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AULA 1-2: HUMANISMO MODERNO: História da Psicologia

RENASCIMENTO Professora Drª Rejane A. Ribeiro


S A N TI ( 1 9 98) - C A P, 2 A 6 07/03/2024
CONCEPÇÕES - VISÃO DE HOMEM, CONSTRUÇÃO DO EU

Idade Média (476 a 1453) ficou marcada pelo feudalismo e pela influência da
Igreja. Encerrou-se com a crise do século XIV (vários acontecimentos
catastróficos, ex. Peste Negra, fome e guerras) e a expansão marítima.

A Igreja Medieval teve importante papel na moral, na educação, na saúde e na


assistência social. Além dos papéis que tinha na sociedade, a Igreja Medieval
exercia grande poder espiritual, econômico e político.
CONCEPÇÕES - VISÃO DE HOMEM, CONSTRUÇÃO DO EU

O período do Renascimento foi o momento entre os séculos XIV e


XVI, passagem da Idade Média para a Moderna (1453-1789), em que se
organizou o desenvolvimento cultural, artístico, científico, político e a
mudança do pensamento europeu, tendo como base a retomada dos
conhecimentos clássicos, desenvolvidos e disseminados
por gregos e romanos.

O Renascimento representou uma importante mudança do


pensamento medieval, influenciado pela igreja e dogmas católicos. E a
partir do século XV, foi pouco a pouco dando lugar a crença na ciência e a
valorização da racionalidade humana acima dos dogmas religiosos.
CONCEPÇÕES - VISÃO DE HOMEM, CONSTRUÇÃO DO EU

O movimento (Renascimento) não quebra total e completamente com o


modelo de pensamento anterior, mas propõe uma gradual mudança na
forma de pensar e agir do homem moderno.
CONCEPÇÕES - VISÃO DE HOMEM, CONSTRUÇÃO DO EU

Final da idade média (Séc XV) Capítulo 2

- Tudo faz parte de um plano maior;

- Deus onisciente e onipresente (nunca estaríamos sozinhos. Nada poderia


ser mantida em segredo);
- As crenças de liberdade humana e privacidade são muito restritas;
- Se caracteriza por considerar o mundo organizado em torno de um centro.
Haveria uma ordem absoluta, representada por Deus e seus legítimos
representantes na terra: a bíblia e a igreja.

- Aqui Deus está no centro! Teocentrismo.


CONCEPÇÕES - VISÃO DE HOMEM, CONSTRUÇÃO DO EU

Final da idade média (Séc XV) Capítulo 2

Canto Gregoriano:
- canto em uníssono

- letra um texto sagrado


- linha melódica que não se repete, sem refrão ou passagens bruscas;

- linearidade... Ideia de conexão entre Deus e o homem.


CONCEPÇÕES - VISÃO DE HOMEM, CONSTRUÇÃO DO EU - FINAL DA IDADE MÉDIA (SÉC XV)
- Foco nos fazeres comunitários
- O corpo social representa a rigidez de um mundo hierarquizado por uma ordem superior, não cabe ao homem questioná-la. (p.18)

Deus / alma
Príncipe
Senado
Juízes e governadores das províncias
Oficiais financeiros e comerciantes
Oficiais e soldados
Camponeses
CONCEPÇÕES - VISÃO DE HOMEM, CONSTRUÇÃO DO EU

Final da idade média (Séc XV) - Capítulo 2

- Não faz sentido pensarmos que uma pessoa teria a liberdade de optar
pelos rumos de sua vida. O homem não seria, assim, prioritariamente
sujeito.

- Ser humano era um instrumento da criação divina


- Santo Agostino (séc IV e V) noção de interno/externo; espírito/matéria;
alto/ baixo; eterno/temporal;
CONCEPÇÕES - VISÃO DE HOMEM, CONSTRUÇÃO DO EU

A Passagem da Idade Média ao Renascimento (XV e XVI) – Cap. 2

“Nossa concepção atual do que seja o “eu” não era possível na Idade Média”

- Nasce o humanismo moderno – concepção de subjetividade privada (ideia


de liberdade do homem e de sua posição como centro do mundo.
Antropocentrismo
CONCEPÇÕES - VISÃO DE HOMEM, CONSTRUÇÃO DO EU

A Passagem da Idade Média ao Renascimento (XV e XVI) – Cap. 2

Problemas da convivência social:


- a imposição dos interesses pessoais sobre os coletivos,
- a insensibilidade ao que não nos diz respeito imediatamente;
- a solidão;
- a falta de um sentido para a vida;
- o desrespeito generalizado às leis;
- o crescimento de movimentos ideológicos ou religiosos dogmáticos e
violentos, caracterizados pela intolerância para com aquilo que é diferente de
si ou do grupo.
CONCEPÇÕES - VISÃO DE HOMEM, CONSTRUÇÃO DO EU

O Humanismo no Renascimento, século XV – Capítulo 3

Valorização do homem como um todo, de cada indivíduo e de que ele deve


se constituir enquanto humano

- Se o humano não nasce com seu destino predestinado, ele deve se formar,
educar. Nasce a necessidade do “cuidado de si”

- Mudanças no modo de vida das pessoas e a ideia que elas tinham de si


mesmas estão implicadas nas transformações políticas e econômicas.
(diminuição do poder da igreja, crise do sistema feudal, reforma protestante,
nascimento de cidades e rotas de comércio, a expansão marítima...)
CONCEPÇÕES - VISÃO DE HOMEM, CONSTRUÇÃO DO EU

O Humanismo no Renascimento, século XV – Capítulo 3

- Elemento principal do humanismo: Se o homem não pode mais cintar


com uma resposta dada por uma autoridade absoluta, ele deverá buscar ou
construir suas próprias respostas.

- Deus paira sobre o homem, que tem agora ao centro o próprio homem.
- Surgimento das assinaturas dos artistas em suas obras de arte.
- Leonardo da Vinci, Michelangelo

- Autores deixam seu traço pessoal na obra que criam


CONCEPÇÕES - VISÃO DE HOMEM, CONSTRUÇÃO DO EU
CONCEPÇÕES - VISÃO DE HOMEM, CONSTRUÇÃO DO EU

O homem passa,
gradativamente, a ser a
medida de todas as coisas.

O corpo humano é valorizado


e é apresentado em
proporções geométricas.

“As Proporções Humanas”


Símbolo do Antropocentrismo Humanista: Homem Vitruviano (1590) de Leonardo da Vinci
CONCEPÇÕES - VISÃO DE HOMEM, CONSTRUÇÃO DO EU

O Humanismo no Renascimento, século XV – Capítulo 3

- O homem se abre para um mundo novo (viagens e estudo da natureza);

- A fé em Deus não foi abalada - o criador paira sobre sua obra, que passa
ter vida própria, liberdade;
- Surge a possibilidade do conhecimento das leis naturais;

- Pela liberdade ele irá descobrir os caminhos do bem, definir o que é certo
e errado.
CONCEPÇÕES - VISÃO DE HOMEM, CONSTRUÇÃO DO EU

O Humanismo no Renascimento, século XV – Capítulo 4

- Todas as coisas existem para a sua contemplação e uso (homem no centro


do mundo)

- Relação com o mundo de exclusão. O homem julga-se como Deus,


relativamente acima do mundo e as coisas, mesmo o corpo humano, são
tomadas como objeto.
- Torna-se o que quiser (vazio ocupa o lugar no centro) tendo que
constituir-se, mover-se (p. 24).
CONCEPÇÕES - VISÃO DE HOMEM, CONSTRUÇÃO DO EU

O Encontro com a Multiplicidade - Séc XVI – Capítulo 3

- Encontro com a diversidade no mundo. O confronto com a diferença fez


com que o homem se perguntasse sobre si.

- Multiplicidade: característica do renascimento

- A abertura do mundo possibilitou o conhecimento de diversas


civilizações, costumes, línguas... acompanhada de novos valores que se
deve buscar seu caminho.
CONCEPÇÕES - VISÃO DE HOMEM, CONSTRUÇÃO DO EU

O Encontro com a Multiplicidade - Séc XVI – Capítulo 3

Música:
A Polifonia

Giovanni Pierluigi da Palestrina (1525-1594) - Missa Nigra sum.


Multiplicidade como característica marcante do Renascimento
Feira de rua – a própria ideia de comércio, como intercâmbio de bens, circulação
de mercadorias ou necessidade da criação de valores de troca, expressa bem o
movimento da época (costumes religiões...)
CONCEPÇÕES - VISÃO DE HOMEM, CONSTRUÇÃO DO EU

O Encontro com a Multiplicidade - Séc XVI – Capítulo 4

- Considerar a diferença um erro. Se o outro que pensa diferente de mim


está errado, é necessário conduzi-lo à verdade (catequiza-lo);
Ex: “Conquista da América”: extermínio massivo de culturas.
(Dominação europeia)
CONCEPÇÕES - VISÃO DE HOMEM, CONSTRUÇÃO DO EU

O todo é formado por um


conjunto de fragmentos
evocativos da estação.
A representação é
polifônica e pede diversas
perspectivas de visão.

Arcimboldo – “La Primavera” (1563)


CONCEPÇÕES - VISÃO DE HOMEM, CONSTRUÇÃO DO EU

Os Procedimentos de Contenção do “eu” - Séc XVI Capítulo 5

- Medidas tomadas para o reestabelecimento de referências para a


colocação do homem no mundo. Elas estarão voltadas ao próprio “eu”, na
figura do autocontrole;

- A valorização do ser humano e a imposição de que ele construa sua


existência e descobrir valores segundo os quais viver, aliada a toda
dispersão e fragmentação do mundo, levarão à tentativa de criação de
mecanismos para o domínio e formação do eu.
CONCEPÇÕES - VISÃO DE HOMEM, CONSTRUÇÃO DO EU

Os Procedimentos de Contenção do “eu” - Séc XVI, Capítulo 5

- O homem deve dominar a dispersão que o mundo é.

- O corpo e suas funções serão calados em favor da coesão e da ordem do


sujeito.
- O homem é livre para que possa ser julgado. Pode ser recompensado ou
ser responsabilizado e punido por isso.
(Como construir uma identidade?)
Os Procedimentos de Contenção do “eu” - Séc XVI, Capítulo 5

Santo Inácio de Loyola

- Iniciativa prática e pregação militante;


- O homem é livre para ser o que é, e parece estar perdido;
- Ele precisa e pode, portanto, dirigir sua própria vontade ao caminho correto
para se encontrar.
Os Procedimentos de Contenção do “eu” - Séc XVI, Capítulo 5

Santo Inácio de Loyola


O que ele precisa é de um manual de instruções, uma técnica para dirigir sua
ação.

Exercícios Espirituais: 28 dias – Iluminação Se ao final dos 28 dias a


iluminação não chegar, deve-se a
Liberdade = causa da perdição humana pouca fé e a fraqueza de vontade
X do participante.
Inspiração para autoajuda: a
Salvação, alcançada pela submissão única determinação para nosso
ser é a própria vontade.
Os Procedimentos de Contenção do “eu” - Séc XVI, Capítulo 5

Maquiavel Santo Inácio


Mundo sem ideal, imposição do Procedimento acessível a todos;
sujeito é necessária por uma Retorno a Deus.
concepção naturalista e egoísta
do homem.
Refere-se à afirmação de um
único sujeito em detrimento dos
demais.

Ambos creem na necessidade de afirmação do sujeito, através


de procedimentos radicais e estreitos.
CONCEPÇÕES - VISÃO DE HOMEM, CONSTRUÇÃO DO EU

A Posição de Crítica à Aparência - (séc XVI)

- Tendência à glorificação do “eu” não é absoluta. Alguns pensadores já


começam a denunciar como ilusórias suas pretensões cada vez maiores.
- A Modernidade contém tanto procedimentos para a construção do “eu”
quanto para a sua desconstrução.
A Posição de Crítica à Aparência - (séc XVI)

Tendência a glorificação do eu não é absoluta


Construção do eu + Desconstrução do eu
Maquiavel
Montaigne: Ceticismo (Não se pode confiar, acreditar em nada); Introspecção
(Gerando melancolia, ironia)
Fideísmo: crítica ao grande valor atribuído ao homem; tenta fazê-lo voltar a Deus,
razão humana < fé;
Eu inconstante e inacabado Mundo interno; Privacidade
A Posição de Crítica à Aparência - (séc XVI)

- Erasmo de Rotterdam: “O elogio da loucura”


- Arrasa com qualquer idealismo sobre a bondade humana e seu amor pelos
demais;
- Humor irônico; Hipocrisia do matrimônio
- Desconstrução dos valores tomados como óbvios; Desvelamento e
Desnaturalização de costumes.
A Posição de Crítica à Aparência - (séc XVI)

- Elias: “O processo civilizador”


- Aries & Duby: “História da vida privada”
- Erasmo: “A civilidade pueril”
- Manuais de boas maneiras e controle do corpo.
A Posição de Crítica à Aparência - (séc XVI)

- William Shakespeare, “Hamlet”


Monólogos – interioridade
- Consciência de si, de sua vaidade, distanciamento melancólico da
experiência imediata.
- Crítica (loucura x lucidez) e construção (interioridade) do homem da
modernidade
- Qual papel assumir?

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