lo incl1v1d uo, mctrnal11.tdm .t p.11 til'
ele p1m 1·,sos 1n1trpsicológ1t0\, pass.un .t 11wd1.u .t .11 ivi
el.1elc· cio SllJCllo no mundo, numa imtra<_áo wmt.llll< 111
l ll li psiqtmmo (.' .1s tondl\Üe\ lOllCllt.lS d.1(.'X IStl'IH 1.1 d11
li11111nn .
l.tnnt rn .rnali~a .1 cscruwra ela at1v1d,1ck hu111.111a d1·
1i11gu1ndo trrs níveis dt funuon.un<.·nto a a1iv1d.uk pro
prr.unentc dica , .L'> .u;rn..~ <: :t'> opcraçú<.~ Um txtniplo d.11111
pc11 l<·omrtv txpltuc.1 <.·ssts nrv<.·rs ck íunrion.1111r111f1
11, (HJ 1> "Quando um nwmbro de um grupo rcali1.1 sua .111v11lrt
cl1~ dt' trahalho ek o fa1 p;tr;t sat"fa1t·r a uma d1· \t1:1s 111
1·c."idadt·s. Um b.uedor , por t·xemplo, que toma p:i111
d1 um.1 ra1»ada rnkuv.t prnnttiva, foi estimulado pd.1 111
n " 1cL1<k de al irnrnto ou, talvez, pela net<.'"llLtck 1k v1·:1
1111w11t.1, que a pele do anrrnal morto sarnf.rn.t p.11.1 dl'
Mas .1 que \lia a11vidade cs1ava dirctam <.·1111· 011t'111.11l:i
ll1Hk1 l•l l'\lat orientada, por <·xt·mplo, para afug1111.11 11111
juntamente com Luria , A. N. Leontiev foi um dos rn hanclo <k .1n1mal\ l' enrnm1nha los na drrt'\<to d<' 1111111_15
laboradores mais próximos de Vygotsky, tendo trabalha- 1a~.1do1t'> 1m.uaclos Isso, na vcrdack, <'o H'\Ul1.11l11 d11
do diretamente com ele no projero de construção da "no- a1iv1cLl<lc dc\\C homem E a a11v1d.t<k dnsr 111t111h111111
va psicologia'' na Rússia pós-revolucionária. Sua teoria cliv1clu.d ela «l\.tcla t<.'rll)Ína a1 O f(''>t<llllt' t <0111ph:1:1cl1_1
da .11 1vidade pode ser considerada um desdobramento dos pt:lo~ ou1w-; membros Por si .so, c·"c 1<.:sult:idn - :i f'11i:n
pm1ulados básicos de Vygorsky, especialmenre no que diz ela raç1, ctr. - tl<lo kva, e 11ão pode lc:va1. à satis!':r~!i·1
rc,pciw <í relação homem-mundo enquanto comtru1da J:i 11t·1 c:.,,icladc clt· w1n 1cla 1111 ele Vl'~tinH'llta . Cor1~cqiíc:11
1i,...1orirnme111e e mediada por instrume111os 1c111t·111c, º' p11111·,sos da ativiclaclc• cio b.11t'doi c~~tfl\'(l ff1
As atividades humanas são consideradas por Leontiev , d11c1.i1111ad11\ a algo que 11:i11<11it1( icli:i rom o que os C''!ii
'omo formas de relação do homem com o mundo, d1n 11111lou , i~ co é, n!io winridia «1111 o rnotivo ele :.11;1 :11iv1
g1da.., por ;nocivos, por fins a ~erem akani;ados A idéia cbclc: os dois c:st:IV.1111 :;cp:11:1cl11s lll'S~C: c;xc:111plc1 Ac1s plf1
de :11 ividade envolve a no~·ão de que o homem Ort('llLt e C~\l>S 111jo ohjc111 e 1111111v11 11fin e oi111 icl1;111 1li;11n :1 11~1111 _1
·~1 ~\11::;'. P111lcn111s cli~cl', pc11 ex1:1 11pl11 1 q11t· :1:i1ivid11dc.' d11
i.c por ob1e1ivm, ag111do de forma 1n1<·nno11al, pot 111t·10
h.11c;clc11 (: :1 u1ç:1cl:i e o :if '11ge111 :11 du ~111i111:tl, s11:1 111,CTu"
dt .1i;on pL111q,1das A cap.H id.1ck d<' rnm1 H'll l< llH'lll<
for11111l.11 r p<·r~<·guir ob1<·11vo,' 11111 11.t\<> q111 dl\1111i.:11e /,0111;111• 1~ Vc1nos 111.~sse cxc111plf1 cc-111111 r1111h•id.u lc: t" 1111111 lo111i 1i
o lw111u11 do, 11t11111.\ .1111111.11,
c"11111plcx:1 dr: 1ch1çílc_• l1i:11fu~ 111 J 11111111_lo , q111' ti\V•Jlvf l111i1
lid;ide., rn1!'it ie1111:.s e Q1 11111:no .-olciiw1 e umpc•11id\•i! A -111
111 r.c111ld0 , l!hMmln lil~ , 1r111s11kn1111lo q111.~ ~·~ 11 ohjcl!
v1d.t<k <: 11 .d11 .11l.1 p111 1111111 de .1,on d11 w11I · ~ po1 1111 vü ~ ol11c1 1ili111c1111J f\1\i s 511:1\1çft11 p:iss:1 ~·1c· 1 ~·~viiÍ11 1illo
'ª'· desc:rupc11h.1das pclm d1vt'"°' 11Hl1v1d11m r11v.1lvitl11~ '\11.111cl11 11ul1s:1d1t r~1111(1 p1111c~ 11.11t·g1 . 11111: .ele 1111111 111tvi
na atividade . O resultado <la auv1d.1d1 w11111 11111 1111111, , ,111« 111lc 11ví1, i"C1111 l11111)n dt:f 111111.11111n1 "'1c1111 de (00
que satisfaz à necessidade do grupo, l.tlllh<.111 kv.1 ;. .'l:t· 1111 .11,.il1 '111 i:il q11< 111111h11;. 11h1r111,.\11 cl.1q11dr 11 wlt i1do
tisfação das necessidades de cada indivíduo, lllC'\lllo qu1 ( .01110 .1 .11 ivicl,ttlc h11111.111.1, 1<.·suhotd11 do dr:>< 11V11l~ i
cada um tenha se dedicado apenas a uma pane: t·s1><.·1 ifj. 111t ntn \(H 10 h1swmo , t' 11Hc:rnaliz.tda pt·lo 111cliv1cl1111 e
ca da tarefa em questão. v.11 1om1111111 sua 1ons11l:m ia, seus moei o'> de ;1g11 1 "1,1
O terceiro nível da atividade humana postulado po1 ti11111.11k pt·r1ebc:r o mundo real, a rnmpr1·em•\o do 11111
Leontiev, o nível das operações, refere-se ao aspecto pr:1 · 1 e'''' 'ífi texto niltur.d no qual ela ornrre e essennal par.1 ;t w111
tico da realização das ações, às condições em que são cf<· p11·<.·11-.;t0 dos pmcc:ssos ps1colog1rns Conforme 'e: 11.111'
ti.vadas, aos procedimentos para realizá-las: "além de seu 1 ll:ON"f1 f11111\a •I rstrutura ela 1nteraçao soual ao longo da ""'11
aspecto intencional (o que deve ser realizado) a açao tam 11.1 , .1 rs11 u1 ura do pensamento humano tamb1.·m '>t 11.111.
bém inclui seu aspecto operacional (como, de que modo fo1111.1rá
pode ser realizada), o qual é determinado não pela meta Pod1·mos rernnherer, na teoria da atividade dt l.1•1111
em si, mas pelas condições objetivas (ambiemais) para rnv, vanos 1on1eitos presentes nas prinupa1s fornrnh11,i11:s
sua realização. [ ... ] A esses modos de desempenhar uma cl<. Vy~otsky A prí>pna 1tk1a da auv1da<le b,1sc:1a ~~ 11·,1
ação chamo de operações''. wm1·p~ào do 'ier humano rnmo sendo rapaz de .1~i1 1\i
Uma mesma atividade humana pode ser desempenha ln111u volu111ana solm: o 1nun<lo, imcncionalmc:ntc h11s
da por meio de diferentes cadeias de ações: a atlVldade 1ando .umiw detc:1m1nados fins . Esse modo clt: fu111 in
de caça pode envolver as ações de afugentar os animais 11.1mcn10 ps1tológ1lO e a base dos proressos ps1wl111•1111·
e emboscá-los, como no exemplo mencionado anterior- supuwr<.·s 11piramcnte humanos Os proc.esso'i '>Ili>' 110
mente, ou as ações de construção de armadilhas e poste- 1cs c:nvolvem . nelcssariameme, relações entre o 1111li ví
rior matança dos animais que nelas caem, ou ainda a~ cluo to mundo , que nào sao diretas , mas med1ad.1' pd:1
ações de colocação de alimentos em determinado local 111\tu1a A 1n1cra~.to soe i.d e fundamental p~1r.1 o d1.;c11·
para atrair o animal e posterior espera do animal cevado. vulvtrnento das formas de ativ1cla<le de rnda Alll\lº 1111·
Da mesma forma, uma ação pode ser desempenhada por 1111.tl o mcl1v1duo intcrna\1ia os elementos de sua nil111
meio de diferentes operações: o abate de um animal po- rn , tomtru indo seu universo intrapsirnlog1rn a P•ll ii1 d11
de ser realizado por golpes de bastão, flechadas, tiros de mundo n1erno Uma abordagem genc11c1 e: w111<.·x111 :1
arma de fogo, etc. l11ad•I dos pro<.essos p)1rnlôg1rns do sei hulll.11111 l f1111
É interessante fazer um paralelo entre essa abordagem d.11m·n1•d p.tra a tornprcemao ele: '><.'li fonrion;111H 11111 c11
de Leontiev e a noção de ''sistemas funcionais'' na neu- quanto sc:r '>(><.10 lmt<>mc>
ropsicologia de Luria: em ambos os casos, está presente
a idéia de que uma determinada função ou finalidade
pode ser realizada de muitas maneiras diferentes, depen-
dendo das condições objetivas e das práticas culturais es-
tabelecidas. O funcionamento do ser humano não po-
de . pois , ser compreendido sem referência ao conrcxto
cm que ocorre.
A auvidade humana é cornada como a unidade de ana
l1 ~e mais adequada para a compreensão de processos psi
<olé>gicos porque inclui tanto o indivíduo como seu am
h1ence, rnlcuralmenre definido. A ação individual crn .,j
1· 1nsufüicn1e rnmo unidade de análi\t·: stm i1H lu,.io num
'1'>ttma rnkuvo de atividade, a a<,.w rnd1v1d11.d lira do
tlllllda de \lg111f1rndo O ha1<·do1 q11c· .d11gc·111.1 .t < .1<,.1 ,
olh.1do l'iol.1el.1111<·111c', p.111·1 e· nt.11 rc .d11.111do 11111,1 .11,.111
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d 1d .1, l'·'"i' 11f -11111c111 c drub :1 11.11111u.1 .q1l i1· 11h de M•lí
ps1colôg1c.t tendo como base as opC't.t~l'ln <11111 ,ig1111s. Os íir 1d1 ,1111.1~.111 , f'o1lt: ln .11,111111111m1111111'"' " 1tl1iril dlí
processos psicológicos, tal como aparen·111 11m .111i111:ds , 1r1111 .111d.111111111 " .1 1111111111 ' 1111111drtt1111io,1d11111(1111c111ü
realmente deixam de existir; são incorporado, nc\\t ,j,. e: \i dc~n111sidt•rnç!lo dr ou11a' ;1ho1d.1gt't1' q111 t•í1ik1b111
tema de comportamento e são culcuralmc!llc a·rnmt lllí s<: 1 ii;11 :d11\l'tli t' ~· 1111q ttt' l t'< lor.I' Poclt kv.11 , 1,1111h~ 111 , f1
dos e desenvolvidos para formar uma nova entidade.· psi 11111~1 - 111ili1.I\·'° \llllphf1<.1dorn dt' pt11Hl\"m 111.11 ((1111•
cológica. O uso de signos externos também é rcconstn11 p1c:1111l11lo' t', .1111d;1 , .10 ,1hotndono to1.1I d.1 tt•o11.1 n11 q111 ,
do radicalmente. As mudanças nas operações com s1g 1fü 1q11.111do un1.1 ottll•\ passar a \t'r <·omukt.ul.1 .1 111rll1111
nos durante o desenvolvimento são semelhantes àquchl' 1c:C111m1a Pwv;1vd111t·n1c <\tondttt•l lll<ll' ft·11111d.1,<11.1
que ocorrem na linguagem . Aspectos tanto da fala ex 11 c,111elu dt· 1nu11as pt•f'pct11va' ddt·tt·n1t''· no 't'111id11
terna ou comunicativa como da fala egocêntrica ' interio dn ·.1p11111111 .1rnt·nto 1t•ômo do p1of1"ton.d t', po11.11111> , de
rizam-se', tornando-se a base da fala interior. 11111.1 rl.1hor ••\~l0 m.u, rd1nad.1 dt' \ll .t p1.u1t.1 .1 h11. d:1s
1l1vc "·" .1hord;1gcm C\tudadas D1fc1t·111rs 1t·o11.1' pock111 ,
''A internalização das atividades socialmente enraiza fc~11.1111<ntt' , 11.11c1 «1ntr1huiçüc' rdt·va111cs a u1111p1n11
das e historicamente desenvolvidas constitui o aspecto c1
racterístico da psicologia humana; é a base do salto qu,, li'JÍI cio fr l\Oll\CllO t•dural IVO

litativo da psicologia animal para a psicologia humana Vi vu110,, no prt•st· nH' mot11t·11to , ius1.11m·111< u111.1 e·\
Até agora conhece-se apenas um esboço desse processo.'' \H\I< dt• ' '<1t\ (' ll'Om.1 ' ' ' pallllUl.lllllllllt llll q1H d1111 ~
pc 1111 .1 qut'\IÚC~ rcL111va' .1 psitolog1.1 la nl111 .1,.111: l'i:1
Esse pequeno rrecho é parte de um texco escmo por w11n11 "do '' 1dc:rêm 1a p1t·dom111Jtllt' IH''''' .11c1< ,1111
Vygotsky em 1930 e nos fornece uma visão condensada ; C'lllt 1wm·ira1,ào do pt'11'><1111l.'tlto dt· Vygot,ky no iclc .11111
de sua abordagem: o homem biológico transforma-se cm pc:d.1g(1gi< o h1 .1s1k1ro P•"t:t t' trazt:r uinsigo .1 nt·11·,qc Li
social por meio de um processo de internalização de au d e dr lllll•I t''tulh.1 t·11trt· dt· e.· t>1.1gc1 lsltl l ', p•ll <11: lt11
vidades, comportamentos e signos culturalmente dcsen
\IC~ I 11111.1 tt•IHkllU•I ao (OtlfiOlll<l dtS\l'\ dtll'• ttlll 1111', 1111
volvidos. Vygotsky também explicita que "até agora :.c11111lo dt· cld111rr qu.d ddt·' tkvc ser .1clo1.ul11 11111111 11
conhece-se apenas um esboço desse processo'' : sua obra
não nos fornece, de fato, uma teoria bem estruturada a f1•111111.1 has11.1 t'lll n lw .l~•iO
respeito da diversidade de cernas aos quais dedicou tão /\ 1dua da t•s1olha d.1 " nH·lhor 1c·o11.1" t· p.1111111111
111< 111< qll<\1 1011avt·I no 1.1-.0 do ul!lfro1110<1111t \11.t)!«l e
pouco tempo de vida. Por isso mesmo, seu trabalho, mui-
to mais do que organiza, inspira a reflexão sobre o f un - VyJ.t!ll'ky hn p1i1m·rro lug•lf porque.· ,111\ho' "º' h g.11 ~1111
cionamento do ser humano, a realização da pesquisa em 11111<1 p1111lu1,.to vasl <\ t' dc:m.i , 10111 t1Hg.1v< 1' 1111111111111
educação e em áreas relacionadas e a prática pedagógica. ~í1r' .1 .11< a cl.1 1dtt1 •I~''° • ainho' 111t 1n n11 p1111.111111 , 11111
Seria inadequado buscar em Vygocsky um sistema teón- c:'l111d11 :q11olu11d.1do t' dt longo p1 ;1w. qm k v< 11 1111111
co completo, que articulasse as várias dimensões concem - u·a 1rorn p1 n "''ili dt· '> li•" propm1 .1 o; 1rorn ·" e 11l'i 11 ,1 .1d11
pladas em sua obra . Seria ainda mais inadequado buscar ~fio dt .dgum p1111< 1p111s s1111pltfo ,1cl11., h11 ~cg11111ln \11
em sua produção escrita material que desse suporte ex- 1•:11 p111q11<· lt.1.dg111ll•I' .1l1111cl.uln 1<.sc11c1.1i' n111c ,,, ·""''
plícito a qualquer ripo de prática pedagógica. d.1~< 11' dr" c' do" p< m.1clo1n, qut 111111a1 i:1111 kv1 .111.1 111111
Essa questão nos remete a um problema central na área 11111"11,!io 1acl11.1I t 11111 rlt·'
l.111h11r.1 lt:1j:1 11111.1 cl1k11:11~a 11111i111 111.11 (:1111 c 11u pon
da educação: a relação entre propostas teóricas e prátic,1
pedagógica. A educação é uma área interdisciplinar e apli
• 1111k p.111111.1 qm cldi 11iu 11n11p11t111li111<11111 i111dr;n 11 11 I
cada, que se alimenta de formulações teóricas originá de: Pi .1w1 1 Vy1:01 '~ y 11 p11111<·1111 1< 111.111.!11 dc~sve 1Vlíli
0

rias de várias disciplinas e que se constrói no plano d.1 \I~ <:Sllllllll.I\ < 111< 1,1111\11111\ lllllV<l'•lj, 1:í1 h1111111flf1ff1(1ii\ ll
prática. Entretanto, a tentativa de escolher um a só tt·o p5iu1liw1111 cio ltn111c111 t o 1dti11111 101111111li:1 "' H' i 111_111\il
ria como única referência para a rnmprc.·cm•w do knô- llf• , 1111111 e _. .e 111 bl1111111t lti,11111111 r 11111111111(• 11\ljrilil
meno educativo (e rnmo unirn prnpm1.1 q Ut' lt-v.lt 1.1.1 'º" c~p<• t1 1111 l.11k~ de :-c~111 c11111 x111111 h111 1I - 11(1 .- livr 1 ~11
luçào dos pro bkm.1' rn1H 1t·tm} t' 11111.1 w11clu1.1 ha s1a 111 c pcoí1Sa 1rspci10 do~ q11 1" ,, 11< 11\•11111.1111) d"'"n d11
tonwrn n.1 <lf t'<I d.1 n l111 .1\.IO no l\r ,l\il
fün t,c111111do h•ílíl' (' 1uml11111c111 ;il 11.1111 l• ol11rn~tio
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~idade dr io111p1<<.'mao d.1 g(110< dm p111o~s~11~ q11c e~ v11lvi11w111il l1111n ;l1111 se d(i " de foi:• p:11.1 d111t1i 1" po1
t.io sendo t\ttHlado,, levando t'lll rnmidt·1 :1ç!ío 111r.c:i11is 111111111\i i111c;111:1li;-.11~lí11 de p1!11 c,:.m i111<•P"1 11l1lnk•)~. /\
mos tanto ftlogenétirns como ontogt'll<.'llW\ A111 hm li Ii < .1111.1 , t:11q11.111111 :1nê111~1 :1 f.il< i.1l <xpl1111.u11t 111< 1;11n111c
lizam uma metodologia qualitativa cm seus C\l lldm. 1111' p .11\.1 1\l: p1e111111Vl'I (1:.q1t <:lll\ll•\c\O t\;I\ <11.1111..1' C jüVCll~
cando captar mecanismos psicológicos cm prm cs'o t n.111 1\." 'i1cic:1\.1dn \r11.11l.1, , 1t·m um p;1pd r"t·1111.il 11.1 p1'0
resultados estáticos expressos em medidas quant1ta1 Ív;I\ 11111\nll do 1h\t'llVOIV1llH'l\IO psi10\(lg11 0 dm 111d1~11h11)S
Tanto Piaget como Vygotsky são interacionistas, pmt li . 1i11.d11w111t'. dl''>l .ll '' \t 11.1s posllll.11.,üo dl' Vy1~111,ky \1
!ando a imponância da relação entre indivíduo e amb1t'lltt' 1111p1111.1m 1.1 da ;llll•ll,.IO dos ollllO' 11wn1b111\ 1\11 ~11q1f1
na construção dos processos psicológicos; nas duas aho1 s1111.il 11.1111n\1011.,.io 1·n1r<.· .11ultu1.1«o111d1vu\110 < 11.1 p111•
dagens, portamo, o indivíduo é ativo em seu próp110 pro º'
1111)ç:111 <\o'> proH'"º' 1lll c1 ps11 ologt< qu<. \t't.lll pm1 u ii:11 •
cesso de desenvolvimento: nem está sujeico apenas a me 1lll!llll 1111t·111.1h1•1<\o, A intt·rv<.·111.,•ill dd1bu.1d.1dm11ll:111·
canismos de maturação, nem submetido passivamente a \i111s 111ai' 111adu1m 1\.1 n1\\llt.1 no .1p1u1d11.1do d.1, 1:1i:111
imposições do ambiente. Ambos, ainda, consideram que ç11s (: <•'<IH ial ,\O \t'll ptm<'"º ck dt·\t 11volv11m·11111 A i11
o aparecimento da capacidade de representa~ão simbóli 11~1vt·11 ., .io pt•1\.1gí1g1c.1 do \11111'<.'''º' 11·111 . Pº"· u111 p.q1d
ca, evidenciado particularmente pela aquisição da ltngua 1c1111.il 11;111.qt1ó11;1do-. 111< 1v1duo' qm· P''""lll pd.1 t''i11b .
gem, marca um salco qualitativo no processo de desen Dt v1d11 .1 p< m11a1.,.io 1<Hlll< < 1.-1puLt da~ 11 k1,1s i.\1
volvimento do ser humano. Vygol'~·Y nn nosso 1m·10td111.1<1011.1\ < 1pl'l\lll'll.I disp1:1
Vemos, assim, que não estamos diantt <la tarefa de 111\11\11\.11\t dl' l(X\0\ '('li\ ('li\ p11b\11<1l.,flt'S ht,1\1\tl\ ,I" , \f!lll:t
descartar uma entre duas teorias opostas. Não se trat<t, :; 1~ p.1111111la1n1<:llH' i111po11a111<.' o u111\.1dn p.11.1 que 11~11
tampouco, de agrupá- las como se fossem complecamen 11.q.1 11111 wn, 111110 -.11pt t11ci.1\ dt ,ua 1t <111.1 ( h 11.1\i.1\\11·1
te equivalentes: quando penetramos nas especificidades de Vygol'~Y qur 1h<.·g.11.11n ;1 nú'> .11t o pin< 111< 11111111c11
de cada abordagem, revelam-se contribuições de naturc 111, ~n11p1l' 111nl1ad11' p111 ll•l<lu~<"><.' noll< .1nKt ll .111.1• ilc-1
za baseante distinta em cada uma delas. A questão c, co 1c:ic111~ 1111~\ll.11', tkvt·111 '>t·t 111m.1dm 1om11 po11111 1k p,11
mo em qualquer caso de aprofundamenco teórico, mm iid11 p•1t.1 u111 .11 t'"º n1.11s apmfl11Hlado .1 , 11,1 oh1.1 ;1 ~t:t
preender o melhor possível cada abordagem , para que 1c:.1l11 .11\o pol 111<.·111 d<. 1rx10' tk \l'll'> 1ol.lhe11 .11lo1<' d<e~
haja um real aprimoramento da reflexão sobre o objeto c~1111l111'º' dt '<" p<·11sanu·1110 Do 111t·"1111 111111\11 , :;11:1s
que está sendo escudado. idn.I', 111,p11.11\11t•"· 1kvn11 -.n 10111.1d." n Htto p11111 1_1 de
Nesse sentido é interessante recoroar, aqui, as idéias p.11111\a pat.1 1< lkx<ll ' t' t l,1\101.11,fl<·\ 1riHic:is q11< p11 \!W ll
de Vygotsky que têm particular relevância para a área da í1 .1k111 de s11:1s k 1.u1Hb'> p1opo..i1.,<11·'
educação. Em primeiro lugar sua postulação de que o de
senvolvimenco do indivíduo deve ser olhado de maneira
prospecciva, isco é, para além do momento acuai, com
referência ao que está por acontecer em sua trajetória Li
gado a esta postulação está o conceito de zona de desen
volvimemo proximal, que marca, como mais imponan
tcs no percurso de desenvolvimento , exatameott aquc
k' pron:ssos que já estão presentes ''em stmeme'' no 111
d1v1duo , mas ainda não se consolidaram . Essa conu: p~ao

e· n-1H r.tl para a educação, na medida em que 11np11m<.·
1l.11.11nc111c uma abordagem genérica ao estudo do Íllll
1H>ll .11nen10 psirnlógico , focalizando .1 att· n~ao llos pro
1<"°'1k desenvolvimento e na t'llH'lJ.:<.'lll l.l cl.1qudo que
< novo lia WIJ<.'türia do md1vuluo , .1ui<1.1 dt 1r.1mfor111.r-
~.111 . tao t'\\Cllnal ao p111p110 fOllf<' 1111 de <"d111 .11.,.10 11111
p.1 lug.11 ck dnt.1q11< 11,1' u1l111·:1\rws de \ H'11t 'l ~ Y
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Títulos já larH,ados
1
1'0S'\iv1 1,
l . FANTOCHE & CIA.
f\1 1111.1 < " ' ' "'ª K11plc 1
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Lil11h \)111\y~
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LIDADES lf1 . l\Xl'I OHANl)O O UNIVFl{SO l)J\ Mll~l< A
Rosa Maria Whitaker Ferreira Sampaio N 1111k .JC'.111cl111
3. ALFABETIZAÇÃO & LINGÜÍSTICA H< HIS..,l·AU A HHJ< A(,ÀO NA INl:AN( IA
Luiz Carlos Cagliari l\1 .111 ii ( l i 1/,11:1

4. CONSTRUÇÃO DA INTELIGÊNCIA PELA 1H J\ HXPHl., ~!-IAO 1 IVIU'. NO APHl., NDl/.Al)O l>A


CRIANÇA: ATIVIDADES DO PERÍODO PRÍ~ l,ÍNC\IA POlfl'U(1lll·.!-IA. PEDA(,()(,IJ\ MtHNI · 1
OPERATÓRIO M11tia l 1111.1 dm "'i,11110'
Maria da Glória Seber
l íJ J\ AH li- MAGIA DAS DOIUtAl>lllt A"'i lllS't"O
5. CONVITE À LEITURA DE PAULO FREIRE HIA'-1 l•, A'l IVIDAl>F!-1 t>EDA<,O<,l< A'-1 C< >M
Moacir Gadotti (Hl/C~AM I
L1~11:1 Asrhc11had1 lv.1n1 hl1t·1ula • M:11 i:;~1 ll li•
6. FORMAS DE PENSAR O DESENHO: O DESEN-
VOLVIMENTO DO GRAFISMO INFANTIL 11 , Nll 1/'-1( 1IE FDlJC ADOH
Edich Derdyk H11~.1 M.111.1 \)1.1'

7 UTERA TURA INFANTIL: GOSTOSURAS E l , V\C,O'l'SKY : APRFNDIZADO h lW"HNVOI VI


BOBICES
1
~UNl'O - UM PROChSSO S(>OO lllS l'OIU< O
l .. nny Abramovich M.111.1 Kohl de Ol1vt1t<l
H. BIUNQUEDOS & ENGENHOCAS: ATIVIDADES
1 lJDICAS COM SUCATA
111 ist· W eiss

''· MAKARENKO: O NASCIMENTO DA PEDAGO-


GIA SOCIALISTA
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10 \JM (' AMINHO DO TEATRO NA ESCOLA


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11 < OMPREENDENDO A DEFICIÊNCIA MENTAL:
NOVOS CAMINHOS EDUCACIONAIS
M.111a l<·rr\a Eglrr M.1n10•lll

12 H>lJ< AÇAO DE ( OltPO tN'l Hl{O: T!o.Ol{IA E


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