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24/08/2023

Processo de
regeneração
e cicatrização
Profa. Dra. Tatiane Targino Gomes Draghi

Reparo dos tecidos

As lesões teciduais que se acompanham de morte celular e/ou


destruição da matriz extracelular sofrem um processo de cura que se
dá por regeneração (tecido idêntico ao perdido) ou cicatrização
(substituição por tecido conjuntivo fibroso). Isso dependerá do agente
agressor, profundidade, extensão, tipo de tecido, presença de infecção,
estado de saúde e idade da pessoa.

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Regeneração
dos tecidos

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Regeneração dos tecidos

A regeneração dos tecidos envolve a substituição do tecido


lesionado por células do mesmo tipo (idêntico), deixando pouca ou
nenhuma evidência da lesão anterior e restituindo a integridade
funcional do tecido. As fases da regeneração incluem:

Destruição das células lesadas

Inflamação

Proliferação celular

Substituição dos tecidos

A capacidade de regeneração varia de acordo com o tipo de célula e de


tecido. As células do corpo são divididas em três tipos, segundo sua
capacidade de regeneração: células lábeis, estáveis ou permanentes.

Regeneram Cicatrizam

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Células lábeis

São aquelas que continuam a se dividir e replicar ao longo da vida,


substituindo células continuamente destruídas. Isso inclui as células
epiteliais da superfície cutânea, da cavidade oral, da vagina e do colo
do útero; do sistema digestório, do útero e das tubas uterinas; o
epitélio de transição do sistema urinário; e as células da medula óssea.

Células estáveis

São aquelas que normalmente param de se dividir quando o processo


de crescimento é interrompido. No entanto, são capazes de se
regenerar quando confrontadas com um estímulo apropriado e podem,
portanto, reconstituir o tecido original. Esta categoria inclui as células
do parênquima hepático e renal, da musculatura lisa e do endotélio
vascular.

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Células permanentes ou fixas

Não sofrem divisão mitótica. A categoria de células permanentes inclui


as células nervosas, e do músculo cardíaco. Essas células normalmente
não se regeneram; uma vez destruídas, são substituídas por tecido
fibroso de cicatrização sem as características funcionais do tecido
destruído.

Reparo no tecido cartilaginoso


O tecido cartilaginoso tem atividade constante de renovação da sua matriz
extracelular. O trabalho mecânico fisiológico sobre as cartilagens articulares
é o principal estímulo que libera metaloproteases (digerem a matriz) e ativa
condrócitos (sintetizam novas moléculas).
Lesões traumáticas em cartilagens podem ser reparadas por cicatrização ou
por regeneração. Esta ocorre em fraturas pequenas, mediante proliferação
de condroblastos a partir do pericôndrio. Em lesões extensas, com
sangramento, forma-se um coágulo, e a reparação se faz por cicatrização.

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Reparo no tecido nervoso


A regeneração e o reparo no tecido nervoso têm características diferentes no
sistema nervoso central (SNC) e no sistema nervoso periférico (SNP). Enquanto no
SNP lesões de fibras nervosas sofrem regeneração eficiente, no SNC, em
circunstâncias semelhantes, a regeneração não acontece ou é muito pouco eficaz.
Reparo no sistema nervoso periférico. Quando o nervo é seccionado e as
extremidades são adequadamente apostas e suturadas, há regeneração de axônios.
O sucesso da recuperação funcional depende da disposição correta das células de
Schwann proliferadas na área de secção, que formam os condutos para os axônios
regenerados chegarem ao seu destino no coto distal.

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Reparo no tecido nervoso periférico


Após secção das fibras nervosas, ocorrem os seguintes eventos (degeneração walleriana):
(1) fechamento das extremidades do axônio, nos primeiros 30 min após o traumatismo, geralmente
acompanhado de degeneração rápida de alguns micrômetros de extensão nos cotos seccionados;
(2) entre 8 e 24 h, inicia-se a degeneração da membrana do axônio (axolema), que se torna tumefeito e com
bolhas;
(3) fragmentação da bainha de mielina, que se completa em algumas horas (os fragmentos originados da
desintegração dos axônios e da mielina são removidos por endocitose por células de Schwann e
macrófagos residentes ou vindos da circulação);
(4) as células de Schwann proliferam e organizam-se em bandas que orientam o crescimento dos axônios,
que se faz em velocidade variável (cerca de 1 mm por dia) e se completa entre 6 e 18 meses.

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Reparo no sistema nervoso central


Após secção de fibras nervosas no SNC e em lesões da medula espinhal, ocorre degeneração
walleriana de modo muito lento, com regeneração mínima. Após traumatismo que secciona fibras
nervosas no SNC, os oligodendrócitos associados aos axônios degenerados sofrem apoptose ou
hipotrofia, não contribuindo nem com a remoção dos fragmentos originados da degeneração
walleriana nem com a remielinização, o que dificulta a passagem de anticorpos naturais antimielina
e a migração de monócitos do sangue periférico. A persistência de mielina e de subprodutos
inibidores do crescimento de axônios impede a regeneração adequada. Por tudo isso, as lesões da
medula que seccionam fibras nervosas geralmente têm baixo índice de recuperação, o mesmo
acontecendo com doenças que causam desmielinização em outras áreas do SNC.

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Cicatrização
dos tecidos

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Matriz Extracelular (MEC)


A MEC consiste em matriz intersticial entre as células, formada por colágeno e várias glicoproteínas, e
membranas basais abaixo dos epitélios e circundando os vasos, composta de colágeno não fibrilar e laminina.

Funções importantes:
• Fornece suporte mecânico aos tecidos.
• Funciona como substrato para o
crescimento celular e a formação de
microambientes teciduais.
• Regula a proliferação e a diferenciação
celulares.
• Arcabouço para renovação tecidual.

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Componentes da Matriz Extracelular


Existem três componentes básicos da MEC:
(1) as proteínas fibrosas estruturais (colágenos e as
elastinas) que conferem resistência à tensão e
flexibilidade;
(2) géis hidratados, como os proteoglicanos e o
hialuronan, que permitem elasticidade e lubrificação; e
(3) glicoproteínas de adesão, que conectam os
elementos da matriz uns aos outros e às células.

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Proteínas fibrosas estruturais


Colágeno: Os colágenos são compostos de três cadeias polipeptídicas separadas
trançadas em hélice tripla possuem características de acordo com os tecidos
específicos. Alguns tipos de colágeno (p. ex., tipos I, II, III e V) formam fibrilas. Os
colágenos fibrilares constituem a maior parte do tecido conjuntivo da cura de
feridas e particularmente das cicatrizes. A resistência dos colágenos fibrilares à
tensão se origina das suas ligações cruzadas, resultantes das ligações covalentes
catalisadas pela enzima lisil-oxidase. Os defeitos genéticos desses colágenos
causam doenças como a osteogênese imperfeita.

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Proteínas fibrosas estruturais


Elastina: O tecido elástico confere habilidade ao tecido de se expandir e
retrair (flexibilidade/ elasticidade) após estresse físico, retornando à
estrutura original, o que é especialmente importante na parede dos grandes
vasos (que devem se acomodar com o fluxo pulsátil), assim como no útero,
na pele e nos ligamentos. Morfologicamente, as fibras elásticas consistem
em um eixo central de elastina circundado por uma rede periférica da
glicoproteína fibrilina. Defeitos na síntese de fibrilina causam anormalidades
esqueléticas e paredes aórticas enfraquecidas.

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Géis hidratados
Proteoglicanos e Hialuronan: Os proteoglicanos formam géis compressíveis altamente
hidratados que conferem elasticidade e lubrificação (como na cartilagem das articulações).
Consistem em polissacarídeos longos, chamados de glicosaminoglicanos ou
mucopolissacarídeos, ligados a uma proteína central. O hialuronan (também chamado de
ácido hialurônico), um grande mucopolissacarídeo sem a proteína central, é também um
importante constituinte da MEC que se liga à água e forma uma matriz gelatinosa, viscosa.
Além de fornecer compressibilidade aos tecidos, os proteoglicanos servem também como
reservatórios para fatores de crescimento secretados na MEC.

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Glicoproteínas de adesão

São moléculas estruturalmente diferentes, envolvidas na adesão célula-


célula, na ligação das células com a MEC e na ligação entre os componentes
da MEC. As glicoproteínas de adesão incluem a fibronectina (principal
componente da MEC intersticial) e a laminina (principal componente da
membrana basal). Os receptores de adesão, também conhecidos como
moléculas de adesão celular (CAMs), estão agrupados em quatro famílias —
imunoglobulinas, caderinas, selectinas e integrinas.

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Células lábeis: realiza mitose


constantemente (epitelial...)
Recapitulando... Células estáveis: voltam a se regenerar
quando necessita (musculo liso...)
Células permanentes: não sofrem
divisão mitótica (cel. Nervosas...)
Reparo tecidual

Tudo depende:
agente agressor,
Regeneração (tec. Idêntico) profundidade, Cicatrização(tec. Conj. Fibroso)
extensão, tipo de
tecido, presença de
infecção, estado de
Destruição das células lesadas Apresenta grande quantidade de fibras
saúde e idade da
pessoa colágenas, formando feixes com alta
Inflamação resistência à tração e pouca
elasticidade.
Proliferação celular

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Regulação do processo de cicatrização

O tecido conjuntivo
fibroso possui como
principal constituinte
fibras colágenas, que são
caracteristicamente
brancas e formadas pela
proteína colágeno,
principalmente colágeno
A cicatrização de feridas envolve a restauração
tipo I que as tornam-na
do tecido lesionado (substituição por tecido
muito resistentes.
conjuntivo fibroso).

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Regulação do processo de cicatrização

O processo de cicatrização dos tecidos é regulado pela ação de mediadores químicos e


fatores de crescimento.
Mediadores químicos incluem interleucinas, interferonas, TNFα e derivados do ácido
araquidônico (prostaglandinas e leucotrienos), que participam na resposta inflamatória.
Fatores de crescimento são moléculas semelhantes a hormônios que interagem com
receptores específicos da superfície celular para controlar os processos envolvidos na
reparação de tecidos e na cicatrização de feridas. Os fatores de crescimento controlam a
proliferação, a diferenciação e o metabolismo celulares durante o processo de cicatrização de
feridas.

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Processo de cicatrização

O objetivo principal do processo de cicatrização é preencher o vazio criado pela


destruição de tecidos e restaurar a continuidade estrutural da parte lesionada.
Quando não pode acontecer regeneração, a cicatrização por substituição, fornece
os meios para manutenção da continuidade. Embora o tecido cicatricial preencha a
lacuna criada pela morte do tecido, ele não repara a estrutura com células
funcionais do parênquima. A cicatrização de feridas cutâneas é dividida em três
fases: fase inflamatória, fase proliferativa e contração da ferida e fase de
remodelação. Cada uma é mediada por citocinas e fatores de crescimento.

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Fase inflamatória
Essa fase inclui hemostasia e as fases vascular e celular da
inflamação. No momento da lesão, os processos hemostáticos são
ativados imediatamente. Ocorre a constrição dos vasos
sanguíneos lesionados e o início da coagulação do sangue por
meio da ativação e agregação de plaquetas. Após breve período
de constrição, os mesmos vasos se dilatam e os capilares
aumentam a permeabilidade, possibilitando que componentes
plasmáticos e sanguíneos extravasem para a área lesionada. Em
pequenas feridas superficiais, o coágulo perde líquido e se
transforma em uma crosta desidratada que protege a região
afetada.

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Fase inflamatória
Depois disso, dá-se a fase celular da inflamação, que pode ser evidenciada
pela migração de leucócitos fagocíticos, que digerem e removem os
microrganismos invasores, a fibrina, os fragmentos extracelulares e outras
substâncias estranhas ao organismo. Os monócitos (macrófagos) fazem a
fagocitose e liberam fatores de crescimento que estimulam a proliferação de
células epiteliais e a angiogênese e atraem fibroblastos. Quando ocorre
grande defeito nos tecidos mais profundos, são necessários neutrófilos e
macrófagos para remover os detritos e facilitar o fechamento da ferida.

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Fase proliferativa

Os processos primários durante a fase se


concentram na construção de tecido novo
para preencher o espaço da ferida. As
células mais importantes durante esta fase
são os fibroblastos, que são células do
tecido conjuntivo que sintetizam e secretam
o colágeno, proteoglicanos e glicoproteínas
necessários para a cicatrização de feridas.

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Fase proliferativa
Após a lesão, os fibroblastos e as células endoteliais vasculares são responsáveis
pelo processo de angiogênese (crescimento de novos vasos sanguíneos) que
começam a proliferar para formar o tecido de granulação que serve de base para o
desenvolvimento do tecido cicatricial. Este tecido é frágil e sangra facilmente
devido aos inúmeros brotos capilares recém formados. O componente final da fase
proliferativa é a epitelização.
OBS: Feridas que cicatrizam por segunda intenção apresentam quantidade maior
de fragmentos necróticos e exsudato que deve ser removida, e isso envolve grande
quantidade de tecido de granulação.

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Mecanismo da angiogênese

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Contração da ferida e fase de remodelação

Acontece a remodelação contínua do tecido cicatricial


mediante a síntese simultânea de colágeno pelos
fibroblastos e a lise do colágeno antigo. O colágeno
produzido inicialmente é mais fino do que o colágeno
presente na pele normal, e tem orientação paralela à pele.
Com o tempo, o colágeno inicial (colágeno tipo III) é
reabsorvido e um colágeno mais espesso é produzido e
organizado ao longo das linhas de tensão. Como resultado,
a arquitetura da cicatriz é reorientada para aumentar a
resistência à tração.

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Contração da ferida e fase de remodelação

Como resultado deste processo, a arquitetura da cicatriz é reorientada


para aumentar a resistência à tração e a cicatriz encolhe tornando-a
menos visível por meio dos miofibroblastos. O processo de
remodelamento da ferida implica no equilíbrio entre a síntese e a
degradação do colágeno, redução da infiltração de células
inflamatórias, até que se atinja a maturação da ferida.

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Cura por primeira e segunda intenção

Dependendo da extensão da perda de tecido, o


fechamento e a cicatrização da ferida podem
ocorrer por primeira ou segunda intenção, isto
é, cicatrização primária ou secundária.
A duração das fases é bastante previsível em
feridas com cicatrização por primeira intenção.
Na cicatrização de feridas por segunda
intenção, o processo depende da extensão da
lesão e do meio ambiente de cicatrização.

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Cura por primeira intenção

Feridas com bordas opostas (aproximada por


sutura), exemplo menos complicado de
reparo de feridas.
Exemplo: cicatrização de uma incisão cirúrgica
limpa (não infectada).

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Cura por segunda intenção

Feridas com bordas


separadas, ocorre
perda mais extensa
de células e tecidos,
criam contração da
ferida, reduzindo o
tamanho original
do tecido.
Imagens online

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Cura por terceira intenção


São as feridas deixadas abertas
inicialmente, geralmente por
apresentarem contaminação extensa. A
ferida infectada é manejada com
desbridamentos repetidos e
antibioticoterapia. Após alguns dias de
tratamento local, a ferida é fechada
mecanicamente através de enxertos
cutâneos.
Imagem online

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Processo anormal de cicatrização de feridas

Quelóides: Resultam de um processo anormal


de cicatrização de feridas, caracterizado por
uma síntese excessiva de colágeno. É uma
lesão elevada, de cor vermelha ou escura
brilhante, de localização dérmica e que
ultrapassa os limites da ferida original, ou seja,
invade a pele normal adjacente. Apresenta
crescimento ao longo do tempo e não regride
espontaneamente.
Imagens online

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Processo anormal de cicatrização de feridas

Cicatriz hipertrófica: Resultam de um processo anormal de cicatrização de


feridas, caracterizado por uma síntese excessiva de colágeno. É caracterizada
por cicatrizes elevadas, tensas e confinadas às margens da lesão original. Com
frequência tendem à regressão espontânea, vários meses após o trauma
inicial.

Imagens online
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https://www.youtube.com/watch?v=reUMcopXv9w

Vídeo online - Youtube

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Qual a diferença de regeneração e


cicatrização?
Quais são as fases da cicatrização? Explique-as.
Quais os tipos de cura de tecido?
Memorizando Quais os dois tipos de processo anormal de
cicatrização?
Quais os fatores que afetam a cicatrização?

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