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Trabalho Final: Etapas de investigação para uma Tese de Doutoramento

1. Avaliação do percurso pessoal experienciado ao longo do seminário de aprofundamento


metodológico

Esta autoavaliação pretende testemunhar o processo de construção e aprofundamento de meus


próprios conhecimentos no decurso deste seminário. Sobre o conceito de seminário, em termos
mais latos, MARCONI e LAKATOS (2003) definem:

Seminário é uma técnica de estudo que inclui pesquisa, discussão e debate; sua finalidade é pesquisar e ensinar a
pesquisar. Essa técnica desenvolve não só a capacidade de pesquisa, de análise sistemática de fatos, mas também
o hábito do raciocínio, da reflexão, possibilitando ao estudante a elaboração clara e objetiva de trabalhos
científicos.1

Nestes moldes apraz-me confirmar que as atividades desenvolvidas ao longo das aulas virtuais
deste primeiro semestre abriram espaço à progressiva consubstanciação das competências
anteriormente adquiridas.

Anuindo ao contrato de aprendizagem publicado na introdução ao seminário e, a propósito das


competências a desenvolver:

 Capacidade de analisar criticamente trabalhos na área dos estudos históricos e do Património;


 Domínio das técnicas formais da construção de um projeto de investigação;
 Capacidade de avaliar o necessário equilíbrio entre a problemática, as fontes e o prazo de elaboração de uma
tese de doutoramento;
 Capacidade de equacionar as abordagens metodológicas com os temas e as cronologias em estudo;
 Domínio das ferramentas concetuais e metodológicas a cumprir na elaboração de uma tese de doutoramento;

sinto que nesta matéria foram preenchidas certas lacunas através das leituras, pesquisas,
aprofundamento e esclarecimento no forum de determinadas conexões entre as variadas áreas em
estudo e, simultaneamente, o desenvolvimento das técnicas (habilidades) e estratégias de análise
necessárias à promoção da tarefa e função do investigador a quando do processo de elaboração
da sua tese, sendo esta a que doravante nos compete desempenhar.

Reconhece-se, ainda, a relevância para este curso superior, 3º ciclo, da existência de um


seminário que permita ao doutorando/investigador o exercício das práticas metodológicas que
mais beneficiam a redação do seu trabalho de tese. E também aqui se assistiu a essa prática
contínua e concreta nessa tendência de desenvolvimento e aperfeiçoamento das ferramentas de
trabalho de um pesquisador.

Estou certo, porém, que sem este processo de revisitação não podia ter sido concluída
verdadeiramente a construção e validação do conhecimento concetual obrigatório e necessário.

1
Marina de Andrade Marconi e Eva Maria Lakatos, Fundamentos de Metodologia Científica, p. 35

Jorge da Carvalhinha Seminário de Aprofundamento Metodológico - Doutoramento em História – 2021


Esta reflexão pode, em suma, ser considerada vital para a consciencialização e interiorização de
metodologias válidas e úteis à tarefa vindoura do trabalho de pesquisa.

Resumindo, posso declarar com total segurança e convicção que as expectativas tidas pela
frequência deste seminário foram plenamente alcançadas e, em mais do que uma situação,
confesso que superadas, impulsionando um enorme sentimento de satisfação e realização
pessoal.

2. Estrutura de um tópico de investigação

A digressão que me proponho fazer ao longo das próximas páginas tem a modesta pretensão de
tecer uma série de considerações pessoais, ainda que devidamente fundamentadas (pelo menos
assim anseio), acerca do que julgo ser uma profícua e adequada pesquisa, investigação e redação
de uma tese de doutoramento em História.

Informo desde já que aspiro utilizar o tema de base deste trabalho e, parcialmente, a estrutura,
em curto prazo e num plano mais circunscrito, no trabalho final do seminário de aprofundamento
teórico. Pretendo assim esmiuçar algumas das etapas e metodologias interiorizadas pelas várias
leituras e discussões tidas ao longo deste seminário.

Ainda antes de adentrar na estruturação da pesquisa, julgo relevante abordar a definição, que
estimo consensual, providenciada por ECO (1997) para o que se entende por tese: “(...) trabalho
dactilografado, de grandeza média, variável entre cem e as quatrocentas páginas, em que o
estudante trata um problema respeitante à área de estudos em que se quer formar.” ECO, refere
ainda que o seu conteúdo deverá ser de caráter científico original favorecido por uma abordagem
inovadora e capaz de propiciar conteúdos válidos e, se possível, únicos no tratamento da
temática em estudo. Afirma também que parte da metodologia presente na Tese deve constituir a
defesa de um argumento que se espera ser objeto de contestação. É através da aplicação do
método experimental aplicado aos vários conhecimentos afiançados e que suportam a Tese, e do
conhecimento acumulado no decurso da investigação sobre os variados tópicos, que se alcançará
o almejado domínio científico daquela área de estudo. O Candidato atingirá o grau académico
para o qual estudou apenas quando a sua Tese de Doutoramento for aprovada. E, apenas nessa
altura, a Tese pode ser objeto de publicação, se disso for merecedora.2

ECO menciona ainda, enquanto aspecto fulcral para o sucesso da tese, que a escolha do tema
deve ser delimitada (restringida q.b.) a um tempo e a um espaço definido a fim de estabelecer

2
Umberto Eco, Como se faz uma tese em ciências humanas, p. 27, este capítulo trata o assunto: O que é uma tese e
para que serve?
2
Trabalho Final: Etapas de investigação para uma Tese de Doutoramento

parâmetros claros à investigação, transmitindo desta forma melhor segurança ao investigador.3


Nesta matéria FREGONEZE et al. (2014) acrescentam as questões seguintes:

a) O que fazer? Definição do tema e do problema; b) Por que fazer? Justificativa da escolha; c) Para que fazer?
Objetivos; d) Como fazer? Metodologia; e) Onde fazer? Local: campo de pesquisa; f) Com o que fazer?
Recursos; g) Quando fazer? Cronograma.” Questões essas que permitem uma orientação mais profícua do
processo de escolha do tema.4

Penso que poderíamos encetar este trabalho esclarecendo o roteiro que proponho seguir no
sentido de permitir ao leitor um fio condutor e uma orientação útil durante o esgrimir de
argumentos e exposição dos factos. Encontrei em FREGONEZE o traçado providencial5, ainda
que de forma híbrida6, sobre a estrutura que deve ser seguida no projeto de pesquisa (tabela 1)7:

2.1 Elementos pré-textuais:


2.1.1 Capa - onde deve constar o nome e o logotipo da instituição (Universidade Aberta); o título
(Ideologia e Memórias Sociais: A ascensão nazi durante a República de Weimar e como os
populistas de direita ganham força na Alemanha de hoje – Será que existe uma correlação?); o
nome do candidato (Jorge da Carvalhinha); Doutoramento (na área de História, na
especialidade de Representações, Poderes e Práticas Culturais); o ano de conclusão (202?).
2.1.2 Folha de rosto - onde deve constar o nome e o logotipo da instituição (Universidade
Aberta); o título (Ideologia e Memórias Sociais: A ascensão nazi durante a República de
Weimar e como os populistas de direita ganham força na Alemanha de hoje – Será que existe
uma correlação?); o nome do candidato (Jorge da Carvalhinha); Doutoramento (na área de
História, na especialidade de Representações, Poderes e Práticas Culturais); o nome do
orientador (a saber); o ano de conclusão (202?).
2.1.3 Dedicatória - é opcional e aqui deve ser feita uma breve menção pessoal (emotiva ou não) a
quem se dedica o trabalho.
2.1.4 Agradecimentos - é também opcional e neste espaço expressa-se a reconhecimento e
gratidão aos intervenientes (orientador, entrevistados ou entidades) que contribuíram com
informação e/ou auxiliaram à realização do trabalho.
2.1.5 Resumo / Abstract - em português (até 500 palavras) ou em língua estrangeira (inglês,
francês ou espanhol). Segundo AMADO (2019) o resumo:

3
Umberto Eco, op. cit., p. 39
4
Gisleine Bartolomei Fregoneze et al., Metodologia Científica, p. 101
5
Gisleine Bartolomei Fregoneze et al., op. cit, p. 101
6
O caráter híbrido da abordagem ao traçado prende-se com o facto deste ter interferências de outros autores para
além de Fregoneze, devidamente identificados no decurso da análise. Híbrido também devido à utilização da escrita
em itálico que acontece sempre que se faz o entrosamento com a Tese adotada para exemplificação.
7
Tabela 1 que se encontra anexada no final do trabalho

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(...) é um texto que deve ter entre 50 a 150 palavras (Coutinho, 2011, p. 218). No caso de sumário analítico, ou
sinopse (também denominado abstract) deve ter cerca de 300 palavras (menos de uma página). Em ambas as
situações, deve ser o mais breve e pertinente possível de forma a proporcionar uma síntese compreensiva de todo
o trabalho (Correia, & Mesquita, 2013, p. 10). Sem prejuízo para os trabalhos, costumo recomendar a redação de
resumos de 500 palavras na seguinte estrutura: (a) objetivo; (b) contexto; (c) problema; (d) perguntas; (e)
enquadramento ou principais conceitos teóricos; (f) estado da arte; (g) abordagem metodológica; (h) tipo de
plano ou research design; (i) metodologia (tipo); (j) fatores ou variáveis em análise; (k) amostra e participantes;
(l) instrumentos de recolha de dados; (m) operacionalização; (n) e os principais dados, resultados ou "take
aways"; (o) relevância para o contexto e principais limitações; (p) trabalho futuro ou contribuições para a área,
ou outras aplicações.8

2.1.6 Palavras chave / Keywords - complementam o título e subtítulo adicionando informação


sobre o estudo permitindo que este possa ser indexado e pesquisado nas bases de dados com
maior facilidade. As palavras chave para a tese em questão seriam:
Extrema-direita / Ideologia / Nazismo / Populismo / República de Weimar.
2.1.7 Sumário / Índice geral / Tabela de conteúdos - deve incluir uma disposição lógica dos
temas abordados ao longo do trabalho apresentando uma paginação compreensível (identificando
as partes, capítulos e secções). Para ECO (1997) o índice funciona “(...) de modo que o leitor
possa fazer logo uma ideia daquilo que irá encontrar na leitura. Por outras palavras, redigir logo
o índice como hipótese de trabalho serve para definir imediatamente o âmbito da tese.”9
Ainda seguindo a sugestão de ECO decidi adotar para esta proposta de trabalho um índice-
hipótese:
1. Posição do problema
2. Os estudos precedentes
3. A nossa hipótese
4. Os dados que estamos em condições de apresentar
5. A sua análise
6. Demonstração da hipótese
7. Conclusões e indicações para trabalho posterior

2.2 Elementos textuais:


2.2.1 Introdução (Para quê! / Para quem?) - pode ser considerada um resumo mais alargado
acerca dos conteúdos que se debruça o trabalho. A Introdução pode conter uma descrição do
conteúdo da tese e uma explanação dos argumentos centrais que se vão defender. O leitor
também é informado sobre a relevância do trabalho cuja leitura está a ser iniciada e, em
concreto, deve proporcionar ao leitor a compreensão acerca do objetivo e significado da
pesquisa. Para FREGONEZE a introdução deve atender a determinados tópicos e questões,
destacadas a baixo10:

8
Paulo Amado, Estrutura de uma dissertação, tese de mestrado ou tese de doutoramento, pesquisa elaborada ao site
da internet https://pedamado.wordpress.com/2019/06/28/estrutura-de-uma-dissertacao-relatorio-de-mestrado-ou-
tese-de-doutoramento/ acessado a 06/02/2021
9
Umberto Eco, op. Cit, p. 125, este capítulo trata o assunto: O índice como hipótese de trabalho.
10
Gisleine Bartolomei Fregoneze et al., op. cit, p. 101-103
4
Trabalho Final: Etapas de investigação para uma Tese de Doutoramento

a) Tema - assunto a provar ou desenvolver que pode surgir de uma dificuldade, curiosidade ou
desafios experienciados pelo pesquisador.
No item em questão já foi evidenciado anteriormente o tema da Tese na capa e folha de rosto.
b) Delimitação do tema - através de uma circunscrição clara de um contexto geográfico e espacial11
aliada à definição concreta de um sujeito e objeto, teremos as “coordenadas” exatas e
fundamentais para uma profícua efetivação da pesquisa.
Na tese em questão definimos como sujeito e objeto – a ascensão nazi e o ganhar de força do
populismo de direita – reportando-se ao aumento desmedido do poder da extrema direita,
correlacionando este acontecimento em dois momentos/períodos distintos, pois é estabelecida
uma comparação entre os dois “tempos” – a República de Weimar e os nossos dias – e,
finalmente, delimitamo-lo no espaço – Alemanha – alcançando com esta fórmula o tão desejado
equilíbrio inicial atinente à escolha de um tema exequível.
c) Objetivo geral - informa com clareza e objetividade quais são as intenções gerais do pesquisador.
Na tese em análise o investigador pretende estabelecer a correção entre as duas situações: a
ascensão nazi da primeira metade do século XX e o aumento da força política do populismo de
extrema-direita atualmente.
d) Objetivos específicos - embrenham-se no escopo introdutório que foi declarado no objetivo
geral, concretizando esse mesmo objetivo e catapultando para situações mais particulares.
Com base no objetivo geral o investigador adentra na sua investigação aprofundando as
razões/causas que levaram ao espoletar do aumento de poder da extrema direita nos dois
períodos em questão.
e) Justificativa (Por quê?) - deve fornecer de forma concisa as razões de ordem teórica e prática
pelas quais aquele tema é importante e qual a sua pertinência para a sociedade. Normalmente
este é um espaço em que o pesquisador não costuma fazer citações, pois os argumentos
apresentados são mais de ordem pessoal.

Neste espaço compete ao investigador declarar as suas apreensões relativamente à repetição de


acontecimentos verificados pela memória social do período de vigência do nazismo na
Alemanha e manifestar as suas ansiedades face ao que está a acontecer agora no campo do
extremismo de direita. De certa forma, ambiciona humildemente que esta pesquisa sirva de
chamada de atenção ao sentido de vigilância pela contemplação dos valores morais e sociais e
preservação dos direitos humanos que são alienados pelas ideologias ultranacionalistas.

11
Umberto Eco, op. cit., p. 39

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f) Problema – formulado a quando da escolha do tema e deve abarcar uma questão teórica ou
prática para a qual o pesquisador terá que providenciar uma resposta/solução. Ajuda à
formulação deste problema se o pesquisador já possuir alguns conhecimentos sobre aquele
assunto. MARCONI e LAKATOS (2003) referem a este propósito que se deve ponderar aspetos
da valoração do problema ao nível da sua viabilidade, relevância, novidade, exequibilidade e
oportunidade antes de considerá-lo adequado.12
Relativamente a este tópico a questão problema aqui em discussão é a de saber se existe ou não
uma correlação entre as razões/causas da ascensão do nazismo no segundo quartel da primeira
metade do século XX e o populismo de extrema direita na Alemanha de hoje.
g) Hipótese - pressupõe que o pesquisador já possua uma resposta ou explicação provisória do
problema. Guiado por essa suposição (a hipótese) o pesquisador realiza a pesquisa atinente à
verificação da assertividade ou negação da hipótese formulada.
Certamente que este pesquisador como também muitos dos digníssimos leitores deste trabalho já
ponderaram a existência de uma correlação entre as duas situações evidenciadas, contudo,
ainda que pareça simples de provar essa correlação, nesta fase, há um longo caminho teórico a
percorrer até se chegar à comprovação da hipótese.
2.2.2 Metodologia - descreve o método como a pesquisa vai ser realizada, os recursos da
investigação, assim como os instrumentos da pesquisa “(...) direciona o caminho do pensamento
e a prática exercida para levar ao processo de percepção da realidade.”13 O método científico
assume, desta forma, um papel de absoluta relevância pela sua estreita relação com as teorias
necessárias ao trabalho e deve ser escolhido de acordo com a área científica em questão e a
natureza do problema em estudo. Este depende da estrita negociação com o orientador da tese.
a) Método de abordagem - geralmente representado com um nível de abstração elevado reporta-se
às etapas da investigação e ao momento em que estas acontecem. Os tipos de método de
abordagem podem ser indutivos (que partem dos factos observados em número finito para as leis
gerais), dedutivos (que partem do geral para o particular, da causa para o efeito), hipotético-
dedutivos (que deduzem a partir de premissas empíricas verificadas à posteriori) e dialéticos (que
progridem por meio do reconhecimento das antíteses como condição de uma síntese).
b) Método de procedimento - reporta-se à forma de atuar através da formalização de etapas
concretas tendentes à explicação dos fenómenos e estão limitadas a um domínio particular da
pesquisa.

12
Marina de Andrade Marconi e Eva Maria Lakatos, op. cit, p. 160
13
Gisleine Bartolomei Fregoneze et. al., op. cit, p. 106
6
Trabalho Final: Etapas de investigação para uma Tese de Doutoramento

Aqui tentarei numa só investida apresentar a estratégia metodológica qualitativa a levar a cabo
nesta pesquisa. Neste capítulo descrevem-se os passos da investigação, dos quais fazem parte: a
apresentação de um problema; a verificação da bibliografia promovendo as diligências
necessárias para conhecer melhor o assunto e os autores/pesquisadores que já se dedicaram ao
seu tratamento; a apresentação de uma hipótese que tente responder ao problema; a apresentar
a teoria; a experimentar/verificar se soluciona ou não o problema; a analisar os
dados/resultados recolhidos e tirar conclusões; a comprovar se os resultados se alinham com a
hipótese e, em caso afirmativo, comunicar os resultados, ou em caso negativo, os dados
experimentais devem conduzir à formulação de novas hipóteses, repetindo o processo até
alcançar uma concordância entre os resultados e a hipótese.

c) Técnicas (descrição, como será aplicada, codificação e tabelas) - habilidade de usar preceitos e
normas de obtenção e recolha de dados. Ainda segundo FREGONEZE, fazem parte das técnicas
duas grandes vertentes de pesquisa: a documentação indireta (abrangendo a pesquisa documental
e bibliográfica) e documentação direta (que se subdivide em observação direta intensiva –
observação, entrevista – e a observação direta extensiva – questionário, formulário, medidas de
opinião e de atitudes, testes, sociometria, análise de conteúdo, história de vida e pesquisa de
mercado).14
A primazia das técnicas recai sobre a pesquisa documental indireta a qual incide especialmente
na leitura e interpretação documental e bibliográfica. Esclarece-se que destes documentos
devem fazer parte noticias, tabelas e gráficos relativamente a resultados de eleições e
entrevistas publicadas em meios de comunicação idóneos (jornais e revistas).
d) Delimitação do universo (descrição da população) - demarca um conjunto de seres animados ou
inanimados que se destacam do todo por apresentarem pelo menos uma característica em comum
e que poderá ser o sexo, faixa etária, filiação política ou partidária, etc.
O universo em destaque é uma população que apresenta as mesmas características ideológicas,
“nacionalistas exacerbados ou ultranacionalistas”. No caso falamos de cidadãos
preconizadores das ideologias e teorias de extrema-direita, partidaristas filiados ou não.
e) Tipo de amostragem (caracterização e seleção) - deve ser o mais representativa possível da
população investigada. Os resultados obtidos das pesquisas direcionadas à amostra devem
conferir com o resultado da população total caso esta fosse alvo de inquérito.

14
Gisleine Bartolomei Fregoneze et al., op. cit, p. 108

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FREGONEZE afere dois tipos de amostra15: a não probabilística (menos utilizada por não
permitir certos tipos de tratamento estatístico) e a probabilística (baseia-se na escolha aleatória
dos pesquisados possibilitando o tratamento estatístico).
Nesta secção pode verificar-se a dificuldade de identificar a população em análise. Acredita-se
que os cidadãos não filiados em partidos de extrema-direita não se façam identificar fora das
urnas eleitorais, comícios e/ou manifestações e, por tal razão, são difíceis de equacionar em
termos de observação direta.
2.2.3 Fundamentação teórica - deve responder à questão “Como?”. Aqui surgem todos os
elementos que compõem a fundamentação teórica da pesquisa, bem como se devem encontrar
plasmadas as acepções conceptuais utilizadas.
Através da abordagem dos factos e conceitos determinantes para o trabalho impõe-se aqui
clarificar o que foi a República de Weimar, o Partido Nacional-socialista, a Ditadura Nazi, ou
conceitos como o que é a extrema-direita, nazismo, ideologia ou populismo extremista. Nesta
demanda o pesquisador socorre-se do apoio dos conhecimentos anteriormente adquiridos sobre
o assunto da pesquisa e das fontes bibliográficas que já manifestaram interesse sobre o mesmo
assunto. A exposição dos factos bibliográficos pesquisados deve ser feita através de citações.
a) Teoria de base - serve de alicerce à interpretação do significado de dados e factos obtidos e
fundamenta-se na relação entre a pesquisa e o universo teórico. É pertinente referir também que
não existe projeto de pesquisa sem que o pesquisador detenha, à priori, determinadas suposições
ou premissas teóricas basilares para o desenvolvimento da sua interpretação.
b) Revisão de bibliografia - permite ao pesquisador familiarizar-se com outras pesquisas que já
foram feitas à luz do tema que foi escolhido por si e, assim, como referido por TRUJILLO16
citado em MARCONI e LAKATOS (2003) “Dessa forma, a pesquisa bibliográfica não é mera
repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob
novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras.” É importante referir aqui as
fichas de leitura que assumem especial relevância quando se trata de criar registos de todas as
obras consultadas.
c) Definição de termos – esclarece, através da desambiguação e maior precisão, os termos ou
conceitos que na pesquisa carecem desse tratamento por não serem do conhecimento comum ou
por permitirem uma pluralidade de compreensões.
d) Citações - feitas de forma organizada segundo os padrões da instituição com a qual se está a
trabalhar na realização da pesquisa.

15
Gisleine Bartolomei Fregoneze et al., op. cit, p. 109
16
Trujillo (1974, p. 230) autor citado por Marina de Andrade Marconi e Eva Maria Lakatos, op. cit, p. 183
8
Trabalho Final: Etapas de investigação para uma Tese de Doutoramento

2.2.4 Cronograma - responde à questão “Quando?” e estabelece uma calendarização das várias
partes da pesquisa estabelecendo objetivos de execução. Permite ao pesquisador a organização
temporal do seu trabalho de forma a cumprir com os prazos de entrega e realização das etapas
previamente acordadas com o orientador.
Este capítulo é claro “Self-explanatory” e o que importa ainda referir é a utilização de
tabelas/cronogramas utilizando lembretes e estratégias de auto regulação como por exemplo o
estabelecer de objetivos pessoais realistas e que, alcançados, permitam uma fluidez saudável da
execução da pesquisa.
2.2.5 Instrumento(s) de pesquisa - ainda fazem parte da metodologia e também pretendem
responder à questão “Como?”. Estes instrumentos dizem respeito às técnicas selecionadas para a
recolha de dados (ex. entrevista, questionário, formulário, teste, etc). É conveniente referir que a
apresentação destes instrumentos é essencial e apenas está dispensada quando a técnica escolhida
for a de observação.
2.2.6 Análise dos resultados - reflete os dados obtidos da investigação após compilação em
tabelas e outros meios auxiliares. Neste local deve ser feita a explicação destes dados por forma a
interpretar o seu calibre factual. Aqui ocorre o seu tratamento e análise estatística. E,
posteriormente, na secção seguinte, deve ocorrer a discussão destes resultados.
2.2.7 Considerações finais - ou conclusões, sintetizam os principais factos apresentados ao longo
da pesquisa e estabelecem um fio condutor entre os vários elementos apresentados. Estas
conclusões visam demonstrar se a pesquisa conseguiu ou não responder à questão-problema
inicial. Para MARCONI e LAKATOS a melhor estratégia de redação das conclusões deve “(...)
refletir a relação entre os dados obtidos e as hipóteses enunciadas.”17
Em suma, aqui apresentam-se os resultados da pesquisa quando estes corroboram a tese ou
também quando são denotadas limitações ao estudo e têm que ser deixadas algumas
perspectivas em aberto. Na prática conclui-se que, de facto, os dados teóricos da pesquisa
confirmam a correlação entre as duas situações manifestadas no problema (suportando a
hipótese) ou eles não conseguem confirmar a hipótese mas também, pelas suas limitações, não a
negam e, nesse caso terá que ser deixada essa perspectiva em aberto permitindo, futuramente,
novas abordagens àquela pesquisa.

17
Marina de Andrade Marconi e Eva Maria Lakatos, op. cit, p. 232

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2.3 Elementos pós-textuais:
2.3.1 Referências - são utilizadas para fazer a relação de todas as obras citadas no texto da
pesquisa. As indicações aqui evidenciadas permitem que o leitor identifique mais facilmente os
documentos e/ou publicações citadas.
2.3.2 Bibliografia - deve incluir todas as obras utilizadas para a pesquisa e que foram referidas no
texto, acrescentando aquelas que apesar de não serem referidas também foram objeto de pesquisa
e complementaram a redação.
Estas duas componentes (Referências e Bibliografia) são partes constituintes obrigatórias e
importantes para a tese. As normas reguladoras de escrita e apresentação de Teses da
Universidade Aberta encontram-se na sua página oficial.18
2.3.3 Glossário - é opcional, deve ser elaborado em ordem alfabética e aborda a explicação dos
termos menos comuns ou familiares ao leitor. Normalmente é a definição das palavras utilizadas
pelo pesquisador e que fazem parte do vocabulário mais específico e técnico da sua área de
estudo.
2.3.4 Anexos - são elementos textuais, tabelas ou imagens que não foram juntas ao corpo do texto
e, após referência no lugar oportuno, acabam por ser juntas normalmente no final da tese.

3 – Conclusão

Em suma, gostaria de salientar a pertinência de uma estrutura devidamente formulada e organizada


como aspecto fulcral para realização de uma pesquisa e, nomeadamente, a relevância da conclusão
para o remate do trabalho em questão. Aqui, no caso específico de um trabalho desta natureza,
reconhece-se como essencial evidenciar que a utilidade deste exercício se prende com a aquisição,
aplicação e interiorização de estratégias, combinadas com a intrínseca habilidade técnica para
trabalhar determinado tema. Não esquecendo nunca o respeito pelas regras e conselhos
institucionais inerentes a esse mesmo tratamento.

18
Referência ao manual de normas para apresentação de teses da Universidade Aberta, http://portal.uab.pt/wp-
content/uploads/2018/02/Normas_TesesDissertacoes.pdf acesssado em 09/02/2021
10
Trabalho Final: Etapas de investigação para uma Tese de Doutoramento

Anexo 1 – Estrutura/Etapas de um projeto de pesquisa científica segundo Gisleine Bartolomei


Fregoneze et al., Metodologia Científica, p. 101-103, estrurado em tabela por Jorge da Carvalhinha.

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Bibliografia:

CEIA, Carlos, Como fazer uma tese de doutoramento ou uma dissertação de mestrado,
(2007).
ECO, Umberto, Como se faz uma tese em ciências humanas, (1997).
FREGONEZE, Gisleine Bartolomei, BOTELHO, Joacy M., TRIGUEIRO, Rodrigo de Menezes,
RICIERI, Marilucia, Metodologia Científica, (2014).

GOUVEIA, Luis Borges, Contributos para a escrita e organização da tese de doutoramento,


(2018).

LEITE, Alexandre, Guia de ajuda à elaboração de projeto de investigação, (2016).

MARCONI, Marina de Andrade e Eva Maria LAKATOS, Fundamentos de metodologia


científica, (2003).

PHILLIPS, Estelle M., PUGH, D.S., Como preparar um mestrado ou doutoramento, (1998).

Fontes da internet:

AMADO, Pedro, Estrutura de uma dissertação, relatório de mestrado ou tese de


doutotamento, (2019)

https://pedamado.wordpress.com/2019/06/28/estrutura-de-uma-dissertacao-relatorio-de-
mestrado-ou-tese-de-doutoramento/ [06 de fevereiro de 2021]

How to Structure & Organize Your Paper

https://depts.washington.edu/owrc/Handouts/How%20to%20Structure%20and%20Organize%20
Your%20Paper.pdf [19 de fevereiro de 2021]

Normas de apresentação das dissertações [mestrado] e das teses [doutoramento] da


Universidade Aberta, (2014)

http://portal.uab.pt/wp-content/uploads/2018/02/Normas_TesesDissertacoes.pdf [9 de fevereiro
de 2021]

STAA, Arndt von, Como escrever poropostas de planos de trabalho, monografia,


dissertação ou tese, (2007)

http://www.inf.puc-rio.br/~inf2135/docs/ModeloProposta-2007-01-03.pdf [07 de fevereiro de


2021]

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