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Universidade Aberta do Brasil – UAB

Universidade Estadual do Ceará- UECE


Sociologia organizacional

UNIDADE II: Cultura e mudança e a nova gestão pública

Profa. Milena Braz


Objetivos
• Entender as implicações das transformações sociais nas organizações;
• Compreender a importância da accountability e dos stakeholders na nova
gestão pública.
PARTE I: Transformações sociais nas organizações
Mudanças nas organizações

As organizações, na sociedade contemporânea, estão inseridas num âmbito de


rápidas transformações, proporcionadas, principalmente, pelo advento das
tecnologias da informação e da comunicação.

Que transformações são estas? É um fenômeno positivo ou negativo para as


empresas? Existem fatores que facilitam ou dificultam a mudança das empresas?

BRAZ; PRADO (2014)


Sobre a temática das mudanças, Manuel Castells (1999) assim se manifestou:

Uma revolução tecnológica concentrada nas tecnologias da informação está


remodelando a base material da sociedade em ritmo acelerado. Economias por
todo o mundo passaram a manter interdependência global, apresentando uma
nova forma de relação entre a economia, o Estado e a sociedade em um sistema
de geometria variável.

BRAZ; PRADO (2014)


A mudança assinalada por Castells (1999) alterou a dinâmica das empresas.
Muitas organizações estão em permanente atualização para concorrer no
mercado célere e competitivo. A cada dia novas formas de atuar no mercado
estão sendo exigidas.

Franquias
Cadeias de fast-foods
Fusões

O autor define o novo perfil das organizações na era global - a empresa em rede.

BRAZ; PRADO (2014)


Sob diferentes sistemas organizacionais e por intermédio de expressões
culturais diversas todas elas baseiam-se em redes. As redes são e serão os
componentes fundamentais das organizações. E são capazes de formar-se e
expandir-se por todas as avenidas e becos da economia global porque
contam com o poder da informação propiciado pelo novo paradigma
tecnológico. (CASTELLS, 1999, p. 188).

BRAZ; PRADO (2014)


A revolução tecnológica que vivenciamos e que possibilita as organizações
em rede é uma característica da sociedade moderna; mas o que é ser
moderno? De acordo com Marshall Berman (1986), “ser moderno é
encontrar-se em um ambiente que promete aventura, poder, alegria,
crescimento, autotransformação e transformação das coisas em redor –
mas ao mesmo tempo ameaça destruir, tudo o que temos, tudo o que
sabemos e tudo o que somos”. (Pág. 15).

BRAZ; PRADO (2014)


Berman atribui à modernidade um caráter paradoxal, pois, ao mesmo tempo
em que traz aventura, alegria, traz ameaça.

Exemplo: Comércio eletrônico - o consumidor pesquisar/comparar preços,


comprar e receber em casa; mas com riscos - não receber o produto, receber
produto danificado ou ainda diferente daquele que comprou, ter o cartão de
crédito utilizado por terceiros.

Ainda podemos considerar que a permanência em casa pode incidir no


declínio entre a sociabilidade das pessoas.

BRAZ; PRADO (2014)


Anthony Giddens também analisa a Era Moderna.

[...] o mundo moderno é um ‘mundo em disparada’: não só o ritmo da mudança


social é muito mais rápido que em qualquer sistema anterior; também a
amplitude e a profundidade com que ela afeta práticas sociais e modos de
comportamento preexistentes são maiores. (2002:22).

As mudanças impostas pela Modernidade possuem um lado bom e uma banda


má. Do lado gerencial, há uma amplificação das possibilidades de comércio
ao estender-se numa aldeia global sem fronteiras. Mas, muitas organizações
tradicionais ou que não possuem recursos financeiros para aplicar na
modernização tecnológica podem ficar excluídas deste processo.

BRAZ; PRADO (2014)


Até aqui tratamos da mudança nas organizações de modo mais amplo. Como,
no entanto, estas mudanças se processam nas empresas? Há características
nas organizações que podem facilitar ou atrapalhar a mudança?

De acordo com Dias (2003:143),


[...] uma organização é um sistema determinado estruturalmente, o que quer
dizer que qualquer modificação dependerá da própria cultura, qualquer
intervenção externa somente poderá acionar o inicio de um processo de
mudanças em seu próprio desenvolvimento.

O autor fala de Cultura organizacional. [será tratada na Unidade IV]

BRAZ; PRADO (2014)


Como as mudanças dependem em grande parte da cultura organizacional da
empresa o Dias (2008) sugere algumas atitudes que favorecem a mudança.

Fazer as pessoas da gerência Mudar o sistema de recompensas para


tornarem-se modelos, estimular a aceitação de um novo
determinando o tom através de conjunto de valores.
seus comportamentos.
Substituir as normas não escritas por
Criar novas estórias, símbolos e regras e regulamentos formais que
rituais para substituir aqueles que deverão ser estritamente cumpridos.
atualmente estão em voga.
Sacudir as subculturas atuais, através
Selecionar, divulgar e apoiar de transferências, rotação de cargos
empregados que apoiam novos e/ou demissões.
valores buscados.
Trabalhar para conseguir consenso de
Devem ser replanejados os colegas através da utilização de
processos de socialização para se participação de empregados e criação
alinharem aos novos valores. de um clima com alto nível de
confiança.

BRAZ; PRADO (2014)


Dias (2008) lembra que adotar as sugestões não resultará imediatamente na
mudança da cultura organizacional, pois a mudança cultural é demorada.

Algumas empresas podem se mostrar mais resistente às mudanças por traços


característicos de sua organização conforme Londero (2012):

• Familiaridade com os padrões existentes;


• A oposição à mudança por parte de grupos que por terem vantagens no
modelo vigente se sentem ameaçados pelas reestruturações;
• A incapacidade para a mudança pode estar alicerçada na insegurança em
não saber como fazê-lo ou como agir sob novas bases estruturais.

BRAZ; PRADO (2014)


A mudança tem que ocorrer dentro da cultura organizacional. Somente a
imposição externa não é suficiente para alterar rapidamente a estrutura das
empresas.

BRAZ; PRADO (2014)


PARTE II: Accountability e stakeholders na nova
gestão pública.
PARTE II: Accountability e stakeholders na nova
gestão pública.
Conceituando: Nova gestão pública.
• Teoria do campo de Administração Pública fundamentada no neoliberalismo [...]
composta por técnicas que visam utilizar a lógica empresarial baseada em princípios
mercadológicos para flexibilizar a administração pública com a criação de entidades
públicas não estatais que promovam o desenvolvimento gradual da sociedade.
• No Brasil, o modelo veio à tona com as reformas de 1995, com os ideais do Plano
Diretor da Reforma do Aparelho do Estado.
• A Nova Gestão Pública possui grande potencial de mudanças nas políticas públicas.
Tornando-as mais práticas e sem tanta burocracia, possibilita-se uma maior troca
entre o poder e a comunidade envolvida.

• A Nova Gestão Pública busca responsabilização, transparência e participação na


gestão.
Retirado e adaptado de: https://jpfgv.com.br/a-nova-gestao-publica-e-seus-desdobramentos/
Conceituando: Accountability
Responsabilização pessoal pelos atos praticados e explicitamente a exigente prontidão
para a prestação de contas, seja no âmbito público ou no privado.

No Brasil o termo começa a ser problematizado no Brasil no final do século XX, já na


realidade inglesa aparece no final do século XVIII (1794).

Especulando, podemos associar o aparecimento do termo na realidade inglesa com a


emergência do capitalismo e, portanto, da empresa capitalista a ser gerida de acordo
com os parâmetros desse sistema e de uma moderna administração pública rompendo
com os referenciais do patrimonialismo. (PINHO; SACRAMENTO, 2009, p. 5)

ESTIVAL (2021)
Conceituando: stakeholders
Segundo Freeman (1984), o relacionamento individual e dos grupos que
afetam a organização sofreu mudanças, devendo este acontecimento ser
levado em consideração pelos gerentes, pois a visão simplificada de atores
que influenciam a gestão, não seria mais suficiente. Para ele, qualquer grupo
ou pessoa cujos interesses podem afetar ou ser afetados pelas realizações
dos objetivos de uma organização devem ser considerados stakeholders de
uma organização, cada um deles devendo, portanto, ser consideradas durante
a elaboração das estratégias da organização.

Retirado de: CAVALCANTE, R. A. Stakeholders no setor público: um estudo de caso na organização


vencedora do prêmio Ceará gestão pública. 2014. 102 f. Dissertação (Mestrado em Administração e
Controladoria) - Programa Pós-Graduação em Administração e Controladoria, Faculdade de Economia,
Administração, Atuária e Contabilidade, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2014.
Atividade 01
Atividade 01 – Transformações sociais que alteram a dinâmica das organizações e a sua
influência na importância da accountability e dos stakeholders na nova gestão pública -
07.03.24
Com base nos 3 (três) textos que subsidiam a Unidade II escreva um texto que dê conta de
explicar: como as transformações sociais alteram a dinâmica das organizações, o que significa
accountability e stakeholders na nova gestão pública; como a implantação dos portais de
transparência dos governos se inserem no contexto de transformações; de que modo os
portais dão relevância para o princípio da transparência e da inserção da sociedade civil na
gestão pública.
• O texto deve ter 30 linhas;
• Ter fundamentação nos textos da Unidade II. Qualquer menção às ideias dos textos, as
mesmas devem ser referenciadas;
• Deve ser formatado com fonte Arial, tamanho 12, margens justificadas, espaçamento de 1,5
entre as linhas, em formato PDF;
• No caso de plágio será atribuída nota zero.
REFERÊNCIAS
BÁSICA

ESTIVAL, K. G. S. Sociologia organizacional. 2.ed. rev. Florianópolis: Departamento de Ciências


da Administração / UFSC; [Brasília]: CAPES: UAB, 2015. (Capítulo II)

BRAZ, M. M. A.; PRADO, A. I. S. Fundamentos de antropologia. Fortaleza: Editora da FGF, 2014.


(Unidade V. Tema 5)

BARALDI, F. H., BORGERT, A., & FABRE, V. V. (2019). Análise dos portais de transparência de
pequenos municípios do paraná. Práticas De Administração Pública, 3 (1), 63–84. Disponível em:
https://periodicos.ufsm.br/pap/article/view/38478

COMPLEMENTAR
CAVALCANTE, R. A. Stakeholders no setor público: um estudo de caso na organização vencedora
do prêmio Ceará gestão pública. 2014. 102 f. Dissertação (Mestrado em Administração e
Controladoria) - Programa Pós-Graduação em Administração e Controladoria, Faculdade de
Economia, Administração, Atuária e Contabilidade, Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2014.

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