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Desde os antigos, as ordens tinham um papel normativo e sua gramática, as regras de or-
ganiza-las assim como seus significados foram enunciadas nos primeiros tratados como o
de Vitrúvio, primeiro tratadista da arquitetura (50 a c.). Os tratados separaram a arquitetura
das outras técnicas operativas e da produção coletiva, como das corporações medievais no
período do renascimento.
Os romanos juntaram as colunas (as ordens gregas), como instrumento de controle expres-
sivo e plástico, a um sistema estrutural diverso do sistema arquitravado dos gregos, seu
sistema baseava-se em utilizar esforços de compressão e tração, arcos, abóbadas e cúpulas.
Desta forma, os romanos renovaram a linguagem da arquitetura.
A arquitetura clássica parte da ideia de um espaço com leis bem definidas, de uma concep-
ção objetiva do mundo, da historia, da natureza, nela a arquitetura é a própria concepção
do mundo. A arquitetura clássica foi reeditada no Século XIX, pela chamada academia tanto
a de Belas Artes quanto a Politécnica, que, aplicavam a metodologia da composição. “Com-
por é pôr juntas, unir, combinar as partes de um todo” (1909), conforme Julien Guadet,
professor da Belas Artes de Paris. J.N.L. Durand (1760-1834), professor de arquitetura na
Politécnica, (cerca de 1808, 1820):
“ O todo de um edifício não é e nem pode ser outra coisa senão o resultado da montagem e
da combinação de partes mais ou menos numerosas; não se pode montar, combinar, senão
aquilo de que se pode dispor. Para poder compor o todo de um edifício qualquer, deve-se,
antes de tudo, adquirir um perfeito conhecimento de todas as partes que podem entrar na
composição de todos os edifícios”.
Compor, seria então, segundo Julien Guadet, a combinação de elementos projetuais seleci-
onados dentro de um repertório finito (proporções, paredes e aberturas, ordens clássicas,
plantas-tipo, tetos, escadas, cornijas, etc.) e obediência a regras ou cânones homologados
e explícitos, ainda que arbitrários ou convencionais. A composição é considerada uma mo-
dalidade de realização do projeto.
O movimento moderno colocava nos seus primeiros estatutos e manifestos sua diferença
para o classicismo, pois este manipula um repertório restrito e obedece à uma sintaxe rígida
e limitativa, enquanto que sua arquitetura (em tese) derivaria de um processo de seleções
múltiplas, realizadas dentro de um repertório amplo, com uma sintaxe flexível e potencial-
mente criativa (Conforme Elvan Silva, UFRS).
Para os modernos o classicismo era uma língua diferente da sua língua=repertório: for-
mal/funcional/técnica com sua própria gramática e sintaxe. Na verdade, criaram uma série
de procedimentos sintáticos, balizados aos da arte moderna com sua nova plástica, nova
espacialidade e nova temporalidade - velocidade, tempo linear, progresso, desenvolvi-
mento, termos e sensações novos colocadas pelo desenvolvimento da indústria e dos trans-
portes - que por sua vez, desdobram-se em novos aspectos perceptivos e de fruição da
forma dados pelas novas conexões da forma, relação figura e fundo, aspectos anti perspéc-
ticos, assimétricos.
Além destas questões que dão origem a arquitetura moderna, entre outras, algumas estão
enumeradas a seguir: O aparecimento de problemas novos que diziam respeito a edifica-
ções complexas, que correspondiam a concepções modernas de racionalismo, higiene e
conforto; e não só tipos construtivos como gares, aeroportos, estações, pontes, etc. O apa-
recimento de novos materiais que utilizados como elementos básicos e em serie colocaram
a disposição soluções novas. O concreto, o aço, o vidro, foram utilizados das maneiras mais
diversas, ajustando novas técnicas, tecnologias e sistemas construtivos as novas tipologias.
Um certo desligamento com a ideia de “arte pela arte”, assumindo a responsabilidade da
arquitetura para com a sociedade em que se vive, com base nas posturas de Ruskin e Morris
(Séc XIX). Também são percussores do movimento moderno a abordagem racionalista e
estrutural do edifício que Viollet le Duc e Choisy faziam no século XIX e a própria composição
elementar de Julien Guadet, diz Reyner Banhan.
Mais do que expressar a nova civilização da técnica, da máquina e novas demandas sociais;
reconhecidos no plano funcional, no urbanismo, na política habitacional, o objetivo foi criar
uma nova referência entre formas, conteúdo, significado, uma renovação simbólica ine-
rente aos processos de criação da arte.
O Pós Moderno vem para acusar o funcionalismo de determinista e a planta livre de recipi-
ente amorfo e disciplinador (autoritário), tais colocações se baseiam no que dizem Charles
Jenks e Paolo Portoghesi, como também as críticas que seguem. E afirmar que a tecnologia
e a industrialização comprovadamente não diminuiriam os custos de produção de edifica-
ções, nem o tempo gasto para construí-las; não melhorou as condições de vida da popula-
ção, nem de trabalho do operário da construção; por outro lado, praticamente destruíram
técnicas artesanais de construção que vinham respondendo as necessidades construtivas,
ambientais a milhares de anos dentro de suas regiões. E finalmente, dizem que o zonea-
mento funcionalista, que disciplina o uso do solo e determina maneiras de parcelar o solo
e de edificar volumes, afastamentos da rua; destruiu o tecido urbano tradicional, rico de
vivência, com suas funções misturadas e volume construído contínuo e criou uma cidade
de grandes parcelas homogêneas ou fragmentada em especialidades, ainda segregando ri-
cos e pobres, e ainda que o funcionalismo, tem servido muito bem a lógica da especulação
e do lucro.
Segundo os defensores do pós-moderno, seu campo de atuação que vai do design de obje-
tos ao urbanismo não conseguir traduzir os signos públicos. A chamada ordem objetiva da
civilização industrial, ficou fadada ao esteticismo e abstração da forma, longe de ser enten-
dida universalmente, confirmou a intensificação dos significados privados, como já foi dito
anteriormente.
Henri Lefebvre faz uma diferenciação entre os sentidos de habitat e habitar: “Toda a reali-
dade urbana perceptível (legível) desapareceu: ruas, praças, monumentos, espaços para
encontros” (Lefebvre, p. 27). Os novos conjuntos habitacionais suburbanos, que prolifera-
ram na periferia da maioria dos países do mundo, desde o modernismo, são o exemplo da
redução do habitar para o mero habitat, com o isolamento, segregação e até mesmo su-
pressão de funções urbanas. Pode-se entender que o habitat é diferente de habitar, é uma
simplificação deste. Lefebvre diz que com a industrialização e o movimento moderno, in-
cluímos aí o pós-modernismo, foram reprimidas maneiras diversas e elementares da vida
urbana. Pois, esse habitat foi instaurado do alto (global) pelos tecnocratas, pelos governos
alinhados com o “mercado”, pelas corporações industriais e financeiras, mediante um pla-
nejamento aliado com esses agentes e pelo marketing sustentado por eles. Lefebvre diz que
para encontrar o habitar é preciso ir aquém do vivido do habitante. Isso vale para aqueles
que configuraram o habitat, nos moldes denunciados por Lefebvre, e para quem se fia na
linguagem apenas como fator estilístico, afinal, o objetivo principal da arquitetura não é a
comunicação, mas, o habitar.
“A crise propriamente dita do habitar consiste em que os mortais precisam sempre de novo
buscar a essência do habitar, consiste em que os mortais devem pri-
meiro aprender a habitar.” Martin Heidegger
Bibliografia
BANHAN, Reyner. Teoria e Projeto na 1ª era da maquina.
GAUSA, Manuel, GUALLART, Vicente & MÜLLER, Willy et al. (orgs.). Diccionario Metápolis de arquitectura
avanzada. Ciudad y tecnologia en la sociedad de la información. Barcelona: Actar, 2000
JENKS, Charles. Movimentos modernos em arquitetura. Lisboa: Presença
LEFEBVRE, Henry. O Direito à Cidade. Ed. Centauro
PORTOGUESI, Paolo. Depois da arquitetura moderna. São Paulo: Martins Fontes
SILVA, Elvan. Semiótica & Arquitetura. FAU UFRS
SUBIRATS, Eduardo. Da Vanguarda ao Pós Moderno. São Paulo: Nobel
SUMERSON, J. A linguagem clássica da arquitetura.
TELLES, Sophia. “Frágil cotidiano” in Revista AU nº 4, 1986.
ZEVI, Bruno. A linguagem da arquitetura moderna. Lisboa
Anexos Tabelas
Aspectos simplificados do urbanismo moderno e tradicional de Eduardo Comas