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1º Trim.

de 2024: O CORPO DE CRISTO: origem, natureza e vocação da Igreja no mundo

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1º Trimestre de 2024 - CPAD
O CORPO DE CRISTO: origem, natureza e vocação da Igreja no mundo
Comentários da revista da CPAD: José Gonçalves
Comentário: Pr. Caramuru Afonso Francisco

ESBOÇO Nº 3

LIÇÃO Nº 3 – A NATUREZA DA IGREJA


A Igreja é una, santa, universal e apostólica.

INTRODUÇÃO
- Na sequência do estudo da Eclesiologia, analisaremos a natureza da Igreja.

- A Igreja é una, santa, universal e apostólica.

I – A IGREJA É ESPIRITUAL

- Na sequência do estudo da Eclesiologia, ou seja, a doutrina bíblica da Igreja, analisaremos a natureza da


Igreja.

- Na lição anterior, vimos algumas imagens bíblicas da Igreja, imagens estas que nos explicam muito da
natureza da Igreja, aliás foram ali postas pelo Espírito Santo precisamente para que, de modo pedagógico,
entendêssemos e compreendêssemos o que é a Igreja.

- Quando falamos da “natureza” de algo, estamos, em verdade, a dizer quais são os elementos que caracterizam
aquele ser dos demais, quais são as suas características próprias, as suas “propriedades”, aquilo que faz com
que o ser seja aquilo que efetivamente é.

- Quando dizemos que “algo é natural” estamos a dizer que aquela característica, aquele episódio já era
esperado, decorre da própria existência e identidade daquilo. Assim, quando dizemos que “uma ave voar” é
algo natural, estamos a dizer que é próprio da ave o voo, é sua propriedade, é sua característica.

- Então, quando discorremos sobre a “natureza da Igreja”, estamos a verificar o que é próprio da Igreja,
o que é característico dela, algo que é de fundamental importância, pois nos dará o devido discernimento para
que não venhamos a confundir as coisas, notadamente diante do grande esforço satânico para que venhamos
a descrer na Igreja e, por conseguinte, dela nos afastarmos, o que representará a nossa perdição.

- Já vimos que a Igreja é um projeto divino, um mistério que o Senhor manteve oculto até a sua revelação por
Nosso Senhor e Salvador em Cesareia de Filipe após o Pai ter revelado a Pedro de que Jesus era o Cristo, o
Filho do Deus Vivo.

- Em sendo assim, vemos que, sendo um projeto divino, necessariamente a Igreja deverá ter características
que a assemelham ao seu Criador. A Igreja, em verdade, é uma imagem e semelhança de Deus, pois nada mais
é que a humanidade que se conforma à imagem de Jesus (Rm.8:29), o homem que é a “expressa imagem do
Pai” (Hb.1:3).

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1º Trim. de 2024: O CORPO DE CRISTO: origem, natureza e vocação da Igreja no mundo

- A Igreja, desta forma, em primeiro lugar, é um povo espiritual, ou seja, é um conjunto de pessoas que
nasceram do Espírito (Jo.3:6). A inserção na Igreja se faz mediante uma ação do Espírito Santo (I Co.12:13),
havendo uma geração de semente incorruptível, pela Palavra de Deus (I Pe.1:23), uma nova criação (II
Co.5:17; Gl.6:15).

- Assim como Deus é Espírito, Ele formou um povo que é espiritual e que, por isso mesmo, pode adorá-l’O
em espírito e em verdade (Jo.4:23,24), motivo pelo qual, na Igreja, o culto é despido de qualquer representação
visual, “…Assim, prestamos nossa adoração e nosso louvor em termos espirituais e imateriais sem o uso de
imagens de escultura ou de qualquer outro tipo de representação [Dt.4:15-18; Jo.4:23,24] …” (DFAD XV,
p.143).

- Esta natureza espiritual da Igreja faz com que ela pertença às “coisas invisíveis que são eternas” (II Co.4:18)
e, desta forma, querer reduzir a Igreja a algo visível, temporal e terreno é um grande equívoco, equívoco que
veio a trazer, ao longo da história da Igreja, diversos desvios doutrinários e escamoteações da realidade que é
a Igreja de Cristo.

- O Senhor Jesus afirmou a Pilatos que Seu reino não era deste mundo e que, por isso, Seus servos não lutaram
para libertar Cristo, mas eram pessoas que criam no testemunho da verdade dado pelo Senhor e que ouviram
a Sua voz, porque eram da verdade (Jo.18:36).

- Eis a razão pela qual somente identificaremos a Igreja no dia do arrebatamento, quando então a veremos em
toda a sua integralidade, mas já numa dimensão celestial, unidos todos com o Senhor nos ares (I Ts.4:16,17).

- A natureza espiritual da Igreja revela-se, também, na circunstância que só a Igreja possui “homens
espirituais”, ou seja, homens cujo espírito está ativo, que estão em comunhão com Deus, pois a função do
espírito é a de nos ligar a Deus, de ter comunhão com Ele. Por isso, a Igreja tudo discerne e de ninguém é
discernida (I Co.2:14).

- A natureza espiritual da Igreja também faz com que ela esteja à margem das coisas deste mundo, não tenha
proeminência nos sistemas de poder, todos controlados pelo maligno, embora seja, evidentemente, um
incômodo para eles que, a serviço do mundo, lutam sempre contra ela.

- A natureza espiritual da Igreja explica a prioridade que a Igreja dá para “as coisas de cima”, não vendo as
coisas terrenas senão como instrumentos para satisfação de necessidades, mas que não podem ter a primazia
de nossas vidas, porque a Igreja sabe que é peregrina e que seu lugar não é aqui.

II – A IGREJA É UNA

- Sendo esta “imagem e semelhança de Deus”, a Igreja tem de ser una, pois seu Senhor é o único e verdadeiro
Deus (Dt.6:4). O próprio Jesus disse que a vida eterna é conhecer a Deus como único Deus verdadeiro e a
Jesus Cristo, enviado pelo Pai (Jo.17:3).

- Se Deus é uno, a Igreja também o é, pois é Sua “imagem e semelhança”. Por isso mesmo, ao revelar este
mistério, que é a Igreja, Jesus disse que edificaria “A SUA IGREJA”, mostrando, a um só tempo, que a Igreja
Lhe pertenceria e seria única, singular.

- Toda as imagens bíblicas da Igreja confirmam a sua unicidade. Ela é “O corpo de Cristo”, “A coluna e
firmeza da verdade”, “A lavoura de Deus”, “O edifício de Deus”, “A nação santa”, “A geração eleita”, “O
sacerdócio real”, “O povo adquirido”, todas expressões que se encontram no singular, a mostrar que a Igreja
é única, uma só.

- Ao comparar a união entre Cristo e a Igreja com o casamento, as Escrituras, uma vez mais, demonstram que
a Igreja é única, porquanto o casamento é monogâmico, ou seja, o homem se une à sua mulher para formarem
uma só carne, havendo, portanto, um só marido e uma só mulher.

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- Por conseguinte, quando se diz que o casamento é símbolo da união entre Cristo e a Igreja, confirma-se que
há um só mediador entre Deus e os homens, um só Salvador, que é Jesus (I Tm.2:5; At.4:12), e, também, que
há uma só mulher de Cristo, que é a Igreja.

- Clemente de Alexandria (150-215), um dos pais da Igreja, afirmou: “Que admirável mistério! Há um só Pai
do universo, um só Logos do universo e também um só Espírito Santo, idêntico em toda a parte; e há também
uma só mãe Virgem, à qual me apraz chamar Igreja» (Paedagogus 1, 6, 42: GCS 12, 115 (PG 8, 300) apud
Catecismo da Igreja Católica, § 813).

- A unidade da Igreja é similar à própria unidade divina. Costuma-se afirmar que a unidade divina é uma
“unidade composta”, bem demonstrada pelo uso da palavra hebraica “echad” (‫ )אחד‬que se encontra em Dt.6:4,
pois a palavra, embora signifique “um”, tem o sentido de “unido”.

- Deus é um, mas subsiste em três Pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. A Igreja também é una, mas
possui muitos membros em particular, que são rigorosamente diferentes uns dos outros, já que Deus não fez
uma pessoa idêntica a outra. A unidade da Igreja, portanto, comporta uma diversidade de pessoas.

- Como afirma o apóstolo Paulo: “Porque assim como o corpo é um e tem muitos membros, e todos os
membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também” (I Co.12:12).

- Esta diversidade da Igreja não retira a sua unidade. Quando se fala em “muitos membros”, está-se a falar
não só de muitos indivíduos, pois estes são os “membros em particular” (I Co.12:27), mas, também, de
diferentes denominações, ministérios, grupos e movimentos que estão todos unidos em Cristo.

- A unidade da Igreja, portanto, não significa a criação de uma única estrutura institucional, a qual todos
devem estar unidos, como defendem os romanistas com a sua doutrina do Papado. A unidade se dá em torno
de Cristo e é uma unidade na diversidade, como vemos, aliás, nos tempos apostólicos, em que as igrejas eram
diversas, notadamente as judaicas e as gentílicas, mas que gozavam de perfeita comunhão apesar de suas
distinções, inclusive de lideranças.

- Esta distinção de lideranças exsurge do texto sagrado, quando vemos, por exemplo, Paulo afirmar ser
“apóstolo e doutor dos gentios” (I Tm.2:7; II Tm.2:11), dirigindo-se aos coríntios como tendo autoridade sobre
eles (I Co.9:2), mas, também, dizendo que jamais intentou ingressar em região onde havia outras autoridades
eclesiásticas (Rm.15:20), inclusive reconhecendo a autoridade de Pedro sobre “os da circuncisão”, ou seja, os
judeus (Gl.2:7,8).

- Pedro, também, demonstrando que nunca foi o “Papa”, como dizem os romanistas, além de reconhecer a
autoridade de Paulo, inclusive como escritor inspirado (II Pe.3:15,16), também fez questão de afirmar que não
buscou jamais dedicar-se a igrejas que não estavam sob sua autoridade (I Pe.1:1; 5:13).

- O mesmo encontramos em Tiago, que, sendo o pastor da igreja em Jerusalém, quando escreveu sua epístola,
dirigiu-se às suas ovelhas que haviam se dispersado por causa da perseguição (Tg.1:1).

- Por isso muito feliz é um hino avulso antigo, que costuma ser cantado nos cultos após a apresentação de
visitantes, chamado “Não importa a igreja que tu és”. Este hino mui sabia e biblicamente afirma: “Não importa
a igreja que tu és se aos pés do Calvário tu estás. Se o teu coração é igual ao meu, dá-me a mão e meu irmão
serás”.

- Esta unidade na diversidade fica bem demonstrada, ainda, no fato de que a Igreja é apresentada como
um povo de vestes brancas. A Igreja entrará na cidade celestial porque teve as suas vestes lavadas e remidas
no sangue do Cordeiro (Ap.22:14).

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- Estas vestes são brancas (Ap.19:7,8), porque quem não contamina as suas vestes com o pecado, será digno
de andar de branco com o Senhor Jesus (Ap.3:4,5).

- Ora, sabemos pela física (óptica) que o branco nada mais é que a junção de todas as cores e, portanto, quando
se afirma que a Igreja traja o branco está, também, a dizer que é uma unidade na diversidade, e a mais ampla
diversidade, porque une pessoas de todas as qualidades, de todas as características, toda a humanidade, pois,
que recebeu a Cristo como Senhor e Salvador.

- Tem-se, portanto, que a Igreja, embora seja uma unidade, não é uma uniformidade, até porque Deus não
é uniforme, mas multiforme, pois Sua graça é multiforme (I Pe.4:10), como também a Sua sabedoria (Ef.3:10),
tendo falado de muitas maneiras aos homens até falar pelo Filho (Hb.1:1).

- Querer uniformizar a Igreja, como muitos intentaram fazer ao longo da história, é querer desnaturá-la, é fazer
algo que é contraditório ao que Deus realizou. Nunca façamos isto, pois.

III – A IGREJA É SANTA

- Outra característica da Igreja que nos dá o item 8 do Cremos da Declaração de Fé das Assembleias de Deus
é a sua santidade.

- Jesus preparou para Si uma igreja que é santa e irrepreensível (Ef.5:27) e a Igreja que se apresentará a
Ele nos ares, no dia do arrebatamento, será uma Igreja santa, pois sem a santificação ninguém verá o Senhor
(Hb.12:14).

- A Igreja é santa porque seus membros são santos. Quem crê em Jesus tem os seus pecados perdoados e
é santificado, posto separado do pecado (Sl.40:1-3; I Co.1:2). É a chamada “santificação posicional”.

- A Igreja não tem mácula nem ruga nem coisa semelhante (Ef.5:27), vivendo sempre em contínua santificação
(Ap.22:11), santificação absolutamente necessária para que alcancemos a chamada glorificação. É a chamada
“santificação progressiva”.

- Por isso mesmo, os membros em particular da Igreja, para nela permanecer, têm de fazer uso contínuo dos
chamados “meios de santificação”, ou seja, atividades que fazem com que cada membro da Igreja se mantenha
santo, separada do pecado, cada vez mais distante do pecado e cada vez mais separado para Deus, próximo ao
Senhor.

- Notamos, portanto, de pronto, que a Igreja é santa, mas os seus membros em particular precisam se
santificar para pertencer a esta Igreja. A Igreja sempre é formada de santos, tanto que o Senhor Jesus põe
ministros para “aperfeiçoamento dos santos” (Ef.4:11,12).

- A Igreja é o povo de Deus e, por isso, é necessariamente um povo santo, pois Deus é santo, é a Sua
característica que é incessantemente proclamada junto ao trono do Senhor (Is.6:1-3) e o próprio Senhor sempre
disse que Seu povo precisa ser santo porque Ele é santo (I Pe.1:15,16; Lv.11:44,45; 19:2) e dois não andam
juntos se não estiverem de acordo (Am.3:3).

- A Igreja é a “nação santa” (I Pe.2:9) e, portanto, é o conjunto das pessoas que, santificadas por Cristo,
vivem agora “fora do mundo”. Como diz o item 8 do Cremos da Declaração de Fé das Assembleias de Deus:
“chamados do mundo pelo Espírito Santo para seguir a Cristo e adorar a Deus”.

- Somente pertence à Igreja aquele que é convencido do Espírito Santo do pecado, da justiça e do juízo
(Jo.16:8).

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- Quem é convencido do pecado, reconhece-se pecador, pede perdão dos seus pecados a Deus e os abandona,
passando a ter uma nova maneira de viver. Não é por outro motivo que o primeiro tópico da pregação do
Evangelho é o arrependimento dos pecados (Mc.1:15; At.2:38).

- Para pertencer à Igreja é preciso confessar os pecados e deixá-los (Pv.28:13). Se confessarmos os nossos
pecados, Jesus é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça (I Jo.1:9).

- O membro em particular da Igreja não vive mais na prática do pecado e, embora peque, sempre que o faz,
como isto é contrário à sua própria nova natureza, imediatamente confessa o pecado cometido, não mais o
fazendo, não passando a praticá-lo, obtendo, assim, o perdão do Senhor e se mantendo como membro da Igreja
(I Jo.2:1,2).

- A Igreja é santa e, por isso, cada membro em particular deve sempre estar a fazer um autoexame para que
verifique se está, ou não, em pecado, confessando sempre as suas culpas para obter a misericórdia divina (II
Co.13:5).

- Alguns pensam que o autoexame deve ser feito apenas por ocasião da participação na ceia do Senhor (I
Co.11:28). Não resta dúvida de que este autoexame é indispensável no momento da participação na ceia do
Senhor, mas ele deve ser realizado a cada dia, a cada instante, para que não sejamos reprovados pelo Senhor.

- Quem é convencido da justiça, tem a Jesus como exemplo, passando a imitá-l’O (I Co.11:1; I Pe.2:21) e isto
somente é possível, vez que Jesus não está mais fisicamente entre nós, crendo nas Escrituras, que d’Ele
testificam (Jo.5:39). Não é por outro motivo que a Palavra de Deus é o principal meio de santificação
(Jo.17:17).

- Quem é convencido do juízo, sabe que o príncipe deste mundo está julgado e que não podemos, pois, dar-
lhe lugar nem seguir a suas tentações, sendo sempre alguém que se distancia do diabo em qualquer ocasião
(Jo.14:30,31), sendo vigilante (Mc.13:37), resistindo ao inimigo, sujeitando-se a Deus (Tg.4:7).

- O convencimento do Espírito Santo produz, pois, uma separação do pecado no salvo, separação esta que
deve ser mantida até o dia em que passarmos para a eternidade, seja pelo arrebatamento, seja pela morte física.

- A Igreja é santa e a demonstração de sua santidade é a produção do fruto do Espírito, quando se revela
a nova natureza que a Igreja recebe de Cristo, pois, quem está em Cristo, nova criatura é (II Co.5:17). Quem
não produz este fruto, demonstrando não estar em santidade, é cortado e lançado fora (Jo.15:5,6), pois os
pecadores, aqueles que vivem na prática do pedado, não subsistem na congregação dos justos (Sl.1:6).

III – A IGREJA É UNIVERSAL

- A Igreja é um povo de pessoas de toda tribo, língua, povo e nação (Ap.5:9), formado por judeus e gentios
(Ef.2:11-19; Cl.3:10,11).

- O plano da salvação foi criado para toda a humanidade. Deus amou o mundo (Jo.3:16), quer que todos
os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade (I Tm.2:4) e, mesmo quando formou Israel, a
Sua “propriedade peculiar dentre todos os povos” (Ex.19:5), fez questão de afirmar que toda a terra era Sua
(Ex.19:5) e que Israel seria “reino sacerdotal e povo santo” (Ex.19:6), ou seja, deveria interceder em favor dos
demais povos.

- Deste modo, ao formar um povo de pessoas que alcançariam a salvação mediante a fé em Jesus, este povo,
necessariamente, teria de ter membros de todas as nações, de todas as gentes, pois a salvação é para todos os
homens, independentemente da origem de cada um.

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- Esta realidade já foi anunciada pelo Senhor Jesus, depois de Sua ressurreição, quando disse aos discípulos
que o Evangelho deveria ser pregado a toda criatura por todo o mundo (Mc.16:15), que se deveriam fazer
discípulos de todas as nações (Mt. 28:19 – NAA), que o arrependimento e remissão dos pecados deveria ser
pregado em todas as nações (Lc.24:47), que os discípulos eram enviados por Cristo assim como o Pai O havia
enviado e Ele foi enviado para que o mundo fosse salvo por Jesus (Jo.20:21; 3:17) e que os discípulos deveriam
ser testemunhas até os confins da Terra (At.1:8).

- No dia de Pentecostes, o dia do nascimento da Igreja, revelou-se, uma vez mais, esta universalidade, pois
todos os judeus e prosélitos que foram ver o que estava acontecendo no cenáculo, ouviram falar das grandezas
de Deus em suas próprias línguas, numa demonstração do Espírito Santo de que a Igreja deveria ser formada
por pessoas de todas as nacionalidades (At.2:6-8).

- A Igreja mostrava que tinha vindo inverter o que ocorrera no episódio da torre de Babel. Ali, todos se
rebelaram contra Deus, demonstraram sua incredulidade e, por isso, houve a confusão das línguas, com a
dispersão de todos sobre a face da Terra (Gn.11:1-6). Agora, pela fé em Cristo, todas as nações eram reunidas,
congregadas num novo povo para juntos servir ao Senhor, num primeiro momento da congregação de tudo e
de todos em Deus por meio de Cristo, o que ocorrerá na dispensação da plenitude dos tempos (Ef.1:10).

- Apesar de toda esta clareza, segundo os cronologistas bíblicos Edward Reese e Frank Klassen, a Igreja só
tomou consciência desta sua universalidade cerca de 12 anos depois da ascensão de Jesus, quando alguns
crentes vindos de Chipre e de Cirene começaram a pregar o Evangelho aos gentios em Antioquia (At.11:19-
21).

- Mesmo assim, precisou haver o concílio de Jerusalém para que se tivesse a exata noção, dada pelo Espírito
Santo, de que a Igreja era universal e que não se podia exigir a judaização dos salvos na pessoa de Jesus Cristo
(At.15).

- Notemos que, quando daquela reunião com todas as lideranças da Igreja, o que ficou acertado era
basicamente o que os judeus denominam de “Sete Leis de Noé”, ou seja, as determinações feitas por Deus a
todos os homens, reafirmando a ordem dada no Éden, com alguma variação, a Noé e sua família.

- A imposição das “sete leis de Noé” à Igreja confirma a sua universalidade, porquanto se repete como normas
a ser seguidas precisamente as que haviam sido dadas a Adão no Éden e, posteriormente, a Noé logo após o
dilúvio. É o mesmo Deus que Se dirige ao homem, que quer a Sua obediência e a Igreja nada mais é que esta
humanidade redimida pelo sangue de Cristo.

- É por isso que se diz que a Igreja é “católica”, como se vê, por exemplo, no Credo Niceno ou no Credo
Niceno-Constantinopolitano, duas confissões de fé elaboradas nos Concílios de Niceia (325) e de
Constantinopla (381). A palavra “católica” é grega (e as duas cidades onde se realizaram estes concílios tinham
o grego como sua língua) e seu significado nada mais, nada menos é “universal”.

- A universalidade da Igreja reforça a diversidade de que já falamos supra, que, em ocasião alguma, abala
ou retira a unidade da Igreja. Bem ao contrário, a universalidade da Igreja confirma claramente o propósito
salvador de Deus e o fato de Ele não faz acepção de pessoas (Dt.10:17; At.10:34).

- A universalidade, aliás, não se resume apenas a nacionalidades ou etnias, mas também envolve todos
os aspectos da humanidade, de modo que fazem parte da Igreja tanto ricos quanto pobres, doutos como
indoutos, homens como mulheres, servos como livres, pois Cristo é tudo em todos (Gl.3:18; Cl.3:11).

- Eis a razão pela qual a Igreja é um ambiente onde não tem lugar a discriminação injusta por qualquer motivo.
Desde o início, mostra-nos a história, sempre foi o lugar onde a mulher teve a sua dignidade respeitada; em
que não tiveram guarida o racismo ou a xenofobia.

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- Eis a razão porque toda a teorização dos direitos humanos, do reconhecimento da dignidade ínsita a cada
pessoa humana teve nascimento e desenvolvimento na Igreja.

- Também não é de se admirar que os movimentos que fazem questão de se contrapor à Igreja, de lutarem
contra a doutrina cristã, sejam, precisamente, movimentos que tenham desenvolvido sobremaneira seja a
discriminação injusta, seja o racismo ou as desigualdades em geral, como vemos, por exemplo, no comunismo,
nazismo, o islamismo e o hinduísmo.

IV – A IGREJA É APOSTÓLICA

- Outra característica da Igreja é que ela é “apostólica”. Como diz a Declaração de Fé das Assembleias de
Deus: “A Igreja foi fundada por nosso Senhor Jesus Cristo, pois Ele mesmo disse: ‘sobre esta pedra edificarei
a Minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela’ (Mt.16:18). Essa pedra é o próprio Cristo:
‘Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina’ (At.4:11),
tendo a doutrina dos apóstolos por fundamento e Jesus a principal pedra de esquina: ‘edificados sobre o
fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina’ (Ef.2:20).…”
(DFAD XI, p.119).

- Vemos, portanto, que a Igreja é “apostólica”, porque tem como fundamento a “doutrina dos apóstolos”
(At.2:42), que é o ensino que os apóstolos deram aos que creram em Jesus, ensino este recebido do próprio
Jesus (Lc.24:44-48; At.1:1,2) e que tem sido transmitido geração após geração desde então (II Tm.2:2).

- Este ensino outro não é o que se encontra nas Escrituras, onde está “o fundamento dos apóstolos e dos
profetas”, ou seja, os escritos sagrados, que testificam do Senhor Jesus (Jo.5:39).

- A igreja é apostólica, portanto, porque está fundada na Bíblia Sagrada, a única, infalível e inerrante
regra de fé e prática de todos os que são salvos na pessoa de Cristo Jesus.

- Ao longo da história da Igreja, o Senhor Jesus tem dotado o Seu povo de mestres e de ensinadores que têm
transmitido aos membros em particular do corpo de Cristo a doutrina dos apóstolos, cuja perseverança é
fundamental para a nossa salvação, pois se permanecermos na Palavra de Jesus, verdadeiramente seremos
Seus discípulos e conheceremos a verdade, que é a Palavra, e a verdade nos libertará (Jo.8:31,32).

- A igreja, já vimos, é santa e só é santa porque é limpa pela Palavra que o Senhor Jesus tem nos falado
(Jo.15:3; Ef.5:26), por meio das Suas fiéis testemunhas, que são as Escrituras (Jo.5:39), Palavra que nos é
constantemente lembrada pelo Espírito Santo (Jo.14:26).

- A apostilicidade da Igreja, portanto, leva-nos a ser guiados em toda a verdade pelo Espírito Santo
(Jo.16:13), Espírito Santo que glorifica a Cristo e que nem sequer fala de Si mesmo, mas apenas dirá tudo o
que tiver ouvido e anuncia o que há de vir (Jo.16:13).

- Deste modo, constitui-se em grave equívoco querer, a partir do fato de a Igreja ser apostólica, tentar-se criar,
com isto, uma mediação entre os membros em particular da Igreja e o Senhor Jesus por meio de “apóstolos”.

- A pretexto da apostolicidade, os romanistas criaram a doutrina do Papado e, a partir dela, implantaram um


sacerdotalismo na Igreja, fazendo distinção entre os sacerdotes e os leigos, de modo que a graça de Deus
somente é alcançada pela mediação dos sacerdotes.

- Só há um mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem, que é a cabeça da Igreja, sendo Ele próprio
o Salvador do corpo (Ef.1:22; 5:23). É Cristo a pedra principal da esquina (At.4:11), não existindo outro
fundamento que não Jesus (I Co.3:11).

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- Dizer que Pedro seja “pedra” da Igreja e que os apóstolos seriam “pedras auxiliares”, sendo sucedidos pelos
Papas e pelos Bispos, formando o Magistério é evidente deturpação do que dizem as Escrituras, de modo que
não é o correto significado da apostolicidade da Igreja.

- Sob uma nova roupagem, esta mesma ideia surgiu com as falsas doutrinas a respeito de “autoridade
espiritual” e “cobertura apostólica”, que passaram a ser defendidas na segunda metade do século XX e que
hoje faz com que muitas denominações se digam “apostólicas”.

- Segundo esta linha de pensamento, Cristo põe “autoridades” na Igreja, os “apóstolos”, que seriam aqueles
que “cobririam” sob a sua autoridade os demais membros em particular da Igreja, que devem estar “debaixo
do manto da autoridade espiritual” para terem comunhão com Cristo.

- Tem-se aqui a reativação da ideia de uma mediação entre Jesus e a membresia em particular por intermédio
de “membros superiores”, o que, efetivamente, não é o que nos ensina a Bíblia Sagrada, que diz que só Jesus
é a cabeça da Igreja e todos nós somos varas d’Ele, que é a videira verdadeira (Jo.15:5,6).

- Todos os membros em particular da Igreja são “pedras vivas, edificados casa espiritual e sacerdócio santo,
para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo” (I Pe.2:5), de modo que não há
membro em particular que não seja sacerdote, nem se faz necessário que alguém ofereça sacrifícios a Deus
pela membresia. Jesus fez a todos reis e sacerdotes para Deus e Seu Pai (Ap.1:6).

- Por isso, não tem qualquer respaldo ou fundamento doutrinas que põem mediadores entre nós e Cristo
ou que estabeleçam que devemos obter a graça de Deus por meio de algum “sacerdote”, “apóstolo”,
“paipóstolo”, “líder de célula”, “líder de pequeno grupo” ou coisas similares. Não podemos nos fazer
servos dos homens (I Co.7:23).

- A Igreja é apostólica porque foi enviada para pregar o Evangelho a toda criatura por todo o mundo. Assim
como o Pai enviou Jesus, a Igreja é enviada por Cristo para esta tarefa (Jo.20:21).

- Uma igreja que não evangeliza, que não procura ganhar almas para o Senhor, não é apostólica e, por
conseguinte, não é mais uma igreja, sendo, quando muito, um clube social ou uma organização não
governamental. Lamentavelmente é o que tem sido muitas igrejas locais.

- A Igreja é apostólica e, por isso, rejeita toda e qualquer ensino que não tem respaldo nas Escrituras,
que Jesus não tenha falado. Se alguém vier pregar outro Evangelho, deve ser afastado da Igreja, é anátema
(Gl.1:6-9).

- A Igreja é apostólica e, por isso, sempre se mantém vigilante com relação aos que é ensinado, pois sabe que
há heresias no meio da membresia (I Co.11:19), como também falsos mestres (II Pe.2:1-3), devendo haver a
devida advertência para que não se ensine outra doutrina nem se deem a fábulas ou a genealogias intermináveis
que mais produzem questões do que edificação de Deus (I Tm.1:3,4).

- A Igreja é apostólica e, por isso, deve primar pelo ensino da Palavra de Deus, Palavra que deve ser confirmada
por sinais, prodígios e maravilhas, pois é assim que fizeram os apóstolos (Mc.16:20; At.2:43; 5:12; Hb.2:3,4).

- Uma igreja que não dá o devido valor ao estudo e meditação das Escrituras, que não prima pelo ensino, é
alvo fácil dos falsos mestres, das heresias, que levarão muitos ao desvio doutrinário e à perdição.
Lamentavelmente é o que tem ocorrido em muitas igrejas locais.

- Espiritual, una, santa, universal e apostólica é a Igreja de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Fazemos parte dela? Pensemos nisto!

Colaboração para o Portal Escola Dominical – Pr. Caramuru Afonso Francisco

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


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