Mais um voo do Zeppelin

(Agamenon Magalhães Júnior)

E
les estão de volta. O Led Zeppelin anunciou o lançamento do projeto
milionário “Celebration Day”. O grupo inglês lançará no mercado
mundial - primeiro nos cinemas e depois nas mídias audiovisuais - a
apresentação ao vivo que o grupo realizou em 2007 na Inglaterra.
A expectativa é geral. O Led Zeppelin é uma das bandas mais cultuadas
do mundo. Não existe grupo (famoso ou anônimo) que não tenha alguma
influência dele.
O vocalista Robert Plant fez história com sua voz aguda e agressiva, sem
perder a suavidade nas canções em que o blues flertava com o hard rock. Jimmy
Page dispensa apresentações: esse mago da guitarra criou sons inimagináveis,
as músicas “Stairway To Heaven” e “Heartbreaker” são dois exemplos de riffs
considerados ainda hoje modelo de sofisticação. O baixista John Paul Jones,
responsável por muitos dos arranjos da banda, não só fazia a marcação própria
do baixo com muita competência, como também solava de maneira a rivalizar
com os delírios musicais de Page. Em “The Lemon Song”, o baixo se impõe
como principal instrumento na canção, as notas “pipocam” enquanto Page faz
sua parte apreensivo, consciente de que ali a guitarra ficou em segundo plano.
E, para quem não sabe quem foi o rei das baquetas, deve ouvir “Royal Orleans”,
do álbum Presence. A música é a melhor daquele disco, principalmente porque
os contratempos do baterista John Bonham se mostram, no mínimo,
fenomenais, o “diálogo” entre o chimbal e a guitarra é um dos momentos mais
marcantes desse trabalho.
A santíssima trindade do hard rock dos anos 70 foram o Black Sabbath, o
Deep Purple e o Led Zeppelin. O Sabbath concentrou toda a sua carreira num
som mais pesado, sombrio e com uma temática voltada para o teatro de
assombração. O Purple incorporou ao rock o suingue do jazz e a complexidade
da música clássico, essa mistura redundou num som único, mas direcionado
para determinado grupo de ouvintes.
No entanto, o Led é o único dos três “grandões” que passeia por todos os
gêneros sem se ater a nenhum público específico. Os roqueiros adoram “Good
Times Bad Times”, os fãs de blues acham “I Can't Quit You Baby” um primor; os
mais radicais sacodem a cabeça ao som de “Communication Breakdown”...
Enfim, a sonoridade intensa do Led, com sua guitarra pesadíssima, é universal.
Que a próxima geração tenha o prazer que a garotada tem hoje de se
deleitar com “Living Loving Maid (She's Just a Woman)”, “Rock’n’roll” ou “Out
On The Tiles”. No show “Celebration Day”, os cabelos brancos de Jimmy Page
indicam mais do que a passagem do tempo; eles nos revelam que a força do rock
ainda prevalecerá por muitas e muitas décadas.
Playlist das músicas
mencionadas no texto

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Senhores passageiros: a viagem com o Led Zeppelin começa em outubro.

Leia e ouça:
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