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E-BOOK

CONSTRUÇÃO CIVIL
Revestimentos: tipos

Apresentação
Os revestimentos se dividem em argamassados e não argamassados. Nesse segundo grupo, pode
ser incluída uma vasta gama de materiais, sendo os revestimentos cerâmicos os de uso mais
comum. Pisos, azulejos e porcelanatos são as classificações dos revestimentos cerâmicos, e é
preciso identificar as propriedades deles no momento da compra, para evitar problemas e
incômodos futuros.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você irá aprender sobre os tipos de revestimentos utilizados na
Construção Civil.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Indicar os grupos de revestimentos e suas definições.


• Identificar os principais revestimentos cerâmicos e sua classificação.
• Reconhecer as principais propriedades quanto ao uso dos revestimentos cerâmicos.
Desafio
O proprietário de um restaurante precisa trocar todo o piso do estabelecimento, pois o piso já está
fora de moda, apresenta manchas e, em alguns locais, está se soltando. Em se tratando da estética,
o proprietário quer um material que imite madeira, para dar um aspecto rústico ao local. Você,
como engenheiro civil ou arquiteto, deverá responder aos seguintes questionamentos:

■ Quais são os procedimentos para a correta substituição do piso?

■ Qual o tipo de material de revestimento que o proprietário do restaurante deve comprar?

■ Quais são as propriedades do revestimento que devem ser levadas em conta?


Infográfico
Existem diversos materiais utilizados como revestimento na Construção Civil. A escolha deles varia
principalmente conforme o gosto do proprietário, a facilidade de manutenção, o custo-benefício e
as propriedades de cada material. A seguir, é apresentado um fluxograma com as classificações dos
revestimentos, podendo ser argamassados ou não argamassados.
Conteúdo do livro
Nesse capítulo, você vai estudar os revestimentos. Os revestimentos são divididos em dois grupos,
os argamassados e os não argamassados. Como exemplos de argamassados, tem-se o chapisco, o
emboço e o reboco. Já entre os não argamassados, pode ser enquadrada uma vasta lista de
materiais.

O capítulo Revestimentos: tipos aborda especificamente os revestimentos cerâmicos, pois seu uso
é bastante difundido, sendo encontrados diferentes materiais. A escolha do revestimento cerâmico
não deve levar em conta apenas o aspecto estético, mas também as propriedades que o regem.

Boa leitura.
CONSTRUÇÃO
CIVIL

Alessandra Martins Cunha


André Luís Abitante
Caroline Schneider Lucio
Lélis Espartel
Ronei Tiago Stein
Vinicius Simionato
C756 Construção civil / Alessandra Martins Cunha ... [et al.]. – Porto
Alegre : SAGAH, 2017.
352 p. : il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-048-1

1. Construção civil. 2. Indústria da construção. I. Cunha,


Alessandra Martins.

CDU 69

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


Revestimentos: tipos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Indicar os grupos de revestimentos e suas definições.


 Identificar os principais revestimentos cerâmicos e sua classificação.
 Reconhecer as principais propriedades quanto ao uso dos revesti-
mentos cerâmicos.

Introdução
Os revestimentos se dividem em argamassados e não argamassados.
Neste último grupo, uma vasta gama de materiais pode ser incluída,
sendo os revestimentos cerâmicos os de uso mais comum. Pisos, azulejos
e porcelanatos são as classificações dos revestimentos cerâmicos. Você
precisa identificar as propriedades deles no momento da compra, para
evitar problemas e incômodos futuros.

Revestimentos
Revestimentos são usados na aplicação de materiais para proteção e acabamento
sobre a vedação ou a estrutura de uma edificação. Ou seja, eles são a camada
externa que cobre a alvenaria. Nas edificações, há três tipos de revestimentos:
revestimento de paredes, revestimento de pisos e revestimento de tetos ou
forros. Os revestimentos têm por finalidade:

 Regularizar a superfície;
 Proteger contra intempéries;
 Aumentar a resistência;
 Atender a propósitos estéticos e de acabamento.

Os revestimentos são classificados de acordo com o material utilizado, po-


dendo ser revestimentos argamassados e não argamassados. Os revestimentos
Revestimentos: tipos 207

argamassados são os procedimentos tradicionais da aplicação de argamassas


sobre as alvenarias e estruturas. Eles atuam como camada de proteção contra a
infiltração de águas de chuvas ou simplesmente como acabamento. Dividem-se
em três camadas: chapisco, emboço e reboco.
Já os revestimentos não argamassados são revestimentos de parede,
constituídos por elementos naturais ou artificiais, assentados sobre emboço
de regularização, com argamassa colante ou estruturas especiais de fixação.
Esses produtos têm procedimentos de assentamento ou fixação específicos,
segundo as características de seus elementos. Entre os mais utilizados estão:

 Revestimento cerâmico;
 Revestimento de pastilhas de porcelana;
 Revestimento de pedras naturais;
 Revestimento de mármores e granitos polidos;
 Revestimento de madeira.

O revestimento tradicional de paredes internas possui cinco camadas


tradicionais. A seguir, você pode conhecer quais são elas:

1. Substrato ou base (revestimento argamassado): é o componente de


sustentação dos revestimentos (estrutura – parede, muro), podendo ser
construído de tijolos, blocos de cimento ou pedras, de acordo com as
exigências da obra e do proprietário.
2. Chapisco (revestimento argamassado): camada aplicada diretamente
sobre a base, a fim de aumentar a aderência e a uniformidade da camada
seguinte.
3. Emboço (revestimento argamassado): camada intermediária que ajuda
a cobrir irregularidades da mistura, visando ao recebimento de outra
camada de reboco ou de revestimento decorativo, podendo ser feita
de cal, cimento ou gesso. Ou seja, é a parede final propriamente dita.

A utilização das camadas quatro e cinco vai depender da necessidade da


obra e do gosto do proprietário. Em locais úmidos, como banheiros e cozinhas,
é fundamental a colocação de revestimentos cerâmicos nas paredes, a fim de
evitar infiltrações e patologias futuras na edificação.

4. Argamassa colante (revestimento não argamassado): de acordo com a


ABNT NBR 13755:2017, é uma mistura constituída de aglomerantes
hidráulicos, agregados minerais e aditivos. Possibilita, quando prepa-
208 Construção civil

rada em obra com adição exclusiva de água, a formação de uma pasta


viscosa, plástica e aderente.
5. Revestimentos cerâmicos (revestimento não argamassado): segundo
a ABNT NBR 13816:1997, placas cerâmicas para revestimento são
definidas como material composto de argila e outras matérias-primas
inorgânicas, geralmente utilizadas para revestir pisos e paredes. São
conformadas por extrusão ou por prensagem, podendo também ser
conformadas por outros processos.

Na Figura 1 você pode ver, de forma ilustrativa, as etapas do revestimento


tradicional utilizado em paredes.

Figura 1. Camadas do sistema de revestimento em paredes.

Os revestimentos trabalham com um sistema composto de diversas camadas e pro-


dutos. Eles dependem um do outro para produzir um resultado satisfatório.
Revestimentos: tipos 209

Tipos de materiais para revestimentos


Após a conclusão da terceira etapa de execução dos revestimentos, você pode
aplicar diferentes materiais sobre a superfície, a fim de melhorar a aparência
ou o acabamento. Existem várias opções de revestimentos na construção civil.
A seguir, você pode conhecer alguns deles:

 Pedras: são rochas preparadas para a construção civil, sendo muito


utilizadas no revestimento de calçadas e paredes. Como exemplos, você
pode considerar a pedra miracema, as placas drenantes, o calcário, o
basalto, os arenitos, entre outras.
 Pedras de mármore ou granito: são algumas das pedras mais co-
nhecidas e utilizadas como piso, revestimentos de parede, soleiras,
pingadeiras, tampos de pias (cozinha, banheiro, lavanderia), entre outros.
 Pedras artificiais: existem no mercado algumas pedras com misturas
de outros materiais, como o marmoglass (pó de mármore e vidro), o
nanoglass (pó de mármore e vidro, porém com nanotecnologia) e o
silestone (pó de quartzo com aditivos).
■ Argamassa de revestimento: muito usada como massa corrida, a fim
de nivelar superfícies.
■ Pisos laminados e vinílicos.
■ Vidros.
■ Gesso: pode ser aplicado em divisórias, ornamentos, forros, paredes,
detalhes construtivos, entre outros.
■ Papel de parede.
■ Tintas.
■ Madeiras: possuem diversas aplicabilidades, sendo consideradas
um material nobre.
■ Laminado plástico: aplicado em móveis, paredes, detalhes, divisórias,
portas de sanitários, entre outros.
■ Refratários cerâmicos: existem várias variações, de acordo com
queima, composição, compactação, tipo de esmalte, acabamento e
tipo de junta.
210 Construção civil

A escolha do melhor tipo de revestimento deve levar em consideração, além do gosto


pessoal do proprietário do imóvel, o custo-benefício, o fator estético e, principalmente,
o desempenho técnico necessário para cada local.

No Brasil, seja pela abundância de matérias-primas ou pela herança cultural portuguesa,


que legou ao País o gosto por azulejos, o uso de revestimentos cerâmicos se tornou
um costume corrente. O Brasil é um dos grandes protagonistas internacionais do setor
de revestimentos cerâmicos, ocupando, em 2015, a segunda colocação no ranking
mundial de produção e consumo, com exportação para mais de 110 países em todos
os continentes. Isso se deve principalmente à qualidade dos materiais e à sua estética.
Se no passado as placas cerâmicas estavam restritas às áreas úmidas de uma cons-
trução, atualmente são encontradas nos mais diferentes ambientes, como residências,
escritórios, indústrias e áreas externas, incluindo amplas fachadas. O mercado oferece
uma imensa variedade de formatos, cores, texturas e acabamentos superficiais.

Revestimentos cerâmicos
Agora você irá conhecer com maior ênfase os revestimentos cerâmicos. Eles
são o tipo de revestimento mais utilizado, sendo seu uso bastante difundido.
Isso ocorre principalmente pelas seguintes características:

 Durabilidade; a maior parte dos revestimentos cerâmicos possui alta


resistência à degradação das placas cerâmicas contra a ação de agentes
agressivos ambientais (chuva, vento, calor);
 Facilidade de limpeza e higienização;
 Impermeabilidade (quando bem instalados) devido à sua baixa porosi-
dade, impedindo a formação de patogenias na edificação;
Revestimentos: tipos 211

 Manutenção da aparência do material mesmo após muito tempo de uso


(se o material for de boa qualidade);
 Conforto térmico e acústico (apresentados por algumas cerâmicas);
 Segurança contra o fogo.
 Valorização econômica; de acordo com o tipo de cerâmica utilizada,
se pode valorizar ou não o imóvel.

Os revestimentos cerâmicos são produtos industrializados cujo processo de


fabricação é bastante controlado. Exigem grande atenção quanto à composição
da massa, que utiliza argilas, filitos, talcos, feldspatos (grês) e areias (quartzo),
até a classificação final do material. Eles se caracterizam por elementos
cerâmicos, de grande variedade de cores, sendo brilhantes ou acetinados, de
diversos padrões, lisos ou decorados; de alta vitrificação, ou seja, de grande
coesão (resistência à compressão e à abrasão).

História dos revestimentos cerâmicos


As primeiras cerâmicas para revestimento arquitetônico surgiram por volta
de 500 a.C., permanecendo por vários séculos como materiais de uso restrito
à alta sociedade devido ao seu alto custo. Na Figura 2, você pode ver um
exemplo de uma igreja coberta por azulejos, instalados pelos portugueses na
época do descobrimento do Brasil. A perfeição das cerâmicas e os cuidados
na instalação impressionam ainda nos dias atuais.
212 Construção civil

Figura 2. Igreja recoberta com azulejos.

A partir de 1950, ocorreram maiores avanços no processo de produção


dos ceramistas italianos. Atualmente, a alta competitividade nos mercados
consumidores de revestimentos cerâmicos, tanto no Brasil quanto no mercado
externo, vem exigindo dos fabricantes maiores qualidade e durabilidade dos
seus produtos.

Classificações dos revestimentos cerâmicos


Entre as principais classificações de revestimentos cerâmicos, você encontra:

 Pisos: podem ser usados tanto internamente como externamente. A fim


de evitar problemas, a escolha do tipo de cerâmica que será utilizada
deve levar em conta resistência à abrasão (relacionada ao tráfego de
pessoas/carros), resistência à ruptura, carga a que o piso será submetido,
possibilidade de impacto, coeficiente de atrito (em função do escorrega-
mento do chão) e, por fim, resistência a manchas e facilidade de limpeza.
 Azulejos: compreendem o fornecimento e o assentamento de azulejos,
cerâmicas, ladrilhos, pastilhas de porcelana e plaquetas de laminados
Revestimentos: tipos 213

cerâmicos para compor os revestimentos de paredes. Podem ser utili-


zados tanto internamente como externamente.
 Porcelanato: caracterizados pelo seu modo de produção, podem ser
usados tanto interna quanto externamente. Alguns são adequados para
áreas de alto tráfego, enquanto outros são usados em lojas, escritórios
e residências. Seu uso é versátil, podendo revestir bancadas de ba-
nheiros e cozinhas, por exemplo. Suas características principais são:
uniformidade de coloração, alta resistência à abrasão física e química e
massa homogênea. Podem ser classificados como polido (ou porcelanato
técnico), acetinado e esmaltado.
■ Porcelanato polido: é o tipo mais comum desse revestimento. Esse
modelo de revestimento é caracterizado por seu brilho intenso.
■ Porcelanato acetinado: possui acabamento com menos brilho, sendo
menos cansativo à vista, deixando o ambiente aconchegante. É ideal
para salas e quartos.
■ Porcelanato esmaltado: tipo de porcelanato que recebe uma camada
de esmalte (tinta) por cima do revestimento. Apresenta textura lisa,
brilhante ou mate.

Principais propriedades dos refratários


cerâmicos
Quando você for escolher revestimentos cerâmicos, precisa ficar atento a
alguns detalhes das propriedades das peças. Toda cerâmica é classificada
segundo uma escala de resistência à abrasão. Essa escala define a resistência
que a cerâmica oferece ao desgaste provocado pelo tráfego de pessoas.

Produtos cerâmicos devem atender às prescrições estabelecidas pela norma técnica


ABNT NBR 13818:1997, que fixa, entre outros itens, as características exigíveis para fabri-
cação, marcação e declarações em catálogos de placas cerâmicas para revestimento.

A seguir, você pode ver a definição das classes de resistência à abrasão de


produtos cerâmicos que devem ser observadas no ato da compra. Essa classifi-
214 Construção civil

cação foi feita pelo PEI (Porcelain Enamel Institute), instituto que regulamenta
as normas para a classificação da resistência à abrasão da superfície.

 PEI 0 – o produto é recomendado somente para uso em paredes;


 PEI 1 – o produto pode ser utilizado em banheiros residenciais que
não tenham porta externa, com movimento baixo de pessoas e sem
sujeira abrasiva;
 PEI 2 – o produto pode ser utilizado em banheiros e dormitórios resi-
denciais que não tenham porta externa nem sujeira abrasiva e onde há
movimento moderado de pessoas;
 PEI 3 – o produto pode ser utilizado em todas as dependências resi-
denciais sem portas externas;
 PEI 4 – o produto pode ser utilizado em todas as dependências residen-
ciais e pequenos ambientes comerciais que não tenham portas externas,
como: salas comerciais de shoppings ou galerias. Pode ter porta externa,
porém com pouca sujeira abrasiva;
 PEI 5 – o produto pode ser utilizado em todas as dependências residen-
ciais, comerciais e em algumas dependências industriais.

A ABNT NBR 13818:1997 classifica ainda os revestimentos cerâmicos de


acordo com suas classes de uso. Ela recomenda o local de uso de cada produto
levando em consideração não só a resistência à abrasão, como também a
resistência química e física do esmalte. Assim, os revestimentos podem ser
de três classes:

 Classe A – alta
 Classe B – média
 Classe C – baixa

A absorção de água é uma propriedade da placa cerâmica e está diretamente


relacionada com a porosidade da peça. Outras características, como resistência
mecânica, resistência ao impacto, resistência ao gelo e resistência química,
estão associadas com a absorção de água.
Outra propriedade importante é relacionada à aderência. Ela indica se os
revestimentos cerâmicos se mantêm fixos ao substrato, pois surgem várias
tensões normais e tangenciais no contato da base com o revestimento. Para que
o revestimento cerâmico fique fixo à base, ele depende de vários fatores: as
propriedades da argamassa, os procedimentos de sua execução, a sua natureza,
as propriedades da base e a limpeza da superfície.
Revestimentos: tipos 215

Você deve analisar cada uma das propriedades dos revestimentos cerâmicos de acordo
com a realidade do local onde serão instaladas. Para não haver problemas futuros,
também é imprescindível consultar as marcas disponíveis no mercado (verificar se
possuem credibilidade) e analisar as classes, no rótulo do produto.

Na hora de escolher o tipo de revestimento cerâmico, surgem várias dúvidas. A seguir,


seguem alguns cuidados que você deve ter na compra e na escolha desses materiais.
 Defina o local de aplicação, pois cerâmicas para parede apresentam resistência
menor do que cerâmicas para piso.
 Se o tráfego de pessoas for intenso, opte por um piso mais resistente à abrasão.
 Escolha o piso certo para cada ambiente: De uma forma geral, a garagem e o
banheiro, por exemplo, precisam de pisos diferentes, pois recebem impactos
diferentes. O que não quer dizer que um piso seja melhor do que o outro, e sim
mais adequado para determinado ambiente.
 Confira se o produto é de qualidade: resistência a impactos, lascamentos, manchas,
uniformidade no tamanho das peças e resistência a manchas de água são alguns
dos fatores que fazem a diferença.
 Pesquise sobre o fabricante: saber a procedência do piso é essencial para reco-
nhecer suas propriedades. Conheça sua política de qualidade e busque indicação
de outros clientes.
 Leve em consideração os cuidados com o piso: a durabilidade do produto também
depende dos cuidados que serão tidos com ele. Por isso, na hora de escolher o
tipo ideal, é preciso pensar nos detalhes e saber, por exemplo, se móveis serão
arrastados, ou como será feita a limpeza.
 Pense na limpeza e manutenção: pisos com textura lisa ou com menos ranhuras
são mais fáceis de limpar.
 Pense na decoração: o piso precisa ser um aliado na decoração. De forma geral, a
preferência é por cores mais claras e neutras. Eles podem ser foscos, esmaltados,
lisos ou com ranhuras.
 Analise a luminosidade do ambiente: em ambientes mais escuros, por exemplo,
você pode usar pisos em tons mais claros para melhorar a iluminação.
 Saiba qual é a PEI do piso: todas as cerâmicas de qualidade devem ter a PEI gravada
na embalagem indicando o local de uso.
Revestimentos: tipos 217

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 13755:2017.


Revestimento de paredes externas e fachadas com placas cerâmicas e com utilização
de argamassa colante – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1996.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 13816:1997. Placas cerâ-
micas para revestimento – Terminologia. Rio de Janeiro: ABNT, 1997.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 13818:1997. Placas cerâmi-
cas para revestimento – Especificações e métodos de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT, 1997.
REBELO, C. R. Projeto e execução de revestimento cerâmico interno. 2010. 55 f. Trabalho
de Conclusão de Curso (Especialização em Engenharia Civil) – Universidade Federal
de Minas Gerais, Minas Gerais, 2010.

Leituras recomendadas
BAUER, L. A. Materiais de construção. 5. Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
FERRARI, K. R. et al. Transformação das matérias-primas do suporte durante a queima
de revestimentos cerâmicos. Revista Cerâmica Industrial, São Paulo, v. 5, n. 2, p. 53-58,
mar./abr. 2000.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
Dica do professor
Em se tratando dos tipos de revestimentos para pisos, existe uma vasta gama de materiais além dos
revestimentos cerâmicos (azulejo, porcelanato). A seguir, vamos estudar alguns tipos de pisos
utilizados e as vantagens e desvantagens de cada um.

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Exercícios

Dentre as alternativas a seguir, qual é considerada um material argamassado?


1)
A) a) Madeira.

B) b) Azulejo.

C) c) Porcelanato esmaltado.

D) d) Chapisco.

E) e) Papel de parede.

Qual das alternativas a seguir está correta em se tratando de revestimentos cerâmicos?


2)
A) a) Os azulejos são indicados para uso tanto no piso como na parede.

B) b) Os porcelanatos, por serem um material novo no mercado, devem ser evitados.

C) c) A resistência à abrasão dos revestimentos usados em pisos é de fundamental importância.

D) d) Revestimentos de classe C são os mais indicados para evitar problemas de manchas no


revestimento.

E) e) Um exemplo de revestimento não argamassado é o emboço.

Em se tratando das normas para a classificação da resistência à abrasão da superfície, os


3) revestimentos de PEI 3 são indicados para:

A) a) Uso em paredes.

B) b) Uso em banheiros residenciais sem porta externa, com movimento baixo de pessoas e sem
sujeira abrasiva.

C) c) Uso em todas as dependências residenciais, comerciais e em algumas dependências


industriais.

D) d) Uso em todas as dependências residenciais sem portas externas.


E) e) Uso em todas as dependências residenciais e em pequenos ambientes comerciais que não
tenham portas externas, como salas comerciais de shoppings ou galerias.

Em se tratando dos revestimentos cerâmicos, está correta, dentre as características a seguir:


4)
A) a) Não recomendado para pessoas alérgicas.

B) b) Conforto térmico e acústico.

C) c) Durabilidade baixa.

D) d) Insegurança ao fogo.

E) e) Após algum tempo, normalmente aparecem manchas devido às intempéries ambientais.

Em se tratando das propriedades de cerâmicas, qual das alternativas a seguir apresenta uma
5) informação verdadeira?

A) a) A resistência química e física está relacionada diretamente com o desgaste das cerâmicas e
o aparecimento de manchas.

B) b) A absorção de água está relacionada com a propriedade do material de ficar preso na base.

C) c) A aderência é a rugosidade da cerâmica.

D) d) A resistência à abrasão refere-se à umidade da placa cerâmica, normalmente causada pelo


fluxo intenso de pessoas.

E) e) Resistência química e física não é uma propriedade relevante nos revestimentos cerâmicos.
Na prática
Em se tratando dos revestimentos cerâmicos, é fundamental saber identificar suas propriedades. A
seguir, são apresentadas algumas propriedades que devem ser levadas em conta na escolha do
material. Acompanhe!

ABSORÇÃO DE ÁGUA

Tipologia do produto Absorção de água (%)

Porcelanato 0 a 0,5

Grés 0,5 a 3,0

Semi-grés 3,0 a 6,0

Semi-poroso 6,0 a 10,0

Poroso Acima de 10,0

Com o passar do tempo, os materiais que absorvem mais água acabam ficando com um aspecto de
sujo.
RESISTÊNCIA À ABRASÃO SUPERFICIAL

RESISTÊNCIA À ABRASÃO

Abrasão Resistência

Grupo 0 Baixíssima

Grupo 1 / PEI 1 Baixa

Grupo 2 / PEI 2 Média

Grupo 3 / PEI 3 Média alta

Grupo 4 / PEI 4 Alta

Grupo 5 / PEI 5 Altíssima e sem encardido

As imagens mostram como os revestimentos cerâmicos apresentam desgaste superficial em virtude


do fluxo intenso ou até mesmo dos efeitos climáticos.
RESISTÊNCIA A MANCHAS

RESISTÊNCIA

1 - Impossibilidade de remoção

2 - Removível com ácido clorídrico, acetona

3 - Removível com produto de limpeza forte

4 - Removível com produto de limpeza fraco

5 - Máxima facilidade de remoção

A imagem mostra como o revestimento cerâmico pode apresentar manchas e mudança de


tonalidade com o passar do tempo. Essas manchas podem estar relacionadas com vários fatores,
como limpeza errada e uso de produtos agressivos, fluxo intenso de pessoas, efeitos climáticos,
entre outros.

RESISTÊNCIA AO ATAQUE QUÍMICO


Existem três classes de resistência aos agentes químicos:

Classe A - resistência química elevada

Classe B - resistência química média;

Classe C - resistência química baixa.

É comum ocorrer, por exemplo, alguma mancha em piso de garagem oriunda do vazamento de óleo
do veículo. Se, após a limpeza, o piso não apresenta manchas, nota-se que o piso possui resistência
química elevada.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Tipos de revestimentos cerâmicos

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Pisos e revestimentos: quais são, como usar e escolher?

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Revestimentos cerâmicos e suas aplicabilidades

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Uma análise crítica do setor de revestimentos cerâmicos


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Telhados e coberturas

Apresentação
Todos os elementos de uma construção são indispensáveis. Se um deles falta/falha, a edificação
fica comprometida. O que dizer então de sua cobertura? A edificação estaria sujeita a chuvas e a
invasões, sem falar de luz, calor, insetos. Chamamos a parte superior de uma edificação de
cobertura. Esta parte pode ser plana, curva/esférica ou inclinada. Como exemplos, temos a laje
(para coberturas planas), as abóbadas (para coberturas esféricas) e o telhado (para cobertura
inclinada).

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai entender que, em engenharia civil, telhado e cobertura
são coisas diferentes, embora, muitas vezes, sejam tratadas como sinônimos, ou seja: telhado é uma
categoria de cobertura.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Definir as funções e o tipo de cobertura.


• Identificar os elementos de um telhado.
• Reconhecer as estruturas de um telhado.
Infográfico
No infográfico a seguir, clique nos componentes do telhado para entender as funções exercidas por
cada um deles. Lembre-se que um telhado é um tipo de cobertura.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Conteúdo do livro
Coberturas e telhados não são coisas diferentes, entretanto não são sinônimos. Telhados são um
tipo de cobertura, ao passo que esta se define por ser a parte superior de uma construção. A
cobertura é feita de materiais e métodos diversos, cada um com seus prós e contras. A escolha de
um ou de outro varia de acordo com a aplicação, com o gosto do cliente e com as condições locais
– clima, cultura e condição socioeconômica. Os telhados, como o tipo mais comum de cobertura,
merecem um olhar especial.

Acompanhe a leitura do capítulo que faz parte do livro "Construção civil" e conheça seus elemento
e tipos e suas características.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Dica do professor
Na Dica do professor, apresentamos, de maneira ilustrada, os tipos e as funções de coberturas.
Além disso, disponibilizamos uma comparação entre os dois principais tipos de coberturas: a laje e o
telhado.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Exercícios

1) Qual das alternativas a seguir contém um elemento de telhado que impermeabiliza o


vértice?

A) Rincão.

B) Água.

C) Cumeeira.

D) Beiral.

E) Rufo.

2) Na composição do telhado, qual é a função dos condutores?

A) Conduzir uma possível descarga atmosférica, isto é, eles agem como para-raios.

B) Realizam o suporte da camada impermeabilizante do telhado.

C) Conduzir a água da chuva de maneira apropriada.

D) Conduzir as trocas de calor do telhado, mantendo ambiente com temperatura agradável.

E) Realizam a impermeabilização do telhado.

3) O que podemos dizer ser uma vantagem da laje em relação ao telhado?

A) Oferece mais segurança contra invasões.

B) Uma laje oferece melhor proteção contra infiltração.

C) Uma laje é mais leve, exigindo menos da estrutura e fundação.

D) A laje aumenta a altura total da construção.

E) Uma laje é mais rápida de ser executada.


4) O que é rincão?

A) Elemento que faz a impermeabilização da intersecção de águas no ponto superior.

B) Elemento que faz a intersecção das águas de um telhado fora do vértice, isto é, na parte
inferior.

C) Elemento que faz a intersecção da água do telhado com a parede.

D) Projeção do telhado para além da linha da parede.

E) Refere-se ao suporte do telhado.

5) Qual dos tipos de coberturas de telhados apresenta melhor isolação térmica?

A) Pedras.

B) Palha.

C) Telhas de fibrocimento.

D) Madeira.

E) Metal - telhas de zinco.


Na prática
A construção da cobertura de uma edificação começa desde a fundação. Cada elemento deve estar
preparado para que a estrutura seja devidamente montada. Por exemplo, se a cobertura for uma
laje, a estrutura deve ser dimensionada para suportar mais peso do que se fosse um telhado.

Por isso, vale a pena pesquisar e se apropriar das técnicas de execução na construção de telhados,
que são as coberturas mais largamente utilizadas. O engenheiro, como responsável técnico de
construções, deve conhecer os elementos de estrutura o telhado, bem como a preparação das
demais partes da construções responsável por sustentá-lo.

Os telhados, como dissemos, são estruturas relativamente leves, então, como eles não “saem
voando” com as ventanias comuns no Brasil?

É importante estudar estruturas de sustentação de telhados e os métodos de fixação de telhas. Os


padrões de desempenho necessários estão dispostos na NBR 15575. Esta norma é relativamente
nova, de 2013. O item 5 dessa normatização trata exatamente deste assunto.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Projeto Série 100% Seguro


Telhados e Coberturas - Parte 3

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NBR 15575

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Pinturas

Apresentação
A princípio, esse tema - a pintura - pode parecer puramente estético. Mas a pintura possui,
principalmente, o caráter de proteção do substrato, ou seja, a camada exposta da construção.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai entender que sem a tinta, a alvenaria, o metal e/ou a
madeira estariam muito mais expostos às intempéries, à umidade e a tantos outros agressores. A
qualidade da pintura aplicada reflete o cuidado e o capricho que o profissional teve na obra como
um todo.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer os sistemas de pintura.


• Identificar os principais tipos de tinta e acabamentos.
• Analisar a aplicação das tintas nos principais materiais utilizados na construção.
Desafio
Você é o engenheiro responsável pela obra e chegou a hora de definir quais tintas, acabamentos e
sistemas de pintura serão escolhidos. Nesse momento, o proprietário da obra chega, questiona
você sobre os acabamentos que devem ser feitos, pois está com problemas de orçamento, e você
deve explicar a importância da pintura.

Quais serão seus argumentos?


Infográfico
No Infográfico estão resumidos os tipos de tinta e suas aplicações e o esquema básico de pintura:
primer, 1ª demão e 2ª demão. Cabe salientar que o emprego do primer varia de acordo com a
superfície e o acabamento desejado, e que o primer pode ser uma massa niveladora, um selador,
entre outros.
Conteúdo do livro
O capítulo Pinturas apresenta os principais aspectos dos sistemas de pintura, os tipos e as
aplicações de tintas e, claro, a importância da pintura em construções. Também traz a dica de
procurar informações com fornecedores/fabricantes de tintas. As tecnologias evoluem muito
depressa! E um bom profissional procura estar por dentro das novidades.

Boa leitura!
CONSTRUÇÃO
CIVIL

Alessandra Martins Cunha


André Luís Abitante
Caroline Schneider Lucio
Lélis Espartel
Ronei Tiago Stein
Vinicius Simionato
Pinturas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Conhecer os sistemas de pintura.


„„ Identificar os principais tipos de tinta e acabamentos.
„„ Analisar a aplicação das tintas nos principais materiais utilizados na
construção.

Introdução
Neste capítulo será abordado um tema que, a princípio, parece puramente
estético: a pintura. Além da estética, a pintura possui, principalmente, o
caráter de proteção do substrato, ou seja, a camada exposta da construção.
Sem a tinta, a alvenaria, o metal e/ou a madeira estariam muito mais
expostos às intempéries, umidade e tantos outros agressores. A qualidade
da pintura aplicada reflete o cuidado e capricho que o profissional teve
na obra como um todo.

Pintura
Para conhecer o sistema de pintura, primeiramente deve-se saber que pintura é
uma camada de recobrimento de uma superfície (veja a Figura 1), com funções
protetora e decorativa, obtida pela aplicação de tintas e vernizes, através de
técnicas específicas. Deste modo, a pintura faz a edificação adquirir maior
durabilidade (BRITZ, 2007).
338 Construção civil

Figura 1. Representação das camadas no substrato.

As tintas são constituídas basicamente de pigmentos, resinas, solventes e


aditivos (CORAL, [2010?]), e podem ser classificadas em:

„„ seladores/ fundos preparadores;


„„ massas;
„„ primers;
„„ esmaltes;
„„ tintas de acabamento;
„„ vernizes;
„„ e silicone.

Para saber mais sobre os materiais constituintes, leia o texto Materiais constituintes em
vernizes e esmaltes (AZEREDO JR., 2004).

Sistemas de pintura
A degradação dos revestimentos de parede, mesmo quando superficial, afeta a
aparência dos edifícios (VEIGA, 2002), contudo, é importante considerar sua
função tanto no aspecto decorativo como no aspecto de proteção e observando
Pinturas 339

este contexto torna-se relevante considerar sua característica psicológica,


pois influencia no comportamento humano e no conforto do ambiente, daí a
necessidade de critérios bem definidos na escolha de cores e do tipo de tinta
utilizada nos sistemas de pintura. (FREIRE, 2006).
Os sistemas de pintura podem ser classificados como (AZEREDO JR.,
2004):

„„ Pintura arquitetônica: tem a função decorativa, embora também


protetora e deve ser considerada no processo de planejamento da edi-
ficação, levando em consideração suas características e especificações.
„„ Pintura de manutenção: são aquelas aplicadas primeiramente para
proteção e incluem uma série de recobrimentos aplicados sobre metais,
concreto, etc.
„„ Pintura de comunicação visual: sua finalidade é a de identificação,
advertência e delimitação de áreas.

Os principais sistemas de pintura empregados na construção imobiliária são


baseados nas resinas PVAs, acrílicas e alquídicas, e na construção industrial
empregam-se sistemas de pintura formulados a partir de diversas resinas como
de epóxi, de poliéster e de borracha clorada.
Os constituintes dos sistemas de pintura são:

„„ Tinta de fundo (primer): substância líquida, constituída por resinas,


solventes (ou água), pigmentos e aditivos, inicialmente aplicado sobre
um substrato, com a função de preparar a base para receber a massa e
ou a tinta de acabamento.
„„ Massa de nivelamento: substância pastosa, constituída por resinas
solventes (ou água) e cargas inertes, aplicado sobre a superfície já
preparada com o fundo, com a função de corrigir irregularidades e
proporcionar superfície com textura lisa.
„„ Tinta de acabamento: substância líquida, constituída de resinas, sol-
ventes (ou água), pigmentos e aditivos, a qual, depois de ser aplicada e
secar, converte-se em película sólida, aderente e flexível, com a função
de acabamento final da pintura.
„„ Verniz: substância líquida, constituída por resinas, solventes e aditivos,
depois da aplicação, sofre um processo de cura, converte-se em uma
película transparente, aderente e flexível com a função de beleza e
proteção.
340 Construção civil

O aparecimento de manchas de mofo, são características de um grupo de seres vivos


que se proliferam em condições de clima favorável, como em ambientes úmidos, mal
ventilados ou mal iluminados. Nestes casos, recomenda-se lavar toda a área afetada
com escova de nylon ou pano e uma solução de água e hipoclorito de sódio (cloro).

Tipos de tintas e acabamento


Os principais tipos de tintas e acabamentos são especificados abaixo:

„„ Látex (PVA): é uma tinta à base de água, não lavável, de secagem


rápida e média cobertura.
„„ Acrílica: tinta à base d’água, com excelente lavabilidade e cobertura.
„„ Esmaltes sintéticos: ótimo acabamento, resistência a intempéries; boa
espalhabilidade e ótima resistência ao mofo.
„„ Texturas: tinta à base d’água, com efeito de textura em alto relevo.
„„ Tinta à óleo: possui ótima resistência a intempéries; é de fácil aplicação,
e possui boa cobertura e flexibilidade.
„„ À base de cal: é mais econômica, possui superfície fosca e lisa, e
mistura-se à água.
„„ À base de epóxi: possui alta resistência à abrasão e a agentes químicos
e é sensível a raios UV.

As condições ideais para a escolha da tinta é a facilidade na aplicação, rápida secagem,


boa aderência e durabilidade e resistência após a aplicação.
Pinturas 341

Aplicação da tinta e de materiais utilizados


na construção
Em alvenaria, concreto, argamassa e gesso são utilizadas pinturas per-
meáveis ao vapor d’agua, como emulsões à base de resinas PVA, acrílicas
ou estireno-acrílicas, tintas à base de cimento ou de cal (caiação). Também
podem ser utilizadas tintas impermeáveis ao vapor d’agua como alquídicas
(esmaltes sintéticos), epóxi, borracha clorada e vernizes alquídicos, acrílicos
ou poliuretânicos.
Já em pinturas em madeira utiliza-se tintas alquídicas (esmalte a óleo,
esmalte sintético), esmaltes acrílicos (base d’água) e vernizes (alquídicos,
poliuretânicos).

A madeira deve ser limpa, aparelhada, seca e isenta de óleos, graxas, sujeiras ou
outros contaminantes e também receber tratamento bactericida e fungicida (fundo
preservativo).
Madeiras resinosas ou áreas que contenham “nós” devem ser seladas com verniz. É
importante selar a parte traseira e os cantos da madeira antes de instalá-la, para evitar
a penetração de umidade por esse lado. O cuidado com a vedação de furos, frestas,
junções é necessária para prevenir infiltrações de água da chuva.

Para pintura de metais, aplica-se tintas alquídicas (esmaltes sintéticos) e


epoxidícas (de borracha clorada, de poliester). Este tipo de material é muito
vulnerável à corrosão.
O processo de preparo depende do tipo e concentração dos contaminantes
e as exigências específicas de cada tipo de tinta. Alguns tipos de tinta têm
uma boa aderência somente quando a superfície é preparada com jateamento
abrasivo, que produz um perfil rugoso adequado para a perfeita ancoragem
do revestimento (FREIRE, 2006).
342 Construção civil

Devem ser removidos todos os contaminantes que possam interferir na aderência


máxima do revestimento, inclusive a ferrugem através de lixamento manual com
lixa de ferro. Os óleos e graxas devem ser removidos através da fricção com estopa
embebida em solventes. O lixamento mecânico com lixadeira elétrica ou por processos
químicos também é utilizado, atentando-se para a eliminação total do produto após
a remoção da oxidação (FREIRE, 2006).

As superfícies galvanizadas que receberam um tratamento químico através


da aplicação de uma camada de zinco eletrodepositada, necessita de um fundo
aderente (primer para galvanizados ou wash primer).
Pinturas e acabamentos texturizados, devem possuir uma espessura
< 1,0 mm, ou seja, < 1 kg/m², aplicada a rolo ou com desempenadeira, para
efeito texturado, dando textura rugosa a fim de disfarçar pequenas imperfeições
da base. Caso a espessura seja de 2 a 3 mm consumo de 2 a 5 kg/m², aplicado
com revólver e desempenadeira.

Nos acabamentos texturizados usa-se base acrílica ou estireno-acrílica e aplica-se o


fundo selador específico.

Para garantir boa aderência do acabamento a ser aplicado, qualquer que


seja o sistema adotado, massa PVA, acrílica ou esmalte ou a óleo, é fundamen-
tal, após o lixamento, a máxima remoção do pó residual produzido. Limpar
completamente o recinto, a fim de evitar o pó, para que não haja impregnação
da tinta; O uso da escova é importante para não danificar o fundo nivelador,
os quais dependem do tipo de superfície a ser pintada. Em seguida, deve ser
aplicado um selador tipo incolor, (selador PVA, selador acrílico) que penetrará
e selará a massa. Acabamentos à base de água devem ser diluídos, como
regra, de 50 a 100% por volume. Acabamentos à óleo ou sintéticos devem ser
Pinturas 343

diluídos na condição máxima recomendada, conforme o método de aplicação


e solvente (FREIRE, 2006).

Para você ver mais um sobre Pinturas em alvenaria leia Patologia em paredes de alvenaria
e entenda como trabalhar em paredes com defeitos. (SILVA; ABRANTES, 2007).

AZEREDO JR., H. A. O edifício e seu acabamento. São Paulo: Edgard Blucher, 2004.
BRITZ, A. A. Diretrizes para especificação de pinturas externas texturizadas acrílicas em
substrato de argamassa. 2007. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.
CORAL. Manual de Orientação para pintura imobiliária e especificação técnica de produtos.
São Paulo: Tintas Coral S/A, [2010?].
FREIRE, A. A. O uso das tintas na construção civil. 2006. Monografia (Especialização em
Construção Civil) – Escola de engenharia da UFMG, Belo Horizonte, 2006.
VEIGA, Maria do Rosário. Intervenções em revestimentos antigos: conservar, substituir
ou...destruir. [S.l.: s.n.], 2002. Disponível em: <http://conservarcal.lnec.pt/pdfs/RV-
-Patorreb_2006.pdf>. Acesso em: 16 fev. 2017.
SILVA, J. M.; ABRANTES, V. Patologia em paredes de alvenaria: causas e soluções. In:
LOURENÇO, P. B. et al. (Org.). Seminário sobre paredes de alvenaria. [S.l.: s.n.], 2007. p. 65-84.

Leituras recomendadas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 11702:2010. Tintas para
edificações não industriais. Rio de Janeiro: ABNT, 2010.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 13245:2011. Execução de
pinturas em edificações não industriais. Rio de Janeiro: ABNT, 2011.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Dica do professor
A seguir, uma breve apresentação sobre alguns tipos de tinta e sistemas de pintura. Vale lembrar
que o conhecimento se aprimora e modifica constantemente, e um bom profissional está sempre de
olho nas novidades de sua área.

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Exercícios

1) O item que melhor descreve a função da pintura é:

A) Estética.

B) Proteção do substrato e estética.

C) Proteção do substrato, estética e higiene.

D) Proteção do substrato, estética, higiene e "disfarça" imperfeições.

E) Estética e higiene.

2) Qual dessas é uma característica da tinta à base de água:

A) Solúvel em tíner.

B) Secagem lenta.

C) Pode ser lavada.

D) Baixa durabilidade.

E) Pode ser utilizada apenas em ambientes internos.

3) Qual das alternativas apresenta uma característica da tinta à base de óleo:

A) Cobertura deficiente.

B) Solúvel em tíner.

C) Pode ser aplicada apenas em ambientes externos.

D) Indicada para paredes.

E) Menor tempo de secagem.

4)
Qual das alternativas apresenta a verdadeira diferença entre as propriedades do verniz e da
tinta:

A) O verniz só pode ser aplicado em madeiras, já a tinta em qualquer material.

B) A tinta só pode ser aplicada em madeiras, já o verniz em qualquer material.

C) O verniz funciona como um brilho extra para a tinta.

D) Na verdade, tinta e verniz são exatamente a mesma coisa.

E) A tinta possui pigmento, cobrindo o substrato, já o verniz não possui pigmento (podendo ser
transparente), deixando o substrato aparente.

5) Qual a verdadeira vantagem de se pintar uma esquadria:

A) Impermeabiliza, prevenindo as ações de intempéries e umidade.

B) Dar acabamento ao material.

C) Facilitar a higienização.

D) Facilitar a manutenção da esquadria.

E) Embelezar a esquadria.
Na prática
Há um ditado que diz: "não se começa uma casa pelo telhado". Por isso, também a pintura necessita
de cuidados anteriores. A superfície a ser pintada deve ter o acabamento condizente com a técnica
de pintura a ser aplicada, bem como não deve apresentar umidade, infiltrações, corrosão (em caso
de metais) ou apodrecimento (em caso de madeiras).

O engenheiro, muitas vezes, atua supervisionando os estágios da construção. Cabe a ele saber
identificar e, se necessário, indicar a correção das superfícies.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Como preparar parede para pintura

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Patologias da pintura: saiba evitá-las

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Esquadrias

Apresentação
Esquadrias são elementos utilizados para preencher uma abertura de uma parede. Por meio delas, é
possível controlar a passagem de agentes, ou seja: luz, calor, insetos, etc. Esquadrias possuem uma
importância tão grande para a construção que são consideradas um subsistema seu. E o custo delas
frente ao total da construção pode chegar a valores bem altos. Por isso, cabe ao profissional valer-
se dos conhecimentos sobre as técnicas de implementação de esquadrias, os materiais de
confecção e suas várias formas.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai entender a importância de conhecer o local onde está
sendo construído o prédio, o estilo, o espaço disponível e, claro, o gosto do cliente, fatores
essenciais para um projeto adequado.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer a importância das esquadrias nas edificações.


• Identificar os tipos de esquadrias.
• Indicar os materiais que são utilizados para a confecção de esquadrias.
Desafio
Você está elaborando um projeto para um cliente e se depara com o dilema da escolha do material
das esquadrias. Fazendo uma análise detalhada do local onde se encontra a construção, você
percebe que o ambiente não oferece fatores que possam prejudicar o bom funcionamento de
qualquer material que componha as esquadrias.

Dessa forma, sempre é bom consultar o gosto/a preferência do cliente. Você deverá elaborar um
material resumo para apresentar ao cliente, mostrando a ele as vantagens e as desvantagens de
alguns tipos de esquadrias. Assim, você poderá prestar um atendimento mais eficaz, produzindo um
orçamento inteligente.

Preencha a tabela de modo a relacionar as vantagens e as desvantagens de esquadrias


confeccionadas em diferentes materiais. Considere, para a tabela, esquadrias feitas em madeira,
em alumínio e em PVC.

Tabela
Infográfico
Materiais, formas e modelos são basicamente o que diferencia as esquadrias, mas alguns critérios
são primordiais na utilização em uma construção.
Conteúdo do livro
O engenheiro é um profissional que deve estar em constante aprimoramento, visto que as normas
e tecnologias estão em constante adaptação às novas realidades. Na proposta de leitura do capítulo
a seguir, você vai saber um pouco sobre esquadrias, sua definição aplicação e tipos.

Um engenheiro deve conhecer que tipos de esquadrias tem à sua disposição para o projeto. Elas
variam de acordo com vários fatores, padrão estético, robustez, resistência a agressores climáticos,
modos de abertura, entre outros. Tomando posse do conhecimento das esquadrias existentes, fica
mais fácil adaptar os projetos às situações específicas de condições locais, sejam climáticas,
culturais ou econômicas.

Boa leitura!
CONSTRUÇÃO
CIVIL

Alessandra Martins Cunha


André Luís Abitante
Caroline Schneider Lucio
Lélis Espartel
Ronei Tiago Stein
Vinicius Simionato
C756 Construção civil / Alessandra Martins Cunha ... [et al.]. – Porto
Alegre : SAGAH, 2017.
352 p. : il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-048-1

1. Construção civil. 2. Indústria da construção. I. Cunha,


Alessandra Martins.

CDU 69

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


Esquadrias
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Reconhecer a importância das esquadrias nas edificações.


„„ Identificar os tipos de esquadrias.
„„ Conhecer os materiais que são utilizados para a confecção de
esquadrias.

Introdução
Neste capítulo, você vai estudar as esquadrias, que são elementos utiliza-
dos para preencher uma abertura de uma parede. Através delas é possível
controlar a passagem de agentes, ou seja, a luz, o calor, insetos, etc.
As esquadrias possuem uma importância tão grande para a cons-
trução que são consideradas um subsistema dela, com seu custo em
comparação ao total da obra, podendo chegar a valores bem altos.
Por isso, cabe ao profissional valer-se dos conhecimentos sobre as
técnicas de implementação de esquadrias e sobre os materiais de con-
fecção e suas várias formas. Conhecer o local onde está sendo construído
o prédio, o estilo, o espaço disponível e, claro, o gosto do cliente, são
essenciais para um projeto adequado.

A importância das esquadrias nas edificações


As esquadrias são elementos de grande importância nas edificações. Elas
são elementos de vedação, utilizados no controle de fechamento ou abertura
de vãos. As esquadrias são inseridas nos projetos de edifício para promover
a passagem de ar (ventilação) e/ou luminosidade. Também são uma barreira
contra a passagem de agentes (umidade, estanqueidade acústica, poeira, vento,
insetos, calor, visão, chuva, etc.) ou de indivíduos indesejáveis.
314 Construção civil

São denominadas esquadrias:

„„ as janelas,
„„ as portas,
„„ outros (telas, brises, portões, gradis, etc.).

A determinação das aberturas de uma edificação começa na etapa de


projeto, com a escolha do estilo, da posição solar, da quantidade e do dimen-
sionamento. Com a escolha da esquadria, é possível projetar uma edificação
desde o estilo mais clássico até o mais moderno, visto que as esquadrias
também exercem uma função estética nas fachadas das edificações comerciais
e residenciais.
A posição solar e o direcionamento do vento devem ser considerados na
hora de escolher o local para a inserção das esquadrias. Essa consideração
promove o melhor aproveitamento da luminosidade proveniente da luz solar,
bem como do vento para a ventilação dos ambientes, beneficiando os ocupantes
da edificação com a economia de energia elétrica, entre outras vantagens.

Figura 1. Representação de um guarda-corpo.


Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2008).

No caso de portas e janelas não térreas, elas devem possuir guarda-corpos,


conforme ilustra a Figura 1. No caso de guarda-corpos (do tipo gradil), o
espaçamento entre perfis verticais (vão luz) não deve ser superior a 0,11 m. A
configuração do guarda-corpo precisa prever um componente de fechamento
posicionado no lado interno.
As esquadrias externas devem atender as especificações constantes da
ABNT NBR 10821:2011:
Esquadrias 315

„„ Desempenho acústico
„„ Penetração de ar
„„ Estanqueidade à água
„„ Resistência a cargas uniformemente distribuídas
„„ Resistência às operações de manuseio

Os projetos de edificações têm de considerar sua função: edificação resi-


dencial ou edificação comercial. Os projetos residenciais são subdivididos em
dois tipos: as construções unifamiliares e as multifamiliares. As construções
multifamiliares e comerciais, e suas esquadrias, têm de ser projetadas de acordo
com as regras específicas de segurança, buscando facilitar a evacuação em
caso de urgência. Estas questões, portanto, devem ser avaliadas na etapa de
projeto, a fim de evitar problemas futuros.

Para projetos de construções comerciais, é importantíssimo atentar para a acessibilidade,


pois todas as edificações precisam estar adequadas para o livre acesso das pessoas com
necessidades especiais. O dimensionamento de portas, corredores, acessos, rampas,
etc., precisa estar de acordo com a ABNT NBR 9050:2015.

Tipos de esquadrias
A seguir você vai ver os principais tipos de esquadrias:

Portas
As portas guarnecem os vãos destinados à passagem de indivíduos e objetos.
São muitos os tipos de portas existentes no mercado. Veja na Figura 2 alguns
exemplos de portas vistas em planta baixa.
316 Construção civil

Figura 2. Representação das portas em planta baixa: (1) de abrir/pivotante; (2) de correr
(externa/interna); (3) pivotante (eixo central); (4) sanfonada; e (5) pantográfica/camarão.

As portas possuem medidas padrão. Sua altura deve ser a partir de 210
cm, e as larguras variam em função do local de posicionamento da porta nas
edificações.
Nas edificações comerciais, por exemplo, deve ser levado em consideração
o número de saídas (portas) e o dimensionamento delas para fins de evacuação
da edificação. É importante consultar a Resolução Técnica CBMRS n° 11 do
Corpo de Bombeiros – Saídas de emergência (RIO GRANDE DO SUL, 2015),
bem como as demais NBRs citadas nessa resolução.
As portas também devem atender a ABNT NBR 9077:2011 para a sua
distribuição, buscando atender a distância a percorrer até a saída de emergência.
As portas são compostas dos seguintes elementos (ver Figura 3):

„„ Guarnição – é responsável por esconder o rejunte entre a parede de


alvenaria e a madeira do batente.
„„ Batente – são perfis regulares, presos junto à abertura na parede e
permitem a fixação da folha. São compostos de dois montantes e uma
travessa, têm espessura em torno de 4,5 cm e largura variando com o
tipo da parede.
„„ Folha – é uma chapa responsável pela vedação da parede, quando a porta
está fechada, podendo ser lisa, vazada, maciça, oca, etc. É colocada no
batente por intermédio de dobradiças ou pinos.
Esquadrias 317

„„ Caixilho – é o engradado ou armação com um rebaixo em todo o seu


perímetro, onde são encaixadas e presas (para sustentação) as placas de
vidro ou outro material translúcido ou transparente de janelas, portas,
etc.

Figura 3. Representação em planta dos elementos das portas.

Os batentes são fixados conforme o tipo de parede, o tipo de porta ou


janela e o tipo de batente, onde deve-se atentar às dimensões e ao alinhamento
(prumos). Os batentes podem ser fixos por pregos ou parafusos, chumbando-os
na alvenaria. A espuma de poliuretano expansiva ajuda no enquadramento
do batente no vão, onde, ao fixar, deixa-se uma folga de aproximadamente 1
cm para possibilitar a colocação da espuma. A espuma poderá ser colocada
em faixas de 30 cm, em torno do batente, com o auxílio de um aplicador em
6 pontos. Não é necessário alisar a espuma, e deve-se deixar secar durante 1
hora para, posteriormente, cortar e dar acabamento.

Janelas
As janelas possuem funções estéticas, de luminosidade, ventilação, segurança,
isolamento térmico e isolamento acústico. Seus principais elementos são o
batente, a guarnição, o caixilho (vidro) e o contramarco. Veja na Figura 4
representações de diferentes tipos de janelas em planta baixa.
318 Construção civil

Figura 4. Representação das janelas: (1) janela de correr; (2) janela guilhotina; (3) janela
de folha fixa; (4) janela de abrir de eixo vertical, com folha dupla ou simples; (5) janela
projetante e de tombar; (6) janela projetante deslizante; (7) janela projetante pivotante; e
(8) janela basculante.

Cada configuração de abertura e funcionamento das janelas possui van-


tagens e desvantagens, conforme você vai ver a seguir.

Janelas de correr
Formadas por uma ou várias folhas que podem ser movimentadas por desli-
zamento horizontal no plano da janela. As principais vantagens das janelas de
correr são: permitem a ventilação de fácil regulagem; as folhas não se mexem
sob a ação do vento; elas não ocupam áreas externas ou internas, favorecendo
o uso de telas, grades ou persianas; são simples de manobrar; possuem baixa
manutenção; e é possível realizar folhas de grandes dimensões.

Janelas guilhotina
São formadas por uma ou várias folhas, que podem ser movimentadas por
deslizamento vertical, no plano da janela. Suas principais vantagens são a
ventilação razoavelmente regulável e a posição não incômoda na área interna
ou externa, mesmo sob a ação do vento.
Esquadrias 319

Janelas de folha fixa


Estas janelas não possuem movimento, pois o vidro é fixo. São indicadas
somente para iluminação.

Janelas de abrir de eixo vertical, com folha dupla ou


simples
São formadas por uma ou mais folhas, que podem ser movimentadas com
rotação em torno de eixos verticais fixos, coincidentes com as laterais da folha.
Podem ser classificadas em janelas de abrir para o lado de dentro ou para o
lado de fora da edificação. Suas vantagens em relação aos outros tipos citados
são a abertura completa do vão, o que facilita a limpeza externa; o fato de não
incomodarem nas operações de manobra; e a boa estanqueidade ao ar e à água.

Janelas projetantes e de tombar


São formadas por uma ou mais folhas que podem ser movimentadas por
rotação em torno de um eixo horizontal fixo, situado na extremidade superior
(projetante) ou inferior (de tombar) da folha. O movimento de abertura da
folha pode ser para o lado de dentro ou para o lado de fora da edificação. A
projetante possibilita boa ventilação nas áreas interiores, permite debruçar-
-se no vão aberto e promove boa estanqueidade ao ar e à água. A janela de
tombar oferece boa ventilação, boa estanqueidade ao ar e à água, além da
facilidade de limpeza.

Janelas projetantes deslizantes


Também são formadas por uma ou mais folhas, que podem ser movimentadas
em torno de um eixo horizontal, com translação simultânea desse eixo. Suas
vantagens são as mesmas das janelas projetantes: com braço de articulação
adequado, podem abrir em um ângulo de até 90°, melhorando a ventilação e
as condições de limpeza.

Janelas pivotantes verticais


As janelas pivotantes verticais são constituídas por uma ou várias folhas, que
podem ser movimentadas mediante rotação em torno de um eixo vertical e
não coincidente com as laterais das folhas. Permitem a abertura de grandes
320 Construção civil

dimensões com um único vidro; são fáceis de limpar; possuem graduação da


ventilação; e possibilitam se debruçar no vão.

Janelas basculantes
Possuem eixo de rotação horizontal, centrado ou excêntrico que não coincide
com as extremidades superior ou inferior da janela. É muito empregada em
cozinhas, banheiros, áreas de serviço, armazéns e escolas. Possuem regulagem
da ventilação e podem ser abertas sem entrada de água em chuvas fracas. São
de fácil limpeza e recomendadas para paredes internas. Podem ser instaladas
em divisórias ou corredores porque têm pequena projeção para ambos os lados,
sem prejuízo das áreas próximas.

Janelas sanfonas ou camarão


Formadas por duas ou mais folhas articuladas entre si que, ao se abrirem,
dobram-se uma sobre as outras, por deslizamento horizontal ou vertical de
seus eixos de rotação. No caso da janela sanfona de eixo vertical, as vantagens
podem ser semelhantes às da janela de abrir. Já a de eixo horizontal pode
apresentar vantagens parecidas com as da projetante.

Para saber mais sobre a distribuição de portas (saídas de emergência) em edificações


comerciais, leia a Resolução Técnica CBMRS n° 11 – Corpo de Bombeiros (RIO GRANDE
DO SUL, 2015).

Materiais mais utilizados para esquadrias


Os materiais mais comuns para a produção de esquadrias são: madeira, alu-
mínio, aço (ferro) e PVC. Você vai ver a seguir algumas características das
esquadrias produzidas em cada um destes materiais.
Esquadrias 321

Madeira
As esquadrias de madeira destacam-se pelo requinte e pela nobreza, pois nelas
são utilizadas madeiras nobres com alto valor agregado. A madeira escolhida
deve possuir uma maior resistência a intempéries, ou seja, suportar sol, chuva
e umidade (SANTOS; DUARTE, 2013). As esquadrias de madeira também
proporcionam um excelente isolamento acústico.
Para manter a qualidade, deve-se utilizar madeira devidamente seca. Se a
madeira não se encontrar nessa condição, podem ocorrer deformidades e alte-
rações de dimensionamento. A utilização da madeira seca elimina problemas
durante a instalação e principalmente durante a utilização.
A madeira entregue na obra não possui qualquer proteção superficial, por
isso, após sua instalação, deve ser feita uma pintura ou envernizamento. Além
disso, as esquadrias de madeira exigem manutenção periódica para manter a
qualidade das esquadrias.

Alumínio
As esquadrias de alumínio possuem maior valor agregado, e são empregadas
quando há a necessidade de grande resistência. Possuem grandes vantagens
em relação aos demais tipos de esquadrias, pois não oxidam, não necessitam
de pintura, não perdem o brilho e não alteram sua estrutura com variações
dimensionais (SANTOS, 2004).
De acordo com a ABNT NBR 12609:2012, ABNT NBR 12613:2006 e
ABNT NBR 14125:2016, os perfis de alumínio devem ser protegidos por
anodização ou pintura. A anodização é a formação de camada uniforme
de óxido de alumínio na superfície do alumínio, visando a proteger contra
corrosão, ar salino, fumaça industrial, etc. A pintura eletrostática refere-se à
aplicação de uma tinta em pó, utilizada para uma pintura resistente utilizando
princípios eletrostáticos. Sua utilização, além da proteção, visa a uma cobertura
uniforme e de qualidade.

Aço
As esquadrias de aço, popularmente conhecidas como “esquadrias de ferro”,
são muito comuns nas construções em bairros de baixa renda, pois possuem
menor valor agregado. De acordo com a ABNT NBR 10821:2011, com relação
às esquadrias de aço carbono ou liga aço-cobre, se não forem galvanizados, os
perfis devem receber pintura ou tratamento que assegure a proteção contra a
322 Construção civil

corrosão durante sua vida útil, prevendo-se manutenção. A mesma norma cita
que, para esquadrias de aço inoxidável, não é necessária proteção adicional
na superfície.

Como principais características destacam-se a grande sensibilidade à corrosão,


além da boa condução térmica (HUTH, 2007).

PVC
As esquadrias de PVC são feitas de material plástico e aditivos que garantem
uma maior estabilidade térmica e resistência ao intemperismo. O tipo de
PVC é diferente do usado em tubos e forros, pois os perfis são obtidos pelo
processo de extrusão, e a mistura de materiais é o que vai garantir a qualidade
da esquadria.
Atualmente, estão disponíveis no mercado em poucas cores. Porém, as
esquadrias em PVC vêm ganhando bastante espaço nas edificações devido
às suas características de boa resistência à oscilação de temperatura, a in-
tempéries, à UR. Apresentam bom desempenho em regiões litorâneas, não
necessitam pinturas, não mancham ou perdem o brilho e são de fácil limpeza.
Elas são fornecidas prontas para colocação em obra e são autoextinguíveis
(não propagam chamas). Possuem ainda baixo coeficiente de transmissão de
calor e permitem a utilização de vidros duplos (HUTH, 2007).

Para exemplos de como é feita a instalação das esquadrias com detalhes, leia o trabalho
Instalação de esquadrias de alumínio: prática e inovação (LIZUCA, 2001).
324 Construção civil

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 10821:2011. Esquadrias


externas para edificações – Parte 2: Requisitos e classificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2011.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 12609:2012. Tratamento
de superfície do alumínio e suas ligas. Anodização para fins arquitetônicos. Rio de
Janeiro: ABNT, 2012.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 12613:2006. Alumínio e
suas ligas – Tratamento de superfície. Determinação da selagem de camadas anódicas.
Rio de Janeiro: ABNT, 2006.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 14125:2016. Alumínio e
suas ligas – Tratamento de superfície – Revestimento orgânico para fins arquitetô-
nicos – Requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2016.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 14718:2008. Guarda-corpos
para edificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2008.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 9050:2015. Acessibilidade
a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 9077:2001. Saídas de
emergência em edifícios. Rio de Janeiro: ABNT, 2001.
HUTH, P. Análise da relação custo-benefício de esquadrias externas para edificações
residenciais com diferentes materiais. 2007. Monografia (Graduação em Engenharia
Civil) – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Ijuí, 2007.
LIZUCA, M. T. Instalação de esquadrias de alumínio: prática e inovação. 2001. Dissertação
(Mestrado Profissional em Arquitetura) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Mackenzie, São Paulo, 2001.
RIO GRANDE DO SUL. Secretaria da Segurança Pública. Comando do Corpo de
Bombeiros Militar do RS. Divisão Técnica de Prevenção de Incêndio e Investigação.
Resolução Técnica CBMRS n° 11: Parte 01 Saídas de Emergência 2015. Porto Alegre: Se-
cretaria da Segurança Pública, 2015. Disponível em: <http://www.cbm.rs.gov.br/
wp-content/ uploads/2016/09/RTCBMRS-N%C2%BA-11-PARTE-01-2015-SA%C3%
8DDAS-DE-EMERG%C3%8ANCIA.pdf>. Acesso: 07 fev. 2017
SANTOS, J. A.; DUARTE, C. Degradação e proteção superficial da madeira em exterior.
Corrosão e Proteção de. Materiais, Lisboa, v. 32, n. 1, p. 10-18, mar. 2013.
SANTOS, W. B. D. A iInovação do PVC em janelas: estudo comparativo entre PVC e alu-
mínio, segundo as normas técnicas. 2004. Monografia (Graduação em Engenhariaeiro
Civil) – Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo, 2004.
Esquadrias 325

Leitura recomendada
DECORFACIL. Modelos e tipos de janela. [S.l.]: Decorfácil, 2015. Disponível em <http://
www.decorfacil.com/ modelos-e-tipos-de-janelas/>. Acesso em: 05 jan. 2017.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
Dica do professor
Na Dica do professor a seguir, é dado um resumo sobre as esquadrias mais comuns, seus materiais
de fabricação e alguns de seus diversos formatos, bem como sobre os elementos que as compõem.

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Exercícios

1) Selecione a alternativa que mais se encaixa com relação aos padrões necessários para uma
esquadria ideal em uma construção.

A) Estética.

B) Material utilizado.

C) Praticidade de instalação e manutenção.

D) Todas as alternativas estão corretas.

E) Isolação acústica.

2) Qual desses elementos é relativo ao suporte dos vidros de uma esquadria?

A) Contramarco.

B) Batente.

C) Caixilho.

D) Guarnição.

E) Componente de fixação.

3) Qual é a função da guarnição?

A) Promover isolamento acústico.

B) Proporcionar isolamento térmico.

C) Fixar a esquadria na abertura.

D) Dar suporte aos vidros da esquadria.

E) Dar acabamento à instalação da esquadria, ocultando possíveis imperfeições.


4) Considere um apartamento no segundo andar, onde haverá uma substituição das esquadrias.
Esse apartamento se localiza em uma região bastante movimentada da cidade. A posição da
construção torna o apartamento muito sujeito à ação da umidade e de chuvas. Qual seria o
material mais adequado, de acordo com a aplicação, a estética e o custo-benefício para a
confecção das janelas desse apartamento?

A) PVC e/ou alumínio.

B) Madeira.

C) Ferro.

D) Vidro.

E) Vidro blindado.

5) Quais são materiais de fabricação de esquadrias?

A) OSB.

B) Somente PVC.

C) Madeira, PVC, alumínio e ferro.

D) MDF.

E) Somente vidro.
Na prática
Escolher as esquadrias erradas para um projeto, além de diminuir a atratividade estética do edifício,
pode acarretar custos extras com manutenção e substituição. Você, engenheiro, deve analisar bem
o local onde será feita a construção e/ou a reforma.

Devem ser observados itens como: a precipitação (chuva) local, se fica próximo de mar, de rio ou de
lagoa, a umidade média e, claro, o que será feito dentro da construção, visto que os agressores das
esquadrias podem vir de dentro. Vale a pena conferir as indicações de esquadrias para aplicações
específicas, isso irá garantir um projeto satisfatório.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

5 OPÇÕES DE MATERIAIS PARA ESQUADRIAS, PORTAS E


JANELAS

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NBR 10821

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Conheça a importância das esquadrias e quais tipos podem ser


usados na sua casa

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Impermeabilização: Técnicas
construtivas

Apresentação
Os sistemas de impermeabilização possuem função principal de proteger a edificação, aumentando
o tempo de vida útil da construção, visando a salubridade dos ambientes e melhorando a qualidade
de vidas dos usuários. É uma etapa da construção civil de grande relevância, mas em muitos casos,
é deixada de lado por motivos de contenção de gastos e até mesmo de desinformação, resultando
na umidade e no aparecimento de patologias de impermeabilização.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar os tipos de umidade e de infiltração presentes
em uma construção e como a elaboração de um projeto adequado de impermeabilização, pode
apresentar vantagens na prevenção de patologias causadas pela infiltração de água.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer os principais tipos de umidade nas construções, nas infiltrações e suas


consequências.
• Identificar as vantagens e as dificuldades no projeto de impermeabilização e seus principais
componentes.
• Indicar alguns detalhes e técnicas construtivas que devem ser levadas em conta na
impermeabilização.
Desafio
Selecione uma edificação real, mas que necessariamente deverá apresentar problemas na laje ou na
marquise, devido algum problema de infiltração de água, seja pelo projeto de impermeabilização
falho, erro na aplicação do produto de impermeabilização ou a inexistência/manutenção de
impermeabilização.

Em seguida, realize um pequeno relatório técnico, contendo:

1. Uma fotografia geral da edificação escolhida.


2. Fotografias demostrando os problemas oriundos da impermeabilização falha.
3. As patogenias que estão sendo causadas na edificação pela infiltração da água.

O objetivo final é a realização de um relatório básico, relatando a origem da infiltração da água, o


produto que será adotado para conter a infiltração e a técnica de aplicabilidade.
Infográfico
O Infográfico a seguir apresenta um esquema de como a umidade pode estar presente em uma
construção e as consequências dela. Tem como resolver este problema? Confira!
Conteúdo do livro
Em se tratando de impermeabilização de ambientes, não se devem medir esforços. Na maioria das
vezes, os investimentos em impermeabilizantes são bem menores comparados a outras etapas da
construção. Mas, se não for bem feita, acabam provocando incômodos ao proprietário,
principalmente em se tratando da questão financeira.

Para isto, o projeto de impermeabilização contribui para o entendimento de pontos que podem vir
a sofrer infiltrações, e como estes podem ser remediados, através de produtos específicos para
cada local.

Boa leitura.
CONSTRUÇÃO
CIVIL

Alessandra Martins Cunha


André Luís Abitante
Caroline Schneider Lucio
Lélis Espartel
Ronei Tiago Stein
Vinicius Simionato
C756 Construção civil / Alessandra Martins Cunha ... [et al.]. – Porto
Alegre : SAGAH, 2017.
352 p. : il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-048-1

1. Construção civil. 2. Indústria da construção. I. Cunha,


Alessandra Martins.

CDU 69

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


Impermeabilização:
técnicas construtivas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Reconhecer os principais tipos de umidade nas construções, infiltra-


ções e suas consequências.
„„ Saber identificar as vantagens e dificuldades do projeto de imperme-
abilização, e seus principais componentes.
„„ Apresentar alguns detalhes e técnicas construtivas que devem ser
levadas em conta na impermeabilização.

Introdução
Quando o assunto é impermeabilização de ambientes, não se deve medir
esforços. Na maior parte das situações, os investimentos em imperme-
abilizantes são bem menores comparados a outras etapas da constru-
ção. Mas, se a impermeabilização não for bem executada, incômodos
(principalmente financeiros) serão gerados ao proprietário. Para isso, o
projeto de impermeabilização contribui para o entendimento de pontos
que podem vir a sofrer infiltrações, e como eles podem ser remediados
utilizando produtos específicos para cada local.

Mecanismos de atuação da umidade na


construção
A ABNT NBR 9575:2010 define sistema de impermeabilização como o “[...]
conjunto de produtos e serviços [...] destinado a conferir estanqueidade a uma
construção.” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2010,
p. 6). Você deve estar se perguntando: o que é estanqueidade? Para responder
essa pergunta, a mesma Norma define: estanqueidade é a “[...] propriedade de
um elemento (ou de um conjunto de componentes) de impedir a penetração
Impermeabilização: técnicas construtivas 299

ou passagem de fluidos através de si.” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE


NORMAS TÉCNICAS, 2010, p. 4).
Na maioria das vezes, este fluido que a ABNT NBR9575:2010 descreve
é a própria água. No Brasil, que é um país com clima tropical na maior parte
do seu território, é comum o aparecimento de patologias nas construções.
Em locais com maior índice pluviométrico, a conservação das edificações se
torna mais difícil, devido à ocorrência de intemperismo, que pode ser tanto
físico como químico.
Diversas técnicas de impermeabilização vêm sendo desenvolvidas, de modo
a evitar ou minimizar as agressões e a deterioração ocasionadas pela água
nas edificações. Porém, essas técnicas variam de acordo com o conhecimento
das causas da umidade que ocorre na edificação. Veja a seguir as principais
formas de umidade presentes em uma construção:

„„ Umidade da atmosfera: chuva e outras intempéries, como granizo,


neve, vento.
„„ Umidade do solo: oriunda do lençol freático, de vazamentos de tubula-
ções (subterrâneas, internas ou superficiais) e umidade natural do solo.
„„ Umidade vinda de outras obras vizinhas: decorre do desnível com
outras obras ou com o arruamento, da drenagem superficial inadequada
ou de estruturas muito próximas, não permitindo a circulação do ar.
„„ Umidade vinda da construção: vazamentos, infiltrações, falta de ven-
tilação, falta de insolação, capilaridade dos materiais e falhas de projeto.

Os tipos de infiltrações encontradas em uma edificação são:


Água sob pressão hidrostática: ocorre devido à pressão exercida por
um determinado volume de água confinada e permeia através de fissuras,
trincas e rachaduras das estruturas e dos materiais (Figura 1). É encontrada
de duas formas: água sob pressão negativa (confinada ou não, com pressão
superior a 1 kPa, de forma inversa à impermeabilização), ou água sob pressão
positiva (confinada ou não, com pressão superior a 1 kPa, de forma direta
à impermeabilização).
300 Construção civil

Figura 1. Efeito da água sob pressão hidrostática em uma piscina, por exemplo.
Fonte: Casa d’água (2017).

Percolação: água que atua sobre superfícies, não exercendo pressão hi-
drostática superior a 1 kPa. Ou seja, obedece a lei da gravidade, escorrendo
sobre as superfícies em direção determinada (Figura 2). É muito comum o
aparecimento em paredes e beldrames (caso não ocorra impermeabilização).
Capilaridade: ocorre através dos poros dos materiais, pela ação da cha-
mada tensão superficial, em que a situação mais característica é a presença de
umidade do solo que se eleva no material, em geral de 70 a 80 cm, conforme
mostrado na Figura 2.

Figura 2. Exemplificação da capilaridade ocorrente em um muro.


Fonte: Adaptado de Casa d’água (2017).
Impermeabilização: técnicas construtivas 301

Condensação: o vapor de água presente no ambiente se condensa sobre


a superfície de um elemento construtivo, ou seja, ocorre o esfriamento de
vapores ou de certo teor de umidade existente no ambiente.
Entre os problemas ocasionados pela umidade em uma obra estão as mani-
festações patológicas, que diminuem a vida útil da construção. Se não tratadas
adequadamente, elas poderão causar danos mais graves à edificação, como a
corrosão das armaduras estruturais. Veja no Quadro 1 as principais patologias
causadas pela infiltração.

Quadro 1. Principais patologias causadas pela infiltração.

Patologia Causa/Efeito – Infiltração

Goteiras, manchas em paredes, gesso Devido à saturação de água

Mofo Devido ao desenvolvimento


de fungos, ocasionando o
apodrecimento de madeiras e a
desagregação de revestimentos

Oxidação Devido à reação química


que ocorre nos metais

Eflorescência (formação Devido à formação de sais


principalmente de manchas brancas) solúveis que se depositam na
superfície dos materiais

Criptoflorescência (similar Aumento do volume da


à eflorescência, porém há a parede ou estrutura resulta na
formação de cristais no interior desagregação dos materiais
da parede ou estrutura)

Condensação Devido ao agrupamento de


moléculas de água causado pelo
resfriamento do ambiente

Ação de congelamento e Congelamento da umidade


descongelamento (ocorre nos poros dos materiais
principalmente nos Estados
do Sul do Brasil)

Deterioração Devido à presença constante de


umidade sobre materiais ou estruturas
302 Construção civil

Projeto de impermeabilização
Atualmente, com a expansão da concorrência, exigência e fiscalização das
obras, visando a melhorar a sua qualidade, há uma maior preocupação das
construtoras quanto à qualidade dos serviços executados. Investir em um
sistema de impermeabilização já no início da obra é primordial, pois seu custo
é estimado entre 1 e 3% do valor total da obra.
No entanto, a não execução ou a execução falha do sistema de impermeabi-
lização após a obra estar concluída pode gerar grandes prejuízos financeiros,
dependendo do tipo de dano causado na obra e das patologias resultantes. Estes
valores estão relacionados à manutenção necessária na edificação (compra de
materiais, mão de obra, insumos, maquinários) a fim de sanar os problemas
de infiltração, e isso sem garantia alguma, pois, em muitas situações, essa
manutenção não conseguirá resolvê-los. Os problemas secundários causados
pela impermeabilização também precisam ser levados em conta, como a de-
preciação do imóvel e os transtornos ocasionados por patologias na edificação
(mudança do imóvel, enfermidades, tempo gasto para resolver o problema,
brigas na justiça, entre outros).
A ABNT NBR 16636-2:2017 fixa as condições exigíveis para a elaboração de
projetos de arquitetura para a construção de edificações. Esta mesma norma
ressalta que todo profissional responsável técnico de uma obra deverá fazer
um projeto específico de impermeabilização, detalhando e especificando
produtos e serviços.
O projeto de impermeabilização apresenta, além dos ganhos econômicos,
outras vantagens, entre elas a unificação dos demais orçamentos (hidráulico,
elétrico, etc.); a compatibilidade entre todos os projetos de uma obra (arquite-
tônico, estrutural, elétrico, hidráulico, etc.); a facilidade na fiscalização antes,
durante e depois da obra; a oportunidade de prever ou antecipar problemas que
possam vir a ocorrer ao longo da obra; a possibilidade de prevenir patologias
ou a escolha de um sistema de impermeabilização falho.
A unificação e a compatibilidade dos orçamentos e projetos deve ocorrer
para permitir que erros sejam verificados nesses projetos. Como cada uma des-
tas etapas é realizada por diferentes profissionais é necessária uma integração,
para que todos os profissionais envolvidos consigam entender o que se passa
em cada uma delas. Por exemplo, ao elaborar o projeto de impermeabilização,
é possível, sem ser esta a intenção, perceber que a tubulação de esgoto não
terá caimento suficiente, o que poderia gerar incômodos ao futuro morador/
proprietário. É fundamental analisar cada projeto da obra, verificando os
pontos necessários para a implantação de impermeabilizantes.
Impermeabilização: técnicas construtivas 303

O projeto de impermeabilização deve ser elaborado logo após a finalização


do projeto arquitetônico, respeitando sempre os itens descritos na ABNT NBR
9575:2010. Você vai ver agora alguns desses itens:

1. As definições usadas no decorrer do projeto, visando a não deixar


dúvidas para o executante do sistema de impermeabilização, como
materiais, cuidados, espessuras, entre outras.
2. A classificação do tipo de impermeabilizante que será utilizado (rígido
ou flexível).
3. Os substratos utilizados, de forma a não sofrer interferências que possam
comprometer o desempenho do impermeabilizante, por exemplo: regula-
rização mal executada, fissuração do substrato, falhas de concretagem,
sujeiras, resíduos de desmoldantes (óleos, graxas), ralos e tubulações
mal chumbadas ou sujas, detalhes construtivos que dificultam a im-
permeabilização, etc.
4. A necessidade de serviços auxiliares e complementares, apresentados em
um cronograma para que as empresas ou os profissionais terceirizados
estejam cientes do andamento da obra.
5. Quais os tipos de impermeabilizantes usados para os diferentes tipos
de umidades, como percolação, condensação, umidade do solo, e contra
fluidos que atuam sob pressão unilateral ou bilateral.

A total integração aos demais projetos da edificação (hidráulico, elétrico,


paisagístico) é fundamental, pois a impermeabilização necessita ser estudada
e compatibilizada com todos os componentes de uma construção, de forma a
não sofrer ou ocasionar interferências futuras.

Dificuldades encontradas no projeto de


impermeabilização
Mesmo que a prática de impermeabilização das edificações esteja começando
a se difundir, ainda há um grande caminho a ser percorrido. Atualmente
muitas construtoras optam por terceirizar o sistema de impermeabilização,
o que acaba provocando falhas. As empresas responsáveis pela impermea-
bilização, em muitos casos, tomam par do processo apenas no momento da
execução do material impermeabilizante. Com isso, o executor não se envolve
na execução de outros componentes do sistema, importantes no sucesso da
impermeabilização.
304 Construção civil

Existem ainda situações em que a empresa impermeabilizadora apenas


orienta o que deve ser feito nos serviços preliminares, e, após a execução
da impermeabilização, se isenta dos serviços posteriores. Entre as grandes
dificuldades relatadas pelas construtoras estão:

1. Falta de empresas ou profissionais: este item apresenta dois problemas.


Apesar da disponibilidade de uma boa tecnologia e de produtos de
impermeabilização com bons materiais e bons aplicadores, as gran-
des reclamações se devem ao despreparo dos engenheiros/arquitetos,
que ou não sabem escolher bons serviços e bons profissionais, ou não
possuem conhecimento suficiente sobre a área. A segunda é quando as
empresas ou os profissionais que realizam o sistema de impermeabili-
zação não demonstram qualidade ou conhecimento técnico suficiente
para a prestação desses serviços. Quando uma construtora contrata
esses serviços, é comum a confecção de um contrato de prestação de
serviços. Nesse contrato, é colocada uma data de validade do sistema
de impermeabilização, normalmente inferior àquela fornecida pelo
próprio fabricante do produto. Digamos que esta data de validade seja
de 5 anos após o término do serviço, e que as primeiras patogenias na
construção ocorrem após 10 anos. Neste caso, quem será o responsável
pela resolução do problema é o engenheiro responsável da obra, e não
a empresa que realizou a impermeabilização (a não ser que isso esteja
previsto no contrato).
2. Falta de informação: a desinformação a respeito das técnicas e dos
materiais de impermeabilização, aprofundada pelo grande dinamismo
do setor (muitos materiais novos são lançados a cada ano), é responsável
por diversos problemas, que acabam muitas vezes gerando insucesso
de impermeabilização.
3. Falta de normalização: muitos dos sistemas encontrados no mercado
ainda não são abrangidos pela normalização brasileira, assim, o meio
técnico fica sem parâmetros para avaliar os novos sistemas e diferenciar,
no mercado, os produtos de grande potencial de outros sem qualquer
consistência técnica.
Impermeabilização: técnicas construtivas 305

Existem no mercado nacional diferentes produtos e marcas, então, entre os cuidados,


você deve analisar se eles são normalizados e se apresentam variações na qualidade,
no desempenho, nas origens e nos métodos de aplicação. Cada uma destas carac-
terísticas é fundamental, a fim de prevenir: a degradação química ao meio em que
estão expostos; a baixa resistência a cargas atuantes; a não resistência às variações
térmicas. Você também deve observar se os produtos são de difícil aplicabilidade, se
eles são normalizados, se possuem baixa resistência mecânica e se são cancerígenos
(lembre-se de que não devem ser utilizados em reservatórios de água).

Componentes do sistema de impermeabilização


O sistema de impermeabilização é separado em diferentes grupos, que podem
diferenciar-se entre uma série de sistemas utilizados. Você vai ver agora uma
descrição de quatro componentes: base e camada de regularização; camada
impermeável; camada de proteção mecânica; e detalhes construtivos.

Base e camada de regularização


Conforme já mencionado, é pelo estudo da estrutura que necessita ser im-
permeabilizada que conseguimos determinar o sistema mais adequado de
impermeabilização. Tanto a base como a camada de regularização vão ditar
algumas das exigências mais importantes dos sistemas, a partir do seu grau
de fissuração e deformabilidade (devido às cargas e à movimentação).
O objetivo da camada de regularização é, como o próprio nome indica,
regularizar o substrato a ser impermeabilizado, de maneira a proporcionar uma
superfície uniforme, com apoio adequado à camada impermeável. A ABNT
NBR 9575:2010 ressalta que a superfície a ser impermeabilizada deve estar
isenta de protuberâncias e ter resistência e textura compatíveis com o sistema
de impermeabilização a ser empregado.
306 Construção civil

Camada impermeável
Segundo a ABNT NBR 9575:2010, a camada impermeável é descrita como
o estrato que promove uma barreira à passagem de fluidos. Essa barreira irá
apresentar diferentes classificações, de acordo com o material e o sistema
impermeabilizante escolhido.

Proteção mecânica
A função da camada de proteção mecânica é absorver e dissipar os esforços
tanto estáticos como dinâmicos atuantes sobre a camada impermeável, a fim
de protegê-la, conforme a ABNT NBR 9575:2010. Segundo Cruz (2003), a
proteção mecânica pode ser encontrada em três segmentos: a proteção mecâ-
nica intermediária, que deve ser de, no mínimo, 1,0 cm, visando a auxiliar na
camada de distribuição de esforços e no amortecimento das cargas na imper-
meabilização; a proteção mecânica final para solicitações leves e normais,
com espessura de, no mínimo, 3,0 cm, que é utilizada para distribuir sobre a
impermeabilização dos carregamentos normais; e a proteção em superfície
vertical, que protege a impermeabilização do impacto, do intemperismo e da
abrasão, atuando como camada intermediária quando forem previstos, sobre
ela, revestimentos de acabamento.

Detalhes e técnicas construtivas na impermeabilização


A deficiência na execução dos detalhes construtivos é a principal causa de
patologias e problemas relacionados com a impermeabilização nas edificações.
Apesar de não constituírem um grupo isolado do sistema de impermeabili-
zação, os detalhes construtivos não são menos importantes do que os demais
componentes do sistema.
Veja no Quadro 2 os locais de maior necessidade de uso de impermeabi-
lizantes, e de cuidados na sua aplicação, são:
Impermeabilização: técnicas construtivas 307

Quadro 2. Locais que requerem o uso de impermeabilizantes.

„„ Telhados, coberturas e lajes planas, rampas


„„ Marquises, terraços e áreas descobertas
„„ Calhas de escoamento de águas pluviais
„„ Caixas d’água, piscinas e tubulações industriais
„„ Em áreas frias (pisos de banheiros, cozinhas e áreas de serviço)
„„ Paredes onde a água escorre e recebem chuva de vento
„„ Esquadrias e peitoris de janelas
„„ Soleiras de portas que abrem para fora
„„ Lajes permanentes e rodapés de cobertura
„„ Lajes superiores e pisos de casas de máquinas
„„ Água contida no terreno, que sobe por capilaridade ou infiltra-se em solos
abaixo do nível freático, entre outros.

Quanto aos detalhes construtivos em um projeto de impermeabilização, você


precisa tomar os seguintes cuidados, de acordo com a ABNT NBR 9575:2010.

„„ A inclinação do substrato das áreas horizontais, deve ser de, no mínimo,


1% em direção aos coletores de água. Para calhas e áreas internas, é
permitido o mínimo de 0,5%.
„„ Os coletores precisam ter um diâmetro que garanta a manutenção da
seção nominal dos tubos prevista no projeto hidráulico após a execução
da impermeabilização. O diâmetro normal mínimo é 75 mm. Os co-
letores têm de ser rigidamente fixados à estrutura. Este procedimento
também deve ser aplicado para coletores que atravessam vigas invertidas.
„„ Nos planos verticais deve ser previsto um encaixe para embutir a imper-
meabilização, para o sistema que assim o exigir, a uma altura mínima
de 20 cm acima do nível do piso acabado, ou 10 cm do nível máximo
que a água pode atingir.
„„ Nos locais limites entre áreas externas impermeabilizadas e internas,
deve haver diferença de cota de, no mínimo, 6 cm, e ser prevista a
execução de barreira física no limite da linha interna dos contramarcos,
caixilhos e batentes, para a perfeita ancoragem da impermeabilização,
com declividade para a área externa.
„„ As tubulações hidráulicas, elétricas, de gás, entre outras, que passam
paralelamente sobre a laje, devem ser executadas sobre a impermeabili-
zação e nunca sob ela. As tubulações aparentes precisam ser executadas,
no mínimo, 10 cm acima do nível do piso acabado, depois de terminada
a impermeabilização e seus complementos.
308 Construção civil

„„ Quando houver tubulações embutidas na alvenaria, deve ser prevista a


proteção adequada para a fixação da impermeabilização.
„„ As tubulações externas às paredes devem ser afastadas entre elas ou
dos planos verticais, no mínimo, 10 cm.
„„ Todo encontro entre planos verticais e horizontais deve possuir detalhes
específicos da impermeabilização.
„„ Os planos verticais a serem impermeabilizados devem ser executados
com elementos rigidamente solidarizados às estruturas, até a cota final
de arremate de impermeabilização, prevendo-se os reforços necessários.
„„ A impermeabilização deve ser executada em todas as áreas sob en-
chimentos. Recomenda-se executá-la sobre o enchimento. Devem ser
previstos, em ambos os níveis, pontos de escoamento de fluidos.
„„ As arestas e os cantos vivos das áreas a serem impermeabilizadas devem
ser arredondadas sempre que a impermeabilização assim o requerer.
„„ As proteções mecânicas, bem como os pisos posteriormente, devem
possuir juntas de retração e trabalho térmico preenchidos com materiais
deformáveis, principalmente no encontro de diferentes planos.
„„ As juntas de dilatação devem ser divisores de água, com cotas mais
elevadas no nivelamento do caimento, bem como se deve prever de-
talhamento específico, principalmente quanto ao rebatimento de sua
abertura na proteção mecânica e pisos posteriores.
„„ Todas as áreas onde houver desvão devem receber impermeabilização
na laje superior e recomenda-se também na laje inferior.

Veja no Quadro 3 os principais locais onde as patologias surgem e os


materiais que devem ser utilizados para evitar danos mais graves.
Impermeabilização: técnicas construtivas 309

Quadro 3. Principais impermeabilizantes que devem ser utilizados de acordo com os lo-
cais de infiltração (patologias).

Local do
problema Tipo de solução Materiais

Estruturas Através do lado „„ Argamassa polimérica +


enterradas interno argamassa com aditivo
hidrófugo

Através do lado „„ Mantas asfálticas + Dreno


externo „„ Membranas acrílicas ou asfálticas
+ Dreno
„„ Membranas de cimento a base
de polímeros + Dreno

Fundações Alvenaria de „„ Cristalizantes


tijolos maciços

Alvenaria de „„ Argamassa polimérica +


tijolos furados argamassa com aditivo
hidrófugo

Boxes de Reimpermeabilização „„ Membranas acrílicas ou asfálticas


banheiro total „„ Mantas asfálticas
„„ Argamassa polimérica com tela
de poliéster

Lajes de Reimpermeabilização „„ Áreas com muitas interferências


cobertura total – Membranas
„„ Áreas sem interferências –
Mantas asfálticas

Reimpermeabilização „„ Utilização do mesmo sistema do


localizada existente no local

Reservatórios Reservatórios elevados „„ Membranas acrílicas


„„ Membranas de cimento a base
de polímeros
„„ Mantas de PVC

Reservatórios „„ Argamassa polimérica


enterrados „„ Membranas acrílicas
„„ Membranas de cimento a base
de polímeros
„„ Mantas de PVC

Fonte: Portal Metálica Construção Civil (2017).


310 Construção civil

Antes de aplicar algum impermeabilizante, entre em contato com o fabri-


cante e verifique se o produto escolhido é, de fato, a melhor opção para a sua
realidade. É fundamental ler atentamente o rótulo do produto, para realizar a
correta aplicação e diluição (se este for o caso).

Caso a construtora em que você trabalhe opte por terceirizar a etapa de impermeabili-
zação da obra, é necessário fixar alguns critérios para a contratação do serviço. Procure
o maior número de referências de obras anteriores. Certifique-se de que a empresa
possua um responsável técnico, e, de preferência, esteja associada ao IBI (Instituto
Brasileiro de Impermeabilização). Além disso, exija produtos de qualidade e que sejam
indicados ou avalizados pelo fabricante. Quanto aos fornecedores, veja algumas dicas:
„„ Peça aos fabricantes catálogos técnicos e indicação de instaladores.
„„ Consulte fabricantes que oferecem suporte técnico sem custo extra.
„„ Cheque se a empresa possui mão de obra qualificada e se tem experiência.
„„ Tenha em mãos uma proposta técnico-comercial clara, que discrimine a metodo-
logia executiva e a tecnologia a ser empregada.
Sobre o contrato de prestação de serviço, o cliente deve exigir a fiscalização da exe-
cução de todas as etapas dos serviços (preparação, regularização, ensaios de produtos,
a impermeabilização em si, ensaios hidráulicos, proteções mecânicas e revestimentos).
312 Construção civil

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 9575:2010. Impermeabi-


lização – seleção e projeto. Rio de Janeiro: ABNT, 2010.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 16636-2:2017. Rio de
Janeiro: ABNT, 2017.

CASA D’ÁGUA. Impermeabilização. São Paulo: Casa d’água, SP. 2017. Disponível em:
<http://www.casadagua.com/wp-content/uploads/2014/02/PALESTRA-SISTEMAS--
DE-IMPERMEABILIZAcaO.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2017.
CRUZ, J. H. P. Manifestações patológicas de impermeabilização com uso de sistema não
aderido com mantas asfálticas: avaliação com auxílio de sistema multimídia. 2003.
168f. Monografia (Pós-Graduação Especialização em Engenharia Civil) – Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2003.
PORTAL METÁLICA CONSTRUÇÃO CIVIL. Sistema de impermeabilização na construção
civil. [S.l.]: Portal Metálica Construção Civil, 2017. Disponível em: <http://wwwo.metalica.
com.br/ sistemas-de-impermeabilizacao-na-construcao-civil>. Acesso em: 16 fev. 2017.

Leitura recomendada

SALGADO, J. Técnicas e práticas construtivas para edificações. 3. ed. São Paulo: Érica, 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 16636-1: 2017. Elaboração


e desenvolvimento de serviços técnicos especializados de projetos arquitetônicos e
urbanísticos Parte 1: Diretrizes e terminologia. Rio de Janeiro: ABNT, 2017.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 16636-3: 2020.


Elaboração e desenvolvimento de serviços técnicos especializados de projetos
arquitetônicos e urbanísticos Parte 3: Projeto urbanístico. Rio de Janeiro: ABNT, 2020.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 16636-4: 2023.


Elaboração e desenvolvimento de serviços técnicos especializados de projetos
arquitetônicos e urbanísticos Parte 4: Projeto de arquitetura paisagística. Rio de Janeiro:
ABNT, 2023.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
Dica do professor
Neste vídeo, você vai conhecer melhor os tipos de patologias causadas em uma construção,
originadas por um sistema de impermeabilização falho.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Exercícios

Entre os principais problemas na elaboração do projeto de impermeabilização, tem-se:


1)
A) a) Custo elevado.

B) b) Falta de fiscalização pelos órgãos competentes.

C) c) Disponibilidade de produtos no mercado.

D) d) Produtos que não são normalizados.

E) e) Falta de engenheiros no mercado de trabalho.

Diversas são as técnicas construtivas para aplicação de impermeabilizantes. Qual das


2) técnicas apresentadas a seguir está de acordo?

A) a) Encontros entre planos verticais e horizontais não necessitam de detalhes específicos, o


importante mesmo é aplicar um impermeabilizante que esteja normatizado.

B) b) O diâmetro normal mínimo para coletores deve ser de 45mm.

C) c) Não poderá haver tubulações embutidas na alvenaria, pois estas interferem na eficiência
dos impermeabilizantes.

D) d) As tubulações externas às paredes podem estar encostadas, não havendo prejuízos na


eficiência do impermeabilizante.

E) e) Calhas e áreas internas devem apresentar inclinação mínima de 0,5%.

São necessariamente, nesta ordem, formas de umidade e de infiltração em construções:


3)
A) a) Atmosférica e água sob pressão hidrostática.

B) b) Capilaridade e percolação.

C) c) Condensação e atmosférica.

D) d) Percolação e capilaridade.

E) e) Umidade do solo e atmosférica.


A superfície a ser impermeabilizada deve estar isenta de protuberâncias e com resistência e
4) textura compatíveis como sistema de impermeabilização a ser empregado. Essa descrição se
refere a?

A) a) Camada impermeável.

B) b) Detalhes construtivos.

C) c) Base e camada de regularização.

D) d) Camada de proteção mecânica.

E) e) Manta asfáltica.

Pode-se dizer que o principal objetivo do projeto de impermeabilização consiste?


5)
A) a) Aumentar os custos da obra.

B) b) Se preocupar para que a infiltração não provoque patogenias nas armaduras ou que ele
seja falho.

C) c) Terceirizar a impermeabilização, pois caso ocorra algum problema no futuro, os


responsáveis serão eles.

D) d) Atender a Norma ABNT NBR 9575/2010.

E) e) Aumentar o custo benefício da edificação após concluída.


Na prática
Em se tratando de impermeabilização de construções, são vários os cuidados necessários, a fim de
garantir a eficiência do sistema e evitar danos e prejuízos. Observe os equívocos de maior
ocorrência, seja no projeto, seja escolha do material, seja na aplicação dos produtos.

QUALIDADE NA EXECUÇÃO

▪ Falta de argamassa de regularização;


▪ Não arredondamento dos cantos e arestas;
▪ Umidade sobre a base;
▪ Sujeira sobre a base;
▪ Falta de berço para quando utilizado mantas;
▪ Falhas em emendas;
▪ Mau uso do maçarico ao aquecer mantas;
▪ Perfuração de mantas durante a aplicação.

FALHAS BÁSICAS

▪ Ausência de projeto;
▪ Detalhes;
▪ Dimensionamento;
▪ Escolha de materiais ou sistema

FALHAS DE DETALHES

▪ Juntas;
▪ Não execução de rodapé de impermeabilização 20cm acima do piso acabado;
▪ Não consideração da argamassa de regularização para a previsão da cota de passagem de água
por vigas invertidas;
▪ Falta de proteção da base de platibandas;
▪ Falta de proteção mecânica;
▪ Erros de projeção em outras partes do edifício:
- Rede pluvial mal projetada ou executada;
- Falta de desnível na soleira.
QUALIDADE DOS MATERIAIS

▪ Materiais não normalizados;


▪ Materiais adulterados: ausência de controle de qualidade;
▪ Adulteração por parte do fornecedor ou do aplicador.

FALHAS NA UTILIZAÇÃO E MANUTENÇÃO

▪ Perfuração da impermeabilização sem qualquer reparo, após a instalação de antenas, varais,


etc;

▪ Danos causados à impermeabilização por ocasião de troca de pisos.


Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Impermeabilização - PGM 12 (Parte 1)

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Impermeabilização - PGM 12 (Parte 2)

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Impermeabilização - PGM 12 (Parte 3)

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Processo integrado de projeto, aquisição e execução de sistemas


de impermeabilização em edifícios residenciais
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Locais com maior incidência de falhas de impermeabilização


em edifícios residenciais na cidade de Criciúma/SC

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Impermeabilização: Materiais

Apresentação
A vida útil de uma construção está relacionada diretamente com a presença dos sistemas de
impermeabilização, que protegem as estruturas contra a ação nociva de fluidos, principalmente a
água, bem como garantem a salubridade dos ambientes, melhorando a qualidade de vida dos
usuários. A escolha correta dos impermeabilizantes é de fundamental importância, variando de
acordo com o local em que o produto será utilizado e com as necessidades da construção.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar alguns conceitos que regem a
impermeabilização. Além disso, você vai conhecer quais são os principais tipos de
impermeabilizantes encontrados no mercado, bem como entender os locais de aplicação mais
indicados, suas necessidades e a aplicabilidade desses produtos.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer o conceito e o histórico da impermeabilização.


• Indicar os tipos de impermeabilizantes.
• Identificar os locais e as necessidades do uso de impermeabilizantes.
Desafio
Pedro é um jovem recém-formado em Engenharia Civil e foi contratado por uma empresa que
trabalha com impermeabilização de construções. Um cliente está com problemas de infiltração em
uma parede do apartamento localizado no térreo, apresentando partes estufadas do revestimento e
com a tinta soltando. Essa parede faz divisa com a fachada do prédio, o que aumenta o contato com
a umidade, mas não foram encontradas trincas ou fissuras.

Você, no lugar de Pedro, iria tomar qual providência? Que tipo de impermeabilizante você julga
ser mais indicado nesse caso? Essa impermeabilização necessita ser feita na parede inteira?
Infográfico
Existem diversos produtos e materiais para impermeabilização disponíveis no mercado. A
aplicabilidade deles vai depender da classificação, que está relacionada com a flexibilidade dos
produtos. Os fabricantes dividem os produtos em rígidos, flexíveis e semiflexíveis. Mas, em se
tratando de normas, essa última classificação não é aceita.
Conteúdo do livro
A impermeabilização visa a criar uma barreira física que impede a ação das intempéries (chuva, sol,
vento...) e evita infiltrações, que podem causar à construção danos leves, como manchas de bolor e
soltura de azulejos, ou danos graves, como corrosão de armaduras. A escolha correta do
impermeabilizante se deve ao local em que será utilizado e às necessidades da construção. A
escolha do impermeabilizante mais adequado se deve à classificação da flexibilidade, que pode ser
rígida, flexível ou semiflexível. Mas todos possuem o mesmo objetivo: aumentar a vida útil da
construção e garantir maior salubridade dos ambientes, melhorando a qualidade de vida dos
usuários.

Inicie sua leitura no tópico Impermeabilização: conceitos e importância, lendo até


Impermeabilizantes semiflexíveis.

Boa Leitura.
CONSTRUÇÃO
CIVIL

Alessandra Martins Cunha


André Luís Abitante
Caroline Schneider Lucio
Lélis Espartel
Ronei Tiago Stein
Vinicius Simionato
C756 Construção civil / Alessandra Martins Cunha ... [et al.]. – Porto
Alegre : SAGAH, 2017.
352 p. : il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-048-1

1. Construção civil. 2. Indústria da construção. I. Cunha,


Alessandra Martins.

CDU 69

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


Impermeabilização:
materiais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Explicar o conceito e histórico da impermeabilização.


„„ Analisar os tipos de impermeabilizantes.
„„ Identificar os locais e necessidades do uso de impermeabilizantes.

Introdução
A vida útil de uma construção está relacionada diretamente com a imper-
meabilização, que visa a criar uma barreira física para impedir a ação das
intempéries (chuva, sol, vento, etc) e evitar infiltrações, que podem causar
desde danos mais leves, como manchas de bolor e soltura de azulejos,
até danos mais graves, como a corrosão das armaduras. A escolha correta
do impermeabilizante depende do local em que ele será utilizado e das
necessidades da construção (local), a fim de garantir a maior salubridade
dos ambientes e melhorar a qualidade de vida dos usuários.

Impermeabilização: conceitos e importância


As fissuras e trincas são os principais problemas causados nas edificações,
devido ao efeito térmico (no verão, ocorre a expansão da estrutura, e, no
inverno, a sua retração). A aplicação de impermeabilizantes para proteger as
edificações não é algo novo, pois, segundo registros históricos, já era utilizada
nas civilizações egípcia, grega e romana.
Os primeiros materiais impermeabilizantes adotados pelo homem foram os
betuminosos, ou seja, associados aos hidrocarbonetos solúveis em bissulfeto
de carbono, são divididos em duas categorias: asfaltos ou alcatrões. Estes
produtos foram muito utilizados nos banhos romanos e na proteção de estacas
de madeira, devido às seguintes características:
Impermeabilização: materiais 287

„„ são aglomerantes;
„„ são hidrófugos (evitam a passagem da água);
„„ são quimicamente inertes;
„„ possuem sensibilidade à temperatura (facilitando a aplicação);
„„ melhoram a estanqueidade da construção (trincas, fissuras).

Em território nacional, o óleo de baleia foi uma das primeiras impermeabi-


lizações utilizadas na mistura das argamassas para o assentamento de tijolos e
revestimentos das paredes das obras. Mas foi com o avanço do desenvolvimento
industrial (Revolução Industrial), no início do século XX, que surgiram novos
estudos e materiais impermeabilizantes no mercado, garantindo não só a
impermeabilidade, mas também a elasticidade e extensibilidade dos materiais.
A impermeabilização é um sistema responsável por estancar a água (ou
outro fluido) que advém de falhas estruturais ou de deficiências técnicas de
preparo e de execução da obra. Essa é uma etapa fundamental da obra, mas
que muitas vezes acaba sendo deixada de lado pela contenção de gastos (pois
não é algo visível ao final da obra) e também pela desinformação do proprie-
tário ou pedreiro. Na maioria dos casos, as construtoras dedicam atenção aos
problemas de impermeabilização somente ao final da obra, quando já pode
ser tarde demais.
Vamos considerar a impermeabilização como se fosse um “envelope” da
edificação, ou seja, é o sistema construtivo que protege a construção contra as
condições do meio onde ela está edificada, visando basicamente a três aspectos:

„„ durabilidade da edificação;
„„ conforto e saúde do usuário;
„„ proteção contra o meio ambiente.

Os custos com o reparo das patologias de impermeabilização podem ser


até 15 vezes maiores do que o previsto no projeto e executado durante a obra
como medida de prevenção. A vida útil de uma edificação depende direta-
mente de um sistema de impermeabilização eficiente. Veja na Figura 1 um
exemplo clássico dos incômodos causados em uma edificação devido a uma
impermeabilização falha.
288 Construcão civil

Figura 1. Aparecimento de manchas e bolores devido à passagem da umidade na edificação.


Fonte: Katata / Shutterstock.com

A implantação de um sistema de impermeabilização na edificação re-


presenta em média de 1 a 3 % do valor total da obra, considerando projeto,
consultoria, fiscalização, execução e materiais. Sem dúvida, a execução da
impermeabilização durante a obra é mais fácil e econômica em comparação
com a execução depois da obra concluída. Nesse caso, a impermeabilização
pode corresponder a 25% do custo total da obra, dependendo do tipo de reves-
timento final empregado, incluindo todos os custos diretos e indiretos, além
dos transtornos, que não são pequenos.
Quanto às normas que tratam sobre a impermeabilização em edificações,
há a ABNT NBR 9575:2010, a qual estabelece as exigências e recomendações
relativas à seleção e ao projeto de impermeabilização. Esta norma descreve os
requisitos mínimos de proteção da construção contra a passagem de fluidos,
bem como os requisitos de salubridade, segurança e conforto do usuário.
Impermeabilização: materiais 289

De início o problema da infiltração pode parecer algo irrelevante, que não afetará a
edificação. No entanto, isso não é tão simples, e fica ainda mais grave se não for tratado.
Diagnosticamos o problema no momento de aplicação das instalações, quando encon-
tramos alguma falha na instalação, ou então no processo de impermeabilização, que
é de extrema importância para evitar infiltrações no local. Inicialmente, as infiltrações
provocam danos na pintura, no reboco ou no gesso. Mas, se não forem tratadas, com
o passar do tempo ocasionam danos ainda maiores, como a corrosão na estrutura
metálica, conforme a figura a seguir:

Problemas de infiltração no reboco (A) e nas estruturas metálicas (B).


Fonte: Instituto Brasileiro de Impermeabilização (2017).

Principais locais e usos de impermeabilizantes


Os impermeabilizantes são usados em praticamente todas as partes da constru-
ção. Existem no mercado diversas opções de produtos e fabricantes espalhados
por todo território nacional. A escolha destes varia com as diferentes neces-
sidades na construção estabelecidas pelo cliente/proprietário (INSTITUTO
BRASILEIRO DE IMPERMEABILIZAÇÃO, 2017).
Veja a seguir alguns exemplos dos principais locais onde os impermeabi-
lizantes são utilizados.

„„ subsolos;
„„ playground;
„„ lajes internas de cozinha, área de serviço, banheiros...;
„„ lajes superiores e permanentes;
„„ caixa de água/cisterna, piscina, calhas, banheiras;
„„ terraços e marquises;
290 Construcão civil

„„ áreas frias, como piso de banheiro, cozinha, área de serviço;


„„ coberturas, terraços de lajes planas, rampas.

Salgado (2014) recomenda alguns cuidados sobre as diferentes aplicações


dos produtos, de acordo com as suas peculiaridades e propriedades. Por exem-
plo, caso haja dúvidas, entre sempre em contato com o fabricante. Outra dica
é ler sempre e atentamente as dosagens e os procedimentos a serem aplicados,
pois é comum haver diferenças entre produtos similares. Além disso, considere
que existem materiais de impermeabilização que não podem ser aplicados
em superfícies úmidas. Por fim, seja criterioso na escolha do fabricante e do
sistema de impermeabilização, pois não existe meia impermeabilização: ou
ela é bem executada ou ela não existe.

Principais materiais impermeabilizantes


Quando levamos em conta os materiais de impermeabilização disponíveis
hoje no mercado, os classificamos de acordo com sua flexibilidade, sendo
então divididos em rígidos, semiflexíveis ou flexíveis (SALGADO, 2014). A
especificação de um produto para outro varia, entre outros fatores, de acordo
com a solicitação imposta pela água na parte que necessita ser impermeabi-
lizada, a tendência dessa área à movimentação, sua exposição a intempéries,
tamanho e interface com os outros sistemas construtivos.

Impermeabilizantes rígidos

Os impermeabilizantes rígidos não apresentam a propriedade de trabalharem


com a estrutura principal da edificação porque possuem módulo de elasticidade
próximo ao da argamassa ou do concreto. São aditivos que preenchem os poros,
atuando no sistema capilar, impedindo a infiltração da água, diminuindo a
porosidade e aumentando a estanqueidade. Seu uso é indicado em locais mais
estáveis da edificação e onde a luz solar não incide diretamente, por exemplo:

„„ impermeabilização de vigas baldrames;


„„ revestimentos em piscinas, caixas d’água e reservatórios;
„„ tratamento de subsolos, túneis;
„„ banheiros e lavabos.
Impermeabilização: materiais 291

Os fabricantes de impermeabilizantes rígidos devem seguir algumas


normas, como a ABNT NBR 11905:2015, que fixa as condições mínimas
exigíveis para argamassas poliméricas industrializadas a serem utilizadas em
impermeabilização, e a ABNT NBR 16072:2012, que estabelece os requisitos
mínimos para argamassa impermeável dosada e preparada na obra e composta
de cimento Portland, areia, aditivo impermeabilizante e água, a ser utilizada
em fundações, cortinas, subsolos, reservatórios sob o solo, piscinas sob o solo,
poços de elevador e outras estruturas equivalentes não sujeitas à fissuração.
Veja na Tabela 1 alguns exemplos de impermeabilizantes rígidos disponíveis
no mercado e suas características.

Tabela 1. Principais produtos, caracterização e aplicabilidade de impermeabilizante rí-


gidos.

Produto Características Aplicabilidade

Cristalizantes O produto é aplicado Áreas úmidas,


diretamente sobre a estrutura reservatórios
a ser impermeabilizada e, ao enterrados, piscinas,
entrar em contato com a água de entre outros.
infiltração, cristaliza-se e preenche
os poros do concreto, criando
uma barreira impermeável.

Cimento Revestimento impermeabilizante Reservatórios


polimérico semiflexível, aplicado com trincha enterrados, floreiras,
ou broxa. É um sistema composto poço de elevadores,
em pó com fibras e componente muro de arrimo.
líquido, formando uma pasta
cimentícea resistente à umidade.

Argamassa São argamassas de cimento e Baldrames, piscinas,


impermeável areia, que adquirem propriedades subsolos, pisos
impermeáveis com a mistura de em contato com
aditivos que repelem a água. Não o solo, argamassa
recomendável aplicar em locais de assentamento
com trincas ou fissurações. de alvenaria.

Argamassa Argamassa industrializada, sendo Pisos frios, piscinas


polimérica encontrada no mercado na versão ou reservatórios
bicomponente. Deve ser misturada e enterrados,
homogeneizada antes da aplicação. baldrames.

(Continua)
292 Construcão civil

(Continuação)

Tabela 1. Principais produtos, caracterização e aplicabilidade de impermeabilizante rí-


gidos.

Produto Características Aplicabilidade

Epóxi Produto impermeável à água e Tubos metálicos,


ao vapor, com elevada resistência tanques de produtos
mecânica e química. Indicado para químicos.
a impermeabilização e proteção
anticorrosiva de estruturas de
concreto, metálicas e argamassas.

Fonte: Adaptado de Ferreira (2012).

Veja na Figura 2 alguns exemplos de como os produtos mencionados na


Tabela 1 são utilizados na prática.

Figura 2. Exemplos práticos do uso de impermeabilizantes rígidos.


Impermeabilização: materiais 293

Impermeabilizantes flexíveis
Devido a sua flexibilidade e plasticidade, os impermeabilizantes flexíveis
servem para suportar a variação térmica sem sofrer infiltrações. Como estes
materiais recebem adição de polímeros, elastômeros, entre outros, é possível
alterar as características elásticas do produto (SALGADO, 2014).
Basicamente, existem dois tipos de impermeabilizantes flexíveis: o sistema
flexível moldado no local e o sistema flexível pré-fabricado. Na primeira clas-
sificação, os exemplos são as membranas asfálticas e acrílicas e as argamassas
poliméricas. Já o sistema flexível pré-fabricado apresenta como exemplos as
mantas asfálticas.
Quanto à aplicabilidade desses materiais, seu uso é indicado para estruturas
com:

„„ muita movimentação;
„„ forte exposição solar;
„„ vibrações e variações térmicas, como:
■■ lajes de cobertura;
■■ terraços;
■■ calhas de concreto;
■■ reservatórios elevados;
■■ áreas frias, como banheiros, lavabos, cozinhas (vai depender da
situação).

Entre os impermeabilizantes flexíveis mais utilizados destacam-se a manta


asfáltica, as membranas moldadas no local (asfálticas ou acrílicas) e as
membranas sintéticas. A aplicação das mantas asfálticas se dá com o auxílio
de maçarico. Já as membranas moldadas no local são aplicadas com rolos de
pintura, broxas ou vassouras especiais, no caso de asfalto a quente.
Por fim, as membranas sintéticas são utilizadas na construção civil, em
obras subterrâneas e na impermeabilização hidráulica. São encontradas em
materiais de PEAD, PVC, TPO, EPDM, entre outros, e são assentadas com
rolos. São muito resistentes aos raios ultravioleta e a ataques químicos. Veja
na Figura 3 alguns exemplos práticos do uso de impermeabilizantes flexíveis.
294 Construcão civil

Figura 3. Exemplos práticos do uso de impermeabilizante flexíveis.

Quanto às normas que regem a aplicabilidade e os impermeabilizantes


flexíveis, destacam-se:

„„ ABNT NBR 9952:2014 – Manta asfáltica para impermeabilização;


„„ ABNT NBR 13724:2008 – Membrana asfáltica para impermeabilização
com estrutura aplicada a quente;
„„ ABNT NBR 9685:2005 – Emulsão asfáltica para impermeabilização;
„„ ABNT NBR 15487:2007 – Membrana de poliuretano pa­ra imper­mea­­
bilização;
„„ ABNT NBR 15414:2006 – Membrana de poliuretano com asfalto para
impermeabilização.

Impermeabilizantes semiflexíveis
Algumas referências bibliográficas, e mesmo a indústria, costumam apresentar
uma terceira classificação dos impermeabilizantes: os semiflexíveis. Embora
esta classificação não esteja contemplada em normas brasileiras, são produ-
tos com características intermediárias. Em outras palavras, eles irão variar
conforme sua composição, estando mais próximos dos impermeabilizantes
mais rígidos ou flexíveis.
Salgado (2014) ressalta que estes revestimentos impermeabilizantes são
constituídos por materiais que possuem dilatação e flexibilidade e trabalham
com a estrutura, podendo absorver pequenas movimentações ou acomodações
dela e suportar pressões negativas e positivas. Na categoria, entram as arga-
massas poliméricas formuladas com resinas termoplásticas, que conferem mais
Impermeabilização: materiais 295

elasticidade ao cimento. Elas se apresentam prontas para uso e devem ser bem
misturadas antes da aplicação. Em se tratando da aplicabilidade, destacam-se
a impermeabilização de superfícies de concreto, argamassa, alvenaria e aço
e de pequenas lajes e terraços.

Quando o aço de elementos estruturais sofre corrosão, devido a vários fatores, entre
estes a impermeabilização falha, ocorre um aumento no volume de até 8 vezes na
parte afetada da armadura. As consequências deste aumento de volume são tensões,
fazendo com que o concreto não resista, provocando fissuras, trincas e até o despla-
queamento do concreto. (MARCELLI, 2007). Veja na figura a seguir um exemplo de
como o aço é afetado quando exposto diretamente às intempéries ambientais (chuva/
umidade, sol, vento).

Aumento do volume do aço devido às intempéries ambientais.


Fonte: Instituto Brasileiro de Impermeabilização (2017).
296 Construcão civil

1. Dos impermeabilizantes citados a com o mestre de obras


seguir, qual é considerado do tipo responsável pela construção.
flexível? d) As dosagens são iguais,
a) Cristalizante. independentemente das marcas
b) Manta asfáltica. que se encontram no mercado.
c) Epóxi. e) Os procedimentos de
d) Argamassa impermeável. aplicabilidade não são
e) Cimento polimérico. importantes, o que importa
2. Assinale a alternativa correta sobre é a correta dosagem.
os impermeabilizantes. 4. Adquirem propriedades
a) O custo dos impermeabilizantes impermeáveis com a mistura de
costumam consumir aditivos que repelem a água. Não
uma enorme parcela do é recomendável a aplicação em
orçamento da obra. locais com trincas ou fissurações.
b) Devem ser aplicados Essas afirmações referem-se a
periodicamente em todos qual tipo de produto?
os tipos de edificações. a) Epóxi.
c) O óleo de baleia ainda é b) Cimento polimérico.
utilizado na impermeabilização c) Argamassa impermeável.
de edificações. d) Argamassa polimérica
d) Deixam o interior da edificação e) Cristalizantes.
mais fria, provocando um 5. Os impermeabilizantes
desconforto térmico. rígidos devem ser utilizados
e) Previnem contra patologias principalmente?
que possam ocorrer. a) Em superfícies onde há
3. Quais cuidados deve-se levar grande movimentação
em consideração ao utilizar um de veículos pesados.
impermeabilizante? b) Para vedar fissuras e trincas.
a) Sempre escolha os produtos c) Em locais onde não há
mais baratos, afinal, todos incidência da luz solar.
possuem a mesma finalidade. d) Principalmente em piscinas, pois
b) Limpe sempre toda a superfície, somente com epóxi é possível
verificando se ela está seca. prevenir contra infiltrações.
c) Em caso de dúvidas na e) Em locais onde há grandes
aplicabilidade do produto, variações térmicas.
deve-se entrar em contato
Impermeabilização: materiais 297

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 9685:2005. Emulsão


asfáltica para impermeabilização. Rio de Janeiro: ABNT, 2005.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15414:2006. Membrana
de poliuretano com asfalto para impermeabilização. Rio de Janeiro: ABNT, 2006.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15487:2007. Membrana
de poliuretano para impermeabilização. Rio de Janeiro: ABNT, 2007.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 13724:2008. Membrana
asfáltica para impermeabilização com estrutura aplicada a quente. Rio de Janeiro:
ABNT, 2008.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 9575:2010. Impermeabi-
lização – Seleção e projeto. Rio de Janeiro: ABNT, 2010.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 16072:2012. Argamassa
impermeável. Rio de Janeiro: ABNT, 2012.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 9952:2014. Manta asfáltica
para impermeabilização. Rio de Janeiro: ABNT, 2014.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 11905:2015. Sistema de
impermeabilização composto por cimento impermeabilizante e polímeros – Espe-
cificação. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.
FERREIRA, R. Conhecendo os impermeabilizantes. 2012. Disponível em: <http://equi-
pedeobra.pini.com.br/construcao-reforma/ 44/conhecendo-os-impermeabilizantes-
-veja-quais- sao-os- sistemas-de-245388-1.aspx>. Acesso em: 08 fev. 2017.
INSTITUTO BRASILEIRO DE IMPERMEABILIZAÇÃO. Site. São Paulo: IBI, 2017. Disponível
em: <http://www.ibibrasil.org.br/ index.php>. Acesso em: 08 fev. 2017.
MARCELLI, M. Sinistros na construção civil: causas e soluções para danos e prejuízos
em obras. São Paulo: Pini, 2007.
SALGADO, J. Técnicas e práticas construtivas para edificações. 3. ed. São Paulo: Érica, 2014.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
Dica do professor
O vídeo a seguir apresenta as características e as aplicabilidades das principais membranas
sintéticas disponíveis.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Exercícios

1) Dos impermeabilizantes citados a seguir, qual é considerado como sendo do tipo flexível?

A) Cristalizante.

B) Manta asfáltica.

C) Epóxi.

D) Argamassa impermeável.

E) Cimento polimérico.

2) Em relação aos impermeabilizantes, assinale a alternativa correta.

A) O custo dos impermeabilizantes costuma consumir uma enorme parcela do orçamento da


obra.

B) Deve ser aplicado periodicamente em todos os tipos de edificações.

C) O óleo de baleia ainda é utilizado na impermeabilização de edificações.

D) Deixa o interior da edificação mais frio, provocando um desconforto térmico.

E) Previne contra futuras patologias que possam ocorrer.

3) Quais cuidados se deve levar em consideração ao utilizar um impermeabilizante?

A) Sempre escolha os produtos mais baratos, afinal todos possuem a mesma finalidade.

B) Limpe sempre toda a superfície, verificando se está realmente seca.

C) Em caso de dúvidas na aplicabilidade do produto, deve-se entrar em contato com o mestre de


obras responsável pela construção.

D) As dosagens são iguais, indiferentemente das marcas que se encontram no mercado.

E) Os procedimentos de aplicabilidade não são importantes, o que importa é a correta dosagem.


4) Adquire propriedades impermeáveis com a mistura de aditivos que repelem a água. Não
recomendável aplicar em locais com trincas ou fissurações.
Essa afirmação refere-se a qual tipo de produto?

A) Epóxi.

B) Cimento polimérico.

C) Argamassa impermeável.

D) Argamassa polimérica.

E) Cristalizantes.

5) Os impermeabilizantes rígidos devem ser utilizados, principalmente:

A) Em superfícies em que ocorre grande movimentação de veículos pesados.

B) Para vedar fissuras e trincas.

C) Em locais em que não ocorre a incidência da luz solar.

D) Principalmente em piscinas, pois somente com epóxi se consegue prevenir infiltrações.

E) Em locais em que ocorrem grandes variações térmicas.


Na prática
Alguns sinais, como manchas nas paredes, tinta soltando com facilidade, paredes estufadas, entre
outros, são sinais de infiltrações. É fundamental fazer a manutenção das infiltrações com um
impermeabilizante, caso contrário o problema vai aumentar, acarretando não só um desconforto
para os moradores, mas também prejuízos financeiros e até mesmo estruturais.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Impermeabilizantes

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Conceitos básicos sobre impermeabilização

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VOS Obras e Serviços - manta de PVC em espelho d'água

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Uma visão geral sobre impermeabilização na Construção Civil


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Manual técnico: impermeabilização de estruturas

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Pavimentação: Controle de defeitos

Apresentação
Esta é a última etapa da pavimentação. As estradas são um símbolo da evolução da infraestrutura
da sociedade, pois por meio delas conseguimos chegar por terra a lugares mais distantes. Isso foi
muito importante no desenvolvimento de povoados, especialmente em relação ao comércio e ao
abastecimento de diversos insumos para construções. Contudo, as estradas não são obras que
duram para sempre: também elas ficam obsoletas. Por isso, é dever do Engenheiro Civil mantê-las
em bom estado de funcionamento, fazendo sua manutenção. Como se faz isso? Identificando os
processos de degradação, avaliando sua gravidade e estando apto a restaurá-los, quando
necessário.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender que existem as mais diversas razões para um
pavimento apresentar falhas, a exemplo de condições climáticas extraordinárias, previsão de
tráfego subdimensionada, lançamento das camadas de base de forma inadequada, etc. Entendendo
como essas variáveis afetam o pavimento, você vai se tornar capaz de avaliá-las (aqui, serão
apresentadas técnicas de como fazer essa avaliação), além de conhecer os métodos de restauração
dos pavimentos danificados.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar os principais processos de degradação do pavimento.


• Avaliar a qualidade de pavimentos existentes.
• Reconhecer as técnicas de restauração.
Desafio
Um dos trabalhos de um engenheiro de estradas consiste em antever a situação de um pavimento,
prevenindo o problema ao invés de remediá-lo. Baseando-se em variáveis, como tipo de pavimento,
clima local e tráfego nas vias, o profissional pode indicar as possíveis intempéries a que esse
pavimento vai ser exposto. Essa habilidade é desenvolvida com muito estudo e experiência em
campo. Para aprimorar isso, são propostos os seguintes desafios:

Você é engenheiro de estradas e foi incumbido de analisar dois trechos de ruas da sua cidade.

Escolha dois trechos de ruas e faça as seguintes análises:

A) Tipo de pavimento.
B) Temperatura local.
C) Tráfego nas vias (tipo de veículo, utilização e horários com maior movimento).
D) Análise do material utilizado na pavimentação.
E) Projeção de possíveis defeitos que a via pode apresentar.
Infográfico
O Infográfico aponta os principais tipos de degradação do pavimento, clique e conheça cada um
deles bem como suas prováveis causas.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Conteúdo do livro
No século 20, sobretudo em função dos avanços tecnológicos, o ser humano construiu estradas
como nunca antes visto. A ciência e a tecnologia seguem avançando nos dias atuais, e fica o desafio
de cuidar cada vez melhor das estradas. Para isso, é necessário saber como fazer a manutenção de
um pavimento, como avaliar suas patologias e como restaurá-lo - que são exatamente os aspectos
apresentados neste capítulo do livro "Construção civil".

Seja a manutenção de uma estrada, seja a construção de uma nova via, esse tipo de obra
geralmente possui a característica de grande porte. A aparição de degradações, por descuido no
projeto ou na execução, encarece e atrasa obras que impactam diretamente na sociedade, o que
torna o conhecimento acerca dos defeitos de um pavimento ainda mais importante.

Boa leitura!
CONSTRUÇÃO
CIVIL

Alessandra Martins Cunha


André Luís Abitante
Caroline Schneider Lucio
Lélis Espartel
Ronei Tiago Stein
Vinicius Simionato
C756 Construção civil / Alessandra Martins Cunha ... [et al.]. – Porto
Alegre : SAGAH, 2017.
352 p. : il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-048-1

1. Construção civil. 2. Indústria da construção. I. Cunha,


Alessandra Martins.

CDU 69

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


Pavimentação:
controle de defeitos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Identificar os principais processos de degradação do pavimento.


„„ Realizar avaliações de qualidade de pavimentos existentes.
„„ Conhecer as técnicas de restauração.

Introdução
As estradas são um símbolo da evolução da infraestrutura da sociedade.
Por meio delas é que as pessoas conseguem chegar a lugares mais dis-
tantes por terra. Isso foi muito importante para o desenvolvimento do
comércio, de povoados, para o abastecimento de diversos insumos para
construções, entre outros fatores. Porém, as estradas não são obras que
duram infinitamente. Elas também ficam obsoletas, por isso é que o
engenheiro civil deve fazer a sua manutenção. Você sabe como se faz
isso? Identificando os processos de degradação, avaliando sua gravidade
e estando apto a restaurá-los, quando necessário.
Neste texto, você vai aprender que existem as mais diversas razões
para um pavimento apresentar falhas, como condições climáticas extraor-
dinárias, previsão de tráfego subdimensionada, lançamento das camadas
de base de forma inadequada, etc. Entendendo como essas variáveis
afetam o pavimento, você vai se tornar capaz de avaliá-las (e aqui serão
apresentadas técnicas de como fazer essa avaliação), além de conhecer
os métodos de restauração dos pavimentos danificados.
Pavimentação: controle de defeitos 273

Processos de degradação
Ao longo do tempo, as propriedades mecânicas de um pavimento vão sendo
comprometidas. Isso acontece pois uma estrada está constantemente sendo
solicitada, o que torna inevitável que aconteçam processos de degradação.
Os principais motivos são: rupturas devido a cargas excessivas e danifica-
ções por cargas cíclicas em um mesmo ponto, além da deformação plástica.
Todo problema que compromete o revestimento asfáltico – parte visível do
pavimento – é chamado de problema funcional, pois pode ser identificado
pelo usuário da via, causando desconforto. Exemplos são buracos na pista,
trincas e ondulações.

Um pavimento degradado implica uma pista de rolamento que acaba por danificar, a
longo prazo, os veículos que nela circulam e que não garante segurança ao usuário. Já
um pavimento liso e suave implica maior comodidade e segurança para a população.

Ruptura por resistência


O pavimento é dimensionado para resistir a até uma determinada carga. É
possível que ele se rompa caso seja solicitado por uma carga maior que a
pré-determinada. Isso pode acontecer por erro na previsão de tráfego da via,
por um veículo pesado andar de forma irregular em uma via rápida (projetada
apenas para veículos leves) ou por alguma intervenção natural, como um
deslizamento de pedras. Diversos ensaios são feitos em laboratório para definir
a resistência de um pavimento, como tração direta, compressão diametral e
tração na flexão.
274 Construção civil

Figura 1. Trincas que podem surgir no asfalto devido à ruptura por resistência ou fadiga.
Fonte: Dimedrol68/Shutterstock.com

Danificação por fadiga


A danificação por fadiga ocorre quando há uma microfissuração progressiva
que resulta no desenvolvimento de fraturas. Isso acontece devido a uma carga
cíclica que incide diversas vezes em um mesmo ponto. O pavimento é dimen-
sionado para resistir a uma determinada carga pontual, mas se uma carga um
pouco menor ficar incidindo frequentemente, de forma cíclica e por um longo
período, ele tende a romper por fadiga. Veículos rodando na pista são um bom
exemplo de carga cíclica.

Deformação plástica
O asfalto aceita certos tipos de deformações. Porém, a cada incidência de
carga, também ocorre uma deformação residual que não retorna à sua condição
geométrica inicial. A soma dessas deformações residuais ao longo da vida do
pavimento resulta em uma deformação permanente, visível a olho nu. Exemplos
de deformação plástica são as zonas com uma depressão onde estão marcadas
as trilhas das rodas, afundadas no pavimento por onde os veículos trafegam.
Outro exemplo são as zonas de acúmulo de revestimento, como o local onde
os ônibus estacionam nas paradas de ônibus.
Pavimentação: controle de defeitos 275

Efeitos do clima
O clima no Brasil varia consideravelmente, ao longo do ano, em determinadas
regiões. No Sul, há temperaturas mínimas na média de 3 ºC durante o inverno
e máximas de 37 ºC durante o verão. Na região amazônica, há o período de
fortes chuvas entre janeiro e fevereiro, enquanto julho é predominantemente
seco. Independentemente disso, o pavimento deve ser o mesmo e durar pelo
menos 10 anos. Tendo em vista essa situação, é cabível que apareçam defeitos
oriundos da variação climática.
Alterações diárias de temperatura resultam na mudança de viscosidade do
pavimento. Essas flutuações diárias contribuem para os efeitos de deformação
residual. A radiação solar também influencia, podendo oxidar o asfalto. Um
problema menos comum no Brasil é o congelamento da água que se encontra
nas camadas inferiores, dando ao pavimento características rígidas que pre-
judicam o funcionamento.

Tipos de defeitos
O quadro a seguir apresenta os principais defeitos identificados nos pavimentos
rígidos e flexíveis e suas causas.
276 Construção civil

Quadro 1. Resumo dos defeitos – Codificação e classificação.

Codificação

Classe das
Fendas

fendas
Fissuras FI - - -

Trincas Trincas Transversais Curtas TTC FC-1 FC-2 FC-3


no reves- isoladas
timento Longas TTL FC-1 FC-2 FC-3
geradas por
Longitu- Curtas TLC FC-1 FC-2 FC-3
deformação
dinais
permanente Longas TLL FC-1 FC-2 FC-3
excessiva e/
ou decor- Trincas “Jacaré” Sem J - FC-2 -
rentes do interli- erosão
fenômeno gadas acentu-
de fadiga ada nas
bordas
das
trincas

Com JE - - FC-3
erosão
acentu-
ada nas
bordas
das
trincas

Trincas Trincas Devido à retração TRR FC-1 FC-2 FC-3


no reves- isoladas térmica ou dissecação
timento da base (solo-cimento)
geradas por ou do revestimento
deformação
permanente
excessiva e/
ou decor-
rentes do
fenômeno
de fadiga

(Continua)
Pavimentação: controle de defeitos 277

(Continuação)

Quadro 1. Resumo dos defeitos – Codificação e classificação.

Codificação

Classe das
Fendas

fendas
Trincas “Bloco“ Sem TB - FC-2
interli- erosão
gadas acentu-
ada nas
bordas
das
trincas

Com TBE - FC-3


erosão
acentu-
ada nas
bordas
das
trincas
Codificação
defeitos
Outros

Afunda- Plástico Local Devido à fluência plástica de ALP


mento uma ou mais camadas do
pavimento ou do subleito

da Trilha Devido à fluência plástica de ATP


uma ou mais camadas do
pavimento ou do subleito

De Local Devido à consolidação dife- ALC


conso- rencial ocorrente em camadas
lidação do pavimento ou do subleito

da Trilha Devido à consolidação dife- ATC


rencial ocorrente em camadas
do pavimento ou do subleito

(Continua)
278 Construção civil

(Continuação)

Quadro 1. Resumo dos defeitos – Codificação e classificação.

Codificação
defeitos
Outros
Ondulação/Corrugação – Ondulações transversais causadas por O
instabilidade da mistura betuminosa constituinte do revestimento ou
da base.

Escorregamento (do revestimento betuminoso) E

Exsudação do ligante betuminoso no revestimento EX

Desgaste acentuado na superfície do revestimento D

“Panelas” ou buracos decorrentes da desagregação do revestimento e P


às vezes de camadas inferiores

Remendos Remendo superficial RS

Remendo profundo RP

Nota 1: Classe das trincas isoladas.

Fonte: DNIT (2003).

Avaliação estrutural
Após identificar os problemas que aparecem nos pavimentos, é necessário
avaliá-los. Para isso, você deve conhecer o grau de comprometimento em que
se encontra o pavimento, para assim poder tomar uma decisão a respeito do que
fazer. Além dos problemas já citados, as avaliações estruturais diagnosticam
outros fatores, como recalque, penetração de água e perda da capacidade de
suporte.
Pavimentação: controle de defeitos 279

Nem todas as avaliações são estruturais. O Valor de Serventia Atual (VSA) de uma via
é uma avaliação subjetiva criada para classificar o padrão de conforto do rolamento.
Periodicamente, avaliadores trafegam na via e classificam o pavimento com notas
de 0 a 5. Uma rodovia recém-construída geralmente alcança um patamar entre 4,2
e 4,5 de VSA.

Segundo Bernucci et al. (2008), os conceitos associados à avaliação de pavimentos


são: serventia, desempenho, gerência, restauração, manutenção preventiva, reforço
e reconstrução.

Avaliações não destrutivas, semidestrutivas e


destrutivas
A avaliação estrutural está diretamente ligada à capacidade de carga do pavi-
mento. Os problemas podem gerar deformações elásticas (trincas e ruptura)
ou plásticas (afundamento localizado, trilhas de roda). As avaliações são
divididas em três categorias, que você pode observar a seguir:

„„ Destrutiva: essa avaliação consiste em retirar da estrutura uma amostra


representativa para ser analisada. Com a extração de corpos de prova e
poços de sondagem, é possível avaliar a espessura e a composição das
camadas que compõem o pavimento, além de determinar a umidade e
a massa específica de cada camada.
„„ Semidestrutiva: a avaliação semidestrutiva intervém de forma mo-
derada no pavimento, fazendo pequenas aberturas nele e utilizando
aparelhos de medição portáteis.
„„ Não destrutiva: essa avaliação usa medidas de deflexão, permite
diagnosticar a condição do pavimento sem precisar mexer na sua in-
280 Construção civil

fraestrutura. É útil principalmente em vias com alto tráfego, nas quais


o bloqueio da estrada seria muito impactante para a sociedade.

Observe a seguir os principais equipamentos para avaliação não destrutiva:

Carregamento quase estático: ensaio de placa e viga benkelman

Uma ponta de prova é atrelada à roda de trás de um caminhão de eixo traseiro


simples e roda dupla, carregado com 8,2 toneladas. É feita uma leitura inicial
no extensômetro, o caminhão se afasta 10 metros e é feita uma nova leitura. A
deflexão é a diferença entre leituras multiplicada por uma constante K da viga.

Carregamento por impacto: falling weight deflectometer

Bernucci et al. (2008) apontam que os equipamentos mais modernos para


medida da deflexão são os de impacto por queda de um peso suspenso a certa
altura, sobre amortecedores que comunicam o choque a uma placa metálica
apoiada sobre o pavimento no ponto de leitura da deflexão máxima.

Existem normas do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem que padronizam


esse tipo de ensaio:
„„ DNER-ME 024-94 - Viga de Benkelman
„„ DNER-PRO 273-96 - Deflexão por ponto de impacto

Retroanálise
A retroanálise faz o caminho inverso do projeto. Em vez de conhecer as causas
e prever as consequências, se conhece as consequências e a partir delas se
estima as causas que determinaram a ocorrência dessa situação. O parâmetro
retrocalculado é o módulo de elasticidade. É necessário ter conhecimento da
carga externa aplicada para a qual foi obtida uma determinada bacia deflec-
tométrica. Conhecendo-se também os materiais que compõem o pavimento e
as espessuras das camadas, é possível inferir o módulo de elasticidade.
Pavimentação: controle de defeitos 281

Simulador
O simulador de tráfego permite criar condições ainda em fase de projeto que
imitam situações reais. Apesar de ter um maquinário robusto, ele é de grande
importância na área de projeto. Para avaliação de pavimentos existentes, se
podem recriar as mesmas condições reais, de forma a obter a resposta do
pavimento em laboratório.

A avaliação de aderência não é uma avaliação estrutural, e sim funcional. Ela é muito
importante no que tange à diminuição de acidentes. Isso ocorre pois essa avaliação
averigua o atrito entre pneu e pavimento, principalmente em dias de chuva, que
representam a pior situação.

Técnicas de restauração
Após identificar e avaliar os problemas, é chegada a hora de solucioná-los.
Existem diversos tipos de solução. Há as soluções rápidas e menos duradouras,
bem como as mais demoradas, mas também mais eficazes. Essas variáveis
dependem da importância da via, das consequências do seu bloqueio para
reforma e das consequências das suas más condições para a população que
tem convivido com elas.

Técnicas de restauração para problemas funcionais


Os problemas funcionais se referem a conforto do rolamento, condição da
superfície, interação pneu-pavimento, defeitos, irregularidades, etc. A correção
desses defeitos implica executar uma nova camada de revestimento, podendo ser
a antiga retirada ou não. A seguir você pode observar os tipos de revestimento
mais comuns para restauração (BERNUCCI et al., 2007):

„„ Lama asfáltica.
„„ Tratamento superficial.
„„ Microrrevestimento a frio.
„„ Concreto asfáltico.
282 Construção civil

Trincas isoladas podem ser confinadas por selagem asfáltica, de modo a não expandi-
rem mais. Apesar de isso não resolver o problema, garante que ele não irá aumentar.
Dessa forma, não é necessário fazer uma inserção de maior magnitude, evitando
bloqueamento da via e obras de maior porte.

Problemas estruturais
O comprometimento estrutural de um pavimento implica uma intervenção de
maior magnitude na via. Isso ocorre pois é necessário incrementar a capacidade
de suporte da estrutura do pavimento. O aumento dessa capacidade se dá por
meio da execução de novas camadas no pavimento, chamada de recapeamento,
ou do tratamento das camadas existentes, chamado de reciclagem. Para reduzir
a possibilidade de propagação de trincas existentes em camadas de revestimento
antigo, você pode considerar as seguintes soluções (BERNUCCI et al., 2008):
Emprego de geossintético: o geossintético é aplicado na interface entre a
camada de pavimento antigo danificado e a camada de recapeamento. Ele é
impregnado com ligante asfáltico e funciona melhor que uma pintura asfáltica,
pois tem mais taxa de ligante. Além de retardar a reflexão das trincas, ele
protege as camadas inferiores antigas de ações da chuva.
Camadas intermediárias de alívio de tensões: são camadas asfálticas de
pequena espessura executadas sobre o pavimento antigo e antes do recapea-
mento. Elas dissipam movimentos e tensões em trincas devido à recuperação
elástica do ligante asfáltico.
Camadas de dissipação de trincas: camada granular de poucos finos e
granulometria aberta, também executada entre a camada antiga e o recapea-
mento. O alto teor de vazios interrompe efetivamente a propagação de trincas.
Reciclagem do revestimento existente: essa técnica reduz ou até elimina
camadas com trincas. Se houver necessidade de aumento da capacidade de
suporte, se deve executar recapeamento sobre a camada reciclada. A reci-
clagem aproveita os materiais do pavimento antigo com a adição de agentes
rejuvenescedores ou ligantes novos.
Pavimentação: controle de defeitos 283

1. Qual é a diferença entre o processo flexão, tração ou compressão. Já


de ruptura por resistência e a ruptura por resistência ocorre
o de ruptura por fadiga? devido a uma microfissuração
a) Ambos ocorrem quando o progressiva ocasionada por
esforço solicitado ao pavimento cargas cíclicas que não são
é maior que sua capacidade de maiores que a capacidade
suporte. A diferença é que na de suporte do pavimento.
ruptura por resistência isso ocorre 2. Qual das opções a seguir se refere a
na primeira vez que o pavimento problemas estruturais?
é solicitado. Já na ruptura por a) Buracos na pista.
fadiga o pavimento é solicitado b) Trincas no revestimento.
várias vezes até romper. c) Trincas na camada de sub-base.
b) Não há diferença. São apenas d) Marca de trilha de rodas.
duas formas de chamar e) Acúmulo de revestimento
o mesmo processo. nas bordas da via.
c) A ruptura por resistência ocorre 3. O que é a deformação residual que
quando o pavimento sofre pode ocorrer no pavimento flexível?
uma solicitação maior que sua a) É uma deformação elástica
capacidade de suporte, seja por que ocorre quando uma carga
flexão, tração ou compressão. superior à capacidade de
Já a ruptura por fadiga ocorre suporte do pavimento incide
devido a uma microfissuração na via. Ela é importante porque
progressiva ocasionada por evita o rompimento da via.
cargas cíclicas que não são b) É uma deformação plástica
maiores que a capacidade que ocorre quando uma carga
de suporte do pavimento. superior à capacidade de suporte
d) Ambos ocorrem quando o do pavimento incide na via.
esforço solicitado ao pavimento Ela é a principal ocasionadora
é menor que sua capacidade de trincas e buracos.
de suporte. A diferença é que c) É uma parte da deformação
na ruptura por resistência isso viscoelástica que retorna à
ocorre na primeira vez que o sua condição geométrica
pavimento é solicitado. Já na inicial. A deformação que não
ruptura por fadiga o pavimento é residual acaba por acumular
é solicitado várias vezes, de e gerar uma deformação
forma cíclica, até romper. permanente no pavimento.
e) A ruptura por fadiga ocorre d) É uma deformação que ocorre
quando o pavimento sofre apenas em pavimentos de
uma solicitação maior que sua revestimento de concreto em
capacidade de suporte, seja por dias de muito frio ou calor.
284 Construção civil

e) É uma parte da deformação de trincas, porém a camada


viscoelástica que não retorna à de alívio de tensões aposta
sua condição geométrica inicial, na recuperação plástica do
apesar do fato de os pavimentos ligante asfáltico que a compõe
flexíveis aceitarem deformações. para dissipar os movimentos e
O acúmulo dessas deformações tensões das trincas. Já a camada
gera uma deformação de dissipação utiliza uma
permanente no pavimento. granulometria com muitos finos,
4. Qual das opções a seguir é que devido ao baixo teor de
uma avaliação funcional? vazios interrompe efetivamente
a) Avaliação de aderência. a propagação de trincas.
b) Avaliação não destrutiva de c) Ambos têm como principal
deflexão por impacto de queda. intuito interromper a propagação
c) Avaliação de corpos de de trincas, porém a camada
prova extraídos da pista. de dissipação aposta na
d) Avaliação não destrutiva de recuperação elástica do ligante
deflexão por carregamento asfáltico que a compõe para
quase estático. dissipar os movimentos e tensões
e) Avaliação semidestrutiva, das trincas. Já a camada de
interferindo moderadamente alívio de tensões utiliza uma
no pavimento e fazendo granulometria com poucos
ensaios in loco. finos, que devido ao alto teor de
5. O que diferencia, no processo de vazios interrompe efetivamente
restauração de um pavimento, o a propagação de trincas.
emprego de uma camada de alívio d) Ambos têm como principal
de tensões do emprego de uma intuito interromper a propagação
camada de dissipação de trincas? de trincas, porém a camada
a) Ambos têm como principal de alívio de tensões aposta
intuito interromper a propagação na recuperação plástica do
de trincas, porém a camada ligante asfáltico que a compõe
de alívio de tensões aposta para dissipar os movimentos
na recuperação elástica do e tensões das trincas. Já a
ligante asfáltico que a compõe camada de dissipação utiliza
para dissipar os movimentos e uma granulometria com poucos
tensões das trincas. Já a camada finos, que devido ao alto teor de
de dissipação utiliza uma vazios interrompe efetivamente
granulometria com muitos finos, a propagação de trincas.
que devido ao baixo teor de e) Ambos têm como principal
vazios interrompe efetivamente intuito interromper a propagação
a propagação de trincas. de trincas, porém a camada
b) Ambos têm como principal de alívio de tensões aposta
intuito interromper a propagação na recuperação elástica do
Pavimentação: controle de defeitos 285

ligante asfáltico que a compõe uma granulometria com poucos


para dissipar os movimentos finos, que devido ao alto teor de
e tensões das trincas. Já a vazios interrompe efetivamente
camada de dissipação utiliza a propagação de trincas.

BERNUCCI, L. B. et al. Pavimentação asfáltica: formação básica para engenheiros. Rio


de Janeiro: PETROBRAS, 2008. Disponível em: <https://goo.gl/BmJvnF>. Acesso em:
07 mar. 2017.
DNIT. NORMA DNIT 005/2003 – TER: defeitos nos pavimentos flexíveis e semi-rígidos:
terminologia NORMA DNIT 005/2003 – TER Defeitos nos pavimentos flexíveis e
semi-rígidos Terminologi. DNIT, 2003. Disponível em: <goo.gl/R9yYJA>. Acesso em:
08 mar. 2017.

Leituras recomendadas
DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. DNER-ME 024/94: pavimento
- determinação das deflexões pela viga de Benkelman. DNER, 1994. Disponível em:
<goo.gl/qdN4xO>. Acesso em: 08 mar. 2017.
DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. DNER-PRO 273/96: deter-
minação de deflexões utilizando deflectômetro de impacto. DNER, 1996. Disponível
em: <goo.gl/gifEhA>. Acesso em: 08 mar. 2017.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
Dica do professor
Para avaliar uma pavimentação existente, precisamos saber até que ponto uma amostra consegue
representar o pavimento. Para isso, podemos usar a definição de segmentos homogêneos a partir
de valores de deflexão.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Exercícios

1) Qual é a diferença entre os processos de ruptura por resistência e ruptura por fadiga?

A) Ambos ocorrem quando o esforço solicitado ao pavimento é maior que sua capacidade de
suporte. A diferença se dá que, na ruptura por resistência, o rompimento ocorre na primeira
vez em que o pavimento é solicitado, e, na ruptura por fadiga, o pavimento é solicitado várias
vezes até romper.

B) Não há diferença, são apenas duas formas de chamar o mesmo processo.

C) A ruptura por resistência ocorre quando o pavimento sofre uma solicitação maior que sua
capacidade de suporte, seja por flexão, tração ou compressão. Já a ruptura por fadiga ocorre
por causa de uma microfissuração progressiva ocasionada por cargas cíclicas que não são
maiores que a capacidade de suporte do pavimento.

D) Ambos ocorrem quando o esforço solicitado ao pavimento é menor que sua capacidade de
suporte. A diferença se dá que, na ruptura por resistência, o rompimento ocorre na primeira
vez em que o pavimento é solicitado, e, na ruptura por fadiga, o pavimento é solicitado várias
vezes, de forma cíclica, até romper.

E) A ruptura por fadiga ocorre quando o pavimento sofre uma solicitação maior que sua
capacidade de suporte, seja por flexão, tração ou compressão. Já a ruptura por resistência
ocorre por causa de uma microfissuração progressiva ocasionada por cargas cíclicas que não
são maiores que a capacidade de suporte do pavimento.

2) Qual das opções a seguir se refere a problemas estruturais?

A) Buracos na pista.

B) Trincas no revestimento.

C) Trincas na camada de sub-base.

D) Marcas de trilha de rodas.

E) Acúmulo de revestimento nas bordas da via.

3) O que é a deformação residual que pode ocorrer no pavimento flexível?


A) É uma deformação elástica que ocorre quando uma carga superior à capacidade de suporte
do pavimento incide na via. Ela é importante porque evita o rompimento da via.

B) É uma deformação plástica que ocorre quando uma carga superior à capacidade de suporte
do pavimento incide na via. Ela é a principal ocasionadora de trincas e buracos.

C) É uma parte da deformação viscoelástica que retorna à sua condição geométrica inicial. A
deformação que não é residual acaba por acumular e gerar uma deformação permanente no
pavimento.

D) É uma deformação que ocorre apenas em pavimentos de revestimento de concreto em dias


de muito frio ou calor.

E) É uma parte da deformação viscoelástica que não retorna à sua condição geométrica inicial,
apesar da característica dos pavimentos flexíveis de aceitarem deformações. O acúmulo
dessas deformações gera uma deformação permanente no pavimento.

4) Qual das opções a seguir é uma avaliação funcional?

A) Avaliação de aderência.

B) Avaliação não-destrutiva de deflexão por impacto de queda.

C) Avaliação de corpos-de-prova extraídos da pista.

D) Avaliação não-destrutiva de deflexão por carregamento quase estático.

E) Avaliação semi-destrutiva, interferindo moderadamente no pavimento e fazendo ensaios in


loco.

5) O que difere, no processo de restauração de um pavimento, o emprego de uma camada de


alívio de tensões de uma camada de dissipação de trincas?

A) Ambas têm como principal intuito interromper a propagação de trincas, porém a camada de
alívio de tensões aposta na recuperação elástica do ligante asfáltico que a compõe para
dissipar os movimentos e as tensões das trincas, ao passo que a camada de dissipação utiliza
uma granulometria com muitos finos que, devido ao baixo teor de vazios, interrompe
efetivamente a propagação de trincas.

B) Ambas têm como principal intuito interromper a propagação de trincas, porém a camada de
alívio de tensões aposta na recuperação plástica do ligante asfáltico que a compõe para
dissipar os movimentos e as tensões das trincas, ao passo que a camada de dissipação utiliza
uma granulometria com muitos finos que, devido ao baixo teor de vazios, interrompe
efetivamente a propagação de trincas.

C) Ambas têm como principal intuito interromper a propagação de trincas, porém a camada de
dissipação aposta na recuperação elástica do ligante asfáltico que a compõe para dissipar os
movimentos e as tensões das trincas, ao passo que a camada de alívio de tensões utiliza uma
granulometria com poucos finos que, devido ao alto teor de vazios, interrompe efetivamente
a propagação de trincas.

D) Ambas têm como principal intuito interromper a propagação de trincas, porém a camada de
alívio de tensões aposta na recuperação plástica do ligante asfáltico que a compõe para
dissipar os movimentos e as tensões das trincas, ao passo que a camada de dissipação utiliza
uma granulometria com poucos finos que, devido ao alto teor de vazios, interrompe
efetivamente a propagação de trincas.

E) Ambas têm como principal intuito interromper a propagação de trincas, porém a camada de
alívio de tensões aposta na recuperação elástica do ligante asfáltico que a compõe para
dissipar os movimentos e as tensões das trincas, ao passo que a camada de dissipação utiliza
uma granulometria com poucos finos que, devido ao alto teor de vazios, interrompe
efetivamente a propagação de trincas.
Na prática
Os pavimentos, sejam eles rígidos (concreto) ou flexíveis (concreto asfáltico), devem suportar e
distribuir as tensões exercidas pelo tráfego sem causar prejuízo aos veículos circulantes.

Entretanto, em alguns locais, o esforço do tráfego é tão intenso ou possui características tão
específicas que os pavimentos não suportam ou não conseguem distribuir para as demais camadas
as tensões resultantes da passagem dos veículos. Você, como engenheiro civil, deve sempre estar
atento às condicionantes locais e operacionais que podem culminar em defeitos de pavimento.

As baixas velocidades dos veículos nessas faixas, com a operação em modo "arranca e para",
atreladas a problemas de execução do revestimento, como camadas mal compactadas, podem
afetar a condição de dirigibilidade, prejudicar o conforto do usuário, aumentar os custos
operacionais e dificultar a manutenção do pavimento.

Você deve evitar esses problemas ainda em projeto, procurando usar:


No caso de tráfego pesado, optar por base asfáltica de elevado módulo de resiliência.

Após determinar os materiais que serão utilizados na mistura asfáltica, você pode testar em
laboratório a predisposição da mistura à deformação permanente. Para isso, usam-se o Ensaio
Creep e ensaios com simuladores de tráfego.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Pavimento flexível

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Etapas construtivas de uma rodovia

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Ecoasfalto aplicado com motoniveladora

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Raio-X da BR-448
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Defeitos em asfaltos pré-misturados a frio

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Aterros instrumentados sobre solos moles

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Pavimentação: Técnica construtiva

Apresentação
Você sabia que é através das técnicas construtivas que o pavimento projetado vira realidade? Para
uma implantação adequada, deve-se atentar para a execução correta das camadas de subleito,
reforço do subleito, sub-base e base. A última camada é o revestimento, que será de qualidade se
sua usinagem e lançamento na via forem bem feitos.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai ver que, como a pavimentação está no rol de grandes
obras de infraestrutura, existe um maquinário próprio para execução dessa obra.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Descrever as etapas de execução de subleito e base.


• Relacionar o processo de usinagem de revestimento com sua implantação na via.
• Reconhecer o principal maquinário utilizado na construção de um pavimento.
Desafio
Bases e sub-bases de Solo Arenoso Fino Laterítico (SAFL) são comuns na construção de
pavimentos no Brasil, principalmente na região sudeste, devido ao fácil acesso a esse tipo de solo.

Dentro de um estudo de concepção para o projeto de uma rodovia, é sua função como Engenheiro
Civil fazer um estudo sucinto a respeito do SAFL, destacando sua importância na utilização como
base a sub-base de pavimentos, e os principais cuidados na hora da execução.
Infográfico
Conheça e entenda o funcionamento dos dois principais tipos de usina de asfalto: gravimétricas e
contínuas.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Conteúdo do livro
Ter estradas confiáveis para usufruto da população requer uma série de processos, como
dimensionar o pavimento de maneira correta, conhecer os tipos de materiais que podem compor
esse pavimento e escolhê-los devido às suas características e propriedades para, então, executar
esse pavimento de forma adequada.

A construção de um pavimento é o que você vai ler neste capítulo, sua importância se dá porque é
nessa fase que o pavimento vira algo real, físico e palpável. Erros no projeto podem ser facilmente
corrigidos se identificados a tempo, enquanto que, na execução, não existe essa opção. Por isso
que é necessário executar um pavimento de forma minuciosa e atenta.

Boa leitura!
CONSTRUÇÃO
CIVIL

Alessandra Martins Cunha


André Luís Abitante
Caroline Schneider Lucio
Lélis Espartel
Ronei Tiago Stein
Vinícius Simionato
Pavimentação: técnicas
construtivas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Descrever as etapas de execução de subleito e base.


 Entender o processo de usinagem de revestimento e sua implantação
na via.
 Conhecer o principal maquinário utilizado na construção de um
pavimento.

Introdução
Como você deve imaginar, disponibilizar estradas confiáveis para usufruto
da população requer uma série de processos. Envolve, por exemplo,
dimensionar corretamente o pavimento, conhecer os tipos de materiais
que podem compor esse pavimento, escolher esses materiais devido às
suas características e propriedades e executar esse pavimento de forma
adequada. A construção de um pavimento é o que você irá estudar neste
capítulo. Sua importância se dá porque é nessa fase que o pavimento
vira algo real, físico e palpável. Erros no projeto podem ser facilmente
corrigidos se identificados a tempo, enquanto que na execução não
existe essa opção. Por isso é necessário executar um pavimento de forma
minuciosa e atenta.
Portanto, este texto aborda as técnicas construtivas de um pavimento.
É nessa fase que o pavimento projetado vira realidade. Para uma implan-
tação adequada, se deve atentar para a execução correta das camadas
de subleito, reforço do subleito, sub-base e base. A última camada é o
revestimento, que será de qualidade se sua usinagem e seu lançamento
na via forem bem feitos. Como a pavimentação está no rol de grandes
obras de infraestrutura, existe um maquinário próprio para execução
dela, que você também vai conhecer aqui.
Pavimentação: técnicas construtivas 257

Execução das camadas inferiores


Um pavimento é composto por subleito, base e revestimento. O revestimento é
a camada em contato com os veículos. Abaixo dele se encontram as camadas
inferiores, que ainda podem contar com reforço do subleito e sub-base.

Regularização e subleito
A regularização pode ser feita após a terraplanagem do terreno que irá receber
a via. Seu objetivo é corrigir as falhas da superfície terraplanada. Também
existe o caso de a pavimentação ser executada sobre um leito antigo de estrada
de terra, onde a regularização se faz ainda mais necessária. Isso ocorre pois
uma superfície terraplanada tem menos irregularidades que uma superfície
que antes servia de estrada. A preferência é que essa regularização seja feita na
forma de pequenos aterros, dando condições geométricas definidas ao subleito.
O material para os pequenos aterros pode ser obtido nos próprios taludes de
corte, numa operação de importação local ou bota-dentro.
O preparo do subleito depende do cuidado com eventuais recalques, po-
dendo ter uma compactação de 100% em relação ao ensaio de Proctor Normal
(três camadas, com 25 golpes por camada), ou 100% em relação ao Proctor
Intermediário (35 golpes por camada) ou Proctor Modificado (55 golpes por
camada). O acabamento deverá ser feito, preferencialmente, com máquina e
controlado por meio de régua própria. Esta, ao ser colocada longitudinalmente
sobre o subleito, não pode exceder além de 4 cm do perfil estabelecido. O
equipamento utilizado consiste em compressores automotores, de três rodas de
8 a 12 toneladas. A aplicação dos rolos compactadores segue a norma geral: da
borda para o centro, nos trechos retilíneos, e da borda interna para a externa
nas curvas. O início do acabamento deve ser feito com motoniveladora e o
final com rolos pneumáticos de rodas múltiplas, bamboleantes.
258 Construção civil

O ensaio de compactação Proctor é um método de laboratório para determinar


experimentalmente a densidade máxima do maciço terroso e conhecido. Para isso,
a umidade varia de forma a chegar ao ponto de compactação máxima no qual se
obtém a umidade ótima de compactação. O ensaio pode ser realizado em três níveis
de energia de compactação, conforme as especificações da obra: normal, intermediária
e modificada.

Reforço do subleito
O reforço do subleito é executado sobre subleitos de má qualidade ou tráfego
de cargas muito pesadas. Ele deve possuir material de mais qualidade, com
Índice de Suporte Califórnia acima de 10%. Isso geralmente implica importa-
ção do solo e, antes de importar, é necessário balizar os alinhamentos laterais
colocando os piquetes devidamente espaçados e afastados. Esse procedimento
serve para evitar o deslocamento prematuro pela passagem das máquinas.
Antes da compactação, se deve verificar o teor de umidade, procu-
rando, se houver excesso, reduzir o teor por tombamentos sucessivos com
motoniveladoras.

Base e sub-base
A base e a sub-base têm funções parecidas dentro da estrutura de um pavi-
mento. A função da base é receber os esforços da camada de revestimento
e passar para o subleito. Porém, pode se tornar custoso executar uma base
de camada muito espessa. Com o fim de diminuir a espessura da camada de
base, é executada a sub-base, que fica entre o subleito e a base. A sub-base é
de um material de menor qualidade.

Base de macadame hidráulico

Essa é uma camada de pedra britada, de fragmentos entrosados entre si e


material de enchimento, aglutinados pela água. É fundamental que os agre-
gados graúdos, elementos resistentes, formem uma estrutura o mais travada
e indeformável possível. O processo construtivo inicia com o preparo da
Pavimentação: técnicas construtivas 259

caixa de base, com as paredes laterais cortadas verticalmente, na altura pre-


vista para a espessura da base. É possível executar formas de madeira nas
laterais, para melhor condição da caixa. O agregado graúdo é espalhado de
forma a resultar em uma espessura uniforme. Depois ele é comprimido por
meio do compressor de três rodas. A compressão deve prosseguir até que os
fragmentos de agregados se entrosem uns aos outros e mantenham a camada
com espessura uniforme.
Após a primeira compressão, se distribui o material de enchimento sobre
a superfície do agregado graúdo, procurando introduzir o material pelas
frestas existentes no vazio dos agregados. A operação estará completa quando
o material não penetrar mais nos vazios das camadas. Em seguida, é feita
a irrigação da superfície, que caracteriza o nome “hidráulico” dado a essa
composição. A água conduz o material de enchimento para o inferior da
camada, deixando novamente aparente as frestas oriundas do intertravamento
do agregado graúdo. Essa operação é seguida de uma nova compressão, e
o processo ocorre sucessivamente até a composição não se deslocar com a
compressão e o material de enchimento preencher completamente os vazios,
mesmo com adição de água.

Base de brita graduada

Considerada como a sucessora do macadame hidráulico, possui o mesmo


objetivo de um material graúdo intertravado e preenchido por finos e água. A
vantagem é que o material é misturado em usina e deve respeitar parâmetros
impostos por normas. Observe:

 Resistência > 78 ou CBR > 90


 Equivalente de areia > 30
 Durabilidade > 35
 Abrasão Los Angeles < 40%
 Tenacidade < 10%
 Forma < 10%

O procedimento de execução é similar ao do macadame hidráulico. A


diferença é que o material é misturado e umedecido em usina e distribuído
em camadas uniformes (menores que 15 cm) na pista. Após a distribuição
das camadas, vem o processo de compactação, das bordas em direção ao
centro. Por fim, há o acabamento, feito com motoniveladora, admitindo um
umedecimento da superfície para facilitar a operação.
260 Construção civil

Estabilização do solo
A estabilização do solo consiste em dotá-lo de condições de resistir a deforma-
ções e ruptura. A estabilização do solo consiste em misturar solos arenosos,
que apresentam índice de rolamento razoável durante a chuva, mas muita
poeira na estiagem, com solos argilosos, melhores nos períodos de estiagem,
mas lamacentos em períodos chuvosos. Combinando as características desses
dois solos, é possível chegar num produto que não oferece poeira nem lama. A
mistura desses dois solos confere uma estabilização granulométrica. Assim,
os grãos menores preenchem os vazios gerado pelo intertravamento dos grãos
maiores.
O processo construtivo se dá na distribuição desse material em leiras uni-
formes, sendo em seguida distribuído em camadas uniformes. A compactação
segue os processos habituais. Com rolo pé-de-cabra, se inicia a compactação,
em faixas longitudinais da borda para o centro. Ela também pode ser feita com
rolos pneumáticos. No fim da operação, é necessário verificar se as massas
específicas atingiram as especificações previstas em projeto.

Existem diversos outros tipos de bases e sub-bases. Neste texto, você conheceu os
mais usuais ou mais significativos na pavimentação brasileira. Outros exemplos de
base e sub-base são: brita graduada tratada com cimento; macadame betuminoso;
solo arenoso fino laterítico (SAFL); solo-cimento; solo-asfalto; entre outros.

Técnicas executivas de revestimentos


Neste item, você vai conhecer melhor os métodos de execução do revesti-
mento do pavimento. O foco aqui é o revestimento asfáltico, mais comumente
utilizado.
Pavimentação: técnicas construtivas 261

Usinas
A obtenção de uma mistura asfáltica envolve a associação do agregado com o
ligante asfáltico em proporções predeterminadas no projeto. Essa associação
é feita em uma instalação apropriada, conhecida como usina de asfalto. Se a
mistura do agregado é com cimento asfáltico de petróleo (CAP), o agregado
deve ser aquecido previamente para remoção de umidade. Além disso, se deve
elevar sua temperatura para o envolvimento com o ligante asfáltico. Esse tipo
de mistura é conhecido como usinado a quente. A seguir, você pode observar
as operações básicas para a produção de misturas asfálticas a quente:

 Estocagem e manuseio dos materiais.


 Proporcionamento e alimentação do agregado frio no secador.
 Secagem e aquecimento eficientes do agregado à temperatura apropriada.
 Controle e coleta do pó no secador.
 Proporcionamento, alimentação e mistura do ligante asfáltico com o
agregado aquecido.
 Estocagem, distribuição, pesagem e manuseio das misturas asfálticas
produzidas.

Caso o ligante seja emulsão asfáltica, a usina é usada para mistura a frio. Como não
é necessário o aquecimento do agregado e do ligante, as usinas para mistura a frio
também são utilizadas para misturas de solos, britas, solo-cimento, etc. Ainda se pode
utilizar usinas do tipo móvel.

Transporte e lançamento
O transporte é feito, geralmente, por caminhões com báscula traseira. A
logística desse transporte é importante, pois a carga é rejeitada se a mistura
chegar na obra com temperatura excessiva ou baixa. As variáveis que envolvem
o transporte são a velocidade de produção da mistura, a distância da obra, o
tipo de tráfego no percurso e o tempo de descarregamento.
262 Construção civil

A mistura asfáltica deve ser lançada em camada uniforme de espessura e seção


transversal definida, pronta para a compactação. O lançamento é realizado por
vibroacabadoras. Você deve planejar o lançamento de uma mistura asfáltica
considerando os seguintes processos:

 Continuidade e sequência de operações.


 Número de vibroacabadoras necessário.
 Número e tipos de rolos compactadores.
 Número de caminhões transportadores.
 Cadeia de comando para dar e receber instruções.
 Razões para possíveis rejeições da mistura asfáltica.
 Condições climáticas.
 Controle de tráfego.

Vibroacabadoras são compostas por duas unidades: tratora e de nivelamento. A tratora


contém o motor, transmissões e controles, além de silo de carga, barras alimentadoras,
roscas distribuidoras e posto de condução. A unidade de nivelamento é formada por
uma mesa flutuante e vibratória ligada à unidade tratora por braços de nivelamento
fixados por meio de articulações. Suas funções são nivelar e pré-compactar a mistura.

Compactação
A compactação de uma camada asfáltica de revestimento aumenta a estabi-
lidade, reduz o índice de vazios, proporciona uma superfície suave e desem-
penada, além de aumentar sua vida útil. A espessura máxima de uma mistura
asfáltica compactada é de 10 cm. Para uma boa compactação, dois fatores são
essenciais: confinamento e temperatura. No campo, o confinamento adequado
não é simples de conseguir. A parte de baixo é confinada por uma camada de
base já estável. Já as laterais são confinadas pela própria mistura, que deve
ser resistente à fluência e ao escorregamento.
Misturas asfálticas com temperaturas elevadas tendem a fluir e se deformar.
Já em temperaturas baixas, tendem a enrijecer, se tornando plásticas e pegajo-
Pavimentação: técnicas construtivas 263

sas. Cada mistura asfáltica tem uma faixa de temperatura para compactação
própria, relacionada ao tipo de ligante utilizado.

O processo de execução é compreendido por duas fases: rolagem de compactação


e rolagem de acabamento. A primeira alcança a densidade, a impermeabilidade e a
suavidade superficial. A segunda corrige as marcas deixadas na superfície pela fase
de rolagem de compactação.

Tratamento superficial
As principais funções dos tratamentos superficiais são: proporcionar uma
camada de rolamento de pequena espessura, porém de alta resistência contra
o desgaste; impermeabilizar o pavimento; proteger a infraestrutura; e pro-
porcionar um pavimento com revestimento antiderrapante. Neste item, se
aborda o tratamento superficial por penetração. Ele é realizado por meio de
um caminhão espargidor, responsável pela distribuição do ligante asfáltico
combinado com um distribuidor de agregados. É necessário um ajuste prévio
nos equipamentos, a fim de que apliquem o ligante e o agregado nas proporções
definidas em projeto. A compressão do agregado é realizada imediatamente
após o seu lançamento na pista.
264 Construção civil

Observe a listagem de normas para execução de pavimento:


 DNIT 031/2006 – ES – Pavimentos Flexíveis – Concreto asfáltico
 DNIT 032/2005 – ES – Pavimentos Flexíveis – Areia asfalto a quente
 DNIT 033/2005 – ES – Pavimentos Flexíveis – Concreto asfáltico reciclado a quente
na usina
 DNIT 034/2005 – ES – Pavimentos Flexíveis – Concreto asfáltico reciclado a quente
no local
 DNIT 035/2005 – ES – Pavimentos Flexíveis – Microrrevestimento asfáltico a frio
com emulsão modificada por polímero
 DNIT 047/2004 – ES – Pavimento Rígido – Execução de pavimento rígido com
equipamento de pequeno porte
 DNIT 048/2004 – ES – Pavimento Rígido – Execução de pavimento rígido com
equipamento de fôrma-trilho
 DNIT 049/2013 – ES – Pavimento Rígido – Execução de pavimento rígido com
equipamento de fôrma-deslizante
 DNIT 056/2013 – ES – Pavimento Rígido – Sub-base de cimento de concreto Por-
tland compactada com rolo
 DNIT 057/2004 – ES – Pavimento Rígido – Execução de sub-base melhorada com
cimento
 DNIT 058/2004 – ES – Pavimento Rígido – Execução de sub-base de solo-cimento
 DNIT 059/2004 – ES – Pavimento Rígido – Pavimento de concreto de cimento
Portland, compactado com rolo
 DNIT 065/2004 – ES – Pavimento Rígido – Sub-base de concreto de cimento Por-
tland adensado por vibração
 DNIT 066/2004 – ES – Pavimento Rígido – Construção com peças pré-moldadas
de concreto de cimento Portland
 DNIT 067/2004 – ES – Pavimento Rígido – Reabilitação
 DNIT 068/2004 – ES – Pavimento Rígido – Execução de camada superposta de
concreto do tipo Whitetopping por meio mecânico
 DNIT 098/2007 – ES – Pavimentação – Base estabilizada granulometricamente com
utilização de solo laterítico
 DNIT 112/2009 – ES – Pavimentos Flexíveis – Concreto asfáltico com asfalto-borracha,
via úmida, do tipo “Terminal Blending”
 DNIT 114/2009 – ES – Pavimentação Rodoviária – Sub-base estabilizada granulo-
metricamente com escória de aciaria – ACERITA
 DNIT 115/2009 – ES – Pavimentação Rodoviária – Base estabilizada granulometri-
camente com escória de aciaria – ACERITA
 DNIT 137/2010 – ES – Pavimentação – Regularização do subleito
 DNIT 138/2010 – ES – Pavimentação – Reforço do subleito
 DNIT 139/2010 – ES – Pavimentação – Sub-base estabilizada granulometricamente
 DNIT 140/2010 – ES – Pavimentação – Sub-base de solo melhorado com cimento
Pavimentação: técnicas construtivas 265

 DNIT 141/2010 – ES – Pavimentação – Base estabilizada granulometricamente


 DNIT 142/2010 – ES – Pavimentação – Base de solo melhorado com cimento
 DNIT 143/2010 – ES – Pavimentação – Base de solo-cimento
 DNIT 144/2014 – ES – Pavimentação Asfáltica – Imprimação com ligante asfáltico
convencional
 DNIT 145/2012 – ES – Pavimentação – Pintura de ligação com ligante asfáltico
convencional
 DNIT 146/2012 – ES – Pavimentação Asfáltica – Tratamento superficial simples com
ligante asfáltico convencional
 DNIT 147/2012 – ES – Pavimentação Asfáltica – Tratamento superficial duplo com
ligante asfáltico convencional
 DNIT 148/2012 – ES – Pavimentação Asfáltica – Tratamento superficial triplo com
ligante asfáltico convencional
 DNIT 149/2010 – ES – Pavimentação Asfáltica – Macadame betuminoso com ligante
asfáltico convencional por penetração
 DNIT 150/2010 – ES – Pavimentação asfáltica – Lama asfáltica
 DNIT 151/2010 – ES – Pavimentação – Acostamentos
 DNIT 152/2010 – ES – Pavimentação – Macadame hidráulico
 DNIT 153/2010 – ES – Pavimentação Asfáltica – Pré-misturado a frio com emulsão
catiônica convencional
 DNIT 154/2010 – ES – Pavimentação Asfáltica – Recuperação de defeitos em pa-
vimentos asfálticos
 DNIT 159/2011 – ES – Pavimentos Asfálticos – Fresagem a frio
 DNIT 166/2013 – ES – Pavimentação – Reciclagem de pavimento a frio “in situ” com
adição de espuma de asfalto
 DNIT 167/2013 – ES – Pavimentação – Reciclagem profunda de pavimentos “in situ”
com adição de cimento Portland
 DNIT 169/2014 – ES – Pavimentação – Reciclagem de pavimento em usina com
espuma de asfalto

Maquinário
Você pode utilizar este item como um glossário das máquinas citadas ao
longo deste texto. Aqui, você também vai conhecer outros equipamentos não
expostos neste texto, mas de uso corrente na execução de pavimentos.
266 Construção civil

Figura 1. Caminhão com báscula traseira, seguida de vibroacabadora e rolo compactador.


Fonte: L., Peurifoy et al. (2016)

Rolos compactadores
Estáticos: compactam a camada devido ao seu peso próprio, que pode ser
aumentado pela utilização de lastros. Você deve saber que existem três tipos de
compactadores estáticos: os pneumáticos, em tandem liso ou três rodas lisas.

Figura 2. Rolo compactor de pneus.


Fonte: L., Peurifoy et al. (2016)
Pavimentação: técnicas construtivas 267

Vibratórios: compostos por um ou mais tambores de aço com pesos girató-


rios, criando forças dinâmicas que, somadas com seu próprio peso, aumentam
o esforço de compactação.

Figura 3. Rolo compactor vibratório com dois tambores de aço.


Fonte: L., Peurifoy et al. (2016)

Pé-de-carneiro: utilizado para compactação de camadas inferiores e


terraplanagem. É dotado de rolos com pequenos degraus em sua estrutura,
que garantem uma precisa compactação. Pode ser vibratório ou não. O pé-de-
-carneiro compacta de baixo para cima. As suas patas penetram a camada solta
superior e compactam a camada inferior. Quando o pé sai do solo, ele joga
para cima o material. O resultado é uma camada de material solto em cima.
Espalhando mais material, este permanecerá solto e a máquina compactará
a camada anterior.

Motoniveladoras
Consistem em veículos em geral com seis rodas, das quais quatro se localizam
na traseira para que possam garantir uma força maior sustentando o peso do
motor e aumentar o torque para a laminação do solo. As outras duas ficam
na dianteira do veículo para controle de direção. Sua lâmina se encontra na
horizontal e é ajustável (horizontal, vertical e ângulo) por meio de braços
mecânicos e/ou pistões hidráulicos e engrenagens.
268 Construção civil

Vibroacabadoras
A vibroacabadora (também chamada de pavimentadora de asfalto) é o equi-
pamento que executa a aplicação, o nivelamento e a pré-compactação do
concreto asfáltico em obras de pavimentação.
Pavimentação: técnicas construtivas 271

Leitura recomendada

PEURIFOY, R. L. et al. Planejamento, equipamentos e métodos para a construção civil. 8.


ed. Porto Alegre: AMGH, 2015.
Dica do professor
Esta Dica do professor traz um croqui animado das etapas de uma execução de pavimento
asfáltico.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Exercícios

1) Qual a influência da compactação e da granulometria nas camadas inferiores do pavimento?

A) A granulometria deve ser uniforme para, dessa forma, estabilizar as camadas de subleito, base
e sub-base. A uniformidade das partículas garante resistência, enquanto a compactação
adensa o material para que não haja vazios nem recalques.

B) O importante em uma camada inferior é a compactação, que adensa o material e evita


recalques futuros. A granulometria não possui o mesmo grau de influência, podendo ser
utilizado o material disponível mais próximo, a fim de evitar custos de transportes.

C) As camadas inferiores precisam dar resistência e estabilidade para o pavimento, que são
alcançadas através do intertravamento dos grãos maiores, porém, também são necessários
grãos menores que preencham o vazio resultante desse intertravamento, assim a estrutura
não ficará frágil. A compactação também tem o objetivo de diminuir os vazios e adensar o
material, para que não haja recalque depois.

D) Em uma camada inferior, o mais importante é a granulometria, pois ela evita os vazios, com o
preenchimento do material fino, e garante estabilidade, com o intertravamento do material
mais graúdo. A compactação é necessária apenas por questões estéticas, para que não
tenhamos estradas muito altas em relação ao terreno.

E) A granulometria é responsável pelas saliências nas camadas, importantes para que haja
intertravamento entre o subleito, sub-base e base. A compactação visa impedir o recalque das
camadas depois que a pista estiver liberada para tráfego.

2) Qual a diferença entre brita graduada e macadame hidráulico?

A) Ambos consistem em um material britado de diferentes tamanhos, mas o macadame


hidráulico é aglutinado por água, enquanto a brita graduada é executada a seco.

B) Ambas consistem em uma associação de material britado de diferentes tamanhos e


aglutinados por água. A diferença é que o macadame hidráulico é um processo mais expedito,
com seu controle sendo feito in loco, de forma mais visual. A brita graduada é uma evolução
do macadame hidráulico, pois baseada nos mesmos preceitos, ela tem sua mistura de
agregados mais água feita em usina e com a garantia de passar por uma série de testes de
resistência, durabilidade e tenacidade.
C) A diferença é meramente de nomenclatura. O macadame foi assim chamado em São Paulo,
onde foi largamente utilizado nos anos 1960. A brita graduada é a nomenclatura utilizada no
nordeste, onde a pavimentação de forma expansiva chegou anos mais tarde.

D) Ambas consistem em uma associação de material britado de diferentes tamanhos, aglutinados


por água. A diferença é que a brita graduada é um processo mais expedito, com seu controle
sendo feito in loco, de forma mais visual. O macadame é uma evolução da brita graduada, pois
baseado nos mesmos preceitos, ela tem sua mistura de agregados mais água feita em usina e
com a garantia de passar por uma série de testes de resistência, durabilidade e tenacidade.

E) Ambas consistem em uma associação de material britado de diferentes tamanhos, aglutinados


por água. A diferença é que a brita graduada não necessita de compactação, já que é um
material misturado em usina, ele vem pronto para execução, sendo apenas necessário
despejá-lo na pista.

3) Qual a diferença entre uma mistura asfáltica usinada a quente e uma mistura asfáltica
usinada a frio?

A) A mistura usinada a quente é apropriada para camadas de revestimento, pois a alta


temperatura permite melhor suavidade. Já a mistura usinada a frio é indicada para camadas
de sub-base e base, nas quais a suavidade não é necessária, pois não há rolamento.

B) Não há diferença, a nomenclatura foi dada em função da temperatura ambiente do local onde
é executado o pavimento. Misturas a quente são feitas em países tropicais, com média de
temperatura entre 20 e 30oC, enquanto misturas a frio são realizadas em países do extremo
norte, com temperatura média de 0oC.

C) A mistura de cimento asfáltico de petróleo (CAP) necessita ser feita em altas temperaturas,
para garantir que o agregado não tenha umidade e que o ligante o envolva por completo.
Misturas a frio ocorrem quando o agregado possui como ligante uma emulsão, que é um
ligante modificado que reduz a tensão superficial e permite a obtenção de viscosidade na
faixa de 0,2 Pa.s, faixa de trabalho para mistura com agregado.

D) A mistura de cimento asfáltico de petróleo (CAP) necessita ser feita em baixas temperaturas
para garantir rigidez e resistência à mistura. Misturas a quente são feitas quando é mais
necessário trabalhabilidade, de forma que o aumento da temperatura flexibilize a utilização do
CAP.

E) Não há diferença prática, misturas a quente são feitas mais rapidamente, porque o CAP
possui mais trabalhabilidade, porém, consomem mais energia. Misturas a frio necessitam de
mais tempo pois, já que o CAP está mais rígido, ele demora mais a escoar e a envolver o
agregado.
4) O transporte e o lançamento de misturas asfálticas para revestimento envolvem uma série
de processos que devem ser devidamente considerados na hora do planejamento da
execução. Qual dos processos a seguir é o de menor importância no momento do transporte
e do lançamento do concreto asfáltico?

A) Saber o número de caminhões transportadores.

B) Determinar as razões para possíveis rejeições da mistura asfáltica.

C) Analisar as condições climáticas.

D) Fazer o controle do tráfego.

E) Determinar a velocidade máxima dos caminhões transportadores.

5) Qual das opções a seguir condiz com a descrição de um rolo de compactação estático?

A) É composto por um ou mais tambores de aço com pesos giratórios, criando forças dinâmicas
que, somadas com seu próprio peso, aumentam o esforço de compactação.

B) É dotado de rolos com pequenos degraus em sua estrutura, que garantem uma precisa
compactação. Compacta de baixo para cima. Os pequenos degraus penetram a camada solta
superior e compactam a camada inferior.

C) Compacta a camada devido ao seu peso próprio, que pode ser aumentado pela utilização de
lastros.

D) É o equipamento que executa a aplicação, nivelamento e pré-compactação do concreto


asfáltico em obras de pavimentação.

E) Consiste em um veículo, em geral com seis rodas, das quais quatro localizam-se na traseira
para que possa ter uma maior força sustentando o peso do motor e aumentar o torque para a
laminação do solo. As outras duas na dianteira do veículo, para controle de direção. Sua
lâmina encontra-se na horizontal e é ajustável (horizontal, vertical e ângulo), através de braços
mecânicos e/ou pistões hidráulicos, e engrenagens.
Na prática
A pavimentação, ao interceptar a flora, às vezes confina rios e córregos, diminui a área de vivência
de animais silvestres, além de trazer todos os malefícios que o aumento de um tráfego carrega.

Uma das formas de fornecer uma contrapartida para a natureza é utilizando o pó da borracha
oriunda de pneus, que seriam descartados, em misturas com ligantes asfálticos.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Uma segunda visão sobre asfalto-borracha

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Logística Reversa - Asfalto Borracha

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Pavimentação: Materiais

Apresentação
Você conhece o mundo dos materiais que compõem um pavimento? Um pavimento típico possui
diversas camadas (revestimento, base, sub-base, reforço do subleito) assentadas sobre uma
fundação que é chamada de subleito. Cada camada do pavimento pode ser constituída por uma
infinidade de materiais, a escolha desses materiais vai refletir no desempenho do pavimento, como
ser mais rígido ou mais flexível, com maior resistência à tração, mais ou menos permeável.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender que, no momento de fazer um projeto de um
pavimento, é essencial conhecer a resposta que cada material pode oferecer à nossa estrutura de
pavimentação.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar as propriedades importantes dos agregados e dos ligantes asfálticos.


• Reconhecer os principais ensaios que caracterizam agregados, solos e ligantes asfálticos.
• Avaliar as combinações dos tipos de materiais que podem compor a base, a sub-base e o
reforço do subleito.
Desafio
Em um estudo para projetar a estrutura de um pavimento, você recebeu uma amostra de 1.000g de
um agregado. Depois de peneirá-lo, você ficou com as seguintes quantidades de materiais retidas
em cada peneira:
Aponte a câmera para o
código e acesse o link do
conteúdo ou clique no
código para acessar.
*Para poder entender e interpretar esses dados, é necessário, primeiramente, traçar a curva
granulométrica do seguinte material. Faça isso você mesmo! (Dica: é importante o uso de planilha
eletrônica)
Infográfico
Veja os padrões típicos de estruturas de pavimentos flexíveis e semirrígidos. As espessuras da
camada, aqui apresentadas, são apenas para fins ilustrativos, devendo ser dimensionadas em
projeto.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Conteúdo do livro
Este capítulo expõe as propriedades dos materiais que compõem um pavimento. Diversos materiais
estão envolvidos nesse processo, pois um pavimento é composto por subleito, reforço do subleito,
sub-base e base, além do revestimento asfáltico. Essas camadas são compostas por misturas que
envolvem diferentes tipos de solos, agregados, cimento, cal e ligante asfáltico.

Boa leitura!
CONSTRUÇÃO
CIVIL

Alessandra Martins Cunha


André Luís Abitante
Caroline Schneider Lucio
Lélis Espartel
Ronei Tiago Stein
Vinicius Simionato
Pavimentação:
materiais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Identificar as propriedades importantes dos agregados e dos ligantes


asfálticos.
„„ Conhecer os principais ensaios que caracterizam agregados, solos e
ligantes asfálticos.
„„ Avaliar as combinações dos tipos de material que podem compor
base, sub-base e reforço do subleito.

Introdução
Neste texto, você conhecerá o mundo dos materiais que compõem um
pavimento. Um pavimento típico possui diversas camadas (revestimento,
base, sub-base, reforço do subleito) assentadas sobre uma fundação que
é chamada de subleito. Cada camada do pavimento pode ser constituída
por uma infinidade de materiais. Como você deve imaginar, a escolha
desses materiais vai refletir no desempenho do pavimento. Ele pode
ser mais rígido ou mais flexível, ter maior ou menor resistência à tração,
ser mais ou menos permeável. No momento de fazer o projeto de um
pavimento, é essencial conhecer a resposta que cada material pode
oferecer à estrutura de pavimentação.

Agregado
Todos os revestimentos de pavimentos são constituídos por uma associação de
agregados com um ligante, que pode ser asfáltico ou o cimento. É importante
conhecer e selecionar as propriedades de um agregado para que a mistura com
o ligante resulte em um revestimento satisfatório. O agregado escolhido para
uma determinada utilização deve apresentar propriedades que suportem tensões
244 Construção civil

impostas na superfície do pavimento e também em seu interior. A escolha é


feita em laboratório, e uma série de ensaios é utilizada para a predição de seu
comportamento. Você deve saber que as principais rochas utilizadas como
fonte de agregado são: basalto, gabro, gnaisse, granito, quartzito e riolito.

Granulometria
A distribuição granulométrica dos agregados é uma das suas principais carac-
terísticas. Ela efetivamente influi no comportamento dos revestimentos. Em
misturas asfálticas, a granulometria influencia quase todas as propriedades
importantes, incluindo rigidez, estabilidade, durabilidade, permeabilidade,
trabalhabilidade, resistência à fadiga e à deformação permanente.
A distribuição granulométrica é determinada por meio do peneiramento
dos agregados. A massa retida em cada peneira é comparada à massa total
da amostra e apresentada como porcentagem. Como resultado do ensaio, se
obtêm as curvas granulométricas, que você pode ver na Figura 1.

Figura 1. Exemplo de curva granulométrica.


Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2003).
Pavimentação: materiais 245

Você necessita dos seguintes parâmetros para obter informações e poder


interpretar a curva granulométrica:
Diâmetro efetivo ou D10: é o ponto característico da curva granulométrica
para medir a finura do solo, que corresponde ao ponto de 10%. Ou seja: 10%
das partículas do solo possuem diâmetros inferiores a ele.
Coeficiente de uniformidade ou Cu: dá uma ideia da distribuição do
tamanho das partículas do solo. Valores próximos de 1 indicam curva granu-
lométrica quase vertical, com os diâmetros variando em um intervalo pequeno.
Já para valores maiores, a curva granulométrica irá se abatendo e o intervalo
de variação dos diâmetros, aumentando. Da mesma que foi definido D10, se
define D30 e D60.

Cu = D60 / D10

A representação da curva granulométrica em papel semilogaritmo apre-


senta vantagens. Isso ocorre porque os solos com Cu aproximadamente iguais
serão representados por curvas paralelas. Os solos que apresentam Cu < 5 são
denominados uniformes; e os que têm Cu > 15, desuniformes. Aqueles com
valores de Cu entre 5 e 15 são denominados de medianamente uniformes.
Coeficiente de curvatura: dá uma medida da forma e da simetria da curva
granulométrica e é igual a:

Cc = (D30) 2 / (D60 · D10)

Para um solo bem graduado, o valor do coeficiente de curvatura deverá estar entre 1 e 3.

Portanto, a distribuição do tamanho de partículas é proporcional, de forma


que os espaços deixados pelas partículas maiores sejam ocupados pelas me-
nores. Para solos granulares, há maior interesse no conhecimento do tamanho
das partículas. Isso acontece porque algumas de suas propriedades estão
relacionadas com esses solos, o que não ocorre com os solos finos.
246 Construção civil

Principais ensaios de laboratório dos agregados


A seguir, você pode observar os ensaios englobados pelos testes feitos em
laboratório para prever o comportamento do agregado:

„„ Resistência à abrasão: mede a habilidade para resistir a quebras, de-


gradação e desintegração.
„„ Índice de forma: influencia a trabalhabilidade e a resistência ao cisalha-
mento. Partículas irregulares ou de forma angular tendem a apresentar
melhor intertravamento.
„„ Absorção: indica a quantidade de água que o agregado absorve quando
submerso. Um agregado também deve absorver o ligante, dando coesão
à mistura.
„„ Adesividade: analisa o efeito da água ao separar ou descolar a película
de ligante da superfície do agregado.
„„ Sanidade: caracteriza a resistência à desintegração química do agregado
por meio de ensaio que consiste em atacá-lo com solução saturada.

Ligantes asfálticos
Na maioria dos pavimentos brasileiros, se usa como revestimento uma mistura
de agregados minerais de vários tamanhos com ligantes asfálticos. Ela garante
impermeabilidade, flexibilidade, estabilidade, durabilidade, resistência à
derrapagem, resistência à fadiga e resistência à fratura na tração térmica, de
acordo com o clima e o tráfego previsto para o local. Para responder adequa-
damente a todos esses requisitos, é necessário conhecer o material que faz a
ligação entre os agregados que compõem o revestimento. A seguir, você vai
compreender melhor a diferença entre betume e asfalto:
Betume: mistura de hidrocarbonetos de elevado peso molecular, solúvel
no bissulfeto de carbono, que compõe o asfalto.
Asfalto: material cimentante, preto, sólido ou semissólido, que se liquefaz
quando aquecido, composto de betume e alguns outros metais. Pode ser encon-
trado na natureza (CAN), mas em geral provém do refino do petróleo (CAP).

Tipos de ligantes asfálticos


„„ Cimentos asfálticos de petróleo (CAP): mistura química complexa
cuja composição varia com o petróleo e o processo de produção. Do
Pavimentação: materiais 247

seu peso molecular, 95% são hidrocarbonetos. Para ser usado, deve
ser aquecido.
„„ Asfaltos diluídos de petróleo (ADP): diluição de CAP em derivados
de petróleo para permitir a utilização à temperatura ambiente. Deno-
minação dada segundo a velocidade de evaporação do solvente:
■■ Cura rápida (CR) –solvente é a gasolina ou a nafta.
■■ Cura média (CM) –solvente é o querosene.
„„ Asfalto espuma: técnica de espumação especial do asfalto que consiste
em promover o aumento de volume do CAP por choque térmico, pela
injeção de um pequeno volume de água à temperatura ambiente, em um
asfalto aquecido. Tem como objetivo diminuir a viscosidade do asfalto
e melhorar a sua dispersão quando ocorre a mistura com agregados.
„„ Emulsões asfálticas (EAP): dispersão do CAP em água com o uso
de emulsificante. Existem vários tipos, identificados pelo tempo de
ruptura, pela carga da partícula e pela finalidade.

Propriedades físicas do asfalto


O asfalto é utilizado na pavimentação porque ele tem propriedades muito
importantes e úteis que são aplicadas no revestimento de uma camada de
pavimento. Você pode observar essas propriedades a seguir:

„„ Adesivo termoplástico.
■■ Passa do estado líquido ao sólido de maneira reversível.
■■ A colocação no pavimento se dá a altas temperaturas; por meio do
resfriamento, o CAP adquire as propriedades de serviço, o que reflete
em seu comportamento viscoelástico.
„„ Impermeável à água.
„„ Quimicamente pouco reativo (garante boa durabilidade).
248 Construção civil

Todas as propriedades físicas do asfalto estão associadas à sua temperatura. Em tem-


peraturas muito baixas, as moléculas não têm condições de se mover e a viscosidade
fica muito elevada, se comportando praticamente como um sólido. Com o aumento
da temperatura, essa situação é revertida e a movimentação das moléculas aumenta.
Essa transição é reversível.

Os principais ensaios para avaliar cimentos asfálticos são:

„„ Penetração: profundidade a que uma agulha de massa padrão penetra


numa amostra de volume padrão. A consistência do CAP é maior quanto
menor for a penetração da agulha.
„„ Viscosidade: medida da consistência do cimento asfáltico, por resistência
ao escoamento.
„„ Ponto de amolecimento: medida empírica que correlaciona a tempera-
tura na qual o asfalto amolece quando aquecido sob certas condições
particulares e atinge uma determinada condição de escoamento.
„„ Dutilidade: mede a capacidade do material de se alongar na forma de
um filamento, avalia indiretamente a coesão do asfalto.
„„ Solubilidade: mede a quantidade de betume presente na amostra de
asfalto. Uma amostra é dissolvida por um solvente, e a porção insolúvel
é constituída de impurezas.

Material para base, sub-base e reforço do


subleito
Os materiais para as camadas inferiores ao revestimento, quando compactados,
devem apresentar boa resistência, baixa deformabilidade e uma permeabilidade
que seja compatível com a função da camada na estrutura. Os materiais são
basicamente constituídos por agregados, solos e, eventualmente, aditivos como
cimento, cal e emulsão asfáltica, entre outros. A seguir você pode conhecer
os principais materiais para base, sub-base e reforço do subleito:
Pavimentação: materiais 249

„„ Granulares: não possuem coesão nem resistem à tração (brita graduada


simples, brita corrida, macadame hidráulico, misturas estabilizadas
granulometricamente).
„„ Solos coesivos: resistem à compressão e também à tração de pequena
magnitude graças à coesão dada pela fração fina (solo-agregado, solo
natural, solo melhorado com cal).
„„ Materiais estabilizados quimicamente ou cimentados: têm um acrés-
cimo significativo na rigidez, aumentando a resistência à tração e a
compressão.
„„ Materiais asfálticos: podem ser classificados como coesivos. A ligação
entre os agregados é dada pelo ligante asfáltico. Possui resistência à
tração maior que solos argilosos.

Brita graduada simples


Material largamente utilizado como base de pavimentos asfálticos. Possui
distribuição granulométrica bem graduada, com diâmetro máximo de 38 mm
e finos entre 3% e 9%. Essas características resultam em intertravamento do
esqueleto sólido e boa resistência. Os agregados são comumente derivados
de rochas britadas.

Macadame hidráulico
Material largamente utilizado na execução das primeiras rodovias do Brasil.
Trata-se de uma camada granular, composta por agregados graúdos, naturais
ou britados, cujos vazios são preenchidos em pista por agregados miúdos e
aglutinados pela água. A estabilidade é obtida por meio da compactação.
Dependendo do tipo de subleito, se deve utilizar uma camada de bloqueio, de
modo a evitar o cravamento do agregado graúdo no solo.

O macadame possui uma permeabilidade maior que a brita graduada simples. Se os


materiais forem bem selecionados e houver uma execução adequada, o macadame
apresenta alta resistência e baixa deformabilidade.
250 Construção civil

Solo-agregado estabilizado granulometricamente


O solo-agregado é uma mistura que contém britas, pedregulhos ou areia,
predominantemente. Inclui ainda silte, argila e material fino, ou seja, passante
na peneira 200. É possível dividir o solo-agregado em três tipos distintos,
como você pode observar a seguir:

a) Contato grão-grão: baixa densidade, permeável, não suscetível a mu-


danças devido à umidade, difícil compactação.
b) Finos preenchem os vazios: alta densidade, permeabilidade menor que
o tipo A, resistente, baixa deformabilidade, dificuldade moderada de
compactação.
c) Matriz de finos: baixa densidade, baixa permeabilidade, mistura é
afetada por variação de umidade, fácil compactação.

Para pavimentos, os mais utilizados são os tipos A e B, em que o contato grão-grão é


garantido. O solo tipo C é utilizado misturado com o B, sendo chamado de solo-brita
ou solo-areia.

Brita graduada tratada com cimento


Indicada para vias com alto volume de tráfego. Quando empregada em pavi-
mentos asfálticos, compõe o pavimento chamado de semirrígido, no qual a
base ou sub-base é cimentada e o revestimento é flexível.

Solo-cimento
Utilizado na década de 1960, quando as obras de pavimentação se estende-
ram para regiões com escassez de pedreiras. Estabiliza quimicamente o solo
com cimento Portland, empregando um percentual em massa de cimento da
ordem de 3% a 9%. Quanto maior essa porcentagem, maior o enrijecimento
do solo. Para utilização em camadas de base ou sub-base, o subleito deve ter
boa capacidade de suporte para que o solo-cimento seja compactado de forma
Pavimentação: materiais 251

eficiente. O solo melhorado por cimento é empregado principalmente para


alterar a plasticidade e melhorar a trabalhabilidade de certos solos em pista.

Solo-cal
Possui os mesmos objetivos do solo-cimento: enrijecimento ou aumento da
trabalhabilidade e redução da expansão. Aplicado preferencialmente em solos
argilosos e siltosos caulínicos. Funciona bem como sub-base ou reforço do
subleito.

Índice de suporte califórnia


O Índice de Suporte Califórnia (ISC) é a característica mais aceita para avaliar o com-
portamento de um solo (ou agregado) para emprego nas camadas granulares e no
subleito. É a relação percentual entre a pressão necessária para fazer penetrar um
pistão em uma amostra de solo e a pressão necessária para o mesmo pistão penetrar,
à mesma profundidade, em uma amostra padrão de pedra britada. Aqui, se avalia
indiretamente a resistência e a expansibilidade do solo.
A descrição desse ensaio é encontrada na norma do DNER: DNER-ME 049/94.

Existem duas normas do DNIT que abordam a execução da camada de reforço do


subleito e a camada de regularização do subleito.
252 Construção civil

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR NM 248:2003. Agregados


– Determinação da composição granulométrica. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.
BRASIL. Ministério dos Transportes. Departamento Nacional de Estradas e Rodagem.
DNER-ME 049/94. Brasília: MT, 1994.
BRASIL. Ministério dos Transportes. Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes. DNIT 137/2010-ES. Pavimentação – Regularização do subleito – Especi-
ficação de serviço. Brasília: MT, 2010.
BRASIL. Ministério dos Transportes. Departamento Nacional de Infraestrutura de
Transportes. DNIT 138/2010-ES. Pavimentação – Reforço do subleito – Especificação
de serviço. Brasília: MT, 2010.

Leitura recomendada
PEURIFOY, R. L. et al. Planejamento, equipamentos e métodos para a construção civil. 8.
ed. Porto Alegre: AMGH, 2015.
Conteúdo:
Dica do professor
A Dica do professor explica como fazer e interpretar uma curva granulométrica, indicativo de maior
importância na avaliação de um agregado.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Exercícios

1) Defina diâmetro efetivo, coeficiente de uniformidade e coeficiente de curvatura.

A) O diâmetro efetivo mede a finura do solo, corresponde a um diâmetro em que 50% das
partículas que compõem a amostra são inferiores a ele.

O coeficiente de uniformidade dá uma ideia da distribuição do formato das partículas do solo,


um coeficiente baixo (<15) indica que a amostra é composta, majoritariamente, por partículas
lamelares, enquanto que um coeficiente alto (<15) indica que existem partículas mais
arredondadas.

O coeficiente de curvatura dá uma medida da forma e da simetria da curva granulométrica,


quando bem graduada (valores entre 3 e 5) apresenta distribuição granulométrica contínua.

B) O diâmetro efetivo mede a finura do solo, corresponde a um diâmetro em que 10% das
partículas que compõem a amostra são inferiores a ele. O coeficiente de uniformidade dá uma
ideia da distribuição do tamanho das partículas do solo, um coeficiente baixo (<15) indica que
a amostra é composta, majoritariamente, por partículas com diâmetros parecidos entre si,
enquanto que um coeficiente alto (<15) indica que existem particulas de diversos diâmetros
compondo essa amostra. O coeficiente de curvatura dá uma medida da forma e da simetria da
curva granulométrica, quando bem graduada (valores entre 1 e 3), apresenta distribuição
granulométrica contínua.

C) O diâmetro efetivo mede a finura do solo e corresponde a um diâmetro em que 30% das
partículas que compõem a amostra são inferiores a ele. O coeficiente de uniformidade dá uma
ideia da distribuição do formato das partículas do solo, um coeficiente baixo (<15) indica que
a amostra é composta, majoritariamente, por partículas lamelares, enquanto que um
coeficiente alto (<15) indica que existem partículas mais arredondadas. O coeficiente de
curvatura dá uma medida da forma e da simetria da curva granulométrica, quando bem
graduada (valores entre 2 e 6), apresenta distribuição granulométrica contínua.

D) O diâmetro efetivo mede a finura do solo e corresponde a um diâmetro em que 20% das
partículas que compõem a amostra são inferiores a ele. O coeficiente de uniformidade dá uma
ideia da distribuição do tamanho das partículas do solo, um coeficiente baixo (<15) indica que
a amostra é composta, majoritariamente, por partículas com diâmetros parecidos entre si,
enquanto que um coeficiente alto (<15) indica que existem particulas de diversos diâmetros
compondo essa amostra. O coeficiente de curvatura dá uma medida da forma e da simetria da
curva granulométrica, quando bem graduada (valores entre 1 e 7) apresenta distribuição
granulométrica contínua.

E) O diâmetro efetivo mede a finura do solo e corresponde a um diâmetro em que 40% das
partículas que compõem a amostra são inferiores a ele. O coeficiente de uniformidade dá uma
ideia da distribuição do tamanho das partículas do solo, um coeficiente baixo (<15) indica que
a amostra é composta, majoritariamente, por partículas com diâmetros parecidos entre si,
enquanto que um coeficiente alto (<15) indica que existem particulas de diversos diâmetros
compondo essa amostra. O coeficiente de curvatura dá uma medida da forma e da simetria da
curva granulométrica, quando bem graduada (valores entre 5 e 7) apresenta distribuição
granulométrica contínua.

2) Dadas as seguintes informações sobre uma granulometria: D10 = 0,0018 mm D30 = 0,013
mm D60 = 0,055 mm, determine o coeficiente de uniformidade (CU) e o coeficiente de
curvatura (CC). Qual o significado desses resultados?

A) CU = 0,033; indica que o solo não é uniforme, não apresenta a maioria de suas partículas com
tamanhos em uma faixa estreita. CC = 1,71; indica que o solo é bem graduado, ou seja, a
distribuição do tamanho de partículas é proporcional, de forma que os espaços deixados pelas
partículas maiores sejam ocupados pelas menores.

B) CU = 7,22; indica que o solo é medianamente uniforme, ou seja, boa parte de suas partículas
apresentam tamanhos próximos entre si. CC = 1,71; indica que o solo é bem graduado, ou
seja, a distribuição do tamanho de partículas é proporcional, de forma que os espaços
deixados pelas partículas maiores sejam ocupados pelas menores.

C) CU = 30,55; indica que o solo não é uniforme, não apresenta a maioria de suas partículas com
tamanhos em uma faixa estreita. CC = 1,71; indica que o solo é bem graduado, ou seja, a
distribuição do tamanho de partículas é proporcional, de forma que os espaços deixados pelas
partículas maiores sejam ocupados pelas menores.

D) CU = 7,22; indica que o solo é medianamente uniforme, ou seja, boa parte de suas partículas
apresentam tamanhos próximos entre si. CC = 1,71; indica que o solo não é bem graduado, ou
seja, a distribuição do tamanho de partículas não é proporcional, de forma a não existir finos
suficientes para preencher os vazios deixados pelas partículas maiores.

E) CU = 1,71; indica que o solo é bem graduado, ou seja, a distribuição do tamanho de partículas
é proporcional, de forma que os espaços deixados pelas partículas maiores sejam ocupados
pelas menores. CC = 30,55; indica que o solo não é uniforme, não apresenta a maioria de suas
partículas com tamanhos em uma faixa estreita.
3) Quanto às características do Concreto Asfáltico de Petróleo, responda:

A) Ele é permeável.

B) Semissólido em temperatura alta.

C) Líquido em altas temperaturas.

D) Alta resistência à tração.

E) Viscoelástico em temperatura baixa.

4) Um dos ensaios laboratoriais mais importantes em um ligante asfáltico é o Ensaio de


Penetração, que tem por objetivo avaliar a consistência do asfalto, ou seja, a sua resistência
à inserção de um outro material. Esse ensaio, inclusive, serve como identificador do tipo de
Cimento Asfáltico de Petróleo (CAP): eles podem ser CAP 30-45, CAP 50-60, CAP 85-100 e
CAP 150-200. Os números indicam a faixa de penetração em milímetros, obtida por ensaio.
Dito isso, assinale a resposta que melhor sintetiza o ensaio.

A) O CAP é posto em um receptáculo com um tubo no fundo e aquecido, assim ele vai escoar
para dentro do tubo. A quantidade de milímetros que ele penetrar no tubo após 15 minutos é
o valor da penetração.

B) O ensaio mede a profundidade que uma esfera de densidade padrão penetra numa amostra
de volume padrão durante o período de 5 segundos.

C) O ensaio mede a profundidade que um cilindro de densidade padrão penetra numa amostra
de volume padrão durante o período de 5 segundos.

D) A penetração é uma medida empírica que correlaciona a temperatura na qual o asfalto


amolece quando aquecido sob certas condições particulares e atinge uma determinada
condição de escoamento, penetrando em estado viscoso numa régua de aferição.

E) O ensaio mede a profundidade que uma agulha de massa padrão penetra numa amostra de
volume padrão durante o período de 5 segundos.

5) O solo-agregado é uma mistura que contém britas, pedregulhos ou areia,


predominantemente, contendo silte e argila, material fino, ou seja, passante na peneira 200.
Esse tipo de solo é bastante utilizado para compor as camadas de base, sub-base e reforço
do subleito na pavimentação. Para melhor identificá-los, eles foram divididos em três tipos:
A, B e C. Quais as principais características do solo-agregado tipo B?
A) Ausência de material fino, alta densidade, permeabilidade menor que o tipo A, baixa
resistência, baixa deformabilidade, dificuldade moderada de compactação.

B) Existe contato grão-grão, baixa densidade, permeável, não suscetível a mudanças com a
umidade, difícil compactação.

C) Não existe contato grão-grão, baixa densidade, impermeável, não suscetível a mudanças com
a umidade, difícil compactação.

D) Finos preenchem os vazios, alta densidade, permeabilidade menor que o tipo A, resistente,
baixa deformabilidade, dificuldade moderada de compactação.

E) Matriz de finos: baixa densidade, baixa permeabilidade, a mistura é afetada por variação de
umidade, fácil compactação.
Na prática
Na prática, precisamos saber como avaliar o solo que compõe as camadas do pavimento com
índices técnicos, que nos permitam compará-las não só qualitativamente, mas com dados
numéricos que possam ser qualificados e comparados. A resposta é o ensaio de laboratório mais
difundido, o Índice de Suporte Califórnia (ou CBR, do inglês, Califórnia Bearing Ratio), que avalia a
resistência e a expansibilidade do solo.

Ou seja, ao se deparar com um resultado de CBR=10%, entende-se que aquele solo representa
10% da resistência à penetração da brita padronizada. O ensaio também permite a obtenção de
outro parâmetro importante relacionado com a durabilidade, que é o índice de expansibilidade do
solo, pois em uma etapa do ensaio, o solo é imerso em água por, no mínimo, quatro dias,
possibilitando a análise da expansão da amostra ensaiada.
Para o cálculo, são adotadas as pressões lidas entre as penetrações de 2,54 e 5,08 mm. O resultado
é determinado pela seguinte expressão:

CBR = PRESSÃO LIDA / PRESSÃO PADRÃO

A pressão padrão dada na expressão anterior é 6,90 e 10,35 MPa para as penetrações de 2,54 e
5,08 mm, respectivamente. Considera-se o resultado final aquele que obtiver o maior valor de CBR.

Podemos, entretanto, afirmar que os siltes, e outros solos expansíveis, apresentam baixos valores
de CBR, inferiores a 6%, enquanto solos finos em geral, incluindo solos arenosos, apresentam
valores de CBR entre 8% e 20%. Já os solos grossos, como os pedregulhos e as britas graduadas,
situam-se em patamares de 50% a 100%, podendo atingir valores mais elevados.

Como parâmetros de projeto, pisos e pavimentos rígidos requerem CBR > 8%, enquanto os
pavimentos flexíveis exigem valores de CBR > 12%.

Diferente dos índices de CBR, os índices de expansão não afetam diretamente no


dimensionamento de pisos e pavimentos, porém a sua avaliação é imprescindível, pois um solo
potencialmente expansivo poderá provocar manifestações patológicas irreparáveis.

Para uma energia de compactação grande, a curva de resistência será mais íngreme e os valores da
resistência maiores e, para uma menor energia de compactação, pelo contrário, as curvas serão
abatidas e as resistências menores.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Aprenda a fazer uma curva granulométrica no excel

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Veja o ensaio do Índice de Suporte Califórnia

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CBR TEST: California Bearing Ratio Test

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Reaproveitamento da areia de fundição como material de base e


sub-base de pavimentos flexíveis
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Pavimentação: Pavimentos flexível e
rígido

Apresentação
Você sabe a diferença entre o pavimento flexível e o pavimento rígido? De forma simples, ela
resume-se ao modo como as cargas que incidem no pavimento se distribuem ao longo de suas
camadas. Porém, para um aprendizado eficaz e interessante, é necessário entender o contexto no
qual essa diferenciação é importante.

Nesta Unidade de Aprendizagem, será exposta a importância do pavimento para a sociedade e


quais as camadas que compõem esse pavimento.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Definir a função de um pavimento.


• Diferenciar as camadas que compõem um pavimento.
• Identificar as diferenças entre um pavimento flexível e um pavimento rígido.
Desafio

Suponha que você se encontra na situação de um Engenheiro Civil que presta consultoria, e seu
trabalho é indicar qual tipo de pavimento e arranjo de camadas deve ser utilizado para as três
seguintes situações:

■ Uma faixa de uso exclusivo para transporte de carga pesada e ônibus.

■ Rodovia federal de quatro pistas, que interliga um grande centro a uma cidade-polo litorânea,
com forte atuação turística, com jazida de material granular de alta resistência abundante perto da
região em que será implantado o pavimento.

■ Reforma em via expressa de grande centro urbano, pavimentada com asfalto há oito anos.

Quais seriam as suas indicações? Justifique-as.


Infográfico
A classificação clássica dos pavimentos é entre rígidos e flexíveis, porém, desde que essa
classificação foi popularizada, já apareceram diversos tipos de novas propostas de composição de
camadas do pavimento e, com isso, surgiu a necessidade de uma classificação que identificasse
mais facilmente cada um. A diferença entre os tipos de classificação, seguidas de exemplos
ilustrativos, são os tópicos deste Infográfico.

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Conteúdo do livro
Esta Unidade de Aprendizagem traz a diferença entre o pavimento flexível e o rígido, mas, para
entender isso, é feita uma viagem no tempo de forma a contextualizar esse assunto com a
importância que o pavimento tem na sociedade e quais as suas funções. Dado esse ponto de
partida, você vai estudar as camadas que compõem o pavimento e, depois, por fim, vai saber
diferenciar a estrutura flexível da rígida.

Boa leitura!
CONSTRUÇÃO
CIVIL

Alessandra Martins Cunha


André Luís Abitante
Caroline Schneider Lucio
Lélis Espartel
Ronei Tiago Stein
Vinicius Simionato
C756 Construção civil / Alessandra Martins Cunha ... [et al.]. – Porto
Alegre : SAGAH, 2017.
352 p. : il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-048-1

1. Construção civil. 2. Indústria da construção. I. Cunha,


Alessandra Martins.

CDU 69

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


UNIDADE 3
Pavimentação:
pavimentos flexível e rígido
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Definir a função de um pavimento.


 Diferenciar as camadas que compõem um pavimento.
 Identificar as diferenças entre um pavimento flexível e um pavimento
rígido.

Introdução
Este texto busca apresentar a diferença entre o pavimento flexível e o
pavimento rígido. Essa diferença se resume, de forma simples, ao modo
como as cargas que incidem no pavimento se distribuem ao longo de
suas camadas. Porém, para um aprendizado eficaz e interessante, você
deve entender o contexto no qual essa diferenciação é importante. Para
isso, você irá compreender a importância do pavimento para a sociedade
e quais camadas o compõem.

Função de um pavimento
A engenharia caminha lado a lado com a vontade do homem de suprir suas
necessidades de forma mais prática e funcional. Ainda na época das caver-
nas, se demarcava o melhor caminho para conseguir acesso à água ou aos
campos de caça, de forma a poder ir e voltar mais rápido e sem se perder. A
necessidade de transitar com animais e carroças trouxe melhorias para esse
trajeto e, aos poucos, o homem começou a pensar em como melhorar suas
vias de acesso. Os usos dessas vias foram aumentando com o passar dos anos
234 Construção civil

e o desenvolvimento da sociedade, até o ponto em que também foi necessário


considerar questões militares e a ligação entre portos e cidades, por exemplo.
Assim, as estradas precisaram resistir à ação do tempo, continuar trafegáveis
mesmo após uma chuva ou uma grande época de seca. Nesse contexto, surgiu
a pavimentação, como uma forma de conservá-las.
Pavimentar uma via é uma obra civil que busca a melhoria operacional
para o tráfego, na medida em que é criada uma superfície mais regular – o que
garante mais conforto para o deslocamento de um veículo – e uma superfície
mais aderente – garantindo mais segurança em uma pista úmida ou molhada
(BALBO, 2007).

Nos dias atuais, a pavimentação tem uma função ainda mais ampla. Por meio de
rodovias, acontece em torno de 60% do transporte de cargas no Brasil. Também
é nas rodovias que morrem em média aproximadamente 40 mil pessoas por ano.
Apenas esses dois itens já indicam a grande importância que a pavimentação tem
para a sociedade atual.

Após esse contexto histórico, para que você comece a entender melhor o
que exatamente é um pavimento, é importante que conheça a sua definição,
dada por Bernucci et al. (2008, p. 9). Essa definição sumariza o que você já
aprendeu:

Pavimento é uma estrutura de múltiplas camadas de espessuras finitas,


construída sobre a superfície final de terraplenagem, destinada técnica e
economicamente a resistir aos esforços oriundos do tráfego de veículos e
do clima, e a propiciar aos usuários melhoria nas condições de rolamento,
com conforto, economia e segurança.
Pavimentação: pavimentos flexível e rígido 235

Existem muitas informações sobre a situação das rodovias brasileiras no site do Ministé-
rio dos Transportes. Basta acessar: <https://goo.gl/iyFtiR> para aprender, por exemplo,
que, das estradas existentes no Brasil, apenas 12% são pavimentadas.

As camadas do pavimento flexível


O pavimento é composto por camadas de diferentes materiais, que são so-
brepostas sobre a superfície final de terraplenagem, de forma a suportar os
esforços oferecidos pelo tráfego. Essa estrutura deve transmitir esforços de
maneira a aliviar pressões sobre as camadas inferiores. Cada camada possui
sua função específica, proporcionando aos veículos condições adequadas de
suporte e rolamento em qualquer condição climática (BALBO, 2007).
De forma abrangente, você pode identificar um pavimento por uma estrutura
composta pelas seguintes camadas:

a) Revestimento (superfície)
b) Base e sub-base
c) Subleito

A Figura 1 retrata as camadas genéricas de um pavimento. A seguir, você


irá conhecer detalhadamente as funções de cada camada.
236 Construção civil

Figura 1. Estrutura típica de um pavimento.


Fonte: Peurifoy et al. (2015).

Revestimento
Essa camada entra diretamente em contato com os veículos. Sua função é
receber as cargas estáticas ou dinâmicas sem sofrer grandes deformações
elásticas ou plásticas. Ela também deve transmitir essas cargas para as ca-
madas inferiores. Além disso, tem a função de impermeabilizar o pavimento,
melhorando assim as condições de rolamento.
Por razões técnicas e construtivas, o revestimento é dividido em duas ou
mais camadas, que você pode observar na Tabela 1.

Tabela 1. Camadas do revestimento.

Designação Definição

Camada de rolamento Camada superficial, em contato direto


com o tráfego e as ações climáticas;

Camada de ligação Camada intermediária, também em mistura asfáltica,


fica entre a camada de rolamento e a base;

Camada de Primeira camada na execução de reforço. Sua


nivelamento função é corrigir os desníveis da pista;

Camada de reforço Nova camada de rolamento, executada após


anos de uso do pavimento existente.

Fonte: Adaptado de Balbo (2007).


Pavimentação: pavimentos flexível e rígido 237

Base e sub-base
Essa é a primeira camada de absorção das cargas impostas pelo tráfego. Ela tem
a função de aliviar as pressões sobre as camadas de solo inferiores. Também
desempenha importante papel na drenagem superficial dos pavimentos. A
seguir, observe os principais tipos de bases:

a) Granulares
■ Naturais: cascalhos, saibros, solos lateríticos, lateritas, areias;
■ Solo-brita: mistura de solo e pedra britada;
■ Macadames: agregados graúdos de granulometria uniforme que,
após compressão, têm vazios preenchidos por material de enchi-
mento;
b) Estabilizadas
■ Solos estabilizados ou melhorados com cimento, cal, cinza volante
e cal, ou asfalto;
■ Brita tratada com cimento.

Porém, às vezes, a camada de base necessária para desempenhar satisfa-


toriamente essa função é muito espessa, tornando sua execução muito cara.
Para solucionar esse problema, se insere a sub-base, dividindo a base em duas
camadas, por razões construtivas e econômicas. A primeira camada é a base
propriamente dita e a segunda é a sub-base.

A sub-base é feita com material menos nobre, pois, como está abaixo da base, sofre a
ação de menores tensões, não necessitando ser tão resistente quanto ela.

Subleito
Cada camada de pavimento auxilia na amenização dos esforços que chegam ao
subleito, camada inferior à sub-base. Deve-se, portanto, ter maior preocupação
com seus estratos superiores, onde os esforços atuam com maior magnitude
(BALBO, 2007). O subleito geralmente é constituído pelo próprio material do
238 Construção civil

terreno, sendo transportado de acordo com as necessidades de corte e aterro,


porém devendo sempre ser compactado. Caso as camadas de base e sub-base
ainda sejam muito espessas ou o material do subleito tenha pouca qualidade,
existe a possibilidade de fatiar essas camadas com a inserção de um reforço do
subleito. Para isso, se executa sobre o subleito uma camada de solo de melhor
qualidade, de maneira a transmitir para ele pressões de menor magnitude. O
subleito também é a primeira camada em contato com o terreno terraplanado,
logo ele regulariza e prepara o leito que irá receber o pavimento.

Entre cada uma das camadas do pavimento que você acabou de conhecer, existe a
necessidade da aplicação de uma fina película de material betuminoso. Essa película
tem o objetivo de aumentar a coesão da superfície imprimada graças à penetração do
material betuminoso utilizado. A aplicação dessa fina película também é conhecida
como pintura asfáltica.
Se a camada também precisa ser impermeabilizada, se deve utilizar a imprimação
impermeabilizante. Ela deve ser executada com materiais que possuem baixa visco-
sidade na temperatura de aplicação e cura suficientemente demorada.

Pavimento flexível x pavimento rígido


Em linhas gerais, você pode classificar os pavimentos, de forma clássica, em
rígidos e flexíveis:

a) Rígidos: pavimentos poucos deformáveis, constituídos por um reves-


timento de concreto de cimento. Essas placas de concreto absorvem a
maior parte dos esforços, sendo assentadas diretamente sobre a sub-
-base. Elas rompem por tração na flexão quando sujeitas a deformações
(SENÇO, 2007).
b) Flexíveis: pavimentos com revestimento asfáltico sobre base granular.
São os mais utilizados no Brasil. Aceitam deformações, até um certo
limite, não levando ao rompimento. Dimensionados, normalmente, a
compressão e a tração na flexão.
Pavimentação: pavimentos flexível e rígido 239

A dificuldade maior de adotar essa classificação é a liberdade de usar


camadas flexíveis e rígidas em uma mesma estrutura de pavimento (SENÇO,
2007). Outra vertente identifica o pavimento de acordo com o seu revesti-
mento, sendo revestimento de concreto ou revestimento asfáltico. A principal
diferença entre ambos é que o revestimento asfáltico absorve a carga de forma
mais concentrada, nas proximidades do ponto de aplicação. Depois distribui,
de forma atenuada, essa carga para as camadas inferiores. O revestimento de
concreto, por sua vez, absorve a maior parte da carga sofrida, pois a carga é
distribuída ao longo de toda a dimensão da placa, impondo pressões reduzidas
sobre o subleito. Isso acontece porque a rigidez do concreto impede que ele
sofra maiores deformações, então ele acaba por distribuir a carga ao longo
da própria placa, o que aumenta sua capacidade de suporte. Já o pavimento
flexível aceita essa deformação, o que diminui sua capacidade de suporte,
mas aumenta sua maleabilidade, tornando possível que ele volte a seu estado
original após uma carga excessiva. Essa situação não ocorre com o revestimento
de concreto, que tende a trincar quando se encontra sob cargas excessivas.
Após o trincamento, ele não volta a ter as propriedades ótimas de quando foi
executado.

Em termos de custos de execução, os pavimentos flexíveis tendem a ser mais baratos,


entretanto necessitam de mais manutenção do que os pavimentos rígidos. No longo
prazo, o custo de execução de pavimentos rígidos é amortizado.

Há também os pavimentos semirrígidos, que possuem camadas flexíveis


e rígidas em uma mesma estrutura. Geralmente, a primeira camada é de
revestimento asfáltico e a segunda de concreto, seguidas pela sub-base e
pelo subleito. O semirrígido invertido coloca a base cimentada entre duas
camadas mais flexíveis. A seguir, você pode observar quadros que resumem
as estruturas usuais dos pavimentos:
240 Construção civil

Flexível
Revestimento
Base
Sub-base
Reforço
Subleito

Rígido
Placa de concreto
Sub-base
Subleito

Semirrígido tradicional
Revestimento
Base cimentada
Sub-base
Subleito

Semirrígido invertido
Revestimento
Base
Sub-base cimentada
Subleito

Figura 2.
Pavimentação: pavimentos flexível e rígido 241

1. Quais as principais ações a que está completamente com um


exposto um pavimento? material de mais qualidade
a) Cargas referentes ao tráfego acaba sendo muito custoso
de veículos de grande porte. financeiramente. Para solucionar
b) Cargas referentes ao tráfego isso, se implementa uma
de veículos de grande camada de sub-base, com
e pequeno porte. material de menos qualidade
c) Cargas referentes ao tráfego e mesma função da base.
de veículos e intempéries e) A sub-base é necessária para
provindas do clima. a segurança. Apenas a base
d) Enxurradas, ventanias e não garante estabilidade
deslizamentos de encostas. no pavimento.
e) Terremotos e aumento do 4. O que é pintura asfáltica?
nível do lençol freático. a) É a aplicação de uma fina
2. Quais as principais camadas de um película de material betuminoso,
pavimento flexível? entre o revestimento e a base,
a) Revestimento asfáltico, com o objetivo de aumentar a
base e subleito. coesão da superfície imprimada
b) Revestimento de concreto, graças à penetração do material
base e subleito. betuminoso utilizado.
c) Revestimento asfáltico, base b) É a aplicação de uma fina
de concreto e subleito. película de material betuminoso,
d) Revestimento asfáltico e subleito. entre todas as camadas, com o
e) Revestimento de concreto, objetivo de aumentar a coesão
sub-base e subleito. da superfície imprimada graças
3. Quando se faz necessária a aplicação à penetração do material
da camada de sub-base? betuminoso utilizado.
a) Quando não há material c) É a aplicação de uma fina película
disponível para compor a base. de material betuminoso, entre
b) Quando o subleito é constituído a base e a sub-base, com o
de material muito inferior. objetivo de aumentar a coesão
c) A sub-base é necessária da superfície imprimada graças
principalmente por questões de à penetração do material
logística, devido ao transporte betuminoso utilizado.
do material que sobra nos cortes d) É a aplicação de uma fina película
e aterros feito na estrada. de material betuminoso, entre a
d) A sub-base é necessária sub-base e o reforço do subleito,
principalmente por questões com o objetivo de aumentar a
econômicas. Quando a base coesão da superfície imprimada
fica muito espessa, preenchê-la
242 Construção civil

graças à penetração do material o revestimento de concreto


betuminoso utilizado. a repassa para as camadas
e) É a aplicação de uma fina película inferiores de forma mais pontual.
de material betuminoso, entre c) Ambas as camadas são pontuais,
o subleito e o leito, com o porém o revestimento de
objetivo de aumentar a coesão concreto passa direto para o
da superfície imprimada graças subleito, sem necessidade de
à penetração do material repassar para a sub-base. Já o
betuminoso utilizado. revestimento asfáltico repassa
5. Qual é a principal diferença, no que para: base, sub-base e subleito.
tange à distribuição de esforços, d) Ambas as camadas são
entre o revestimento asfáltico e o distribuídas, porém o
revestimento de concreto? revestimento de concreto passa
a) O revestimento de concreto direto para o subleito, sem
distribui de forma mais dispersa a necessidade de repassar para
carga por ele recebida, enquanto a sub-base. Já o revestimento
o revestimento asfáltico a repassa asfáltico repassa para: base,
para as camadas inferiores sub-base e subleito.
de forma mais pontual. e) Não há diferença no que tange
b) O revestimento asfáltico distribui a esforços, apenas a custos
de forma mais dispersa a carga de implantação. A resposta
por ele recebida, enquanto mecânica de ambos é idêntica.

BALBO, J. T. Pavimentação asfáltica: materiais, projeto e restauração. São Paulo: Oficina


de Texto, 2007.
BERNUCCI, L. B. et al. Pavimentação asfáltica: formação básica para engenheiros. Rio
de Janeiro: PETROBRAS, 2008. Disponível em: < http://www.ufjf.br/pavimentacao/
files/2011/08/Pavimenta%C3%A7%C3%A3o-Asf%C3%A1ltica-cap2.pdf>. Acesso em:
07 mar. 2017.
PEURIFOY, R. L. et al. Planejamento, equipamentos e métodos para a construção civil. 8.
ed. Porto Alegre: AMGH, 2015.
SENÇO, W. Manual de técnicas de pavimentação. São Paulo: Pini, 2007. v.1.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
Dica do professor
Esta Dica do professor expõe como a carga se distribui em pavimentos rígidos e flexíveis e,
também, mostra como eles reagem às solicitações de maiores magnitudes.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Exercícios

1) Quais as principais ações às quais está exposto um pavimento?

A) As cargas referentes ao tráfego de veículos de grande porte.

B) As cargas referentes ao tráfego de veículos de grande e pequeno porte.

C) Cargas referentes ao tráfego de veículos e intempéries provindas do clima.

D) Enxurradas, ventanias e deslizamentos de encostas.

E) Terremotos e aumento do nível de lençol freático.

2) Quais as principais camadas de um pavimento flexível?

A) Revestimento asfáltico, base e subleito.

B) Revestimento de concreto, base e subleito.

C) Revestimento asfáltico, base de concreto e subleito.

D) Revestimento asfáltico e subleito.

E) Revestimento de concreto, sub-base e subleito.

3) Quando se faz necessária a aplicação da camada de sub-base?

A) Quando não há material disponível para compor a base.

B) Quando o subleito é constituído de material muito inferior.

C) A sub-base é necessária, principalmente, por questões de logística, através do transporte do


material que sobra nos cortes e aterros feitos na estrada.

D) A sub-base é necessária, principalmente, por questões econômicas. Quando a base acaba


ficando muita espessa, preenchê-la completamente com um material de mais qualidade acaba
sendo muito custoso financeiramente. Para solucionar isso, é implementada uma camada de
sub-base, com material de qualidade inferior e mesma função da base.
E) A sub-base é necessária por segurança, apenas a base não garante estabilidade no pavimento.

4) O que é pintura asfáltica?

A) É a aplicação de uma fina película de material betuminoso entre o revestimento e a base, com
o objetivo de aumentar a coesão da superfície imprimada, graças à penetração do material
betuminoso utilizado.

B) É a aplicação de uma fina película de material betuminoso entre todas as camadas, com o
objetivo de aumentar a coesão da superfície imprimada, graças à penetração do material
betuminoso utilizado.

C) É a aplicação de uma fina película de material betuminoso entre a base e a sub-base, com o
objetivo de aumentar a coesão da superfície imprimada, graças à penetração do material
betuminoso utilizado.

D) É a aplicação de uma fina película de material betuminoso entre a sub-base e o reforço do


subleito, com o objetivo de aumentar a coesão da superfície imprimada, graças à penetração
do material betuminoso utilizado.

E) É a aplicação de uma fina película de material betuminoso entre o subleito e o leito, com o
objetivo de aumentar a coesão da superfície imprimada, graças à penetração do material
betuminoso utilizado.

5) Qual a principal diferença no que tange à distribuição de esforços entre o revestimento


asfáltico e o revestimento de concreto?

A) O revestimento de concreto distribui de forma mais dispersa a carga por ele recebida,
enquanto que o revestimento asfáltico a repassa para as camadas inferiores de forma mais
pontual.

B) O revestimento asfáltico distribui de forma mais dispersa a carga por ele recebida, enquanto
que o revestimento de concreto a repassa para as camadas inferiores de forma mais pontual.

C) Ambas as camadas são pontuais, porém o revestimento de concreto passa direto para o
subleito, sem necessidade de repassar para a sub-base, e o revestimento asfáltico não, ele
repassa para base, sub-base e subleito.

D) Ambas as camadas são distribuídas, porém o revestimento de concreto passa direto para o
subleito, sem necessidade de repassar para a sub-base, e o revestimento asfáltico não, ele
repassa para base, sub-base e subleito.
E) Não há diferença no que tange aos esforços, apenas aos custos de implantação. A resposta
mecânica de ambos é idêntica.
Na prática
O que levou a cidade de São Paulo a trocar 10,1 km de pavimentação flexível por pavimentação
rígida? Uma rápida abordagem sobre o histórico das estradas brasileiras aponta que o início da
pavimentação no Brasil se deu nos anos 1950, quando a nossa malha rodoviária pavimentada
saltou de 423 km para 968 km. Nos anos 1980, já eram mais de 47 mil quilômetros de rodovias
federais pavimentadas.

Por outra via, além de mais custoso e demorado, o pavimento rígido gerava um desconforto ao
rolamento por causa da presença de grandes aberturas de juntas. Pavimentos rígidos são feitos
com placas de concreto colocadas sobre uma mistura de britas e cimento.
Nos dias atuais, o pavimento rígido volta à pauta porque já existem técnicas construtivas que
aceleram sua execução, e o seu custo de implantação é equilibrado pelo baixo custo de
manutenção.

De acordo com profissionais da Soemeg, os pavimentos de corredores de ônibus são expostos ao


tráfego canalizado de um grande volume de veículos pesados e a baixas velocidades. Na região das
paradas, a situação é agravada pelo acréscimo de tensões causadas por frenagem e partidas dos
veículos.

Por fim, conclui-se que o pavimento rígido em concreto é recomendado para vias de tráfego
pesado, como corredores de ônibus, nas quais a aplicação dos picos de carga não têm altas
variações e, dificilmente, passará algo mais pesado que um grande ônibus lotado. A execução
necessita de um maior aporte financeiro, pois tem um custo maior em comparação ao asfalto.

Esse custo inicial mais alto é balanceado por uma vida útil mais longa e com menos intervenções
para manutenção, o que influencia em outros ganhos indiretos, como uma via sem bloqueios e
intervenções por bastante tempo. Também se evitam patologias comuns em pavimentos asfálticos
com alto tráfego, como as trilhas de rodas e escorregamentos laterais.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Vantagens e desvantagens do pavimento flexível e do rígido

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Entenda por que não existe um asfalto à prova de buracos

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Revestimentos: técnicas
construtivas

Apresentação
Os revestimentos são utilizados visando basicamente a proteção e o acabamento de superfícies.
Mas existem alguns cuidados em se tratando do assentamento dos revestimentos cerâmicos. É
comum ocorrer perdas em função da estocagem e do armazenamento incorretos dos materiais, da
falta de paginação que prejudica o corte das peças ou até mesmo do assentamento incorreto,
sendo necessário refazer o serviço.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar algumas técnicas de aplicação dos
revestimentos cerâmicos que auxiliam o correto assentamento das peças, a fim de evitar gastos
desnecessários e incômodos futuros.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar os principais tipos de argamassas e juntas para revestimentos.


• Relacionar os cuidados necessários para a compra e o armazenamento dos revestimentos
cerâmicos.
• Reconhecer as técnicas de aplicação tanto horizontal quanto vertical dos revestimentos.
Desafio
A etapa de revestimento é fundamental em uma obra, pois além de prevenir infiltrações, favorece o
embelezamento da edificação. Em se tratando de revestimentos cerâmicos, existe uma vasta gama
de materiais, com diferentes texturas, formatos e cores.

Você, como engenheiro/arquiteto responsável por uma obra, terá que mediar as exigências do
cliente com as propriedades corretas das cerâmicas para cada ambiente da obra, a fim de evitar
equívocos que possam trazer transtornos futuros.

Descreva os cuidados necessários para o assentamento correto de um piso cerâmico, abordando os


seguintes critérios:

1. Apresentar fotografias (ao menos duas) do local antes e depois da colocação do revestimento
cerâmico no piso. Não necessariamente a colocação das peças cerâmicas precisa estar concluída.

2. Como será feita a paginação das peças cerâmicas?

3. Quais propriedades foram levadas em conta na escolha do piso cerâmico?

4. Qual o tamanho das peças cerâmicas e qual o espaçamento das juntas?

O objetivo final é a elaboração de um relatório básico, relatando como ocorreu o assentamento das
peças cerâmicas.
Infográfico
O Infográfico a seguir apresenta um esquema referente ao revestimento de cerâmicas. Desde a
compra dos materiais até a etapa final - ou seja, o rejunte das peças -, devem ser tomados alguns
cuidados a fim de evitar problemas futuros.
Conteúdo do livro
Neste capítulo, você vai estudar as diferentes técnicas construtivas referentes aos revestimentos
cerâmicos. Existe uma variedade imensa de fabricantes e produtos cerâmicos, e nem sempre o
preço baixo é sinônimo de economia. A uniformidade das placas cerâmicas deve ser um fator
relevante na escolha.

Para evitar perdas, adotar a forma adequada de armazenar esses materiais antes do início do
assentamento também é fundamental. Tanto em revestimentos verticais quanto horizontais, a
colocação das peças exige alguns cuidados, que vão desde a preparação da base até o
assentamento propriamente dito. Leia do tópico Argamassas para revestimento até o tópico
Revestimento na horizontal.

Boa leitura.
CONSTRUÇÃO
CIVIL

Alessandra Martins Cunha


André Luís Abitante
Caroline Schneider Lucio
Lélis Espartel
Ronei Tiago Stein
Vinicius Simionato
C756 Construção civil / Alessandra Martins Cunha ... [et al.]. – Porto
Alegre : SAGAH, 2017.
352 p. : il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-048-1

1. Construção civil. 2. Indústria da construção. I. Cunha,


Alessandra Martins.

CDU 69

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


Revestimentos: técnicas
construtivas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar os principais tipos de argamassas e juntas para revestimentos.


 Atentar para os cuidados necessários na compra dos revestimentos
cerâmicos e no armazenamento dos mesmos.
 Reconhecer as técnicas de aplicação dos revestimentos tanto hori-
zontais quanto verticais.

Introdução
Você já deve saber que os revestimentos são utilizados visando basica-
mente à proteção e ao acabamento de superfícies. Mas existem alguns
cuidados necessários para o assentamento dos revestimentos cerâmicos.
É comum ocorrerem perdas, seja pela estocagem e pelo armazenamento
incorreto dos materiais, seja pela falta de paginação. Assim, podem haver
perdas excessivas devido ao corte de peças, ou até mesmo pelo assen-
tamento incorreto, sendo necessário refazer o serviço.

Argamassas para revestimento


Como você já sabe, os diferentes tipos de revestimentos são utilizados na cons-
trução civil visando basicamente à proteção e ao acabamento de superfícies,
tanto verticais como horizontais, de uma edifi cação ou obra de engenharia.
Ao tratar dos revestimentos na construção civil, é imprescindível que você
considere o revestimento de argamassa. Segundo a ABNT NBR
13529:2013, ele consiste no cobrimento de uma superfície com uma ou
mais camadas superpostas de argamassa, aptas a receber acabamento
decorativo ou a se constituir em acabamento final.
Revestimentos: técnicas construtivas 219

A argamassa é uma mistura de cimento, areia e água. Existem diferentes


tipos, com variação principalmente no consumo desses três elementos, os quais
alteram a aderência e a retenção de água. Com relação à argamassa colante
industrializada, se deve respeitar o local e o tipo de argamassa. Observe:

 AC-I: é uma argamassa resistente a solicitações mecânicas típicas


de revestimentos internos, com exceção daquelas aplicadas em áreas
especiais, como saunas, churrasqueiras, estufas e outras.
 AC-II: pode ser utilizada tanto em ambientes internos quanto em
ambientes externos. As suas propriedades permitem o uso em áreas
externas, pois têm a capacidade de absorver as variações de tempera-
tura, umidade e ação do vento dos revestimentos cerâmicos e de pisos.
Desse modo, pode ser utilizada para revestimento externo de paredes
e fachadas, pisos em áreas externas, assentamento de revestimento de
piscinas de água fria e pisos cerâmicos industriais ou de área pública.
 ACIII: é indicada para condições de altas exigências, como revesti-
mentos de saunas, piscinas, estufas, assentamento de revestimentos
cerâmicos em fachadas; enfim, locais onde o risco de queda por peças
é maior.

As argamassas para rejuntamento possuem a finalidade de preencher as


juntas entre placas cerâmicas, visando a proporcionar um melhor acabamento
ao sistema cerâmico. A seguir, você pode conhecer os tipos mais comuns de
juntas:

 Estrutural: é o espaço regular entre estruturas, cuja função é aliviar


tensões provocadas pela movimentação do concreto.
 De assentamento: a junta de assentamento é utilizada no espaço regular
existente entre duas placas cerâmicas. As juntas entre peças absorvem
parte das deformações do revestimento cerâmico. Permitem também que
as diferenças dimensionais entre peças ou placas sejam compensadas.
Além disso, facilitam eventuais trocas de placas cerâmicas, evitando que
outras sejam danificadas. Para as juntas de assentamento, se utilizam
espaçadores de plástico, pregos ou palitos.
 De movimentação: é o espaço regular que define divisões da superfície
revestida com placas cerâmicas. Sua função é permitir o alívio de tensões
originadas pela movimentação da base onde é aplicado o revestimento
ou pela própria expansão das placas cerâmicas. Em se tratando de piso
e paredes internas, a junta de movimentação deve ser usada a cada
220 Construção civil

32 m² ou quando uma das dimensões for maior que 8 m. Já para pisos


externos, deve ser utilizada a cada 20 m² ou quando uma das dimensões
for maior que 4 m. Já para paredes externas, se deve utilizar a junta a
cada 3 m na horizontal e a cada 6 m na vertical.
 De dessolidarização: utilizada em mudanças de planos (quinas de
paredes tanto internas quanto externas) e perímetro das áreas reves-
tidas. É o espaço regular, cuja função é subdividir o revestimento do
piso para aliviar tensões provocadas pela movimentação da base ou do
próprio revestimento.

Cuidados prévios necessários


A seguir, você pode observar alguns cuidados necessários antes do início do
assentamento de pisos cerâmicos, azulejos e porcelanatos.

Cuidados com os materiais


A escolha do revestimento cerâmico, além de considerar beleza, conforto,
praticidade e propriedades que garantam a qualidade, deve envolver os se-
guintes cuidados:

1. Sempre deve haver uma sobra dos revestimentos cerâmicos. É impres-


cindível que se tenha no mínimo 5% de peças reservas. Essa sobra é
necessária pois é muito comum ocorrerem trocas e reparos de cerâmicas,
tanto ao longo da obra como na manutenção com o passar do tempo.
2. Todas as peças cerâmicas devem ser compradas de uma única vez, pois
existem variações das peças de acordo com cada lote de fabricação,
principalmente na tonalidade de cores. Em obras maiores, como prédios,
as compras podem ser divididas por apartamentos ou andares, mas é
imprescindível não misturar os lotes.
3. É fundamental ler as recomendações dos fabricantes dos materiais a
serem usados, pois existe uma vasta gama de produtos no mercado. É
necessário saber para quais ambientes o produto é indicado (interno/
externo) e quais as recomendações para seu uso. Por exemplo, ambientes
expostos a altas temperaturas exigem argamassas mais resistentes,
rejuntes especiais e de espessuras maiores do que os usados em ambien-
tes internos, uma vez que ocorre uma maior dilatação térmica desses
materiais naqueles locais.
Revestimentos: técnicas construtivas 221

4. O local e a forma com que os materiais ficarão estocados devem ser


considerados. As embalagens das cerâmicas (normalmente há cinco
peças em cada caixa) precisam estar íntegras. Caso contrário, se corre
o risco de danificar as mesmas (ocorrer arranhões ou lascar a peça)
ou até mesmo de haver quebra total das cerâmicas. Deve-se planejar
onde as embalagens serão armazenadas, a fim de evitar ter que realocá-
-las antes do uso, prejudicando o andamento da obra e a logística de
funcionamento.

Caso seja necessário fazer o empilhamento de caixas, se deve ler no rótulo de cada
cerâmica a capacidade máxima, para evitar quebras. As argamassas, por sua vez, devem
ficar armazenadas em local seco.

Condições para o início do serviço


Antes do início do assentamento das peças cerâmicas, é preciso haver a pa-
ginação. Ou seja, é necessário analisar e estudar como será o padrão ou o
desenho do piso cerâmico. A partir daí, se deve definir como será a instalação
e o assentamento. Caso não haja um projeto de paginação, você deve conversar
com o profissional que fará o serviço, explicando os detalhes. Se necessário,
você pode fazer um desenho de como deverá ficar a colocação, após concluída.
A paginação deve levar em conta:

 As dimensões de cada peça de revestimento, evitando excessos de cortes


das peças e consequentes perdas na hora da instalação.
 Distribuição dos cortes que deverão ser feitos nas peças. As inteiriças
devem ficar nos espaços de circulação mais intensa, enquanto as cor-
tadas ficam reservadas para embaixo de móveis e cantos.
 Tipo do piso e seu rodapé, ajudando a corrigir defeitos nas juntas das
paredes com o chão.
 Pisos com padrões e detalhes, pois demandam um planejamento mais
minucioso para evitar a desvalorização do desenho que formam e que
está cheio de potencial decorativo.
222 Construção civil

De acordo com a Norma ABNT NBR 8214:1983, a qual trata sobre o


assentamento de azulejos, a disposição de assentamento indicada pode ser
em diagonal (A), com junta a prumo (B) ou em amarração (C). Você pode
observar isso na Figura. 1.

Figura 1. Disposição de assentamento dos azulejos.


Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (1983).

Já para os pisos cerâmicos, de acordo com a Norma ABNT NBR


13753:2015, a disposição de assentamento indicada é apresentada na Figura
2.

Figura 2. Disposição de assentamento de pisos com placas cerâmicas.


Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2015).
Revestimentos: técnicas construtivas 223

Após estar com a paginação concluída, e para garantir a total segurança


no assentamento dos revestimentos cerâmicos, você deve:

 Conferir se os pontos de água e esgoto não apresentam nenhum


vazamento.
 Verificar se as caixas de luz já estão em suas posições corretas. De pre-
ferência, a enfiação ou o arame guia (conduítes entupidos ou avariados
provocam retrabalhos custosos) deve ter sido passado.
 Testar o sistema de impermeabilização, principalmente em ralos, cantos
e quinas.

No assentamento, você deve observar a execução de juntas entre as peças, de acordo


com a Norma ABNT NBR 8214:1983. Ela estabelece as dimensões mínimas de acordo
com as dimensões das peças cerâmicas utilizadas. Essas juntas se fazem necessárias para
impedir a propagação de tensões entre as peças. Elas também favorecem os ajustes no
perfeito alinhamento, a fim de que compensem eventuais diferenças de dimensões.
No caso de porcelanatos, se recomenda rejunte à base de resina para garantir o
preenchimento das juntas. As Tabelas 1 e 2, a seguir, estabelecem o mínimo necessário
de espaçamento de junta.
224 Construção civil

Tabela 1. Dimensão indicada das juntas para azulejos e ladrilhos.

Dimensão indicada
Material cerâmico Dimensão para juntas (mm)

Azulejos 15x15 1,5

15x20 2,0

Ladrilhos 7,5x15 2,0

15x15 2,0

15x20 2,0

20x20 2,0

20x30 3,0 a 5,0

30x30 3,0 a 5,0

20x40 5,0 a 10,0

Fonte: Adaptada de Associação Brasileira de Normas Técnicas (1983).

Tabela 2. Dimensão indicada das juntas para porcelanatos.

Porcelanato
Junta mínima (mm)

Tipo de rejunte Não retificado Retificado

À base de material cimentício 6 4

À base de resina 4 2

Fonte: Gail Arquitetura em Cerâmica (2017).

Cuidados no assentamento de revestimentos


cerâmicos
A seguir, você conhecerá algumas técnicas construtivas para o assentamento
de revestimentos na vertical e na horizontal.
Revestimentos: técnicas construtivas 225

Revestimentos na vertical
Os revestimentos na vertical, como paredes, envolvem algumas etapas bási-
cas. Após o término da base, a primeira etapa de revestimento é o chapisco,
entendido como uma fase de preparação da base a fim de torná-la mais rugosa
e homogênea à absorção de água. Observe os tipos de chapiscos mais comuns
a seguir. Na Figura 3, você pode ver estas técnicas ilustradas.

 Tradicional: consiste no lançamento vigoroso de uma argamassa fluida


sobre a base, utilizando-se uma colher de pedreiro. Essa argamassa
fluida é produzida com cimento e areia grossa em proporções que
variam de 1:3 a 1:5.
 Industrializado: aplicado sobre a base, sendo feito com uma argamassa
industrializada específica para esse fim. É necessário acrescentar so-
mente água. Sua aplicabilidade deve ser feita com auxílio de desem-
penadeira denteada.
 Rolado: obtido por meio da mistura de cimento e areia, com adição de
água e aditivo, usualmente de base PVA, sendo seu uso principalmente
interno. Pode ser aplicado tanto na estrutura como na alvenaria, com
auxílio de um rolo para textura acrílica.

Figura 3. Tipos de chapiscos mais utilizados: tradicional (A), industrializado (B) e rolado (C).
Fonte: Adaptada de Comunidade da Construção (2017).

Após a etapa de chapisco estar concluída, se inicia o emboço. Essa é a


camada de argamassa aplicada visando ao acabamento final. Em seguida,
se realiza o reboco. Ele nada mais é do que uma fina camada de argamassa
aplicada sobre o emboço.
226 Construção civil

O reboco pode ser a camada final ou, se necessário, algum outro revestimento cerâmico
poderá ser aplicado. Porém, se deve esperar sete dias após a execução do reboco/
emboço para o assentamento dos azulejos na parede, pois esse é o tempo de cura
da massa.

Revestimento na horizontal
A seguir você irá conhecer algumas técnicas construtivas para revestimentos na
horizontal, como nos pisos. Esses são compostos basicamente por contrapiso,
camada de regularização e piso cerâmico, conforme você pode ver na Figura 4.

Figura 4. Etapas dos revestimentos horizontais.


Fonte: Faz Fácil Reforma e Construção (2017).

O contrapiso é uma camada de argamassa lançada sobre uma base (laje


estrutural ou lastro de concreto) para regularização. A espessura varia de 2 a
8 cm, dependendo da função. A seguir, observe alguns cuidados necessários
na execução do contrapiso:

 Verificar os níveis: banheiros devem estar em nível inferior ao dos


demais ambientes (Exemplo: 1 cm mais baixo).
Revestimentos: técnicas construtivas 227

 Conferir se há caimentos d’água: se empoçar água, se deve consertar


antes de executar o piso.
 Esperar o contrapiso secar: o ideal é colocar o revestimento cerâmico
14 dias após a finalização do contrapiso. Isso garante que ele estará
endurecido e não vai sofrer deslocamentos ou retrações.
 Verificar se o contrapiso não está solto: por meio de batidas, se pode
ouvir se não há sons de cavidades ocas (verificação acústica).
 Verificar os detalhes para colocação de soleiras: as soleiras geralmente
possuem espessura maior que o piso, por isso é necessário fazer um
rebaixamento onde serão colocadas.

Se for necessário, deve haver a impermeabilização do contrapiso.

A camada de regularização é empregada quando a base se apresentar


irregular, de maneira que não possa atender aos limites para a espessura da
camada de assentamento. Ela também é usada quando houver necessidade de
corrigir a declividade da base para atingir o caimento especificado para o piso.
Após os revestimentos horizontais e verticais estarem concluídos, se inicia
o assentamento das peças cerâmicas. As técnicas para assentamento de ambas
são similares. A seguir, você pode observar alguns cuidados necessários, de
acordo com Gail Arquitetura em Cerâmico (2017).

 Preparar a argamassa com misturador mecânico limpo, adicionando


água na quantidade recomendada na embalagem do produto, até que
seja verificada homogeneidade da mistura. A quantidade de argamassa
a ser preparada deve ser suficiente para um período de trabalho de no
máximo 30 minutos.
 Caso o ambiente esteja excessivamente seco e quente, umedecer a
superfície do contrapiso ou parede, com o auxílio de uma brocha, tendo
o cuidado de não molhar demasiadamente e nem deixar saturada.
228 Construção civil

Existem duas técnicas para a aplicação da cerâmica: colagem simples (a argamassa é


aplicada apenas na placa cerâmica) e dupla colagem (a argamassa é aplicada tanto
na placa cerâmica como no substrato). A Norma ABNT NBR 13753:2015 ressalta que
é obrigatória a aplicação de dupla colagem quando o revestimento tiver garras em
seu tardoz (verso) com profundidade acima de 1 mm e quando o revestimento tiver
uma área superior a 900 cm2. A Figura 5 mostra o sistema de dupla colagem.

Figura 5. Técnica de aplicação dupla colagem.


Fonte: Gail Arquitetura em Cerâmica (2017).

 Assentar as placas cerâmicas com argamassa colante a no máximo 1 m²,


evitando a secagem superficial da argamassa, a formação de pele ou a
existência de “espaços ocos”, prejudicando a aderência e diminuindo a
resistência mecânica. Recomenda-se utilizar um martelete de borracha
para auxiliar o assentamento das placas cerâmicas.
 Remover todos os excessos de argamassa de assentamento que tenham
ficado entre as placas cerâmicas no mesmo dia ou logo no dia seguinte.
Nunca deixar para retirar essa argamassa depois que ela tiver secado
Revestimentos: técnicas construtivas 229

ou endurecido completamente. Para a aplicação do rejunte, as juntas


precisam estar sem sujeiras e limpas da argamassa colante. É comum
ocorrer ruptura e descolamento de rejunte quando as juntas ficam rasas
ou com pouca profundidade.
 Esperar, como é recomendável, 72 horas para a secagem da argamassa
de assentamento. Só depois iniciar o rejuntamento e liberar o tráfego
de pessoas. Esse prazo pode ser menor se for usada argamassa especial
de pega rápida.
 Respeitar as juntas de dilatação/movimentação ou programadas já
existentes.
 Antes de começar o rejuntamento, verificar se há placas cerâmicas mal
assentadas. Com auxílio de um cabo de martelo, se pode bater sobre as
placas. Um som cavo (oco) é sinal de falta de argamassa ou má com-
pactação. Nesse caso, as placas devem ser substituídas imediatamente.

Avaliar o alinhamento das peças cerâmicas é fundamental. Os critérios de aceitação


são muito relativos e variam de acordo com o material. Para um porcelanato retificado
com rejunte de 2 mm, por exemplo, distorções acima de 1 mm já são perceptíveis.
Em contrapartida, em cerâmicas com rejunte de 5 mm, distorções maiores 2 ou 3 mm
podem passar despercebidas. Você deve sempre levar em conta a qualidade das peças.
Também precisa desconfiar de cerâmicas muito baratas ou porcelanatos importados,
pois as peças acabam vindo com tamanhos diferentes.
Observe se existem peças fora do plano de aplicação do revestimento. Uma técnica
simples e eficaz é passar um objeto (como um cartão de crédito) nas juntas e perceber
se ele enrosca por conta do desnivelamento das peças.
230 Construção civil

1. Entre as alternativas a seguir, qual acidentes que possam ocorrer,


está correta com relação às juntas e como trocas e reparos das peças.
suas diferentes tipologias? b) É fundamental comprar os
a) A junta estrutural possui a revestimentos cerâmicos em
função de aliviar as cargas lojas ou fornecedores diferentes,
provocadas pela movimentação pois há uma grande variação
das peças cerâmicas. de preço entre as empresas.
b) A junta de assentamento possui c) É fundamental ler as
a função de permitir o alívio recomendações dos
de tensões originadas pela fabricantes dos materiais a
movimentação da base onde serem usados, pois existe
é aplicado o revestimento uma vasta gama de produtos
ou pela própria expansão no mercado e é necessário
das placas cerâmicas. saber para quais ambientes
c) A junta de dessolidarização não cada um deles é indicado.
deve ser utilizada em mudanças d) É imprescindível que o local
de planos (quinas de paredes onde os materiais ficarão
tanto internas quanto externas) e estocados até o início das
perímetro das áreas revestidas. obras seja limpo e seco. A fim
d) Em pisos e paredes internas, a de facilitar a retirada deles e
junta de movimentação deve ser organizar melhor os espaços,
usada a cada 32 m2 ou quando se deve sempre empilhar
uma das dimensões for maior as caixas com cerâmicas.
que 8 m. Já para pisos externos, e) Em obras de grande porte, após
ela deve ser utilizada a cada a compra dos revestimentos
20 m2 ou quando uma das cerâmicos, a construtora deve
dimensões for maior que 4 m. exigir a entrega em um único
e) Não há necessidade de se adotar frete da empresa fornecedora.
juntas de dilatação em paredes 3. Referente à paginação dos
externas, pois os azulejos revestimentos cerâmicos,
apresentam alta resistência indique a alternativa correta.
em comparação aos pisos. a) A ABNT NBR 8214:1983 comenta
2. Qual alternativa traz sobre os tipos de pisos e a
informações corretas sobre os disposição do assentamento.
cuidados necessários com os b) O tamanho da peça não interfere
materiais antes do início do na escolha da paginação.
assentamento das cerâmicas? c) Deve-se necessariamente evitar
a) Deve-se prever a compra de duas peças cerâmicas que apresentem
peças a mais dos revestimentos desenhos ou imagens.
cerâmicos. Isso se deve a
Revestimentos: técnicas construtivas 231

d) Possui a função de prever limpo, adicionando água na


os cortes nas peças. quantidade recomendada na
e) Caso não haja um projeto de embalagem do produto.
paginação, se deve sempre b) Existem duas técnicas de
verificar o rótulo do revestimento aplicação da cerâmica, a
cerâmico escolhido, pois ele simples colagem e a dupla
apresenta detalhadamente colagem. Mas, de acordo com
uma prévia de como ficará a ABNT NBR 13753:1996, se
o piso após concluído. deve sempre optar pela dupla
4. Deve ser aplicada sobre a base, colagem, pois ela garante
sendo feita com uma argamassa muito mais segurança à obra.
industrializada específica para esse c) As placas cerâmicas com
fim, à qual é necessário acrescentar argamassa colante devem ser
somente água. A que essa assentadas no máximo de 3 m2.
afirmação se refere? d) É indicado aplicar o rejunte,
a) Chapisco tradicional. mesmo que as juntas estejam
b) Chapisco industrializado. sujas com argamassa de
c) Chapisco rolado. assentamento, pois dessa
d) Emboço. forma irá ocorrer economia
e) Reboco. da argamassa de rejunte.
5. Marque a alternativa correta sobre e) Caso se verifique a ocorrência
as técnicas de aplicação dos de placas cerâmicas mal
revestimentos cerâmicos. assentadas, não há problemas,
a) A argamassa deve ser pois a argamassa de rejunte
preparada com auxílio irá resolver o problema.
de misturador mecânico
232 Construção civil

Associação Brasileira de Normas Técnicas. ABNT NBR 8214:1983. Assentamento de


azulejos – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 1983.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 13529:2013. Revestimento
de paredes e tetos de argamassa inorgânica. Rio de Janeiro: ABNT, 2013.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 13753:2015. Revestimento
de piso interno ou externo com placas cerâmicas e com utilização de argamassa
colante – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.
COMUNIDADE DA CONSTRUÇÃO. Revestimento de argamassa. [S.l.]: Comunidade da
Construção, 2017. Disponível em: <http://www.comunidadedaconstrucao.com.br/
sistemas-construtivos/4/ caracteristicas/o-sistema/61/caracteristicas.html>. Acesso:
24 fev. 2017.
FAZ FÁCIL REFORMA E CONSTRUÇÃO. Como fazer o contrapiso! Mais sobre o assenta-
mento do piso! [S.l.]: Faz Fácil Reforma e Construção, 2017. Disponível em: http://www.
fazfacil.com.br/reforma-construcao/ como-fazer-contrapiso/2/. Acesso: 24 fev. 2017.
GAIL ARQUITETURA EM CERÂMICA. Manual de execução: pisos. Guarulhos: Gail Ar-
quitetura em Cerâmica, 2017. Disponível em: <http://www.gail.com.br/site/uploads/
catalogos/GAIL_Manual_tecnico_execucao_pisos.pdf>. Acesso: 24 fev. 2017.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
Dica do professor
Realizar o correto assentamento dos revestimentos cerâmicos e adquirir produtos de qualidade são
fundamentais para se evitar patologias. Vejamos as principais patologias associadas aos
revestimentos cerâmicos.

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Exercícios

1) Dentre as alternativas a seguir, qual está correta em se tratando de juntas e suas diferentes
tipologias?

A) A junta estrutural possui a função de aliviar as cargas provocadas pela movimentação das
peças cerâmicas.

B) A junta de assentamento possui a função de permitir o alívio de tensões originadas pela


movimentação da base onde é aplicado o revestimento ou pela própria expansão das placas
cerâmicas.

C) A junta de dessolidarização não deve ser utilizada em mudanças de planos (quinas de paredes
tanto internas quanto externas) e perímetro das áreas revestidas.

D) Em se tratando de piso e parede internos, a junta de movimentação deve ser usada a cada 32
m2 ou quando uma das dimensões for maior que 8 m. Já para pisos externos, a junta deve ser
utilizada a cada 20 m2 ou quando uma das dimensões for maior que 4 m.

E) Não há necessidade de se adotar juntas de dilatação em paredes externas, pois os azulejos


apresentam alta resistência em comparação aos pisos.

2) Qual alternativa está correta em relação aos cuidados necessários com os materiais antes do
início do assentamento das cerâmicas?

A) Deve-se prever a compra de duas peças a mais dos revestimentos cerâmicos, pensando-se
nos acidentes que possam ocorrer, como trocas e reparos das peças.

B) É fundamental comprar os revestimentos cerâmicos em lojas diferentes ou fornecedores


diferentes, pois há uma grande variação de preço entre as empresas.

C) É fundamental ler as recomendações dos fabricantes dos materiais a serem usados, pois
existe uma vasta gama de produtos no mercado e é necessário saber para quais ambientes o
produto é indicado.

D) É imprescindível que o local onde os materiais ficam estocados até o início das obras seja
limpo e seco. A fim de facilitar a retirada desses materias e organizar melhor os espaços,
deve-se sempre empilhar as caixas com cerâmicas.
E) Em obras de grande porte, após a compra dos revestimentos cerâmicos, a construtora deve
exigir a entrega em um único frete à empresa fornecedora.

3) Referente à paginação dos revestimentos cerâmicos, indique a alternativa correta.

A) A NBR 8214 (ABNT, 1983) comenta sobre os tipos de pisos e a disposição do assentamento.

B) O tamanho da peça não interfere na escolha da paginação.

C) Deve-se evitar peças cerâmicas que apresentam desenhos ou imagens.

D) Possui a função de prever os cortes nas peças.

E) Caso não haja um projeto de paginação, deve-se sempre verificar o rótulo do revestimento
cerâmico escolhido, pois ele apresenta detalhadamente como ficará o piso após concluído.

4) Deve ser aplicada sobre a base e feita com uma argamassa industrializada específica para
esse fim, sendo necessário acrescentar somente água.
Essa afirmação se refere:

A) Ao chapisco tradicional.

B) Ao chapisco industrializado.

C) Ao chapisco rolado.

D) Ao emboço.

E) Ao reboco.

5) Marque a alternativa correta em se tratando das técnicas de aplicação dos revestimentos


cerâmicos.

A) A argamassa deve ser preparada com o auxílio de misturador mecânico limpo, adicionando
água na quantidade recomendada na embalagem do produto.

B) Existem duas técnicas de aplicação da cerâmica, a simples colagem e a dupla colagem. Mas,
de acordo com a NBR 13753 (ABNT, 1996), deve-se sempre optar pela dupla colagem, pois
garante mais segurança à obra.

C) As placas cerâmicas com argamassa colante devem ser assentadas no máximo a cada 3 m2.
D) É indicado aplicar o rejunte, mesmo que as juntas estejam sujas com argamassa de
assentamento, pois dessa forma irá ocorrer economia da argamassa de rejunte.

E) Caso se verifique a ocorrência de placas cerâmicas mal assentadas, não há problemas, pois a
argamassa de rejunte irá resolver o problema.
Na prática
Em se tratando do assentamento de revestimentos cerâmicos, deve-se tomar algumas precauções.
A seguir, são apresentados alguns cuidados necessários nas diferentes etapas de assentamento.

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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Estudo de caso de patologias em revestimento cerâmico em


fachada de um edifício em Brasília-DF

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Cerbras | Assentamento de revestimentos cerâmicos

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Análise crítica das novas normas técnicas de revestimentos


cerâmicos

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Obras de Infraestrutura e Obras
civis

Apresentação
Quando se pensa em uma obra de engenharia civil, a primeira coisa que vem à cabeça da maioria
das pessoas é uma casa ou um edifício. Apesar de correta, esta imagem é um tanto quanto simplista
e desconsidera todos os outros demais projetos pelos quais um engenheiro civil é responsável.
Casas, prédios e habitações em geral constituem a área conhecida como obras civis. Existem, ainda,
as construções chamadas de obras ou projetos de infraestrutura, que constituem elementos como
rodovias, barragens, sistemas de transmissão de energia, tratamento de esgoto, enfim, todos os
serviços necessários para que uma cidade ofereça todas as suas funcionalidades e seus cidadãos
tenham uma boa qualidade de vida.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar os diferentes tipos de obras de infraestrutura, e
vai entender algumas de suas particularidades nas etapas de concepção, projeto, execução e
utilização de infraestruturas, e os equipamentos, máquinas e materiais comumente utilizados
nesses tipos de obras.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Reconhecer as diferenças entre projetos de obras de infraestrutura e obras civis.


• Indicar as principais etapas de elaboração de um projeto de infraestrutura.
• Identificar as diferenças nas especificações de maquinário e materiais para diferentes tipos de
obras.
Desafio
Para o perfeito funcionamento das cidades (e do país como um todo) são necessários diversos
elementos de infraestrutura, que devem ser projetados e executados por engenheiros e diversos
outros profissionais.

Na imagem a seguir, quais elementos ou obras de infraestrutura você identifica e compreende sua
utilização?
Infográfico
Os estudos para implementação de uma obra de infraestrutura começam muito antes do início da
construção em si. Como são obras de grande porte, o impacto (tanto na fase de construção, quanto
na fase de utilização) influenciará a vida de muitas pessoas, além de todo meio ambiente ao seu
redor. Por isso, diversos outros estudos devem ser realizados para que sejam avaliados os
benefícios e prejuízos causados pela obra. Esse conjunto de estudos compreende o Estudo de
Impactos Ambientais e Relatórios de Impactos Ambientais, comumente conhecidos como
EIA/RIMA.

Neles encontram-se identificados e avaliados, de forma imparcial e meramente técnica, os impactos


que um determinado projeto poderá causar no ambiente, assim como apresentar medidas
mitigadoras. Esse relatório deve ser elaborado por profissionais qualificados nas diversas áreas de
abrangência do projeto: engenheiros civis, ambientais, agrônomos, geólogos, sociólogos, biólogos.

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Conteúdo do livro
No capítulo a seguir, do livro "Construção civil", você vai ler algumas características que
diferenciam obras de infraestrutura de obras civis, as etapas de elaboração de um projeto de
infraestrutura, e algumas particularidades nas máquinas, equipamentos e sistemas construtivos
utilizados nessas obras.

Boa leitura!
CONSTRUÇÃO
CIVIL

Alessandra Martins Cunha


André Luís Abitante
Caroline Schneider Lucio
Lélis Espartel
Ronei Tiago Stein
Vinicius Simionato
C756 Construção civil / Alessandra Martins Cunha ... [et al.]. – Porto
Alegre : SAGAH, 2017.
352 p. : il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-048-1

1. Construção civil. 2. Indústria da construção. I. Cunha,


Alessandra Martins.

CDU 69

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


UNIDADE 1
Obras de infraestrutura
e obras civis
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Reconhecer as diferenças entre projetos de obras de infraestrutura


e obras civis.
 Indicar as principais etapas de elaboração de um projeto de
infraestrutura.
 Identificar as diferenças nas especificações de maquinário e materiais
para diferentes tipos de obras.

Introdução
Quando você pensa em uma obra de engenharia civil, provavelmente a
primeira coisa que lhe vem à cabeça é uma casa ou um edifício. Apesar de
correta, essa imagem é um tanto quanto simplista e desconsidera todos
os outros demais projetos pelos quais um engenheiro civil é responsável.
Casas, prédios e habitações em geral constituem a área conhecida como
obras civis. Existem, ainda, as construções chamadas de obras ou projetos
de infraestrutura. Elas envolvem elementos como rodovias, barragens,
sistemas de transmissão de energia, tratamento de esgoto, enfim, os
serviços necessários para que uma cidade ofereça todas as suas funcio-
nalidades e para que seus cidadãos tenham uma boa qualidade de vida.
Neste texto, você será apresentado aos diferentes tipos de obras de
infraestrutura. Também entenderá algumas das particularidades das
etapas de concepção, projeto, execução e utilização de infraestruturas.
Além disso, conhecerá os equipamentos, máquinas e materiais comu-
mente utilizados nesses tipos de obras.
14 Construção civil

Diferenças entre projetos de obras de


infraestrutura e obras civis
Como você já aprendeu, obras de infraestrutura são aquelas que melhoram
algum serviço para a população. Assim, se pode dizer que elas possuem
também um caráter social, cujo objetivo é trazer mais qualidade de vida para
os cidadãos. Você pode, portanto, classificar essas obras de acordo com sua
função, conforme a Figura 1:

Obras de construção

Obras civis Obras de infraestrutura

Edificações habitacionais Infraestrutura de transportes

Comercial Obras de urbanização

Industrial Sistemas de água e esgoto

Cultural e esportiva Sistemas de energia

Assistência médica Movimentações de terra


e social, etc. (minas, contenções, etc.)

Figura 1. Tipos de obras de construção: obras de infraestrutura e civis.

 Obras de infraestrutura de transportes compreendem rodovias, pontes,


viadutos, aeroportos, corredores de ônibus, ferrovias, portos e todas as
instalações necessárias para o transporte de pessoas e cargas.
Obras de infraestrutura e obras civis 15

 Obras de urbanização compreendem a execução de ruas, praças, cal-


çadas, espaços verdes e demais elementos necessários para servir a
espaços urbanos e comunidades.
 Os sistemas de água e esgoto são infraestruturas que envolvem desde
a coleta de água, seu tratamento para consumo humano, a rede de
distribuição para que esta chegue em todos pontos de demanda, o
armazenamento onde necessário, a posterior coleta do esgoto, o dire-
cionamento para as centrais de tratamento, o processo de tratamento
e, por fim, o seu correto despejo.
 Já os sistemas de energia buscam a geração de energia nos mais diferen-
tes formatos (hidroelétrica, termelétrica, eólica, solar, etc.). Envolvem
centrais de adequação de tensão e linhas de distribuição para que a
energia chegue até o consumidor final.
 As obras de movimentações de terra podem servir de apoio para outras
infraestruturas, como a construção de uma barragem de solo para uma
hidroelétrica e a contenção de uma encosta para construção de uma
rodovia. Podem envolver ainda diversas outras situações em que o relevo
original deva ser adaptado para alguma necessidade.

Obras de infraestrutura, de maneira geral, são obras de grande porte que


envolvem diferentes tipos de profissionais por longos períodos de tempo.
O gerenciamento das atividades e de sua inter-relação é complexo e requer
profissionais experientes e qualificados. Outro aspecto característico das
obras de infraestrutura é o seu custo elevado. Conforme o tipo de obra, as
características da região, a extensão e outros fatores, esse tipo de obra pode
chegar a ter um orçamento de bilhões de reais.

O porte, o prazo, o custo e a diversidade de agentes envolvidos reforçam a importância


do gerenciamento de uma obra desde a sua concepção (estudos e projetos), passando
pela etapa de obra (construção e fiscalização), até a sua utilização (operação e análises).

Assim, de maneira geral, obras de infraestrutura diferem das obras de


construção civil por seu impacto social, seu custo elevado, seu longo prazo
de execução e sua grande interferência no meio ambiente. Buscando abranger
16 Construção civil

todas essas esferas, existe o conceito de tripé da sustentabilidade: ambiental,


social e econômica. Nessa metodologia de análise, se deve avaliar um pro-
jeto com base nesses três quesitos, buscando a melhor solução para todos os
envolvidos nele.

Indicar as principais etapas de elaboração de


um projeto de infraestrutura
Você deve imaginar que os estudos para implementação de uma obra de
infraestrutura começam muito antes do início da construção em si. Como
são obras de grande porte, seu impacto (tanto na fase de construção quanto
na fase de utilização) influenciará a vida de muitas pessoas, além de todo o
meio ambiente ao seu redor. Por isso, diversos estudos devem ser realizados
para avaliar os benefícios e prejuízos causados pela obra. Esse conjunto de
estudos compreende o Estudo de Impactos Ambientais e Relatórios de Impactos
Ambientais, comumente conhecido como EIA/RIMA. Nele se encontram
identificados e avaliados de forma imparcial e meramente técnica os impactos
que um determinado projeto poderá causar no ambiente, assim como medidas
mitigadoras. Esse relatório deve ser elaborado por profissionais qualificados
nas diversas áreas de abrangência do projeto: engenheiros civis e ambientais,
agrônomos, geólogos, sociólogos, biólogos, economistas, entre outros.
Cada obra de infraestrutura terá suas particularidades no processo que
inicia na concepção do empreendimento e termina na sua utilização pela
sociedade. Do ponto de vista ambiental, você deve seguir os procedimentos
de elaboração do EIA/RIMA. De uma maneira sintética, se pode apresentá-los
a partir das seguintes etapas:

 Diagnóstico da área de influência: caracterizar a situação ambiental


da área, antes da execução do projeto, nos meios:
 Físico: o subsolo, as águas, o ar e o clima, destacando os recursos
minerais, a topografia, os tipos e aptidões do solo, os corpos d’água, o
regime hidrológico, as correntes marinhas e as correntes atmosféricas;
 Biológico: a fauna e a flora, destacando as espécies indicadoras da
qualidade ambiental – de valor científico e econômico, raras e ameaçadas
de extinção – e as áreas de preservação permanente;
 Socioeconômico: o uso e a ocupação do solo, os usos da água e a
socioeconomia, destacando os sítios e monumentos arqueológicos,
históricos e culturais da comunidade, as relações de dependência entre
Obras de infraestrutura e obras civis 17

a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial utilização futura


desses recursos.
 Análise dos impactos ambientais: identificação, previsão da magni-
tude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes.
Aqui, se deve discriminar os impactos positivos e negativos (benéficos
e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos,
temporários e permanentes. Também se deve definir seu grau de re-
versibilidade, suas propriedades cumulativas e sinérgicas, bem como
a distribuição dos ônus e benefícios sociais.
 Definição das medidas mitigadoras dos impactos negativos: utili-
zação de métodos construtivos e materiais com menor impacto, equi-
pamentos de controle e sistemas de tratamento de despejos, reapro-
veitamento destes e de materiais utilizados na construção e operação.
 Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento:
avaliação dos impactos positivos e negativos, utilizando indicadores
para monitoramento dos parâmetros acompanhados.

Os estudos elaborados para a confecção do EIA/RIMA devem nortear as


obtenções das licenças ambientais necessárias para o projeto:

 Licença Prévia (LP): é necessário solicitá-la na fase de estudos pre-


liminares do projeto. É ela que atestará a viabilidade ambiental do
empreendimento, sua localização e concepção. Ela ainda definirá as
medidas a serem tomadas para mitigar ou compensar os impactos nega-
tivos do projeto, assim como as medidas potencializadoras dos impactos
positivos. É também um compromisso assumido pelo empreendedor de
que seguirá o projeto de acordo com os requisitos determinados pelo
órgão ambiental.
 Licença de Instalação (LI): é concedida após as condicionantes da LP
terem sido executadas. Essa licença autoriza o empreendedor a iniciar
as obras de instalação do empreendimento. A emissão da LI é uma
confirmação do órgão ambiental para com o empreendedor de que as
especificações constantes nos planos, programas e projetos ambientais
apresentados atendem aos padrões de qualidade ambiental estabelecidos
em normas ambientais vigentes. Ou seja, é autorizada a execução da
obra e suas instalações, porém o seu funcionamento ainda dependerá
da próxima licença.
 Licença de Operação (LO): por fim, essa licença autoriza o funciona-
mento do empreendimento, aprovando a forma proposta de convívio do
18 Construção civil

empreendimento com o meio ambiente e estabelecendo condicionantes


para a continuidade da operação. Essa licença não tem caráter defini-
tivo e, portanto, é sujeita à renovação com possíveis condicionantes,
cujo cumprimento é de caráter obrigatório, sob pena de suspensão ou
cancelamento da operação.

A ordem das licenças ambientais e suas funções são conteúdos que caem com fre-
quência em concursos públicos, por isso merecem atenção!

Além dos estudos ambientais, os projetos específicos de cada infraestrutura


passam por diversas etapas, se mostrando assim muito mais complexos que
a execução de uma simples residência. Como exemplo, você pode considerar
o guia elaborado pelo DNER, chamado Diretrizes Básicas Para Elaboração
de Projetos Rodoviários (DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS
DE RODAGEM, 1999), cujo objetivo é nortear a elaboração de projetos de
rodovias no Brasil. Segundo ele, compõem as etapas (atividades) de um projeto
viário: (i) estudos de tráfego, (ii) estudos geológicos, (iii) estudos hidrológicos,
(iv) estudos de traçado, (v) projeto geométrico, (vi) projeto de terraplenagem,
(vii) projeto de drenagem, (viii) projeto de pavimentação, (ix) projeto de
interseções, retornos e acessos, (x) projeto de obras de arte especiais, (xi)
projeto de sinalização, (xii) projeto de paisagismo, (xiii) orçamento da obra,
(xiv) plano de execução da obra, (xv) componente ambiental, entre demais
estudos e projetos.

Para saber mais sobre o processo, leia o texto “Diretrizes Básicas Para Elaboração de
Projetos Rodoviários” (DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM, 1999).

Você pode ver, assim, a complexidade que um projeto de infraestrutura


implica. Ele demanda profissionais com conhecimentos específicos em várias
Obras de infraestrutura e obras civis 19

áreas. Também exige pessoas capazes de administrar as diferentes demandas,


gerir e compatibilizar as informações das diferentes áreas.
Uma obra de infraestrutura também tem grande impacto do ponto de visto
econômico para a região e até mesmo para o país. Estudos apontam a relação
direta entre investimentos e infraestrutura e o crescimento do PIB (Produto
Interno Bruto) de um país. Países que investem mais em infraestrutura ge-
ralmente possuem uma elevada taxa de crescimento do PIB. Como exemplo,
você pode avaliar a situação dos países do BRIC (Brasil, Rússia, China e Índia)
nos últimos anos (FAY; MORRISON, 2005). China e Índia seguem investindo
significativamente em infraestrutura, o que suporta o desenvolvimento eco-
nômico do País. Por outro lado, Brasil e Rússia diminuíram os investimentos
em obras de infraestrutura nos últimos anos, o que acabou sendo mais um
dos motivos que levaram os países a crises econômicas.
Dessa forma, é fundamental uma análise econômica da função. O estudo de
viabilidade econômica tem por objetivo fazer uma análise dos investimentos
necessários e dos benefícios provenientes da utilização da infraestrutura.
É um elemento fundamental para a aprovação do projeto como um todo, e
para a aprovação de financiamento para a obtenção de recursos de capital de
terceiros. Como você já viu anteriormente, obras de infraestrutura são aquelas
que melhoram algum serviço para a população. Sendo assim, se pode dizer que
elas possuem também um caráter social, cujo objetivo é trazer mais qualidade
de vida para os cidadãos.

Para saber mais sobre a importância das infraestruturas de transportes na economia


de um país, leia o texto “Economia e planejamento dos Transportes” (SENNA, 2014).

Diferenças nas especificações de maquinário e


materiais para diferentes tipos de obras
Você já aprendeu que há muita complexidade envolvida na execução de obras
de infraestrutura. Elas demandam equipamentos e máquinas mais elaboradas
do que as utilizadas nas obras tradicionais de construção civil.
20 Construção civil

A maior necessidade de movimentação de terra faz com que sejam utili-


zadas máquinas como:

 Caçambas

Figura 2.
Fonte: SofiaV/Shutterstock.com

 Retroescavadeiras

Figura 3.
Fonte: SofiaV/Shutterstock.com
Obras de infraestrutura e obras civis 21

 Compactadores de solo

Figura 4.
Fonte: BlueRingMedia/Shutterstock.com

Para o problema de serviços em altura, se podem utilizar sistemas de mon-


tagem de andaimes (Figura 5) ou equipamentos conhecidos como plataformas
de trabalho em altura (Figura 6).

Figura 5.
Fonte: Susse n/Shutterstock.com
22 Construção civil

Figura 6.
Fonte: VECTORWORKS_ENTERPRISE/Shutterstock.com

Outro diferencial das obras de infraestrutura é o tamanho de suas estruturas


de concreto. Em barragens, pontes ou viadutos, você pode encontrar elementos
de concreto armado com dimensões maiores que dois ou três metros. Isso
implica maiores cargas a serem suportadas pelas formas e sistemas de escora-
mento enquanto o concreto estiver fresco. Formas metálicas são uma solução
para essa situação, podendo ser utilizadas para diversas peças, ou embutidas
no próprio elemento estrutural, possuindo assim também função de armadura.
Obras de infraestrutura e obras civis 23

Fonte: SergeyVidyulin/Shutterstock.com

Fonte: SergeyVidyulin/Shutterstock.com
Figura 7.

É comum também a utilização de elementos pré-fabricados, em que as


peças são concretadas em uma usina de concretagem. Depois que estiverem
com a resistência necessária, são transportadas e instaladas no local necessário.
24 Construção civil

Figura 8.
Fonte: Dr Ajay Kumar Singh/Shutterstock.com
Obras de infraestrutura e obras civis 25

1. Estudos mostram que os problemas e cadastro junto aos órgãos


da infraestrutura do Brasil: municipais, estaduais e
a) Dependem de investimentos federais, se preocupando,
feitos pela própria população. principalmente, em autorizar o
b) Estão relacionados à falta início de operação da atividade
de recursos do governo licenciada e, quando necessário,
devido ao pequeno valor da quebra do sigilo industrial.
cobrado nos impostos. d) Licenciar, exclusivamente,
c) Encarecem os produtos estabelecimentos destinados
brasileiros em relação aos a produzir materiais nucleares
fabricados em outros países e ou a utilizar energia nuclear.
dificultam a competitividade e) Ser uma fase preliminar do
de produtos para exportação. planejamento da atividade,
d) Estão diminuindo, uma contendo requisitos básicos
vez que o investimento a serem atendidos nas fases
em infraestrutura no Brasil de localização, instalação e
está acima do necessário e operação, observando os
continua aumentando. planos municipais, estaduais
e) Podem enriquecer a economia e federais de uso do solo.
e melhorar o crescimento 3. São características de obras
social da população. de infraestrutura:
2. A fase denominada Licença Prévia a) Não dependerem da aprovação
(LP) se caracteriza por: de projetos e serem de
a) Autorizar o início da implantação curto prazo de execução.
da construção, de acordo com b) Necessitarem de alto
as especificações constantes investimento, sendo
no projeto executivo este exclusivamente de
aprovado segundo os planos partes particulares.
municipais, estaduais e c) Dependerem apenas de
federais de uso do solo. licença para instalação da
b) Autorizar o início da operação obra. Uma vez que esta é
da atividade licenciada, de iniciada, o empreendimento
acordo com o estabelecimento pode ser operado por
das diretrizes prévias acerca tempo indeterminado.
do uso do solo nos âmbitos d) Possuírem alto investimento,
municipal, estadual e federal. longo prazo de duração
c) Ser uma fase preliminar de e envolverem projetos
levantamento de documentação em diferentes áreas.
26 Construção civil

e) Serem implementadas e) Detalhamento preciso


independentemente dos de todos os custos das
impactos ambientais. medidas mitigadoras dos
4. Devem constar no impactos negativos.
EIA/RIMA: 5. É um elemento de infraestrutura
a) Todos os projetos executivos pública de sistema de água e esgoto:
do empreendimento. a) Uma represa utilizada
b) Todas as licenças prévias, de exclusivamente para geração
instalação e operação aprovadas. de energia hidrelétrica.
c) Orçamento detalhado e estudo b) Os caminhões de coleta de lixo.
de viabilidade econômica. c) Uma rodovia para
d) Caracterização da situação transporte de dejetos.
ambiental da área antes da d) Uma estação de tratamento
implantação da construção, de esgoto sanitário.
nos meios físico, biológico e) As tubulações existentes na
e socioeconômico. parte interna de um edifício.

DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM. Diretrizes básicas para


elaboração de projetos rodoviários. Rio de Janeiro: DNER, 1999.
FAY, M.; MORRISON, M. Infrastructure in Latin America and the Caribbean: recent de-
velopments and key challenges. Washington: World Bank, 2005. v. 1. Disponível em:
<https://openknowledge.worldbank.org/bitstream/handle/10986/7179/378990LAC
0infr101OFFICIAL0USE0ONLY1.pdf?sequence=1>. Acesso em: 06 mar. 2017.
SENNA, L. A. D. S. Economia e planejamento dos transportes. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
Dica do professor
O vídeo da Dica do professor aborda alguns conceitos utilizados nos estudos de viabilidade
econômica de projetos, etapa fundamental para a implementação ou não de um projeto de
infraestrutura. Neste vídeo, destacam-se algumas recomendações do DNIT para Estudos de
Viabilidade Técnica Econômica e Ambiental de projetos rodoviários.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Exercícios

1) Estudos mostram que os problemas da infraestrutura do Brasil:

A) Dependem de investimentos feitos pela própria população.

B) Estão relacionados à falta de recursos do governo devido ao pequeno valor cobrado nos
impostos.

C) Encarecem os produtos brasileiros em relação aos fabricados em outros países e dificultam a


competitividade de produtos para exportação.

D) Estão diminuindo, uma vez que o investimento em infraestrutura no Brasil está acima do
necessário e continua aumentando.

E) Podem enriquecer a economia e melhorar o crescimento social da população.

2) A fase denominada Licença Prévia (LP) caracteriza-se por:

A) Autorizar o início da implantação da construção, de acordo com as especificações constantes


no projeto executivo aprovado segundo os planos municipais, estaduais e federais de uso do
solo.

B) Autorizar o início da operação da atividade licenciada, de acordo com o estabelecimento das


diretrizes prévias acerca do uso do solo nos âmbitos municipal, estadual e federal.

C) Ser uma fase preliminar, de levantamento de documentação e cadastro junto aos órgãos
municipais, estaduais e federais, preocupando-se, principalmente, em autorizar o início de
operação da atividade licenciada e, quando necessário, da quebra do sigilo industrial.

D) Licenciar, exclusivamente, estabelecimentos destinados a produzir materiais nucleares ou a


utilizar energia nuclear.

E) Ser uma fase preliminar do planejamento da atividade, contendo requisitos básicos a serem
atendidos nas fases de localização, instalação e operação, observando os planos municipais,
estaduais e federais de uso do solo.

3) São características de uma obra de infraestrutura:


A) Não depender de aprovação de projetos e serem de curto prazo de execução.

B) Necessitam de alto investimento, sendo este exclusivamente de partes particulares.

C) Dependerem apenas de licença para instalação da obra. Uma vez iniciada, o empreendimento
pode ser operado por tempo indeterminado.

D) Possuírem alto investimento, longo prazo de duração e envolverem projetos em diferentes


áreas.

E) Serem implementadas independentemente dos impactos ambientais.

4) Deve constar no EIA/RIMA:

A) Todos os projetos executivos do empreendimento.

B) Todas as licenças Prévias, de Instalação e Operação aprovadas.

C) Orçamento detalhado e estudo de viabilidade econômica.

D) Caracterização da situação ambiental da área antes da implantação da construção nos meios


físico, biológico e socioeconômico.

E) O detalhamento preciso de todos os custos das medidas mitigadoras dos impactos negativos.

5) É um elemento de infraestrutura pública de sistema de água e esgoto:

A) Uma represa utilizada, exclusivamente, para geração de energia hidroelétrica.

B) Os caminhões de coleta de lixo.

C) Uma rodovia para transporte de dejetos.

D) Uma estação de tratamento de esgoto sanitário.

E) As tubulações existentes na parte interna de um edifício.


Na prática
Um bom exemplo de como obras de infraestrutura alteram significativamente uma cidade são as
obras deixadas como legado dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, de 2016. Para receber os
jogos, além dos complexos esportivos, houve investimentos em diversos projetos de infraestrutura
ligados a transportes, revitalização da região portuária, projetos de melhoria do meio ambiente e de
cunho social.

Nestes grandes empreendimentos, a função do engenheiro civil começa nas fases iniciais de estudo
do projeto, quando são levantadas as carências da região e as oportunidades de melhorias
provocadas por eles.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Mega Construções

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Alvenaria: Técnicas construtivas

Apresentação
Tendo em vista a necessidade de minimizar o efeito de trocas térmicas, de garantir a massa
suficiente para o isolamento acústico e, simultaneamente, permitir a execução dos pormenores
construtivos para a correta adequação ao sistema estrutural optado para um edifício, deve-se,
inicialmente, definir a técnica construtiva e não apenas a escolha do tipo de bloco que será usado
na fase de construção das alvenarias.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai entender que uma técnica construtiva racionalizada
baseia-se em uma família de diferentes tipologias, procedimentos e dimensões de blocos, que no
seu todo se tornam essenciais para o adequado desempenho em utilização de paredes e de prazos
de execução, representando o caminho para a obtenção da qualidade.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Relacionar as etapas de execução de paredes em alvenaria.


• Expressar as técnicas para a obtenção das espessuras necessárias de paredes.
• Dimensionar estruturas complementares para o reforço na alvenaria.
Desafio
Você vai construir uma viga para o apoio de uma tesoura de cobertura (conforme esquema
anexado), que irá descarregar em duas paredes de tijolos 06 furos. A tesoura de cobertura pesará
em torno de 3,0 toneladas, e o tijolo que compõe a parede tem resistência equivalente a 2,0
kgf/cm2.

As paredes irão suportar as estruturas em questão? Faça a verificação quanto ao esmagamento e,


caso a alvenaria não suporte, indique e dimensione uma solução para o problema.
Infográfico
Você sabia que é importante o pedreiro manter prumo e nível perfeitos na disposição das diversas
fiadas? Calcular as fiadas e montar uma régua fazem com que o prumo se torne quase
"automático", mas ainda é recomendado conferi-lo a cada duas ou três fiadas, no caso de tijolo
comum, ou a cada fiada, no caso de peças maiores, como tijolo baiano ou bloco de concreto. Deve-
se iniciar com a marcação da parede no plano horizontal - a primeira fiada -, seguida da marcação
no plano vertical, com o levantamento dos cantos. As juntas devem ser desencontradas e no
formato de amarração escolhido para cada parede.

A espessura ideal da junta é de 1 cm, mas é aceitável que ela fique com até 1,5 cm. Variações
devem ocorrer única e exclusivamente para ajustar a quantidade de fiadas à cota de respaldo da
parede, ou para compensar eventuais diferenças nas medidas dos tijolos, mas sempre mantendo o
nível e o prumo. Confira no Infográfico!
Conteúdo do livro
Você já sabe que as paredes são constituídas por tijolos, blocos de concreto ou até mesmo pedras
naturais unidas com argamassa. As alvenarias com pedra natural são um caso à parte, pois têm
técnicas executivas próprias e que variam dependendo da finalidade da parede ou do muro e do
tipo de pedra. No trecho do capítulo a seguir, o autor aborda dicas que servem para as alvenarias
feitas com tijolo comum, laminado, blocos de concreto e de solo-cimento, ou seja, elementos
construtivos com dimensões predeterminadas e constantes.

Aprofunde seu conhecimento com o capítulo Alvenaria: técnicas construtivas, da obra Construção
Civil.
CONSTRUÇÃO
CIVIL

André Luís Abitante


C756 Construção civil / Alessandra Martins Cunha ... [et al.]. – Porto
Alegre : SAGAH, 2017.
352 p. : il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-048-1

1. Construção civil. 2. Indústria da construção. I. Cunha,


Alessandra Martins.

CDU 69

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


Alvenaria: técnicas
construtivas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Relacionar as etapas de execução de paredes em alvenaria.


 Expressar as técnicas para a obtenção das espessuras de paredes
necessárias.
 Dimensionar estruturas complementares para reforço na alvenaria.

Introdução
Tendo em conta a necessidade de minimizar o efeito de trocas térmicas,
de garantir a massa suficiente para isolamento acústico e simultaneamente
permitir a execução de pormenores construtivos que permitam a correta
adequação ao sistema estrutural escolhido para um edifício, inicialmente
devemos definir a técnica construtiva e não apenas a escolha do tipo de
bloco que será usado na fase de construção das alvenarias.
Uma técnica construtiva racionalizada baseia-se em uma família de
diferentes tipologias, procedimentos e dimensões de blocos, que, no
seu todo, se tornam essenciais para o adequado desempenho em utili-
zação de paredes e de prazos de execução, literalmente representando
o caminho para obtenção da qualidade.

Paredes em alvenaria: etapas


A construção de parede em alvenaria é feita basicamente em três etapas: a
marcação, a elevação e o encunhamento. Já as paredes podem ser classifi-
cadas de acordo com a forma de colocação dos tijolos, que são: de cutelo, de
meio tijolo, de um tijolo, de um tijolo e meio, de dois tijolos e oca. A técnica
construtiva é fundamental no desempenho da estrutura.
184 Construção civil

Tipos de alvenaria segundo sua construção


Você vai ver agora mais detalhes sobre a classificação dos tipos de alvenaria
segundo sua construção.

Parede de 10 cm ou parede de cutelo

Este tipo de parede é empregado na subdivisão de compartimentos onde as


vezes não é necessário levar a parede até o teto, como banheiros coletivos
(ginásios de esportes, lojas, fábricas etc.), armários, entre outros. São paredes
com altura em torno de 2,5 m, podendo até encostar na base superior, porém
com função apenas de vedação. É comum não serem feitas fundações para
paredes de 10 cm. São utilizados tijolos maciços ou de 21 furos, todos de cutelo.
Veja no Quadro 1 algumas especificações e na Figura 1 os detalhamentos
desse tipo de parede.
Alvenaria: técnicas construtivas 185

Quadro 1. Características das paredes de 10 cm ou de cutelo.

Largura nominal 10 cm
da parede

Largura real da parede Varia conforme o revestimento utilizado.


Revestimento de argamassa:
acrescenta 1,5 cm (de cada lado)
Revestimento de azulejos: 2,5 cm.

Argamassa 1:5, 1:6, 1:8 – de cimento e areia, sendo que


não há preocupação com a resistência da
argamassa e, sim, com a sua aderência, utilizando
plastificantes (naturais como a cal – com traço
1:2:8 ou 1:2:9 de cimento, cal e areia) ou um
plastificante químico, como a “alvenarite”.

Quantidade de material Estimada em torno de 36 tijolos/m2,


com juntas de argamassa de 1,0 cm de
espessura (6,0 l/m2 de argamassa).
No cálculo da quantidade total de tijolos,
os vãos com menos de 2,5 m2 não são
descontados. Acrescenta-se ainda 5%
a mais de tijolos devido à quebra.

Peso Parede sem revestimento:


tijolo maciço = 120 kg/m2;
bloco vazado = 97 kg/m2.
Parede revestida em um lado:
tijolo maciço = 158 kg/m2;
bloco vazado = 135 kg/m2.
Parede revestida nos dois lados:
tijolo maciço = 196 kg/m2;
bloco vazado = 173 kg/m2.

Obs.: As juntas verticais devem ser desencontradas. Para paredes de mais de


3,0 m de comprimento, é necessário fazer uma amarração intermediária.
186 Construção civil

Figura 1. Detalhes construtivos das paredes de 10 cm de espessura.


Fonte: Saurin (2001).

Parede de 15 cm – ou meio tijolo – ou frontal

É utilizada em paredes internas em geral, com função de vedação ou estrutural,


devendo, neste último caso, ser feita de material resistente (maciço, 2 furos
ou 21 furos). Os blocos utilizados são os tijolos de 4, 6 ou 8 furos, de cutelo,
tijolo maciço ou tipo maciço de 2, 18 e 21 furos, desde que todos tenham
aproximadamente 11 cm de largura. Veja no Quadro 2 algumas especificações
e na Figura 2 os detalhamentos desse tipo de parede.
Alvenaria: técnicas construtivas 187

Quadro 2. Características das paredes de 15 cm (meio tijolo ou frontal).

Largura nominal da parede 15 cm

Largura real da parede Varia conforme o


revestimento utilizado

Argamassa Pode ser de 1:2:9 (cimento, cal e


areia) ou fazemos uma mistura de
cal e areia (1:5), chamada massa
branca. Depois, misturamos com
o cimento na proporção de 1:8.
Para tijolos maciços à vista, usamos
o traço de 1:6 a 1:8 de cimento
e areia mais plastificante.

Quantidade de material Varia com o tipo de tijolo utilizado:


maciço, 21 furos ou 2
furos = 60 tijolos/m2;
4 furos = 36 tijolos/m2;
6 furos = 26 tijolos/m2;
8 furos = 18 tijolos/m2.
Consome cerca de 21 l/
m2 de argamassa.

Peso Parede sem revestimento:


tijolo maciço = 205 kg/m2;
bloco vazado = 170 kg/m2.
Parede revestida em um lado:
tijolo maciço = 234 kg/m2;
bloco vazado = 198 kg/m2.
Parede revestida nos dois lados:
tijolo maciço = 262 kg/m2;
bloco vazado = 226 kg/m2.
188 Construção civil

Figura 2. Detalhes construtivos das paredes de 15 cm de espessura.


Fonte: Saurin (2001).

Parede de 20 cm

Utilizada em paredes internas em geral ou paredes externas com restrições.


Os tijolos utilizados são os de 6 furos com dimensão de 15 cm na horizontal,
podendo-se também fazer uma composição com um tijolo maciço de cutelo e
dois tijolos deitados, conforme a Figura 3. Veja no Quadro 3 algumas carac-
terísticas das paredes de 20 cm.
Alvenaria: técnicas construtivas 189

Quadro 3. Características das paredes de 20 cm.

Largura nominal da parede 20 cm

Largura real Variável conforme o


revestimento utilizado.

Argamassa 1:5 a 1:7 de cimento e areia


mais alvenarite. Traço 1:8 de
cimento mais massa branca.

Função Vedação ou estrutural

Quantidade de material 6 furos = 36 tijolos/m2;


maciço = 90 tijolos/m2.
Consome de argamassa
cerca de 32 l/m2.

Figura 3. Paredes de 20 cm de espessura.


Fonte: Saurin (2001).
190 Construção civil

Parede de 25 cm ou parede de um tijolo

Pode ser portante ou somente de vedação, normalmente usada como parede


externa. Os tijolos empregados são o maciço, 8 furos (deitado), 21 furos. Veja
no Quadro 4 algumas características e na Figura 4 os detalhamentos desse
tipo de parede, no qual é possível ter vários tipos de composição de tijolos,
por exemplo:
Uma parede tipo tição, que utiliza os tijolos maciços na sua maior dimen-
são no sentido da largura da parede. É o tipo indicado para paredes sujeitas
a empuxo.
Uma parede tipo placa, na qual são utilizados dois tijolos maciços, um
ao lado do outro, para dar a largura nominal da parede. Este tipo é utilizado
em alvenarias de tijolos à vista.
Uma disposição mista, que consiste na mistura das duas anteriores. Cada
camada é uma camada das anteriores, colocada de forma alternada, propor-
cionando uma boa amarração.

Quadro 4. Características das paredes de 25 cm ou de um tijolo .

Argamassa 1:5 cal e areia;


1:8 cimento e massa branca;
1:6 cimento e areia mais alvenarite;
1:2:9 cimento, cal e areia.
Consumo de aproximadamente 52 l/m2

Quantidade de material 8 furos = 36 tijolos/m2;


maciço = 120 tijolos/m2.

Peso Parede sem revestimento:


tijolo maciço = 325 kg/m2;
bloco vazado = 267 kg/m2.
Parede revestida em um lado:
tijolo maciço = 363 kg/m2;
bloco vazado = 305 kg/m2.
Parede revestida em dois lados:
tijolo maciço = 392 kg/m2;
bloco vazado = 333 kg/m2.
Alvenaria: técnicas construtivas 191

Figura 4. Detalhes construtivos de paredes de 25 cm de espessura.


Fonte: Saurin (2001).

Paredes com maior largura

Para obter paredes com maior largura, fazemos uma composição de duas ou
mais paredes (veja a Figura 5).

 Argamassa: mesma das anteriores;


 Peso: somatório dos pesos das anteriores;
 Consumo: somatório dos consumos das anteriores.
192 Construção civil

Figura 5. Exemplos de paredes de maior largura.


Fonte: Saurin (2001).

Paredes especiais

Estão nesta classificação as paredes que devem possuir isolamento térmico,


acústico, etc., por exemplo, as paredes de salas de aula. São feitas duas paredes
separadas por um pequeno espaço (5,0 cm) que, dependendo da finalidade da
parede, pode ficar vazio ou ser preenchido com lã de vidro, isopor, etc. Veja
na Figura 6 os detalhamentos desse tipo de parede.
Alvenaria: técnicas construtivas 193

Figura 6. Exemplos de paredes especiais.


Fonte: Saurin (2001).

Paredes de tijolos à vista

Como o próprio nome indica, nas paredes de tijolos à vista o tipo de tijolo
utilizado é o maciço, desde que seja selecionado, ou prensado, ou de 21 furos
(tijolos mais caros). A disposição dos tijolos deve ser feita em placas, com
dois tijolos colocados paralelos. Para a amarração destes tijolos, a cada duas
fiadas coloca-se um ferro na argamassa de assentamento. Quando utilizar ferro
argamassado, tome cuidado de não colocar cal na argamassa.

 Argamassa: traço 1:6 ou 1:5, adicionando ainda um plastificante quí-


mico. No caso de o tijolo ser vitrificado, deve-se usar “Sika 1” e, para
paredes com tijolos de 21 furos, a argamassa precisa ser mais seca do
que o habitual.
194 Construção civil

 Juntas: são função da altura a ser vencida. As espessuras usuais são:


■ Juntas verticais – de 6 a 9 mm;
■ Juntas horizontais – de 7 a 10 mm.

A espessura das juntas em paredes à vista também está relacionada com a


estética, podendo ser um pouco maiores. Para determinar a espessura da junta,
arbitramos um valor qualquer (junta horizontal, por exemplo) e somamos com
a altura do tijolo. Dividimos o pé-direito pelo valor encontrado (tijolo + junta)
e verificamos se o número encontrado (número de camadas) é inteiro. Caso
isso não ocorra, mudamos a espessura da junta até conseguir um número de
fiadas inteiro. Por exemplo: para a marcação das fiadas, fazemos um gabarito
com duas réguas verticais, marcando nelas a altura das fiadas, e esticamos
uma linha entre as réguas, de fiada em fiada.

 Função: podem ser de vedação ou portantes de carga, funcionando


muito bem para esta última finalidade.
 Proteção: os melhores elementos de proteção são os silicones, que
devem ser renovados a cada dois anos. Lembre-se de que o silicone
deve cobrir o tijolo e a argamassa.
 Acabamento: pode ser feito com pintura em verniz ou tinta PVA, sendo
que, no último caso, não é necessário o uso de silicone.
 Limpeza: deve ser feita com esponja, para retirar as manchas de arga-
massa dos tijolos. Também pode ser utilizada uma solução de 1:7 (1:10)
de ácido muriático e água.
 Cavar as juntas: usamos um taco de madeira para empurrar a argamassa
para dentro, ou limpamos com gabarito. Também é possível deixar a
argamassa nivelada com o tijolo, somente limpando com esponja para
retirar o excesso.

Para paredes de tijolos à vista, não devem ser usados andaimes que “furem” a parede,
pois não é possível retocar após a retirada do andaime. Utilize andaimes metálicos ou
andaimes com duas fileiras de pontaletes.
Alvenaria: técnicas construtivas 195

Paredes divisórias

Os materiais mais utilizados nestas paredes são: aglomerados; vidro; tela


argamassada; lambri; plástico; madeira; e fibra de madeira aglomerada com
cimento.
As paredes divisórias mais usadas são em forma de painéis de 8,0 x 2,10
m, que podem ser lisos, com iluminação e com ventilação. Seu custo é 7 a 8
vezes superior ao da alvenaria comum, porém possuem uma série de vantagens:

 são leves;
 podem ser facilmente montadas e desmontadas;
 possuem pequena espessura;
 não são inflamáveis;
 são decorativas.

Estuque: malhas de aço de 4,2 mm, com 40,0 cm de lado, recobertas com tela deployé.
Depois de feito isso, lança-se argamassa e desempena-se. Esta parede fica com 3,5 a
4 cm de espessura.

Técnicas de execução de uma alvenaria

Definição do alinhamento da parede


O alinhamento em geral é determinado pelos pilares. Em edifícios residen-
ciais, o alinhamento é feito pela face externa do pilar, isto é, externamente, a
parede deve coincidir com o pilar. O alinhamento precisa considerar também
a ocupação interna ou externa do edifício, bem como a divisa (em uma obra
na divisa, a marcação deve ser sempre na face externa).
196 Construção civil

Marcação inicial das paredes


Para a marcação inicial das paredes, no plano horizontal, que deve ocorrer
após a impermeabilização da viga (quando esta fica em contato com o solo),
fazemos a primeira fiada. No caso de uso de tijolos maciços, é recomendada
a disposição tipo tição para paredes externas, e a disposição tipo placa para
paredes internas. A argamassa aconselhada é com traço 1:5 (cimento e areia).

Salpique ou chapisco
A argamassa fluida de cimento e areia (1:5 ou 1:6) será lançada no pilar onde
a alvenaria deve encostar.

Esperas
Em prédios estruturados, para a amarração das paredes, devem ser deixadas
esperas de ferro nos pilares a cada 3 ou 4 fiadas de tijolos da alvenaria. A bitola
das esperas pode ser de 4,2 ou 5,0 mm, e a distância entre elas de 35 a 40 cm.

Execução da alvenaria (elevação)


Feita a marcação (primeira fiada), o levantamento da alvenaria inicia pelos
cantos, ou junto aos pilares, em uma média de 5 a 6 fiadas. Estes cantos
precisam ser prumados. A partir do levantamento dos cantos, colocamos um
fio de nylon amarrado em ambas as extremidades, para o nivelamento das
camadas, executando-as em seguida. É recomendável verificar o nivelamento
e o prumo a cada 3 fiadas levantadas (veja a Figura 7).
Alvenaria: técnicas construtivas 197

Figura 7. Início de execução de paredes.


Fonte: Milito ([2000?])

A parede deve ser levantada até uns 20,0 cm antes da viga (em prédios
estruturados). Deixamos, então, curar por 7 dias, para depois fazer o encunha-
mento. O encunhamento serve para evitar o surgimento de fissuras na ligação
da alvenaria com a estrutura, e é executado com tijolos maciços inclinados,
assentados com argamassa de cimento e areia (1:5). A argamassa é colocada
apenas entre os tijolos encunhados, e não entre os tijolos e a alvenaria, nem
entre os tijolos encunhados e a viga.
No caso de paredes de maior largura, colocamos duas camadas de tijolos
encunhados, paralelas entre si. Caso não queiramos fazer o encunhamento,
deixamos 2,0 ou 3,0 cm entre a alvenaria e a viga e preenchemos este espaço
com argamassa com expansor.

Em prédios não estruturados, não se deve fazer o encunhamento.


198 Construção civil

Sistemas de distribuição de carga sobre a


alvenaria

Coxim
Também chamado travesseiro, o coxim é uma pequena viga colocada na
alvenaria de prédios não estruturados para diminuir as tensões que atuam
nesta alvenaria, causadas, por exemplo, por uma tesoura de telhado. Os coxins
podem ser de madeira ou de concreto.
Por exemplo: carga de uma viga descarregando sobre uma parede de um
prédio não estruturado (veja Figuras 8 e 9):
σ=R/A
Onde:
R = reação de apoio da viga sobre a parede;
A = área de contato da viga apoiada sobre a parede;
σ = tensão provocada pela viga sobre a parede.
Se a tensão “T” calculada for maior que a tensão admissível da alvenaria,
poderá ocorrer o esmagamento da parede. A solução para que não ocorra o
esmagamento é colocar um pilar para apoiar a viga ou aumentar a área de
contato da viga com a alvenaria por meio de um coxim (viga curta).
Alvenaria: técnicas construtivas 199

Figura 8. Verificação de paredes em alvenaria quanto ao esmagamento.


Fonte: Saurin (2001).
200 Construção civil

Figura 9. Cálculo de um coxim para evitar o esmagamento de parede em alvenaria.


Fonte: Saurin (2001).

Vergas
São elementos estruturais utilizados para resistir às cargas provenientes das
laterais de portas e janelas. Existem vergas superiores e inferiores. Conforme
o tipo de material, temos (veja a Figura 10):

 Vergas em ferro argamassado: usamos duas barras de 6,3 mm, em


argamassa de cimento e areia (1:5). Esta argamassa não deve ter cal, pois
ela ataca o aço. As barras são colocadas entre a primeira e a segunda
Alvenaria: técnicas construtivas 201

camadas de tijolos, ultrapassando a lateral do vão em, no mínimo, 20


cm de cada lado. Este sistema só é válido para vãos menores que 2,0
m. Para a verga inferior, que evita o surgimento de trincas, devemos
colocar duas barras de 4,6 mm entre a penúltima e a última camada de
tijolos. Na soleira, a verga deve ser colocada de forma saliente, para a
água não penetrar na residência.
 Verga em concreto: empregada para vãos maiores que 2,0 m. Na verga
superior usamos duas barras de 10 mm, o que equivale à viga de cinta-
mento superior. Para vergas inferiores, usamos duas barras de 5 mm.
Para o dimensionamento de uma verga de concreto, a tratamos como uma
viga biapoiada. A altura máxima para uma verga é de 1/7 do pé-direito.
 Verga de madeira: é usada em obras de madeira.
 Vergas metálicas: são usadas quando, em reformas de obras, for ne-
cessário abrir um vão (porta, janela). São constituídas por um perfil
de aço, que deve ultrapassar em 20 cm o vão.
 Verga em arco: no caso de janelas e portas em arco, as vergas poderão
ser feitas com tijolo de cutelo e duas barras de aço de 6,3 mm acima
deles, quando o vão não ultrapassar 3 m. Quando o vão ultrapassar 3
m, a verga é feita em concreto armado, tratada como uma viga de seção
variável, que é dimensionada pela menor seção.
202 Construção civil

Figura 10. Vergas para alvenaria.


Fonte: Saurin (2001).

Particularidades em muros

Em muros de arrimo, caso o empuxo que atua na alvenaria (de pedra, geral-
mente) seja maior que a resistência desta alvenaria, devemos ter reforços ao
(veja a Figura 11):

 Fazer vigas intermediárias: com quatro barras de 12,5 mm localizadas


a 1/3 da altura do muro.
 Fazer duas paredes de pedra até 1/3 da altura do muro, onde temos o
maior empuxo.
Alvenaria: técnicas construtivas 203

 Intercalar pilares de vigas de cintamento, o que é feito deixando os vãos


para os pilares quando da execução de camadas horizontais. Ao atingir
a altura da viga, colocamos a armadura e concretamos.

Figura 11. Particularidades em muros de arrimo em alvenaria.


Fonte: Saurin (2001).
204 Construção civil

1. As alvenarias possuem espessuras alguns dias antes do fechamento


variáveis. O posicionamento com tijolos inclinados ou cortados
dos tijolos ou blocos é um item em diagonal. Esse procedimento é
de projeto que influencia no denominado:
desempenho da edificação e no a) Emboço.
isolamento térmico e acústico, b) Encunhamento.
por exemplo. Quando a alvenaria c) Cisalhamento.
é erguida tendo tijolo maciço no d) Escantilhão.
sentido de sua menor espessura, ela e) Chapisco.
é denominada alvenaria de: 4. Durante o levantamento de
a) Meio tijolo. alvenaria, para atenuar as tensões
b) Um tijolo. que ficarão concentradas nos
c) Cutelo. contornos dos vãos de portas e
d) Um tijolo e meio. janelas, devido à descontinuidade
e) Oca. da parede, é necessária a execução
2. Durante o levantamento, de elementos estruturais específicos.
devemos aferir o nivelamento O elemento localizado acima dos
e o prumo de uma parede vãos é denominado:
em blocos cerâmicos: a) Marco.
a) Somente se houver um b) Caixilho.
embarrigamento ou c) Esquadria.
desnivelamento visível. d) Verga.
b) Ao levantar 1,0 m a parede. e) Contramarco.
c) Somente na última fiada. 5. A elevação de paredes
d) A cada fiada executada. em alvenaria deve:
e) A cada 3 fiadas executadas. a) Iniciar no meio do vão em
3. Em alvenaria de vedação direção aos cantos.
(preenchimento dos vãos das b) Iniciar do lado direito
estruturas de concreto armado) para o esquerdo.
um procedimento padrão deve ser c) Iniciar do lado esquerdo
efetuado para evitar o surgimento para o direito.
de fissuras entre a parede e a viga d) Iniciar dos cantos, ou junto aos
que fica imediatamente acima. pilares, em direção ao centro.
O levantamento da parede é e) Iniciar pelos cantos, toda
interrompido a cerca de 20 cm altura do pé-direito, e depois
do respaldo, e deixa-se curar por seguir em direção ao centro.
Alvenaria: técnicas construtivas 205

MILITO, J. A. Apostila da disciplina de Técnicas de Construção Civis e Construção de Edi-


fícios. Campinas: PUC, [2000?].
SAURIN, P. Apostila da Disciplina de Construção Civil I. Santa Maria: UFSM, Departamento
de Estruturas e Construção Civil. 2001.

Leituras recomendadas
ALBUQUERQUE, A. Construções civis. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1957.
BAUD, G. Manual de pequenas construções. São Paulo: Hemus, 2002.
BORGES, A. C. Prática das pequenas construções. 8. ed. São Paulo: Edgard Blücher,
2000. v. I e II.
CARDÃO, C. Técnica da construção civil. 8. ed. Belo Horizonte: Edições Engenharia e
Arquitetura, 1988. v. I e II.
CARICCHIO, L. M. Construção civil. Rio de Janeiro: Gráfica Olímpia, 1955.
PIANCA, J. B. Manual do construtor. 15. ed. Porto Alegre: Globo, 1978.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Dica do professor
Qualquer pessoa, por mais leiga que seja, quando pensa em construir logo imagina as paredes.
Nada mais natural, pois as paredes estão entre os itens mais visíveis e tratam-se verdadeiramente
de um dos símbolos de uma casa, pela sua solidez e sensação de proteção. Contudo, está cada vez
mais difícil, tanto nos grandes centros quanto no interior, encontrar mão de obra com
conhecimento e paciência para executar uma alvenaria como ela deve ser.

Cabe aos arquitetos e engenheiros zelar para que não se perca essa arte tão importante à qualidade
e à estética das obras, treinando seus trabalhadores e exigindo que se utilize as boas práticas.

Assista ao vídeo e confira como deve ser levantada uma parede em alvenaria!

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Exercícios

1) As alvenarias possuem espessuras variáveis, e o posicionamento dos tijolos ou blocos é item


do projeto que influencia no desempenho da edificação e no isolamento térmico e acústico,
por exemplo. Quando a alvenaria é erguida tendo tijolo maciço no sentido de sua menor
espessura, denomina-se alvenaria de:

A) Meio tijolo.

B) Um tijolo.

C) Cutelo.

D) Um tijolo e meio.

E) Oca.

2) Durante o levantamento, devemos aferir o nivelamento e o prumo de uma parede em blocos


cerâmicos:

A) Somente se houver um embarrigamento ou desnivelamento visível.

B) Ao levantar 1,0 m a parede.

C) Somente na última fiada.

D) A cada fiada executada.

E) A cada 3 fiadas executadas.

3) Em alvenaria de vedação (preenchimento dos vãos das estruturas de concreto armado), um


procedimento padrão deve ser efetuado para evitar o surgimento de fissuras entre a parede
e a viga que fica imediatamente acima. O levantamento da parede é interrompido a cerca de
20 cm do respaldo, e deixa-se curar por alguns dias antes do fechamento com tijolos
inclinados ou cortados na diagonal. Esse procedimento é denominado:

A) Emboço.

B) Encunhamento.
C) Cisalhamento.

D) Escantilhão.

E) Chapisco.

4) Durante o levantamento de alvenaria, para atenuar as tensões que ficarão concentradas nos
contornos dos vãos de portas e janelas devido à descontinuidade da parede, é necessária a
execução de elementos estruturais específicos. O elemento localizado acima dos vãos é
denominado de:

A) Marco.

B) Caixilho.

C) Esquadria.

D) Verga.

E) Contramarco.

5) A elevação de paredes em alvenaria deve:

A) Iniciar no meio do vão em direção aos cantos.

B) Iniciar do lado direito para o lado esquerdo.

C) Iniciar do lado esquerdo para o lado direito.

D) Iniciar dos cantos, ou junto ao pilares, em direção ao centro.

E) Iniciar pelos cantos, em toda a altura do pé-direito, e depois seguir em direção ao centro.
Na prática
Além de tudo que foi visto, as boas práticas da engenharia recomendam mais algumas regras
importantes, mas que, infelizmente, nem sempre são seguidas:

Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!


Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Execução de alvenaria de vedação: etapas de levantamento

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Minha primeira parede Drywall - Como fazer uma divisória

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Manual de reforço das estruturas de concreto armado com fibra


de carbono

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Alvenaria: Materiais

Apresentação
A qualidade de uma obra é totalmente dependente da qualidade dos materiais empregados, sendo
que os principais insumos constituintes das alvenarias são os tijolos ou blocos, a argamassa e o
graute (no caso de alvenaria estrutural). São muitos os materiais existentes para produção de tijolos
e blocos, denominados comumente de componentes da alvenaria. Os mais comuns e mais
utilizados são as cerâmicas e os concretos, cada um deles com suas características e finalidades
próprias.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai entender que um elemento tão versátil como a alvenaria
precisa atender a várias situações, sem descuidar dos itens básicos: resistência mecânica, peso,
absorção de umidade, características de isolamento e condução térmica, tipo de superfície e sua
compatibilidade com o acabamento previsto, seja este pintura, revestimento com argamassa ou
placas de algum material.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Diferenciar blocos naturais de artificiais.


• Relacionar os materiais necessários para execução das alvenarias.
• Identificar o bloco adequado para alvenaria de vedação e/ou estrutural.
Desafio
Um projeto residencial, feito por você, possui uma quantidade linear de parede de 85 metros, com
pé direito de 2,70 metros (já descontada a altura da viga de amarração). Para a construção, optou-
se por comprar blocos (tijolos) de seis furos horizontais, nas medidas de 11x15x23cm.

A casa terá:

Quantos tijolos você deverá comprar, sabendo que as paredes acabadas terão 15cm de espessura
(tijolo em pé), e deve-se considerar no cálculo 10% de perdas na execução dos serviços?
Infográfico
Você sabia que dois componentes básicos formam a alvenaria? Com tijolos/blocos e argamassa já
pode-se levantar uma parede, porém, muitos são os materiais com os quais estes dois componentes
podem ser feitos. A unidade de base mais utilizada são os tijolos cerâmicos (maciços e furados) e os
blocos de cerâmica ou de concreto, estes últimos podem servir tanto para vedação quanto para
estrutural. Os cerâmicos são feitos com argila e queimados em forno, apresentando coloração
avermelhada.

As fábricas onde são produzidos chamam-se olarias. Os blocos de concreto são normalmente
moldados em formas metálicas, adequadamente adensados e curados, para garantir sua forma e
suas propriedades, principalmente a resistência. As argamassas são materiais compostos, ou seja,
feitas comumente da mistura de cimento ou cal, ou ambos mais areia. Ela liga os blocos
funcionando como cola e garantindo a resistência e as demais propriedades do conjunto. Confira
no Infográfico!
Conteúdo do livro
O sistema construtivo de "pau a pique", que utilizava gradeados de varas de madeiras preenchidos
com barro, foi uma das primeira paredes desenvolvidas pelo homem, utilizadas em construções no
interior do País até os dias de hoje. As travessas são armadas com bambus, que se sobrepõem
horizontalmente a cada, aproximadamente, quinze centímetros. Eles são amarrados com cipós aos
esteios verticais, feitos com bambu inteiro. A seguir, barreiam-se as paredes, que não são alisadas.

Em seguida veio a técnica da cantaria (alvenaria de pedras), uma evolução decorativa e estrutural,
pois propiciou as primeiras grandes obras, como catedrais, pontes e castelos. Uma obra em cantaria
tanto pode usar argamassa como pode ser no estilo pedra seca. Para melhor compreensão dessa
evolução, acompanhe um trecho da obra "Construção civil: Alvenaria, materiais". Esse material
serve como base teórica para esta Unidade de Aprendizagem. Inicie a leitura pelo título Alvenaria:
materiais e leia até o final do item Comparação entre tijolo maciço e bloco vazado.

Boa leitura!
CONSTRUÇÃO
CIVIL

Alessandra Martins Cunha


André Luís Abitante
Caroline Schneider Lucio
Lélis Espartel
Ronei Tiago Stein
Vinicius Simionato
C756 Construção civil / Alessandra Martins Cunha ... [et al.]. – Porto
Alegre : SAGAH, 2017.
352 p. : il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-048-1

1. Construção civil. 2. Indústria da construção. I. Cunha,


Alessandra Martins.

CDU 69

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


Alvenaria: materiais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Diferenciar blocos naturais de artificiais.


 Relacionar os materiais necessários para a execução das alvenarias.
 Identificar o bloco ideal para alvenaria de vedação e/ou estrutural.

Introdução
A qualidade de uma obra é totalmente dependente da qualidade dos
materiais empregados. Os principais insumos constituintes das alvenarias
são: os tijolos ou blocos, a argamassa e o graute (no caso de alvenaria
estrutural). São muitos os materiais existentes para a produção de tijolos
e blocos, comumente denominados componentes da alvenaria. Os mais
comuns e utilizados são as cerâmicas e os concretos, cada um deles com
suas características e finalidades próprias.
Neste capítulo você vai entender que um elemento tão versátil como
a alvenaria precisa atender a várias situações, sem descuidar dos itens
básicos: resistência mecânica, peso, absorção de umidade, características
de isolamento e condução térmica, tipo de superfície e sua compatibi-
lidade com o acabamento previsto, seja este pintura, revestimento com
argamassa ou placas de algum material.

Alvenaria
A alvenaria é um conjunto de pedras ou blocos artificiais que são travados
entre si, formando uma estrutura rígida.
No início, para a construção de paredes e edificações, os blocos eram
realmente apenas travados entre si; mais tarde, surgiu o barro como o primeiro
elemento de ligação a ser usado. Na metade do século XX, era utilizada a
argamassa de cal e areia. Atualmente é empregada a argamassa de cimento, cal
e areia. Em substituição à cal, podem ser utilizados produtos químicos (fartos
174 Construção civil

no mercado). Os aditivos ajudam a melhorar as propriedades da argamassa,


como a trabalhabilidade, porém, o custo e o consumo de cimento são maiores.
A argamassa de cal tem de ser preparada com antecedência, pois deve
ser realizada a queima da cal. Caso contrário, continuam ocorrendo reações
químicas (liberando calor) após a aplicação da argamassa. Já foram feitas
experiências sobre a possibilidade da utilização de arenito em vez da cal na
argamassa, mas ainda não existe consenso a respeito da proporção de arenito
a ser utilizada na mistura.
Quanto à natureza dos materiais empregados, as alvenarias se classificam
da seguinte maneira:

 Alvenaria de blocos naturais: utiliza blocos encontrados na natureza,


como basalto, granito, arenito, etc.
 Alvenaria de blocos artificiais: utiliza blocos produzidos a partir de
processos industriais, como tijolo de barro, solo-cimento, blocos de
concreto, tijolos sílico-calcários, placas pré-moldadas, etc.

Você vai ver agora mais detalhes sobre cada uma dessas classificações.

Alvenarias de blocos naturais


As alvenarias de blocos naturais possuem as seguintes características e
particularidades:

 Material: blocos de basalto, granito e arenito.


 Dimensões dos blocos: geralmente de 25 x 25 x 30 cm.
 Peso de um bloco: varia de 45 a 50 kg, pois o material tem elevado
peso específico.
 Custo dos blocos: equivalente ao preço dos tijolos maciços comuns.
 Argamassa: é preciso ter muito cuidado na dosagem de cimento e areia,
pois ela deverá ser compatível com o tamanho do bloco, para que não
haja fuga da argamassa. A argamassa deve ser firme, sem muita água,
de tal maneira que se coloque o bloco sobre ela e este se amolde sobre
a argamassa. Geralmente o traço é de 1:3 de cimento (e cal) e areia.
 Consumo de argamassa: 50 l/m2.
 Consumo de blocos: 14 a 16 blocos/m2.
 Peso dos blocos: 700 kg/m2.
Alvenaria: materiais 175

 Juntas: as juntas de argamassa entre os blocos deverão ter uma es-


pessura de aproximadamente 2,5 cm. Quanto menor a junta, melhor.
 Amarração entre as fiadas: fiadas são camadas de tijolos ou pedras.
As fiadas sucessivas deverão ter as juntas desencontradas. A primeira
fiada deve ser bem nivelada.
 Transporte de blocos: é feito com carrinho de mão, padiola ou planos
inclinados.
 Emprego das alvenarias de blocos naturais: paredes em subsolos,
muro de divisa, muro de arrimo, fundações isoladas e contínuas, paredes
à vista (os blocos devem ser todos do mesmo tamanho, e emparelhados
com talhadeira nas 6 faces).
 Vantagens: possuem grande resistência, maior durabilidade e grande
impermeabilidade e, especificamente no caso de muro de arrimo, têm
como grande vantagem o elevado peso próprio.
 Desvantagem: possui excesso de peso, tornando a mão de obra muito
onerosa.

Além dos itens que você leu acima, existe a chamada experiência. Você deve-se
ter conhecimento de qual é a dimensão, posição que melhor se encaixa o bloco na
camada, em função de seu peso.

Vamos fazer agora uma comparação entre a alvenaria de blocos naturais


(granito ou basalto) e os tijolos maciços. Os custos do bloco se assemelham com
os do tijolo maciço. Quanto ao consumo de argamassa, podemos dizer que esse
aspecto é semelhante em ambos os tipos. Já a mão de obra para o transporte
de blocos é maior do que a necessária para o transporte de tijolos maciços. As
vantagens dos blocos são o melhor isolamento térmico e acústico e a maior
resistência e durabilidade. Um bloco corresponde a até 10 tijolos maciços.
Existe ainda o tijolo de barro cru, também conhecido como “Adobe”, que
foi muito utilizado na antiguidade, mas hoje praticamente caiu em desuso,
pois precisa de cuidados especiais para resistir às intempéries.
176 Construção civil

Alvenarias de blocos artificiais

Tijolos e blocos cerâmicos


O tijolo maciço é muito usado na execução de muros e alvenarias portantes.
Não devemos empregá-lo para a execução de fundações devido ao fator
durabilidade (ele pode deteriorar com a umidade do solo).
Dimensões: 5,5 x 11 x 23 cm
Peso: 2,4 a 2,5 kg/bloco
Consumo: paredes de 25 cm = 120/m2/ paredes de 15 cm = 60/m2.
Os blocos cerâmicos podem ser de vários tipos, mas os mais comumente
encontrados são os de 4 furos (11 x 11 x 23 cm), 2 furos (11 x 5,5 x 23 cm), 6
furos (11 x 15 x 23 cm), 8 furos (11 x 22 x 23 cm), todos com furos redondos ou
quadrados na horizontal. Os de 10 furos (11 x 23 x 27 cm) são pouco usados.

Quanto aos blocos cerâmicos, a altura é sempre padrão, 11 cm. Mais recentemente vêm
se popularizando os blocos cerâmicos com furos verticais para alvenaria de vedação
e estrutural nas espessuras de 11,5 cm, 14 cm e 19 cm, com comprimentos variados e
altura padrão de 19 cm. Neste caso, mesmo normatizados, é recomendável conferir
os pesos e as resistências dos blocos com o fabricante.

Os tijolos prensados são de custo mais elevado devido ao processo de


fabricação (extrusão a vácuo), produzindo um material sem poros. Os tijolos
prensados especiais, também conhecidos como tijolos de 21 furos, de diâmetro
menor e localizados transversalmente, possuem um melhor acabamento, não
apresentando trincas. As suas dimensões são semelhantes às do tijolo maciço
comum. São muito utilizados em paredes de tijolos à vista, onde se deseja
uma parede lisa, sem revestimento, com perfeito padrão de acabamento. Suas
dimensões são: 5,5 x 11 x 23 cm.
Os tijolos refratários possuem a capacidade de resistir às altas tempe-
raturas, refletindo o calor. Compostos de terra refratária e caulim, que são
prensados e queimados, sua cor característica é branca. Para o assentamento
destes tijolos, deve-se utilizar argamassa refratária, com cimento e areia
Alvenaria: materiais 177

queimada. Seu uso se justifica em chaminés, fornos de autoclave, lareiras,


churrasqueiras e fornos de siderúrgicas. Suas dimensões são: 6,0 x 12 x 24 cm.

Tijolos e blocos de outros materiais


O tijolo de solo cimento tem na sua composição cimento e argila mais silte,
ou cimento e argila mais arenito, com traço de 1:15, sendo prensado e curado
por 3 dias. O seu custo é menor do que o do tijolo de barro comum, visto que
não necessita da queima e da secagem, e o material utilizado normalmente é
do próprio solo que existe no local da obra (portanto, não há custos). Como
argamassa de assentamento usa-se também de solo-cimento. Suas dimensões
são de 5,5 x 11 x 23 cm.

Antes da produção do tijolo, verifique em laboratório a existência de argila expansiva.


Caso esta for encontrada, não utilizar este material.

Os blocos de isopor são uma tecnologia relativamente nova para alvenarias


leves e de pequeno custo, onde são executadas formas de isopor, posteriormente
preenchidas com argamassa. Após é executado um revestimento de argamassa,
interna e externa. Atenção: utiliza-se um adesivo antes do revestimento da
parede.
Os blocos de concreto estão disponíveis em vários tipos, de vedação e
estruturais, inclusive com formatos especiais: 14 x 20 x 30 cm (para parede
de 15 cm); 19 x 20 x 30 cm (para parede de 20 cm); 24 x 20 x 30 cm (para
parede de 25 cm). Estes blocos apresentam 2 furos verticais que, para cantos
de paredes, podem funcionar como pilaretes, recebendo armadura e sendo
preenchidos com argamassa, graute ou concreto com pedrisco. Entre algumas
de suas características, os blocos de concreto:

 são assentados com argamassa de cimento e areia (1:3);


 dispensam o emboço (primeira camada de regularização);
 não devem ser molhados no assentamento (mancham);
 recebem argamassa somente nas laterais (mínima) – somente para
aderência.
178 Construção civil

Na última fiada, podem ser colocados blocos especiais que já servem de forma para a
viga de cintamento (seção U, veja a Figura 1). Pesos de blocos e resistência, principal-
mente para alvenaria estrutural, devem ser confirmados junto aos fabricantes. Existem
também blocos especiais que já servem de apoio para lajes e como painel lateral, de
modo que a laje não fique em contato com o ambiente (seção “J”, veja a Figura 1).

O concreto celular é um bloco “aerado”. Devido ao baixo peso e à facili-


dade de manuseio, é utilizado não só para o fechamento de vãos, mas também
como enchimento de lajes. É feito com uma mistura de cimento e materiais
silicosos, em especial o silicato de cálcio. Também é conhecido como “Pumex”.
O tijolo de sílica-calcário é constituído por restos de calcário (de jazidas)
mais areia (sílica). São moldados e queimados, possuem cor branca e são
econômicos junto a regiões que têm os materiais disponíveis.
O tijolo de vidro é oco, com paredes de 8,0 mm de espessura, formados por
6 lâminas de vidro. Custam em torno de 20 vezes o preço de um tijolo comum.
Suas dimensões são: 20 x 20 x 14 cm; o assentamento é feito com massa de
vidraceiro e, quanto à utilização, como são tijolos translúcidos, podem ser
usados em locais onde se deseja uma iluminação fixa, por exemplo, onde não
há espaço para um poço de luz. Servem também como elementos decorativos.

Qualidades que os tijolos devem apresentar


Para verificar se um tijolo cerâmico está bem queimado, o som produzido pela
batida de um martelo deve ser cheio, metálico. Visualmente falando, devemos
atentar, conforme recomenda a ABNT NBR 15270:2005:

 à ausência de fissuras – resistência adequada;


 à uniformidade da cor;
 às faces paralelas, planas e lisas;
 às arestas vivas;
 à capacidade de ser cortado onde foi batido com a colher de pedreiro,
por exemplo, não se quebrando em vários pedaços.
 à homogeneidade em toda a massa – baixa absorção de água.
Alvenaria: materiais 179

 à uniformidade de dimensões – individualmente aceitam-se variações


de +/- 5 mm, porém, em uma amostra de um lote, a média de variação
deve ficar em +/- 3 mm.

Na obra, os tijolos preferencialmente devem ser cortados com disco de corte. Reco-
menda-se que para uma mesma obra, os tijolos e blocos sejam adquiridos de uma
mesma fábrica (para a alvenaria de tijolos à vista, eles devem ser de uma mesma
“queimada”).

Comparação entre tijolo maciço e bloco vazado


O tijolo maciço apresenta maior resistência, mas maior peso. Ele proporciona
menor rendimento e necessita de mais argamassa.
O bloco vazado possui menor peso e resistência inferior ao tijolo maciço.
Seu manuseio é mais fácil. Este tipo de bloco possui secagem e queima mais
rápidas, deixando sua superfície mais regular. As camadas internas de ar
ainda proporcionam melhor isolamento térmico e acústico, além de dificultar
a entrada de umidade. Veja na Figura 1 as dimensões, os tipos de blocos e
alguns detalhes construtivos de alvenaria.
180 Construção civil

Figura 1. Tijolos e blocos artificiais.


Fonte: Saurin (2001, p. 88).
Alvenaria: materiais 181

1. Um tijolo maciço pesa em média blocos cerâmicos de vedação


2,5 kg/bloco e, em uma parede exigidas pela ABNT NBR
de 15 cm de espessura, são 15270-1:2005.
consumidos 60 blocos/m2. Em uma a) Planeza das faces e índice
alvenaria de vedação, conforme de absorção de água.
a figura a seguir, ela representa b) Desvio relativo ao esquadro
um valor de carga distribuída, e à massa seca.
em kg/m, no mínimo igual a: c) Resistência à compressão
individual e área externa.
d) Índice de absorção de água
e dimensões das faces.
e) Dimensões e planeza
das faces e esquadro.
4. Em um bloco cerâmico para
alvenaria de vedação, é permitida
por norma uma variação
nas suas dimensões de:
Fonte: bigyuthana/ Shutterstock.com
a) A tolerância dimensional
a) 390 individual é de ± 15 mm.
b) 2340 b) A tolerância dimensional
c) 936 individual é de ± 8 mm.
d) 400 c) A tolerância dimensional
e) 350 individual é de ± 3 mm.
2. Aponte a opção que apresenta d) A tolerância dimensional
blocos em ordem decrescente individual é de ± 5 mm.
de dimensões externas: e) A tolerância dimensional
a) Tijolo maciço, bloco 6 furos, individual é de ± 10 mm.
bloco estrutural em concreto. 5. Qual é o tipo de bloco produzido
b) Bloco estrutural em concreto, pelo seguinte processo: mistura
tijolo maciço, bloco 6 furos. de aglomerante hidráulico com
c) Bloco estrutural em concreto, solo comum, controle de umidade,
bloco 6 furos, tijolo maciço. prensagem em máquina manual:
d) Tijolo maciço, tijolo 21 furos, a) Solo-calcário.
bloco estrutural em concreto. b) Solo-cimento.
e) Bloco 8 furos, bloco 6 furos, c) Concreto celular.
bloco estrutural em concreto. d) Sílico-calcário.
3. Aponte a opção que indica as e) Solo-gipsito.
características geométricas dos
182 Construção civil

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15270-1:2005. Componen-


tes cerâmicos. Parte 1: Blocos cerâmicos para alvenaria de vedação – Terminologia
e requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2005.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15270-2:2005. Compo-
nentes cerâmicos. Parte 2: Blocos cerâmicos para alvenaria estrutural – Terminologia
e requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2005.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15270-3:2005. Compo-
nentes cerâmicos. Parte 3: Blocos cerâmicos para alvenaria estrutural e de vedação
– Métodos de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT, 2005.
SAURIN, P. Apostila da Disciplina de Construção Civil I. Santa Maria: UFSM, Departamento
de Estruturas e Construção Civil. 2001.

Leituras recomendadas
ALBUQUERQUE, A. Construções civis. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1957.
BAUD, G. Manual de pequenas construções. São Paulo: Hemus, 2002.
BORGES, A. C. Prática das pequenas construções. 8. ed. São Paulo: Edgard Blücher,
2000. v. I e II.
CARDÃO, C. Técnica da construção civil. 8. ed. Belo Horizonte: Edições Engenharia e
Arquitetura, 1988. v. I e II.
CARICCHIO, L. M. Construção civil. Rio de Janeiro: Gráfica Olímpia, 1955.
PIANCA, J. B. Manual do construtor. 15. ed. Porto Alegre: Globo, 1978.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
Dica do professor
Você sabia que uma argamassa só com cimento e areia seria muito resistente, mas não teria
trabalhabilidade para ser usada em alvenaria? O traço da argamassa é determinante nas
propriedades da alvenaria. A cal, por exemplo, contribui com o aumento da resistência ao longo do
tempo, além de reduzir a quantidade de cimento necessária, barateando o custo da argamassa.

Para alvenaria, normalmente, utiliza-se uma proporção entre aglomerantes (cimento + cal) e areia
de 1:3, ou seja, uma parte de (cimento + cal) e mais 3 partes de areia, em volume. A proporção
entre cimento e cal pode ser de 1:2, ou seja, uma parte de cimento para duas de cal (hidratada,
aquela vendida ensacada, em pó, pronta para ser utilizada). Assista ao vídeo e confira estes e outros
detalhes!

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Exercícios

Um tijolo maciço pesa em média 2,5kg/bloco e, numa parede de 15cm de espessura,


1) consome-se 60 blocos/m2. Em uma alvenaria de vedação, conforme a figura, ela representa
um valor de carga distribuída, em kg/m, no mínimo igual a:

A) a) 390

B) b) 2340

C) c) 936

D) d) 400

E) e) 350

Aponte a opção que apresenta blocos em ordem decrescente de dimensões externas.


2)
A) a) Tijolo maciço, bloco 06 furos, bloco estrutural em concreto.

B) b) Bloco estrutural em concreto, tijolo maciço, bloco 06 furos.

C) c) Bloco estrutural em concreto, bloco 06 furos, tijolo maciço.

D) d) Tijolo maciço, tijolo 21 furos, bloco estrutural em concreto.


E) e) Bloco 08 furos, bloco 06 furos, bloco estrutural em concreto.

Aponte a opção que indica características geométricas de blocos cerâmicos de vedação


3) exigidas pela NBR 15270-1:2005.

A) a) Planeza das faces e índice de absorção de água.

B) b) Desvio relativo ao esquadro e à massa seca.

C) c) Resistência à compressão individual e área externa.

D) d) Índice de absorção de água e dimensões das faces.

E) e) Dimensões e planeza das faces e esquadro.

Em um bloco cerâmico para alvenaria de vedação é permitido por norma uma variação nas
4) suas dimensões de:

A) a) A tolerância dimensional individual é de ± 15 mm.

B) b) A tolerância dimensional individual é de ± 8 mm.

C) c) A tolerância dimensional individual é de ± 3 mm.

D) d) A tolerância dimensional individual é de ± 5 mm.

E) e) A tolerância dimensional individual é de ± 10 mm.

Qual é o tipo de bloco produzido pelo seguinte processo: mistura de aglomerante hidráulico
5) com solo comum, controle de umidade, prensagem em máquina manual?

A) a) Solo-calcário.

B) b) Solo-cimento.

C) c) Concreto celular.

D) d) Sílico-calcáreo.

E) e) Solo-gipsito.
Na prática
Em obra, referente aos blocos cerâmicos para vedação, segundo a NBR 15270-1/05,
resumidamente, devemos seguir os seguintes critérios:

Tabela de aceitação ou rejeição de blocos de vedação – Inspeção visual (NBR 15270-1)

Unidades não conformes


No blocos
constituintes
1a amostragem 2a amostragem

1a amostra 2a amostra N° aceitação N° aceitação N° aceitação N° aceitação

13 13 2 5 6 7

1) Lote: de 1.000 a, no máximo, 100.000 tijolos.

2) Amostras: 13 blocos/cada, aleatoriamente coletados em cada lote (primeira amostra = A1,


segunda amostra = A2).

3) Verificação visual: trincas, quebras, superfícies irregulares, deformações, não uniformidade de


cor.
4) Dimensões: medidos com trena, os 13 blocos de cada lote ---> admite-se somente ± 5mm na
unidade e ± 3mm na média de desvio da amostra.

5) Planeza das faces: verifica-se com régua metálica plana os 13 blocos de cada lote.

6) Desvio de esquadro: desvio máximo ---> 3 mm.

7) Queima:

- Percussão com objeto metálico: som vibrante indica boa queima; som abafado indica bloco
mal cozido.

- Imersão em água por 4 horas: desmanche ou esfarelamento indicam queima ruim.

- Absorção de água ---> entre 8% e 22%.

- Ensaio feito em laboratório com amostra de 06 unidades.

- Resistência à compressão ---> 1,5 a 10 MPa - ensaio feito em laboratório com amostra de
13 unidades (NBR 15270-3).

Para aceitação ou rejeição do lote pelas características visuais:

- Número de blocos defeituosos ≤ 2 ---> aceita-se o lote já na primeira amostragem.

- 2 < blocos defeituosos ≤ 5 ---> repete-se a verificação em outra amostra (A2).

- Se o somatório dos blocos defeituosos em A1 e A2 for seis ou menor, então aceita-se o lote.

- Blocos defeituosos (A1 + A2) > 6 ---> rejeita-se o lote.

Para aceitação ou rejeição do lote por ensaios de laboratório:

- Absorção de água: caso mais de um bloco apresentar-se fora da faixa (8% a 22%), rejeita-se o lote.

- Resistência à compressão: caso mais de 2 blocos apresentarem-se fora da faixa (1,5 a 10MPa),
rejeita-se o lote.

As NBRs 15270-2/05 e 15270-3/05 tratam dos demais tipos de blocos para alvenaria.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Tijolo ecológico

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Ensaio de compressão (resistência)

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Comparativo entre bloco cerâmico e de concreto

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Índices de produtividade em alvenaria de blocos dependem de


diversos fatores
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Alvenaria: Vedação e Estrutural

Apresentação
A alvenaria é um elemento construtivo fundamental no projeto estrutural de uma edificação. Uma
alvenaria de qualidade complementa o bom desenvolvimento das demais etapas construtivas, além
de contribuir com a segurança da obra. Temos duas opções de alvenaria: estrutural e de vedação.

A principal diferença entre elas é que a alvenaria estrutural (que utiliza bloco estrutural adequado,
tijolo estrutural, tijolo de concreto, bloco de concreto, etc.) serve como a própria estrutura da obra,
podendo dispensar totalmente o uso de concreto armado (pilares e vigas). A alvenaria de vedação é
uma técnica tradicional que suporta apenas o seu próprio peso, necessitando por isso de vigas e
pilares (em concreto armado ou estrutura metálica) para dar sustentação.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai entender que um tipo de alvenaria não substitui o outro,
pois exercem funções distintas.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Relacionar as diferenças entre alvenaria de vedação e alvenaria estrutural.


• Identificar a alvenaria adequada para cada situação/obra.
• Dimensionar a espessura de paredes em alvenaria autoportante.
Desafio
Sua construtora vai participar de uma concorrência para a construção de uma subestação abrigada
(baixa tensão), uma pequena edificação com as seguintes características arquitetônicas:

Dimensões = 4,10 m x 3,20 m.


Pé-direito = 3,00 m.
Viga cintamento = 10 cm x 20 cm.
Laje de cobertura = 8 cm.

Logicamente, a concessionária de energia, no projeto arquitetônico, estabelece a espessura das


paredes (20 cm), mas você, pensando em utilizar alvenaria autoportante, com tijolo furado comum
(resistência de 1,0 MPa, mínimo recomendado pela NBR 7171, bloco classe 10), vai conferir a
espessura mínima necessária.

Qual é a espessura necessária da parede para suportar a carga dessa edificação?


Infográfico
Você sabia que a alvenaria de vedação não substitui a alvenaria estrutural? Os dois sistemas, no
entanto, podem utilizar blocos de concreto ou cerâmicos. Qualquer que seja o material, o
importante é que a alvenaria tenha boa qualidade e que o projetista conheça as diferenças de
comportamento. A alvenaria de vedação é projetada para resistir basicamente a seu próprio peso,
necessitando de uma estrutura ("esqueleto") de suporte pouco deformável, em concreto armado ou
metálica.

A alvenaria de vedação não precisa funcionar nem mesmo como travamento da estrutura que a
envolve. Já a alvenaria estrutural vai além, devendo resistir a outras cargas e ações. Uma parede
estrutural não pode ser removida, assim como não podem ser feitos furos horizontais no plano da
parede, que comprometem a sua seção transversal – seria o mesmo que retirar um pilar de uma
construção no sistema tradicional. Para entender melhor, confira o infográfico!
Conteúdo do livro
No trecho do material disponível, o autor aborda a alvenaria estrutural com maior ênfase, pois
trata-se de uma técnica ainda desconhecida de parte dos engenheiros. No Brasil, as opções mais
comuns são os sistemas construtivos estruturais de concreto armado (ou aço), com os vãos
preenchidos por paredes de alvenaria de vedação. As obras em alvenaria estrutural estão
intimamente ligadas a edificações populares.

Leia os tópicos do capítulo Alvenaria: vedação e estrutural. Inicie seus estudos no tópico Alvenaria:
vedação e estrutural, seguindo até Roteiro de cálculo para alvenaria autoportante.

Boa leitura!
CONSTRUÇÃO
CIVIL

Alessandra Martins Cunha


André Luís Abitante
Caroline Schneider Lucio
Lélis Espartel
Ronei Tiago Stein
Vinicius Simionato
C756 Construção civil / Alessandra Martins Cunha ... [et al.]. – Porto
Alegre : SAGAH, 2017.
352 p. : il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-048-1

1. Construção civil. 2. Indústria da construção. I. Cunha,


Alessandra Martins.

CDU 69

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


UNIDADE 2
Alvenaria: vedação
e estrutural
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Relacionar as diferenças entre alvenaria de vedação e alvenaria


estrutural.
 Identificar a alvenaria adequada para cada situação/ obra.
 Dimensionar a espessura de paredes em alvenaria autoportante.

Introdução
A alvenaria é um elemento construtivo fundamental no projeto estrutural
de uma edificação. Uma boa alvenaria complementa o bom desen-
volvimento das demais etapas construtivas, além de contribuir com a
segurança da obra.
Neste texto, você vai aprender sobre os tipos de alvenaria: estrutural e
vedação. Você vai ver que a principal diferença entre elas é que a alvena-
ria estrutural (que utiliza bloco estrutural adequado, tijolo estrutural, tijolo
de concreto, bloco de concreto e etc.) serve como a própria estrutura da
obra, podendo dispensar totalmente o uso de concreto armado (pilares
e vigas); e, já a alvenaria de vedação (técnica tradicional) suporta apenas
o seu próprio peso, por isso necessita de vigas e pilares (em concreto
armado ou estrutura metálica) para dar sustentação.
Além disso, você vai compreender que um tipo de alvenaria não
substitui o outro, pois cada um exerce uma função diferente.
162 Construção civil

Alvenaria
Atualmente, a alvenaria é entendida como um conjunto maciço, coeso e rígido,
de pedras (naturais), tijolos ou blocos (elementos de alvenaria) unidos entre
si de modo estável, pela combinação de juntas e interposição de argamassa
(junta tomada), ou somente pela combinação de juntas (junta seca), em fiadas
horizontais que se sobrepõem uma sobre as outras.
A alvenaria pode ser empregada na confecção de diversos elementos cons-
trutivos (paredes, abóbadas, sapatas, etc.) e pode ter função estrutural, de
vedação (paredes externas) ou divisão de ambientes (paredes internas).
Quando a alvenaria é dimensionada e empregada na construção para resistir
cargas, ela é chamada alvenaria resistente ou estrutural (autoportante), pois
além do seu peso próprio, ela pode suportar esforços verticais (como peso das
lajes, telhados, pavimento superior, etc.) e horizontais (por exemplo, empuxo
de terra e vento). Quando a alvenaria não é dimensionada para resistir cargas
verticais além de seu peso próprio é denominada alvenaria de vedação.

As paredes (alvenarias) de modo geral, devem possuir as seguintes características


técnicas, segundo a ABNT NBR 15575-4:2013 (Desempenho das edificações – sistemas
de vedações verticais):
 Resistência mecânica – aos movimentos térmicos e à pressão do vento.
 Isolamento térmico e acústico.
 Resistência ao fogo.
 Estanqueidade – impedir às infiltrações de água pluvial, a migração de vapor de
água e regulagem da condensação.
 Durabilidade.
 Segurança para usuários e ocupantes – resistir a impactos.
 Servir de base ou substrato para revestimentos em geral.

Os desempenhos estabelecidos para os sistemas de vedação vertical em


uma edificação, devem envolver o conjunto de paredes e esquadrias (portas,
janelas e fachadas). A norma supracitada, por exemplo, apresenta os níveis
internos de variação de temperatura obrigatórios de acordo com cada região
climática brasileira.
Alvenaria: vedação e estrutural 163

Alvenaria convencional (vedação)


O chamado edifício convencional tem sua estrutura formada por um pórtico
espacial de concreto armado. Nestes, em geral, as alvenarias são feitas de
tijolos cerâmicos furados, hoje tanto na horizontal como vertical, mas pode-
-se usar tijolos cerâmicos maciços ou blocos vazados de concreto. Não há
grandes preocupações com um controle sobre as características mecânicas dos
tijolos e blocos de concreto, como também sobre a resistência da argamassa
de assentamento.
Como as alvenarias não possuem função estrutural, elas podem ser cortadas
à vontade para passagem de tubulações hidráulicas e eletrodutos. O usuário
pode trocar portas e janelas de lugar (o que ocorre com frequência). O pedreiro,
inclusive, corta (quebra) os tijolos para complementar as fiadas (usa pedaços
de tijolos). Erros de prumo e alinhamento horizontal (barrigas) das paredes são
aceitáveis, quando se pode corrigir depois com reboco (grandes espessuras de
argamassa podem ser necessárias). Muitas vezes, o canteiro de obras apresenta
congestionamento de entulho, desorganização e/ou falta de limpeza da obra.
Vantagens do edifício convencional:

 Grande flexibilidade arquitetônica.


 Não há necessidade de grande controle sobre a qualidade dos materiais
e da mão de obra na execução das paredes.
 O desenvolvimento da tecnologia do concreto permite construir edifícios
muito altos, com grandes balanços e estrutura esbelta.

Desvantagens do edifício convencional:

 Desperdício de material: devido ao “faz e quebra”, aos enchimentos de


paredes para corrigir desaprumos, etc.
 Maior custo em mão de obra: deve-se executar a estrutura de concreto
armado e, depois, as paredes.
 O custo total da obra convencional pode chegar a 25% acima do custo
de um edifício executado com alvenaria estrutural, depende do número
de pavimentos da edificação.

Alvenaria estrutural
Alguns elementos estruturais de concreto armado são indispensáveis, como
lajes, escadas e fundações.
164 Construção civil

As paredes são os principais elementos estruturais responsáveis por trans-


ferir as cargas verticais e as ações horizontais para as fundações, por isto não
podem ser cortadas para passagem de tubulações ‒ são admitidos apenas
pequenos cortes com muita restrição. Os eletrodutos são encaixados dentro
dos furos dos blocos e, as tubulações hidráulicas, são colocadas em blocos
especiais ou shafts.

 Deve haver um rigoroso controle da resistência e das dimensões dos blocos, os


quais podem ser cerâmicos ou de concreto.
 A qualidade da argamassa de assentamento é determinada em ensaios de prismas
(normalmente, dois blocos unidos com a argamassa).
 Pode-se ensaiar, também, pequenas paredes.
 Especial atenção é dada ao prumo e alinhamento horizontal das paredes.
 Caso o desaprumo ou “embarrigamento” sejam grandes, a parede deve ser de-
molida e refeita.
 Os blocos não podem ser quebrados ou cortados pelo pedreiro, exigindo, que
o projeto seja modulado de forma a se obter um número inteiro de blocos (mais
meio bloco).
 Alguns blocos vêm de fábrica furados na horizontal para permitir a passagem de
elementos e instalações, o que diminui levemente sua resistência.
 O usuário não pode trocar portas e janelas de lugar, muito menos demolir paredes.

O projeto pode prever que algumas paredes não tenham função estrutural.
Essas paredes podem ser cortadas para colocação de eletrodutos e tubulações
hidráulicas (denominadas de “paredes hidráulicas”). As paredes hidráulicas
podem ser executadas com tijolos cerâmicos comuns ou com blocos de concreto
não estrutural (de menor resistência). Deve-se ter cuidado de evitar que as lajes
se apoiem nelas, deixando um espaço vazio entre a laje e o topo da parede.
Vantagens do edifício de alvenaria estrutural:

 Menor desperdício de material e de mão de obra.


 Redução do tempo de execução, com redução de custo.
 Canteiro de obras limpo e com grande controle de todas as etapas da
execução.
 Ideal para construções de baixa renda, condomínios residenciais de
pequena altura (4 a 5 andares).
Alvenaria: vedação e estrutural 165

 Também indicado para edifícios mais altos: 10, 15 até 20 andares, desde
que haja materiais adequados e mão de obra qualificada.

Desvantagens do edifício de alvenaria estrutural:

 Exigência de controle rigoroso em todas as etapas da construção (fis-


calização intensa).
 Exigência de mão de obra mais qualificada. Em geral, é necessário dar
treinamento aos operários.
 A construção deve ser modulada, o que limita o projeto arquitetônico
quanto às dimensões dos vãos e o posicionamento das paredes.
 Há certa limitação quanto à altura do edifício.

Os componentes da alvenaria estrutural diferem sensivelmente à alvenaria


convencional, principalmente quando utilizado internamente nos blocos,
reforços estruturais pontuais:

 Bloco: componente básico da alvenaria (cerâmico ou de concreto).


 Junta de argamassa: utilizada na ligação dos blocos.
 Graute: microconcreto (feito com agregados graúdos de pequeno diâme-
tro) e autoadensável (grande fluidez, não precisa de vibração); utilizado
para preenchimento de espaços vazios de blocos com a finalidade de
solidarizar armaduras à alvenaria ou aumentar sua capacidade resistente;
 Armaduras: aço para concreto armado CA e aços para concreto pro-
tendido CP (nas alvenarias protendidas).

Dimensionamento de um prédio não


estruturado
O dimensionamento de um prédio não estruturado tem por objetivo maior
verificar as espessuras das paredes e o tipo de tijolo (ou bloco) a ser utilizado
na execução das paredes internas e externas, tomando como base as paredes
internas e externas mais solicitadas. Também devem ser analisadas, de modo
separado, as paredes da caixa da escada, pois normalmente é sobre elas que
se apoia o reservatório superior.
O número máximo (recomendado) de pavimentos para prédios não estru-
turados é de 5 pavimentos, utilizando-se tijolos maciços (bloco convencional).
166 Construção civil

Pavimentos diferentes podem ser feitos com tijolos diferentes, mas nunca se deve
misturar tijolos em um único pavimento (ex. paredes internas com um tipo de tijolo
e paredes externas com outro).

Para o dimensionamento de prédios não estruturados, considera-se que a


tensão admissível para tijolos maciços é de 6,0 kg/cm2 e para blocos cerâmicos
vazados é de 2,0 kg/cm2. Também faz parte do dimensionamento de prédios
não estruturados, o cálculo das vigas de cintamento, vergas, coxins, além, é
claro, das lajes, vigas e fundações.

Roteiro de cálculo para alvenaria autoportante


1. Paredes mais solicitadas: verificar qual a parede (externa ou interna)
é mais solicitada. Isto se faz pela área de contribuição das lajes sobre
as paredes (ver Figura 1) – determinando a área de um trapézio ou tri-
ângulo. Verifica-se também qual o maior lado do trapézio ou triângulo
escolhido (L).
Alvenaria: vedação e estrutural 167

Figura 1. Metodologia para cálculo de alvenaria autoportante, definição da parede mais


solicitada.
Fonte: Saurin (2001, p. 120).

2. Carga do telhado: se for o pavimento superior, considerar a carga do


telhado, que pode ser diretamente distribuída na laje de forro. Pode-se
adotar: qtelhado= 180 kg/m2.
3. Carga acidental: verificar a carga acidental a que está submetida
à laje considerada, conforme ABNT NBR 6118:2003 e ABNT NBR
6120:1980 (NB 05).
4. Carga de revestimento: verificar se há revestimento na laje. Pode-se
adotar: qrevestimento= 70 kg/m2.
5. Reação da laje (R laje): calcular a reação da laje sobre a parede, que é
dada pela fórmula a seguir.

Rlaje= (Σ cargas × área da figura) / maior lado

6. Reação da viga de cintamento superior (RVCS): calcular a reação da


viga de cintamento superior com a fórmula abaixo.

Rvcs= base × altura × peso específico do concreto


Obs.: peso específico do concreto = 2.500 kg/m3.
168 Construção civil

7. Reação da Parede (Rparede): calcular a reação da parede – considerando


o ponto mais desfavorável (pé da parede). Obs.: deve ser considerado o
peso da parede dado pela ABNT NBR 6120:1980 (NB 05), considerando
o maior peso para a maior espessura a ser adotada.

Rparede= peso próprio × pé direito

8. Espessura da parede (e): fazer o somatório de todas as reações, sendo


que a espessura da parede é dada por:

e = somatório das reações / tensão admissível da alvenaria

9. Dimensionar a parede a cada pavimento, sempre somando as reações


dos pavimentos anteriores. Não esquecer que, para paredes internas, a
composição de cargas leva em consideração duas lajes.
10. Fundação direta contínua: dimensionar a fundação direta contínua,
se for o caso, considerando:
■ A soma das reações de todos os pavimentos
■ A reação da viga de cintamento inferior
■ O peso próprio da fundação.

O peso próprio da fundação pode ser considerado, para efeitos do seu dimensiona-
mento, como 15% de todo o peso que age sobre ela. Deve-se adotar uma altura para
a fundação de acordo com sondagem e calcular a largura (l), que é dada pela fórmula:
l = Reação total / Tensão admissível do solo

11. Paredes da caixa da escada: considerar a carga do reservatório (200


litros de água/pessoa/dia, ou outra carga dada pelo projeto de instala-
ções hidrossanitárias), mais a reação das paredes do reservatório, da
laje de fundo e da laje de tampa, caso este se apoiar sobre a caixa da
escadaria. Considerar a carga acidental para escadas dada pela ABNT
NBR 6120:1980 (NB 05).
Alvenaria: vedação e estrutural 169

Em algumas situações, quando o reservatório superior for projetado sobre estas paredes,
é recomendável que a torre da escadaria, seja estruturada com maior espessura das
paredes.

1. Analise as seguintes informações uma planta das fiadas e as


sobre duas construções, I e II: elevações das paredes.
I. Tem estrutura formada b) A escolha do tipo de bloco
por um pórtico espacial a utilizar é tomada apenas
em perfis metálicos. pela disponibilidade
II. Tem paredes concretadas no mercado local.
internamente, no alinhamento c) A escolha do tipo de bloco
de furos verticais, em a utilizar é tomada em
pontos estratégicos, com cima da modulação.
instalação de armadura. d) Modular uma alvenaria é projetar
Pode-se concluir que: vãos em “unidades modulares”,
a) II é uma obra em que são definidas apenas
alvenaria de vedação. pelas medidas dos blocos:
b) I é uma obra em comprimento, altura e espessura.
alvenaria estrutural. e) Não é necessário planta das
c) I e II são obras de fiadas, elevações das paredes,
alvenaria de vedação. nem a locação das esquadrias.
d) I é uma obra para alvenaria de 3. Em relação à resistência dos
vedação e II, alvenaria estrutural. blocos cerâmicos para alvenaria
e) I e II são obras em em geral, qual opção abaixo
alvenaria estrutural. apresenta os blocos em ordem
2. Um projeto de alvenaria crescente de resistência:
estrutural deve contemplar a a) Vedação maciço, vedação
modulação das paredes. Sobre furado na horizontal e
isto é correto afirmar: estrutural furado na vertical.
a) Um projeto de modulação, b) Vedação furado na horizontal,
basicamente, deve incluir estrutural furado na vertical e
vedação furado na vertical.
170 Construção civil

c) Vedação furado na vertical, e) À rapidez de execução, facilidade


vedação furado na horizontal e construtiva e custo final menor.
estrutural furado na vertical. 5. Nos edifícios em alvenaria estrutural,
d) Vedação furado na horizontal, considere a opção correta
vedação maciço, e estrutural (possível):
furado na vertical. a) As paredes portantes podem
e) Estrutural furado na vertical, ser removidas sem necessidade
vedação maciço, vedação de cuidados especiais.
furado na horizontal. b) Uma das funções do
4. O uso do sistema construtivo em grauteamento é proporcionar a
alvenaria estrutural se mostra separação “armadura x alvenaria”.
bastante adequado para a produção c) Em projetos de alvenaria
de conjuntos habitacionais no Brasil, estrutural não existem vigas
país com alto déficit de moradias, e pilares de concreto armado
principalmente devido: ou perfis metálicos.
a) À rapidez na execução d) Uma das principais vantagens
e aparência final. é a redução no uso de
b) À segurança estrutural concreto e armadura, porém,
e aparência final. aumenta-se o gasto com o uso
c) À rapidez na execução e de madeira para as fôrmas.
estanqueidade da obra. e) As lajes não necessitam
d) Ao custo final menor e de nenhum escoramento
segurança estrutural. durante a execução.
Alvenaria: vedação e estrutural 171

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6118:2003. Projeto de


estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6120:1980. Cargas para o
cálculo de estruturas de edificações. Rio de Janeiro: ABNT, 1980.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15575-4:2013. Desempe-
nho de edificações habitacionais. Parte 4: Sistemas de vedações verticais internas e
externas. Rio de Janeiro: ABNT, 2013.
SAURIN, P. Apostila da disciplina de construção civil I. Santa Maria: UFSM, Departamento
de Estruturas e Construção Civil, 2001.

Leituras recomendadas
ALBUQUERQUE, A. Construções civis. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1957.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 14321:1999. Paredes de
alvenaria estrutural – Determinação da resistência ao cisalhamento. Rio de Janeiro:
ABNT, 1999.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15270-2:2005. Compo-
nentes cerâmicos. Parte 2: Blocos cerâmicos para alvenaria estrutural – Terminologia
e requisitos. Rio de Janeiro: ABNT, 2005.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15270-3:2005. Compo-
nentes cerâmicos. Parte 3: Blocos cerâmicos para alvenaria estrutural e de vedação
– Métodos de ensaio. Rio de Janeiro: ABNT, 2005.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15812-1:2010. Alvenaria
estrutural — Blocos cerâmicos. Parte 1: Projetos. Rio de Janeiro: ABNT, 2010.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15812-2:2010. Alvenaria
estrutural — Blocos cerâmicos. Parte 2: Execução e controle de obras. Rio de Janeiro:
ABNT, 2010.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15961-1:2011. Alvenaria
estrutural — Blocos de concreto. Parte 1: Projeto. Rio de Janeiro: ABNT, 2011.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15961-2:2011. Alvenaria
estrutural — Blocos de concreto. Parte 2: Execução e controle de obras. Rio de
Janeiro: ABNT, 2011.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6460:1983. Tijolo maciço
cerâmico para alvenaria – Verificação da resistência à compressão. Rio de Janeiro:
ABNT, 1983.
172 Construção civil

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6461:1983. Bloco cerâmico


para alvenaria – Verificação da resistência à compressão. Rio de Janeiro: ABNT, 1983.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 7171:1992. Bloco Cerâmico
para Alvenaria: Especificação. Rio de Janeiro: ABNT, 1992.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 7184:1992. Blocos vazados
de concreto simples para alvenaria – Determinação da resistência à compressão. Rio
de Janeiro: ABNT, 1992.
AZEREDO, H. A. O edifício até sua cobertura. 2. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 1997.
BAUD, G. Manual de pequenas construções. São Paulo: Hemus, 2002.
BORGES, A. C. Prática das pequenas construções Vol. I e II. 8.ª ed. São Paulo: Editora
Edgard Bluücher,. São Paulo, 2000. v. I e II.
CARDÃO, C. Técnica da construção civil – Vol. I e II. 8. ed. Belo Horizonte: Edições Enge-
nharia e Arquitetura, 1988. v. I e II.
CARICCHIO, L. M. Construção civil. Rio de Janeiro: Gráfica Olímpia, 1955.
MILITO, J. A. de. Apostila da disciplina de técnicas de construção civis e construção de
edifícios. Campinas: PUC, [2008].
PIANCA, J. B. Manual do construtor. 15. ed. Porto Alegre: Globo, 1978.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
Dica do professor
Você sabia que as alvenarias de vedação não têm função estrutural, mas estão sujeitas a cargas
acidentais? Sim! Basicamente, elas devem resistir a deformações da estrutura de concreto,
recalques de fundações e movimentações térmicas. Suportando essas três solicitações, ela atenderá
plenamente o quesito mais importante: a segurança dos usuários.

Ao longo da sua vida útil, as paredes estão sujeitas a impactos de diferentes magnitudes,
ocasionados pelas situações cotidianas de uso e ocupação. Por esse motivo, os diferentes blocos de
alvenaria de vedação também têm resistências mínimas estabelecidas por normas da ABNT. Assista
ao vídeo para chegar à melhor solução em alvenaria para cada tipo de construção.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Exercícios

1) Analise as seguintes informações sobre as construções A e B:

A: tem estrutura formada por um pórtico espacial em perfis metálicos.


B: tem paredes concretadas internamente, no alinhamento de furos verticais, em pontos
estratégicos, com instalação de armadura.

Pode-se concluir que:

A) B é uma obra em alvenaria de vedação.

B) A é uma obra em alvenaria estrutural.

C) A e B são obras em alvenaria de vedação.

D) A é uma obra para alvenaria de vedação, e B é para alvenaria estrutural.

E) A e B são obras em alvenaria estrutural.

2) Um projeto de alvenaria estrutural deve contemplar a modulação das paredes. Marque a


opção correta.

A) Um projeto de modulação, basicamente, deve incluir uma planta das fiadas e as elevações das
paredes.

B) A escolha do tipo de bloco a utilizar é tomada apenas pela disponibilidade no mercado local.

C) A escolha do tipo de bloco a utilizar é tomada a partir da modulação.

D) Modular uma alvenaria é projetar vãos em "unidades modulares", que são definidas apenas
pelas medidas dos blocos: comprimento, altura e espessura.

E) Não são necessárias planta das fiadas, elevações das paredes ou locação das esquadrias.

3) Em relação à resistência dos blocos cerâmicos para alvenaria em geral, qual opção apresenta
os blocos em ordem crescente de resistência?

A) Vedação maciça, vedação furada na horizontal e estrutural furada na vertical.


B) Vedação furada na horizontal, estrutural furada na vertical e vedação furada na vertical.

C) Vedação furada na vertical, vedação furada na horizontal e estrutural furada na vertical.

D) Vedação furada na horizontal, vedação maciça e estrutural furada na vertical.

E) Estrutural furada na vertical, vedação maciça e vedação furada na horizontal.

4) O uso do sistema construtivo em alvenaria estrutural se mostra muito adequado para a


produção de conjuntos habitacionais no Brasil, país com alto déficit de moradias. A que essa
realidade se deve?

A) Rapidez na execução e aparência final.

B) Segurança estrutural e aparência final.

C) Rapidez na execução e estanqueidade da obra.

D) Custo final menor e segurança estrutural.

E) Rapidez de execução, facilidade construtiva e custo final menor.

5) Nos edifícios em alvenaria estrutural, considere a opção CORRETA (possível):

A) As paredes portantes podem ser removidas sem necessidade de cuidados especiais.

B) Uma das funções do grauteamento é proporcionar a separação "armadura x alvenaria".

C) Em projetos de alvenaria estrutural, não existem vigas e pilares de concreto armado ou perfis
metálicos.

D) Uma das principais vantagens é a redução no uso de concreto e armadura, porém aumenta-se
o gasto com o uso de madeira para as formas.

E) As lajes não necessitam de nenhum escoramento durante a execução.


Na prática
O processo de execução de alvenaria estrutural, no qual os blocos das paredes são utilizados como
elementos da estrutura da edificação, está em franco desenvolvimento no Brasil. Com a instalação
de novos equipamentos (importados e nacionais), essa tecnologia vem ocupando seu espaço na
construção civil.

Por demandar menor tempo de execução, as edificações em alvenaria estrutural são indicadas para
empreendimentos com prazos de conclusão rígidos, a custos menores comparativamente à
estrutura convencional. Vêm conquistando espaço nas empreitadas de muros, obras residenciais
(casas e edifícios de diversas alturas) e obras de grande porte, como pavilhões (hipermercados e
indústrias).

Todas essas possibilidades de utilização dos blocos de alvenaria impõem um detalhe essencial: a
qualidade. É fundamental que os blocos atendam às especificações dos projetistas no que se refere
à resistência à compressão, absorção de água, dimensão e retração por secagem (definidas pela
NBR 6136 e correlatas). É importante que os responsáveis pela aquisição e aplicação dos blocos
estejam conscientes desse procedimento, que sejam devidamente treinados e conhecedores dos
detalhes mais simples.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Alvenaria Estrutural - Uma Visão do Sistema: Elevações e


Grauteamento

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Alvenaria de vedação racionalizada com blocos cerâmicos

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Alvenaria estrutural x alvenaria de vedação: entenda as


diferenças

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Formas: Confecção e colocação

Apresentação
O concreto armado é a solução mais utilizada na indústria da construção civil brasileira. As
características estruturais do empreendimento definem o melhor sistema a ser utilizado, porém, ao
se optar pela utilização de concreto armado, a maioria das obras ainda utiliza forma de madeira com
escoramento metálico para a sua execução. Apesar de existirem no mercado, as formas
industrializadas ainda não são usadas em larga escala no Brasil. Sua maior vantagem está na
diminuição da mão de obra do canteiro, o que é possível obter de forma abundante e barata.

Os sistemas de formas metálicas, mais caros, garantem uma produtividade potencial alta em
condições ideais, ou seja, quando há grandes panos de lajes sem vigas ou quando o número de
repetições é muito elevado, já que o material permite reutilização. Nesta Unidade de
Aprendizagem, devido a essa importância e demanda, você, assim como todo engenheiro civil ou
arquiteto, vai conhecer a técnica de confecção, montagem e escoramento de formas em madeira,
processos que consomem, em média, 26% do prazo total de execução de uma obra.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar os materiais necessários para formas em madeira.


• Expressar as técnicas de confecção, colocação e escoramento e desmoldagem de formas.
• Relacionar novas tecnologias, alternativas à madeira.
Desafio
Você, como engenheiro responsável pela execução de um edifício, sabe da importância das formas
para o desempenho estrutural das peças em concreto armado. Durante um processo de inspeção
rotineiro, examinando a instalação das formas para concretagem de pilares, você tirou uma
fotografia para análise detalhada no escritório.

Sabendo que o pé-direito é de 3,0 m, descreva o nome de cada item da forma (de pilar), apontados
na foto, diga em que estágio está a montagem e se, aparentemente, falta algo ou já é possível
iniciar a concretagem.
Infográfico
Você sabia que a resistência da forma é fundamental? Dependendo do tipo de concreto a ser
utilizado, as formas deverão atender com mais ênfase a quesitos como estanqueidade, inexistência
de reação química, etc. Devemos lembrar que uma concretagem bombeada exerce esforço maior
sobre as formas do que uma com grua. As formas devem ser escolhidas para que seus materiais
atendam às solicitações de cada processo. Vale o mesmo raciocínio com relação ao tipo de
adensamento.

As formas respondem diferentemente às solicitações de um adensamento com vibradores de


imersão em comparação a, por exemplo, vibradores de placa. O correto dimensionamento e os
cuidados operacionais rígidos são fundamentais para preservar as características de desempenho
da estrutura – alinhamento e formato da seção transversal. Qualquer falha causará
microfissuramento no concreto, comprometendo a sua rigidez para sempre.

Confira no Infográfico a seguir.


Conteúdo do livro
Você sabia que, de maneira sucinta, podemos dizer que a forma é um molde provisório? Ela serve
para dar ao concreto fresco, primeiro, a geometria e a textura desejadas e, segundo, de
cimbramento, todos os elementos que servem para sustentá-la até que se atinja resistência
suficiente para ela autossuportar os esforços aos quais é submetida. Apesar de provisória,
econômica e ecologicamente falando, as formas devem ser reaproveitadas ao máximo.

Leia os tópicos do capítulo Formas: confecção e colocação. Inicie seus estudos no tópico Formas:
confecção e colocação seguindo até Controle de execução da forma.

Boa leitura!
CONSTRUÇÃO
CIVIL

Alessandra Martins Cunha


André Luís Abitante
Caroline Schneider Lucio
Lélis Espartel
Ronei Tiago Stein
Vinicius Simionato
C756 Construção civil / Alessandra Martins Cunha ... [et al.]. – Porto
Alegre : SAGAH, 2017.
352 p. : il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-048-1

1. Construção civil. 2. Indústria da construção. I. Cunha,


Alessandra Martins.

CDU 69

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


Formas: confecção
e colocação
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar os materiais necessários para formas em madeira.


 Expressar as técnicas de confecção, colocação e escoramento e des-
moldagem de formas.
 Relacionar novas tecnologias, alternativas à madeira.

Introdução
O concreto armado é a solução mais utilizada na indústria da construção
civil brasileira. As características estruturais do empreendimento defi-
nem o melhor sistema a ser utilizado, porém, ao optar pela utilização de
concreto armado, a maioria das obras ainda utiliza forma de madeira,
com escoramento metálico para sua execução. Apesar de existirem no
mercado, as formas industrializadas, estas ainda não são usadas em larga
escala no Brasil. Sua maior vantagem está na diminuição da mão de obra
do canteiro, o que é possível obter de forma abundante e barata.
Os sistemas de formas metálicas mais caros garantem uma produtivi-
dade potencial alta em condições ideais, ou seja: quando se têm grandes
panos de lajes sem vigas ou quando o número de repetições é muito
elevado, visto que o material permite reutilização.
Assim, todo Engenheiro Civil ou Arquiteto deve dominar a técnica de
confecção, montagem e escoramento de formas em madeira, processos
que consomem, em média, 26% do prazo total de execução de uma obra.
Formas: confecção e colocação 131

Formas: confecção e colocação


Forma é o elemento que dá forma à peça estrutural, indispensável na execução
da técnica de concreto armado, que é a mais tradicional e utilizada no Brasil.

Dicionário executivo para formas em madeira


Painéis: elementos planos que formam os tablados das formas. Podem ser de
chapas compensadas (2,2 x 1,1 m), tábuas (0,3 x 5,4 m, com espessura mínima
de 2,5 cm) ou guias (0,15 x 1,4 m). Não é recomendável misturar tábuas e
chapas no mesmo painel de laje ou viga.
Travessas: (2,5 x 7,0 cm) feitas de madeira de pinho, pregadas de cutelo
nos painéis. Podem também ser usados caibros de 5,0 x 7,0 cm ou 7,0 x 7,0
cm (ver Figura 1).
Gravatas (ou colarinhos): elemento formado por três (em formas de vigas)
ou quatro travessas (em formas de pilares), com a finalidade de impedir que
os painéis se abram por ocasião do lançamento e adensamento do concreto.
Face da viga: são os painéis laterais da forma da viga. Normalmente podem
ser retirados três dias após a concretagem.
Fundo de viga: são os painéis que formam a parte inferior da forma da
viga. Deve ser colocado entre os painéis que formam as faces da viga. Podem
ser retirados 21 dias após a concretagem (ver Figura 1).
Pontaletes: também chamados de prumos ou pés-direitos. São os elementos
de apoio da forma. Devem ter diâmetro mínimo de 8,0 cm ou 5,0 x 7,0 cm. As
emendas, quando necessárias, devem ser feitas fora do terço médio da peça,
que é a região mais solicitada à flambagem (escoramento simples).
Escoramento: elemento de sustentação das formas de vigas e lajes. Podem
ser em madeira bitolada, de 8,0 x 8,0cm (pinho, cedrinho, etc.) ou circular,
com no mínimo 8,0 cm de diâmetro (eucalipto, bambu, etc.). Atualmente
usa-se muita escora metálica, peças tubulares com 5,0 cm de diâmetro, altura
regulável, com parte inferior fixa e superior móvel (ver Figura 1).
Cunhas: colocada aos pares na base do escoramento. Servem para nive-
lamento (ajuste entre escoramento e forma) e para facilitar a desmoldagem
(ver Figura 1).
Pranchas: são colocadas abaixo do par de cunhas, servindo para distribuir
as tensões nas bases, principalmente na anulação do efeito do puncionamento.
São feitas de tábuas: 2,5 x 15,0 cm ou 2,5 x 10,0 cm.
Chapuz: elemento de ligação entre uma travessa horizontal em um pontalete
vertical (ver Figura 1).
132 Construção civil

Barrotes: apoiam o painel da laje. São colocados de 50,0 em 50,0 cm.


Servem para evitar que o painel deforme por flexão (flecha). Dimensões: 2,5
x 5,0 ou 5,0 x 5,0 cm. Também chamados caibros.
Guias: elementos sobre os quais se apoiam os barrotes. O espaçamento
entre as guias é de 80 cm a 1,0 m. Dimensões: 2,5 x 15,0 cm.
Travamento: ligação horizontal a meia altura, num só sentido, nos pon-
taletes. Tem por finalidade evitar a flambagem dos mesmos. Dimensões: 2,5
x 10,0 cm.
Contravento: são ligações inclinadas em forma de “X”. Usado quando o
pé-direito for superior a 3,0 m. Dimensões: 2,5 x 7,0 cm.

Características que as formas (em madeira) devem


apresentar
a) Resistência: devem suportar toda a carga acidental a que forem
submetidas.
b) Contra-flecha (sobre-elevação): recomendável para cada metro de vão,
que haja 0,5 cm de contra-flecha. Serve para fazer com que a viga ou laje
fique perfeitamente horizontal após ocorrer a total deformação (flexão
por deformação brusca, no ato da desmoldagem, mais a deformação
lenta, que ocorre ao longo da vida útil da estrutura). Para marquises
deve-se calcular a flecha, não aplicando a regra prática anterior, con-
forme recomenda a ABNT NBR 6118:2003.
c) Estanqueidade: as formas devem ser completamente vedadas, para
que não surjam falhas como fuga de argamassa. A vedação pode ser
feita com plástico, papel de saco de cimento ou papelão. Obs.: deve-se
molhar a forma até a saturação antes da concretagem, para evitar a
absorção de água, o que acarreta em alteração do fator água/ cimento
e diminuição da resistência do concreto.
d) Reaproveitamento: o material utilizado deve permitir o maior reapro-
veitamento possível tendo-se o cuidado de usar pregos de duas cabeças,
para facilitar a desmontagem. Também deve ser utilizado desmoldador
(lubrificante), para impedir a aderência do concreto à forma, de modo
que as mesmas possam ser retiradas inteiras. Obs.: o desmoldador deve
ser colocado antes da armadura e não deve ser usado óleo queimado,
pois provoca manchas escuras no concreto, podendo também aderir à
armadura, prejudicando sua aderência ao concreto.
e) Material apropriado: quando se tratar de concreto aparente, deve-se
utilizar chapas compensadas à prova d’água, ou tábuas aplainadas
Formas: confecção e colocação 133

na face que entra em contato com o concreto. Devem ser utilizadas


madeiras secas (para que não se deformem e originem o surgimento de
vãos). As madeiras não devem ser muito duras e pesadas e apresentar
módulo de elasticidade razoável (por isso dá-se preferência às chapas
de compensado, em vez das tábuas).
f) Escoramento: não devem ser feitas emendas no terço médio, sendo que
o número de escoras emendadas não deve ser superior a 1/3 do total de
escoras. Escoras com mais de 3,0 m de altura devem ser contraventadas
(ver Figura 1).
g) Nivelamento e prumagem: antes da concretagem, deve ser feito um
novo nivelamento das formas (com mangueira d’água), pois devido
ao trânsito de pessoas, ação de ventos etc., as cunhas podem sair do
lugar; por isto recomenda-se fixar as cunhas com pregos, para evitar
que se desloquem.

Não se costuma fazer o dimensionamento dos painéis das formas e do escoramento


de obras corriqueiras, porém, é indispensável em obras especiais, como vigas e lajes
de pontes e viadutos, grandes vãos.

Prazos mínimos para desmoldagem


(ABNT NBR 6118:2003 – NB 01)
 3 dias (sem aditivos) para faces de pilares e faces laterais das vigas e
fundações.
 7 dias para lajes até 10 cm de espessura.
 14 dias para faces inferiores de vigas com reescoramento.
 21 dias para painéis de fundo de vigas normais de até 10 m de vão e
lajes com mais de 10 cm de espessura.
 28 dias para o restante (arcos, vigas de grande vão).
134 Construção civil

A linha de escoras central é a primeira a ser retirada. Retiram-se as escoras do centro


para as laterais.

Figura 1. Considerações gerais sobre formas.


Fonte: Cardão (1988).
Formas: confecção e colocação 135

Tipos de formas
Neste item serão descritos os tipos de formas para cada aplicação.

Formas de sapatas e blocos de fundações


Para sapata isolada, as formas podem ser executadas de duas maneiras. São
elas:

a) Sapata solada
b) Escalonada (ver Figura 2):
■ Etapa 1: consiste em colocar sobre o concreto magro uma caixa sem
fundo e sem tampa. Colocar estroncas e pranchas (para o travamento
da caixa, pregadas na caixa e escoradas no terreno). Colocar a arma-
dura da sapata, a armadura de espera do pilar e, por fim, concretar.
■ Etapa 2: colocar a segunda caixa sem fundo e sem tampa e escorar
lateralmente. Concretar.
■ Etapa 3: repetir a segunda etapa.
■ Etapa 4: forma do pilar.

Figura 2. Formas para sapata escalonada.


Fonte: Cardão (1988).
136 Construção civil

c) Sapata com faces inclinadas (ver Figura 3):


■ Etapa 1: colocar a caixa e a ferragem. Esta etapa pode ou não ser
concretada.
■ Etapa 2: quatro painéis em forma de trapézio apoiados sobre a pri-
meira etapa. Colocar duas gravatas para que a segunda etapa não
se movimente sobre a primeira. Escorar as gravatas lateralmente.
■ Etapa 3: pilar.

Figura 3. Formas para sapata de faces inclinadas.


Fonte: Cardão (1988).

d) Bloco de capeamento: os blocos de capeamento servem para fazer o


arremate da fundação tipo estaca. São executados a partir da cota de
arrasamento das estacas; sua forma é feita de modo análogo à técnica
das formas de pilares, veja a Figura 4.
Formas: confecção e colocação 137

Figura 4. Formas para blocos de capeamento.


Fonte: Cardão (1988).

Formas de pilares
São compostas, normalmente, por quatro painéis de chapas (12 mm) ou tábuas
(25 mm), conforme ilustrado na Figura 5.

Considerações gerais
Reforços:

a) Gravatas duplas: devem ser colocadas com 30 a 50 cm de espaça-


mento, principalmente no terço médio, onde são maiores os esforços.
Dimensões das gravatas: 2,5 x 7,0 cm (menor seção utilizada), 2,5 x
10 cm, 5 x 7cm, 7 x 7cm (maior seção utilizada), sendo que devem ser
pregadas de cutelo para resistirem melhor aos esforços de flexão a que
ficam submetidas.
b) Amarração com arame queimado (3,4 mm): depois da colocação
da armadura.
c) Parafusos: reforço de gravatas. Agem como tirantes. Os parafusos
devem ser colocados dentro de mangueiras plásticas para, posterior-
mente, poderem ser retirados.
138 Construção civil

Sempre que forem usados painéis de chapas de compensado, deve-se colocar


na face maior, duas ripas de 2,5 x 5,0 cm, sendo que a travessa da gravata
deve ser colocada sobre essas ripas. As ripas normalmente são necessárias
para faces com largura maior que 25 cm, caso em que devem ficar espaçadas
de 15 a 20 cm.

Montagem dos painéis


Os painéis são unidos com as gravatas, não havendo elemento de união painel
com painel.
Em pilares de menores dimensões, onde possam ser utilizados painéis de
tábuas sem que sejam necessárias emendas, recomenda-se o uso dos painéis.
Exemplo: pilar 25 x 30 cm – 2 tábuas de 30 e duas de 25 cm.
Para dimensões maiores, em que sejam necessárias emendas, deve-se dar
preferência ao uso de chapas de compensado. Para concreto aparente, sem-
pre usar chapas de compensado, pois a tábua nunca fornece uma superfície
perfeitamente plana e lisa.
Em pilares altos com ferragem densa, recomenda-se, ao executar a forma,
deixar uma das laterais abertas para colocação das ferragens. A forma será
ajustada e prumada depois da colocação da ferragem.

Contraventamento e travamento
Os pilares devem ser contraventados em duas direções perpendiculares, sendo
o contravento (2,5 x 10,0 cm ou 2,5 x 15,0 cm) fixado nos painéis e em tacos
de madeira previamente chumbados na laje.
O travamento horizontal, que também deve ser pregado nos painéis, deve
ser feito nos pilares externos em apenas uma direção. Os pilares internos são
travados com os externos.
O primeiro colarinho (gravata de fixação do pilar – também chamado
gastalho) pode ser fixado na laje, através de pregos anteriormente chumbados.
Formas: confecção e colocação 139

Figura 5. Formas para pilares.


Fonte: Cardão (1988).
140 Construção civil

Figura 6. Reforço dos painéis para pilares.


Fonte: Cardão (1988).

As formas para pilares com mais de 3,0 m de altura devem ser dotadas
de janela de concretagem, o mesmo devendo acontecer quando há grande
densidade de armadura.
Na base do pilar, as formas devem apresentar uma janela de inspeção
(altura aproximadamente de 30 cm), para que possa ser feita a amarração da
armadura do pilar e a armadura de espera, para verificação da posição correta
da armadura e também para limpeza do fundo do pilar.
Formas: confecção e colocação 141

Pilares circulares
As formas para pilares circulares podem ser feitas de várias maneiras (veja
a Figura 7):

 Forma metálica com dobradiças.


 Tubos de concreto emendados.
 Chapas de compensado para diâmetros grandes.
 Moldes de madeira (cambotas) com ripas de 2,0 x 2,0 cm ou 2,5 x 2,5 cm.

As formas metálicas apresentam as seguintes características:

 Desmoldagem em menor tempo (24h).


 Dispensa o revestimento (superfície lisa para concreto à vista).
 Facilita a mão de obra.
 Rapidez de montagem.
 Reaproveitamento ilimitado.
 Alto custo inicial.
 Limitação de seção (não é possível fazer pilares com seção variável).

As formas compostas por moldes de madeira com ripas, também muito


utilizadas, trazem como desvantagens:

 Quantidade de material.
 Mão de obra especializada.
 O pilar fica com estrias salientes depois de pronto, devendo ser revestido
para melhor acabamento.
142 Construção civil

Figura 7. Forma para pilares circulares


Fonte: Cardão (1988).

Pilares com formas mistas


São compostas por painéis de compensado à prova d’água (50 cm de altura e
80 cm a 1,0 m de comprimento), dotados de cantoneiras metálicas com pinos
e reentrâncias para o encaixe de um painel no outro (veja a Figura 8).
Podem ser utilizados para pilares com seção desde 20 x 20 cm até 1,0 x
1,0 m. Características:

 Menor tempo de reutilização da forma.


 Utilizável para pilares de quaisquer dimensões.
 Desmoldagem em 24 h.
 Dispensa travamento, pois este é feito através da colocação alternada
dos painéis.
 Custo elevado.
 Altura limitada a múltiplos de 50 cm (altura dos painéis).
Formas: confecção e colocação 143

Figura 8. Formas mistas para pilares.


Fonte: Cardão (1988).

Formas de vigas
As formas de vigas não devem ser apoiadas sobre o painel da forma do pilar,
para que seja possível fazer a desmoldagem dos painéis laterais da viga.

Viga interna

São vigas que possuem lajes de ambos os lados (a viga fica entre as lajes – veja
a Figura 9).
144 Construção civil

Figura 9. Formas para vigas internas.


Fonte: Cardão (1988).

Viga externa ou de contorno

São vigas que possuem lajes apenas de um lado. A laje não possui armadura
negativa, pois não é contínua, a não ser no caso de marquises (veja a Figura 10).
Formas: confecção e colocação 145

Figura 10. Formas para vigas externas e isoladas.


Fonte: Cardão (1988).

Viga isolada

São vigas que não possuem lajes ao seu redor.

Viga invertida

Viga que, ao invés da laje estar na parte superior, ela está na parte inferior, ou
seja, o painel de fundo da viga é o próprio painel da laje. Para escoramento
dos painéis da viga, podemos colocar gravatas com pontas, preenchendo pos-
146 Construção civil

teriormente os furos deixados na laje. Na parte inferior da forma, amarra-se


com arame, para que esta não se abra (depois de pronta a viga, cortam-se os
arames – veja a Figura 11).

Ao invés de gravatas com pontas, podem ser utilizados “caranguejos”.

Figura 11. Formas para vigas invertidas e com rebaixos nas lajes.
Fonte: Cardão (1988).
Formas: confecção e colocação 147

 As formas das vigas podem ser feitas com painéis de tábuas ou de chapas de
compensado à prova d’água. Quando forem utilizados painéis de compensado,
devem ser colocados reforços (ripões) para o painel não flambar.
 Quando houver madeira sobrando, podem ser utilizados pontaletes maiores, que
já servem também como gravatas (mas somente quando os pontaletes forem
de pinho).
 As escoras da viga não devem coincidir com as gravatas.
 O painel de fundo da viga deve ser sempre colocado entre os painéis laterais para
facilitar a desmoldagem.
 Para garantir o recobrimento das armaduras, devem ser utilizados espaçadores
(normalmente rapaduras de argamassa), amarrados na armadura.

A desmoldagem de vigas pode ser feita em 3 dias para laterais de vigas e


pontas de marquises e, aos 28 dias para desmoldagem da marquise propriamente
dita e balanços, sempre vindo do ponto de maior para o de menor flecha.

Figura 12. Formas para vigas especiais.


Fonte: Cardão (1988).
148 Construção civil

Formas de lajes
Recomenda-se painéis de chapas compensadas à prova d’água, com espessura
mínima de 12 mm, colocando-se caibros, normalmente, a cada 50 cm, sendo que
esta distância pode variar de acordo com a espessura da laje – entre 8 e 9 cm,
80 cm de espaçamento; acima disto, 1,0 m de espaçamento. Em vez de chapas,
podem ser usadas tábuas (2,5 cm) na confecção dos painéis, dispensando,
assim, o caibramento, porém, os painéis de chapas podem ser reaproveitados
mais vezes. Para manter uniforme a altura da laje, são pregadas duas tábuas
nas extremidades do painel da laje, nivelando-se o concreto com uma régua de
madeira. Quando o painel ultrapassar 3 m de largura, deve ser colocada mais
uma guia no centro, para facilitar o nivelamento – veja a Figura 13.

Em residências, utilizam-se normalmente formas com painéis de tábuas, sendo que


estas, por serem utilizadas somente uma vez para formas, podem ser limpas e reuti-
lizadas em andaimes ou na estrutura do telhado.
Formas: confecção e colocação 149

Figura 13. Formas para lajes.


Fonte: Cardão (1988).

Formas de escadas
As escadas devem, antes de tudo, oferecer conforto aos seus usuários. Para que
isto seja possível, devem ser dimensionadas e executadas seguindo algumas
regras básicas (veja a Figura 14):

 Sendo “h” a altura dos degraus e “b” a largura da base:

2h + b = 63 (64 cm), com hmáx = 19 cm e bmín = 25 cm.


150 Construção civil

 Em escada helicoidal, os degraus devem ter uma base mínima de 25 cm


na linha de trânsito, que fica a 1/3 da face interna da escada. Degraus
em leque não devem terminar em zero, mas sim com uma largura
mínima de 7,0 cm.
 Não devem ser colocados degraus no patamar, a não ser quando não
for possível outra solução.
 A altura da escada é dada pelo pé direito mais a espessura da laje
acabada, com revestimento.
 O número de degraus obrigatoriamente deve ser inteiro.
 O número máximo de degraus sem interrupção é 19.
 Quando possível, o número de degraus deve ser par.
 O patamar deve ter largura mínima de 1,20 m.
 A escada deve ter largura mínima de 80 cm.
 A execução das formas, em escadas com mais de 1,0 m de largura, deve
contemplar a colocação de caibros de fixação nos espelhos, para evitar
que se desloquem no momento da concretagem.

Figura 14. Formas para escadas.


Fonte: Cardão (1988).
Formas: confecção e colocação 151

Formas de reservatórios, muros e piscinas


a) Reservatórios elevados: necessitam de formas para os pilares, forma
da viga de ligação, forma da viga de fundo e forma da laje de fundo
do reservatório (veja a Figura 15):
■ A partir da viga intermediária, monta-se uma plataforma que permite
o escoramento da viga, da laje de fundo e das paredes do reservatório.
■ Laje de fundo e inclinada: formas de compensado à prova d’água de
20 mm, com caibramento de 7,0x7,0cm a cada 45cm, escoramento
com pontaletes de 10 cm de diâmetro cada 80 cm.
■ Paredes: igual às lajes, porém com o painel interno fixado após
a colocação da armadura, com arames que atravessam os painéis
e são amarrados nas escoras verticais que substituem a guia de
escoramento.
■ Tampa: a forma da tampa é constituída por uma forma de laje plana
ou em arco, montada após a desmoldagem das paredes.
152 Construção civil

Figura 15. Formas para reservatórios elevados.


Fonte: Cardão (1988).

b) Reservatórios, piscinas e muros de arrimo:


■ Nivela-se o fundo com uma camada de concreto magro de 8 cm.
■ Monta-se a forma dos painéis externos de acordo com o desenho
seguinte.
■ Coloca-se a ferragem lateral.
■ A seguir, a ferragem de fundo que é constituída por duas malhas, uma
que suporte a pressão de cima para baixo e outra devido ao empuxo.
■ Painéis externos vão até a altura da laje.
■ Espaçadores plásticos: servem para evitar que a ferragem encoste
na forma.
Formas: confecção e colocação 153

■ Fungerband: colocado nas juntas de concretagem do fundo do re-


servatório ou piscina. Só é solicitado quando se enche a piscina e
depois a esvazia, pois do contrário o fundo fica estável.

Figura 16. Formas para reservatórios enterrados, muros de arrimo e piscinas.


Fonte: Cardão (1988).

Sistemas especiais de formas

Formas racionalizadas de madeira compensada


São formadas por componentes pré-cortados pelos fabricantes conforme o
projeto apresentado pelo cliente. Sua montagem reduz ao mínimo o uso de
pregos, evitando quebras e perdas de madeira; os componentes são fixados
por meio de parafusos, cunhas e acessórios metálicos.
Utilização quase irrestrita, em estruturas verticais ou horizontais. Exigem,
todavia, alguma repetição na geometria da estrutura, de forma que as reuti-
lizações compensem o investimento realizado.
Equipamentos necessários: escoramentos metálicos ou de madeira, além
dos acessórios para solidarização das formas.
154 Construção civil

Formas leves
Sistema modular formado por painéis de dimensões variadas que são articula-
dos conforme o projeto para compor diversas medidas de formas. Os painéis
são estruturados em perfis de aço galvanizado revestidos com chapas de
laminado melamínico ou fenólico. Acessórios especiais garantem o esquadro,
o prumo e a conexão entre os painéis, que podem ser montados manualmente.
Os componentes mais pesados não atingem 40 kg.
Aplicação sem limites em estruturas retilíneas. Alguns fornecedores tra-
balham com projetos de seção circular, desde que os diâmetros sejam maiores
que 6,0 metros. Podem ser utilizados em sistemas trepantes ou “voadores”.
Sua vocação principal é para obras rápidas.
Equipamentos necessários: todos os equipamentos e acessórios neces-
sários são fornecidos pela locadora.

Sistemas metálicos leves


Painéis de chapas metálicas estruturados com tubos de aço. Esses componentes
básicos podem ser combinados entre si, formando variada gama de desenhos
geométricos. O sistema combina vantagens das formas leves com a precisão
e o acabamento superficial proporcionado pelas metálicas.
Dirigido a superfícies retas e verticais, como cortinas, paredes e blocos
de fundação. O sistema apresenta melhor relação de custo benefício em obras
de prazo curto.
Equipamentos necessários: todos os equipamentos e acessórios são for-
necidos pela locadora.

Sistema deslizante
Formas feitas em metal ou madeira revestida em chapa metálica que deslizam
verticalmente impulsionadas por um sistema de macacos hidráulicos. As
plataformas de trabalho dos operários sobem também solidariamente à forma.
O processo exige concretagem contínua, 24 horas por dia.
Aplica-se especialmente a obras verticais com mais de 10,0 m de altura.
Silos, torres, pilares, caixa de escadas e de elevadores são bons exemplos de
aplicação do sistema. Permite a concretagem rápida de estruturas circulares,
retangulares ou piramidais.
Equipamentos necessários: Os equipamentos necessários – macacos,
andaimes especiais, barras de sustentação – integram o “pacote” de serviços.
Formas: confecção e colocação 155

Sistema trepante
Sistemas de concretagem por etapas. Dois jogos de formas iguais são alternada-
mente elevados para um patamar superior de concretagem. Essa ascensão pode
ser feita mecanicamente, no caso de painéis pesados, ou manualmente, quando
utilizados painéis leves. O sistema permite a interrupção da concretagem.
Permite a construção de estruturas verticais, sendo uma opção as formas
deslizantes. Paredes também podem ser executadas com o sistema.
Equipamentos necessários: os equipamentos necessários integram o
“pacote” de serviços.

Sistemas voadores
São grandes painéis, montados ao nível do chão e depois transportados até os
pontos de concretagem por meio de guindastes ou gruas. As peças podem ser
feitas de vários materiais (metálicos, plásticos, laminados), mas geralmente
são montadas com chapas de compensado resinado ou plastificado.
Servem tanto para a execução de estruturas verticais como horizontais:
paredes, lajes, vigas e pilares. São dirigidas também a obras rápidas.
Equipamentos necessários: exige a locação de uma grua ou guindaste
durante todo o tempo de execução.

Materiais utilizados para formas

Tábuas
 Aplicações: painéis de vigas, de lajes, de pilares, escadas, reservatórios,
muros, etc.
 Nível de reutilização: variável, dependendo do projeto de forma e dos
cuidados na montagem e desmoldagem (2 a 3 vezes).
 Acabamento obtido: textura grossa, que pode ser usada arquitetoni-
camente para a composição de fachadas em estruturas de concreto
aparente.
 Dimensões: 2,5 x 30 x 540 cm; 2,5 x 20 x 540 cm; 2,5 x 15 x 540 cm;
2,5 x 10 x 540 cm.
156 Construção civil

Compensado de madeira (resinado ou plastificado)


 Aplicações: painéis de viga, escadas, lajes, pilares, reservatórios, muros,
etc.
 Nível de reutilização: depende do projeto e dos cuidados na montagem
e na desmoldagem. O resinado suporta de 6 a 8 reutilizações; o com-
pensado plastificado pode chegar a 30 reutilizações.
 Acabamento obtido: resinado – acabamento liso nas primeiras aplica-
ções, ganhando porosidade nas reutilizações. Plastificado – acabamento
muito liso, semelhante ao obtido com formas metálicas.
 Dimensões: 220 x 110 cm.
 Espessuras: 8, 10, 12, 14, 16, 18 e 20 mm.

Poliestireno expandido
 Aplicações: lajes nervuradas e estruturas com caixão perdido.
 Nível de reutilização: muito variável, dependendo dos cuidados na
etapa de desmoldagem.
 Acabamento obtido: acabamento liso quando as caixas do material são
protegidas com plástico.

Fibra de vidro
 Aplicações: lajes nervuradas.
 Nível de reutilização: até 30 vezes, exigindo manutenção durante a obra.
 Acabamento obtido: muito liso nas primeiras aplicações. Depois, exige
manutenção na fábrica.

Tubos de papelão
 Aplicações: pilares de seção circular e estruturas com caixão per-
dido.
 Nível de reutilização: material descartável, possibilita uma única
utilização.
 Acabamento obtido: os tubos imprimem marcas sobre o concreto que
podem ser aproveitadas pela arquitetura.
Formas: confecção e colocação 157

Têxteis
 Aplicações: contenção de encostas, controle de erosão, execução de
diques, cabeceira de pontes, proteção de margens de rios, estruturas
submersas.
 Nível de reutilização: material descartável, fica incorporado à estrutura.
 Acabamento obtido: aplicável a obras não prediais, resulta em muros
semelhantes a pilhas de sacos.

Formas metálicas
 Aplicações: na execução de formas de vigas, lajes, pilares, os painéis
podem ser de chapas metálicas em substituição aos de madeira, sendo
hoje sua maior utilização na confecção de pré-moldados. Com este
sistema os painéis são encaixados entre si, eliminando a necessidade
de reforços tais como: gravatas, arames, parafusos, etc., reduzindo-se
também a intervenção da mão de obra de carpinteiro.
 Nível de reutilização: desde que haja limpeza e manutenção do equipa-
mento, chega-se ao nível de utilização de até 1.000 vezes.
 Acabamento: o acabamento obtido é muito superior ao obtido com
formas de madeiras, dispensando normalmente a necessidade de
revestimento.
 Desvantagem: o seu elevado custo inicial pode ser considerado o ponto
negativo deste tipo de formas.

Outros materiais

Laminado melamínico, chapa fenólica e metais.

 Aplicações: aplicações em sistemas específicos de formas.


 Nível de reutilização: o laminado melamínico e a chapa fenólica permi-
tem centenas de reutilizações. As formas metálicas podem ser usadas
milhares de vezes.
 Acabamento obtido: os três materiais garantem extrema precisão da
estrutura e acabamento das superfícies concretadas.
158 Construção civil

Check list para controle de execução da forma


 Concretagem do pilar.
 Eixos de referência – Transporte.
 Locação do pilar – Gastalho.
 Nivelamento do pilar – Referência de Nível
 Prumo (encontro viga-pilar).
 Amarração e travamento – Pilar.
 Locação do pilar – Conferência.
 Concretagem de viga e laje.
 Amarração de vigas – cunhas.
 Alinhamento das vigas.
 Nivelamento das vigas.
 Nivelamento das lajes.
 Travamentos.
 Fase final.
 Reescoramento – Pavimento inferior.
 Cuidados na desforma.
 Manutenção e limpeza.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6118:2003. Projeto de


estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.
CARDÃO, C. Técnica da construção civil. 8. ed. Belo Horizonte: Edições Engenharia e
Arquitetura, 1988. v. I e II.

Leituras recomendadas
ALBUQUERQUE, A. Construções civis. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1957.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 15696:2009. Formas e
escoramentos para estruturas de concreto – Projeto, dimensionamento e procedimentos
executivos: Rio de Janeiro: ABNT, 2009.
BAUD, G. Manual de pequenas construções. São Paulo: Hemus, 2002.
BORGES, A. C. Prática das pequenas construções. 8. ed. São Paulo: Edgard Blücher,
2000. v. I e II.
CARICCHIO, L. M. Construção civil. Rio de Janeiro: Gráfica Olímpia, 1955.
MILITO, J. A. Apostila da disciplina de técnicas de construção civis e construção de edifícios.
Campinas: PUC, [2008].
PIANCA, J. B. Manual do construtor. 15. ed. Porto Alegre: Globo, 1978.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
Dica do professor
Você sabia que a madeira apresenta muitas vantagens para a execução de formas? Vantagens que
garantem até hoje o seu emprego, principalmente em obras de pequeno e médio porte. Assista ao
vídeo a seguir e confira como confeccionar (e usar) boas formas para a construção civil!

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Exercícios

Em relação aos materiais utilizados para formas, assinale a alternativa correta.


1)
A) a) A fibra de vidro é muito utilizada para pilares e vigas.

B) b) Formas em poliestireno expandido são altamente reaproveitadas.

C) c) Vidro é muito utilizado para concreto aparente.

D) d) Tubos de papelão são muito usados em pilares de seção circular e em estruturas com
caixão perdido.

E) e) As tábuas são os materiais que proporcionam o maior reaproveitamento.

O artifício chamado de contraflecha, usual no processo de execução de formas para


2) estruturas em concreto armado, é utilizado para impedir o quê?

A) a) A tração.

B) b) A compressão.

C) c) A flexão.

D) d) A torção.

E) e) O cisalhamento.

As formas e os escoramentos possuem diversos elementos, sobre eles, assinale a alternativa


3) correta.

A) a) As travessas têm a finalidade de impedir que os painéis se abram por ocasião do


lançamento e adensamento do concreto.

B) b) As cunhas são colocadas abaixo do par de pranchas, servindo para distribuir as tensões nas
bases, principalmente na anulação do efeito do puncionamento.

C) c) O chapuz apoia o painel da laje. São colocados de 50,0 em 50,0 cm. Servem para evitar que
o painel deforme por flexão (flecha).
D) d) Os pontaletes, também chamados de prumos ou pés-direitos, são os elementos de apoio da
forma e devem ter diâmetro mínimo de 8,0 cm ou 5,0x7,0 cm.

E) e) Os painéis são feitos de madeira de pinho, pregadas de cutelo, podendo também ser
usados em formato de caibros de 5,0x7,0 cm ou 7,0x7,0 cm.

Durante a execução e cura de estruturas em concreto armado, as formas são submetidas a


4) diversos tipos de solicitações, desde a montagem, passando pelo lançamento do concreto,
peso da massa e armadura, etc. Sobre esses esforços, assinale a alternativa correta.

A) a) As formas dos pilares são mais solicitadas por cargas verticais.

B) b) As formas de lajes são mais solicitadas por cargas horizontais.

C) c) O peso da armadura é o principal esforço sobre qualquer tipo de forma.

D) d) As formas das vigas são mais solicitadas por esforços verticais.

E) e) O peso da armadura é determinante no dimensionamento da forma de vigas.

O concreto deve estar curado e liberado para a remoção das formas segundo
5) recomendações técnicas. Quando não se utiliza concreto especial ou aditivo acelerador de
pega, para vigas de pequeno vão, qual é o prazo mínimo para a retirada das formas
inferiores, com a manutenção das principais escoras?

A) a) Cinco dias.

B) b) Sete dias.

C) c) Dez dias.

D) d) Quatrorze dias.

E) e) Vinte e um dias.
Na prática
O objetivo principal do estudo de formas consiste na otimização dos custos por meio da melhoria
da produtividade e do menor consumo de materiais, com aumento no número de seu
reaproveitamento. Atualmente, as empreiteiras procuram estabelecer "seções características" para
as estruturas em concreto de todas as suas obras, para que as peças de madeira que compõem a
forma passem a ser pré-confeccionadas na sua dimensão definitiva mediante um desenho
específico, com a sequência de montagem definida passo a passo.

Isso permite a criação de um procedimento de inspeção e controle da qualidade geométrica, apenas


com observação cuidadosa, sem a necessidade de utilização de qualquer instrumento de medição
durante a montagem. A utilização de escoras estrategicamente distribuídas é fundamental, não
apenas sustentando o concreto durante o processo de cura, mas permitindo a retirada da maior
parte da forma (entre 80 e 90%) o quanto antes.

A retirada de grande quantidade de escoramento e formas com idade entre três e cinco dias
permite a utilização do material na concretagem dos andares superiores, resultando em ganhos
econômicos na manutenção dos prazos de execução. Os resultados obtidos com essas atitudes
melhoram a produtividade, reduzindo o retrabalho na montagem, otimizando o uso dos materiais.
Com apenas um jogo de formas e três (máximo quatro) jogos de escoras, é possível implantar um
ciclo de produção de uma laje por semana.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Formas para concreto armado

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FORMAS PARA CONSTRUÇÃO CIVIL E SUAS


APLICAÇÕES

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Concretagem: Cura e controle
tecnológico

Apresentação
O concreto é o material de construção mais consumido do mundo. Sua utilização na construção
civil é decorrente de uma combinação de fatores tecnológicos e econômicos, destacando-se sua
natureza inicialmente fluida e seu subsequente processo de endurecimento (conhecido como cura)
decorrente das reações de hidratação do cimento. Essas características permitem que a moldagem
de corpos com elevada resistência e geometrias variáveis seja realizada de maneira simples e com
custos relativamente reduzidos.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer os cuidados no processo de cura do concreto,
os métodos utilizados para avaliar a trabalhabilidade do concreto antes da concretagem e a
metodologia utilizada para o controle tecnológico da resistência do concreto.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Nomear os cuidados no processo de cura do concreto.


• Explicar o método utilizado para avaliar a trabalhabilidade do concreto: o teste de slump.
• Identificar as características dos testes de controle de resistência do concreto.
Desafio
A trabalhabilidade é um conceito que determina a facilidade com a qual um concreto pode ser
manipulado sem segregação nociva. Para avaliar essa propriedade, aplica-se o teste de slump na
chegada do concreto à obra. As duas figuras a seguir apresentam os resultados de dois testes de
slump de concretos com traços diferentes.
Infográfico
Para conferir se o concreto utilizado na construção possui a resistência solicitada em projeto,
devem ser realizados ensaios de compressão com corpos de prova confeccionados com o mesmo
concreto utilizado na obra. Os corpos são moldados na própria obra e os ensaios devem ser
realizados em laboratórios com os equipamentos adequados e credenciados pelo Inmetro. O
Infográfico a seguir apresenta as etapas de moldagem e rompimento dos corpos de prova.

No estado endurecido, a resistência à compressão é a propriedade mais importante para a


constatação da uniformidade e da conformidade do concreto durante a construção, estando
presente em muitas normas como requisito mínimo de qualidade ou critério de aceitação.

Assim, no ensaio de resistência à compressão, a propriedade analisada é a capacidade do corpo de


prova de resistir às cargas submetidas antes da sua ruptura.
Conteúdo do livro
No capítulo a seguir, pertencente ao livro "Construção Civil", você é apresentado a algumas
características do processo de cura do concreto, à importância do teste de slump (que avalia a
trabalhabilidade do concreto) e à metodologia para o controle tecnológico da resistência do
concreto.

Inicie sua leitura no item Cuidados no processo de cura do concreto e finalize-a em Controle por
amostragem total.

Boa leitura!
CONSTRUÇÃO
CIVIL

Alessandra Martins Cunha


André Luís Abitante
Caroline Schneider Lucio
Lélis Espartel
Ronei Tiago Stein
Vinicius Simionato
C756 Construção civil / Alessandra Martins Cunha ... [et al.]. – Porto
Alegre : SAGAH, 2017.
352 p. : il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-048-1

1. Construção civil. 2. Indústria da construção. I. Cunha,


Alessandra Martins.

CDU 69

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


Concretagem: cura e
controle tecnológico
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Nomear cuidados necessários no processo de cura do concreto.


 Explicar o método utilizado para avaliar a trabalhabilidade do concreto:
teste de slump.
 Identificar as características dos testes de controle de resistência do
concreto.

Introdução
O concreto é o material de construção mais consumido no mundo.
Sua utilização na construção civil é decorrente de uma combinação
de fatores tecnológicos e econômicos. Nesse sentido, se destaca sua
natureza inicialmente fluida e o subsequente processo de endurecimento
(conhecido como cura) decorre das reações de hidratação do cimento.
Essas características permitem que a moldagem de corpos com elevada
resistência e geometrias variáveis seja realizada de maneira simples e com
custos relativamente reduzidos (ISAIA, 2011).
Neste texto, você vai conhecer os cuidados necessários no processo de
cura do concreto. Também vai aprender sobre os métodos utilizados para
avaliar a trabalhabilidade do concreto antes da concretagem. Além disso,
se familiarizará com a metodologia utilizada para o controle tecnológico
da resistência do concreto.

Cuidados no processo de cura do concreto


A cura do concreto é uma operação que pretende evitar a perda rápida de água
e garantir a continuidade das reações de hidratação do cimento nas primeiras
idades do concreto, quando sua resistência ainda é pequena. A perda de água
118 Construção civil

ocorre por vários motivos, tais como exposição ao sol, vento, exsudação, etc.
Esses fatores provocam um processo cumulativo de fissuração.

A cura inadequada causará redução da resistência e da durabilidade do con-


creto, provocando fissura e deixando a camada superficial fraca, porosa e
permeável, vulnerável à entrada de substâncias agressivas provenientes do
meio ambiente. O fator mais importante na cura do concreto é promover uma
ação que garanta água suficiente para que todo o processo de reação química
do cimento se complete. O endurecimento do concreto ocorre por um processo
químico de hidratação.

A hidratação é a reação entre cimento e água que dá origem às características de pega


e endurecimento. O processo de hidratação que ocorre no interior do concreto lhe
garante resistência e estabilidade dimensional.

De um modo geral, você pode considerar que a contenção das retrações hidráu-
lica e térmica pode minimizar o efeito da primeira. A térmica é controlada pela
diminuição da temperatura, e a hidráulica pela reposição da água evaporada
do concreto. O cuidado com proteções nos primeiros dias permite um aumento
na capacidade resistente do concreto nesse período e, consequentemente, uma
diminuição na retração do material.
Algumas técnicas são empregadas no processo de cura do concreto. As
mais comuns são:

 Água: molhagem direta (mangueiras, aspersores, regadores, etc.), que


consiste em molhar a superfície exposta diversas vezes nos primeiros
dias após a concretagem; ou indireta (mantas de feltro, sacos de aniagem
ou geotêxtis), que consiste na proteção com tecidos umedecidos.
 Produtos químicos: formadores de película (película de cura) que
impermeabilizam a superfície do concreto, evitando a saída de água.
 Cobertura das peças concretadas (lonas impermeáveis): protege
o concreto da ação do vento, já que ele, em alguns casos, é o maior
responsável pela evaporação água).
Concretagem: cura e controle tecnológico 119

 Cura a vapor: como uma elevação na temperatura de cura do concreto


aumenta sua velocidade de crescimento de resistência, o ganho de
resistência pode ser acelerado pela cura a vapor. O vapor, à pressão
atmosférica, ou seja, quando a temperatura é menor que 100°C, é úmido.
Assim, o processo pode ser considerado como um caso especial de cura
úmida, sendo conhecido como cura a vapor.
 Cura ativa: interferência na velocidade de hidratação do cimento
por meio do processo de cura (gelo). Em concretagens que envolvam
grandes volumes de concreto, como barragens e blocos de fundação,
a substituição de parte da água de amassamento por gelo, associada
ao rebaixamento da temperatura dos agregados, minimiza os efeitos
da retração térmica.

Você deve tomar cuidados específicos em elementos com algumas particularidades.


Destacam-se as seguintes recomendações:
 a cura do concreto deve ser feita logo após o endurecimento superficial da peça;
 no caso de superfícies horizontais (vigas, lajes, chão, etc.), o processo de cura deve
ser feito de duas a quatro horas depois de aplicado o concreto;
 no caso das superfícies verticais (pilares, colunas, muros, etc.), é necessário saturar
as formas com água antes do lançamento do concreto. Após a concretagem é
importante manter as formas umedecidas por pelo menos sete dias.

Molhar as formas antes do lançamento do concreto não serve para facilitar a desmon-
tagem das mesmas, como muitos pedreiros costumam falar, mas sim para ajudar no
processo de cura do concreto.

A norma ABNT NBR 14931:2004 estabelece que, enquanto não atingir endu-
recimento satisfatório, o concreto deve ser curado e protegido contra agentes
120 Construção civil

prejudiciais. Isso serve para evitar a perda de água pela superfície exposta.
Também é útil para assegurar uma superfície com resistência adequada e a
formação de uma capa superficial durável. Não são citados prazos mínimos de
cura. É feita uma recomendação em função da resistência, sendo estabelecido
que elementos estruturais de superfície devem ser curados até que atinjam
resistência característica à compressão (fck), de acordo com a ABNT NBR
12655:2015, igual ou maior que 15 MPa. Salvo em casos específicos, esse
processo deve levar de sete a 14 dias, dependendo de condições climáticas
(temperatura, umidade do ar, vento), dimensões dos elementos concretados,
resistência do concreto, composição do concreto e agressividade do meio
ambiente durante o uso (esgoto, contato com água do mar, etc.). Na Tabela 1,
você pode ver o período mínimo de proteção requerido por diferentes cimentos
e condições de cura:
Concretagem: cura e controle tecnológico 121

Tabela 1. Recomendações de período mínimo de cura.

Período mínimo de cura de


proteção para temperatura
média da superfície
do concreto (dias)

Qualquer
temperatura,
Condições Entre 5 t* entre 10
de cura Tipo de cimento a 10°C a 25°C

Boa: úmida Todos tipos Nenhuma exigência especial


e protegida
(umidade relativa
> 80%, protegida
do sol e vento)

Média: entre Portland de 4 60/(t + 10)


boa e ruim classe 42,5 ou
52,5 e Portland
resistente a sulfatos
de classe 42,5

Todos os tipos, 6 80/(t + 10)


exceto os acima

Ruim: seca ou Portland, classes 42,5 6 80/(t + 10)


não protegido e 52,5 e Portland
(umidade relativa resistente a sulfatos
< 50%, não de casse 42,5
protegida do
Todos os tipos, 10 140/(t + 10)
vento e sol)
exceto os acima

* t = temperatura (°C) na fórmula para calcular o período mínimo de proteção,


em dias

Fonte: Neville e Brooks (2013, p. 179).


122 Construção civil

Concreto fresco: controle da trabalhabilidade


(teste de slump)
Na chegada do caminhão em obra ou na fase de transporte do local de produção
para o lançamento do concreto, se deve controlar a trabalhabilidade deste. Isso
é feito por meio do ensaio de abatimento pelo tronco de cone (conhecido como
teste de slump). Ele é realizado conforme a ABNT NBR NM 67:1998 e serve
também como um indicador de homogeneidade do concreto.

Para saber mais sobre a metodologia utilizada na execução do teste, leia o texto da
norma ABNT NBR NM 67:1998: Concreto – Determinação da consistência pelo abatimento
do tronco de cone.

Para produção em obra, se deve realizar o teste de slump sempre que houver
alteração na umidade dos agregados, no início de cada jornada de trabalho e
em trocas de turno da equipe de produção. Ele também deve ser feito quando
houver interrupção da concretagem por um período igual ou superior a duas
horas e sempre que forem moldados corpos de prova para controle da resistência
à compressão (ISAIA, 2011).
Concretagem: cura e controle tecnológico 123

Figura 1. Ferramentas utilizadas para o teste de slump.


Fonte: suriya wongwai / Shutterstock.com

Figura 2. Resultado da aplicação do teste de slump.


Fonte: SUMITH NUNKHAM / Shutterstock.com
124 Construção civil

Controle da resistência do concreto:


testes de compressão
Você deve executar o controle da resistência do concreto segundo orientações
da ABNT NBR 12655:2015. O concreto a ser utilizado na obra deverá ser
dividido em lotes (porções definidas identificadas pelas peças estruturais a
serem concretadas). Todo concreto que compõe um lote deve ser produzido
nas mesmas condições (mesmos materiais, traço, equipe, trabalhabilidade) a
fim de tornar o lote homogêneo.
Para os testes que avaliam a resistência do concreto, os corpos de prova
que irão para o ensaio devem obedecer às recomendações da ABNT NBR
5738:2015 e o rompimento de acordo com a ABNT NBR 5739:2007. O plano
de amostragem é definido de acordo com o volume do concreto a ser utilizado
e o tipo da peça estrutural, de acordo com a ABNT NBR 12655:2015.
É preciso moldar os corpos de prova na sombra e imediatamente cobri-los
com material impermeável para minimizar efeitos da evaporação. Após 24
horas da moldagem, se pode retirá-los das formas e transportá-los de maneira
adequada para os laboratórios de ensaio. Caso fiquem no canteiro de obras,
devem ficar em cura submersa, protegidos do sol e de outras fontes de calor
e contaminações externas.

Para cada idade de ensaio, se devem executar dois corpos de prova idênticos. O valor
da resistência a ser considerado na caracterização de uma unidade de produção, em
uma determinada idade, será sempre o mais alto obtido do ensaio de um par de
corpos de prova.
Concretagem: cura e controle tecnológico 125

Sempre haverá diferença na resistência individual medida nos corpos de prova que
compõem o exemplar. Essa diferença é devida a pequenas alterações no procedimento
de moldagem, no adensamento das camadas, no transporte, etc. Assim, é considerada
a maior resistência encontrada entre os dois corpos de prova, pois se entende que a
menor resistência do outro é devida a essas pequenas falhas na produção do corpo
de prova.

A ABNT NBR 12655:2015 admite como limite para constituição dos lotes
50 m³ para peças comprimidas e 100 m³ para peças flexionadas. Um lote
deve ser utilizado em um único pavimento do edifício, podendo, dependendo
do volume, se estabelecer mais de um lote por andar. Definidos os lotes, se
deve estabelecer o plano de amostragem, que é a definição da quantidade de
exemplares a serem ensaiados em uma determinada idade e do modo como
os resultados serão analisados.
Os dois planos principais utilizados são o de amostragem parcial, em que o
concreto que compõe o lote terá apenas uma parcela das unidades de produto
amostradas, e o de amostragem total, no qual se deve avaliar a totalidade das
unidades do produto. A escolha recai então sobre o aspecto econômico, uma vez
que, quanto maior o volume de concreto, mais onerosa será a amostragem total.
Outro critério que você deve levar em conta é a utilização da peça estrutural a
ser concretada: para elementos importantes como pilares, mesmo demandando
pequenos volumes de concreto, sugere-se o uso de amostragem total.

Controle por amostragem parcial


São previstas duas situações quando a escolha é por amostragem parcial:
quando o número de exemplares está entre 6 e 20, o valor estimado da resis-
tência característica (fckest) é definido por:

f1 + f2 + ··· + fm – 1
fckest = 2 × – fm
m–1
126 Construção civil

Onde:
f i = resistência do exemplar na idade considerada
m = n/2, adotando-se a parte inteira
f 1, f 2,... f n = valores das resistências dos exemplares em ordem crescente

Para saber mais sobre as metodologias de amostragem, leia a norma ABNT NBR
12655:2015: Concreto de cimento Portland – Preparo, controle, recebimento e aceitação
– Procedimento.

Você não deve tomar para fckest valores inferiores a ψ6·f 1, em que f 1 é a menor
resistência de todos os exemplares e ψ6 é um valor obtido da Tabela 2, em
que A, B e C são classificações da norma para as condições de produção do
concreto.

Tabela 2. Valores tabelados para o coeficiente ψ6.

Número de exemplars (n)


Condição
de preparo 2 3 4 5 6 7 8 10 12 14 ≥ 16

A 0,82 0,86 0,89 0,91 0,92 0,94 0,95 0,97 0,99 1,00 1,02

B ou C 0,75 0,80 0,84 0,87 0,89 0,91 0,93 0,96 0,98 1,00 1,02

NOTA: Os valores de n entre 2 e 5 são empregados para os casos excepcionais.

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2015).

Quando n ≥ 20, adota-se:


fckest = fcm-1,65 · Sd, em que:
fcm = resistência média dos n exemplares que compõem a amostra
Sd = desvio padrão amostral para n-1 resultados
Concretagem: cura e controle tecnológico 127

Controle por amostragem total


São moldados corpos de prova de todas as betoneiras, e o cálculo do valor
estimado da resistência característica é dado por:

a) Para n < 20: fckest = f 1, em que:

n = número de exemplares
f 1 = menor valor da resistência à compressão da série de exemplares do
mesmo lote
fckest = valor estimado da resistência característica à compressão

b) Para n ≥ 20: fckest = f i, em que:

i = 0,05 · n, adotando-se o número inteiro imediatamente superior quando


i for fracionário.
Concretagem: cura e controle tecnológico 129

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5739:2007. Concreto –


Ensaios de compressão de corpos-de-prova cilíndricos. Rio de Janeiro: ABNT, 2007.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5738:2015. Concreto –
Procedimento para moldagem e cura de corpos de prova. Rio de Janeiro: ABNT, 2015.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 12655:2015. Concreto de
cimento Portland – Preparo, controle, recebimento e aceitação – Procedimento. Rio
de Janeiro: ABNT, 2015.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 14931:2004. Execução de
estruturas de concreto – Procedimento. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR NM 67:1998. Concreto –
Determinação da consistência pelo abatimento do tronco de cone. Rio de Janeiro:
ABNT, 1998.
ISAIA, G. C. Concreto: ciência e tecnologia. São Paulo: Martins Fontes, 2011. v. 1.
NEVILLE, A. M.; BROOKS, J. J. Tecnologia do concreto. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.

Leituras recomendadas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 12654:2000. Controle
tecnológico de materiais componentes do concreto. Rio de Janeiro: ABNT, 2000.
NEVILLE, A. M. Propriedades do concreto. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
Dica do professor
O vídeo a seguir aborda os passos para a execução do teste de slump. Trata-se de um ensaio
bastante simples, porém muito difundido pela sua funcionalidade para avaliar a trabalhabilidade do
concreto e evitar falhas na concretagem.

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Exercícios

Em relação à cura do concreto, assinale a alternativa correta:


1)
A) a) É o processo de adicionar água no caminhão betoneira, antes da concretagem, para atingir
a trabalhabilidade desejada.

B) b) Durante o processo de cura úmida, deve-se manter a superfície do concreto seca.

C) c) O objetivo da cura é promover uma ação que garanta água suficiente para que todo o
processo de reação química do cimento se complete.

D) d) A cura térmica consiste em aspergir um produto que forme uma película na superfície do
concreto e que impeça a evaporação da água do concreto.

E) e) Quanto maiores as dimensões do elemento concretado, menos se deve preocupar com a


cura.

Dentre os diversos testes realizados para a avaliação de propriedades do concreto, o teste


2) que avalia se o concreto possui as condições de trabalhabilidade de acordo com a
necessidade da obra é:

A) a) O teste de compressão.

B) b) O teste de granulometria.

C) c) A avaliação de traço.

D) d) O abatimento ou teste de slump.

E) e) O teste de dosagem.

Após a concretagem, deve ser efetuado o processo de cura do concreto. Esse processo tem
3) por finalidade:

A) a) Manter a trabalhabilidade do concreto.

B) b) Evitar o endurecimento precoce do concreto.

C) c) Evitar a evaporação da água que deverá hidratar o cimento.


D) d) Aumentar a resistência superficial.

E) e) Aumentar a resistência à tração do concreto.

Sobre a cura do concreto é correto afirmar:


4)
A) a) Para se obter um bom concreto, a cura não é necessária nas primeiras idades.

B) b) A função principal da cura é promover a limpeza do concreto.

C) c) O objetivo da cura é manter o concreto saturado.

D) d) Caso a umidade do ar seja elevada, de no mínimo 30%, não é necessário realizar o


procedimento de cura.

E) e) A cura apenas não é necessária em condições de clima pouco úmido e temperatura


variável.

As especificações a respeito do controle tecnológico do concreto possuem suas diretrizes na


5) ABNT NBR 12655: 1996 - Concreto: preparo, controle e recebimento. Sobre esse assunto,
assinale a alternativa correta:

A) a) A resistência do concreto não é influenciada pela relação água/cimento nele contida.

B) b) A idade do concreto não influencia sua resistência, ainda que ocorra a hidratação do
cimento.

C) c) O teste de slump é o principal teste para avaliar a resistência do concreto, de acordo com a
norma vigente.

D) d) Deve-se sempre executar dois corpos de prova idênticos, para serem rompidos na mesma
idade.

E) e) Elementos como pilares não necessitam de controle tecnológico em seu concreto.


Na prática
Ferramenta bastante simples, porém vital para o rastreamento dos lotes de concreto utilizados é o
croqui conhecido como mapeamento de concretagem. Por meio desse simples croqui, o
profissional que acompanha a concretagem desenha sobre a planta a área correspondente ao
concreto oriundo de cada caminhão/betonada.

Desse modo, caso os ensaios de resistência (que serão executados dias após a concretagem)
apontem anomalias no concreto, a equipe de obra poderá facilmente localizar a região em que esse
concreto foi utilizado. É função do engenheiro de obras coordenar a equipe que irá executar a
concretagem e organizar a documentação dessa, garantindo, assim, a correta execução dessa etapa.

Uma documentação que comprove as boas práticas utilizadas no processo de concretagem serve
como garantia ao engenheiro de obras e também pode ser utilizada para mitigar possíveis
problemas encontrados nos resultados obtidos nos ensaios à compressão do concreto, uma vez que
os resultados desses procedimentos só serão conhecidos dias depois da execução da estrutura.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Precisa mesmo molhar a laje? A cura do concreto!

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Olha o que acontece se não molhar a laje feita com concreto


usinado

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O processo executivo de cura do concreto e a sua importância


como qualificador do material

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Cura do concreto
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Análise da influência do tipo de cura na resistência à


compressão de corpos-de-prova de concreto

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Influência do processo de cura em concreto convencional em


seis idades

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A importância do controle tecnológico na fase estrutural em


obras de edificações

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Tecnologia do Concreto ISBN


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Concretagem: Dimensionamento e efeitos

Apresentação
Você sabia que para todos os tipos de estruturas se fazem necessários o dimensionamento/a
dosagem do concreto? Do concreto para uma simples calçada até o concreto de um prédio, uma
ponte ou outras estruturas mais robustas/complexas, a dosagem é fundamental, pois interfere
diretamente na vida útil da estrutura.

Uma dosagem deficitária causa inúmeros problemas, como fissuras, infiltrações, deslocamentos,
corrosão das armaduras/ferragens e, em casos mais graves, potenciais desmontes ou demolições
prematuras.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá sobre a dosagem de concreto e os efeitos de


uma dosagem incorreta.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar os tipos de dosagem de concreto: empírico e experimental.


• Relacionar a normatização específica para a dosagem de concreto.
• Reconhecer possíveis causas de uma dosagem de concreto incorreta.
Desafio
Após fazer todas as escavações para a execução de uma fundação para a ampliação de uma
residência, você verificou que irá precisar de 4m3 de concreto. Para solicitar esse volume de
concreto, você precisa passar algumas informações/características, como as apresentadas a seguir:

Cimento:
• Tipo: CPII – 32
• Peso específico do cimento utilizado: γ = 3150 kg/m3

Agregado miúdo: areia


• Tipo: areia média bem graduada
• Peso específico: γ = 1620 kg/m3
• Massa específica: γ = 2640 kg/m3
• Módulo de finura: 2,6

Agregado graúdo: brita


• Tipo: brita 1 (Dmáx = 19 mm)
• Peso específico: γ = 1500 kg/m3
• Massa específica: γ = 2880 kg/m3

Concreto: • Idade: 28 dias


• Resistência à compressão: 26 MPa
• Consistência do concreto fresco: bem mole
• Abatimento: +/- 80 mm.

Utilizando o método ABCP para dosagem, determine, com base nos dados acima:

a) Fator água/cimento.
b) Consumo de água.
c) Consumo de cimento.
d) Consumo de agregados: areia e brita.
e) Traço definitivo.
f) Quantitativo do consumo para 4 m3 de concreto em kg e em volume.
Infográfico
Veja no fluxograma os passos da dosagem de concreto até a determinação da resistência
característica.

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Conteúdo do livro
Para se fazer a dosagem de concreto é necessário primeiramente definir suas características de
trabalhabilidade, a consistência do concreto fresco e as propriedades do concreto curado. São
vários os métodos de dosagem (que podem ser empíricos ou experimentais), nos quais o objetivo é
determinar da melhor maneira a quantidade de cada material sem perder as características
solicitadas no projeto.

No capítulo a seguir, você conhecerá os métodos de dosagem empírica e experimental, bem como
as normas regulamentadoras. Inicie a leitura no tópico Dosagem de concreto e vá até Efeitos.

Boa leitura!
CONSTRUÇÃO CIVIL
Alessandra Martins Cunha
Concretagem:
dimensionamento e efeitos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Identificar os tipos de dosagem de concreto: empírico e experimental.


„ Relacionar a normatização específica para dosagem de concreto.
„ Reconhecer possíveis causas de uma dosagem de concreto incorreta.

Introdução
Você sabia que para todos os tipos de estruturas se faz necessário o
dimensionamento/dosagem do concreto? Esse processo é utilizado tanto
para o concreto usado em uma simples calçada quanto para o concreto
utilizado em um prédio, uma ponte ou outras estruturas mais robustas/
complexas. A dosagem interfere diretamente na vida útil da estrutura.
Uma dosagem deficitária causa inúmeros problemas, como fissuras,
infiltração, deslocamentos, corrosão das armaduras/ferragens. Em casos
mais graves, pode gerar potenciais desmontes ou demolição prematura.
Neste texto, você aprenderá sobre a dosagem de concreto e os efeitos
de uma dosagem incorreta.

Dosagem de concreto
O concreto é um composto monolítico resultante de uma mistura (cimento, água,
pedra, areia e aditivos). Essa mistura forma uma massa com plasticidade sufi-
ciente para que possa ser manuseada, transportada e lançada, a fim de garantir
a resistência necessária ao elemento a ser concretado.
A dosagem do concreto estabelece a quantidade, de modo racional, de cada
componente. Esse processo obedece aos requisitos de resistência necessária
e de moldabilidade do concreto fresco.
2 Construção civil

Existem vários tipos de dosagem de concreto: a empírica e as experimen-


tais. A dosagem empírica, realizada sem procedimentos experimentais, é a
chamada “receita de bolo”. Ela não leva em consideração as características
dos ingredientes da massa, apenas a prática do construtor. Ainda é utilizada
em obras pequenas e sua utilização, em geral, proporciona um gasto maior
de materiais e não garante boa qualidade.
Já as dosagens experimentais ou racionais, como o próprio nome já diz,
são realizadas em laboratórios (ou nas centrais de concreto). Nesses locais, se
calcula racionalmente (e, por que não dizer, economicamente) cada elemento
a ser utilizado no concreto.

Figura 1. Preparo de concreto dosado em laboratório.


Fonte: IvanRiver/Shutterstock.com
Concretagem: dimensionamento e efeitos 3

Dosagem ou traço do concreto


O traço de concreto nada mais é do que a expressão da proporção dos ma-
teriais a ser utilizada para um determinado concreto com uma determinada
resistência. Pode-se obter traço de concreto em volume de todos os materiais,
só em volume dos agregados e em peso de todos os materiais.
De acordo com a ABNT NBR 12655:2015,

[...] a composição de cada concreto de classe C15 ou superior, a ser utilizado


na obra, deve ser definida, em dosagem racional e experimental, com
a devida antecedência em relação ao início da concretagem da obra. O
estudo de dosagem deverá ser realizado com os mesmos materiais e
condições semelhantes àquelas da obra, tendo em vista as prescrições
de projeto e as condições de execução. A dosagem do concreto deverá
ser refeita sempre que houver mudança de marca, tipo ou classe de
cimento, na procedência dos agregados e demais materiais.

Ao fazer um traço de concreto, você deve levar em consideração as condi-


ções de preparo do concreto, definidas pela ABNT NBR 12655:2015. Observe
a classificação:

„ Condição A:
■ Aplicável às classes C10 a C80. O cimento e os agregados são medidos
em massa; a água é medida em massa ou volume com dispositivo
dosador e corrigida em função da umidade dos agregados.
„ Condição B:
■ Aplicável às classes C10 até C25. O cimento e os agregados são medi-
dos em massa; a água é medida em massa ou volume com dispositivo
dosado e os agregados medidos em massa combinada com volume.
■ Aplicável às classes C10 até C20; O cimento e os agregados são
medidos em massa; a água é medida em massa ou volume com
dispositivo dosador e os agregados medidos em volume. A umidade
do agregado miúdo é corrigida por meio da curva de inchamento
estabelecida para o material utilizado.
„ Condição C:
■ Aplicável às classes C10 e C15. O cimento é medido em massa; os
agregados e a água são medidos em volume. A quantidade de água
é corrigida em função da estimativa de umidade dos agregados e da
determinação da consistência do concreto.
4 Construção civil

Para a condição C, você deve adotar consumo mínimo de 350 kg de cimento.

Conceitos
Você já deve ter ouvido alguém falar uma frase como esta: “O concreto 25
MPa será utilizado na laje”.

Mas você sabe o que ela quer dizer? E sabe o que são MPa, Fck, Mpa, resistência,
corpo de prova, slump test e desvio padrão?
Antes de prosseguir com os estudos, você irá conhecer e entender o que
esses conceitos significam.

„ Resistência: propriedade mecânica que o concreto tem de resistir à


força, podendo ser à tração ou à compressão, atendendo ainda ao módulo
de elasticidade.
„ Fck: resistência característica do concreto à força de compressão/tração
quando atinge a idade média de 28 dias.
„ N (Newton): unidade de medida de força de pressão, distribuída uni-
formemente sobre uma área plana 1 m2.
„ Pa (Pascal): 1 N = força aplicada a um corpo de massa igual a 1 kg a
uma aceleração de 1 m/s² no mesmo sentido. 1 Pa = 1 kg f/m
„ MPa: (Mega Pascal) = 1.000.000 Pa = unidade utilizada para medir a
resistência do concreto.
„ Corpo de prova: no Brasil, é uma peça moldada em formato cilíndrico,
de 30 cm de altura por 10 cm de diâmetro, no momento da concretagem.
É nessa peça que será aplicada a força necessária para que se tenha a
ruptura, e, portanto, a comprovação da resistência do concreto.
„ Slump test: teste de abatimento de tronco de cone = é um teste realizado
para verificar a consistência, a fluidez do concreto e a uniformidade
da trabalhabilidade. Geralmente é realizado poucos instantes antes do
início da concretagem.
„ 25 Mpa: (usando o exemplo) esse valor (25) é o “tamanho” da força
média a ser aplicada sobre o corpo de prova. Pode variar de acordo com
Concretagem: dimensionamento e efeitos 5

o SD (desvio padrão) utilizado para a amostragem. Em função desse


desvio padrão, pode-se aceitar uma amostra com uma porcentagem
maior ou menor (em torno de 5% do Fck esperado). Amostras fora dessa
porcentagem devem ser descartadas.
„ SD (desvio padrão): utilizado para indicar o grau de variação do Fck nas
amostras de concreto (corpo de prova). O desvio padrão, nas dosagens
experimentais, tem uma tabela com valores aceitáveis.

O desvio padrão é um tipo de controle de qualidade do concreto. É calculado em


laboratório após a cura das amostras de concreto.

Dosagem
Para obter concreto resistente, você deve levar em consideração não só a
qualidade dos materiais que irão compor a massa, mas também a dosagem. Ela
é de suma importância, pois interfere diretamente no resultado do processo.
Existem basicamente dois tipos de dosagem: empírica e experimental.
De acordo com a ABNT NBR 6118:2014, ao se fazer uma dosagem, se deve
atender aos seguintes requisitos:

„ Classe de agressividade
„ Fator água/cimento
„ Desvio padrão

Classe de agressividade ambiental


A classe agressividade depende do tipo de ambiente em que será construída
a edificação, e pode ser classificada como fraca, moderada, forte ou muito
forte. Isto pode ser visto na Tabela 1.
6 Construção civil

Tabela 1. Classe de agressividade ambiental.

Classificação
geral do tipo
Classe de de ambiente Risco de
agressividade para efeito deterioração
ambiental Agressividade de projeto da estrutura

I Fraca Rural Insignificante

Submersa

II Moderada Urbana a,b Pequeno

III Forte Marinha a


Grande

Industrial a,b

IV Muito forte Industrial a,c Elevado

Respingos
de maré

Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda


(um nível acima) para ambientes internos secos (salas, dormitórios, banheiros,
cozinhas e áreas de serviço de apartamentos residenciais e conjuntos comerciais
ou ambientes com concreto revestido com argamassa e pintura).
Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda
(um nível acima) em obras em regiões de clima seco, com umidade relativa do ar
menor ou igual a 65%, partes das estruturas protegidas de chuvas em ambientes
predominantemente secos ou regiões onde chove raramente.
Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia,
branqueamento em indústrias de celulose e papel, armazéns de fertilizantes e
indústrias químicas.

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2014).

Fator água/cimento
É a quantidade de água da pasta em relação à massa de cimento. Essa quan-
tidade influencia diretamente as propriedades do concreto (trabalhabilidade,
permeabilidade, porosidade, durabilidade e resistência à compressão). Quanto
menor a relação água/cimento, maior a durabilidade da estrutura. Esse fato
é dado pela expressão:
FAC: a/c
Concretagem: dimensionamento e efeitos 7

Em que:

„ FAC = Fator Água Cimento (resultado em porcentagem)


„ A = Água (em volume)
„ C = Cimento (em kg)

Desvio padrão
De acordo com a ABNT NBR 12655:2015, o desvio padrão é utilizado para
indicar o grau de variação do Fck nas amostras de concreto (corpo de prova).
Desvio padrão desconhecido: utilizado quando não se tem referências
estatísticas. Adota-se a condição C como condição de preparo do concreto, com
consumo mínimo de 350 kg de cimento por m³, para concreto Classe = C15.

Tabela 2. Desvio padrão a ser adotado em função da condição de preparo de concreto,


de acordo com a ABNT NBR 12655:2015.

Condição SD – Desvio padrão em MPa

A 4

B 5,5

C 7,0

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2015).

Desvio padrão conhecido: Quando o concreto for elaborado com os mes-


mos materiais, mediante equipamentos similares e sob condições equivalen-
tes, o valor do desvio padrão deve ser fixado com no mínimo 20 resultados
consecutivos obtidos no intervalo de até 30 dias. Em nenhum caso o SD
pode ser menor que 2 MPa (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2015).

Dosagem empírica
Esse método utiliza o volume dos componentes como unidade de medida.
Assim, a unidade pode ser baseada no volume de latas, carrinhos de mão ou
padiolas e tem um traço fixo que é passado de construtor para construtor.
Esse tipo de dosagem ainda é utilizado em pequenas obras.
8 Construção civil

Dosagem experimental
Existem diversos tipos de dosagens experimentais. Elas levam esse nome
pois foram desenvolvidas em laboratório e se baseiam em estudos realizados
por profissionais da área. O traço é desenvolvido por meio da avaliação da
resistência e da trabalhabilidade. Assim, se gera um menor desvio padrão nas
amostras e um menor custo final do concreto.
As dosagens experimentais de concreto mais conhecidas no Brasil são a
ABCP e a IPT.
Dosagem ABCP: A dosagem ABCP foi desenvolvida na década de 1980
pela Associação Brasileira de Cimento Portland. Devido a evoluções dos ma-
teriais desde aquela época, já não é um método utilizado para a determinação
de um traço de concreto.

A dosagem ABCP leva em consideração: tipo, massa específica e nível de resistência


aos 28 dias do cimento (ex.: CP II 32 – 32 MPa aos 28 dias); análise granulométrica e
massa específica dos agregados; dimensão máxima característica do agregado graúdo;
consistência desejada do concreto fresco; e resistência de dosagem do concreto (fcj).

Exemplo da aplicação da dosagem ABCP:


Concretagem: dimensionamento e efeitos 9

Tabela 3. Definição das características do concreto a ser dosado.

Massa
Peso específico específica =
Material Tipo = γ (kg/m³) γ (kg/m³)

Cimento CPII – 32 3.150,00

Areia Areia média 1.620 2.640


bem graduada

Brita Brita 1 (Dmáx 1500 2.280


= 19 mm)

Concreto Idade Resistência à Consistência do


compressão (Mpa) concreto fresco

28 dias 25 Mole

Solução:

1. Determinação da relação do fator água/cimento:

Para Fc28 = 25 Mpa → a relação do fator água/cimento se consegue por meio


da curva de Abrams, que está em função da idade e da resistência mecânica
desejada, assim como você pode ver na Figura 2:
10 Construção civil

Figura 2. Gráfico de Abrams: relação do fator água/cimento em função da resistência à


compressão.

Portanto, o fator água/cimento é igual a 0,58.

2. Determinação do consumo de água:

Adotando um abatimento do tronco de cone de 90 mm e Dmáx de 19 mm,


você pode obter o consumo aproximado de água a partir da tabela abaixo:

Tabela 4. Consumo de água.

Consumo de água aproximado, em l/m³

Dmáx de agregado graúdo


Abatimento
(mm) 9,5 19,0 25,0 32,0 38,0

40 a 60 220 195 190 185 180

60 a 80 225 200 195 190 185

80 a 100 230 205 200 195 190


Concretagem: dimensionamento e efeitos 11

3. Determinação do consumo de cimento:

Você pode obter a determinação do consumo de cimento por meio da


fórmula:

Ca
Cc =
a/c

Assim:

200
Cc =
0,58 Cc = 344,83 kg/m3

Em que:
Cc= consumo de cimento (kg/m³)
Ca= consumo de água (tabelado) (l/m³)
a/c = fator água/cimento

4. Determinação do consumo dos agregados:

Depende do teor ótimo, da dimensão máxima do agregado graúdo e do


módulo de finura da areia.
Você pode obter o consumo dos agregados por meio da tabela abaixo:
12 Construção civil

Tabela 5. Consumo de agregado miúdo.

Dimensão máxima (mm)


Módulo
de Finura 9,5 19,0 25,0 32,0 38,0

1,8 0,645 0,770 0,795 0,820 0,845

2,0 0,625 0,750 0,775 0,800 0,825

2,2 0,605 0,730 0,755 0,780 0,805

2,4 0,585 0,710 0,735 0,760 0,785

2,6 0,565 0,690 0,715 0,740 0,765

2,8 0,545 0,670 0,695 0,720 0,745

3,0 0,525 0,650 0,675 0,700 0,725

3,2 0,505 0,630 0,655 0,680 0,705

3,4 0,485 0,610 0,635 0,660 0,685

3,6 0,465 0,590 0,615 0,640 0,665

Adotando o agregado miúdo, com módulo de finura = 2,6 e diâmetro


máximo para o agregado graúdo = 19 mm, você obtém, na tabela acima, um
volume de 0,690 m³.
Assim, você pode calcular o consumo do agregado graúdo:
Cb = Vb × Mb
Cb = 0,690 × 1500 → Cb = 1035 kg/m3
Em que:
Cb = consumo de brita, em kg/m³
Vb = volume de brita (tabelado) (l/m³)
Mb = peso específico da brita (kg/m³)
A obtenção do consumo do agregado miúdo se dá por:
Cálculo do volume a ser utilizado
Concretagem: dimensionamento e efeitos 13

Cc Cb Ca
Vareia = 1 – + +
γc γb γa

344,83 1035 200


Vareia = 1 – + +
3150 2280 1000

Vareia = 1 – 0,760 → Vareia = 0,24 m3


Cálculo do consumo da areia:
Careia = Vareia × Mareia
Careia = 0,240 × 2660 → Careia = 638,40 kg/m3
Em que:
Vareia
Cc = consumo de cimento
Cb = consumo de brita
Ca = consumo de água
ga = massa específica da água
gb = massa específica da brita
gc = peso específico do cimento
5º – Apresentação do traço:
Cim : Areia : Brita : A/C

Careia Cb Ca/c 638,40 1035 200


1: : : 1: : :
Cc Cc Cc 344,83 344,83 344,83

O traço definitivo é:
1 : (1,85) : (3,00) : (0,58)

Dosagem IPT
É um método simples, eficiente e muito divulgado no Brasil. Ele aceita a
utilização do agregado disponível em obra, dispensando o estabelecimento de
composição granulométrica geralmente estipulada por modelos teóricos. Além
disso, leva em consideração a resistência característica do concreto aos 28 dias
(fck), do diâmetro máximo dos agregados e da consistência do concreto. A
14 Construção civil

partir desses valores, obtém as proporções de areia e pedra britada para cada
unidade de cimento, além da obtenção do fator água/cimento.
Exemplo de aplicação da dosagem IPT:

Tabela 6. Definição das características do concreto a ser dosado.

Peso Massa
específico específica
Material Tipo = γ (kg/m³) = γ (kg/m³) Observação

Cimento CPII – 32 3.150,00

Areia Areia 1.620 2.640 Módulo


média bem de finura:
graduada Mf = 2,6

Brita Brita 1 (Dmáx 1.500 2.280


= 19 mm)

Concreto Idade Resistência à


compressão
(Mpa)

28 dias 25

Solução:
Por meio das tabelas a seguir, você pode obter o teor de argamassa e o
fator água/cimento.
Concretagem: dimensionamento e efeitos 15

Tabela 7. Valores estimados para o teor de argamassa seca (α).

Módulo de finura do agregado miúdo


Dmáx do
agregado Menor do Entre Maior do
graúdo que 2,4 2,4 e 2,6 que 2,8

9,5 55 57 59

19 50 52 54

25 46 48 50

38 43 44,5 46

50 37 39 41

76 333 34,5 36

102 30 31 32

152 27 28 29

Tabela 8. Valores estimados para o fator água/cimento – x (l/kg).

Cimentos do tipo
CP I, II, III e IV

Fcj (MPa) Classe 25 Classe 32 Classe 40 CP V ARI

10 0,79 0,89 0,96 0,96

15 0,64 0,74 0,81 0,81

20 0,53 0,63 0,71 0,71

25 0,45 0,55 0,62 0,62

30 0,38 0,48 0,56 0,56

35 0,32 0,42 0,50 0,50


16 Construção civil

Teor de argamassa → α = 53% (valor aproximado)


Fator água/cimento → x = 0,55
1º – Determinação do traço inicial (1:5)
Determinação da consistência →A consistência é definida pela relação
água/ materiais secos (H), que pode ser relacionada com os termos do traço
da seguinte maneira:

783 × (148 – Dmáx) + (163 – Dmáx) × S


H= × 100
4410 × γb

Em que:
S = abatimento do tronco do cone. Para o exemplo, se adotou S= 80 mm.
783 × (148 – 19) + (163 – 19) × 80
H= × 100
4410 × 2.280

H = 9%
Determinação do traço inicial

α×x x
1= –1 : × (100 – α) :x
H H

53 × 0,55 0,55
1= –1 : × (100 – 53) : x
9,0 9,0

1 : 2,2 : 2,8 : 0,55 → Traço inicial


2º – Traço pobre (1: 3,5) → 1 : 1,6 : 1,9 : 0,55
3º – Traço rico (1: 6,5) → 1 : 2,4 : 2,9 : 0,55

Para saber mais sobre o processo, leia o capítulo 19 “Dosagem” do livro Tecnologia do
Concreto (NEVILLE, 2013, p. 375-391).
Concretagem: dimensionamento e efeitos 17

Efeitos
As falhas na fase de concretagem comprometem o desempenho da estrutura.
Armadura exposta e vazios são os problemas mais comuns. Eles interferem
diretamente na resistência e na durabilidade das estruturas. Porém, essas falhas
só são detectadas quando ocorre a desforma da estrutura.

Falhas severas comprometem a estrutura e podem causar o seu desmoronamento


antes mesmo do término da obra. No entanto, quando não ocorre o comprometimento
da estrutura, ela pode ser recuperada por meio de ações reparadoras.

Bicheiras ou nichos: são espaços vazios detectados após a desforma de


uma estrutura de concreto armado. São ocasionados por várias causas. As mais
comuns são falta de vibração ou falta de espaço suficiente para passagem dos
agregados entre armaduras e formas.

Figura 3. Bicheira no concreto com exposição das ferragens.


Fonte: Ajay PTP/Shutterstock.com

A não observância de alguns fatores contribui para a existência de falhas na


execução da concretagem. A seguir, você pode ver os exemplos mais comuns:
18 Construção civil

„ Erro na definição do traço do concreto e/ou não atenção ao traço de-


finido em projeto.
„ Erro de projeto no detalhamento da armadura.
„ Perda da nata do concreto, causada por não se conferir a vedação da
forma.
„ Adensamento do concreto em excesso, que segrega os componentes do
concreto. O tipo e a frequência de vibração são estipulados de acordo
com o tipo de agregado e a armadura utilizada.
„ Excesso de água na dosagem antes da aplicação do concreto fresco e no
acabamento (cura). No primeiro, causa a perda da resistência na qual
foi dosado. Já no segundo causa a segregação dos materiais.
„ Retirada das escoras e formas prematuramente.
„ Cura inadequada.
„ Erro na execução das ferragens, não utilizando a bitola adequada, o
espaçamento e o cobrimento especificados em projetos.

Pode-se utilizar grautes e argamassas a fim de restaurar os espaços vazios e, em alguns


casos, até mesmo fazer o cobrimento das armaduras que ficaram expostas.

A adoção de procedimentos específicos e boas práticas definem o sucesso ou não


de uma concretagem. É preciso, por exemplo: definir qual o tipo de concreto a ser
utilizado, a data da concretagem, a peça e o volume a ser executado; contratar alguns
serviços necessários para uma boa concretagem (bomba lançadora de concreto,
vibrador, concreto bombeável); ou, em alguns casos, evitar a realização da concretagem
com concreto virado inlocco (como era feito antigamente e ainda hoje ocorre em
pequenas construções).
Concretagem: dimensionamento e efeitos 19

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6118:2014. Projetos de


estruturas de concreto – Procedimentos. Rio de Janeiro: ABNT, 2014.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR12655:2015. Concreto de
cimento Portland –- Preparo, controle, recebimento e aceitação –- Procedimento.
Rio de Janeiro: ABNT, 2015.
LIMA, C. I. P. Tabela concreto. [S.l.]: Carlos Irapuama de P. Lima, [2010?]. Disponível em:
<http://irapuama.dominiotemporario.com/doc/ TABELAS_CONCRETOS_E_ARGA-
MASSAS.pdf>. Acesso em: 05 mar. 2017.
NEVILLE, A. M. Dosagem. In: NEVILLE, A. M. Tecnologia do concreto. 2. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2013. cap. 19, p. 375-394.

Leituras recomendadas
ALLEN, E. Construções em concreto. In: ALLEN, E. Fundamentos da engenharia de
edificações: materiais e métodos. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. cap. 13, p. 524-527.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. Concreto: relação água/cimento.
[S.l.]: ABCP, [2010?]. Disponível em: <http://www.comunidadedaconstrucao.com.br/
upload/ativos/75/anexo/2relac.pdf>. Acesso em: 13 fev. 2017.
CASTRO, M. Dosagem de concreto. [S.l.]: Castro, [2010?]. Disponível em: <http://mo-
emacastro.weebly.com/ uploads/5/7/9/8/57985191/cap_5_dosagem.pdf>. Acesso
em: 13 fev. 2017.
CIMENTO.ORG. Efeito da qualidade da água no concreto. Brasília: Cimento.org, 2010.
Disponível em: <http://cimento.org/efeito-da-qualidade-da-agua-no-concreto/>.
Acesso em: 10 fev. 2017.
CONSTRUFACIL RJ. Concreto: dosagem, critérios e teste de resistência. Rio de Janeiro:
ConstruFacil RJ, 2013. Disponível em: <https://construfacilrj.com.br/ dosagem-do-
-concreto-criterio-e-teste-de-resistencia/>. Acesso em: 10 fev. 2017.
CUNHA, A. M. Automatização do processo de dosagem do concreto: uma ferramenta
de ensino. 2008. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil)
–Universidade Camilo Castelo Branco, Fernandópolis, 2008.
CUSTÓDIO, M. Dosagem de concreto: definições fundamentais. [S.l.]: Mayara Custódio,
[2010?]. Disponível em: <https://goo.gl/ pujCg9>. Acesso em: 14 fev. 2017.
FERREIRA, R. O traço. Goiás: PUC Goiás, [2010?]. Disponível em: <http://professor.pu-
cgoias.edu.br/SiteDocente/admin/ arquivosUpload/15030/material/puc_maco2_07_
traco.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2017.
20 Construção civil

GLOBAL WOOD. Patologias do concreto: bicheiras. Curitiba: Global Wood, [2010?].


Disponível em: <http://globalwood.com.br/ patologias-do-concreto-bicheiras/>.
Acesso em: 10 fev. 2017.
KATIUSCIA, I. Reparos em estruturas de concreto. [S.l.]: Dr. Faz Tudo, 2016. Disponível em:
<http://drfaztudo.com.br/blog/2016/03/28/ reparos-em-estruturas-de-concreto/>.
Acesso em: 13 fev. 2017.
MEDEIROS, M. H. F. Dosagem dos concretos de cimento Portland. Curitiba: UFPR, [2010?].
Disponível em: <http://www.dcc.ufpr.br/mediawiki/ images/2/2c/Dosagem_do_Con-
creto_-_Marcelo_Medeiros.pdf>. Acesso em: 14 fev. 2017.

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cionamento foi comprovado no momento da publicação do material. No entanto, a
rede é extremamente dinâmica; suas páginas estão constantemente mudando de
local e conteúdo. Assim, os editores declaram não ter qualquer responsabilidade
sobre qualidade, precisão ou integralidade das informações referidas em tais links.
Dica do professor
O concreto de alto desempenho normalmente leva em sua composição adições mineirais (sendo os
mais comuns a sílica ativa e o metacaulim) e aditivos superplastificantes. Esse concreto confere
maior durabilidade, maior vida útil e melhor desempenho quando exposto aos meios altamente
agressivos, além de atingir resistência entre 60 e 120 Mpa - inclusive há obras executadas em que a
resistência superou 120 Mpa aos 28 dias.

É empregado em obras civis especiais (que exijam elevada resistência mecânica e/ou contenham
elementos estruturais com seções esbeltas), obras hidráulicas e recuperação. São exemplos de
aplicações: edifícios muito altos, pontes ou viadutos com extensão acentuada, monotrilhos, obras
hidráulicas e estruturas off-shores (plataformas petrolíferas).

Acompanhe a Dica do professor!

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Exercícios

1) A dosagem é a determinação racional da quantidade de água, cimento, brita e areia,


obedecendo aos requisitos de resistência e moldabilidade do concreto fresco. Há
basicamente dois tipos de dosagem: a empírica e a experimental. A dosagem empírica é
realizada com base na experiência do construtor. A dosagem experimental é realizada com
base em estudos em laboratório com o intuito de determinar os materiais do composto sem
perder as características mecânicas de resistência e consistência. Com base nisso, explique a
dosagem ABCP.

A) A dosagem ABCP leva em consideração: o tipo, a massa específica e o nível de resistência aos
28 dias do cimento (ex.: CP II 32 - 32 MPa aos 28 dias); a análise granulométrica e a massa
específica dos agregados; a dimensão máxima característica do agregado graúdo; a
consistência desejada do concreto fresco; e a resistência de dosagem do concreto (Fcj).

B) Método que aceita a utilização do agregado disponível em obra, dispensando o


estabelecimento de composição granulométrica geralmente estipulada por modelos teóricos.

C) Elaborado para concreto autoadensável, o método de dosagem Sedran (1996), a dosagem de


finos é ajustada para acomodar materiais de origem local e a resistência do concreto. O
conteúdo de superplastificante é feito para a obtenção de uma viscosidade aceitável usando
o reômetro (instrumento de medida de escoamento dos fluidos) e o teste de slump.

D) Tem com principal consideração o preenchimento do vazio do esqueleto dos agregados


graúdos pouco compactados com argamassa.

E) É uma dosagem para concreto com resistência entre 60 e 120 MPa.

2) Está finalizando a etapa de alvenaria, você precisa se programar quanto à próxima, que é a
execução da concretagem dos pilares, vigas e laje. Porém irá dividir em duas sub-etapas:
uma só para os pilares e outra só para as vigas e laje.

Na etapa PILARES, serão:


20 Pilares P1, nas dimensões 0,20m x 0,30m com altura de 4m e,
10 Pilares P2, nas dimensões 0,25m x 0,40m com altura de 4m.
Utilizando o Método ABCP para dosar seu concreto, obtém as seguintes características:

Cimento:
• Tipo : CPII – 32
• Peso específico do cimento utilizado: γ = 3.111kg/m3

Agregado Miúdo: Areia


• Tipo : Areia média bem graduada
• Peso específico: γ = 1620kg/m3
• Massa específica: γ = 2640 kg/m3
• Módulo de Finura: 2,4

Agregado Graúdo:Brita
• Tipo : Brita 1 (Dmáx = 19mm)
• Peso específico: γ = 1500 kg/m3
• Massa específica: γ= 2880 kg/m3

Concreto:
• Idade : 28 dias
• Resistência a Compressão: 30 MPa
• Consistência do concreto fresco: Mole
• Abatimento = +/- 100mm

Com base nestas características defina o traço final, utilizando duas casas decimais para
arredondamento

A) 1: 2,08 : 2,81 : 0,54

B) 1 : 2,08 : 2,81 : 0,65

C) 1 : 2,18 : 2,08 : 0,23.

D) 1 : 0,36 : 0,48 : 0,26.

E) 1 : 0,36 : 0,48 : 0,31.

3) Temos uma Tabela de Concreto, contendo traços de concreto mais utilizado e suas aplicações:
Massa específica dos materiais

Massa específica Massa específica


MATERIAL
(seca) (kg/l) aparente (kg/l)

Cimento 3,15 1,42

Seca 1,5 1,50

Areia Úmida (5%) - 1,20

Úmida (10%) - 1,15

Brita 2,65 1,3

Dadas as tabelas acima, planeja-se executar um piso, com espessura de 15cm, para um
estacionamento de 120m2. Com base na TABELA CONCRETO, usando o traço 1 : 2,5 : 3,5, calcule
o consumo de materiais.

A) Cimento = 106,85 sacos;


areia = 25 m3;
brita 1 = 7,54 m3;
brita 2 = 7,54 m3;
água = 3636,36 litros = 3,63m3.

B) Cimento = 105,5 sacos;


areia = 11,91 m3;
brita 1 = 7,94 m3;
brita 2 = 7,94 m3;
água = 5000 litros = 5m3.

C) Cimento = 105,5 sacos;


areia = 11,91 m3;
brita 1 = 3 m3;
brita 2 = 4 m3;
água = 3734,6 litros = 3,73m3.

D) Cimento = 105,5 sacos;


areia = 11,91 m3;
brita 1 = 7,94 m3;
brita 2 = 7,94 m3;
água = 3734,6 litros = 3,73m3; aditivo = 2 litros.

E) Cimento = 105,5 sacos;


areia = 11,91 m3;
brita 1 = 7,94 m3;
brita 2 = 7,94 m3;
água = 3734,6 litros = 3,73m3.

4) O que são bicheiras?

A) São os vazios de concretagem que se manifestam em defeitos em pilares, vigas, lajes ou


paredes, caracterizados por espaços não preenchidos no concreto. São detectados ao
desformar uma estrutura de concreto armado.

B) São a pasta de cimento, areia e água suficientes para produzir uma consistência fluida, sem
agregação de seus constituintes.

C) Referem-se à quantidade de água da pasta em relação à massa de cimento. Essa quantidade


influencia diretamente nas propriedades do concreto.

D) Constituem o valor aceitável para a resistência em amostras de cimento.


E) Referem-se à graduação do agregado graúdo na composição do concreto.

5) O que é corpo de prova?

A) É o material depositado em forma metálica cônica, em três camadas, adensadas igualmente.


Tem a finalidade de determinar a consistência do concreto.

B) É o nicho formado após a retirada de fôrmas, por falha na execução da concretagem.

C) É a prova de carga realizada para saber a resistência do concreto.

D) É uma amostra moldada em formato cilíndrico, de 30 cm de altura por 10 cm de diâmetro, no


momento da concretagem.

E) É utilizado para medir os materiais que compõem a mistura de concreto.


Na prática

Concreto leve

Atualmente, existem muitos tipos de concreto, feitos com diversos tipos de materiais e para as mais
diversas aplicações. E, para atender a essas necessidades, foram desenvolvidos vários tipos de
dosagens. Com o intuito de diminuir o peso das estruturas e diminuir o custo, estudiosos
desenvolveram um concreto mais leve que leva em sua composição a argila expandida, a qual
contribui com características como o isolamento termo-acústico, que proporciona leveza com
resistência, inércia química, estabilidade bidimensional e incombustibilidade.

Os concretos leves caracterizam-se pela redução da massa específica em relação aos concretos
convencionais, consequência da substituição de parte dos materiais sólidos por ar. Podem ser
classificados em concreto com agregados leves, concreto celular e concreto sem finos.

Os concretos leves estruturais são obtidos pela substituição total ou parcial dos agregados
convencionais por agregados leves. De modo geral, são caracterizados por apresentar massa
específica aparente abaixo de 2000 kg/m3.

Alguns detalhes são levados em consideração quando é determinada a utilização de concreto leve,
adotando argila expandida como agregado miúdo:
■ Granulometria – 6/15 mm (equivalente à brita 0).

■ Densidade aparente = 600 kg/m3.

■ Para obras de fundação, além da redução do peso, pois possui massa específica próxima de
1800 kg/m3, seu custo se mostra vantajoso em comparação ao custo do concreto convencional
com massa específica normal (em torno de 30% menor).

■ Melhora o desempenho termo-acústico e a resistência ao fogo.

■ Boa trabalhabilidade, facilitando a aplicação com maior agilidade.

■ Menor sobrecarga nas estruturas pelo peso próprio.

■ Menor módulo de elasticidade.

■ Excelência na durabilidade.

Foram desenvolvidos alguns traços, a depender de cada tipo de finalidade, conforme mostrado a
seguir:

Traços de concreto leve em relação ao tipo de aplicação.


Aplicações do concreto leve

O concreto leve divide-se em dois tipos: estrutural e de enchimento.

No uso estrutural, é empregado para reduzir o peso próprio da estrutura. É uma solução muito
vantajosa para a execução de obras com grandes vãos, como pontes, lajes e coberturas, bem como
em elementos flutuantes, como docas e plataformas petrolíferas (embora no Brasil não se costume
usar o concreto leve em plataformas flutuantes).

Por exemplo, em Dubai, que é um lugar muito quente, utiliza-se um concreto com agregado leve
como agente interno de cura, facilitando esse processo e aumentando a vida útil da estrutura.

Na Europa, o concreto leve é muito utilizado para reduzir, durante o inverno, o gasto energético
com sistemas de aquecimento, pois é um isolante térmico e mantém a temperatura ambiente.

Já no uso do concreto leve como enchimento, procura-se atender às exigências específicas da obra.
Pode ser usado como enchimento de lajes, na fabricação de blocos de concreto, na regularização de
superfícies e no envelopamento de tubulações.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Fazendo traço 3 por 1 na betoneira de 400 litros - dosagem


empírica

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Dosagem do Concreto (Método IPT/EPUSP)

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Estudo da dosagem do concreto - método ABCP

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Métodos experimentais de dosagem de concreto autoadensável


(CAA) desenvolvidos no Brasil
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Concretagem: Dimensionamento e efeitos

Apresentação
Você sabia que para todos os tipos de estruturas se fazem necessários o dimensionamento/a
dosagem do concreto? Do concreto para uma simples calçada até o concreto de um prédio, uma
ponte ou outras estruturas mais robustas/complexas, a dosagem é fundamental, pois interfere
diretamente na vida útil da estrutura.

Uma dosagem deficitária causa inúmeros problemas, como fissuras, infiltrações, deslocamentos,
corrosão das armaduras/ferragens e, em casos mais graves, potenciais desmontes ou demolições
prematuras.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você aprenderá sobre a dosagem de concreto e os efeitos de


uma dosagem incorreta.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar os tipos de dosagem de concreto: empírico e experimental.


• Relacionar a normatização específica para a dosagem de concreto.
• Reconhecer possíveis causas de uma dosagem de concreto incorreta.
Desafio
Após fazer todas as escavações para a execução de uma fundação para a ampliação de uma
residência, você verificou que irá precisar de 4m3 de concreto. Para solicitar esse volume de
concreto, você precisa passar algumas informações/características, como as apresentadas a seguir:

Cimento:
• Tipo: CPII – 32
• Peso específico do cimento utilizado: γ = 3150 kg/m3

Agregado miúdo: areia


• Tipo: areia média bem graduada
• Peso específico: γ = 1620 kg/m3
• Massa específica: γ = 2640 kg/m3
• Módulo de finura: 2,6

Agregado graúdo: brita


• Tipo: brita 1 (Dmáx = 19 mm)
• Peso específico: γ = 1500 kg/m3
• Massa específica: γ = 2880 kg/m3

Concreto: • Idade: 28 dias


• Resistência à compressão: 26 MPa
• Consistência do concreto fresco: bem mole
• Abatimento: +/- 80 mm.

Utilizando o método ABCP para dosagem, determine, com base nos dados acima:

a) Fator água/cimento.
b) Consumo de água.
c) Consumo de cimento.
d) Consumo de agregados: areia e brita.
e) Traço definitivo.
f) Quantitativo do consumo para 4 m3 de concreto em kg e em volume.
Infográfico
Veja no fluxograma os passos da dosagem de concreto até a determinação da resistência
característica.

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Conteúdo do livro
Para se fazer a dosagem de concreto é necessário primeiramente definir suas características de
trabalhabilidade, a consistência do concreto fresco e as propriedades do concreto curado. São
vários os métodos de dosagem (que podem ser empíricos ou experimentais), nos quais o objetivo é
determinar da melhor maneira a quantidade de cada material sem perder as características
solicitadas no projeto.

No capítulo a seguir, você conhecerá os métodos de dosagem empírica e experimental, bem como
as normas regulamentadoras. Inicie a leitura no tópico Dosagem de concreto e vá até Efeitos.

Boa leitura!
CONSTRUÇÃO CIVIL
Alessandra Martins Cunha
Concretagem:
dimensionamento e efeitos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„ Identificar os tipos de dosagem de concreto: empírico e experimental.


„ Relacionar a normatização específica para dosagem de concreto.
„ Reconhecer possíveis causas de uma dosagem de concreto incorreta.

Introdução
Você sabia que para todos os tipos de estruturas se faz necessário o
dimensionamento/dosagem do concreto? Esse processo é utilizado tanto
para o concreto usado em uma simples calçada quanto para o concreto
utilizado em um prédio, uma ponte ou outras estruturas mais robustas/
complexas. A dosagem interfere diretamente na vida útil da estrutura.
Uma dosagem deficitária causa inúmeros problemas, como fissuras,
infiltração, deslocamentos, corrosão das armaduras/ferragens. Em casos
mais graves, pode gerar potenciais desmontes ou demolição prematura.
Neste texto, você aprenderá sobre a dosagem de concreto e os efeitos
de uma dosagem incorreta.

Dosagem de concreto
O concreto é um composto monolítico resultante de uma mistura (cimento, água,
pedra, areia e aditivos). Essa mistura forma uma massa com plasticidade sufi-
ciente para que possa ser manuseada, transportada e lançada, a fim de garantir
a resistência necessária ao elemento a ser concretado.
A dosagem do concreto estabelece a quantidade, de modo racional, de cada
componente. Esse processo obedece aos requisitos de resistência necessária
e de moldabilidade do concreto fresco.
2 Construção civil

Existem vários tipos de dosagem de concreto: a empírica e as experimen-


tais. A dosagem empírica, realizada sem procedimentos experimentais, é a
chamada “receita de bolo”. Ela não leva em consideração as características
dos ingredientes da massa, apenas a prática do construtor. Ainda é utilizada
em obras pequenas e sua utilização, em geral, proporciona um gasto maior
de materiais e não garante boa qualidade.
Já as dosagens experimentais ou racionais, como o próprio nome já diz,
são realizadas em laboratórios (ou nas centrais de concreto). Nesses locais, se
calcula racionalmente (e, por que não dizer, economicamente) cada elemento
a ser utilizado no concreto.

Figura 1. Preparo de concreto dosado em laboratório.


Fonte: IvanRiver/Shutterstock.com
Concretagem: dimensionamento e efeitos 3

Dosagem ou traço do concreto


O traço de concreto nada mais é do que a expressão da proporção dos ma-
teriais a ser utilizada para um determinado concreto com uma determinada
resistência. Pode-se obter traço de concreto em volume de todos os materiais,
só em volume dos agregados e em peso de todos os materiais.
De acordo com a ABNT NBR 12655:2015,

[...] a composição de cada concreto de classe C15 ou superior, a ser utilizado


na obra, deve ser definida, em dosagem racional e experimental, com
a devida antecedência em relação ao início da concretagem da obra. O
estudo de dosagem deverá ser realizado com os mesmos materiais e
condições semelhantes àquelas da obra, tendo em vista as prescrições
de projeto e as condições de execução. A dosagem do concreto deverá
ser refeita sempre que houver mudança de marca, tipo ou classe de
cimento, na procedência dos agregados e demais materiais.

Ao fazer um traço de concreto, você deve levar em consideração as condi-


ções de preparo do concreto, definidas pela ABNT NBR 12655:2015. Observe
a classificação:

„ Condição A:
■ Aplicável às classes C10 a C80. O cimento e os agregados são medidos
em massa; a água é medida em massa ou volume com dispositivo
dosador e corrigida em função da umidade dos agregados.
„ Condição B:
■ Aplicável às classes C10 até C25. O cimento e os agregados são medi-
dos em massa; a água é medida em massa ou volume com dispositivo
dosado e os agregados medidos em massa combinada com volume.
■ Aplicável às classes C10 até C20; O cimento e os agregados são
medidos em massa; a água é medida em massa ou volume com
dispositivo dosador e os agregados medidos em volume. A umidade
do agregado miúdo é corrigida por meio da curva de inchamento
estabelecida para o material utilizado.
„ Condição C:
■ Aplicável às classes C10 e C15. O cimento é medido em massa; os
agregados e a água são medidos em volume. A quantidade de água
é corrigida em função da estimativa de umidade dos agregados e da
determinação da consistência do concreto.
4 Construção civil

Para a condição C, você deve adotar consumo mínimo de 350 kg de cimento.

Conceitos
Você já deve ter ouvido alguém falar uma frase como esta: “O concreto 25
MPa será utilizado na laje”.

Mas você sabe o que ela quer dizer? E sabe o que são MPa, Fck, Mpa, resistência,
corpo de prova, slump test e desvio padrão?
Antes de prosseguir com os estudos, você irá conhecer e entender o que
esses conceitos significam.

„ Resistência: propriedade mecânica que o concreto tem de resistir à


força, podendo ser à tração ou à compressão, atendendo ainda ao módulo
de elasticidade.
„ Fck: resistência característica do concreto à força de compressão/tração
quando atinge a idade média de 28 dias.
„ N (Newton): unidade de medida de força de pressão, distribuída uni-
formemente sobre uma área plana 1 m2.
„ Pa (Pascal): 1 N = força aplicada a um corpo de massa igual a 1 kg a
uma aceleração de 1 m/s² no mesmo sentido. 1 Pa = 1 kg f/m
„ MPa: (Mega Pascal) = 1.000.000 Pa = unidade utilizada para medir a
resistência do concreto.
„ Corpo de prova: no Brasil, é uma peça moldada em formato cilíndrico,
de 30 cm de altura por 10 cm de diâmetro, no momento da concretagem.
É nessa peça que será aplicada a força necessária para que se tenha a
ruptura, e, portanto, a comprovação da resistência do concreto.
„ Slump test: teste de abatimento de tronco de cone = é um teste realizado
para verificar a consistência, a fluidez do concreto e a uniformidade
da trabalhabilidade. Geralmente é realizado poucos instantes antes do
início da concretagem.
„ 25 Mpa: (usando o exemplo) esse valor (25) é o “tamanho” da força
média a ser aplicada sobre o corpo de prova. Pode variar de acordo com
Concretagem: dimensionamento e efeitos 5

o SD (desvio padrão) utilizado para a amostragem. Em função desse


desvio padrão, pode-se aceitar uma amostra com uma porcentagem
maior ou menor (em torno de 5% do Fck esperado). Amostras fora dessa
porcentagem devem ser descartadas.
„ SD (desvio padrão): utilizado para indicar o grau de variação do Fck nas
amostras de concreto (corpo de prova). O desvio padrão, nas dosagens
experimentais, tem uma tabela com valores aceitáveis.

O desvio padrão é um tipo de controle de qualidade do concreto. É calculado em


laboratório após a cura das amostras de concreto.

Dosagem
Para obter concreto resistente, você deve levar em consideração não só a
qualidade dos materiais que irão compor a massa, mas também a dosagem. Ela
é de suma importância, pois interfere diretamente no resultado do processo.
Existem basicamente dois tipos de dosagem: empírica e experimental.
De acordo com a ABNT NBR 6118:2014, ao se fazer uma dosagem, se deve
atender aos seguintes requisitos:

„ Classe de agressividade
„ Fator água/cimento
„ Desvio padrão

Classe de agressividade ambiental


A classe agressividade depende do tipo de ambiente em que será construída
a edificação, e pode ser classificada como fraca, moderada, forte ou muito
forte. Isto pode ser visto na Tabela 1.
6 Construção civil

Tabela 1. Classe de agressividade ambiental.

Classificação
geral do tipo
Classe de de ambiente Risco de
agressividade para efeito deterioração
ambiental Agressividade de projeto da estrutura

I Fraca Rural Insignificante

Submersa

II Moderada Urbana a,b Pequeno

III Forte Marinha a


Grande

Industrial a,b

IV Muito forte Industrial a,c Elevado

Respingos
de maré

Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda


(um nível acima) para ambientes internos secos (salas, dormitórios, banheiros,
cozinhas e áreas de serviço de apartamentos residenciais e conjuntos comerciais
ou ambientes com concreto revestido com argamassa e pintura).
Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda
(um nível acima) em obras em regiões de clima seco, com umidade relativa do ar
menor ou igual a 65%, partes das estruturas protegidas de chuvas em ambientes
predominantemente secos ou regiões onde chove raramente.
Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia,
branqueamento em indústrias de celulose e papel, armazéns de fertilizantes e
indústrias químicas.

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2014).

Fator água/cimento
É a quantidade de água da pasta em relação à massa de cimento. Essa quan-
tidade influencia diretamente as propriedades do concreto (trabalhabilidade,
permeabilidade, porosidade, durabilidade e resistência à compressão). Quanto
menor a relação água/cimento, maior a durabilidade da estrutura. Esse fato
é dado pela expressão:
FAC: a/c
Concretagem: dimensionamento e efeitos 7

Em que:

„ FAC = Fator Água Cimento (resultado em porcentagem)


„ A = Água (em volume)
„ C = Cimento (em kg)

Desvio padrão
De acordo com a ABNT NBR 12655:2015, o desvio padrão é utilizado para
indicar o grau de variação do Fck nas amostras de concreto (corpo de prova).
Desvio padrão desconhecido: utilizado quando não se tem referências
estatísticas. Adota-se a condição C como condição de preparo do concreto, com
consumo mínimo de 350 kg de cimento por m³, para concreto Classe = C15.

Tabela 2. Desvio padrão a ser adotado em função da condição de preparo de concreto,


de acordo com a ABNT NBR 12655:2015.

Condição SD – Desvio padrão em MPa

A 4

B 5,5

C 7,0

Fonte: Associação Brasileira de Normas Técnicas (2015).

Desvio padrão conhecido: Quando o concreto for elaborado com os mes-


mos materiais, mediante equipamentos similares e sob condições equivalen-
tes, o valor do desvio padrão deve ser fixado com no mínimo 20 resultados
consecutivos obtidos no intervalo de até 30 dias. Em nenhum caso o SD
pode ser menor que 2 MPa (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2015).

Dosagem empírica
Esse método utiliza o volume dos componentes como unidade de medida.
Assim, a unidade pode ser baseada no volume de latas, carrinhos de mão ou
padiolas e tem um traço fixo que é passado de construtor para construtor.
Esse tipo de dosagem ainda é utilizado em pequenas obras.
8 Construção civil

Dosagem experimental
Existem diversos tipos de dosagens experimentais. Elas levam esse nome
pois foram desenvolvidas em laboratório e se baseiam em estudos realizados
por profissionais da área. O traço é desenvolvido por meio da avaliação da
resistência e da trabalhabilidade. Assim, se gera um menor desvio padrão nas
amostras e um menor custo final do concreto.
As dosagens experimentais de concreto mais conhecidas no Brasil são a
ABCP e a IPT.
Dosagem ABCP: A dosagem ABCP foi desenvolvida na década de 1980
pela Associação Brasileira de Cimento Portland. Devido a evoluções dos ma-
teriais desde aquela época, já não é um método utilizado para a determinação
de um traço de concreto.

A dosagem ABCP leva em consideração: tipo, massa específica e nível de resistência


aos 28 dias do cimento (ex.: CP II 32 – 32 MPa aos 28 dias); análise granulométrica e
massa específica dos agregados; dimensão máxima característica do agregado graúdo;
consistência desejada do concreto fresco; e resistência de dosagem do concreto (fcj).

Exemplo da aplicação da dosagem ABCP:


Concretagem: dimensionamento e efeitos 9

Tabela 3. Definição das características do concreto a ser dosado.

Massa
Peso específico específica =
Material Tipo = γ (kg/m³) γ (kg/m³)

Cimento CPII – 32 3.150,00

Areia Areia média 1.620 2.640


bem graduada

Brita Brita 1 (Dmáx 1500 2.280


= 19 mm)

Concreto Idade Resistência à Consistência do


compressão (Mpa) concreto fresco

28 dias 25 Mole

Solução:

1. Determinação da relação do fator água/cimento:

Para Fc28 = 25 Mpa → a relação do fator água/cimento se consegue por meio


da curva de Abrams, que está em função da idade e da resistência mecânica
desejada, assim como você pode ver na Figura 2:
10 Construção civil

Figura 2. Gráfico de Abrams: relação do fator água/cimento em função da resistência à


compressão.

Portanto, o fator água/cimento é igual a 0,58.

2. Determinação do consumo de água:

Adotando um abatimento do tronco de cone de 90 mm e Dmáx de 19 mm,


você pode obter o consumo aproximado de água a partir da tabela abaixo:

Tabela 4. Consumo de água.

Consumo de água aproximado, em l/m³

Dmáx de agregado graúdo


Abatimento
(mm) 9,5 19,0 25,0 32,0 38,0

40 a 60 220 195 190 185 180

60 a 80 225 200 195 190 185

80 a 100 230 205 200 195 190


Concretagem: dimensionamento e efeitos 11

3. Determinação do consumo de cimento:

Você pode obter a determinação do consumo de cimento por meio da


fórmula:

Ca
Cc =
a/c

Assim:

200
Cc =
0,58 Cc = 344,83 kg/m3

Em que:
Cc= consumo de cimento (kg/m³)
Ca= consumo de água (tabelado) (l/m³)
a/c = fator água/cimento

4. Determinação do consumo dos agregados:

Depende do teor ótimo, da dimensão máxima do agregado graúdo e do


módulo de finura da areia.
Você pode obter o consumo dos agregados por meio da tabela abaixo:
12 Construção civil

Tabela 5. Consumo de agregado miúdo.

Dimensão máxima (mm)


Módulo
de Finura 9,5 19,0 25,0 32,0 38,0

1,8 0,645 0,770 0,795 0,820 0,845

2,0 0,625 0,750 0,775 0,800 0,825

2,2 0,605 0,730 0,755 0,780 0,805

2,4 0,585 0,710 0,735 0,760 0,785

2,6 0,565 0,690 0,715 0,740 0,765

2,8 0,545 0,670 0,695 0,720 0,745

3,0 0,525 0,650 0,675 0,700 0,725

3,2 0,505 0,630 0,655 0,680 0,705

3,4 0,485 0,610 0,635 0,660 0,685

3,6 0,465 0,590 0,615 0,640 0,665

Adotando o agregado miúdo, com módulo de finura = 2,6 e diâmetro


máximo para o agregado graúdo = 19 mm, você obtém, na tabela acima, um
volume de 0,690 m³.
Assim, você pode calcular o consumo do agregado graúdo:
Cb = Vb × Mb
Cb = 0,690 × 1500 → Cb = 1035 kg/m3
Em que:
Cb = consumo de brita, em kg/m³
Vb = volume de brita (tabelado) (l/m³)
Mb = peso específico da brita (kg/m³)
A obtenção do consumo do agregado miúdo se dá por:
Cálculo do volume a ser utilizado
Concretagem: dimensionamento e efeitos 13

Cc Cb Ca
Vareia = 1 – + +
γc γb γa

344,83 1035 200


Vareia = 1 – + +
3150 2280 1000

Vareia = 1 – 0,760 → Vareia = 0,24 m3


Cálculo do consumo da areia:
Careia = Vareia × Mareia
Careia = 0,240 × 2660 → Careia = 638,40 kg/m3
Em que:
Vareia
Cc = consumo de cimento
Cb = consumo de brita
Ca = consumo de água
ga = massa específica da água
gb = massa específica da brita
gc = peso específico do cimento
5º – Apresentação do traço:
Cim : Areia : Brita : A/C

Careia Cb Ca/c 638,40 1035 200


1: : : 1: : :
Cc Cc Cc 344,83 344,83 344,83

O traço definitivo é:
1 : (1,85) : (3,00) : (0,58)

Dosagem IPT
É um método simples, eficiente e muito divulgado no Brasil. Ele aceita a
utilização do agregado disponível em obra, dispensando o estabelecimento de
composição granulométrica geralmente estipulada por modelos teóricos. Além
disso, leva em consideração a resistência característica do concreto aos 28 dias
(fck), do diâmetro máximo dos agregados e da consistência do concreto. A
14 Construção civil

partir desses valores, obtém as proporções de areia e pedra britada para cada
unidade de cimento, além da obtenção do fator água/cimento.
Exemplo de aplicação da dosagem IPT:

Tabela 6. Definição das características do concreto a ser dosado.

Peso Massa
específico específica
Material Tipo = γ (kg/m³) = γ (kg/m³) Observação

Cimento CPII – 32 3.150,00

Areia Areia 1.620 2.640 Módulo


média bem de finura:
graduada Mf = 2,6

Brita Brita 1 (Dmáx 1.500 2.280


= 19 mm)

Concreto Idade Resistência à


compressão
(Mpa)

28 dias 25

Solução:
Por meio das tabelas a seguir, você pode obter o teor de argamassa e o
fator água/cimento.
Concretagem: dimensionamento e efeitos 15

Tabela 7. Valores estimados para o teor de argamassa seca (α).

Módulo de finura do agregado miúdo


Dmáx do
agregado Menor do Entre Maior do
graúdo que 2,4 2,4 e 2,6 que 2,8

9,5 55 57 59

19 50 52 54

25 46 48 50

38 43 44,5 46

50 37 39 41

76 333 34,5 36

102 30 31 32

152 27 28 29

Tabela 8. Valores estimados para o fator água/cimento – x (l/kg).

Cimentos do tipo
CP I, II, III e IV

Fcj (MPa) Classe 25 Classe 32 Classe 40 CP V ARI

10 0,79 0,89 0,96 0,96

15 0,64 0,74 0,81 0,81

20 0,53 0,63 0,71 0,71

25 0,45 0,55 0,62 0,62

30 0,38 0,48 0,56 0,56

35 0,32 0,42 0,50 0,50


16 Construção civil

Teor de argamassa → α = 53% (valor aproximado)


Fator água/cimento → x = 0,55
1º – Determinação do traço inicial (1:5)
Determinação da consistência →A consistência é definida pela relação
água/ materiais secos (H), que pode ser relacionada com os termos do traço
da seguinte maneira:

783 × (148 – Dmáx) + (163 – Dmáx) × S


H= × 100
4410 × γb

Em que:
S = abatimento do tronco do cone. Para o exemplo, se adotou S= 80 mm.
783 × (148 – 19) + (163 – 19) × 80
H= × 100
4410 × 2.280

H = 9%
Determinação do traço inicial

α×x x
1= –1 : × (100 – α) :x
H H

53 × 0,55 0,55
1= –1 : × (100 – 53) : x
9,0 9,0

1 : 2,2 : 2,8 : 0,55 → Traço inicial


2º – Traço pobre (1: 3,5) → 1 : 1,6 : 1,9 : 0,55
3º – Traço rico (1: 6,5) → 1 : 2,4 : 2,9 : 0,55

Para saber mais sobre o processo, leia o capítulo 19 “Dosagem” do livro Tecnologia do
Concreto (NEVILLE, 2013, p. 375-391).
Concretagem: dimensionamento e efeitos 17

Efeitos
As falhas na fase de concretagem comprometem o desempenho da estrutura.
Armadura exposta e vazios são os problemas mais comuns. Eles interferem
diretamente na resistência e na durabilidade das estruturas. Porém, essas falhas
só são detectadas quando ocorre a desforma da estrutura.

Falhas severas comprometem a estrutura e podem causar o seu desmoronamento


antes mesmo do término da obra. No entanto, quando não ocorre o comprometimento
da estrutura, ela pode ser recuperada por meio de ações reparadoras.

Bicheiras ou nichos: são espaços vazios detectados após a desforma de


uma estrutura de concreto armado. São ocasionados por várias causas. As mais
comuns são falta de vibração ou falta de espaço suficiente para passagem dos
agregados entre armaduras e formas.

Figura 3. Bicheira no concreto com exposição das ferragens.


Fonte: Ajay PTP/Shutterstock.com

A não observância de alguns fatores contribui para a existência de falhas na


execução da concretagem. A seguir, você pode ver os exemplos mais comuns:
18 Construção civil

„ Erro na definição do traço do concreto e/ou não atenção ao traço de-


finido em projeto.
„ Erro de projeto no detalhamento da armadura.
„ Perda da nata do concreto, causada por não se conferir a vedação da
forma.
„ Adensamento do concreto em excesso, que segrega os componentes do
concreto. O tipo e a frequência de vibração são estipulados de acordo
com o tipo de agregado e a armadura utilizada.
„ Excesso de água na dosagem antes da aplicação do concreto fresco e no
acabamento (cura). No primeiro, causa a perda da resistência na qual
foi dosado. Já no segundo causa a segregação dos materiais.
„ Retirada das escoras e formas prematuramente.
„ Cura inadequada.
„ Erro na execução das ferragens, não utilizando a bitola adequada, o
espaçamento e o cobrimento especificados em projetos.

Pode-se utilizar grautes e argamassas a fim de restaurar os espaços vazios e, em alguns


casos, até mesmo fazer o cobrimento das armaduras que ficaram expostas.

A adoção de procedimentos específicos e boas práticas definem o sucesso ou não


de uma concretagem. É preciso, por exemplo: definir qual o tipo de concreto a ser
utilizado, a data da concretagem, a peça e o volume a ser executado; contratar alguns
serviços necessários para uma boa concretagem (bomba lançadora de concreto,
vibrador, concreto bombeável); ou, em alguns casos, evitar a realização da concretagem
com concreto virado inlocco (como era feito antigamente e ainda hoje ocorre em
pequenas construções).
Concretagem: dimensionamento e efeitos 19

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 6118:2014. Projetos de


estruturas de concreto – Procedimentos. Rio de Janeiro: ABNT, 2014.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR12655:2015. Concreto de
cimento Portland –- Preparo, controle, recebimento e aceitação –- Procedimento.
Rio de Janeiro: ABNT, 2015.
LIMA, C. I. P. Tabela concreto. [S.l.]: Carlos Irapuama de P. Lima, [2010?]. Disponível em:
<http://irapuama.dominiotemporario.com/doc/ TABELAS_CONCRETOS_E_ARGA-
MASSAS.pdf>. Acesso em: 05 mar. 2017.
NEVILLE, A. M. Dosagem. In: NEVILLE, A. M. Tecnologia do concreto. 2. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2013. cap. 19, p. 375-394.

Leituras recomendadas
ALLEN, E. Construções em concreto. In: ALLEN, E. Fundamentos da engenharia de
edificações: materiais e métodos. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. cap. 13, p. 524-527.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. Concreto: relação água/cimento.
[S.l.]: ABCP, [2010?]. Disponível em: <http://www.comunidadedaconstrucao.com.br/
upload/ativos/75/anexo/2relac.pdf>. Acesso em: 13 fev. 2017.
CASTRO, M. Dosagem de concreto. [S.l.]: Castro, [2010?]. Disponível em: <http://mo-
emacastro.weebly.com/ uploads/5/7/9/8/57985191/cap_5_dosagem.pdf>. Acesso
em: 13 fev. 2017.
CIMENTO.ORG. Efeito da qualidade da água no concreto. Brasília: Cimento.org, 2010.
Disponível em: <http://cimento.org/efeito-da-qualidade-da-agua-no-concreto/>.
Acesso em: 10 fev. 2017.
CONSTRUFACIL RJ. Concreto: dosagem, critérios e teste de resistência. Rio de Janeiro:
ConstruFacil RJ, 2013. Disponível em: <https://construfacilrj.com.br/ dosagem-do-
-concreto-criterio-e-teste-de-resistencia/>. Acesso em: 10 fev. 2017.
CUNHA, A. M. Automatização do processo de dosagem do concreto: uma ferramenta
de ensino. 2008. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia Civil)
–Universidade Camilo Castelo Branco, Fernandópolis, 2008.
CUSTÓDIO, M. Dosagem de concreto: definições fundamentais. [S.l.]: Mayara Custódio,
[2010?]. Disponível em: <https://goo.gl/ pujCg9>. Acesso em: 14 fev. 2017.
FERREIRA, R. O traço. Goiás: PUC Goiás, [2010?]. Disponível em: <http://professor.pu-
cgoias.edu.br/SiteDocente/admin/ arquivosUpload/15030/material/puc_maco2_07_
traco.pdf>. Acesso em: 15 fev. 2017.
20 Construção civil

GLOBAL WOOD. Patologias do concreto: bicheiras. Curitiba: Global Wood, [2010?].


Disponível em: <http://globalwood.com.br/ patologias-do-concreto-bicheiras/>.
Acesso em: 10 fev. 2017.
KATIUSCIA, I. Reparos em estruturas de concreto. [S.l.]: Dr. Faz Tudo, 2016. Disponível em:
<http://drfaztudo.com.br/blog/2016/03/28/ reparos-em-estruturas-de-concreto/>.
Acesso em: 13 fev. 2017.
MEDEIROS, M. H. F. Dosagem dos concretos de cimento Portland. Curitiba: UFPR, [2010?].
Disponível em: <http://www.dcc.ufpr.br/mediawiki/ images/2/2c/Dosagem_do_Con-
creto_-_Marcelo_Medeiros.pdf>. Acesso em: 14 fev. 2017.

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Dica do professor
O concreto de alto desempenho normalmente leva em sua composição adições mineirais (sendo os
mais comuns a sílica ativa e o metacaulim) e aditivos superplastificantes. Esse concreto confere
maior durabilidade, maior vida útil e melhor desempenho quando exposto aos meios altamente
agressivos, além de atingir resistência entre 60 e 120 Mpa - inclusive há obras executadas em que a
resistência superou 120 Mpa aos 28 dias.

É empregado em obras civis especiais (que exijam elevada resistência mecânica e/ou contenham
elementos estruturais com seções esbeltas), obras hidráulicas e recuperação. São exemplos de
aplicações: edifícios muito altos, pontes ou viadutos com extensão acentuada, monotrilhos, obras
hidráulicas e estruturas off-shores (plataformas petrolíferas).

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Exercícios

1) A dosagem é a determinação racional da quantidade de água, cimento, brita e areia,


obedecendo aos requisitos de resistência e moldabilidade do concreto fresco. Há
basicamente dois tipos de dosagem: a empírica e a experimental. A dosagem empírica é
realizada com base na experiência do construtor. A dosagem experimental é realizada com
base em estudos em laboratório com o intuito de determinar os materiais do composto sem
perder as características mecânicas de resistência e consistência. Com base nisso, explique a
dosagem ABCP.

A) A dosagem ABCP leva em consideração: o tipo, a massa específica e o nível de resistência aos
28 dias do cimento (ex.: CP II 32 - 32 MPa aos 28 dias); a análise granulométrica e a massa
específica dos agregados; a dimensão máxima característica do agregado graúdo; a
consistência desejada do concreto fresco; e a resistência de dosagem do concreto (Fcj).

B) Método que aceita a utilização do agregado disponível em obra, dispensando o


estabelecimento de composição granulométrica geralmente estipulada por modelos teóricos.

C) Elaborado para concreto autoadensável, o método de dosagem Sedran (1996), a dosagem de


finos é ajustada para acomodar materiais de origem local e a resistência do concreto. O
conteúdo de superplastificante é feito para a obtenção de uma viscosidade aceitável usando
o reômetro (instrumento de medida de escoamento dos fluidos) e o teste de slump.

D) Tem com principal consideração o preenchimento do vazio do esqueleto dos agregados


graúdos pouco compactados com argamassa.

E) É uma dosagem para concreto com resistência entre 60 e 120 MPa.

2) Está finalizando a etapa de alvenaria, você precisa se programar quanto à próxima, que é a
execução da concretagem dos pilares, vigas e laje. Porém irá dividir em duas sub-etapas:
uma só para os pilares e outra só para as vigas e laje.

Na etapa PILARES, serão:


20 Pilares P1, nas dimensões 0,20m x 0,30m com altura de 4m e,
10 Pilares P2, nas dimensões 0,25m x 0,40m com altura de 4m.
Utilizando o Método ABCP para dosar seu concreto, obtém as seguintes características:

Cimento:
• Tipo : CPII – 32
• Peso específico do cimento utilizado: γ = 3.111kg/m3

Agregado Miúdo: Areia


• Tipo : Areia média bem graduada
• Peso específico: γ = 1620kg/m3
• Massa específica: γ = 2640 kg/m3
• Módulo de Finura: 2,4

Agregado Graúdo:Brita
• Tipo : Brita 1 (Dmáx = 19mm)
• Peso específico: γ = 1500 kg/m3
• Massa específica: γ= 2880 kg/m3

Concreto:
• Idade : 28 dias
• Resistência a Compressão: 30 MPa
• Consistência do concreto fresco: Mole
• Abatimento = +/- 100mm

Com base nestas características defina o traço final, utilizando duas casas decimais para
arredondamento

A) 1: 2,08 : 2,81 : 0,54

B) 1 : 2,08 : 2,81 : 0,65

C) 1 : 2,18 : 2,08 : 0,23.

D) 1 : 0,36 : 0,48 : 0,26.

E) 1 : 0,36 : 0,48 : 0,31.

3) Temos uma Tabela de Concreto, contendo traços de concreto mais utilizado e suas aplicações:
Massa específica dos materiais

Massa específica Massa específica


MATERIAL
(seca) (kg/l) aparente (kg/l)

Cimento 3,15 1,42

Seca 1,5 1,50

Areia Úmida (5%) - 1,20

Úmida (10%) - 1,15

Brita 2,65 1,3

Dadas as tabelas acima, planeja-se executar um piso, com espessura de 15cm, para um
estacionamento de 120m2. Com base na TABELA CONCRETO, usando o traço 1 : 2,5 : 3,5, calcule
o consumo de materiais.

A) Cimento = 106,85 sacos;


areia = 25 m3;
brita 1 = 7,54 m3;
brita 2 = 7,54 m3;
água = 3636,36 litros = 3,63m3.

B) Cimento = 105,5 sacos;


areia = 11,91 m3;
brita 1 = 7,94 m3;
brita 2 = 7,94 m3;
água = 5000 litros = 5m3.

C) Cimento = 105,5 sacos;


areia = 11,91 m3;
brita 1 = 3 m3;
brita 2 = 4 m3;
água = 3734,6 litros = 3,73m3.

D) Cimento = 105,5 sacos;


areia = 11,91 m3;
brita 1 = 7,94 m3;
brita 2 = 7,94 m3;
água = 3734,6 litros = 3,73m3; aditivo = 2 litros.

E) Cimento = 105,5 sacos;


areia = 11,91 m3;
brita 1 = 7,94 m3;
brita 2 = 7,94 m3;
água = 3734,6 litros = 3,73m3.

4) O que são bicheiras?

A) São os vazios de concretagem que se manifestam em defeitos em pilares, vigas, lajes ou


paredes, caracterizados por espaços não preenchidos no concreto. São detectados ao
desformar uma estrutura de concreto armado.

B) São a pasta de cimento, areia e água suficientes para produzir uma consistência fluida, sem
agregação de seus constituintes.

C) Referem-se à quantidade de água da pasta em relação à massa de cimento. Essa quantidade


influencia diretamente nas propriedades do concreto.

D) Constituem o valor aceitável para a resistência em amostras de cimento.


E) Referem-se à graduação do agregado graúdo na composição do concreto.

5) O que é corpo de prova?

A) É o material depositado em forma metálica cônica, em três camadas, adensadas igualmente.


Tem a finalidade de determinar a consistência do concreto.

B) É o nicho formado após a retirada de fôrmas, por falha na execução da concretagem.

C) É a prova de carga realizada para saber a resistência do concreto.

D) É uma amostra moldada em formato cilíndrico, de 30 cm de altura por 10 cm de diâmetro, no


momento da concretagem.

E) É utilizado para medir os materiais que compõem a mistura de concreto.


Na prática

Concreto leve

Atualmente, existem muitos tipos de concreto, feitos com diversos tipos de materiais e para as mais
diversas aplicações. E, para atender a essas necessidades, foram desenvolvidos vários tipos de
dosagens. Com o intuito de diminuir o peso das estruturas e diminuir o custo, estudiosos
desenvolveram um concreto mais leve que leva em sua composição a argila expandida, a qual
contribui com características como o isolamento termo-acústico, que proporciona leveza com
resistência, inércia química, estabilidade bidimensional e incombustibilidade.

Os concretos leves caracterizam-se pela redução da massa específica em relação aos concretos
convencionais, consequência da substituição de parte dos materiais sólidos por ar. Podem ser
classificados em concreto com agregados leves, concreto celular e concreto sem finos.

Os concretos leves estruturais são obtidos pela substituição total ou parcial dos agregados
convencionais por agregados leves. De modo geral, são caracterizados por apresentar massa
específica aparente abaixo de 2000 kg/m3.

Alguns detalhes são levados em consideração quando é determinada a utilização de concreto leve,
adotando argila expandida como agregado miúdo:
■ Granulometria – 6/15 mm (equivalente à brita 0).

■ Densidade aparente = 600 kg/m3.

■ Para obras de fundação, além da redução do peso, pois possui massa específica próxima de
1800 kg/m3, seu custo se mostra vantajoso em comparação ao custo do concreto convencional
com massa específica normal (em torno de 30% menor).

■ Melhora o desempenho termo-acústico e a resistência ao fogo.

■ Boa trabalhabilidade, facilitando a aplicação com maior agilidade.

■ Menor sobrecarga nas estruturas pelo peso próprio.

■ Menor módulo de elasticidade.

■ Excelência na durabilidade.

Foram desenvolvidos alguns traços, a depender de cada tipo de finalidade, conforme mostrado a
seguir:

Traços de concreto leve em relação ao tipo de aplicação.


Aplicações do concreto leve

O concreto leve divide-se em dois tipos: estrutural e de enchimento.

No uso estrutural, é empregado para reduzir o peso próprio da estrutura. É uma solução muito
vantajosa para a execução de obras com grandes vãos, como pontes, lajes e coberturas, bem como
em elementos flutuantes, como docas e plataformas petrolíferas (embora no Brasil não se costume
usar o concreto leve em plataformas flutuantes).

Por exemplo, em Dubai, que é um lugar muito quente, utiliza-se um concreto com agregado leve
como agente interno de cura, facilitando esse processo e aumentando a vida útil da estrutura.

Na Europa, o concreto leve é muito utilizado para reduzir, durante o inverno, o gasto energético
com sistemas de aquecimento, pois é um isolante térmico e mantém a temperatura ambiente.

Já no uso do concreto leve como enchimento, procura-se atender às exigências específicas da obra.
Pode ser usado como enchimento de lajes, na fabricação de blocos de concreto, na regularização de
superfícies e no envelopamento de tubulações.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Fazendo traço 3 por 1 na betoneira de 400 litros - dosagem


empírica

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Dosagem do Concreto (Método IPT/EPUSP)

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Estudo da dosagem do concreto - método ABCP

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.

Métodos experimentais de dosagem de concreto autoadensável


(CAA) desenvolvidos no Brasil
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Concretagem: Materiais

Apresentação
Você sabia que a composição do concreto é dada pela mistura de cimento, areia, pedra e água, e
que algumas vezes aditivos também entram na composição, de forma a melhorar as características
físicas e químicas? Água e cimento produzem a massa que une os agregados (areia e pedra) quando
endurecidos.

Essa massa deverá apresentar plasticidade suficiente para permitir ser manuseada, transportada e
lançada, de forma garantir a resistência necessária ao elemento concretado. Nesta Unidade de
Aprendizagem, você aprenderá sobre cada material que compõe o concreto, bem como sobre as
normatizações de cada um dos materiais.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar cada material que constitui o concreto.


• Diferenciar cada tipo de cimento, aglomerados e suas funcionalidades.
• Reconhecer a legislação/normatização existente.
Desafio
Você está executando a construção de um posto de combustíveis. É chegada a hora de fazer a
concretagem do piso do pátio, para isso deverá seguir as instruções a seguir:

■ Área total a ser concretada: 2000m2


■ Altura do piso=0,20m
■ Tráfego de veículos pesados

Obs.: O concreto deverá ser armado com 2 camadas de tela nervurada Q283 (tela de aço CA60,
malha 10x10, fio 5,00mm2) e barras de transferência.

Com base nestas informações, quais materiais devem ser utilizados neste concreto? Justifique.
Infográfico
No Infográfico a seguir, por meio de um fluxograma, você observará os passos a serem seguidos
para confeccionar concreto de forma convencional em betoneira.
Conteúdo do livro
O concreto é composto pela mistura básica de cimento, areia, pedra e água. Algumas vezes também
entram na composição aditivos, de forma a melhorar as características físicas e químicas. A água e o
cimento produzem a massa que une os agregados (areia e pedra) quando endurecidos.

Essa massa deverá apresentar plasticidade suficiente para permitir ser manuseada, transportada e
lançada, de forma garantir a resistência necessária ao elemento concretado. A seguir, no capítulo
Concretagem: materiais, você conhecerá cada material que compõe o concreto.

Boa leitura!
CONSTRUÇÃO
CIVIL

Alessandra Martins Cunha


André Luís Abitante
Caroline Schneider Lucio
Lélis Espartel
Ronei Tiago Stein
Vinicius Simionato
C756 Construção civil / Alessandra Martins Cunha ... [et al.]. – Porto
Alegre : SAGAH, 2017.
352 p. : il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-048-1

1. Construção civil. 2. Indústria da construção. I. Cunha,


Alessandra Martins.

CDU 69

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


Concretagem: materiais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar cada material constituinte do concreto.


 Diferenciar cada tipo de cimento, aglomerados e suas funcionalidades.
 Conhecer a legislação/normatização existente.

Introdução
Você sabia que a composição do concreto é dada pela mistura de cimento,
areia, pedra e água, e que algumas vezes também entram na composi-
ção aditivos para melhorar as características físicas e químicas? Água e
cimento produzem a massa que une os agregados (areia e pedra) quando
endurecido, resultando em uma massa que deve garantir resistência ao
elemento concretado.
Neste texto, você vai aprender sobre cada material que compõe o
concreto, além das normatizações de cada um dos materiais.

Concreto
O concreto é uma mistura (cimento, água, pedra e areia) que forma uma
massa, a qual deverá apresentar plasticidade suficiente para que possa ser
manuseada, transportada e lançada, a fim de garantir a resistência necessária
ao elemento a ser concretado.
A seguir, você conhecerá cada material que compõe o concreto.
Concretagem: materiais 81

Figura 1. Concreto sendo aplicado em piso.


Fonte: wanphen chawarung / Shutterstock.com

Cimento
Considerado o mais importante dos materiais em uma obra, o cimento Portland
é um pó fino com propriedades ligantes, que endurece sob a ação da água.
Depois de endurecido, mesmo que seja colocado em contato novamente com
a água, o cimento Portland não se decompõe.
A Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) classifica, de acordo
com as Normas de Padronização Brasileiras, o cimento produzido em 11 tipos,
conforme você pode ver na Tabela 1:
82 Construção civil

Tabela 1.

correspondente

(Fck – em Mpa)
Nomenclatura

Característica
Resistência
Utilização
Sigla

NBR
Cimento CP I ABNT NBR Obras em que não há 25 MPa
Portland 5732:1991 exposição a ambientes
Comum desfavoráveis com a
presença de sulfatos
do solo ou de águas
subterrâneas.

Cimento CP I -S ABNT NBR Obras em que não há 25 MPa


Portland 5732:1991 exposição a ambientes
Comum com desfavoráveis com a
Adição 5% presença de sulfatos
de Pozolana do solo ou de águas
subterrâneas

Cimento CP II-E ABNT NBR Usado quando há 25, 32 e


Portland 11578:1997 necessidade de que as 40 MPa
Composto estruturas tenham um
com escória desprendimento de
granulada de calor moderadamente
alto forno lento ou que possam ser
atacados por sulfatos.

Cimento CP II-Z ABNT NBR Obras marítimas, 25, 32 e


Portland 11578:1997 industriais e subterrâneas 40 MPa
composto por conter de 6%
com pozolana a 14% de pozolana
garantindo uma maior
impermeabilidade e
durabilidade ao concreto
produzido com este
tipo de cimento.

(Continua)
Concretagem: materiais 83

(Continuação)

Tabela 1.

correspondente

(Fck – em Mpa)
Nomenclatura

Característica
Resistência
Utilização
Sigla

Cimento CP ABNT NBRNBR Preparo de argamassas 25, 32 e


Portland II – F 11578:1997 de assentamento, 40 MPa
composto argamassas de
com Filer revestimento, estruturas
de concreto armado,
solo-cimento, pisos e
pavimentos de concreto.

Cimento CP III ABNT NBR Obras de grande porte 25, 32 e


Portland Alto 5735:1991 e agressividade como 40 MPa
Forno com barragens, esgotos,
Escória pavimentação de
estradas, pistas de
aeroporto, etc quanto na
aplicação de argamassas
de assentamento
e revestimento,
estruturas de concreto
armado, protendido,
projeto, rolado etc.

Cimento CP IV ABNT NBR Utilizado para grandes 25 e 32


Portland com 5736:1999 volumes de concreto MPa.
Pozolana devido ao baixo calor de
hidratação e em obras
expostas à ação de água
corrente e ambientes
agressivos devido a
sua baixa porosidade.

Cimento CP ARI ABNT NBR Obras tanto de pequeno 26 Mpa


Portland Alta 5733:1991 porte quanto de grande
Resistência porte em casos em
Inicial que se torna necessária
uma alta resistência
inicial para desforma
rápida dos elementos
de concreto armado.

(Continua)
84 Construção civil

(Continuação)

Tabela 1.

correspondente

(Fck – em Mpa)
Nomenclatura

Característica
Resistência
Utilização
Sigla

NBR
Cimento CP RS ABNT NBR Obras de recuperação 25, 32 e
Portland 5737:1992 estrutural, concreto 40 MPa
Resistente projetado, concreto
à Sulfato armado, concreto
protendido, elementos
pré moldados de
concreto, pavimentos.

Cimento CP BC ABNT NBR Tem por finalidade 25, 32 e


Portland de 13116:1994 retardar o 40 MPa.
Baixo Calor de desprendimento de
Hidratação calor em peças de
grande massa de
concreto, evitando o
aparecimento de fissuras
de origem térmica.

Cimento CPB ABNT NBR Aplicado para fins 25, 32 e


Portland 12989:1193 arquitetônicos com as 40 MPa
Branco mesmas características
dos outros tipos de
cimento porém com a
pigmentação branca

As NBR’s são um conjunto de normas que estipulam a padronização de processos


produtivos por meio de regras, diretrizes, características ou determinado material com
objetivo de aumentar a produtividade, melhorar a qualidade do produto e aumentar
a competitividade do produto no mercado.
A falta de um conjunto de normas dá abertura para a ocorrência de falhas, conflitos
e incompatibilidade entre as etapas do processo produtivo.
Concretagem: materiais 85

Agregados
Os agregados são materiais granulares de diversas formas, volumes indefinidos
e propriedades específicas que são utilizados no concreto. São divididos em
agregados miúdos (areias) e graúdos (pedras), podendo ainda serem obtidas
naturalmente (areia, cascalho ou pedregulho) ou industrializadas por meio de
moagem de rochas (pedras britadas, areias artificiais e argilas expandidas).

Areia

A areia pode ser utilizada para variados fins, desde o uso na construção de
uma casa até o uso para lazer das crianças, passando pelos vasinhos de plantas
entre outros. Veja, a seguir, um pouco mais das características físico-química
desse material:
Definição: segundo a NBR 7.211 (ABNT, 2009) é um agregado miúdo
que resulta da fragmentação de rochas como granito, gnaisse, basalto, sílica,
quartzo e calcário e deve passar por peneira com abertura de malha de no
máximo 4,8 mm. Pode ser obtida de fontes naturais, como leitos de rios, ou
industrializada, decorrente de britagem.
Granulometria: as areias são constituídas principalmente por quartzo
e dependendo de sua granulometria e grau de pureza, possuem usos bem
específicos. Para a construção civil, por exemplo, é utilizada uma areia de
granulometria mais grossa.
Propriedades: areia com uma boa granulometria no concreto determina
a baixa porosidade, menor consumo de cimento, melhora no perfil mecânico
e a durabilidade do concreto.

Brita

Você já deve ter conhecer a utilização da brita aplicada à pavimentação, na


decoração do jardim, no lastro, antes da execução da concretagem de um piso,
entre outras aplicações. Sendo assim, a brita é um material de uso versátil.
Muito utilizada na construção civil, a brita em suas diversas granulometrias
compõe diversos tipos de concreto para diversas peças, sejam estruturas
robustas ou um simples concreto de piso.
Definição: conforme a ABNT NBR 7211:2009, a brita é um agregado
graúdo, que faz parte da composição do concreto, deve ter por grãos de mi-
nerais duros, compactos, duráveis, estáveis, limpos e que não interfiram
86 Construção civil

no endurecimento e hidratação do cimento e também na proteção contra a


corrosão da armadura.
Granulometria: seus grãos (pedras) têm formas angulosas e superfícies
rugosas, o que facilita a aderência do cimento. De acordo com a ABNT NBR
7211:2009, pode-se classificar a brita conforme a Tabela 2:

Tabela 2.

Numeração Tamanho (em mm) Nomenclatura usual

Nº 0 2,5 a 4,8 mm Pedrisco

Nº 1 4,8 a 12,5 mm Pedra 1

Nº 2 12,5 a 25 mm Pedra 2

Nº 3 25 a 50 mm Pedra 3

Nº 4 50 a 76 mm Pedra 4

Nº 5 76 a 100 mm Pedra de mão ou matacão

Propriedades: a brita é resistente à compressão simples, à tração, ao des-


gaste (pouco importante), não tem reatividade, é resistente ao intemperismo
e possui trabalhabilidade.

Para saber mais sobre os agregados, leia o texto “Agregados”, do livro Tecnologia do
Concreto (NEVILLE; BROOKS, 2013).

Água
Você já sabe que a água é um item de vital importância à vida humana, e
na construção civil não é diferente. Do início ao fim de uma obra, a água é
utilizada para tudo. No concreto é diretamente responsável pelos processos
de endurecimento e cura.
Concretagem: materiais 87

De acordo com a ABNT NBR 12655:2015 a água destinada ao amassamento


do concreto deve ser guardada em caixas estanques e tampada, de modo a evitar
a contaminação por substâncias estranhas. Substâncias essas que interferem
diretamente na qualidade e durabilidade do concreto.
Propriedades: a água tem a função de hidratar e facilitar o endurecimento do
cimento e a homogeneização da massa, conferindo-lhe melhor trabalhabilidade.
De acordo com a ABNT NM 137:1997 (Normativa do Mercosul), devem-se
ser considerados os parâmetros de qualidade da água, conforme você pode
ver na Tabela 3.

Tabela 3.

pH 5,0 – 8,0

Sólidos totais ≤ 5000 mg/l

Sulfatos ≤ 600 mg/l

Cloretos ≤ 1000 mg/l

Açúcar ≤ 5 mg/l

Matéria orgânica 3 mg/l

Aditivos
É um elemento que ao ser adicionado à massa do concreto tem como finalidade
melhorar características físico-químicas quando massa fresca e/ou endurecida.
Propriedades: propiciam melhor trabalhabilidade, viscosidade, retenção
de água, acelera ou retarda o tempo de pega, controlam o desenvolvimento
de resistências mecânicas, intensificam a resistência à ação do congelamento,
diminuem a fissuração térmica, atenuam ataque por sulfatos, reação álcali-
-agregado e corrosão de armadura, entre outras propriedades.

Tipos de aditivo
 Modificadores de pega
■ retardadores
■ aceleradores
88 Construção civil

 Incorporadores de ar
 Redutores de água
■ plastificantes
■ superplastificantes
 Expansores
 Impermeabilizantes
 De ação combinada
■ plastificante retardador
■ plastificante acelerador

Em uma massada de concreto, em que será consumido 10 Kg de cimento, o aditivo


utilizado será um hiperplastificante de densidade = 1,09 g/cm3, cujo consumo apro-
ximado sobre a massa de cimento é de 0,3 a 1,0%. A partir dos dados apresentados,
qual a quantidade de aditivo que deverá ser utilizada?
Resolução: 1% de aditivo é igual a 10 Kg × 0,01 = 0,1 Kg ou 100 g de aditivo. Assim,
como 1 cm3 é igual a 1 ml: 100/1,09 = 91,74 ml, poderá ser utilizado 91,74 ml de aditivo
hiperplastificante.
Adiciona-se tudo ao volume da água a ser utilizada. Depois de misturados todas as
proporções calculadas dos componentes secos do concreto é só ir acrescentando a
água com o aditivo.
Este tipo de aditivo é muito utilizado em concretos convencionais e bombeáveis;
concretos simples, armados, reforçados com fibras de aço, protendidos e fluidos;
concretos para pisos industriais e pavimentos; concretos pré-moldados; concretos
compostos com sílica ativa; e concretos de alto desempenho.
90 Construção civil

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 11578:1997 – Cimento


Portland composto – Especificação. Rio de janeiro: ABNT, 1997.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 12655:2015. Concreto de
cimento Portland – Preparo, controle, recebimento e aceitação – Procedimento. Rio
de janeiro: ABNT, 2015.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 12989:1993. – Cimento
Portland branco – Especificação. Rio de janeiro: ABNT, 1993.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 13116:1994. – Cimento
Portland de baixo calor de hidratação – Especificação. Rio de janeiro: ABNT, 1994.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5732:1991. – Cimento
Portland comum – especificações. Rio de janeiro: ABNT, 1991.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5733:1991. – Cimento
Portland de alta resistência inicial – Especificação. Rio de janeiro: ABNT, 1991.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5735:1991. – Cimento
Portland de alto-forno – Especificação. Rio de janeiro: ABNT, 1991.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5736:1999. – Cimento
Portland pozolânico – Especificação. Rio de janeiro: ABNT, 1999.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5737:1992. – Cimentos
Portland resistentes a sulfatos. Rio de janeiro: ABNT, 1992.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 7211:2009. Agregados
para concreto – Especificação. Rio de janeiro: ABNT, 2009.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NM137:1997. Argamassa e
concreto – Água para amassamento e cura de argamassa e concreto de cimento
Portland. Rio de janeiro: ABNT, 1997.
NEVILLE, A. M.; BROOKS, J. J. Tecnologia do concreto. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013.

Leituras recomendadas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS EMPRESAS DE SERVIÇOS DE CONCRETAGEM (ABESC).
Manual do concreto dosado em central. São Paulo: ABESC, [2012], Disponível em: <http://
www.abesc.org.br/ assets/files/manual-cdc.pdf>. Acesso em: 01 fev. 2017.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. Boletim Técnico: guia básico de
utilização do cimento Portland. São Paulo: ABCP, 2002. Disponível em: <http://www.
Concretagem: materiais 91

abcp.org.br/ cms/wp-content/uploads/2016/05/BT106_2003.pdf>. Acesso em: 31


jan. 2017.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIMENTO PORTLAND. Gestão de estruturas racionalizadas
de concreto. São Paulo: ABCP, [2015]. Disponível em: <http://www.comunidadeda-
construcao.com.br/ upload/ativos/165/anexo/concreto1.pdf>. Acesso 02 fev. 2017.
CIMENTO.ORG ONLINE. O efeito da qualidade da água no concreto. Brasília: Cimento.
org, 2010. Disponível em: <http://cimento.org/efeito-da-qualidade-da- agua-no-
-concreto/>. Acesso em: 01 fev. 2017.
CUNHA, A. MARTINS. Automatização do processo de dosagem do concreto: – uma ferra-
menta de ensino. 2008. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Engenharia
Civil) – Universidade Camilo Castelo Branco, Fernandópolis,/SP 2008.
ENGENHARIA CIVIL BLOG. Concreto: Ingredientes e relação água cimento. Engenharia
Civil Blog, 16 jul. 2012. Disponível em: <https://engciv.wordpress.com/2012/07/16/
concreto-ingredientes-e-relacao-agua-cimento/>. Acesso em: 02 fev. 2017.
INSTITUTO BRASILEIRO DE IMPERMEABILIZAÇÃO. Manual de aditivos para concreto
dosado em central. São Paulo: IBI, [2014]. Disponível em: <http://www.casadagua.
com/wp-content/uploads/2014/02/ MANUAL-DE-ADITIVOS-PARA-CONCRETO.pdf>.
Acesso em: 02 fev. 2017.
PUGLIESE, N. Cimento: diferentes tipos e aplicações. São Paulo: AEC Web, [2016]. Dis-
ponível em: <http://www.aecweb.com.br/cont/m/rev/ cimento-diferentes-tipos-e-
-aplicacoes_11959_0_1>. Acesso em: 31 jan. 2017.
REDE APL MINERAL. Agregados minerais para a construção civil: areia, brita e cascalho.
[S.l.: Pormin, 2010]. Disponível em: <http://www.redeaplmineral.org.br/ pormin/
noticias/minerais-e-rochas-descricao-aplicacao-e-ocorrencias/agregados_mine-
rais_propiedades_ aplicabilidade_ocorrencias.pdf>. Acesso em: 01 fev. 2017.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
Dica do professor
O vídeo a seguir aborda materiais reciclados para uso em concreto.

Confira!

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Exercícios

O que é concreto?
1)
A) a) É uma massa resultante da mistura dos materiais areia, cimento, brita e água. No concreto,
todos esses elementos são dosados de forma a conferir a resistência mecânica desejada para
a estrutura a ser concretada.

B) b) É uma massa resultante da mistura de areia, cimento, e cal.

C) c) É uma massa resultante da mistura de cimento, areia e água.

D) d) É uma mistura dos materiais cimento e água.

E) e) É uma mistura de solo e cimento.

O que são agregados ?


2)
A) a) Agregados são um tipo de cascalho.

B) b) Agregados são matérias granulares de dimensões e propriedades adequadas para uso em


obras. Podem ser classificados levando-se em conta a origem, a densidade e o tamanho dos
fragmentos.

C) c) Agregados são um tipo de aditivo.

D) d) Agregado é um tipo de argamassa de revestimento.

E) e) Agregados são a armadura utilizada no concreto armado.

O que são impermeabilizantes?


3)
A) a) Impermeabilizantes são um tipo de aditivo retardador de pega.

B) b) Imperbeabilizantes são um tipo de aditivo plastificante.

C) c) Impermeabilizantes são um tipo de aditivo que inibe a corrosão da armadura.

D) d) Impermeabilizantes são um tipo de aditivo acelerador de resistência (AR).


E) e) Impermeabilizantes são os aditivos que reduzem a permeabilidade do concreto e de
argamassas por capilaridade.

O que é brita?
4)
A) a) A brita é um agregado graúdo utilizado em grande escala na construção civil.

B) b) A brita é um tipo de material utilizado para cercar a obra.

C) c) A brita é o material utilizado para a confecção de pré-moldados.

D) d) A brita é um material classificado como agregado miúdo por causa da sua baixa
granulometria.

E) e) A brita é um agregado leve produzido a partir de materiais naturais como argila, vermiculita,
perlita e ardósia expandidas.

Será construída uma ponte sobre um rio. Você, como gestor da obra, deverá verificar quais
5) materiais serão utilizados nessa construção. Dentre os materiais, qual cimento é o mais
recomendado?

A) a) Cimento Portland - CP I.

B) b) Cimento Portland composto com Filer - CP II - F.

C) c) Cimento Portland - CP III.

D) d) Cimento Portland com Pozolana - CP IV.

E) e) Cimento Portland Resistente a Sulfato - CP RS.


Na prática
Para uma concretagem ser bem feita, deve-se realizar um bom planejamento, prevendo todas as
ações e os insumos necessários para que ela aconteça. Por exemplo, João, como executor de uma
obra, planeja concretar 30 m 3 de laje pré-moldada.

Para que haja essa concretagem, João deve fazer um levantamento de todos os materiais a serem
utilizados, verificar se todas as etapas anteriores à concretagem estão prontas (escoramento,
formas, lajotas, armaduras), conferir a quantidade de equipamentos (pás, enxadas, carros de mão,
etc.) e de funcionários disponíveis, fazer uma programação com a concreteira (incluindo horários de
saídas dos caminhões da central, o intervalo entre eles, bombas, mangotes, vibradores) e ainda
fazer uma previsão da data pretendida. Com todas essas informações em mãos, basta executar a
concretagem.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Bloco de concreto leve produzido com sobras de E.V.A

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Como fazer um concreto leve (isopor) - parte 1

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Como fazer um concreto leve (isopor) - parte 2

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Manual do concreto dosado em central


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Obras de terraplenagem: máquinas
e serviços

Apresentação
A terraplenagem é uma técnica construtiva que visa a tornar um terreno plano, acrescentando terra
(aterrando) e/ou removendo terra (cortando) conforme o projeto. Literalmente, "terrapleno"
significa "cheio de terra". Geralmente essa movimentação de solo - e rocha - tem o objetivo de
atender a projetos de terraplenagem. O serviço é amplamente utilizado pela engenharia e aplica-se
a qualquer tipo de construção, como estradas, barragens, execução de subsolos, regularização de
terrenos para edificação, construção de estacionamentos, campos de futebol, aeroportos, etc.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai entender as etapas de um serviço de terraplenagem e


relacionar os equipamentos necessários para a execução de serviços desse tipo.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar as etapas de um serviço de terraplenagem.


• Relacionar os equipamentos necessários para a execução de determinado serviço de
terraplenagem.
• Expressar as compensações de volume.
Desafio
Na execução da terraplenagem em um terreno para a implantação de um aeroporto, foi necessário,
na movimentação de terra, o empréstimo de solo. Depois de compactado, mediu-se o volume de
1.200 m3 de solo aterrado. Por meio do controle tecnológico conduzido, verificou-se que a
densidade do solo compactado era de 2.030 kg/m3, a densidade natural era de 1.624 kg/m3 e a
densidade solta era de 1.160 kg/m3.
Infográfico
Você sabia que um serviço de terraplenagem possui três etapas básicas? São elas: desmonte (ou
corte), transporte e aterro. Grandes volumes envolvem, obrigatoriamente, maquinário pesado.

1) Desmonte ou corte = é a escavação e a retirada de solo ou rocha. Quando o material será


reutilizado, chama-se material de empréstimo; quando o material não será utilizado, chama-se bota-
fora.
2) Transporte = envolve o carregamento, o transporte e a descarga.
3) Aterro = em obras com grande movimentação de terra, como as de rodovias, a primeira operação
é o espalhamento do solo em camadas de, no máximo, 30 cm de espessura, seguido da
compactação. Repete-se a operação até atingir as cotas do projeto.

Confira no Infográfico.
Conteúdo do livro
No trecho do material disponível, o autor aborda a necessidade de fazer um bom planejamento
antes de começar os trabalhos de terraplenagem, tanto para pequenas quanto para grandes obras.
Nesse trecho, se define como fazer escavações de taludes (encostas), valas de fundações e cavas
para subsolo, bem como a execução de aterros, sem margem para improvisos.

Leia os tópicos do capítulo Construção Civil: Obras de Terraplenagem, máquinas e equipamentos.


Inicie seus estudos no tópico Terraplenagem, máquinas e equipamentos seguindo até Esgotamento
das águas.

Boa leitura.
CONSTRUÇÃO
CIVIL

Alessandra Martins Cunha


André Luís Abitante
Caroline Schneider Lucio
Lélis Espartel
Ronei Tiago Stein
Vinicius Simionato
C756 Construção civil / Alessandra Martins Cunha ... [et al.]. – Porto
Alegre : SAGAH, 2017.
352 p. : il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-048-1

1. Construção civil. 2. Indústria da construção. I. Cunha,


Alessandra Martins.

CDU 69

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


Obras de terraplenagem:
máquinas e equipamentos
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar as etapas de um serviço de terraplenagem.


 Relacionar os equipamentos necessários para execução de determi-
nado serviço de terraplenagem.
 Expressar as compensações de volume.

Introdução
Terraplenagem é uma técnica construtiva que visa tornar um terreno
plano, acrescentando terra (aterrando), e/ou removendo (cortando) con-
forme projeto. Terrapleno, literalmente, significa cheio de terra. Geral-
mente esta movimentação de solo (e rocha) tem o objetivo de atender
a um projeto de terraplenagem.
O serviço é amplamente utilizado pela engenharia e aplica-se a qual-
quer tipo de construção, como estradas, barragens, execução de subsolos,
regularização de terrenos para edificação, construção de estacionamen-
tos, campos de futebol, aeroportos etc.

Obras de terraplenagem
Após o levantamento planialtimétrico, temos condições de elaborar os projetos
e iniciar sua execução. Começamos pela verificação da topografia do terreno
e das cotas de projeto, de acordo com o projeto executivo. Podemos executar,
conforme o levantamento altimétrico, cortes, aterros ou ambos. Estes serviços,
também chamados de terraplenagem, têm dois objetivos principais:

a) Nivelamento: prepara o terreno para receber a obra e proporciona


uma superfície que facilite o escoamento das águas superficiais. Este
68 Construção civil

nivelamento deve ser feito obedecendo às especificações do projeto


arquitetônico. Existem também casos de escavação para subsolo, ca-
racterizando o corte.
b) Escavação: escavação de valas para drenos e fundações para eliminar a
possibilidade de escorregamento lateral das bases, evitando superfícies
com baixa capacidade de suporte.

A maioria das obras de terraplenagem engloba as etapas a seguir:

 desmonte (ou corte);


 transporte;
 aterro – mesmo que se tenha somente um aterro a executar, será neces-
sário um desmonte e transporte para origem do material.

Desmonte
No caso de cortes, o volume de material removido corresponde à área da base
da região escavada, multiplicada pela altura média, acrescentando-se um
percentual de empolamento. Quando não se conhece o tipo de solo, é comum
considerar o empolamento entre 30 e 40% (veja na Figura 1).

O empolamento é o aumento característico de volume de um material, pois quando


removido de seu estado natural, sofre um aumento no seu índice de vazios (e conse-
quentemente a diminuição de seu peso específico). É expresso como uma porcentagem
do volume no corte – entre 12% (areia seca) e 50% (rocha detonada).

Atualmente, existem uma série de softwares disponíveis para cálculos de


volumes. Há a possibilidade de, com o apoio de levantamento topográfico,
construir o terreno digitalmente e compará-lo com superfícies 3D do projeto,
permitindo cálculos precisos dos volumes escavados.
O corte é facilitado quando não existem construções vizinhas, podendo
fazê-lo maior. Mas quando efetuado nas proximidades de edificações ou vias
públicas, devemos empregar métodos que evitem ocorrências, como ruptura
do terreno, descompressão do terreno de fundação ou do terreno pela água.
Obras de terraplenagem: máquinas e equipamentos 69

No corte os materiais são classificados em:

 Materiais de 1ª categoria: terra em geral, piçarra ou argila, rochas em


decomposição e seixos com diâmetro máximo de 15 cm.
 Materiais de 2ª categoria: rocha com resistência à penetração mecânica
inferior à do granito.
 Materiais de 3ª categoria: rochas com resistência à penetração mecâ-
nica igual ou superior à do granito.

Figura 1. Desmonte de solo ou rocha.


Fonte: Milito (2008, p. 16).

O desmonte pode ser manual, mecânico, hidráulico e a fogo, veja a seguir:

Desmonte manual

Utilizado nos casos de pequenos movimentos de terra. Os equipamentos


utilizados nesse tipo de desmonte variam de acordo com o tipo de terreno.

 Terrenos pouco consistentes (ex. terra vegetal): pá de corte.


 Terrenos duros: picareta.
 Terrenos muito duros (arenito e argila dura): ponteira com marreta ou
alavanca com 1 m de comprimento.

Desmonte hidráulico

Neste tipo de desmonte utiliza-se uma mangueira de água ligada a um compres-


sor de ar, originando assim um jato d’água sob alta pressão, que é direcionado
ao ponto onde se quer retirar o material. Devido ao equipamento utilizado,
este processo tem custo mais elevado, sendo recomendado somente em casos
especiais de desmonte, tais como: mineração, abertura de túneis para galerias
subterrâneas, onde o material é transportado durante o andamento da obra.
70 Construção civil

Desmonte mecânico

Utilizaado no caso de movimentos de terras em maior escala. Neste processo


podem ser utilizados tratores com lâmina, carregadeiras, retroescavadeiras,
motoniveladora, martelo rompedor, motoscraper, dependendo do serviço a
ser executado.

Desmonte a fogo

Este processo é utilizado no caso de terrenos rochosos que precisam ser reti-
rados e/ou escavados. Lança-se mão, neste caso, de dinamites, explosivos etc.

Transporte

O material após seu desmonte pode ou não ser utilizado no próprio canteiro
de obras. Não sendo aproveitado, deve ser retirado do local. Após o carrega-
mento, o tipo de equipamento a utilizar dependerá do volume de material e
da distância a ser percorrida. Assim:

a) Pá: um operário consegue jogar a terra a aproximadamente 2,5 m.


b) Padiola: pode ser operada por um operário até o volume de 30,0 dm3
até uma distância máxima de 40,0 m, o que proporciona um baixo
rendimento, acima desse volume são necessários dois operários. (A
padiola é mais utilizada no transporte de concreto, podendo ser utilizada
em plano inclinado).
c) Carrinho de mão: um operário consegue transportar 40,0 dm3 de
material a uma distância de 50,0 m. (Sua utilização é mais aconselhada
que a da padiola, visto que necessita de apenas um operário).
d) Jerica: caçamba com rodas, mais utilizada para transporte horizontal.
e) Caçamba: utilizada quando os volumes de terra forem superiores a
5,0m3 e necessitem ser transportados a distâncias superiores a 100,0 m.
f) Dumper: pequeno trator, utilizado dentro do canteiro de obras para
transportar volumes de 1,0 m3.
g) Esteiras ou correias transportadoras: planas ou côncavas – não é
muito utilizada em terraplanagem, mais utilizada em estação de bri-
tagem, em fábricas de tijolos e telhas, descarga de navios etc., ou seja:
quando há a necessidade de um transporte constante.
Obras de terraplenagem: máquinas e equipamentos 71

Aterro
Pode ser executado com o material escavado dentro do próprio canteiro de obras
ou com material de outra fonte, envolvendo sempre uma fase de espalhamento
e uma de compactação.

Cuidados na execução de um aterro:


 Utilizar material adequado, pois determinados materiais não aceitam compactação.
 As superfícies devem ser previamente limpas, retirar a camada vegetal e os entulhos
da área a ser aterrada.
 O material escolhido para os aterros e reaterros devem ser de preferência solos
arenosos, sem detritos, pedras ou entulhos.
 O aterro deve ser feito em camadas sucessivas de no máximo 30 cm.
 A compactação deve ser feita com soquetes manuais (25 a 30 kg), sapo mecânico
ou rolo.
 Antes da compactação deve ser feito o ensaio de Proctor para verificação da umi-
dade ótima.

No caso de aterros, deve-se adotar um volume de solo correspondente à área


da base da região aterrada, multiplicando-o pela altura média, e acrescentar em
torno de 30%, devido à contração considerada que o solo sofrerá – diminuição
no número de vazios, conforme apresentado na Figura 2.

Figura 2. Aterro ou reaterro com solo ou rocha.


Fonte: Milito (2008, p. 16).
72 Construção civil

Escavação de valas para drenos e fundações


Tem por finalidade atingir a cota de fundação que receberá os alicerces. Pode
ser feita por retirada manual ou mecânica:

Retirada manual
Utiliza equipamentos como pá, picareta, explosivo, ponteira, martelete ou trado
rotativo. Feita em escavação de até 1,50 m, em valas com faces inclinadas,
onde o material é lançado diretamente para fora da vala. Em escavação com
profundidade superior a 1,50 m, primeiro faz-se uma vala mais larga, até
1,50 m de profundidade. Depois, deve-se reduzir a largura da vala formando
uma banqueta para que o material tenha um ponto intermediário de lançamento,
conforme ilustra a Figura 3. Estes dois tipos de valas são muito utilizados para
fundações diretas contínuas.

Figura 3. Escavações para fundações.


Fonte: Cardão (1988).

Transversalmente à seção escavada, deve-se ter a perfeita horizontalidade


do fundo da vala, com exceção de valas de drenagem que necessitem de es-
coamento por gravidade. Quando o terreno for desnível, a escavação é feita
em degraus, conservando nestes degraus um fundo horizontal.
Obras de terraplenagem: máquinas e equipamentos 73

Para fundações diretas isoladas, drenos mais profundos e tubulões, a es-


cavação é feita com auxílio de um balde preso por uma corda numa roldana e
acionada por um operário que fica fora da vala. Para tubulões em leito de rio,
a escavação é feita através de uma campânula de ar comprimido.

Retirada mecânica
Valas para fundação direta contínua, sapatas isoladas e drenos, são feitas
com a utilização de retroescavadeira, tendo-se o inconveniente de que a re-
troescavadeira não abre valas com talude vertical. A inclinação das paredes
das valas irá depender da maior ou menor probabilidade que o material tem
de desmoronar:

 Paredes verticais: somente para solo sem probabilidade de desmoronamento.


 Paredes inclinadas: para solo sem probabilidade de desmoronamento.

Escoramento das paredes das valas


As valas para fundações e escavações de subsolos devem ser escoradas quando
sua profundidade atingir um valor razoável ou ocorrerem infiltrações nos
fundos das valas. Nesses casos, à medida que a escavação progride, devem-se
escorar as paredes laterais. Este escoramento poderá ser feito de duas maneiras:

 Horizontal: pranchas dispostas horizontalmente ao longo da vala,


mantidas por estroncas (8 x 12, 8 x 20cm).
 Vertical: pranchas dispostas verticalmente ao longo da vala, também
mantidas por estroncas.

Em ambos os casos, a ligação entre pranchas e estroncas deve ser feita


por cunhas. A distância horizontal entre as estroncas deverá permitir a con-
tinuidade do serviço. A distância entre as pranchas dependerá da maior ou
menor probabilidade de desmoronamento do solo (aproximadamente 1,20 m).
O escoramento deverá permanecer até que o serviço seja concluído. Quando
houver infiltração, as pranchas deverão ser distribuídas mais próximas umas
das outras. As pranchas deverão ser feitas com tábuas de polegada ou até
mais grossas.
Veja na Figura 4 um exemplo ilustrativo do caso de escavação para fun-
dações na divisa com um prédio vizinho.
74 Construção civil

Figura 4. Escoramento de paredes de valas.


Fonte: Cardão (1988).

Soluções:

 Escavar o subsolo em menor profundidade.


 Deixar um espaço entre a sapata da obra vizinha e a escavação a ser feita.
Obras de terraplenagem: máquinas e equipamentos 75

Figura 5. Cuidados com obras /construções vizinhas.


Fonte: (Cardão, 1988).

 Antes de iniciar a escavação, verificar o tipo de solo para ver se há


probabilidade de desmoronamento. Em caso positivo, deixar uma faixa
de terra (80 cm) e providenciar o escoramento da parede vizinha. Retirar
terra somente nos locais onde serão executadas as sapatas. O restante do
material só deverá ser retirado após a execução das sapatas, evitando,
assim, possíveis tombamentos.
76 Construção civil

O ideal é fazer um laudo da obra /construção vizinha, inclusive com fotos, para compro-
var as suas condições antes do trabalho de escavação, para evitar possíveis incômodos.
Às vezes, as fundações vizinhas invadem o terreno a ser escavado. Neste caso, se na
obra em execução as fundações serão isoladas, fazer com que estas não coincidam
com as fundações vizinhas.

Esgotamento das águas


A presença de águas durante a execução de subsolos e fundações é um incon-
veniente preocupante, devendo-se fazer imediatamente o esgotamento destas.
O processo de esgotamento adequado dependendo da quantidade de água a
ser retirada e da profundidade da vala.

a) Pequenos volumes de água a pequenas profundidades: neste caso


utiliza-se um simples balde.
b) Grandes volumes de água a grandes profundidades: utiliza-se o
processo de bombeamento, com bomba de recalque ou bomba submersa,
conduzindo a água para fora dos limites em que se está trabalhando.
c) Rebaixamento do nível freático: a água é aspirada por meio de pon-
teiras filtrantes introduzidas no terreno, rebaixando, assim, o nível
freático provisoriamente. Este processo permite um rebaixamento de até
5,0 m. Quando a fundação estiver concluída, as bombas são desligadas
e o nível freático volta ao normal.
Obras de terraplenagem: máquinas e equipamentos 77

Figura 6. Esgotamento de águas em escavações.


Fonte: Cardão (1988).
78 Construção civil

1. Sobre compensação e cálculo haver falta de terra, com a finalidade


de volumes em processos de regularizar um terreno para
de terraplenagem, é correto implantação de um projeto de
afirmar: construção qualquer, representa
a) Para que os volumes um conjunto de operações que
geométricos dos aterros recebe o nome de:
possam ser compensados a) Pavimentação
pelos volumes geométricos de b) Terraplenagem
corte, é necessário corrigir os c) Drenagem
volumes de aterro com o fator de d) Arruamento
redução de forma (contração). e) Abaulamento
b) Para que os volumes 3. Um aterro deve ser executado
geométricos dos aterros obrigatoriamente:
possam ser compensados a) Do fundo da cava até a cota de
pelos volumes geométricos de projeto, em camada única.
corte, é necessário corrigir os b) Em camadas de no
volumes de corte com o fator de máximo 45 cm.
redução de forma (contração). c) Em camadas de no
c) Para que os volumes máximo 15 cm.
geométricos dos cortes d) Em camadas de no
possam ser compensados máximo 30 cm.
pelos volumes geométricos e) A altura das camadas
de aterro, é necessário corrigir depende do volume de
os volumes de aterro com material disponível.
o fator de empolamento. 4. A presença de água durante a
d) Considerando o fator de execução de subsolos e fundações
redução de forma, volumes é um inconveniente preocupante,
geométricos dos aterros pois pode desestabilizar as
correspondem sempre à metade paredes (desmoronamentos)
da quantidade de terra dos e/ou o fundo da cava (areia
volumes geométricos de corte. movediça). Assinale a alternativa
e) Considerando o fator de correta em relação ao processo de
empolamento, volumes esgotamento pela quantidade de
geométricos dos aterros água a ser retirada.
correspondem sempre à metade a) Com balde, para volumes
da quantidade de terra dos grandes e fluxo constante
volumes geométricos de corte. de surgência de água.
2. A remoção do excesso de terra de b) Bombeamento com bomba
um local, com eventual transporte submersa para pequenos
do material a outro, onde possa volumes de água.
Obras de terraplenagem: máquinas e equipamentos 79

c) Com uso de ponteiras b) Transportar para os aterros


drenantes para obras de próximos do local; caso
pequeno porte e pouca água. haja volume não utilizado
d) Bomba de recalque para nos aterros, este deverá ser
grandes volumes. transportado para depósito em
e) Tapetes drenantes para local conveniente (bota-fora).
pequenos volumes. c) Transportar sempre
5. Ao executar uma terraplenagem que para um bota-fora.
inclua um volume de corte de terra d) Aterrar sempre.
deve-se, necessariamente: e) Aterrar o mínimo possível,
a) Transportar e aterrar pois o serviço é muito caro.
próximo ao local.

CARDÃO, C. Técnica da construção civil. 8. ed. Belo Horizonte: Edições Engenharia e


Arquitetura, 1988. v. I e II.
MILITO, J. A. Apostila da disciplina de técnicas de construção civis e construção de edifícios.
Campinas: PUC, [2008].

Leituras recomendadas
ALBUQUERQUE, A. Construções civis. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1957.
BAUD, G. Manual de pequenas construções. São Paulo: Hemus, 2002.
BORGES, A. C. Prática das pequenas construções. 8. ed. São Paulo: Edgard Blücher,
2000. v. I e II.
CARICCHIO, L. M. Construção civil. Rio de Janeiro: Gráfica Olímpia, 1955.
PIANCA, J. B. Manual do construtor. 15. ed. Porto Alegre: Globo, 1978.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
Dica do professor
Você sabia que uma porção de terra, ao ser cortada, aumenta de volume? E que para o
preenchimento de uma vala é necessário um volume maior de solo do que o próprio volume da
cava? É o chamado fator de empolamento: sempre que um solo (ou rocha) é removido de sua
posição original (terreno natural inalterado), ocorre um rearranjo na posição relativa das partículas
(grãos), acarretando um acréscimo no volume de vazios da massa.

O empolamento varia de acordo com o tipo de solo ou rocha, o grau de coesão do material original
e a umidade do solo. Analogamente, quando uma quantidade de terra é lançada em um aterro e
compactada (mecanicamente), o volume final é diferente daquele que a mesma massa ocupava no
corte - e essa diminuição volumétrica chama-se contração. Assista ao vídeo e confira como
executar uma boa terraplenagem!

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Exercícios

1) Sobre a compensação e o cálculo de volumes em processos de terraplenagem, é correto


afirmar:

A) Para que os volumes geométricos dos aterros possam ser compensados pelos volumes
geométricos do corte, é necessário corrigir os volumes do aterro com o fator de redução da
forma (contração).

B) Para que os volumes geométricos dos aterros possam ser compensados pelos volumes
geométricos do corte, é necessário corrigir os volumes do corte com o fator de redução da
forma (contração).

C) Para que os volumes geométricos dos cortes possam ser compensados pelos volumes
geométricos do aterro, é necessário corrigir os volumes do aterro com o fator de
empolamento.

D) Considerando o fator de redução da forma, volumes geométricos dos aterros correspondem


sempre à metade da quantidade de terra dos volumes geométricos do corte.

E) Considerando o fator de empolamento, volumes geométricos dos aterros correspondem


sempre à metade da quantidade de terra dos volumes geométricos do corte.

2) A remoção do excesso de terra de um local, com eventual transporte do material a outro


local onde possa haver falta de terra, com a finalidade de regularizar um terreno para a
implantação de um determinado projeto de construção, representa um conjunto de
operações que recebe o nome de:

A) Pavimentação.

B) Terraplenagem.

C) Drenagem.

D) Arruamento.

E) Abaulamento.

3) Um aterro deve ser executado:


A) Do fundo da cava até a cota do projeto, em camada única.

B) Em camadas de, no máximo, 45 cm.

C) Em camadas de, no máximo, 15 cm.

D) Em camadas de, no máximo, 30 cm.

E) A altura das camadas depende do volume de material disponível.

4) A presença de água durante a execução de subsolos e fundações é um inconveniente


preocupante, pois pode desestabilizar as paredes (desmoronamentos) e/ou o fundo da cava
(areia movediça). Assinale a alternativa correta em relação ao processo de esgotamento pela
quantidade de água a ser retirada.

A) Com balde para volumes grandes e fluxo constante de surgência de água.

B) Bombeamento com bomba submersa para pequenos volumes de água.

C) Com uso de ponteiras drenantes para obras de pequeno porte e pouca água.

D) Bomba de recalque para grandes volumes.

E) Tapetes drenantes para pequenos volumes.

5) Ao executar uma terraplenagem que inclua um volume de corte de terra, deve-se:

A) Utilizar todo o material em aterros próximos é a solução ideal, porém, caso haja sobra de
material, deve-se transportá-lo para bota-foras e nunca alterar a cota de projeto.

B) Transportar e aterrar próximo ao local.

C) Transportar sempre para um bota-fora.

D) Aterrar sempre.

E) Aterrar o mínimo possível, pois o serviço é muito caro.


Na prática
O planejamento de um serviço de terraplenagem deve zelar pela preservação do meio ambiente. O
uso de máquinas pesadas e motores de combustível fóssil é intenso nessas etapas da obra. O
maquinário novo tende a ser mais eficiente e proporciona maior economia de combustível (e,
consequentemente, a redução das emissões de gás carbônico).

Motores abastecidos com biodiesel também são menos agressivos à atmosfera. Mas outras
pequenas atitudes, que carecem apenas de planejamento, podem e devem ser tomadas:

Etapas de compactação de aterros não podem tardar, para que o solo não seja transportado por
águas da chuva, por exemplo, e seja necessário o emprego de mais material para atingir as cotas do
projeto.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Novidades tecnológicas na terraplenagem

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Levantamento Planialtimétrico: o que é e suas vantagens

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Locação da obra

Apresentação
Você sabia que o projeto de locação de precisão é essencial para a qualidade do produto final?
Erros naturais, instrumentais e pessoais no processo geram falhas na sua execução, alterando suas
dimensões e fomentando o aumento e o desperdício dos materiais empregados e do tempo
necessário para a resolução, a correção de erros e a reconstrução de alguma etapa.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai entender que a execução da locação sempre deve ser
realizada na presença do engenheiro, com o maior rigor possível e utilizando equipamentos e
técnicas que garantam o perfeito controle do serviço. Deve-se dar preferência a equipamentos
eletrônicos (teodolitos, níveis a laser) e materiais de boa qualidade (tábuas, pontaletes, marcos,
tintas), já que esse é o ponto de partida da obra e que definirá todo o controle do processo de
edificação.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar projetos/plantas, equipamentos, ferramentas e materiais necessários para a locação


de uma obra.
• Relacionar os métodos e os processos de locação de obras.
• Expressar o método ideal para o tamanho da obra e para as fundações a executar.
Desafio
Você foi encarregado de comprar a madeira necessária para a execução da locação da construção
da obra de um edifício cujo pavimento térreo possui 70m2 (retângulo de 7m x 10m). Sabendo que o
terreno é plano, a estrutura do prédio será em concreto armado e as fundações serão indiretas por
estacas, qual processo de locação você recomenda e quanta madeira considera necessário comprar
- prezando sempre pela economia (sem haver desperdício de material)?
Infográfico
Você sabia que o gabarito (também chamado de tapume ou tabeira) é uma estrutura que deve
acompanhar as futuras paredes? Essa estrutura (provisória) serve como referência às etapas iniciais
da obra, tais como abertura e execução dos alicerces, nivelamento das paredes e definição do piso
da edificação.

Após a execução do respaldo dos alicerces, o gabarito pode até ser desmontado. O gabarito é a
materialização de um sistema de coordenadas - duas planas e uma altimétrica - em relação a um
ponto de referência, tomado sobre o alinhamento mestre. Confira no Infográfico!
Conteúdo do livro
No trecho do capítulo a seguir, o autor aborda a locação da obra como um todo, incluindo a planta
de locação, os materiais e equipamentos, o alinhamento mestre, os métodos de alinhamento e os
processos de locação. Leia os tópicos do capítulo Construção Civil: Locação de Obras. Inicie seus
estudos no tópico Locação de obras seguindo até Locação de fundações e pilares.

Boa leitura!
CONSTRUÇÃO
CIVIL

Alessandra Martins Cunha


André Luís Abitante
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Lélis Espartel
Ronei Tiago Stein
Vinicius Simionato
C756 Construção civil / Alessandra Martins Cunha ... [et al.]. – Porto
Alegre : SAGAH, 2017.
352 p. : il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-048-1

1. Construção civil. 2. Indústria da construção. I. Cunha,


Alessandra Martins.

CDU 69

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


Locação da obra
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar os projetos/plantas, equipamentos e ferramentas neces-


sários para a locação de uma obra.
 Relacionar os métodos e processos de locação de obras.
 Expressar o método ideal para o tamanho da obra e para as fundações
a executar.

Introdução
Um projeto de locação de precisão é essencial para a qualidade do pro-
duto final. Erros naturais, instrumentais e pessoais no processo geram
falhas na execução do projeto, alterando suas dimensões, fomentando
o aumento e desperdício não somente dos materiais empregados, mas
também de tempo para a resolução, correção de erros e reconstrução
de alguma etapa. A execução da locação, sempre realizada na presença
do engenheiro, deve ser feita com o maior rigor possível, utilizando
equipamentos e técnicas que garantam o perfeito controle do serviço.
Dê preferência a equipamentos eletrônicos (teodolitos, níveis a laser) e
materiais de boa qualidade (tábuas, pontaletes, marcos, tintas...), já que
este é o ponto de partida da obra e que definirá todo o controle do
processo de edificação.

Locação da obra
Definimos locação da obra o serviço que consiste na primeira etapa de
transposição do projeto para o terreno, marcando a exata posição do prédio
(paredes, fundações e pilares), transportando as dimensões desenhadas no
projeto arquitetônico em escala reduzida para a escala natural (1:1).
58 Construção civil

Para locação da obra, são necessárias as seguintes plantas/projetos:

 Planta de localização/locação
 Projeto de fundações
 Projeto de fôrmas
 Plantas baixas

Você vai ver agora mais detalhes sobre os equipamentos e as ferramentas


necessários para realizar seu trabalho.

Equipamentos e ferramentas
Os equipamentos que você vai precisar para a execução do trabalho, além da
disponibilidade de um carpinteiro, são:

 Trena
 Teodolito
 Nível de mão
 Prumo
 Esquadro
 Fio de náilon
 Guias (15 x 2,5 x 5,10 – tábua)
 Mangueira d’água (nível de mangueira)
 Pontaletes (eucalipto)
 Pregos
 Martelo e serrote
 Pincel (e tinta) ou caneta

Agora, você vai saber um pouco mais sobre o que é o alinhamento-mestre


e para que serve.

Alinhamento-mestre
Definimos como alinhamento-mestre um alinhamento de preferência pree-
xistente e de conhecimento público, muitas vezes cotado pelas companhias
de saneamento e energia e/ou prefeituras locais, para que um de seus pontos
sirva também como nível de referência (RN).
Locação da obra 59

Exemplos que devem ser escolhidos para alinhamento-mestre são os


seguintes:

 Meio-fio (mais usado)


 Eixo da rua
 Muros
 Alinhamento dos postes
 Alinhamento de redes de água e/ou esgoto, etc.

A partir do alinhamento-mestre, podemos elaborar métodos de alinhamento,


que são mostrados a seguir.

Métodos de alinhamento
A partir do alinhamento-mestre, é indispensável saber traçar perpendiculares
sobre o terreno, pois é por meio delas que marcamos os alinhamentos das
paredes externas da construção, determinando, assim, o esquadro. Isso serve
de referência para locar todas as demais estruturas, bem como confirmar a
perfeita locação da obra no que se refere aos eixos das paredes (internas),
pilares, sapatas, blocos e estacas.
Há três métodos de alinhamento: o método do esquadro, o método do
triângulo retângulo e o método do teodolito. Vamos ver mais detalhes sobre
cada um deles agora:

a) Método do esquadro: é utilizado para obras de pequeno porte e apre-


senta baixa precisão. Nele, usamos um esquadro metálico (geralmente
0,60 x 0,80 x 1,00 m) para verificar o ângulo reto, que deve ficar tan-
genciando as linhas sem tocá-las. Quando as linhas ficarem paralelas
ao esquadro, garantimos o ângulo reto.
b) Método do triângulo retângulo: é utilizado para obras de médio porte
e apresenta média precisão. Consiste em formar um triângulo com as
linhas dispostas perpendicularmente, cujos lados meçam 3,0, 4,0 e 5,0
m (triângulo de Pitágoras), fazendo coincidir o lado do ângulo reto com
o alinhamento da base.
c) Método do teodolito: é normalmente utilizado para obras de grande
porte e oferece altíssima precisão. Também devemos utilizá-lo para
obras em terreno inclinado e em obras em que o contorno do terreno
seja irregular.
60 Construção civil

Figura 1. Definição dos alinhamentos.


Fonte: Cardão (1988).

Processos de locação
Nos casos de obras de pequeno porte, podemos efetuar a locação da obra com
métodos simples, sem o auxílio de aparelhos que nos garantam certa precisão.
No entanto, em caso de obras de grande área (m 2), os métodos descritos a
seguir poderão acumular erros de alinhamento. Assim, torna-se conveniente
o auxílio da topografia, conforme visto anteriormente.
Devemos locar a obra utilizando os eixos, para evitar o acúmulo de erros
provenientes das variações de espessuras das paredes. Em obras de pequeno
porte, ainda é usual o pedreiro marcar a construção utilizando as espessuras
das paredes. No projeto de arquitetura, consideramos as paredes externas com
25 cm e as internas com 15 cm. Na verdade, as paredes externas possuem
medidas em torno de 26 a 27 cm, e as internas de 14 a 14,5 cm. De fato, é
difícil desenhá-las a pena nas escalas usuais de desenho 1:100 ou 1:50, daí
a adoção de medidas arredondadas que acumulam erros. Hoje, os softwares
específicos facilitaram muito essa tarefa.

Processo dos piquetes


O processo dos piquetes é muito utilizado em obras de pequeno porte, e a
sequência de sua execução é a seguinte:

 Colocamos os piquetes nos eixos das paredes.


 Ligamos os piquetes com fio de náilon ou arame queimado.
Locação da obra 61

 Marcamos (com pá de corte) as valas de fundação.


 Abrimos a vala, retirando-se assim os piquetes.
 Executamos as fundações.

Figura 2. Processo de locação com piquetes.


Fonte: Cardão (1988).

Processo dos cavaletes


O processo dos cavaletes é empregado para obras de pequeno e médio porte,
quando for utilizada fundação direta contínua (sapata corrida).
Fixamos os alinhamentos com pregos cravados em cavaletes. Os cavaletes
são constituídos de duas estacas cravadas no solo e uma travessa pregada sobre
elas. Esse processo não oferece grande segurança, devido ao fácil deslocamento
dos cavaletes com batidas de carrinhos de mão, tropeços, etc.
Depois de distribuir os cavaletes, previamente alinhados conforme o projeto,
esticamos linhas para determinar o alinhamento do alicerce e, em seguida,
iniciamos a abertura das valas. Os cavaletes devem ficar afastados em 1,50
m das futuras paredes da obra, para ter o espaço necessário para a colocação
da terra quando da abertura das valas. A interseção dos fios deve acontecer
na mesma altura (nivelados).
62 Construção civil

Figura 3. Processo de locação com cavaletes.


Fonte: Cardão (1988).

Processo dos tapumes (ou gabarito ou


tabeira ou tábua corrida)
O processo dos tapumes (também conhecido como gabarito ou tabeira ou ainda
tábua corrida) serve para a locação de qualquer tipo de obra, de quaisquer
dimensões e com qualquer tipo de fundação. Ele permite refazer o processo
de locação quantas vezes forem necessárias. Sua única desvantagem é o maior
custo para a sua confecção.
Os tapumes são constituídos por pontaletes (3” x 3” ou 3” x 4”) cravados
no solo (cerca de 50 cm) e por uma travessa ou guia (geralmente de 15 ou 20
cm), que ficará em volta de toda a construção, entre 0,8 e 1,0 m do nível do
terreno. As travessas devem ser niveladas. Além disso, o conjunto precisa ser
rígido para não permitir deslocamento, ficando a uma distância entre si de 1,50
a 1,20 m das paredes da futura construção. Em caso de divisa, a guia tem de ser
pregada na parede da obra vizinha (com tapumes, eles precisam ser colocados
no terreno vizinho). Determinamos os alinhamentos utilizando pregos fincados
nas tábuas, com distâncias entre si iguais às interdistâncias entre os eixos da
construção, todos identificados com letras e algarismos respectivos pintados
na face vertical interna das tábuas. Nos pregos amarramos e esticamos linhas
ou arames, cada qual de um nome interligado ao de mesmo nome da tábua
oposta. Em cada linha ou arame está materializado um eixo da construção.
Locação da obra 63

Os pontaletes do gabarito podem ser mais altos, sendo aproveitados para futuros
andaimes.

Figura 4. Processo de locação com tapumes.


Fonte: Cardão (1988).

Locação de fundações (e pilares)


Observe que, com o auxílio do gabarito, inicialmente sempre devemos locar as
fundações profundas do tipo estacas, tubulões ou fundações que necessitam
de equipamentos mecânicos para a sua execução. Caso contrário, podemos
iniciar a locação das obras pelo projeto de forma da fundação (“paredes”).
Quando as fundações são profundas (estacas ou tubulões), inicialmente
serão feitas as locações destas estruturas, visto que qualquer marcação das
“paredes” será desmarcada pelo deslocamento de equipamentos mecânicos.
Fazemos o posicionamento das estacas/tubulões conforme a planta de
locação fornecida pelo cálculo estrutural. Esticamos dois fios de arame per-
64 Construção civil

pendiculares, correspondentes a um determinado pilar (fundação), amarrados


em quatro pregos do gabarito. A locação das fundações/pilares é definida pela
projeção do cruzamento das linhas. Transferimos esta interseção ao terreno,
utilizando um prumo de centro. No ponto marcado pelo prumo, cravamos uma
estaca de madeira (piquete), com dimensões 2,5 x 2,5 x 15,0 cm, indicando a
posição correta do eixo do pilar/estaca/tubulão. Repetimos a operação para
os diferentes pilares da obra, de acordo com a planta de locação, cada vez
que for necessária a abertura de cava de fundação, concretagem da fundação,
confecção de formas, etc.
Após a execução das fundações e com a saída dos equipamentos e a limpeza
do local, podemos efetuar, com o auxílio do projeto estrutural de formas, a
locação das “paredes”.
Locação da obra 65

1. No caso de obras de grande Para a fase de locação da obra, é


área (m2), erros acumulados de indispensável o emprego da(o)
alinhamento podem acarretar __________________.
perda de tempo e dinheiro, sendo a) Concreto.
conveniente, portanto, o auxílio b) Instalação elétrica provisória.
da topografia. Para esse tipo de c) Topografia.
obra, que tem muitos elementos d) Canteiro mobilizado.
(fundações, paredes, etc.), qual é o e) Entrada de água provisória.
processo ideal de locação? 4. Locar ou marcar a obra é uma
a) Processo dos cavaletes. das etapas de maior importância
b) Processo dos piquetes. da construção. Sobre essa etapa,
c) Processo dos perfis metálicos. assinale a alternativa que apresenta a
d) Processo dos tapumes (ou afirmação verdadeira.
gabaritos ou tábuas corridas). a) A demarcação dos pontos
e) Locação com auxílio das que definem o edifício no
construções vizinhas. terreno é feita a partir de
2. Durante a fase de “levantamento”, um referencial previamente
colhemos informações in loco para definido, considerando-se
uso na fase de projeto. No momento três coordenadas, sendo duas
de passar o que está no projeto planimétricas e uma altimétrica.
para o terreno, com frequência b) Para a locação da obra, são
são encontradas dificuldades na necessários somente os projetos
implementação, principalmente de estrutura e de arquitetura.
devido a erros de levantamento, que c) A locação da obra deve ser
muitas vezes fornecem, por exemplo, realizada somente após a
um formato de terreno que não movimentação de terra e a
coincide com a forma real. A etapa execução das fundações.
referida, que apresenta dificuldades d) As tábuas que compõem os
de implementação, é: quadros de madeira (gabaritos)
a) Medição de obra. só precisam ser niveladas nos
b) Locação de obras. casos em que o terreno possui
c) Locação de estacas. desnível superior a um metro.
d) Levantamento altimétrico. e) O gabarito somente poderá
e) Levantamento planimétrico. ser desmontado após a
3. Assinale a alternativa que completa execução da totalidade da
a frase. estrutura de concreto.
66 Construção civil

5. Quais equipamentos são c) Colher de pedreiro, trena de


considerados de grande importância plástico e régua metálica.
para a locação de uma obra? d) Régua metálica, teodolito
a) Colher de pedreiro, óculos e trena de plástico.
de proteção, protetor e) Teodolito, nível de
auricular e luvas. mangueira, trena metálica,
b) Trena de plástico, capacete, linha de náilon e prumo.
cimento e calculadora digital.

Referência

CARDÃO, C. Técnica da construção civil. 8. ed. Belo Horizonte: Edições Engenharia e


Arquitetura, 1988. v. I e II.

Leituras recomendadas
ALBUQUERQUE, A. Construções civis. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1957.
BAUD, G. Manual de pequenas construções. São Paulo: Hemus, 2002.
BORGES, A. C. Prática das pequenas construções. 8. ed. São Paulo: Edgard Blücher,
2000. vol. I e II.
CARICCHIO, L. M. Construção civil. Rio de Janeiro: Gráfica Olímpia, 1955.
MILITO, J. A. Técnicas de construção civil. Campinas: PUC Campinas, 2009. Apostila.
PIANCA, J. B. Manual do construtor. 15. ed. Porto Alegre: Globo, 1978.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
Dica do professor
Você sabia que a fase de locação da obra é tão importante que requer também um projeto? Esse
projeto tem por objetivo definir as escavações e a posição das fundações. A planta de locação faz
parte do conjunto de informações que compõe o projeto arquitetônico, além das plantas estrutural,
hidráulica, elétrica, etc.

Para evitar erros é necessário identificar adequadamente cada gabarito e fazer sempre a
conferência de distâncias entre eixos de paredes e/ou de pilares. Assista ao vídeo e confira como
executar esse serviço com precisão!

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Exercícios

No caso de obras de grande área (m2), erros acumulados de alinhamento podem acarretar
1) perda de tempo e dinheiro, sendo conveniente, portanto, o auxílio da topografia. Para esse
tipo de obra, que tem muitos elementos (fundações, paredes, etc.), qual é o processo ideal de
locação?

A) a) Processo dos cavaletes.

B) b) Processo dos piquetes.

C) c) Processo dos perfis metálicos.

D) d) Processo dos tapumes (ou gabaritos ou tábuas corridas).

E) e) Locação com auxílio das construções vizinhas.

Durante a fase de "levantamento", colhemos informações in loco para uso na fase de projeto.
2) No momento de passar o que está no projeto para o terreno, frequentemente são
encontradas dificuldades na implementação, principalmente devido a erros de
levantamento, que muitas vezes fornecem, por exemplo, um formato de terreno que não
coincide com a forma real.

A etapa referida, que apresenta dificuldades de implementação, é:

A) a) Medição de obra.

B) b) Locação de obras.

C) c) Locação de estacas.

D) d) Levantamento altimétrico.

E) e) Levantamento planimétrico.

Para a fase de locação da obra, é indispensável o emprego da(o) __________________.


3)
Assinale a alternativa que completa a frase.

A) a) Concreto.
B) b) Instalação elétrica provisória.

C) c) Topografia.

D) d) Canteiro mobilizado.

E) e) Entrada de água provisória.

Locar ou marcar a obra é uma das etapas de maior importância da construção. Sobre essa
4) etapa, assinale a alternativa que apresenta a afirmação verdadeira.

A) a) A demarcação dos pontos que definem o edifício no terreno é feita a partir de um


referencial previamente definido, considerando-se três coordenadas, sendo duas
planimétricas e uma altimétrica.

B) b) Para a locação da obra, são necessários somente os projetos de estrutura e de arquitetura.

C) c) A locação da obra deve ser realizada somente após a movimentação de terra e a execução
das fundações.

D) d) As tábuas que compõem os quadros de madeira (gabaritos) só precisam ser niveladas nos
casos em que o terreno possui desnível superior a um metro.

E) e) O gabarito somente poderá ser desmontado após a execução da totalidade da estrutura de


concreto.

Quais equipamentos são considerados de grande importância para a locação de uma obra?
5)
A) a) Colher de pedreiro, óculos de proteção, protetor auricular e luvas.

B) b) Trena de plástico, capacete, cimento e calculadora digital.

C) c) Colher de pedreiro, trena de plástico e régua metálica.

D) d) Régua metálica, teodolito e trena de plástico.

E) e) Teodolito, nível de mangueira, trena metálica, linha de náilon e prumo.


Na prática

Os eixos das paredes de um projeto serão sua referência:

Tratam-se de linhas imaginárias, existentes em todas as paredes, quaisquer que sejam suas
dimensões. Essas linhas de traçado serão substituídas pelas do pedreiro, fixadas no gabarito - uma
estrutura de madeira montada em volta da futura obra.

Na primeira etapa, o cruzamento dessas linhas definirá o posicionamento das fundações e, a partir
delas, a largura das valas. Considerando que qualquer projeto tem várias paredes paralelas,
qualquer dimensão que não seja acumulativa, demarcada erradamente, propagará esse erro para as
paredes subsequentes.
Essas falhas aparecem somente após a execução dos alicerces, quando é possível detectar
visualmente essas irregularidades. Na prática, uma atitude importante consiste em não cotar entre
os eixos, mas sempre de forma acumulada.

Para marcar as cotas (acumuladas) no gabarito é aconselhável fazer uso de tinta ou caneta hidrocor
(essas de ponta porosa), para que fiquem bem visíveis e fáceis de se conferir ao término do trabalho
ou quando necessário.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Fundação - veja como fazer o gabarito, sapata e baldrame ou


alicerce de uma casa

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Como fazer um Orçamento de Obras: O Passo a Passo


Completo

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Locação de Obra: O que é e Como fazer passo a passo

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Serviços preliminares e instalações
provisórias

Apresentação
A logística nos canteiros de obras é um tema relevante para a gestão de qualquer tipo de
construção. Porém, antes mesmo do início da implantação do canteiro, algumas atividades prévias,
comumente necessárias, estarão a cargo do engenheiro de obras.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer tais atividades, que são usualmente
denominadas "Serviços Preliminares" e envolvem, dentre outros serviços, a verificação da
disponibilidade de instalações provisórias, as demolições (quando existem construções
remanescentes no local em que será construído o edifício), a retirada de entulho e, também, o
movimento de terra necessário para a obtenção do nível de terreno desejado para o edifício.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Identificar os serviços necessários para a implantação de um canteiro de obras.


• Relacionar as instalações provisórias indispensáveis para a execução de uma obra.
• Dimensionar equipamentos e instalações provisórias que compõem o leiaute de um canteiro
de obras.
Desafio
Você pretende usar um sistema de roldanas (conforme ilustração) para içar materiais em uma obra
residencial com três pavimentos.

Ficará encarregado desse serviço um servente, um único homem, que pesa aproximadamente 90
kg. Sabendo que o peso seguro e recomendável para uma pessoa levantar equivale a 1/3 de sua
massa corporal, e que um tijolo de 6 furos padrão (9 x 14 x 19 cm) pesa em média 2 kg.
Infográfico
Logo após estarem os projetos prontos e a construção licenciada, os serviços preliminares são um
conjunto de atividades e providências tomadas como preparação para o início da obra, tais como:
demolições, sondagens, movimentação de terra, drenagens, contenções, etc.

Com o terreno pronto, iniciam-se as instalações provisórias (montagem do canteiro de obras),


indispensáveis para o início do empreendimento. Essas instalações incluem, por exemplo: entrada
de energia e água, demolições, barracões, sanitários, vistoria das edificações vizinhas, rebaixamento
de lençol freático, etc.

Confira no Infográfico!
Conteúdo do livro
Antes mesmo da implantação do canteiro de obras, vários serviços são necessários para o início de
uma construção. O "start" da obra compreende a mobilização de pessoas, máquinas, equipamentos
e ferramentas, seguido da construção das instalações provisórias do canteiro de obras, tais como
escritórios, oficinas, dormitórios, refeitórios, banheiros, almoxarifados e locais de estocagem de
materiais em geral.

Leia os tópicos do capítulo Serviços preliminares e instalações provisórias. Inicie seus estudos no
tópico Serviços preliminares e instalações provisórias seguindo até Transporte vertical de materiais.

Boa leitura!
CONSTRUÇÃO
CIVIL

Alessandra Martins Cunha


André Luís Abitante
Caroline Schneider Lucio
Lélis Espartel
Ronei Tiago Stein
Vinicius Simionato
C756 Construção civil / Alessandra Martins Cunha ... [et al.]. – Porto
Alegre : SAGAH, 2017.
352 p. : il. ; 22,5 cm.

ISBN 978-85-9502-048-1

1. Construção civil. 2. Indústria da construção. I. Cunha,


Alessandra Martins.

CDU 69

Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094


Serviços preliminares e
instalações provisórias
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Identificar os serviços necessários para a implantação de um canteiro


de obras.
 Relacionar as instalações provisórias indispensáveis para a execução
de uma obra.
 Dimensionar equipamentos e instalações provisórias que compõem
o layout de um canteiro de obras.

Introdução
Você já sabe que toda construção tem seu início propriamente dito
com a implantação do canteiro de obras. Essa implantação requer um
projeto específico, que deve ser cuidadosamente elaborado a partir das
necessidades da obra e das condições do local. A logística nos canteiros de
obras é um tema relevante para a gestão de qualquer tipo de construção.
Porém, antes mesmo do início da implantação do canteiro, algumas
atividades prévias, comumente necessárias, estarão a cargo do enge-
nheiro de obras. Neste capítulo, você vai conhecer tais atividades, que
são usualmente denominadas “serviços preliminares” e envolvem, dentre
outros serviços, a verificação da disponibilidade de instalações provisórias,
as demolições (quando existem construções remanescentes no local
em que será construído o edifício), a retirada de entulho e, também,
o movimento de terra necessário para a obtenção do nível de terreno
desejado para o edifício.
Serviços preliminares e instalações provisórias 47

Serviços preliminares
Uma vez escolhido e adquirido o terreno, realizadas as sondagens e o levanta-
mento topográfico (planialtimétrico), aprovados e licenciados junto aos órgãos
públicos os projetos arquitetônicos e concluído o projeto executivo, chega a
hora de iniciar a obra propriamente dita, por meio dos serviços preliminares
(por exemplo: limpeza, topografia, terraplenagem e locação) e da montagem
do canteiro de obras (por exemplo: instalação de gruas, banheiros, depósitos,
refeitórios, escritório, etc.).
Você vai ver agora mais detalhes sobre cada uma dessas etapas.

Limpeza do terreno
Nem sempre é possível adequar o projeto ao que existe de natural e belo no local
da construção (por exemplo, a vegetação). Começamos uma obra comumente
ao definirmos uma das seguintes etapas:
Capina : Quando a vegetação é rasteira e com pequenos arbustos, trata-se
de serviço braçal que usa, no máximo, uma enxada. Pode envolver a remoção
de pequenas rochas e casas de cupim, etc.
Roçamento: Quando, além da vegetação rasteira, houver árvores de pe-
queno porte, que poderão ser cortadas com foice ou facão.
Destocamento: Quando houver árvores de grande porte, necessitando
desgalhar, cortar ou serrar o tronco. Este serviço pode ser feito com máquina
ou manualmente. Os serviços serão executados de modo a não deixar raízes
ou tocos de árvore que possam dificultar os trabalhos. Todo o material vege-
tal, assim como o entulho, terá de ser removido do canteiro de obras. Certos
cortes de árvores obrigam a obtenção de licença ambiental junto aos órgãos
municipais, estaduais, ou ao IBAMA.

Levantamento topográfico e nivelamento


de lotes urbanos
O levantamento topográfico geralmente é apresentado por meio de desenhos
de planta com curvas de nível e de perfis. Ele deve retratar a conformação
da superfície do terreno, bem como as dimensões dos lotes, com a precisão
necessária e suficiente, proporcionando dados confiáveis que, interpretados e
manipulados corretamente, vão contribuir para o desenvolvimento do projeto
arquitetônico e de implantação (MILITO, 2009).
48 Construção civil

Os projetos são elaborados para um determinado terreno, portanto, é ne-


cessário ter as medidas corretas, pois nem sempre as medidas indicadas na
escritura conferem com as medidas reais. Os terrenos urbanos geralmente são
de pequena área, possibilitando a sua medição sem aparelhos ou processos
próprios da topografia, desde que tenhamos boas referências (casa vizinha,
esquina, piquetes, etc.). No entanto, principalmente sem referências, o levan-
tamento deve ser executado por profissional de topografia.
Para nivelamento ou levantamentos altimétricos simples, o método da
mangueira é um dos mais utilizados. Fundamentado no princípio dos vasos
comunicantes, é o método que os pedreiros utilizam para nivelar praticamente
todas as construções, desde a marcação da obra até o nivelamento dos pisos,
batentes, azulejos, etc. Os equipamentos necessários são apenas uma man-
gueira, duas balizas e uma trena. A mangueira deve ter pequeno diâmetro
(ordem de ∅ 1/4” ou 5/16”), para obter maior sensibilidade, parede espessa
para evitar dobras, e ser transparente. Para uma boa marcação, ela precisa
estar posicionada entre as balizas, sem dobras ou bolhas no seu interior. A
água deve ser colocada lentamente, para evitar a formação de bolhas.

Figura 1. Processo da mangueira de nível.


Fonte: Milito (2009, p. 11).

Para facilitar a medição, partimos com o nível d’água em uma determinada


altura “h” em uma das balizas, que será descontada da medida encontrada
na segunda baliza. Fazemos isso para não precisarmos colocar o nível d’água
direto no ponto zero (próximo do terreno), o que dificultaria a leitura e não
nos forneceria uma boa medição. Podemos utilizar a técnica em terrenos tanto
com aclive como em declive.
Serviços preliminares e instalações provisórias 49

Tapume (cerca da obra)


A respeito do tapume, você deve respeitar o código de obras do município e
as normas de segurança do trabalho quanto:

 à segurança;
 à altura mínima: 2,20m (NR 18);
 ao alinhamento do terreno.

O tapume deve ainda ser durável e de bom aspecto visual. São muito
utilizadas chapas de madeira compensada (espessura 10 mm) ou telhas tra-
pezoidais. Na maioria das cidades, é possível utilizar até 2/3 da largura do
passeio público para o canteiro de obras.

Demolição
O serviço de demolição pode surgir no caso de antigas construções existentes
no terreno. Inclui a demolição de fundações, muros divisórios, redes de abas-
tecimento de água e energia elétrica, redes de esgoto, telefone, etc., incluindo
a remoção e o transporte e a deposição dos resíduos. Algumas recomendações
gerais (ver ABNT NBR 5682:1977) são listadas a seguir:

 Faça a regularização da demolição junto à prefeitura local.


 Tome cuidados para evitar danos a terceiros – providencie vistorias nas
edificações vizinhas antes de iniciar a demolição.
 Preste atenção com o reaproveitamento dos materiais, não somente por
questões ecológicas, mas principalmente porque eles podem servir para
outra construção (janelas, portas, maçanetas, pisos, vidros, calhas, etc.)
ou para as instalações provisórias da nova obra.

Você deve ter percebido que dois serviços preliminares indispensáveis, a terraplenagem
e a locação da obra, não foram demonstrados aqui, no entanto, dada a sua importância,
estes serviços serão abordados em capítulos separadamente.
50 Construção civil

Instalações provisórias

Canteiro de obras
O canteiro de obras é representado pela disposição dos materiais e equipamen-
tos que serão utilizados, de tal maneira que facilitem o transporte (de material)
e o trânsito de veículos, máquinas e funcionários, evitando desperdício de
matéria-prima e de tempo.
Os limites do canteiro são definidos por uma cerca que deve envolver o
local – o tapume, ou mesmo uma cerca de tela, ou ainda muros provisórios – e
isolar toda a área da obra, evitando a presença de pessoas estranhas no seu
interior. A firma construtora é responsável por qualquer pessoa que esteja
dentro do canteiro de obras, portanto, todos, até os visitantes ocasionais,
devem usar EPIs, como capacete.
O dimensionamento do canteiro compreende o estudo geral do volume
da obra, o tempo de obra e a distância de centros urbanos. Este estudo é
dividido como segue: 1) área disponível para as instalações; 2) número de
empresas empreiteiras previstas; 3) máquinas e equipamentos necessários;
4) serviços a serem executados; 5) materiais a serem utilizados; e 6) prazos
a serem atendidos.
Deve-se ainda solicitar a ligação de energia elétrica e água por meio de
projetos elaborados por profissionais especializados, conforme as normas
técnicas e prescrições das concessionárias locais.
Na ligação de água, é construído o abrigo para o cavalete e o respectivo
hidrômetro. A água deve estar disponível em abundância, pois seu uso é in-
tensivo, não somente para a preparação de materiais no canteiro, mas também
para a higiene dos trabalhadores. Não existindo água, devemos providenciar
a abertura de um poço, tomando os seguintes cuidados:

 deve estar o mais distante possível dos alicerces;


 deve estar o mais distante possível de fossas sépticas e de poços negros
(nunca a menos de 15 metros deles);
 o local deve ser de pouco trânsito, ou seja, no fundo da obra, deixando-se
a frente para a construção posterior da fossa séptica.

As instalações elétricas nos canteiros de obras são realizadas para ligar os


equipamentos e iluminar o local da construção, sendo desfeitas após o término
dos serviços. No entanto, lembre-se sempre de que elas precisam ser feitas de
forma correta, para que sejam seguras a todos.
Serviços preliminares e instalações provisórias 51

Composição básica do canteiro de obras


Os principais elementos de um canteiro de obras são descritos a seguir.
Galpão/barracão: serve como depósito de cimento, cal hidratada, ferra-
mentas e equipamentos, materiais elétricos, hidrossanitários e de revestimento
(almoxarifado); vestiários, escritório, refeitório, sanitários, etc., e, se necessário,
alojamento. Pode ser desdobrado em vários galpões se a obra for de maior porte.
Devemos fazer, no mínimo, um barracão de madeira – chapas compensadas,
pontaletes de eucalipto ou caibros 8 x 8, e telhas de fibrocimento, de prefe-
rência com piso cimentado, sendo desmontável para reutilização – ou ainda
contêineres metálicos que são facilmente transportados para as obras com o
auxílio de um caminhão munck. Ambos devem ser ventilados e iluminados.
Central de concreto: está caindo em desuso devido à popularização do
concreto usinado. Sua localização é condicionada às distâncias horizontais
e verticais de transporte e/ou aos depósitos de agregados e cimento. Essa
central deve comportar:

 depósitos de areia; de brita; e de cimento;


 betoneiras – as de 300 litros são as mais comuns, com capacidade de
produção limitada (mistura um traço de concreto de um saco de cimento
por vez). Muito usadas em obras menores, como pequenos prédios e
residências e para a fabricação de argamassa. Com capacidade de 500
litros, possuem carregador automático e medidor de água (mistura traço
de concreto de até dois sacos de cimento por vez);
 transporte vertical;
 água e luz.

Telheiro para ferreiro e telheiro para carpinteiro: os depósitos de


madeira e barras de aço devem estar próximos das bancadas de fabricação de
formas e armaduras, e localizados próximos aos equipamentos de transporte
vertical. No caso de transporte com grua, sua área de serviço deve abranger
esses depósitos. Os dois telheiros devem ser separados, constituídos de uma
água, com ponto de energia, nas dimensões de 6 x 2 m, contendo:

 Oficina de armaduras: bancadas de madeira para retificação, corte e


dobra das barras de aço, com chapas e pinos metálicos; ferramentas e
equipamentos elétricos de corte e dobra de armadura.
52 Construção civil

 Oficina de formas: a instalação básica é composta de mesa com serra


circular, mesa com serra de fita e bancada de madeira para a confecção
das formas.

Instalação sanitária provisória: utilizada em obras de maior porte, esta


instalação deve ser feita fora do barracão.
Instalação de água e energia: veja o exemplo da Figura 2.

Figura 2. Exemplo de layout para canteiro de obras de porte pequeno e médio.


Fonte: Cardão (1988).

Transporte vertical de materiais


Normalmente posicionado junto à central de concretagem, os tipos (equipa-
mentos) de transporte vertical mais comuns são:
Pás: em madeira, atinge altura de, no máximo, 3,0 m (um pavimento).
Desvantagens: utiliza dois operários; proporciona baixo rendimento; é perigoso.
Roldana: talhas exponenciais, atinge altura de, no máximo, 6,0 m (entre
1 e 2 pavimentos). Utilizada para volumes pequenos a serem transportados.
Passa a oferecer vantagens somente com mais de uma roldana.
Plano inclinado (rampa): com altura atingida de um pavimento, é ideal
para residências, onde é o meio de transporte mais utilizado, desde que haja
espaço suficiente disponível. É composto por uma estrutura de madeira ou
metálica, sobre a qual se apoia uma plataforma de tábuas ou chapas de com-
Serviços preliminares e instalações provisórias 53

pensado, com ripas antiderrapantes. Devemos ter o cuidado de deixar um


“trilho” sem as ripas antiderrapantes, onde possa passar a roda do carrinho
de mão. Permite o acesso de operários transportando material (carrinho de
mão, padiolas, formas). A declividade/inclinação não deve ultrapassar 20%.
A opção em esteira rolante é usada somente em caso de grandes distâncias,
principalmente para o transporte de minerais e agregados.

Figura 3. Sistema de roldanas e plano inclinado.


Fonte: Cardão (1988).

Guincho: atinge a altura de 12,0 m com relativa facilidade (4 pavimentos


é o máximo recomendável). Transporta entre 200 e 300 kg, dependendo da
espessura do cabo de aço, da potência do motor, etc. É muito utilizado em
obras de médio porte, pois, ao comparar o custo com a eficiência, é um dos
melhores equipamentos. O guincho de coluna é indicado para pequenas obras
e pequena altura de transporte (máximo 3 pavimentos).
Elevador: altura ilimitada. Composto de uma torre de madeira ou metálica,
fixa na estrutura da obra, e de uma plataforma móvel, sustentada por cabo de
aço e tracionada por motor guincho. O controle de altura é feito por comunica-
ção verbal (rádio ou tubo de PVC) ou pela comparação de marcas no cabo de
aço com marcas na torre. Monta-se a torre à medida que a obra for aumentando
em altura. Pode carregar “qualquer coisa”: concreto (dois carrinhos por vez),
argamassa, telhas, tijolos, mas nunca operários. O elevador fica na obra até a
fase de acabamento, sendo retirado quando se faz o revestimento da fachada
à qual ele está preso. É comum sua instalação em um futuro poço de luz.
Grua: altura ilimitada. É o meio de transporte mais eficiente, pois é com-
pleto: faz transporte horizontal e vertical. É composto por uma torre metálica
com uma lança horizontal, que gira 360 graus. Na lança corre um cabo de
aço onde se pode pendurar um gancho, ou uma plataforma, ou uma caçamba,
dependendo do tipo de carga a ser transportada. Proporciona rendimento exce-
lente, mas tem como desvantagens o custo elevado de aquisição e a exigência
de um operador treinado.
54 Construção civil

Figura 4. Exemplos de grua e elevador.


Fonte: Cardão (1988).
Serviços preliminares e instalações provisórias 55

1. Em um canteiro de obras: a) Os tapumes devem ter


a) São permitidas a entrada e a altura mínima de 2,2 m em
permanência de trabalhadores relação ao nível do terreno.
que não sejam compatíveis b) Em edifícios com mais
com a fase da obra. de dois pavimentos, é
b) É permitida a entrada rápida facultativa a construção de
de trabalhadores que não galerias para o tráfego de
estejam assegurados. pedestres sobre o passeio.
c) São proibidas a entrada c) As bordas da galeria para
e a permanência de pedestres devem possuir
quaisquer trabalhadores, tapumes com altura mínima
independentemente de 2,0 m e inclinação de 45°.
da fase da obra. d) Não é obrigatória a instalação de
d) É proibida a entrada de tapume em todo o perímetro da
trabalhadores que não obra, apenas na testada do lote.
estejam assegurados, mas é e) As galerias para o tráfego de
permitida a permanência de pedestres devem ter altura
trabalhadores que não sejam livre mínima de 2,5 m.
compatíveis com a fase da obra. 4. Em um canteiro de obras, são
e) São proibidas a entrada e a elementos ligados à produção
permanência de trabalhadores e ao apoio administrativo,
que não estejam assegurados respectivamente:
e que não sejam compatíveis a) A manutenção de equipamentos
com a fase da obra. e a garagem de veículos pesados.
2. Os canteiros de obras devem dispor b) A central de concreto e a
obrigatoriamente de: manutenção de equipamentos.
a) Instalações sanitárias. c) A central de concreto e
b) Sala de jogos. o escritório técnico.
c) Lavanderia. d) A sala de treinamento e a central
d) Ambulatório. de produção de formas.
e) Alojamento. e) A área de lazer de operários e
3. A instalação de tapumes é a central de pré-moldados.
obrigatória em atividades de 5. Precisamos produzir 600.000 m3
construção, para impedir o acesso de concreto para a construção
de pessoas estranhas ao serviço. de uma barragem no prazo de 3
Sobre a instalação de tapumes e (três) anos. Para isso, as centrais de
serviços decorrentes: concreto deverão produzir durante
2.676,63 h/ano. A alternativa que
56 Construção civil

especifica a capacidade da central a) 45 m3/h.


de concreto que deverá ser utilizada b) 30 m3/h.
na obra é (caso não encontre valor c) 130 m3/h.
igual à capacidade disponível no d) 100 m3/h.
mercado, considere a de valor e) 80 m3/h.
imediatamente superior):

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 5682:1977. Contratação,


execução e supervisão de demolições. Rio de Janeiro: ABNT, 1977.
CARDÃO, C. Técnica da construção civil. 8. ed. Belo Horizonte: Edições Engenharia e
Arquitetura, 1988. v. I e II.
MILITO, J. A. Técnicas de construção civil. Campinas: PUC Campinas, 2009. Apostila.

Leituras recomendadas
ALBUQUERQUE, A. Construções civis. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1957.
BAUD, G. Manual de pequenas construções. São Paulo: Hemus, 2002.
BORGES, A. C. Prática das pequenas construções. 8. ed. São Paulo: Edgard Blücher,
2000. vol. I e II.
CARICCHIO, L. M. Construção civil, Rio de Janeiro: Gráfica Olímpia, 1955.
PIANCA, J. B. Manual do construtor, 15. ed. Porto Alegre: Globo, 1978.
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Conteúdo:
Dica do professor
Você sabia que a indústria da construção civil é considerada nômade? O conhecimento do novo
local da obra, as dificuldades de acesso e a distância em relação ao escritório da construtora são
fatores que devem ser estudados para o sucesso de um novo empreendimento. A cada obra a
executar, pessoas, equipamentos, máquinas e materiais precisam ser deslocados.

Dependendo da dimensão do projeto, o tempo de construção pode ser longo, medido em anos.
Assista ao vídeo e confira por onde iniciar e como definir o leiaute de um canteiro de obras!

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Exercícios

1) Em um canteiro de obras:

A) São permitidas a entrada e a permanência de trabalhadores que não sejam compatíveis com a
fase da obra.

B) É permitida a entrada rápida de trabalhadores que não estejam assegurados.

C) São proibidas a entrada e a permanência de quaisquer trabalhadores, independentemente da


fase da obra.

D) É proibida a entrada de trabalhadores que não estejam assegurados, mas é permitida a


permanência de trabalhadores que não sejam compatíveis com a fase da obra.

E) São proibidas a entrada e a permanência de trabalhadores que não estejam assegurados e que
não sejam compatíveis com a fase da obra.

2) Os canteiros de obras devem dispor obrigatoriamente de:

A) Instalações sanitárias.

B) Sala de jogos.

C) Lavanderia.

D) Ambulatório.

E) Alojamento.

3) A instalação de tapumes é obrigatória em atividades de construção, para impedir o acesso de


pessoas estranhas ao serviço. Sobre a instalação de tapumes e serviços decorrentes:

A) Os tapumes devem ter altura mínima de 2,2 m em relação ao nível do terreno.

B) Em edifícios com mais de dois pavimentos, é facultativa a construção de galerias para o


tráfego de pedestres sobre o passeio.
C) As bordas da galeria para pedestres devem possuir tapumes com altura mínima de 2,0 m e
inclinação de 45°.

D) Não é obrigatória a instalação de tapume em todo o perímetro da obra, apenas na testada do


lote.

E) As galerias para o tráfego de pedestres devem ter altura livre mínima de 2,5 m.

4) Em um canteiro de obras, são elementos ligados à produção e ao apoio administrativo,


respectivamente:

A) A manutenção de equipamentos e a garagem de veículos pesados.

B) A central de concreto e a manutenção de equipamentos.

C) A central de concreto e o escritório técnico.

D) A sala de treinamento e a central de produção de fôrmas.

E) A área de lazer de operários e a central de pré-moldados.

5) Precisa-se produzir 600.000 m3 de concreto para a construção de uma barragem no prazo


de 3 (três) anos. Para isso, as centrais de concreto deverão produzir durante 2.676,63 h/ano.
A alternativa que especifica a capacidade da central de concreto que deverá ser utilizada na
obra é (caso não encontre valor igual à capacidade disponível no mercado, considere a de
valor imediatamente superior):

A) 45 m3/h.

B) 30 m3/h.

C) 130 m3/h.

D) 100 m3/h.

E) 80 m3/h.
Na prática
O canteiro de obras tem dimensões variáveis em função do porte da obra e do espaço disponível
para instalação. Nos centros urbanos, os estabelecimentos comerciais próximos geralmente são
utilizados como ponto de apoio, fornecendo alimentação e até sanitários. Mas isso somente
funciona para uma pequena quantidade de funcionários e por um curto período de tempo.
Geralmente, é recomendável que sejam feitas as instalações provisórias.

O canteiro de obras deve ser projetado com a finalidade de atender às necessidades inerentes à
edificação e aos trabalhadores. Ele deve ser dividido em setores. Mas quais são as condições
mínimas necessárias para que uma equipe possa realizar as suas atividades diariamente?

Hoje existem normas e leis que regulamentam as instalações provisórias - da ABNT (NB 1367 e
NBR 12284) e do Ministério do Trabalho (NR 18) -, bem como balizam o projeto e o
dimensionamento dos canteiros de obras.

A figura apresenta um exemplo de dimensionamento dos sanitários conforme a NR 18.


Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

NR 18

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Fases de uma obra

Apresentação
Como a indústria da construção civil se adapta às necessidades de moradia, trabalho e
desenvolvimento do sujeito moderno? Ela utiliza um conjunto de atividades que visa à realização de
obras de acordo com essas necessidades, adaptando-se aos recursos naturais e às tecnologias
disponíveis.

Atualmente, para construir (ou reformar) é fundamental o conhecimento de todas as etapas de uma
obra, desde a contratação dos projetos arquitetônicos até a limpeza final. Assim, uma construção é
comumente dividida em três grandes fases: trabalhos preliminares, execução e acabamento,
podendo essas ser subdivididas em mais de vinte e sete etapas distintas, dependendo da natureza
dos materiais empregados e da finalidade da obra.

Pensando na sustentabilidade, o pós-obra se impõe, e há quem divida as construções em:


planejamento (o que, por que e como fazer), produção (quando e com o que fazer), funcionamento
e manutenção (operação e uso do produto final).

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Relacionar as etapas de projeto e execução de uma obra.


• Identificar a estrutura de um memorial descritivo.
• Expressar itens básicos de orçamentação de obras civis.
Infográfico
Você sabia que todas as obras envolvem três grandes fases? Independentemente do projeto
concebido e das técnicas construtivas escolhidas, desde sua idealização até a “chave na mão”, as
fases são: (1) trabalhos preliminares (planejamento e projeto), (2) trabalhos de execução e (3)
trabalhos de acabamento. Confira no Infográfico!
Conteúdo do livro
A hora de projetar é a fase em que os desejos do cliente/consumidor precisam ser totalmente
atendidos, por isso constitui-se na etapa mais importante, na qual também se garante a
especificação dos produtos e se escolhe as técnicas construtivas que serão aplicados na obra nas
fases seguintes.

Leia os tópicos do capítulo Fases de uma obra. Inicie seus estudos no tópico Fases de uma obra
seguindo até Trabalhos de acabamento.

Boa leitura.
CONSTRUÇÃO
CIVIL

André Luís Abitante


Fases de uma obra
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Relacionar as etapas de projeto e execução de uma obra.


 Construir cronogramas físico-financeiros.
 Expressar itens básicos de orçamentação de obras civis.

Introdução
A indústria da construção civil usa um conjunto de atividades que visa a
realização de obras de acordo com as necessidades de moradia, trabalho
e desenvolvimento do homem moderno, utilizando ou adaptando-se
aos recursos naturais e tecnologias disponíveis.
Nos dias de hoje, para construir (ou reformar) é fundamental que
o profissional responsável pela obra conheça todas as etapas para sua
execução, desde a contratação dos projetos arquitetônicos até a limpeza
final. Assim, uma construção é comumente dividida em três grandes
fases: trabalhos preliminares, execução e acabamento; podendo estas ser
subdivididas em mais de 27 etapas distintas, dependendo da natureza
dos materiais empregados e a finalidade da obra.
Pensando na sustentabilidade, o pós-obra impõe-se, e há profissionais
que dividem as construções em: planejamento (o quê, por quê e como
fazer), produção (quando e com o quê fazer), funcionamento e manu-
tenção (operação e uso do produto final).

Fases de uma obra


A classificação geral das construções pode ser dividida quanto à natureza dos
materiais e/ou quanto à finalidade da obra.
28 Construção civil

a) Quanto à natureza dos materiais:


■ Obras de alvenaria: são edificações normais de pequena altura:
pontes, túneis, muros de arrimo, barragens e canais.
■ Obras de madeira: casas provisórias, coberturas, estruturas para
telhados e pontes.
■ Obras de concreto: são aquelas nas quais se emprega o concreto como
único material: pontes, estruturas de edifícios, pistas de aeroportos.
■ Obras metálicas: estruturas de certos edifícios, pontes e estruturas
de telhados.
■ Obras mistas: quando se utiliza mais de um dos materiais já citados.
■ Obras de terra: túneis subterrâneos, estradas, barragens, terrapla-
nagem, poços, cavas e galerias de minas.

A natureza dos materiais empregados, aliado às técnicas construtivas,


podem ainda subdividir as obras em:
Artesanais: utiliza métodos e processos empíricos e intuitivos. Comum
nas construções rurais, com técnicas e arquitetura nativas.
Tradicionais: impera nas áreas urbanas, utilizando métodos e processos
da construção civil normalizada.
Tradicionais evoluídas: aprimorada pela racionalização, padronização e
modulação, com maior grau de normalização.
Industrializadas: é o estágio mais avançado da “tradicional evoluída”,
caracteriza-se pela montagem de componentes pré-fabricados.

b) Quanto à finalidade da obra:


■ Residencial.
■ Comercial.
■ Mista.
■ Industrial.
■ Prestação de serviços.
■ Silos e armazéns.
■ Ginásios esportivos, auditórios.
■ Cinemas e teatros.
■ Templos e igrejas.
■ Hospitais.

Todo tipo de obra, independentemente da natureza dos materiais, técnicas


construtivas e finalidade, envolve as mesmas três grandes fases, desde sua
Fases de uma obra 29

idealização até a “chave em mãos”, sendo elas: (a) trabalhos preliminares (pla-
nejamento e projeto); (b) trabalhos de execução e (c) trabalhos de acabamento.
Estes trabalhos, por sua vez, podem ser subdivididos em até (ou mais de)
27 etapas: serviços técnicos e administrativos preliminares; limpeza do ter-
reno/ instalação e locação da obra; serviços em terra e rocha; infraestrutura;
supraestrutura; alvenaria; isolamento térmico e acústico; impermeabilização;
cobertura; esgotamento pluvial; instalações hidráulicas; esgoto sanitário;
aparelhos e metais sanitários; instalações elétricas; telefone externo/ interno;
antenas; instalações especiais; serralheria; marcenaria; revestimento de pare-
des; revestimento de pisos; ferragens; vidros; pintura; acabamento; paisagismo;
limpeza.

Estas 27 etapas (ou mais) fazem parte do conteúdo programático das disciplinas de
Construção Civil na maioria dos cursos de graduação em Engenharia Civil e Arquitetura.

Trabalhos preliminares
Esta é fase de definição de objetivos, elaboração dos estudos de viabilidade,
desenvolvimento dos projetos, estabelecimento das atividades necessárias ao
empreendimento, sua sequência, simultaneidade e/ou interdependência, com
o auxílio de técnicas de planejamento.

a) Programa de necessidades: condições econômicas e de real necessidade


do proprietário (quantidade de cômodos, garagens etc.);
b) Estudo e escolha do local da construção: inclui análise do Código
de Obras e Lei de Uso e Ocupação do Solo do município, para colher
informações sobre as possibilidades de construir determinado tipo de
estabelecimento (habitacional, comercial, etc.) no local escolhido. Pode
na prática envolver duas situações:
■ Escolher um terreno para um determinado projeto.
■ Escolher um projeto para um terreno já adquirido.
■ Check list para escolha de um bom terreno: condições e resistência
do solo (seco e que não exija solução cara para as fundações), recuo
30 Construção civil

de alinhamento e ajardinamento (dimensões de acordo com o que se


pretende construir), conformação topográfica (pouca ou nenhuma
exigência de movimento de terra), condições de abastecimento de
água e energia elétrica.
c) Elaboração do anteprojeto: tantos quantos forem necessários.
d) Estudo do projeto arquitetônico: altura, iluminação, ventilação e
comunicação.
e) Elaboração do projeto arquitetônico.
f) Projeto estrutural.
g) Projeto das instalações elétricas.
h) Projeto das instalações sanitárias.
i) Projeto das instalações hidráulicas.
j) Projeto das instalações mecânicas.
k) Projeto das instalações telefônicas.
l) Licenciamento da obra: Série de providências a serem tomadas antes
e durante a construção junto a órgãos públicos, como Prefeitura (Se-
cretarias de Urbanismo e Meio Ambiente), Concessionária de energia
elétrica, Companhia de água e esgotos, Corpo de bombeiros, CREA, etc.
m) Orçamento de custos.
n) Cronograma de execução.
o) Sondagem para as fundações: Pesquisa da qualidade e características
do solo, conhecimento da constituição de suas camadas e respectivas
profundidades, com vistas a aplicação e distribuição das cargas do
edifício a construir. Comumente entrega-se este serviço a uma empresa
especializada e acompanha-se os trabalhos com a orientação de um
engenheiro de estruturas. O serviço de SPT (Standard Penetration
Test) é a perfuração do solo por percussão e circulação de água, com
retirada de amostras de solo em uma pequena cápsula metálica. De
acordo com a quantidade de golpes necessários para a perfuração, feita
com a queda padronizada de um determinado peso sobre uma haste
metálica, estima-se a resistência das diferentes camadas de solo naquele
local (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, NBR
8036:1983).
p) Projeto das fundações.
q) Topografia e terraplanagem: conhecimento de perfis longitudinais e
transversais do terreno, para realização de movimento de terra, quando
necessário.
r) Instalação do canteiro de obras.
s) Locação da obra.
Fases de uma obra 31

Estudo dos projetos

Projeto é o conjunto de todos os elementos necessários à execução de uma obra.

Parte gráfica

Compõe-se de desenhos, através de projeções horizontais e verticais, obede-


cendo às escalas convenientes.

a) Projeto arquitetônico: as chamadas plantas, subdividem-se conforme


a seguir.
■ Planta de situação (escala usual 1:500): é a planta que estabelece
a posição em relação às divisas do terreno e ao alinhamento das
vias públicas. Nela devem constar nomes das ruas que compõem o
quarteirão, distância do terreno até a esquina mais próxima, orien-
tação solar, orientação magnética e dimensões. Por parte dos órgãos
competentes devem ser fornecidos: taxa de ocupação, índice de
aproveitamento, alinhamento, recuos, bem como outras informações
a respeito do terreno.
■ Planta de localização (escala usual 1:200): identifica a posição da obra
no terreno. Serve para implantar o projeto. Esta planta é enviada à
prefeitura a fim de receber aprovação. Posteriormente é encaminhada
à obra. Nela devem constar todas as cotas do terreno, atentando para
que não haja erros na soma.

As plantas de situação e localização são feitas, geralmente, na mesma prancha,


e no caso de uso de escalas maiores, pode-se fazer a situação e a localização num
mesmo desenho.
32 Construção civil

■ Plantas baixas (escala usual 1:50) : é a projeção horizontal da seção


reta, passando acima do peitoril das janelas, para que fiquem repre-
sentados todos os vãos. Os vãos situados acima deste plano deverão
ser representados por linha tracejada. Devem constar nesta planta:
nomes das peças e áreas em m2, espessura das paredes (internas e
externas), portas, janelas, janelas altas, largura e posição dos vãos,
aparelhos sanitários, canalizações, chaminés e revestimentos dos
pisos. Na mesma prancha devem constar detalhes de algum elemento
de difícil visualização, para clarear a sua execução, bem como todas
as cotas necessárias para que este objetivo seja alcançado. Em um
edifício cada pavimento deve ser representado por uma planta baixa,
a não ser em caso de haver pavimento tipo.
■ Planta do telhado (escala usual 1:200): representa o traçado das
linhas componentes do telhado e a projeção horizontal das formas
dos planos inclinados (águas). O sentido do caimento destas águas é
indicado por uma seta. Esta planta pode ser separada ou em conjunto
com a planta de localização.
b) Cortes ou seção transversal (escala usual 1:50): é a projeção vertical
obtida por planos verticais que interceptam as paredes, portas e janelas,
permitindo maiores informações para a execução da obra. São apre-
sentados no mínimo dois cortes. O primeiro, no sentido longitudinal
(maior dimensão da edificação), o outro no sentido transversal. Nestes
cortes são colocadas apenas as dimensões verticais (jamais as dimensões
horizontais). A fim de mostrar maior número de detalhes, os cortes
podem ser feitos mudando a direção do plano de seção, indicando a
troca de direção. São mostrados nos cortes: detalhamento do telhado,
alicerces, vergas, peitoril, detalhes dos banheiros, escadas e espessura
das lajes, revestimentos.

 Verga = distância da parte superior da janela até o forro.


 Peitoril = distância do piso até a parte inferior da janela.

c) Elevações ou Fachadas (escala usual 1:50 ou 1:100): são as proje-


ções verticais das fachadas ou faces externas dos edifícios. O ideal é
Fases de uma obra 33

representar as quatro fachadas (principalmente quando houver muitos


detalhes arquitetônicos a serem mostrados). As elevações não necessitam
de grandes detalhes, mas sim elementos importantes como o perfil
do terreno e dos telhados, disposições de portas e janelas, altura dos
pavimentos, corpos salientes que compõem a edificação e elementos
decorativos, mostrando como a obra deverá ficar após a sua conclusão.
d) Detalhes de Execução: são plantas de determinados detalhes da edifi-
cação de difícil visualização. São feitos em escala ampliada de acordo
com a necessidade (1:20, 1:25). Exemplo: detalhe de esquadrias, detalhe
de escadas, detalhe de obras especiais, como: churrasqueiras, chaminés,
dutos, platibandas, encaixes etc.

Parte escrita

A parte escrita é a complementação da parte gráfica. Consta de Memorial


Descritivo, Especificações Técnicas, Caderno de Encargos, Orçamento e
Cronograma.

a) Memorial Descritivo: é um memorial resumido dos fins a que se destina


a obra, bem como cálculos e dados essenciais a uma boa construção. Eis
alguns itens importantes que devem constar no Memorial Descritivo:
■ Finalidade da obra.
■ Área do terreno.
■ Instalação da obra.
■ Número de pavimentos.
■ Tipos de pavimentos.
■ Tipo e estilo da obra.
■ Área de cada pavimento e compartimento.
■ Proprietário.
■ Projeto e execução.
■ Localização do terreno.
■ Descrição do projeto arquitetônico.
b) Especificações técnicas para materiais e serviços: definem a maneira
como será executado cada serviço e quais os materiais utilizados. São
levados em consideração:
■ Tipo de fundação e profundidade.
■ Alvenaria (tipo de tijolo ou bloco a ser utilizado, tipo de argamassa
e traço).
■ Cobertura do prédio (madeiramento e tipo de telha).
34 Construção civil

■ Forro (tipo de material utilizado – laje de concreto armado ou pré-


-laje, ou forro de madeira).
■ Revestimento de banheiros e cozinha (azulejos, cerâmicas, indicando
dimensões e altura do revestimento).
■ Revestimento das paredes de quartos e salas.
■ Pisos.
■ Lajes (pré-fabricadas ou moldadas no local).
■ Esquadrias de banheiros e dormitórios (tipo de madeira, aço e
alumínio).
■ Instalações hidráulicas.
■ Instalações elétricas.
■ Fechamento do terreno (muros ou grades, indicando sua altura).

Devem ser entregues, geralmente, três vias destas especificações à prefeitura.

c) Caderno de encargos: serve para várias obras de um determinado


padrão. É um documento no qual estão englobadas todas as condições
que deverão ser obedecidas na execução de uma obra, relativas a mate-
riais, mão de obra, e também as normas às quais as firmas empreiteiras
devem se sujeitar quando participam de uma concorrência.
d) Orçamento: tem por objetivo estudar um custo prévio para a obra,
sendo os principais tipos:
■ Orçamento sumário: é um orçamento rápido e abreviado, que dá
uma ideia do valor aproximado do custo da construção. Calcula-se
o custo da obra da seguinte maneira:

C = (A x P)
Onde:
A = área da obra (m2)
P = preço por m2, baseado no CUB.
CUB = Custo Unitário Básico da construção.
Pode ser usado ainda para avaliação de imóveis e taxações de impostos
prediais.
Fases de uma obra 35

■ Orçamento detalhado: é o método mais preciso para determinação do


custo da obra, considerando todos os gastos necessários, como por
exemplo: aquisição e administração dos materiais; salários (mão de
obra); impostos; taxas (água, luz, telefone); leis sociais (94 % sobre a
mão de obra); desgaste das ferramentas; lucros. Na elaboração deste
orçamento, devem-se atender os seguintes itens:
– Cálculo de detalhes métricos (este cálculo é baseado nos projetos).
– Cálculo dos preços unitários (custo dos elementos que entram
na composição de uma unidade de serviço, como por exemplo,
material e mão de obra).
– Operações aritméticas finais (são cálculos de volume, área ou
metro linear, partindo da medida de cada elemento que figura no
projeto).
e) Cronograma: o cronograma tem como objetivo principal o controle da
execução de uma obra, para que se tenha um maior rendimento com
uma maior perfeição. A execução pode ser controlada diariamente,
comparando-se o cronograma estimado com o executado, podendo-
-se verificar a diferença entre a previsão e a execução. O cronograma
permite:
■ Visualização do serviço em prazo pré-determinado.
■ Investigar causas nos atrasos de execução, tomando providências
adequadas.
■ Prevenir a contratação de operários.
■ Prevenir a aquisição de equipamentos suplementares.

Pode-se elaborar três tipos de cronogramas:

 Físico: no qual é estabelecida a duração de cada etapa.


 Financeiro: no qual se estabelece o custo de cada etapa.
 Físico-financeiro: no qual se estabelece a duração e o custo de cada etapa.
36 Construção civil

MODELO DESCRITIVO PADRÃO

As especificações abaixo discriminadas serão as que determinarão os materiais a empregar


e regerão a execução dos principais serviços e acabamentos da obra supra.
0 – TERRENO:

1 – SERVIÇOS INICIAIS:

1.1 – Projeto

1.2 – Limpeza e instalação

1.3 – Movimento de terra

2 – FUNDAÇÕES:

2.1 – Alicerce

2.2 – Cinta

2.3 – Impermeabilizações

3 – PAREDES:

3.1 – Externas

3.2 – Internas

4 – ESTRUTURAS:

5 – COBERTURA:

5.1 – Estrutura

5.2 – Cobertura

6 – INSTALAÇÃO ELÉTRICA:

7 – INSTALAÇÕES HIDRO, SANITÁRIA E GÁS:

7.1 – Hidráulica

7.2 – Esgoto

7.3 – Aparelhos e metais

7.4 – Gás

Figura 1. Modelo de Memorial Descritivo.

(Continua)
Fases de uma obra 37

(Continuação)

8 – PAVIMENTOS:

8.1 – Contrapiso

8.2 – Salas e quartos

8.3 – Áreas de serviço, cozinha e banhos

9 – ESQUADRIAS:

9.1 – Externas

9.2 – Internas

9.3 – Ferragens

10 – REVESTIMENTOS:

10.1 – Externos

10.2 – Internos

11 – FORROS:

12 – VIDROS:

13 – PINTURA:

13.1 – Paredes

13.2 – Esquadrias

14 – COMPLEMENTAÇÕES E OUTROS:

15 – ADMINISTRAÇÃO:

Local e data: Proprietário: Resp. técnico0:

Figura 1. Modelo de Memorial Descritivo.


38 Construção civil

Quadro 1. Modelo de planilha orçamentária.

Orçamento padrão

Quantidade

Custo total
Unidade

unitário
Serviço

Custo

%
0. Terreno

1. Serviços iniciais

1.1. Projeto

1.2. Limpeza e instalação

1.3. Mov. Terra

1.4. SUBTOTAL

2. Fundações

2.1. Alicerces

2.2. Cinta

2.3. Impermeabilização

2.4. SUBTOTAL

3. Paredes

3.1. Externas

3.2. Internas

3.3. SUBTOTAL

4. Estrutura

5. Cobertura

5.1. Estrutura

5.2. Cobertura

5.3. SUBTOTAL

6. Instalação elétrica

7. Inst. H. S. e gás

(Continua)
Fases de uma obra 39

(Continuação)

Quadro 1. Modelo de planilha orçamentária.

Orçamento padrão

Quantidade

Custo total
Unidade

unitário
Serviço

Custo

%
7.1. Hidráulica

7.2. Esgoto

7.3. Apar. e metais

7.4. Gás

7.5. SUBTOTAL

8. Pavimentações

8.1. Contrapiso

8.2. Salas e quartos

8.3. A. S. Cozinha e banho

8.4. Outros

8.5. SUBTOTAL

9. Esquadrias

9.1. Externas

9.2. Internas

9.3. Ferragens

9.4. SUBTOTAL

10. Revestimentos

10.1. Emb. e reboco

10.2. Azulejos

10.3. Outros

10.4. SUBTOTAL

(Continua)
40 Construção civil

(Continuação)

Quadro 1. Modelo de planilha orçamentária.

Orçamento padrão

Quantidade

Custo total
Unidade

unitário
Serviço

Custo

%
11. Forros

12. Vidros

13. Pinturas

13.1. Paredes

13.2. Esquadrias

13.3. SUBTOTAL

14. Complementações

15. Administração

TOTAL GERAL

LOCAL E DATA: PROPRIETÁRIO: RESPONSÁVEL


TÉCNICO:
Fases de uma obra 41

Quadro 2. Modelo de cronograma físico-financeiro.

Cronograma padrão

Etapa 10
Etapa 1
Etapa 2
Etapa 4
Etapa 5
Etapa 6
Etapa 7
Etapa 8
Etapa 9
Serviço

TOTAL


0 Terreno R$ 0

1 Serviços R$ 1
iniciais
%

2 Fundações R$ 2

3 Paredes R$ 3

4 Estrutura R$ 4

5 Cobertura R$ 5

6 Instalação R$ 6
elétrica
%

7 Instalações R$ 7
hidrossanitária
%
e gás

8 Pavimentação R$ 8

9 Esquadrias R$ 9

10 Revestimentos R$ 10

(Continua)
42 Construção civil

(Continuação)

Quadro 2. Modelo de cronograma físico-financeiro.

Cronograma padrão

Etapa 10
Etapa 1
Etapa 2
Etapa 4
Etapa 5
Etapa 6
Etapa 7
Etapa 8
Etapa 9
Serviço

TOTAL


11 Forros R$ 11

12 Vidros R$ 12

13 Pinturas R$ 13

14 Comple- R$ 14
mentações
%

15 Administração R$ 15

16 TOTAIS R$ 16

Trabalhos de execução
Trabalho de execução é a construção propriamente dita, o andamento dos
processos com auxílio da técnica construtiva e apoio de um sistema de su-
primento. Inclui:

 Previsão das necessidades e distribuição de recursos (financeiros, ma-


teriais, mão de obra, equipamentos) – cronograma físico/financeiro.
 Plano financeiro (desembolso), plano de compras, plano de abastecimento.
 Layout do canteiro de obras: arranjo físico de postos de trabalho, ma-
quinas e equipamentos, depósitos, alojamentos, escritório da obra.
Fases de uma obra 43

 Detalhamento dos processos construtivos, com projeto de construções


auxiliares (técnica construtiva).
 Elaboração de sistemas de controle.
 Abertura de valas para as fundações.
 Execução das fundações.
 Execução da estrutura de concreto armado.
 Execução das obras de alvenaria.
 Execução da cobertura.
 Execução das tubulações elétricas e telefônicas.
 Execução da rede de esgoto etc.

Trabalhos de acabamento
Finalização da obra propriamente dita:

 Salpique.
 Revestimento (reboco e emboço).
 Revestimentos especiais: pastilhas, mármore e azulejos.
 Colocação dos marcos.
 Colocação das esquadrias.
 Colocação dos vidros (quando o piso for de madeira).
 Colocação dos pisos.
 Execução da fiação e colocação de aparelhos.
 Pintura.
 Metais e aparelhos sanitários.
 Arremates.
 Limpeza.
 Habite-se.
44 Construção civil

Referência

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT NBR 8036:1983. Programação de


sondagens de simples reconhecimento dos solos para fundações de edifícios –
Procedimento. Rio de Janeiro, 1983.

Leituras recomendadas
ALBUQUERQUE, A. Construções civis. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1957.
BAUD, G. Manual de pequenas construções. [S.l.]: Hemus, 2002.
BORGES, A. C. Prática das pequenas construções. 8. ed. São Paulo: Edgard Blücher, 2000. v. I
e II.
CARDÃO, C. Técnica da construção civil. 8. ed. Belo Horizonte: Engenharia e Arquitetura, 1988. v. I
e II.
CARICCHIO, L. M. Construção civil. Rio de Janeiro: Gráfica Olímpia, 1955.
PIANCA, J. B. Manual do construtor. 15. ed. Porto Alegre: Globo, 1978.
Dica do professor

Você sabia que a fase de projeto determina todas as fases seguintes de uma obra? Por exemplo, a
escolha por uma obra em alvenaria estrutural pode baratear e até acelerar a execução de uma
construção civil.

Essa técnica construtiva faz com que, na fase da execução propriamente dita, como seu próprio
nome já diz, os serviços de supraestrutura (pilares e vigas) e vedação (paredes) sejam unificados, ou
seja, que o levantamento das alvenarias englobe essas duas fases. Assista ao vídeo e confira o
mínimo e o máximo de fases que uma obra civil pode conter!

Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Exercícios

1) O memorial descritivo de um projeto paisagístico, obrigatoriamente, deverá conter:

A) Relação do número de funcionários que irá trabalhar em cada etapa da obra, inclusive do
setor administrativo.

B) Relatório dos órgãos fiscalizadores, a ser anexado ao projeto paisagístico.

C) Descrição da forma de pagamento de todas as obras que serão efetuadas.

D) Relação contendo, pelo menos, três empresas que fornecerão as mudas e sementes.

E) Descrição da forma de ocupação do terreno.

2) Em relação à parte gráfica de um projeto, a Planta de Locação/Localização serve,


comumente:

A) Como ponto de partida para a marcação da construção no terreno.

B) Para estabelecer a posição em relação às divisas do terreno e ao alinhamento das vias


públicas.

C) Como projeção vertical, obtida por planos verticais que interceptam as paredes, portas e
janelas, fornecendo maiores informações para a execução da obra.

D) Como projeções verticais das fachadas ou faces externas dos edifícios.

E) Como projeção horizontal da seção reta, passando acima do peitoril das janelas, para que
fiquem representados todos os vãos.

3) Ao documento em que se registram, pela ordem de sucessão em que são executados, os


serviços necessários à realização da construção e os respectivos prazos, dá-se o nome de:

A) Diário de obra.

B) Cronograma físico-financeiro.

C) Gráfico de Gantt.
D) Planejamento.

E) Cronograma físico.

4) A camada de argamassa executada sobre uma base, que pode ser a parte de baixo de uma
laje de piso pré-fabricada ou uma parede, é denominada:

A) Acabamento.

B) Contrapiso.

C) Fundação.

D) Pavimento.

E) Concreto.

5) Em relação aos conceitos envolvidos na elaboração de um orçamento de obras, assinale a


alternativa correta.

A) Custos diretos são aqueles em que é necessário estipular um fator de rateio para que sejam
apropriados aos serviços.

B) Devem ser incluídas no título "desmobilização" de um orçamento as despesas com locação,


fechamento, tapumes, demolições e relocações.

C) A administração do canteiro de obras e as despesas decorrentes da administração da empresa


fazem parte dos custos diretos de uma obra.

D) Como regra, orçam-se os preços na construção civil por serviço, determinando-os segundo a
produção de composições unitárias.

E) Em um solo, caso seja necessário escavar 1 m3 do terreno, deve-se orçar, no item referente à
escavação do material, o valor 1,4 m3.
Na prática
Uma obra convencional, de acordo com as tradições da construção civil brasileira, envolve
geralmente 27 etapas:

A industrialização da construção civil fornece atualmente algumas variantes em relação às técnicas


convencionais, buscando otimizar o seu processo produtivo e visando ao aumento da produtividade
por meio da racionalização:

▪ de recursos humanos;
▪ de materiais;
▪ de etapas e tempo para a realização de suas atividades;
▪ da padronização de projetos;
▪ do uso de novas tecnologias;
▪ de implantações de programas de qualidade.

As etapas de uma obra, nos dias de hoje, estão intimamente ligadas à fase de projeto, ou melhor, à
mecanização e à automação dos processos construtivos e ao nível de pré-fabricação a ser utilizado.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Fases de uma obra pública

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Fases de uma obra de pavimentação

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Reduzir o tempo de execução da sua obra

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Concreto: características fundamentais

Apresentação
O concreto é um material amplamente disseminado por todo o mundo, podendo ser utilizado em
construções residenciais, comerciais, rodovias, pontes, usinas hidrelétricas, obras de saneamento,
etc. De modo geral, pode-se dizer que o concreto surge logo após o descobrimento do cimento
Portland, fazendo parte das grandes construções egípcias. Como exemplos de utilização desta
mistura, é possível citar obras históricas como o Panteão, em Atenas e o Coliseu, em Roma.
Atualmente, o seu consumo pode atingir, em determinados anos, o total de 11 bilhões de toneladas
ou um montante de aproximadamente 1,9 toneladas por habitante por ano, resultando em um valor
inferior apenas ao do consumo de água. No Brasil, são produzidos em torno de 30 milhões de
metros cúbicos de concreto nas centrais dosadoras localizadas por todo o país, confirmando, assim,
a importância desse material para o setor da construção civil.

Nesta Unidade de Aprendizagem, você estudará esse interessante e versátil material, assim como
as suas características e os principais tipos, iniciando com conceitos gerais de dosagem da mistura,
os quais resultam na especificação dos traços de concreto, até os conceitos mais detalhados de
fator água/cimento, agregados, adições e aditivos, além da própria água de amassamento da
mistura.

Bons estudos.

Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

• Caracterizar o concreto, os tipos e a importância dos agregados.


• Identificar noções de traço e fator água/cimento, ligados à resistência final.
• Comparar adições, aditivos e água de amassamento e suas influências no produto final.
Desafio
O concreto convencional, o qual pode ser misturado nas obras por meio de betoneiras ou em
centrais de dosagem, apresenta razoável resistência à compressão, normalmente entre 20 e 40
MPa, além de uma reduzida resistência à tração, normalmente próxima de 10% de sua resistência à
compressão. Atualmente, podem ser produzidos concretos com resistências muito altas, acima de
50 MPa (FUSCO, 2008).
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O volume de concreto a ser produzido é de 50,0m3 para a execução da estrutura demandada.

Responda:

a) Qual a quantidade de material que deve ser comprado?

b) Qual é o volume de concreto que poderá ser executado caso a betoneira tenha capacidade para
3 sacos de cimento?

c) Considerando a capacidade da betoneira para 1 saco de cimento, quantas betonadas são


necessárias para produzir 1m3 de concreto?
Infográfico
O concreto bombeável é amplamente utilizado para auxiliar no processo de concretagem de
estruturas, principalmente de vigas e lajes, nas quais o transporte manual torna-se, em muitos
casos, mais oneroso.
Atualmente, o sistema de bombeamento pode atender alturas elevadas, de até 200m, o que
equivale a um edifício de 70 andares.
Porém, para que isso ocorra, é necessário selecionar equipamentos adequados, além de fazer a
dosagem correta do concreto para evitar problemas.

Neste Infográfico, você vai ler sobre concreto bombeável a alturas elevadas, assim como as suas
definições e propriedades.
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Conteúdo do livro
O concreto é um dos materiais mais utilizados em todo o mundo, portanto, conhecer os materiais
que fazem parte de sua composição, assim como algumas características físicas, químicas e
mecânicas desse composto torna-se importante. O interesse no concreto é cada vez maior devido à
sua grande versatilidade para aplicação na construção civil.

No capítulo Concreto: características fundamentais, do livro Materiais da construção, base teórica


desta Unidade de Aprendizagem, você vai estudar as características dos concretos e seus principais
tipos, quando serão apresentadas noções de dosagem de misturas que resultam nas determinações
dos traços de concreto.

Boa leitura.
MATERIAIS DA
CONSTRUÇÃO

Hudson Goto
Concreto: características
fundamentais
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

„„ Caracterizar o concreto, os tipos e a importância dos agregados.


„„ Identificar noções de traço e fator água/cimento, ligados à resistência
final.
„„ Comparar adições, aditivos e água de amassamento, suas influências
no produto final.

Introdução
Neste capítulo, você estudará as características dos concretos e seus prin-
cipais tipos, quando serão apresentadas noções de dosagem de misturas
que resultam nas determinações dos traços de concreto. Buscando apro-
fundar mais o conhecimento, serão detalhadas algumas características
e componentes, como o fator água/cimento, os agregados, as adições e
aditivos, e a água de amassamento utilizados nessa mistura.
O concreto é um dos materiais mais empregados na construção civil
ao redor do mundo, principalmente por sua resistência no estado endu-
recido e sua acomodação às mais diversas formas no estado fresco. Nesse
sentido, há um interesse cada vez maior no estudo e desenvolvimento
dos seus materiais constituintes e na melhoria dos processos produtivos,
buscando um produto final uniforme, com desempenhos e durabilidade
de acordo com as necessidades dos usuários.
Assim, estudar cada componente do concreto, procurando enten-
der a sua função e a forma de interação com os demais componentes,
compreende a base para a especificação adequada dos materiais e do
produto final a ser empregado nas obras do setor da construção civil,
evitando desperdícios, retrabalhos ou até mesmo acidentes.
2 Concreto: características fundamentais

Caracterização do concreto, tipos e agregados


O concreto é um material composto, heterogêneo e isotrópico, que consiste
essencialmente em um meio de ligação no qual se incorporam partículas ou
agregados. Em concretos de cimento hidráulico, o aglomerante é formado
a partir da mistura do cimento com a água (MEHTA; MONTEIRO, 2014).
Para um melhor entendimento, pode-se nomear as misturas dos componentes
conforme a seguinte divisão:

„„ pasta de cimento — mistura de cimento e água;


„„ argamassa — mistura de cimento, água e agregado miúdo (p. ex., areia);
„„ concreto simples (ou convencional) — mistura de cimento, água, agre-
gado miúdo e agregado graúdo (p. ex., pedra britada).

Outros elementos também podem ser incluídos na mistura do concreto,


como o ar incorporado, o ar aprisionado, as adições, os aditivos, os pigmentos
e as fibras (TUTIKIAN; HELENE, 2011).
O concreto convencional, que pode ser misturado nas obras por meio de
betoneiras ou em centrais de dosagem, apresenta razoável resistência à com-
pressão, normalmente entre 20 e 40 MPa, e uma reduzida resistência à tração,
normalmente próximo de 10% de sua resistência à compressão. Atualmente,
podem ser produzidos concretos com resistências muito altas, acima de 50 MPa
(FUSCO, 2008).
De acordo com Mehta e Monteiro (2014), pode-se classificar o concreto
em três amplas categorias segundo a sua unidade de peso:

„„ concreto de peso normal — composto de areia natural e cascalho ou


agregados britados, geralmente com peso aproximado de 2.400 kg/m3,
sendo o mais utilizado para finalidades estruturais;
„„ concreto leve — para situações nas quais se deseja uma taxa de resis-
tência por peso, utilizando-se agregados naturais ou agregados com
baixa densidade na massa de concreto. Em geral, apresenta peso abaixo
de 1.800 kg/m3;
„„ concreto pesado — utilizado para anteparos radioativos, é um concreto
produzido a partir de agregados de alta densidade e geralmente pesa
mais de 3.200 kg/m3.
Concreto: características fundamentais 3

Para distinguir as propriedades da microestrutura, Mehta e Monteiro (2014)


também comentam que o concreto pode ser classificado em três categorias,
com base na capacidade de resistência à compressão:

„„ concreto de baixa resistência — menos de 20 MPa;


„„ concreto de resistência moderada — entre 20 e 40 MPa;
„„ concreto de alta resistência — mais de 40 MPa

Considerando as inovações recentes no campo do concreto, pode-se citar


os concretos especiais, cuja estrutura ou material apresenta certas alterações,
com o objetivo de melhorar algumas propriedades específicas. Em geral,
pela maior complexidade para atingir tal característica, esses concretos são
preferencialmente misturados em centrais de dosagem, com maior controle
dos materiais, normalmente medidos em massa.

a) Concreto com agregados reciclados


Surge em decorrência de restrições de extração ou problemas com a des-
tinação de resíduos de demolição de construções e resíduos domésticos, que
acabam afetando a obtenção convencional dos agregados. Esses resíduos
podem ser transformados em agregados para uso no concreto, sendo de grande
interesse econômico e ambiental. Para a reutilização dos agregados, deve-se
efetuar um adequado tratamento, e o agregado proveniente de demolição
requer conhecimento especializado, pois pode conter substâncias deletérias
(NEVILLE; BROOKS, 2013).

b) Concreto reforçado com fibras


Pode ser definido como o concreto produzido com cimento, contendo
agregados miúdos ou miúdos e graúdos, com a adição de fibras descontínuas
discretas. Essas fibras podem ser de material natural (asbesto, sisal, celulose,
etc.) ou industrializadas (vidro, aço, carbono, polímeros, etc.). O reforço com
fibras melhora a resistência ao impacto e a resistência à fadiga, reduzindo
também a retração hidráulica. Em geral, a quantidade de fibras é pequena,
entre 1 e 5% em volume, e, para que tenham comportamento como reforço
(armaduras), a resistência a tração, o alongamento na ruptura e o módulo
de elasticidade das fibras devem ser significativamente maiores do que as
propriedades da matriz (NEVILLE; BROOKS, 2013).
4 Concreto: características fundamentais

c) Concreto de alta resistência inicial (CAR)


Compreende um tipo de concreto que supera a resistência à compressão
de 50 MPa nas primeiras idades, ou seja, apresenta alta resistência inicial à
compressão. Para atingir essa resistência, o concreto deve ser compacto e
apresentar microfissuração reduzida (TUTIKIAN; HELENE, 2011). Esse
tipo é utilizado normalmente em situações que exigem maior velocidade de
execução, como na indústria de pré-moldados, em estruturas convencionais
ou protendidas, na fabricação de tubos e artefatos de concreto, etc.

O custo unitário do CAR, quando comparado ao do concreto convencional, é bastante


superior, pelo alto consumo de cimento, a incorporação de aditivo superplastificante,
a adição de sílica ativa, a necessidade do uso de agregados de alta qualidade e a maior
complexidade do seu uso. Contudo, a resistência superior do CAR leva a reduções do
consumo de concreto, do peso de aço, das solicitações nas fundações, nas áreas de
formas e de custos de manutenção da estrutura, o que pode compensar as diferenças
de custos unitários, viabilizando o uso do CAR na construção civil (FREITAS, 2005 apud
CAMPOS, 2015).

d) Concreto de alto desempenho (CAD)


Trata-se de um tipo de concreto que, além da alta resistência, tem como foco
a alta durabilidade (baixa permeabilidade). Pode-se considerar um concreto
de alto desempenho, em termos de resistência, como acima de 80 MPa. A
baixa relação água/cimento, em geral em torno de 0,25, chegando algumas
vezes a 0,20, compreende outro fator para que o seu alto desempenho. Desse
modo, é necessária a utilização de aditivos superplastificantes para atingir a
trabalhabilidade necessária. Apresenta como vantagem a redução da seção
de pilares ou da quantidade de armadura para uma mesma seção transversal
(NEVILLE; BROOKS, 2013).
Concreto: características fundamentais 5

e) Concreto autoadensável (CAA)


Caracteriza-se como uma mistura que expele o ar aprisionado sem a ne-
cessidade de vibração manual, fluindo por obstáculos, como as armaduras,
preenchendo as formas. O CAA é muito útil para peças estruturais com elevada
taxa de armadura, em qualquer forma de obstáculos, tanto em concreto pré-
-moldado quanto no moldado in loco, tendo como única limitação a necessidade
de uma superfície superior horizontal. Para ser classificada dessa forma, a
mistura deve apresentar fluidez e capacidade de passar entre armaduras de
pequeno espaçamento e resistir à segregação (NEVILLE; BROOKS, 2013).
Outros tipos, como os concretos com altos teores de adições e pozolanas, os
aparentes, os coloridos, brancos, duráveis e muitos outros ainda poderiam ser
citados. Em geral, há um grande número de concretos modificados atualmente.
Em relação aos agregados, como compõem mais da metade do volume
de concreto, sua qualidade tem de grande importância, pois podem limitar
a resistência, a durabilidade e o desempenho do concreto se apresentarem
propriedades indesejáveis.
Os agregados para o concreto simples podem ser divididos em graúdos e
miúdos, de acordo com a sua distribuição granulométrica.
Consideram-se agregados graúdos aqueles cuja maior parte das partículas
fica retida na peneira com abertura de malha de 4,75 mm (MEHTA; MON-
TEIRO, 2014; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,
2009). Como exemplo, pode-se citar o pedregulho natural ou a pedra britada
proveniente de processos de britagem de rochas estáveis. Já os agregados
miúdos são aqueles que passam na peneira de malha de 4,75 mm e ficam
retidos na peneira 75 μm (MEHTA; MONTEIRO, 2014; ASSOCIAÇÃO BRA-
SILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2009). Como exemplo, a areia natural
quartzosa ou a artificial, também obtida a partir de processos de britagem de
rochas estáveis. O diâmetro máximo de 4,75 mm é, na verdade, o diâmetro
característico superior do agregado, ou seja, pode ser ultrapassado por apenas
5% da quantidade considerada, em massa (FUSCO, 2008; ASSOCIAÇÃO
BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2009).
Em geral, as areias podem ser classificadas comercialmente conforme o
Quadro 1, com base na determinação do módulo de finura, que consiste na
soma dos percentuais acumulados, em massa, de todas as peneiras da série
normal, dividindo-se por 100 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS
TÉCNICAS, 2009). A nomenclatura utilizada pode variar de acordo com a
região considerada.
6 Concreto: características fundamentais

Quadro 1. Classificação da areia

Nomenclatura Módulo de finura (MF)

Areia grossa MF > 3,90

Areia média 2,40 < MF < 3,90

Areia fina MF < 2,40

Fonte: Adaptado de Fusco (2008).

Do mesmo modo, os agregados graúdos podem ser classificados comer-


cialmente pelas faixas de tamanho predominantes de seus grãos e diâmetros
característicos máximos, conforme o Quadro 2. Ressalta-se a necessidade
de sempre avaliar os diâmetros mais adequados para o método de mistura e
lançamento adotados para cada situação de concretagem.

Quadro 2. Classificação da brita

Diâmetro máximo
Nomenclatura Dimensões (mm) característico (mm)

Brita 0 4,8 a 9,5 9,5

Brita 1 9,5 a 19 19

Brita 2 19 a 25 25

Brita 3 25 a 50 50

Brita 4 50 a 76 76

Brita 5 76 a 100 100

Fonte: Adaptado de Fusco (2008).

Já a forma e a textura dos agregados são características importantes para


a produção de concretos com bom desempenho.
O arredondamento avalia a angulosidade das arestas ou dos cantos de uma
partícula ou agregado, podendo ser controlado pelas resistências mecânicas e
à abrasão da rocha matriz e pelo desgaste ao qual se submete a partícula. Uma
Concreto: características fundamentais 7

classificação geral de arredondamento pode ser verificada na norma britânica


BS 812:1:1975, citada por Neville (2017), conforme o Quadro 3.

Quadro 3. Classificação da forma das partículas

Classificação Descrição Exemplos

Arredondado Totalmente desgastado pela Seixo de rio ou de zona


ação da água ou totalmente litorânea; areias de deserto,
conformado por atrito de origem eólica e de
zona litorânea marítima

Irregular Naturalmente irregular ou Outros seixos, flint


parcialmente conformado
por atrito com arestas
arredondadas

Lamelar Espessura menor do que Rochas lamelares


as outras duas dimensões

Anguloso Arestas bem definidas Pedras britadas de todos os


na interseção de faces tipos, talus e escória britada
razoavelmente planas

Alongado Em geral, anguloso;


comprimento
consideravelmente
maior do que as outras
duas dimensões

Lamelar e Comprimento bem


alongado maior do que a largura
e largura bem maior
do que a espessura

Fonte: Adaptado de Neville (2017).

A forma dos agregados miúdos influencia as propriedades da mistura, pois


as partículas angulosas exigem maior quantidade de água para determinada
trabalhabilidade. Para os agregados graúdos, a forma equidimensional é a mais
desejável, pois agregados com diferenças significativas entre suas dimensões
resultam em superfícies específicas maiores, preenchendo os espaços entre
agregados de modo anisotrópico, o que reduz o desempenho do concreto
(NEVILLE, 2017).
8 Concreto: características fundamentais

Já a textura da superfície do agregado afeta a sua capacidade de aderir à


pasta de cimento, influenciando a demanda de água da mistura, principalmente
no caso dos agregados miúdos. A textura superficial dependerá da natureza,
das dimensões dos grãos e da porosidade da rocha matriz, bem como do grau
das forças atuantes sobre a superfície que a tenham alisado ou tornado ásperas
(NEVILLE, 2017).
Em princípio, a forma e a textura superficial dos agregados influenciam
significativamente na resistência do concreto, sendo a resistência à flexão mais
afetada do que a resistência à compressão, com efeitos mais significativos em
concretos de alta resistência (NEVILLE, 2017).

A aderência entre os agregados e a pasta de cimento é importante para a resistência


final do concreto, principalmente quanto à resistência à flexão. A aderência se dá,
em parte, pela capacidade rugosa da superfície dos agregados de proporcionar o
intertravamento com a pasta de cimento hidratada do concreto. Superfícies mais
rugosas resultarão em maior aderência pelo intertravamento mecânico (NEVILLE,
2017). Cuidado especial também deve ser dado para o recebimento de agregados
graúdos com sinais de sujeira ou poeira na superfície, pois esses elementos podem
evitar a aderência da pasta de cimento ao agregado.

Noções de traço e fator água/cimento


No estado endurecido, o concreto deve apresentar as propriedades especifi-
cadas pelo projetista estrutural, enquanto, no estado fresco, as propriedades
são determinadas pelo tipo de obra e pelas técnicas de execução, como trans-
porte, lançamento e adensamento, bem como pelas próprias características
geométricas da estrutura a ser concretada. Assim, com base nesses requisitos,
dimensiona-se a composição da mistura, ou estudo de dosagem, que resultará
na definição do seu traço.
A dosagem pode ser definida como o processo de seleção dos componentes
adequados e a determinação de suas proporções com a finalidade de produzir
um concreto econômico, com algumas propriedades mínimas, como traba-
lhabilidade, resistência e durabilidade (NEVILLE; BROOKS, 2013). Essas
Concreto: características fundamentais 9

proporções podem ser expressas em massa ou volume, sendo preferível a mais


rigorosa, expressa em massa seca dos materiais (TUTIKIAN; HELENE, 2011).
Portanto, como exemplos, são descritos os métodos de dosagem do Instituto
Brasileiro do Concreto (Ibracon) e do American Concrete Institute (ACI).
O método de dosagem do Ibracon pode ser classificado como teórico-
-experimental, em que uma parte é executada em laboratório, precedida por
uma parte analítica de cálculo, baseada em leis de comportamento dos con-
cretos. O parâmetro mais importante para o método é o fator a/c, sem exigir
conhecimentos prévios sobre o cimento, as adições ou os agregados. Em
geral, o método Ibracon considera que a melhor proporção entre os agrega-
dos é aquela que consome a menor quantidade de água para obter um dado
abatimento requerido, avaliando a interferência do aglomerante (cimento +
adições) na proporção total de materiais. Os limites de aplicação do método
são (TUTIKIAN; HELENE, 2011):

„„ resistência à compressão — 5 MPa ≤ fc ≤ 150 MPa;


„„ relação a/c — 0,15 ≤ a/c ≤ 1,50;
„„ abatimento — 0 mm ≤ abatimento ≤ autoadensável;
„„ dimensão máxima do agregado — 4,8 mm ≤ Dmáx ≤ 100 mm;
„„ teor de argamassa seca — 30% < α < 90 %;
„„ fator água/materiais secos — 5% < H < 12%;
„„ módulo de finura do agregado: qualquer um;
„„ distribuição granulométrica do agregado: qualquer uma;
„„ massa específica do concreto: > 1.500 kg/m3.

O método de dosagem do ACI considera tabelas e gráficos elaborados a


partir de valores médios de resultados experimentais, abrangendo uma classe
de resistência à compressão do concreto, aos 28 dias, entre 15 MPa e 40 MPa
e fatores a/c de 0,39 a 0,79. A consistência do concreto no estado fresco deve
estar entre 50 mm (plástica) e 150 mm (fluida) (TUTIKIAN; HELENE, 2011).
O objetivo principal do método consiste em fornecer um baixo teor de areia
para misturas plásticas, possibilitando ao operador identificar se a mistura
apresenta pouca ou muita argamassa, apenas visualmente. Caso seja necessário
corrigir o traço pelo baixo teor de argamassa, deve-se acrescentar mais areia à
mistura, mantendo-se constante o fator a/c. A desvantagem do método refere-se
ao fato de que os materiais são proporcionalizados a partir de valores tabelados,
que não abrangem todos os materiais existentes (TUTIKIAN; HELENE, 2011).
Resumidamente, pode-se relacionar alguns princípios da dosagem dos
concretos (TUTIKIAN; HELENE, 2011):
10 Concreto: características fundamentais

„„ a resistência à compressão de um concreto é explicada pela resistência


da pasta de cimento em 95% dos resultados ensaiados;
„„ a máxima resistência será, teoricamente, alcançada com uma pasta de
cimento simples;
„„ para cada dimensão máxima característica do agregado graúdo, há
um ponto ótimo de resistência do concreto, crescente com a redução
dessa dimensão;
„„ a resistência à compressão dos concretos depende essencialmente do
fator água/cimento (a/c);
„„ o concreto será mais econômico quanto maior a dimensão máxima
característica do agregado graúdo e quanto menor o seu abatimento.
Portanto, concretos de consistência seca, para uma mesma resistência,
são mais baratos que de consistência plástica ou fluida;
„„ a consistência do concreto fresco depende diretamente da quantidade
de água por m3;
„„ para determinadas resistência e consistência, há uma distribuição gra-
nulométrica ótima (relação entre agregados miúdos e graúdos), que
minimiza a quantidade de pasta.

Após a etapa de dosagem, define-se o traço unitário, a expressão das


quantidades relativas dos componentes do concreto, que pode ser executado
tanto em central de dosagem (concreto usinado) quanto na própria obra. O
traço unitário das proporções dos materiais, em massa, em relação à massa
de cimento (kg/kg) é assim expresso:
1:a:b:a/c
Em que:

„„ 1 = massa de cimento em relação à massa de cimento (Mc/Mc = 1);


„„ a = massa de areia em relação à massa de cimento (Ma/Mc = a);
„„ b = massa de brita em relação à massa de cimento (M b/Mc = b);
„„ a/c = massa de água em relação à massa de cimento (Mágua/Mc = a/c);

Por exemplo, se determinada mistura de concreto for composta de 1 saco


de cimento de 50 kg, 100 kg de areia, 200 kg de brita 1 e 25 kg de água, então
tem-se:
Concreto: características fundamentais 11

Traço unitário: 50/50:100/50:200/50:25/50 → 1:2:4:0,50


(cimento:areia:brita:água)

Quando o traço é executado na própria obra, normalmente não se medem


os materiais em massa, mas em volume, como os agregados e a água de
amassamento. Deve-se ressaltar que a mudança na forma de medição dos
materiais, de massa para volume, normalmente resulta na redução do controle
de qualidade da mistura.
Assim, pode-se citar o seguinte exemplo:

„„ traço unitário: 1:3:4:0,5 (cimento:areia:brita:água);


„„ massa específica do cimento: ρc = 3,14 kg/dm3;
„„ massa unitária da areia: ρa = 1,51 kg/dm3;
„„ massa específica da areia: γa = 2,63 kg/dm3;
„„ massa unitária da brita: ρb = 1,47 kg/dm3;
„„ massa específica da brita: γb = 2,75 kg/dm3;
„„ traço em massa para 1 saco de cimento de 50 kg: 50:150:200:25.

O traço em massa também pode ser expresso em função de 1 saco de


cimento de 50 kg e os demais materiais em volume, da seguinte maneira:

150 200 25
50: : : → 50 : 99,34 : 136,05 : 25
1,51 1,47 1

Para a dosagem dos materiais em obras de menor responsabilidade, pode-


-se adotar as padiolas, recipientes utilizados para a dosagem dos agregados
expressos em volume unitário produzidas em madeira, compensado ou aço.
Normalmente, são montadas para que consigam ser carregadas por dois operá-
rios ou sobre rodas. Como referência, pode-se adotar padiolas com dimensões
de base de (45 × 35) cm, e a altura dependerá do volume de cada agregado
(Figura 1).
12 Concreto: características fundamentais

h
35 cm

45 cm
Figura 1. Exemplo de padiola.
Fonte: Adaptada de Torres (2015).

Para facilitar o manuseio, pode-se considerar o peso máximo de uma padiola


de 70 kg, podendo variar conforme a disponibilidade da mão de obra. Logo,
do traço apresentado, têm-se o seguinte.

Para a areia

Vpadiola
„„ Vpadiola = 3,50 dm ∙ 4,50 dm ∙ H → H =
15,75 dm3

Vpadiola 99,34 dm3


„„ Padiola de areia: H = = = 6,31 dm = 63,1 cm
15,75 dm2 15,75 dm2

„„ Massa de areia/padiola:
kg
m = V ∙ ρa = (3,5 dm · 4,5 dm · 6,31 dm) · 1,51 = 150,07 kg
dm3

150,05 kg
„„ = 2,14 → 2,50 padiolas
70 kg

63,1 cm
„„ = 25,24 cm → 2,50 padiolas com 25,25 cm
2,50

Para a brita

Vpadiola 136,05 dm3


„„ Padiola de brita: H = = = 8,64 dm = 86,4 cm
15,75 dm 2
15,75 dm2
Concreto: características fundamentais 13

„„ Massa de areia/padiola:
kg
m = V · ρa = (3,5 dm · 4,5 dm · 8,64 dm) · 1,47 = 200,03 kg
dm3
200,03 kg
„„ = 2,85 → 3,00 padiolas
70 kg

86,4 cm
„„ = 28,80 cm → 3,00 padiolas com 28,80 cm
3,00

Dessa maneira, para utilização em obra, o traço pode ser expresso da


seguinte maneira:

„„ 1 saco de cimento;
„„ 2,5 padiolas de (35 × 45 × 25,25) cm de areia;
„„ 3 padiolas de (35 × 45 × 28,80) cm de brita;
„„ 25 litros de água.

O consumo de cimento pode ser assim calculado:


100
„„ Consumo cimento = (para 1 m3 ou 1.000 dm3
1 a b
+ + + a/c de concreto)
γc γa γb

1 3,0 4,0
„„ Consumo cimento = + +
3,14 kg/dm3 2,63 kg/dm3 2,75 kg/dm3= 292,94 kg/m .
3

Para ter acesso a exemplos de traços de concreto para obras de pequeno porte,
relacionados a suas respectivas resistências, acesse o link a seguir.

https://goo.gl/NHIzAs

Já o fator água/cimento influencia diretamente na porosidade capilar da


mistura, que, por sua vez, interfere na durabilidade e na resistência do concreto.
Os poros capilares, que formam uma rede de canais intercomunicantes por
toda a massa de concreto, decorrem da evaporação do excesso de água de
14 Concreto: características fundamentais

amassamento. Após o endurecimento, parte dessa água evapora, formando


uma rede de capilares com poros menores saturados de água e maiores com ar e
vapor em seu interior, dando origem a uma película de água adsorvida ao longo
das paredes. Assim, o volume de água em excesso dependerá principalmente
da relação água/cimento da mistura; em menor quantidade, pode-se formar
vazios resultantes da água aprisionada sob as grandes partículas de agregados
ou das armaduras (FUSCO, 2008; NEVILLE, 2017).
Cerca de 5% de vazios no concreto podem provocar uma redução de apro-
ximadamente 30% na resistência à compressão do concreto. Até mesmo 2%
de vazios podem resultar em uma diminuição de resistência superior a 10%.
Logo, sob o ponto de vista de trabalhabilidade, para determinado método de
adensamento, deve-se dimensionar um teor ótimo de água na mistura, de
modo que a soma dos volumes de bolhas de ar e espaços decorrentes da água
seja mínima. Maiores valores de massa específica relativa do concreto serão
obtidos no teor ótimo de água (Figura 2) (NEVILLE, 2017).

50 Concreto sem ar incorporado


Amostras: corpos de prova cilindricos
de 150 x 300 mm confeccionados com
cimento ASTM tipo 1 ou comum
40
Resistência à compressão (MPa)

30 28 dias

7 dias
20
3 dias

10
1 dia

0
0,35 0,4 0,45 0,5 0,55 0,6 0,65 0,7

Relação água/cimento

Figura 2. Influência da relação água/cimento na resistência à compressão do concreto.


Fonte: Mehta e Monteiro (2014).
Concreto: características fundamentais 15

A ausência de controle de água pode causar fissuras no concreto, pela retração hidráu-
lica que ocorre durante o endurecimento da estrutura. O excesso de água é um dos
catalisadores da retração. A falta de cura (procedimentos de proteção para minimizar a
perda de água) e a exposição excessiva ao sol ou calor também influenciam o fenômeno.

Adições, aditivos e água de amassamento


As adições minerais podem ser definidas como os materiais gerados prin-
cipalmente a partir de subprodutos industriais, adicionados aos materiais
cimentícios [p. ex., sílica ativa, cinzas volantes, escória granulada de alto
forno, metacaulim, etc. (ANDRADE, 2017)].
Sobre os possíveis efeitos das adições minerais, Andrade (2017) cita os
seguintes:

„„ auxiliam na retenção de água de amassamento, reduzindo a exsudação


e a segregação no estado fluido;
„„ reagem quimicamente como hidróxido de cálcio, produzindo silicato de
cálcio hidratado (C-S-H) adicional e aumentando a resistência mecânica
e durabilidade;
„„ atuam fisicamente, proporcionando o refinamento dos poros, também
contribuindo para o aumento da durabilidade.

No Quadro 4, é apresentada a classificação das adições minerais de acordo


com Mehta e Monteiro (2014).
16 Concreto: características fundamentais

Quadro 4. Classificação das adições minerais

Composição química
Classificação Características dos grãos
e mineralógica

Cimentantes e pozolânicas

Cinza volante Silicatos vítreos, Pó com 10% de partículas


com alto teor contendo basicamente maiores que 45 μm; superfície
de cálcio cálcio, alumínio e álcalis. específica de 30 a 40 m2/g
Pequena quantidade e textura lisa; partículas
de matéria cristalina, esféricas menores que
geralmente quartzo. 20 μm de diâmetro
Teor de carbono
inferior a 2%

Escória Silicatos vítreos, Quando não processado, tem


granulada de contendo a dimensão de um grão de
alto forno principalmente areia. Processado ou moído,
cálcio, magnésio, apresenta partículas menores
alumínio e sílica. Em que 45 μm, o que corresponde
pequenas quantidades a uma superfície específica
compostos de melilite de 50 m2/g. Textura rugosa

Pozolanas altamente reativas

Sílica ativa Sílica pura na forma Pó finíssimo de partículas


não cristalina esféricas sólidas de diâmetro
médio de 1 μm. Superfície
específica em torno de 20 m2/g

Cinza de Sílica pura não cristalina Partículas geralmente menores


casca de arroz que 45 μm. Altamente
queimada à celulares com superfície
temperatura específica de até 50 m2/g
controlada

Metacaulim Calcinação da caulinita Moída até atingir um


diâmetro médio de 1,5 μm

Pozolanas comuns

Cinza volante Silicatos vítreos Pó com partículas esféricas


com baixo teor contendo basicamente com diâmetro médio de 20
de cálcio ferro, alumínio e álcalis. μm. Superfície específica
Pequena quantidade de 20 a 30 m2/g
de quartzo, mulita,
hematita, magnetita
e silimanita

(Continua)
Concreto: características fundamentais 17

(Continuação)

Quadro 4. Classificação das adições minerais

Composição química
Classificação Características dos grãos
e mineralógica

Pozolanas comuns

Materiais naturais Aluminosilicatos, Partículas moídas, com


quartzo, feldspato, mica diâmetro abaixo de 45 μm.
Textura rugosa

Pozolanas pouco reativas

Escória Consistem basicamente Devem ser moídas para


granulada de silicatos cristalinos e que se obtenha um pó
de alto-forno pequena quantidade de fino e se desenvolva uma
resfriada matéria não cristalina atividade pozolânica
lentamente,
cinza de
grelha, cinza
de casca de
arroz queimada
em campo

Fonte: Adaptado de Mehta e Monteiro (2014).

Andrade (2017) ainda comenta que o uso de adições melhora certas carac-
terísticas do material, como a impermeabilidade, a diminuição da porosidade
capilar, a maior resistência a sulfatos e a redução do calor de hidratação.
A NBR 12.653 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS,
2015) cita que as pozolanas são um tipo de adição mineral que, por si só, tem
pouca ou nenhuma característica aglomerante, mas que, quando finamente
moída e na presença de água, reage quimicamente com o hidróxido de cálcio
do cimento para formar compostos com propriedades aglomerantes.
A sílica ativa é um tipo de pozolana resultante do processo de fabricação
de ferrosilício e silício-metálico em grandes fornos elétricos com temperaturas
acima de 2.000°C. O elevado teor de sílica em sua composição confere à sílica
ativa alta reatividade pozolânica, podendo contribuir na resistência e durabi-
lidade do concreto em substituição parcial ao cimento (ANDRADE, 2017).
Ainda segundo Andrade (2017), o metacaulim proporciona um efeito filler
(preenchimento) e de densificação da zona de transição pela elevada finura
desse material, podendo substituir parte do cimento Portland. Proporciona
18 Concreto: características fundamentais

melhorias também no estado fresco, como a maior coesão e a diminuição


da exsudação. No estado endurecido, aumenta a resistência e durabilidade.
Os aditivos, embora não sejam componentes essenciais da mistura do
concreto, têm se tornado cada vez mais importantes e difundidos. Em alguns
países, uma mistura sem aditivos é considerada quase uma exceção. Os aditivos
podem oferecer significativas vantagens físicas e econômicas ao concreto, como
a utilização desse material em situações em que antes existiam dificuldades
consideráveis ou mesmo insuperáveis, possibilitando, ainda, maior variedade
de componentes na mistura (NEVILLE, 2017).
O aditivo pode ser definido como um produto químico adicionado ao
concreto em casos especiais, em quantidades máximas de 5% em relação
à massa de cimento, durante a mistura do próprio concreto ou outra prévia,
complementar, com o objetivo de obter alguma alteração específica nas pro-
priedades normais da mistura. Os aditivos podem ser de composição orgânica
ou inorgânica (NEVILLE, 2017).
A norma norte-americana da American Society for Testing and Materials
(ASTM) C494-10 classifica os aditivos da seguinte forma (NEVILLE, 2017):

„„ tipo A – redutor de água;


„„ tipo B – retardador;
„„ tipo C – acelerador;
„„ tipo D – redutor de água e retardador;
„„ tipo E – redutor de água e acelerador;
„„ tipo F – redutor de água de elevado desempenho ou superplastificante;
„„ tipo G – redutor de água de elevado desempenho e retardador ou su-
perplastificante e retardador;
„„ tipo S – desempenho específico.

Em relação à forma de utilização, os aditivos podem ser empregados nos


estados sólido ou líquido (forma mais comum em razão da maior capacidade
de dispersão durante a mistura do concreto). Utilizam-se dosadores calibrados,
adicionando-se o aditivo à água de amassamento. A seguir, serão detalhados
alguns tipos de aditivos.
Os aditivos aceleradores têm a função de acelerar a resistência inicial
do concreto, ou seja, do seu tempo de pega e endurecimento. Esse tipo de
aditivo pode ser utilizado em concretos lançados a baixas temperaturas (entre
2 e 4°C), na produção de pré-moldados (quando há a necessidade de rápida
desforma) ou sem serviços urgentes de reparo. Sua utilização em temperaturas
Concreto: características fundamentais 19

elevadas pode causar o aumento da liberação de calor, resultando em fissuras


por retração (NEVILLE, 2017).
Os aditivos retardadores, ao contrário dos aceleradores, provocam um atraso
no tempo de pega da pasta de cimento, retardando também o endurecimento.
São úteis em concretagens em condições de altas temperaturas ambientais,
situações em que o tempo de pega normal é diminuído pela temperatura ele-
vada. Em geral, auxiliam nas etapas de transporte, lançamento e adensamento
do concreto, prolongando o tempo de uso da mistura. Também podem auxiliar
no caso de grandes concretagens com lançamentos contínuos, com retardo
controlado das várias camadas de lançamento, em vez de uma construção
segmentada, com juntas construtivas (NEVILLE, 2017).
Os aditivos redutores de água têm a função de reduzir o teor da água da
mistura, geralmente entre 5 a 10%, diminuindo, consequentemente, a relação
água/cimento para uma mesma trabalhabilidade. Eles podem melhorar as
propriedades do concreto no estado fresco quando produzidos com agregados
de má distribuição granulométrica. O concreto que contém o aditivo redutor de
água, em geral, apresenta baixa segregação e boa fluidez (NEVILLE, 2017).
Os aditivos superplastificantes também são aditivos redutores de água, mas
com ação significativamente maior, dando origem a concretos com valores
bastante baixos de relação água/cimento. As longas moléculas dos superplas-
tificantes envolvem as partículas de cimento, atribuindo-lhes cargas altamente
negativas, de modo que passam a se repelir. Isso resulta na defloculação e
na dispersão das partículas de cimento. Essa ação dispersante aumenta a
trabalhabilidade do concreto para um fator a/c predeterminado, podendo
alterar o abatimento de 75 para 200 mm, mantendo a mistura coesa. Também
podem agir elevando significativamente a resistência, pela redução no fator
a/c, mantendo uma trabalhabilidade normal (NEVILLE, 2017).
Em essência, a água de amassamento objetiva produzir uma mistura com
trabalhabilidade adequada, bem como hidratar o cimento ou parte dele, con-
forme visto anteriormente. A água estará envolvida em toda a vida útil do
concreto; excluindo-se as ações resultantes do carregamento, a maioria das
ações atuantes no concreto em serviço envolve a água, seja ela pura, seja
transportando sais e sólidos. A água de amassamento também atua nos se-
guintes aspectos e etapas: reações de pega e hidratação, exsudação, retração
por secagem, fluência, ingresso de sais, ruptura brusca de concretos de relação
a/c muito baixa, colmatação, manchamento superficial, ataque químico do
concreto, corrosão de armaduras, carbonatação, reação álcali-agregado, entre
outros (NEVILLE, 2017).
20 Concreto: características fundamentais

Em qualquer situação, deve-se sempre considerar o controle rigoroso da


composição química dos aditivos empregados para a obtenção de efeitos
específicos.
A água destinada ao amassamento do concreto deve ser isenta de impurezas
capazes de prejudicar o desempenho do concreto. De acordo com a NBR 6118
(ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 2014), águas potá-
veis são consideradas satisfatórias. Caso sejam utilizadas águas não potáveis,
deve-se realizar controles laboratoriais, para identificar o nível de matéria
orgânica, os resíduos sólidos existentes e os teores de sulfatos (normalmente
expressos em íons SO42–) e de cloretos (expressos em íons Cl–) (FUSCO, 2008).
Neville (2017) cita que águas com pH entre 6 e 8, ou até mesmo 9, que não
tenham sabor salobro, são adequadas para o uso, além do fato de que colora-
ções escuras ou mau cheiros não significam, necessariamente, a existência
de substâncias deletérias. O autor ainda comenta que uma maneira simples
de verificar se a água é adequada consiste em comparar o tempo de pega do
cimento e a resistência de cubos de argamassa utilizando a água em questão
com os resultados obtidos com águas reconhecidas como “boas” ou destiladas.
Uma tolerância de cerca de 10% é considerada satisfatória, tendo em vista as
variações aleatórias de resistência.
As águas naturais levemente ácidas são inofensivas, porém aquelas que
contêm ácidos húmicos ou orgânicos podem refletir negativamente no processo
de endurecimento do concreto. Essas águas, e as águas altamente alcalinas,
devem ser ensaiadas. Águas salobras, que contêm cloretos e sulfatos, quando
não excedem 500 ppm e 1.000 ppm de SO3, respectivamente, são consideradas
inofensivas. Águas com grandes quantidades de cloretos (como a água do
mar) tendem a gerar umidade constante e eflorescências, questão ainda mais
significativa quando da presença de armaduras no concreto, já que estes podem
induzir a corrosão das armaduras (NEVILLE, 2017).

ANDRADE, D. S. Microestrutura de pastas de cimento Portland com nanossílica coloidal e


adições minerais altamente reativas. 2017. 322 f. Tese (Doutorado em Estruturas e Cons-
trução Civil)– Faculdade de Tecnologia da Universidade de Brasília, Brasília, 2017. Dis-
ponível em: <http://repositorio.unb.br/handle/10482/31070>. Acesso em: 30 set. 2018.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: projeto de estruturas de
concreto: procedimento. Rio de Janeiro, 2014. 238 p.
Concreto: características fundamentais 21

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7211: agregados para concreto:


especificação. Rio de Janeiro, 2009. 9 p.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 12653: materiais pozolânicos:
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CAMPOS, H. F. Concreto de alta resistência utilizando pó de pedra como substituição parcial
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nharia de Construção Civil)– Universidade Federal do Paraná, Curitiba. 2015. Disponível
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FUSCO, P. B. Tecnologia do concreto estrutural: tópicos aplicados. São Paulo: Pini, 2008. 328 p.
MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: microestrutura, propriedades e materiais. 2.
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TORALLES, B. M. et al. Estudo comparativo de diferentes métodos de dosagem de
concretos convencionais. Revista de Engenharia e Tecnologia, Ponta Grossa, v. 10, n. 1,
p.184-198, 2018. Disponível em: <http://www.revistas2.uepg.br/index.php/ret/article/
view/11985>. Acesso em: 30 set. 2018.
Conteúdo:
Dica do professor
O emprego de agregados para a confecção de concretos é uma prática comum no setor
de construção civil, sendo considerado um dos insumos minerais mais consumidos no mundo. A sua
utilização tem influência nas propriedades do concreto e, sob o ponto de vista econômico, reduz
consideravelmente os custos de produção.
Para a construção de obras de grande porte, como barragens de concreto de usinas hidrelétricas, o
consumo de agregados é muito elevado, devido aos altos volumes de concreto empregados. Sendo
assim, por motivos logísticos e econômicos, a utilização de agregados selecionados provenientes de
locais afastados desses empreendimentos torna-se inviável, sendo a sua extração efetuada em
pedreiras localizadas próximas às obras. Na maioria dos casos, os agregados extraídos dessas
pedreiras são considerados adequados para a confecção de concretos; porém, a presença de certos
minerais em sua composição pode causar danos quando em contato com os produtos de hidratação
do cimento Portland. Os produtos das reações de oxidação da pirita reagem com os compósitos do
cimento Portland, dando origem ao ataque interno por sulfatos, causando a expansão e a fissuração
da pasta.

Nesta Dica do Professor, você vai saber mais sobre o uso de agregados contaminados.

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Exercícios

1) As estruturas em concreto de pontes devem apresentar elevada vida útil, muito maior que a
maioria das edificações convencionais. Nessas estruturas, além dos elevados carregamentos
do tráfego de veículos, a agressividade ambiental pode ser alta, exigindo, assim, a utilização
de concretos especiais com maior capacidade de redução na entrada de agentes agressivos
no interior da massa, devendo ainda apresentar manutenções menos frequentes, evitando
interdições constantes.

Assim, assinale a alternativa correta, a qual apresenta o tipo de concreto especial adequado
para a execução dessa estrutura.

A) CAA — concreto autoadensável.

B) CAD — concreto de alto desempenho.

C) CAR — concreto de alta resistência inicial.

D) Concreto com agregados reciclados.

E) Concreto convencional.

2) Imagine que você foi contratado para efetuar o controle tecnológico e a execução da
concretagem de um bloco de fundação de grandes dimensões de um edifício comercial, no
qual serão necessários diversos lançamentos de concreto. O concreto a utilizar é do tipo
convencional, não devendo ser executadas juntas de concretagem, ou seja, o bloco precisa
apresentar uniformidade total. Considere ainda que não são admitidas fissuras de retração
hidráulica superficiais, as quais poderiam facilitar o acesso de agentes agressivos presentes
no solo da fundação.

Diante disso, assinale a alternativa correta, a qual apresenta o tipo de aditivo para essa
situação.

A) Acelerador de pega.

B) Superplastificante.

C) Retardador de pega.

D) Redutor de água.
E) Redutor de água e acelerador.

3) As propriedades do concreto podem ser melhoradas em diversas etapas e materiais,


devendo-se analisar cada caso particularmente. Dessa forma, algumas opções são
disponibilizadas, como as adições e os aditivos.

Sobre esses materiais, assinale a alternativa correta.

A) As adições, misturadas ao cimento, podem auxiliar no aumento da resistência mecânica,


durabilidade e refinamento dos poros. Os aditivos, misturados ao concreto, podem acelerar
ou retardar as reações de pega da pasta de cimento

B) As adições, misturadas ao concreto, podem auxiliar no aumento da resistência mecânica,


durabilidade e refinamento dos poros. Os aditivos, misturados ao cimento, podem acelerar ou
retardar as reações de pega da pasta de cimento

C) As adições, misturadas ao concreto, podem auxiliar acelerar ou retardar as reações de pega da


pasta de cimento. Os aditivos, misturados ao cimento, podem aumentar a resistência
mecânica, durabilidade e refinamento dos poros

D) As adições e os aditivos, misturados ao cimento, podem aumentar a resistência mecânica,


durabilidade e refinamento dos poros

E) As adições e os aditivos, misturados ao concreto, podem acelerar ou retardar as reações de


pega da pasta de cimento

4) Os agregados empregados nas misturas de concreto desempenham um papel fundamental,


podendo afetar diversas propriedades e característica finais do concreto simples.

De acordo com a figura apresentada, assinale a alternativa que associa corretamente os tipos de
agregados indicados.
A) a: arredondado; b: anguloso; c: lamelar e alongado.

B) a: lamelar e alongado; b: lamelar e alongado; c: anguloso.

C) a: arredondado; b: anguloso; c: anguloso.

D) a: arredondado; b: lamelar e alongado; c: anguloso.

E) a: anguloso; b: lamelar e alongado; c: arredondado.

5) Os concretos convencionais devem ser dosados de modo a atingir as propriedades


especificadas no projeto estrutural no seu estado endurecido. Entre essas propriedades, uma
das principais é a resistência à compressão.

Sobre os fatores que explicam tal resistência, assinale a alternativa correta.

A) Quanto menor o fator a/c e menor a dimensão máxima característica do agregado graúdo,
maior será a resistência à compressão do concreto, sendo que a maior parte dos resultados é
explicado devido à resistência do agregado

B) Quanto maior o fator a/c e maior a dimensão máxima característica do agregado graúdo,
maior será a resistência à compressão do concreto, sendo que a maior parte dos resultados é
explicado devido à resistência do agregado.
C) Quanto maior o fator a/c e maior a dimensão máxima característica do agregado graúdo,
maior será a resistência à compressão do concreto, sendo que a maior parte dos resultados é
explicado devido à resistência da pasta de cimento.

D) Quanto menor o fator a/c e menor a dimensão máxima característica do agregado graúdo,
menor será a resistência à compressão do concreto, sendo que a maior parte dos resultados é
explicado devido à resistência do agregado.

E) Quanto menor o fator a/c e menor a dimensão máxima característica do agregado graúdo,
maior será a resistência à compressão do concreto, sendo que a maior parte dos resultados é
explicado devido à resistência da pasta de cimento.
Na prática
Os concretos especiais podem ser utilizados em situações nas quais há uma demanda exclusiva a
ser atendida, que dificilmente seria resolvida com os concretos convencionais. Assim, o concreto de
alto desempenho (CAD) surge como uma alternativa viável para situações como a construção do e-
Tower, na qual esse material permitiu a redução das seções dos pilares, aumentando o número de
vagas de estacionamento nos subsolos da edificação.

O edifício comercial com 162 metros de altura, proporcionou este desafio aos construtores,
consultores, calculistas e empreendedores, desenvolvendo um concreto colorido de alto
desempenho com resistência média de 125 MPa, levando o Brasil ao recorde mundial.
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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:

Contribuição aos métodos de dosagem de concreto de alta


resistência a partir do entendimento da influência dos
agregados na mistura
Leia o presente trabalho, o qual teve como objetivo contribuir com lacunas existentes nos métodos
de dosagem utilizados em concretos de alta resistência (CAR) no estado fresco e endurecido. Os
resultados finais demonstram que, experimentalmente, diferente dos concretos convencionais
produzidos com pastas pouco vistosas, para as pastas de elevada viscosidade utilizadas na
produção dos CARs, o empacotamento máximo não se constitui como a alternativa mais eficaz de
determinação do esqueleto granular em termos de custo.

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Redução do consumo de cimento Portland em concreto


convencional com o uso de aditivo superplastificante
Leia este artigo, o qual apresenta um estudo sobre a redução do consumo de cimento Portland por
meio do emprego de superplastificante, usando o método de dosagem ABCP/ACI, com posterior
avaliação dos custos dos concretos dosados. Os resultados mostraram que, a medida que o teor de
aditivo aumentou, o consumo de água e a relação a/c diminuiu, aumentando, consequentemente, a
resistência à compressão. Observou-se também que o menor consumo de cimento foi conseguido
com o maior teor de aditivo.

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Influência de agregados reciclados de construção nas
propriedades mecânicas do concreto
Buscando viabilizar a utilização de materiais reciclados, este artigo teve como objetivo analisar a
substituição de agregados graúdos naturais por agregados graúdos oriundos da reciclagem de
resíduos "cinzas" da construção, utilizando vários níveis de substituição dos agregados em traços de
concreto. Os agregados reciclados influenciaram em algumas propriedades do concreto no estado
fresco e endurecido, com destaque para a resistência à compressão e o módulo de elasticidade. O
trabalho demonstrou ainda ser possível substituir até 100% do agregado natural pelo agregado
reciclado sem prejuízo para a resistência mecânica.

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