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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ

ESPECIALIZAÇÃO EM LINGUÍSTICA APLICADA E ENSINO


DE LÍNGUAS

METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO EM
LINGUÍSTICA APLICADA
AULA 5: O PRÉ-PROJETO E A ÉTICA NA
PESQUISA

PROF. TIÊGO ALENCAR


tiegoramon@gmail.com
NA ÚLTIMA AULA…
● Instrumentos de geração de registros:
entrevista, observação, questionário, etc.;
● Explicação sobre a tarefa avaliativa da
unidade 3.
NA AULA DE HOJE
● Passo a passo para o pré-projeto;
● Entendimento das questões éticas a serem
seguidas para a pesquisa com seres humanos.
O PRÉ-PROJETO DE PESQUISA
(ATIVIDADE FINAL)
O QUE É UM PROJETO DE PESQUISA?
O projeto é um documento através do qual se articula e se
organiza uma proposta de pesquisa e que se elabora, conforme
Deslandes (1996), orientado pelos seguintes aspectos:
a) Definição de um conjunto de recortes na realidade social.
b) Cartografia das escolhas para abordar a realidade, ou seja,
• O que pesquisar;
• Por que pesquisar;
• Como pesquisar.
FINALIDADES DO PROJETO DE PESQUISA
a) Mapear o caminho a ser seguido durante a
investigação;
b) Orientar o pesquisador durante o percurso de
investigação;
c) Comunicar os propósitos da pesquisa para a
comunidade científica.
A EXPLICAÇÃO DOS ELEMENTOS DO
PROJETO A SEGUIR OBEDECE AOS
CRITÉRIOS AVALIATIVOS EXIGIDOS PARA
A ATIVIDADE FINAL DA DISCIPLINA
TEMA/PROBLEMA DE PESQUISA
Área de interesse da pesquisa; definição genérica do que se pretende
pesquisar.
Para Creswell (2010) o problema de pesquisa é uma questão que
descreve uma necessidade de estudo. Segundo o pesquisador, ele
deve ser claro, para que o leitor entenda a importância da questão.
Exemplo:
Tema: A falta de interesse por leitura literária no Ensino Médio na
escola pública.
Problema de pesquisa: Por que os alunos do Ensino Médio
amapaense tem se interessado pouco pela leitura literária?
TEMA/PROBLEMA DE PESQUISA
As regras básicas para formulação do problema, na
perspectiva de GIL (1995), são as seguintes:
1. Deve ser formulado como uma pergunta;
2. Deve ser delimitado a uma dimensão viável, ser o mais
específico possível;
3. Clareza: utilização de termos claros com significado
preciso;
4. Não deve ser de natureza valorativa (É bom, é certo etc.).
JUSTIFICATIVA
É o momento de se mostrar qual a relevância da pesquisa.
Que motivos a justificam? Quais contribuições para a
compreensão, intervenção ou solução que a pesquisa
apresentará?
Para Silva e Menezes (2001, p.31), o pesquisador precisa fazer
algumas perguntas a si mesmo: o tema é relevante? Por quê?
Quais pontos positivos você percebe na abordagem
proposta? Que vantagens/benefícios você pressupõe que sua
pesquisa irá proporcionar?
JUSTIFICATIVA
Na justificativa deve-se indicar:
a) Relevância da pesquisa: prática e intelectual;
b) Contribuições para compreensão ou solução do
problema que poderá advir com a realização de tal
pesquisa;
c) Estado da arte, estágio de desenvolvimento do tema
proposto, como vem sendo tratado na literatura
(científica).
JUSTIFICATIVA
“Muitas foram as inquietações que impulsionaram a elaboração deste projeto de
pesquisa. A primeira delas surgiu a respeito das produções acadêmicas sobre a
relação identidade e ensino-aprendizagem de línguas em contexto amazônico (e mais
especificamente, amapaense), já que foram encontrados poucos trabalhos sobre esta
temática nessa região.
Outra inquietação partiu da constatação de que, no estado do Amapá, apenas a
UNIFAP oferta curso de PLE, na modalidade extensão, para estrangeiros acadêmicos
(de graduação e pós-graduação) da universidade e também da comunidade. Logo,
tem-se uma grande diversidade de aprendizes, que carregam consigo não apenas
uma língua materna que não o português, mas culturas, pensamentos e identidades
que merecem ser colocados em evidência e discussão por pesquisas como esta.
Uma terceira motivação para esta investigação originou-se da crescente relevância do
PLE no território amapaense. Apesar de estar situado em região de fronteira com a
Guiana Francesa e de um acordo firmado em 1996 que, segundo Furtado (2005),
estabeleceu uma cooperação bilateral para promover e desenvolver o estreitamento
das relações entre os dois países…”
OBJETIVOS
Os objetivos indicam o que se pretende conhecer, medir ou
provar no decorrer da pesquisa, ou seja, as metas que se
deseja alcançar. Para Creswell (2010), a declaração dos
objetivos discrimina a intenção de todo o estudo de pesquisa,
e por isso, deve ser apresentada de maneira clara e
específica.
Eles podem ser gerais e específicos. No primeiro caso,
indicam uma ação muito ampla e, no segundo, procuram
descrever ações pormenorizadas ou aspectos detalhados.
OBJETIVO GERAL E OBJETIVO ESPECÍFICO

- Objetivo(s) geral(is): indicação do resultado pretendido. Por


exemplo: identificar, levantar, descobrir, caracterizar, descrever,
traçar, analisar, explicar, etc.;
- Objetivos específicos: indicação das metas das etapas que
levarão à realização dos objetivos gerais. Por exemplo: classificar,
aplicar, distinguir, enumerar, exemplificar, selecionar, etc.
Os objetivos que o projeto visa atingir devem estar relacionados
com a contribuição que o mesmo pretende trazer.
OBJETIVO GERAL E OBJETIVO ESPECÍFICO (EXEMPLO)
Os objetivos gerais deste projeto são:
• Contribuir para a discussão sobre sujeito, identidade e língua(gem),
considerando o espaço da sala de aula de LE;
• Evidenciar os dizeres dos estudantes estrangeiros, buscando analisar suas
construções identitárias;
Os objetivos específicos deste projeto são:
• Estudar o processo de construção das identidades dos alunos estrangeiros da
UNIFAP, analisando em seus dizeres possíveis representações sobre o espaço que
vivem;
• Compreender as motivações dos alunos para o aprendizado do PLE, levando em
conta as suas trajetórias de vida até o momento da sala de aula;
• Analisar as representações feitas pelos alunos sobre os sujeitos que fazem parte
das suas realidades (professores, alunos e demais membros da comunidade
universitária ou mesmo externa à universidade);
METODOLOGIA

Na definição de Laville (1999) a metodologia “representa


mais do que uma descrição formal dos métodos e técnicas
e indica a leitura operacional que o pesquisador fez do
quadro teórico”.
A metodologia especifica como os objetivos estabelecidos
serão alcançados. As partes constitutivas da metodologia
são a amostragem e as formas de coleta, de organização e
de análise dos dados.
METODOLOGIA
Anuncie as fontes (empíricas, documentais, bibliográficas) com que
conta para a realização da pesquisa e os procedimentos metodológicos
e técnicos que usará, deixando bem claro como é que vai proceder.
À vista dos objetivos perseguidos, da natureza do objeto pesquisado e
dos procedimentos possíveis, indique as etapas de seu processo de
investigação, tendo bem presente que os resultados de cada uma destas
etapas é que constituirão as partes do relato do trabalho, ou seja, os
seus capítulos
O procedimento metodológico deve anunciar o tipo de pesquisa a ser
desenvolvida: pesquisa de campo, laboratório, bibliográfica; ou se é
combinação (até que ponto) das várias formas de pesquisa, etc.
METODOLOGIA
“Para que esta investigação seja efetivada, tomam-se por base os pressupostos
teóricos da pesquisa qualitativo-interpretativa, que segundo Teixeira (2010, p. 137) é o
tipo de pesquisa que estabelece tentativas de diminuir a distância entre a teoria e os
dados, partindo da compreensão do fenômeno estudado pela sua descrição e
interpretação. Para a composição do corpus desta pesquisa, serão feitas entrevistas
orais com os alunos estrangeiros do curso de extensão em PLE da UNIFAP, campus
Marco Zero, em Macapá – AP.
Já se tem contato com professores e coordenadores do referido curso, facilitando,
assim, a coleta dos dados – que deve ser feita após a aprovação do projeto pelo
comitê de ética em pesquisa da UNICAMP. As entrevistas serão registradas com o
auxílio de um aparelho digital (celular ou gravador) e, posteriormente, serão
transcritas.
Neste processo, os entrevistados deverão escolher pseudônimos pelos quais serão
tratados no decorrer da pesquisa. Além disso, assinarão um termo de livre
consentimento para que se possa registrar e transcrever os dizeres emitidos
exclusivamente para fins acadêmicos.”
REFERÊNCIAS
Corresponde a todas as fontes citadas durante a realização do projeto
de pesquisa, deve ser apresentada em ordem alfabética por
sobrenome. O pesquisador deve citá-las, sempre de acordo com as
normas técnicas adotadas pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT).
Os títulos básicos a serem utilizados no desenvolvimento da pesquisa,
discriminando, se for o caso, as fontes, os textos de referência teórica,
os documentos legais, etc. Além disso, o pesquisador precisa
entender que esta bibliografia poderá se ampliar ao final da pesquisa,
já que novos documentos poderão ser identificados em decorrência e
no desenvolvimento do processo de investigação.
REFERÊNCIAS (EXEMPLO)
ALMEIDA FILHO, J. C. P. Índices Nacionais de Desenvolvimento do Ensino de Português Língua
Estrangeira. In: Projetos Iniciais em português para falantes de outras línguas. Brasília: EdUnB.
Campinas: Pontes Editores, 2007, pp. 39-55.

BAKHTIN, M. Questões de Literatura e de Estética (A Teoria do Romance). São Paulo: Editora


Hucitec, 1988.

CORACINI, M. J. (Org.). Identidade e discurso: (des)construindo subjetividades. Campinas: Editora da


Unicamp, Argos Editora Universitária, 2003.

FURTADO, Reginaldo da Costa. Uma abordagem (inter) cultural no ensino do Francês Língua
Estrangeira no Amapá: concepções e práticas do manual Portes Ouvertes. 2005. 124 p. Dissertação
(Mestrado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem) – Programa de Pós-Graduação em
Letras, Universidade Federal do Pará, Belém, 2005.

GREGOLIN, M. R. Identidade: Objeto Não Identificado? Estudos da língua(gem), Vitória da Conquista,


v. 6, n. 1, 2008, pp. 81-87
ELEMENTOS COMPLEMENTARES
● BIBLIOGRAFIA: mesmo de referências (designação atual)
● EQUIPE: pessoal envolvido na pesquisa, caso o pesquisador não esteja sozinho
na investigação.
● PRODUTOS: materiais necessários à execução da pesquisa.
● CRONOGRAMA (DEVE TER NO PRÉ-PROJETO); Destina-se a traduzir as
ações a serem realizadas, distribuindo-as no espaço de tempo disponível para
a realização do projeto (pensar no recorte temporal dezembro 23 - maio 24).
● ORÇAMENTO: valores destinados à execução da pesquisa (compra de
materiais, aquisição de livros, deslocamento, etc).
● APÊNDICE: tudo o que foi feito pelo próprio pesquisador ao longo da pesquisa,
mas que serviu para a condução da investigação.
● ANEXO: tudo o que NÃO foi feito pelo próprio pesquisador ao longo da
pesquisa.
IMPORTANTE: DEIXEM PARA PENSAR
NO TÍTULO AO FINAL DO PROCESSO
DE ELABORAÇÃO DO PROJETO!
A ÉTICA NA PESQUISA
POR QUE ÉTICA NA PESQUISA?
● O debate sobre ética vai muito além do âmbito científico.
Em linhas gerais, ética é como se denomina o conjunto de
valores que norteiam a conduta das pessoas em um
determinado período e em uma determinada sociedade.
Justamente por isso, esses valores não são estáticos ou
universais. Embora as diferentes culturas adotem critérios
semelhantes, a interpretação e a prática desses valores
dificilmente é unânime, dando lugar a amplas discussões de
tempos em tempos. (Enago Academy, em
https://www.enago.com.br/academy/o-que-e-a-etica-na-p
esquisa/)
POR QUE ÉTICA NA PESQUISA?
● Como exemplos de má conduta, podem ser citados:
1 – Autoria indevida (por meio de plágio, autoplágio, abuso de autoridade);
2 – Conflitos de interesse que podem comprometer os resultados da pesquisa;
3 – Falsificação ou manipulação de dados/resultados;
4 – Falta de rigor científico (falta de cuidado com a coleta e análise de dados,
por exemplo);
5 – E, por fim, o descumprimento de exigências legislativas e regulamentares.
Os parâmetros éticos se tornam ainda mais rigorosos em pesquisas que
envolvem seres vivos e, em particular, experimentos em humanos. (IDEM À
CITAÇÃO ANTERIOR)
PARA QUE SERVE O COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA (CEP)?
● O CEP é responsável pela avaliação e acompanhamento dos
aspectos éticos de todas as pesquisas envolvendo seres
humanos. A missão do CEP é salvaguardar os direitos e a
dignidade dos participantes da pesquisa. Este papel está
baseado nas diretrizes éticas internacionais (Declaração de
Helsinque, Diretrizes Internacionais para Pesquisas
Biomédicas envolvendo Seres Humanos – CIOMS) e
brasileiras (Res. CNS nº466/12 e complementares). De
acordo com estas diretrizes: “toda pesquisa envolvendo
seres humanos deverá ser submetida à apreciação de um
CEP” (Retirado de https://www2.unifap.br/comite).
PROFESSOR, E ISSO SE APLICA ÀS
CIÊNCIAS HUMANAS TAMBÉM?
R: SIM!

Porém, normalmente, a ética na pesquisa


em humanidades adota protocolos que
não apresentam a rigidez das exigências
das pesquisas em saúde, por exemplo.
LEITURA OBRIGATÓRIA: SITE
DO CEP DA UNIFAP -
https://www2.unifap.br/comite/
CONCLUINDO…
RESUMO DA AULA DE HOJE E ENCAMINHAMENTOS PARA A
PRÓXIMA AULA (ÚLTIMA AULA, TERÇA-FEIRA, 19.12.23)
● Estrutura do pré-projeto;
● Questões éticas e função do Comitê de Ética (CEP);
● Para a terça-feira, último dia de aula (19.12.23): aula
de tira-dúvidas sobre o pré-projeto. A aula iniciará
às 18h30 e seguirá a ordem de ingresso no Meet
para a orientação.
● Venha com as dúvidas, questionamentos e
choramentos sobre a pesquisa!
REFERÊNCIAS
ALVES-MAZZOTTI, A. J. e GEWANDSZNAJDER, F. O método nas ciências naturais e sociais:
pesquisa quantitativa e qualitativa. 2 Ed. São Paulo: Pioneira, 1999.

FLICK, U. Uma introdução à pesquisa qualitativa. 2 Ed. Porto Alegre: Bookman, 2004

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.

LUDKE, M. e ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU,


1986.

MARCONI, M. de A. e LAKATOS, E. M. Técnicas de Pesquisa. 6 Ed. São Paulo: Atlas, 2006.

RICHARDSON, R.J. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3 Ed., São Paulo: Atlas, 2007.

RUDIO, F. V. Introdução ao projeto de pesquisa científica. 32 Ed., Rio de Janeiro: Vozes, 2004.

SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 21 Ed. São Paulo: Cortez, 2000.


BONS ESTUDOS!

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