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Ao longo do século XVIII, a América Portuguesa ampliou seus territórios e sua população,

constituindo um mosaico social mais complexo, dinâmico e desigual.


Dessa forma, os interesses locais Matérias Primas e Gêneros Tropicais
se diferenciavam uns dos outros e
com relação à metrópole, o que
tornava a administração colonial
tarefa cada vez mais árdua. Com Colônia COLONIALISMO Metrópole
o tempo, os grupos locais se
organizavam e demandavam
mudanças que, aos poucos,
contribuíram para a Crise do Produtos Manufaturados

Sistema Colonial.
Modelo Clássico de análise do Sistema Colonial e do Exclusivo Metropolitano
O declínio da atividade açucareira, após o fim da União
Ibérica, intensificado com a perda de parte da porção
oriental de suas colônias, além do endividamento
crescente com a Inglaterra, levou Portugal a intensificar a
exploração sobre o Brasil.
A elevação da tributação e o aprofundamento da
fiscalização motivaram o surgimento de movimentos
regionais ou nativistas, contrários às decisões tributárias
ou fiscais estabelecidas pelo Estado Português. Combate aos Botocudos. Óleo sobre tela. Oscar Pereira da Silva

Tais movimentos eram contestatórios, mas não explicitavam um desejo real de emancipação,
tampouco apresentavam um projeto de Estado independente. Não desenvolveram ideias que
buscassem mudanças mais profundas na realidade socioeconômica local.
• Paulistas (Bandeirantes) preocupados com a possibilidade de que seus negócios
com Buenos Aires (venda de indígenas escravizados e pecuária) fossem
prejudicados pelo fim da União Ibérica.
• Comerciantes expulsam os Jesuítas
e aclamaram Amador Bueno (mais
rico da região) “rei de São Paulo”.
• A oferta, contudo, foi recusada pelo
comerciante, fragilizando a revolta e
mostrando seu caráter local e parcial
Os paulistas juraram fidelidade ao
Clérigos tentando acalmar a população que desejava aclamar Amador Bueno como rei.
Óleo sobre tela. Oscar Pereira da Silva (1931), Palácio dos Bandeirantes/São Paulo
Rei português.
• Inúmeras foram as divergências quanto à questão indígena, refletidas nas controversas leis
estabelecidas pela Coroa a respeito dos gentios. Nas regiões de São Paulo e Maranhão
houve conflitos entre colonos e jesuítas em razão da escravização dos nativos.

Em 1682, governo português criou a


Companhia de Comércio do Maranhão para
controlar o comércio na região (1682). Tal
monopólio permitiu uma série de abusos que,
por sua vez resultaram em reações.

Latifundiários do Maranhão revoltaram-se


porque faltavam escravos e os jesuítas
condenavam a escravidão indígena. O Caçador de Escravos (Jean-Baptiste Debret)
Museu de Arte de São Paulo
A Companhia de Comércio comprava os produtos locais e preços mais baixos e vendia seus artigos
a valores elevados, gerando disparidade sustentada pelo monopólio metropolitano.
Também não conseguia dar conta de suprir o fornecimento de escravos africanos para a região,
levando os colonos a recorrerem ao trabalho escravo indígena, o que provocava fortes conflitos com
os Jesuítas.
Dessa forma, os rebeldes expulsaram os representantes da
Companhia e os Jesuítas, instalando um governo
provisório comandado por Manuel Beckman e enviando
Tomás Beckman para negociar com o rei.
A reação portuguesa sufoca a revolta e os líderes são
presos e executados. Contudo, Portugal reconhece a
reivindicação e determina o fim do monopólio da
Companhia de Comércio. População aclama Manuel Beckman como governante
A descoberta do ouro pelos bandeirantes provocou grande
imigração de portugueses para o Brasil, gerando fortes disputas
Bartolomeu Bueno da Silva (“Anhanguera”)
Pintura de Theodoro Braga (1905)
pelo domínio das áreas mineradoras
As disputas pela exploração de áreas de
mineração entre os Bandeirantes e os forasteiros
(“emboabas”) foi o principal motivo para o conflito.
O episódio conhecido como Capão da Traição foi
o estopim dos conflitos, que resultou em centenas
de mortos até a intervenção do Estado Português.
A Coroa resolveu desmembrar as Capitanias
Minas Gerais e São Paulo, criando ainda um novo
sistema administrativo, com o objetivo de evitar
novos conflitos e ampliar o controle e a
arrecadação dos impostos sobre a mineração.
Pintura representando os ataques durante a Guerra dos Emboabas
A Intendência das Minas teve sua atuação reforçada,
intensificando o controle exercido pela metrópole.
Muitos paulistas migraram para as regiões de
Goiás e Mato Grosso, na tentativa de encontrarem
jazidas naqueles territórios, contribuindo para o
desbravamento daqueles locais.
O enriquecimento dos paulistas fez com que
muitos investissem na produção de gêneros e
alimentos e pequenas empresas de transporte de
mercadorias, abastecendo a região das minas e
promovendo um importante intercâmbio com a
Capitania de São Paulo. Área de ocorrência das disputas entre Paulistas e Emboabas.
• Atritos entre Olinda (latifundiários) e Recife (comerciantes portugueses), agravados pela
crise da atividade açucareira e pela elevação de Recife à condição de Vila, contrariando os
interesses dos senhores de engenho de Olinda, que perderiam o controle dos tributos
arrecadados.
Os latifundiários organizaram tropas e
invadiram Recife, queimando a Carta Régia
que autorizava a elevação à Vila.
Os comerciantes do Recife reagem aos
ataques e o conflito ganha proporções de
grande violência, promovendo a necessidade
da intervenção do Estado metropolitano
português.
Gravura da Vila do Recife no século XVIII
Depois de muita luta, que contou com a intervenção das autoridades coloniais, finalmente
em 1711 a nomeação de um novo governante que teve como principal missão estabelecer
um ponto final ao conflito. visando evitar futuros conflitos, o novo governador de
Pernambuco decidiu transferir semestralmente a administração para cada uma das cidades.

Em 1714, o rei D. João V, resolveu


anistiar todos os envolvidos na
disputa. Contudo, manteve as
funções políticas e administrativas de
Recife e promoveu a cidade à
condição de capital da Capitania de
Pernambuco.
O Mascate e seus Escravos, Jean-Baptiste Debret
Também chamada de Rebelião de Vila Rica.
Reação da população às taxas excessivas e ao anúncio de criação das Casas de Fundição.
O levante contou com a participação de, aproximadamente, dois mil participantes contra o
governo do conde de Assumar.
Além do descontentamento com a questão
dos impostos, os rebeldes denunciavam a
corrupção dos agentes tributários, que exigiam
propinas na arrecadação dos tributos,
aumentando a sensação de extorsão e
prejuízo que aumentava a insatisfação da
população envolvida com a mineração.
Vila Rica de Ouro Preto era um dos principais centros urbanos de Minas Gerais
A fim de obter tempo para reagir o governador
aceitou as reivindicações dos mineradores. Contudo,
assim que obteve ajuda das tropas militares, reprime
a revolta, prendendo vários participantes e
condenando Filipe dos Santos à morte.

A execução de Filipe dos Santos foi uma medida


punitiva para desestimular outras rebeliões, pois o
castigo viraria exemplo para que outros rebeldes não
questionassem as decisões da Coroa Portuguesa.
Esse foi movimento marca a transição das revoltas
nativistas para as lutas emancipacionistas. Julgamento de Filipe dos Santos. Óleo de Antônio
Parreiras retratando a execução. Ao fundo, o pintor mostra a fumaça
da queima das casas dos revoltosos.
• Visavam a autonomia da colônia ou partes dela.
• Surgidos do sentimento de → Os colonos são diferentes dos portugueses.
• Inspirados por ideias iluministas e por movimentos como a Revolução Americana, a
Independência do Haiti e a Revolução Francesa.
Durante o Período Pombalino, o
aumento da pressão fiscal e a
propagação das ideias iluministas
foram determinantes para a eclosão
dos movimentos emancipacionistas,
os quais expressavam de forma
aguda a crise do sistema colonial na
América Representação dos Inconfidentes reunidos em torno da bandeira do movimento e
discutindo as ações a serem tomadas durante a revolta.
Remessas de ouro do Brasil enviados a Portugal

Com a decadência da exploração do ouro, o governo de Portugal criou a derrama para


manter seus lucros.
• Participaram mineradores, fazendeiros, padres, burocratas e intelectuais que enxergavam
a situação do Brasil como sinônimo do atraso.
• Protestavam contra os altos impostos, a distribuição dos cargos administrativos e a falta
de liberdade de expressão.
• Defendiam:
declaração da independência e a capital seria São João Del Rei.
criar uma universidade em Vila Rica;
acabar com o monopólio da exploração de diamantes;
estabelecer o serviço militar obrigatório.
Incentivar o desenvolvimento industrial com liberdade econômica.
• Os rebeldes planejavam tomar o poder no suposto dia da derrama, “Liberdade ainda que tardia”, lema
adotado pela bandeira da
contudo não se pronunciavam com relação á questão escravocrata. Inconfidência Mineira
O conjurado Joaquim Silvério dos Reis
delatou os rebeldes em troca do perdão de
suas dívidas com a Coroa.
As tropas metropolitanas aprisionaram os
participantes, que foram enviados ao Rio de
Janeiro para serem julgados.
A maioria dos envolvidos, pretendendo a
A mais importante reunião da conjuração mineira em pintura de Pedro Américo
diminuição da pena, delatou o movimento.

As tropas metropolitanas aprisionaram os participantes, que foram enviados ao Rio de


Janeiro para serem julgados. A maioria, pretendendo a diminuição da pena, delatou o
movimento. Os conjurados tiveram a pena convertida em banimento, com exceção de
Tiradentes, que foi enforcado e esquartejado, no dia 21 de abril de 1792.
Este movimento ficou esquecido até o final do século XIX, quando foi resgatado pelo
governo republicano. Para afirmar a identidade do novo regime, Tiradentes foi transformado
em herói nacional.

Alferes Tiradentes, óleo de Tiradentes Esquartejado, 1893, de Pedro Américo. Repare como seu Suplício Tiradentes, óleo de
Washt Rodrigues, século XIX semblante lembra as representações clássicas de Jesus Cristo. Halley Pacheco, século XX
Representação de Salvador em imagem do século XIX Bandeira do Movimento

No final do século XVIII, a cidade de Salvador foi palco de um movimento que, inspirado
pelas ideias da Revolução Francesa, buscava maior autonomia do país em relação a
Portugal. Seus participantes, a maioria de origem simples, sonhavam com uma sociedade
livre da escravidão e sem racismo.
• Movimento de caráter popular, contava com a participação de artesãos, comerciantes,
burocratas, negros (livres e escravos), intelectuais e profissionais liberais.
• Defendiam a formação de uma república democrática com liberdade de comércio e a
emancipação do Brasil, com caráter mais social se comparado com a Inconfidência
Mineira
• A transferência da capital para o Rio de Janeiro, em 1763 fez com que privilégios fossem
retirados de Salvador e os recursos destinados à cidade foram reduzidos. O aumento de
impostos prejudicou sensivelmente as condições de vida da população local.

O médico Cipriano Barata foi um ativo propagandista do movimento,


atuando entre a população mais humilde e junto aos escravos. O
caráter radical do movimento acabou retirando o apoio das elites locais,
a exemplo da Ordem dos Cavaleiros da Luz, de influência maçônica.
Principais lideranças da Conjuração Baiana.. História do Brasil para principiantes. Carlos Eduardo Novais.

Os líderes do movimento publicaram boletins revolucionários e enviaram cartas ao


governador pedindo sua adesão. Este não aderiu e reprimiu violentamente o movimento,
mandando executar todos seus lideres.
Praça do Hospício de Nossa Senhora da Piedade, Bahia, local onde quatro participantes da Conjuração Baiana foram
enforcados em 1798. Gravura de Johann Moritz Rugendas, 1835.

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