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Luiz Eduardo F Xavier

Colaboração: Lucas Machado Mantovani

PRECISAMOS FALAR SOBRE

TRANSTORNO
BIPOLAR

Manual para pacientes e rede de apoio


SUMÁRIO

PARTE 1 - O QUE É TRANSTORNO BIPOLAR?

É preciso falar sobre TAB -----------------------------------5

Esse manual é para você-----------------------------------6

O que é TAB?----------------------------------------------7

O que não é TAB? -----------------------------------------10

Por que falar sobre TAB? -----------------------------------11

PARTE 2 - AS FASES DO TRANSTORNO BIPOLAR

As fases do TAB-------------------------------------------13

Mania--------------------------------------------------- 15

Hipomania-----------------------------------------------18

Depressão -----------------------------------------------19

Estados mistos ------------------------------------------22

PARTE 3 - AS CAUSAS

Fatores de risco do TAB -----------------------------------23

2
SUMÁRIO

PARTE 4 - O TRATAMENTO

Tratamento ---------------------------------------------24

Tratamento medicamentoso------------------------------25

Medicamentos oferecidos pelo SUS------------------------28

Tratamento não medicamentoso: psicoterapia e


abordagem psicossocial_________________________30

Associações de apoio------------------------------------32

ABRATA-------------------------------------------------33

Mudança de hábitos-------------------------------------34

Casos graves -------------------------------------------36

PARTE 5 - ONDE BUSCAR TRATAMENTO?

Quais são os serviços de saúde


mental no Brasil? ----------------------------------------37

Quais serviços de saúde


mental buscar? -----------------------------------------39

3
SUMÁRIO
PARTE 6 - DUAS HISTÓRIAS MARCANTES

Beatriz: a garota extravagante ----------------------------43

Matheus: a peregrinação até a estabilidade----------------45

PARTE 7 - O PAPEL DE CADA UM

O papel do profissional de saúde --------------------------47

O papel da rede de apoio---------------------------------49

O papel do paciente--------------------------------------52

PARTE 8 -CHEGAMOS AO FIM

Agradecimentos-----------------------------------------53

Leitura complementar------------------------------------54

Referências----------------------------------------------55

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É PRECISO FALAR SOBRE TRANSTORNO BIPOLAR

A saúde mental enfrenta atualmente um desafio nuclear: como


resgatar junto aos pacientes bem-estar e qualidade de vida
frente os desafios do adoecimento psíquico?

Entre diferentes condições assistidas pela psiquiatria, encontra-


se um transtorno potencialmente grave e limitante para os
pacientes, o transtorno afetivo bipolar (TAB). Nesse quadro, os
indivíduos passam por períodos de grave alteração de humor e
energia que ocasiona menor qualidade de vida, prejuízos nos
relacionamentos, lazer, estudos e carreira.

Também é frequente a associação dessa condição com a


presença de comorbidades (outras doenças clínicas ou
psiquiátricas) e mortalidade precoce comparada a indivíduos
sem o transtorno, com consequente redução da expectativa de
vida.

Felizmente, com o acesso ao tratamento correto, esses mesmos


indivíduos são capazes de retomar o controle sobre a própria
vida e suas escolhas. O tratamento é ofertado atualmente no
Brasil pela rede pública e privada, mas o acesso ao cuidado
ainda chega de forma tardia e desigual para muitos pacientes.

O propósito desta obra é levar até você, paciente ou rede de


apoio, informações valiosas sobre o transtorno bipolar, que
possam de alguma forma contribuir para que o acesso ao
tratamento e estabilidade sejam alcançados da melhor
maneira possível.

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ESSE MANUAL É PARA VOCÊ

Esse manual foi produzido para facilitar a compreensão dos


principais aspectos do diagnóstico ao manejo do transtorno
afetivo bipolar (TAB). Nele, serão abordadas informações como
o que é o TAB, quais são os sinais e sintomas mais comuns,
formas de tratamento e estratégias de enfrentamento. Seu
conteúdo é destinado para pacientes e rede de apoio

Entendemos como rede de apoio familiares, cônjuge, amigos,


colegas de trabalho ou quem o indivíduo portador de TAB julgar
relevante. Esse conteúdo também poderá ser utilizado como
fonte de informação para outras pessoas que se interessem
pelo tema.

Trata-se de um manual de caráter informativo que não substitui


a avaliação profissional ou tratamento.

Seja bem-vindo!

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O QUE É TAB?

Todos nós experimentamos variações de humor ao longo da


vida, que incluem sentimentos como alegria, tristeza e raiva. O
transtorno bipolar é uma condição médica na qual os
indivíduos experimentam variações intensas e/ou prolongadas
de humor, responsáveis por prejuízos em diferentes áreas da
vida. Tais variações de humor são denominadas depressão,
hipomania e mania e serão apresentadas mais adiante.

Para simplificar a compreensão de um tema tão complexo,


recorremos a uma analogia do cérebro como uma espécie de
bateria. As baterias são dispositivos que liberam energia para
que determinado aparelho funcione. Em funcionamento
adequado, essa dispensação de energia ocorrerá de maneira
equilibrada, conforme a demanda do aparelho.

Agora imagine se essa bateria estivesse com uma falha na


distribuição de energia. Em alguns momentos, ocorreria grande
liberação energética, tornando o seu aparelho inicialmente
mais rápido, mas rapidamente superaquecido, prejudicando o
seu uso. Em outros momentos, na falta de liberação adequada
de energia, esse aparelho estaria lento e travado. Percebe que
em ambas as situações, o funcionamento adequado do
aparelho fica comprometido?

7
O QUE É TAB?

Nosso cérebro, de maneira semelhante a uma bateria, também


nos permite executar diferentes funções através de um
complexo sistema de dispensação de energia.

No TAB, o cérebro pode ser grosseiramente comparado a uma


bateria desajustada. A "liberação de energia" no TAB é peculiar
porque não ocorre de maneira estável ao longo do tempo. Há
períodos de grande liberação de energia, ao passo que em
outros momentos ocorre escassez. Esses períodos de altos e
baixos de energia serão compreendidos como as fases de
oscilação de humor denominadas hipomania/mania e
depressão e serão detalhadas adiante.

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O QUE É TAB?

O TAB é um transtorno do humor de grande relevância na


psiquiatria. Nele, as variações de humor ocorrem de maneira
intensa e prolongada o suficiente para produzir repercussões na
funcionalidade e bem-estar do indivíduo.

Devido a uma desregulação na química do cérebro, há


períodos em que nossa bateria libera energia em excesso, que
se manifestará através de mudanças como pensamentos
acelerados, agitação física, redução da necessidade de sono e
impulsividade. O período de elevação do humor/energia será
denominado hipomania ou mania, sendo o último mais intenso.

Já nos períodos em que nosso cérebro (bateria) está liberando


pouca energia, as manifestações mais frequentes serão,
tristeza, perda de prazer ou interesse nas atividades, dificuldade
de se concentrar, lentificação motora, mudanças no apetite e
no sono. Esse período é conhecido como depressão.

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O QUE NÃO É TAB?

No senso comum, o termo “bipolar” assume diferentes


conotações que representam imprecisões, contribuindo para o
estigma com o transtorno. Diferentemente da cultura popular,
dizer que alguém tem transtorno bipolar não significa que a
pessoa muda de humor constantemente, é uma pessoa
instável, difícil ou “de lua”.

O TAB também não é uma condição da personalidade do


indivíduo ou do seu jeito de ser. Trata-se de um transtorno
marcado especialmente pela desregulação do humor e
energia. Felizmente, é uma condição com inúmeras
possibilidades de tratamento.

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POR QUE FALAR SOBRE TAB?

O TAB é uma condição psiquiátrica que acomete cerca de 4%


da população. Homens e mulheres são igualmente afetados e
os primeiros sinais dessa condição tendem a aparecer
precocemente, entre a segunda e terceira décadas de vida (do
final da adolescência ao início da vida adulta).

Muitas vezes, os sintomas do TAB são confundidos com


alterações corriqueiras do humor ou com a personalidade
daquele indivíduo. Porém, os sintomas são mais intensos e
duradouros que oscilações normais do dia a dia. Boa parte dos
indivíduos procurarão ajuda no período depressivo do
transtorno. Em mulheres, os primeiros sintomas depressivos
podem surgir no período da gestação ou puerpério.

Um dos desafios do TAB é justamente sua apresentação com


sintomas depressivos, que pode ser idêntica a um transtorno
depressivo unipolar (sem episódios de hipomania ou mania ao
longo da vida). Tal fato contribui para que muitos pacientes
bipolares sejam tratados incorretamente como portadores de
depressão unipolar, adiando o diagnóstico adequado por mais
de uma década.

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POR QUE FALAR SOBRE TAB?

Os sintomas de aumento de energia, também chamados de


hipomaníacos ou maníacos, apresentam suas peculiaridades.
Para começar, nem sempre são compreendidos pelo paciente
como desagradáveis.

Fato é que muitos definem esse período como de grande bem-


estar, produtividade, melhora da autoestima e da capacidade
de sentir prazer nas atividades. Por isso, grande parte dos
pacientes procura tratamento tardiamente. Essa procura é
ainda mais difícil quando os sintomas de aumento de energia
são sutis e não alteram gravemente o funcionamento no dia a
dia, passando despercebidos. Boa parte dos pacientes
procurará ajuda na fase depressiva do quadro.

Até o presente momento, o transtorno bipolar é considerado


uma condição crônica e sem tratamento curativo. Quando não
tratado, pode levar a prejuízos emocionais, cognitivos, nas
relações interpessoais, na vida financeira e em diversas áreas
da vida.

Felizmente, a psiquiatria evoluiu nas últimas décadas e permitiu


o desenvolvimento de diversas modalidades de tratamento
para essa condição. Isso significa dizer que, apesar da sua
gravidade, com o tratamento correto podemos reestabelecer a
qualidade de vida e funcionalidade do indivíduo.

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AS FASES DO TAB

O TAB pode ser diferenciado em três estados de humor. O


estado de elevação do humor ou aumento de energia é
denominado de hipomania ou mania, a depender da
intensidade dos sintomas. O estado de baixa do humor ou da
energia, por sua vez, é denominado depressão.

O estado de estabilidade, no qual o indivíduo não apresenta


períodos de altos e baixos é denominado de eutimia. Os
períodos de depressão e hipomania/mania podem ainda ser
diferenciados como puros ou mistos. Estados puros são aqueles
em que há apenas sintomas depressivos ou apenas sintomas
maniformes.

Já os estados mistos são aqueles em que o indivíduo


experimenta um dos polos de humor, porém com alguns
sintomas do polo oposto. É possível, por exemplo, apresentar
aumento de energia (pensamentos acelerados, fala excessiva,
agitação, redução da necessidade de sono) e ao mesmo tempo
se sentir irritado, angustiado, com pensamentos de morte,
sintomas esses do polo depressivo.

Quando o indivíduo apresenta sintomas intensos de aumento


de energia ou apresenta alteração da percepção da realidade
(delírios e/ou alucinações) definimos o transtorno bipolar como
do tipo I. Nesse subtipo, não é necessário episódio prévio de
depressão para confirmar o diagnóstico. Já nos indivíduos que
apresentam apenas períodos menos intensos de aumento de
energia, denominados hipomania, com pelo menos um episódio
prévio depressivo, denominamos transtorno bipolar do tipo II.

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AS FASES DO TAB

As fases do TAB são imprevisíveis. Há indivíduos em que


predominam os episódios depressivos, enquanto em outros há
predominância da hipomania/mania. Todavia, os sintomas
depressivos costumam ser mais prevalentes que os sintomas
maniformes. O intervalo entre os episódios de humor pode
variar de dias a anos, mas sabe-se que quanto mais o
transtorno evolui sem tratamento, maior é a chance dos
episódios se tornarem mais graves e frequentes. Sem
tratamento adequado, os episódios de depressão e
hipomania/mania podem durar meses.

Uma parcela dos pacientes portadores de transtorno bipolar


pode apresentar uma variação mais rápida de episódios de
humor, de pelo menos quatro episódios por ano. A esse grupo
chamamos de cicladores rápidos.

Por fim, há indivíduos que apresentam alterações de humor que


não são intensas ou duráveis o suficiente para definir o episódio
como depressão ou hipomania, embora os sintomas produzam
sofrimento nesses indivíduos. Esse subtipo é denominado
ciclotimia.

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MANIA

A mania é definida como um período persistente de elevação


de humor que pode ser percebido como eufórico, no qual o
indivíduo sente bem-estar e felicidade ou disfórico, que se
apresenta com irritabilidade/agressividade. Alguns dos sinais
presentes em um episódio de mania são:

Sente-se superior/poderoso/
habilidoso/ dono da razão.
Transmite arrogância para os
que estão por perto. Em alguns
Autoestima inflada ou casos a grandeza toma caráter
grandiosidade delirante (se considerar alguém
muito importante/ possuir uma
missão grandiosa/ ser dono de
tudo/ dotado de poderes
especiais)

Os pensamentos se tornam tão


acelerados que é difícil concluir
Pensamento acelerado
um assunto antes de começar
outro

É facilmente distraído por


Distraibilidade estímulos e perde sua linha de
raciocínio

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MANIA

Fala mais que o habitual/fala


acelerada/fala alto/desinibição
Alterações variadas na forma de (faz piada ou fala de assuntos
falar delicados sem pudor)/
dificuldade de ser interrompido
ou questionado

Mostram-se mais ativos no


trabalho ou estudos (se sentem
mais produtivos) ou em ocasiões
Aumento da atividade dirigida a sociais (desinibição) Se
objetivos sintomas intensos, pode
prejudicar a produtividade (inicia
uma tarefa e não consegue
concluir)

Aumento de impulso para


diferentes áreas como: compras
Envolvimento em atividades de excessivas, aumento do
risco consumo de substâncias
psicoativas, envolvimentos
sexuais não usuais

Dormir poucas horas (menos que


Redução da necessidade de o habitual) e se sentir
sono descansado ou não precisar
dormir

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MANIA

Episódios graves de mania podem levar a sintomas psicóticos,


como delírios e alucinações. Delírios são crenças fixas que
fogem da realidade e não são compartilhadas por outras
pessoas, enquanto alucinações são percepções distorcidas dos
sentidos (ouvir vozes que não existem, por exemplo).

Em episódios puros de mania, os delírios se manifestarão com


conteúdo de grandeza, como se definir como o responsável por
uma grande missão, ter habilidades especiais ou ser dono de
riquezas ou intelecto imensuráveis. Também poderão ocorrer
alucinações, como ouvir a voz de Deus ou falas proféticas, por
exemplo.

Vale lembrar, porém, que nem sempre o conteúdo dos delírios e


alucinações será agradável ou terá conteúdo de grandeza. Há
aqueles que apresentarão delírios de perseguição, alucinações
auditivas de comando (uma voz depreciativa ordenando que
tire a própria vida, por exemplo). Esses casos muitas vezes são
confundidos com outras condições, como esquizofrenia.

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HIPOMANIA

Os sintomas da hipomania são menos intensos do que os


apresentados na mania e jamais são acompanhados por
sintomas psicóticos, como delírios ou alucinações. Porém, isso
não significa que a hipomania seja menos danosa para o
indivíduo. Justamente pelos seus sintomas serem mais sutis, a
hipomania pode passar despercebida pelo paciente e seus
familiares, culminando no adiamento do tratamento adequado.

A hipomania, quando pura, é percebida pelo indivíduo como


uma sensação de bem-estar, leveza e produtividade. Muitos
pacientes descrevem como um período de melhora da
autoestima, senso de razão aumentado (se sente o dono da
razão), melhora da capacidade de concentração, da disposição
para exercer suas tarefas, da capacidade de sentir prazer.

Todavia, diferente de um momento de felicidade, ocorrem


alterações significativas quando comparamos esse período ao
funcionamento daquele indivíduo em estabilidade (eutimia),
que podem expor o indivíduo a situações de risco, como gastos
excessivos e comportamentos de risco. Já na hipomania mista,
é comum que a percepção não seja agradável. Durante esse
episódio, o indivíduo pode se sentir mais irritado, impaciente,
inquieto e angustiado. Também é comum que se sinta menos
produtivo.

Com a exceção dos sintomas psicóticos, todos os demais


apresentados na mania podem estar presentes na hipomania,
porém em menor intensidade. Indivíduos nessa fase precisam
de tratamento precoce adequado.

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DEPRESSÃO

Esse é talvez o período mais desafiador do transtorno bipolar.


Isso acontece porque a apresentação depressiva do transtorno
bipolar pode ser idêntica à depressão unipolar, levando à
confusão diagnóstica e atraso do tratamento correto.

Além disso, tratamentos convencionais para depressão, como


os antidepressivos, podem não atenuar ou até mesmo agravar
a depressão bipolar, culminando em alguns casos em virada
para o polo oposto do transtorno (chamado de virada
maníaca) ou produzindo sintomas mistos.

Na tabela a seguir, apontaremos alterações que podem estar


presentes no período depressivo do TAB:

Humor deprimido (estado persistente de tristeza)

Perda importante do interesse ou prazer (nas atividades que


costumavam ser prazerosas)

Alterações significativas de peso (ganho ou perda de peso por


alterações no apetite)

Alterações persistentes de sono como insônia (dificuldade de


começar a dormir, manter o sono ou acordar antes do habitual) ou
hipersonia (dormir ecessivamente e frequentemente se sentir
cansado)

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DEPRESSÃO

Alterações motoras desde lentificação (sensação de corpo pesado,


dificuldade de se manter fisicamente em movimento) até agitação
(inquietação, dificuldade de permanecer parado, tensão)

Fadiga ou perda de energia

Dificuldade de tomar decisões ou se concentrar

Pensamento de culpa ou menos valia (sentir-se um peso na vida das


pessoas, se culpar excessivamente por questões do passado, se
sentir incapaz)

Pensamentos de morte ou suicídio (acreditar que não vale mais a


pena viver ou que a morte seria a solução para o sofrimento ou
planos de suicídio)

20
DEPRESSÃO

É possível ainda que o episódio depressivo se apresente com


sintomas psicóticos. Esses sintomas podem ser delírios (crenças
ou pensamentos que só fazem sentido para o paciente, como
acreditar que tem uma doença fatal, ou que seu corpo parou de
funcionar) ou alucinações (alteração da percepção dos
sentidos, como ouvir uma voz de comando orientando que tire a
própria vida).

O episódio depressivo é o polo predominante de instabilidade


para a maioria dos portadores de transtorno bipolar. Aliado a
isso, sabe-se que muitos pacientes terão como primeira
apresentação do transtorno o episódio depressivo. Embora as
manifestações clínicas da depressão bipolar sejam
praticamente idênticas à depressão bipolar, alguns indícios
sugerem maior chance de que o episódio depressivo seja parte
do transtorno bipolar. São eles:

História familiar de transtorno bipolar

Episódio depressivo precoce (antes de 20 anos)

Episódios depressivos recorrentes

Episódio depressivo que não responde ou piora com o uso de


antidepressivos

Episódio depressivo com características atípicas (aumento de


sono/apetite)

Outras condições associadas (TDAH/ uso de substâncias psicoativas)

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ESTADOS MISTOS

Estados mistos são aqueles em que o indivíduo apresenta um


polo predominante (depressão ou hipomania/mania), porém
com alguns sintomas do polo oposto.

É possível, por exemplo, que um indivíduo deprimido, apresente


pensamento acelerado, redução da necessidade de sono e
maior impulsividade para gastos, o que denominamos
depressão com características mistas.

Por outro lado, um indivíduo em episódio de mania pode


apresentar sintomas depressivos como angústia, pensamentos
de morte e irritabilidade.

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FATORES DE RISCO DO TAB

O transtorno bipolar é uma condição influenciada for fatores


biológicos e ambientais. Isso significa que nenhum fator
isoladamente é capaz de justificar o desenvolvimento do
transtorno bipolar, sendo este resultado de uma complexa
interação entre aspectos genéticos e ambientais.

A genética exerce papel importante nesta condição, uma vez


que a herdabilidade (herdar os genes de risco) é estimada em
90%. Porém, herdar a genética de risco não significa
necessariamente herdar o transtorno. Isso ocorre porque além
de fatores biológicos, o transtorno bipolar também é
influenciado por questões ambientais.

Situações como exposição crônica ao estresse, privação de


sono e uso de substâncias psicoativas podem atuar como
gatilhos para episódios de humor em indivíduos geneticamente
predispostos a desenvolver o quadro.

O uso de determinados medicamentos, como antidepressivos,


psicoestimulantes (ex: metilfenidato) e corticoides (ex:
prednisona) também podem precipitar um episódio de
instabilidade, como a mania. Por isso, prezar pelo controle dos
fatores ambientais, como manter a qualidade do sono, evitar
substâncias psicoativas, não usar medicamentos sem
indicação profissional e evitar exposição prolongada ao
estresse são muito importantes.

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TRATAMENTO

O transtorno bipolar é uma condição crônica, o que implica a


necessidade de tratamento contínuo. Até o momento, não
existem modalidades de tratamento curativo, mas é possível
através do tratamento adequado alcançar o controle dos
sintomas e melhorar a qualidade de vida.

Outro ponto de destaque do transtorno bipolar é o papel central


da terapia medicamentosa no controle dos sinais e sintomas.
Algumas condições psiquiátricas permitem o tratamento
exclusivamente não medicamentoso, através da psicoterapia,
como é o caso dos transtornos ansiosos e depressivos
unipolares leves. Todavia, esse não é o caso do transtorno
bipolar, cujo tratamento passa obrigatoriamente pelo uso de
medicamentos.

O tratamento não medicamentoso é fundamentado na


psicoterapia, visando complementar o tratamento
medicamentoso e potencializar os resultados do paciente. Entre
as estratégias utilizadas na psicoterapia, destaca-se a
psicoeducação, ferramenta que permite ao paciente e sua rede
de apoio entender mais sobre o transtorno, suas fases e formas
de tratamento.

A psicoterapia é também ferramenta de promoção de


autoconhecimento, identificação de desafios diários e
desenvolvimento de técnicas de enfrentamento, além de
favorecer a construção de um estilo de vida saudável.
Falaremos a seguir de maiores detalhes das modalidades de
tratamento do transtorno bipolar.

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TRATAMENTO MEDICAMENTOSO

Algumas condições em saúde mental permitem a escolha da


modalidade de tratamento entre vias não medicamentosas,
como a psicoterapia, e tratamentos medicamentosos ou
neuromodulação (ex: estimulação magnética/
eletroconvulsoterapia).

No transtorno bipolar, todavia, o tratamento envolve


obrigatoriamente o uso de medicamentos. A psicoterapia, por
sua vez, exerce papel importante na compreensão do quadro,
na identificação de fatores estressores e no treinamento de
habilidades de enfrentamento.

Entre os medicamentos usados no transtorno bipolar, podemos


citar os estabilizadores de humor, antipsicóticos, ansiolíticos e
em casos selecionados, os antidepressivos. Cabe aqui ressaltar
uma informação importante no que diz respeito à classe dos
medicamentos.

O nome da classe medicamentosa não significa sua única


indicação. Usamos antidepressivos para tratar transtornos
ansiosos, anticonvulsivantes para tratar instabilidade de humor
e antipsicóticos para potencializar o tratamento da depressão,
por exemplo. Por isso, não se assuste se você estiver usando um
antipsicótico ou anticonvulsivante no tratamento do transtorno
bipolar, pois os medicamentos de uma classe possuem
diferentes indicações.

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TRATAMENTO MEDICAMENTOSO

O tratamento do transtorno bipolar é desafiador porque visa


não apenas estabilizar os sintomas da crise, mas prevenir novos
episódios de depressão, hipomania ou mania. É por isso que o
tratamento adequado envolve o uso de medicamentos
continuamente, contribuindo para a estabilidade do paciente.
Geralmente, esse tratamento é ajustado até que o indivíduo
alcance remissão (melhora completa dos sintomas) e é
mantido indefinidamente nesta dosagem.

Até o momento, não há na medicina um tratamento curativo


para o transtorno bipolar, e por isso, o tratamento
medicamentoso é contínuo. Interrupções do tratamento levam
a recaídas em mais de 90% dos pacientes, segundo estudos.
Situações como pretensão de engravidar, efeitos colaterais das
medicações e demais casos dignos de nota devem ser
comunicados ao médico para eventuais ajustes no tratamento.

Aqui temos alguns exemplos de medicamentos usados no


transtorno bipolar:

Estabilizadores de humor: carbonato de litio, ácido valproico,


divalproato de sódio, carbamazepina, lamotrigina. Essa é a
principal classe de medicamentos utilizada no transtorno
bipolar. Além da maior segurança de uso à longo prazo, são
medicamentos que atuam nos dois polos do transtorno.
Mulheres em idade fértil devem avaliar uso de
anticoncepcional e comunicar desejo de engravidar ou
eventual gravidez ao médico, uma vez que algumas dessas
medicações não são seguras na gestação.

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TRATAMENTO MEDICAMENTOSO

Antipsicóticos: haloperidol, lurasidona, aripiprazol,


risperidona, quetiapina, olanzapina, ziprasidona, clozapina
etc. Apesar do nome, são usados como estabilizadores de
humor no transtorno bipolar. Geralmente são evitados a
longo prazo pelos potenciais efeitos colaterais, como
sedação excessiva, hipotensão, ganho de peso, tremor e
rigidez (a depender do medicamento).

Ansiolíticos: clonazepam, alprazolam, lorazepam,


bromazepam, diazepam etc. São reservados para uso
pontual em momentos de crise de ansiedade ou de
agitação/ insônia.

Antidepressivos: fluoxetina, sertralina, escitalopram,


citalopram, fluvoxamina, paroxetina, venlafaxina,
desvenlafaxina, mirtazapina, bupropiona, amitriptilina,
nortriptilina, tranilcipromina etc. São evitados no transtorno
bipolar pelo risco de piora dos sintomas ou virada maníaca.
Devem ser usados por médicos experientes no manejo do
transtorno bipolar.

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MEDICAMENTOS OFERECIDOS PELO SUS

Através do SUS é possível o acesso a diversos medicamentos no


âmbito da saúde mental, situação essa ampliada pela portaria
2.516/2020 do Ministério da Saúde. Por meio desta, fica
resguardada a transferência de recursos financeiros para a
aquisição de medicamentos do Componente Básico da
Assistência Farmacêutica utilizados no tratamento de doenças
mentais.

Entre os medicamentos utilizados no transtorno bipolar


oferecidos no SUS até o momento, alguns destes são:

Ácido Valpróico (valproato de sódio)


Carbonato de lítio
Carbamazepina
Clorpromazina
Haloperidol
Clonazepam
Diazepam
Fluoxetina

É importante salientar que alguns municípios podem apresentar


outros medicamentos disponibilizados gratuitamente, enquanto
os medicamentos acima citados podem sofrer variação
conforme mudanças normativas, disponibilidade de
dispensação etc.

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MEDICAMENTOS OFERECIDOS PELO SUS

O SUS também oferece medicamentos de dispensação


excepcional para tratamento de doenças crônicas e raras,
dispensados em farmácias específicas. Esses medicamentos
são conhecidos como medicação de alto custo, dado o valor de
aquisição tipicamente elevado.

Sua dispensação segue regras e critérios específicos. Para a


dispensação desses medicamentos, é necessária a elaboração
do Laudo para Solicitação/Autorização de Medicamentos de
Dispensação Excepcional (LME) preenchido corretamente pelo
médico assistente, receita médica legível e com os detalhes da
medicação, Cartão Nacional de Saúde, relatório médico; termo
de consentimento; exames médicos.

Os medicamentos oferecidos pelo Componente Especializado


de Assistência Farmacêutica (CEAF) para transtorno bipolar
contemplam o subtipo I do transtorno, mas também se estende
a pacientes com diagnóstico de transtorno esquizoafetivo.

Entre os medicamentos oferecidos até o momento, destacam-


se aqueles da classe de antipsicóticos atípicos:

Risperidona
Olanzapina
Quetiapina
Ziprasidona
Clozapina

29
TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO:
PSICOTERAPIA E ABORDAGEM PSICOSSOCIAL

Tratamentos psicoterápicos são recursos úteis no manejo do


transtorno bipolar. Psicoeducação é uma ferramenta voltada
para o paciente aprender sobre a própria condição, além de dar
espaço para que esse indivíduo relate seus desafios e formas
de enfrentamento. É uma técnica que pode ser trabalhada
individualmente ou em grupo, gerenciada por um profissional
de saúde, como médico, psicólogo ou outro profissional
devidamente treinado.

Compreender o próprio diagnóstico é fonte de alívio para


muitos pacientes, que reduzem a sua culpa ao entender que
são portadores de uma condição médica. Ao mesmo tempo, é
um momento desafiador, que pode envolver negação, raiva e
estigma. O conhecimento sobre o transtorno atua como um
facilitador na construção de habilidades de enfrentamento
desse indivíduo.

Além do seu papel para o paciente, a psicoeducação também é


utilizada para ajudar os familiares/parceiros e demais membros
da rede de apoio do portador de transtorno bipolar, permitindo
desconstruir preconceitos e equívocos sobre essa condição.
Frequentemente aqueles que convivem com o portador de
transtorno bipolar se sentem sobrecarregados, mal
compreendidos e apresentam preocupações inerentes ao
estigma do adoecimento psíquico.

30
TRATAMENTO NÃO MEDICAMENTOSO:
PSICOTERAPIA E ABORDAGEM PSICOSSOCIAL

A psicoeducação é uma ferramenta que permite acolher e


orientar a rede de apoio sobre o tema. O processo de
reconhecimento do transtorno bipolar e suas fases também
facilita a intervenção precoce nas recaídas e abordagem
terapêutica adequada.

Psicoterapia é uma ferramenta de tratamento não


medicamentoso guiada pelo terapeuta (psiquiatra ou
psicólogo). Através da psicoterapia, o paciente é encorajado a
expressar suas emoções e sentimentos, modificar
comportamentos e hábitos nocivos e construir modelos de
enfrentamento mais adaptativos. Existem diferentes modelos de
psicoterapia, sendo a terapia cognitivo-comportamental (TCC)
uma das mais estudadas no TAB.

A TCC compreende que crenças nucleares exercem papel


importante na forma como enxergamos nós mesmos e o
mundo, levando consequentemente a mudanças sobre o nosso
humor e comportamento.

O terapeuta guiará o paciente a identificar as crenças


disfuncionais que levariam a tais mudanças fortalecendo a
modificação do comportamento de maneira adaptativa. A
psicoterapia pode ser aplicada individualmente, em grupo e na
modalidade de terapia familiar. A psicoeducação é uma
ferramenta valiosa que poderá ser utilizada nas sessões de
psicoterapia.

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ASSOCIAÇÕES DE APOIO

Associações são formadas por um conjunto de pessoas que se


reúnem, sem fins lucrativos, para a realização de um objetivo
em comum, seja ele social, cultural ou educacional. No Brasil, há
uma associação destinada a familiares, amigos e portadores de
transtornos afetivos, incluindo o transtorno bipolar, denominada
ABRATA.

A Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de


Transtornos Afetivos – ABRATA, é uma associação civil sem fins
lucrativos sediada em São Paulo. É composta por
representantes de diversas instituições de ensino e parceiros de
diferentes segmentos sociais e profissionais. Por meio dessa
iniciativa, portadores de transtornos afetivos, familiares e
profissionais da área de Saúde Mental do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da USP realizam uma série de ações.

As atividades da ABRATA são coordenadas e desenvolvidas por


voluntários e segue os seguintes objetivo, conforme publicado
em seu Estatuto:

Educar os portadores, familiares, profissionais de saúde


mental e a sociedade como um todo, sobre a natureza e
tratamento dos transtornos afetivos, buscando sempre
reduzir o estigma e a discriminação da doença perante a
coletividade.
Promover o amparo, proteção e estímulo aos pacientes e
seus familiares.
Conscientizar os pacientes, familiares e a sociedade dos
direitos dos portadores de transtornos afetivos.

32
ABRATA

Promover e realizar pesquisas na área.


Manter intercâmbio com associações nacionais e
estrangeiras que tenham o mesmo objetivo social.
Angariar fundos para realização dos propósitos da
Associação.

Entre as atividades promovidas pela ABRATA, encontram-se


palestras gratuitas para a população ministradas por médicos
psiquiatras e psicólogos com o objetivo de esclarecer acerca do
diagnóstico, desde os seus principais sinais e sintomas e as
modalidades de tratamento. A Associação também oferece
grupos de apoio online. O grupo de apoio visa a troca de
vivências e experiências de pacientes e familiares de pessoas
com depressão e transtorno bipolar, na busca de suporte e
busca de soluções, para maiores de 18 anos. Também há um
grupo de jovens, destinado a atender um público específico, de
14-24 anos.

Outras informações valiosas como materiais educativos,


divulgação de eventos e informações adicionais podem ser
encontradas através do site da associação:

www.abrata.org.br

33
MUDANÇA DE HÁBITOS

Apesar do tratamento do transtorno bipolar se apoiar


principalmente no tratamento medicamentoso e psicoterapia, a
implementação de alguns hábitos estão associados à maior
chance de estabilidade. Citaremos as principais estratégias de
estilo de vida a seguir:

Preze por uma boa noite de sono:

Estabeleça horários regulares de dormir e acordar e busque


manter uma média entre 7-8 horas de sono.

Evite cochilos diurnos

Use a cama apenas para dormir e para atividade sexual

Não consuma café após as 15h e evite consumo de líquidos


ou refeições próximo do horário de dormir

Mantenha-se longe de telas (computador, televisão e


celular) 2h antes de dormir

Evite atividade física 2h antes de dormir

34
MUDANÇA DE HÁBITOS

Evite o consumo de substâncias como álcool, maconha e


cocaína. O uso dessas substâncias pode atuar como fator
instabilizador do humor e prejudicar o seu tratamento.

Não faça automedicação. Alguns medicamentos como


corticoides, descongestionantes nasais, antibióticos e
antidepressivos podem precipitar um episódio de hipomania ou
mania. Só faça uso de medicamentos sob orientação médica.

E lembre-se: escolha medidas que fazem sentido para você e


adapte o que for preciso. Seu estilo de vida é único, portanto, as
medidas de enfrentamento também serão. Muitos pacientes
não fazem atividade física porque se sentem entediados com
exercícios repetitivos de academia, por exemplo. Nesse caso,
talvez seja válido considerar atividades ao ar livre como
caminhadas ou aulas funcionais. Use a criatividade para
encontrar as melhores estratégias para o seu caso e sempre
que possível, peça a orientação de um profissional.

Essa e outras sugestões podem ser aplicadas de maneira


individualizada e preferencialmente decididas em equipe.

35
CASOS GRAVES

Alguns indivíduos portadores de transtorno bipolar


apresentarão situações de urgência devido ao quadro.
Episódios de depressão grave com elevado risco de suicídio ou
episódios de mania com sintomas psicóticos podem necessitar
de internação, por exemplo.

A internação é uma modalidade de tratamento que conta com


equipe treinada e ambiente controlado, no qual o indivíduo
poderá receber tratamento intensivo até o momento em que
não haja risco elevado contra si ou terceiros.

Tratamentos como eletroconvulsoterapia (ECT) também podem


ser indicados, especialmente naqueles indivíduos em episódios
de depressão com risco iminente de suicídio, mania com
sintomas psicóticos, catatonia ou quando a resposta ao
tratamento medicamentoso não foi eficiente.

A ECT é uma modalidade de tratamento realizada em ambiente


controlado, com analgesia e respeitando-se rigorosa avaliação
pré anestésica. Infelizmente, tal modalidade de tratamento é
subutilizada pela forma como o procedimento foi abordado
historicamente, mas segue sendo uma das vias mais eficazes e
seguras de tratamento psiquiátrico.

36
QUAIS SÃO OS SERVIÇOS DE SAÚDE MENTAL
NO BRASIL?

No Brasil, a política de saúde mental é fundamentada na Lei


Federal nº 10.216, de 6 de abril de 2001, referindo-se à proteção
dos direitos das pessoas com transtornos mentais. O Sistema
Único de Saúde (SUS) possui um conjunto articulado de serviços
de saúde mental nos quais o paciente em sofrimento psíquico
poderá ser atendido.

Entre esses serviços destacam-se:

Unidades Básicas de Saúde (UBS)

Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)

Leitos de saúde mental nos hospitais gerais

Leitos de psiquiatria nos hospitais especializados

Hospital-dia atenção integral.

Destacaremos o papel dos serviços citados acima, mas


ressaltamos que existem ainda outros dispositivos, como os
ambulatórios multiprofissionais, os Centros de Convivência e
Cultura, as Unidades de Acolhimento (UAs), entre outros.

37
QUAIS SÃO OS SERVIÇOS DE SAÚDE MENTAL
NO BRASIL?

Entre serviços de saúde mental privados, existem os consultórios


(atendimentos eletivos, sem caráter de urgência), clínicas
especializadas em atendimento de saúde mental (atendimento
ambulatorial e/ou urgência associada ou não a regimes de
internação), leitos em hospitais psiquiátricos e eventualmente,
em hospitais gerais. Cabe ressaltar que na iniciativa privada o
modelo de assistência em saúde mental não segue uma diretriz
específica padronizada, como é regulamentado pelo SUS.

SERVIÇOS PÚBLICOS

UBS

CAPS

UPA (UNIDADE DE PRONTO-ATENDIMENTO)

HOSPITAIS GERAIS COM LEITOS PSIQUIÁTRICOS

HOSPITAIS PSIQUIÁTRICOS

HOSPITAIS-DIA COM ATENÇÃO INTEGRAL

38
QUAL SERVIÇO DE SAÚDE MENTAL DEVO BUSCAR?

Essa é uma decisão que deve ser tomada de maneira


individualizada, contemplando as particularidades de cada
pessoa. O atendimento será diferenciado especialmente pela
gravidade da situação atual e do caráter de urgência.
Destacamos que em períodos de estabilidade, a construção do
vínculo do paciente com a equipe de saúde exerce papel
fundamental no tratamento. Por isso, sempre que possível, o
paciente deverá ser acompanhado pela mesma equipe,
facilitando a construção de cuidado longitudinal e à longo
prazo.

Indivíduos agitados, agressivos, com sintomas psicóticos


(delírios e alucinações), ideação de autoextermínio, intoxicados
(uso de substâncias psicoativas, ingesta excessiva de
medicação) são apenas alguns exemplos que conferem maior
gravidade e necessidade de acolhimento imediato. No
transtorno bipolar, tais condições estão frequentemente
associadas a períodos de hipomania/mania associada ou não
a sintomas psicóticos, episódios depressivos moderados a
graves, ideação de autoextermínio ou situações de risco de vida
para si ou terceiros.

39
QUAL SERVIÇO DE SAÚDE MENTAL DEVO BUSCAR?

A decisão de procurar um serviço especializado em saúde


mental de urgência ou pronto-atendimento de avaliação geral
envolve algumas particularidades. Indivíduos que também são
portadores de doenças clínicas graves ou descompensadas (ex:
diabetes de difícil controle, insuficiência cardíaca grave entre
outros) devem procurar primeiramente uma Unidade de
Pronto-Atendimento (UPA) ou hospital que atenda emergência.

O mesmo se diz sobre situações como intoxicações (ingesta


excessiva de álcool e/ou outras substâncias potencialmente
tóxicas), tentativas de autoextermínio medicamentosa, quedas
entre outros. Nessas situações, a avaliação clínica é prioritária
visando a segurança do paciente. Além disso, esses casos
frequentemente necessitarão de exames e abordagens clínicas
específicas.

Situações de gravidade exclusivamente psiquiátricas (em que


não há risco clínico iminente) devem ser atendidas idealmente
em CAPS ou hospitais com equipe da saúde mental, sejam
esses hospitais gerais ou psiquiátricos. Na ausência desses
serviços de saúde mental, o indivíduo deverá procurar uma UPA
ou hospital geral com atendimento de urgência/ emergência.
Na impossibilidade de levar o indivíduo por meios próprios a
esses serviços, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência
(SAMU) poderá ser acionado pelo número 192.

40
QUAL SERVIÇO DE SAÚDE MENTAL DEVO BUSCAR?

Situações que não envolvam maior gravidade ou condições


estáveis devem ser atendidas preferencialmente na atenção
primária. Os dispositivos possíveis de atendimento são UBS,
clínicas ou consultórios de atendimento psiquiátrico ou CAPS.
Devemos lembrar que os CAPS são porta aberta de
atendimento em saúde mental, mas pacientes estáveis e/ou
com quadros de menor gravidade tendem a ser referenciados
para atendimento nas UBS.

O serviço da UBS inclui uma equipe de atendimento que conta


com a rede de matriciamento, no qual profissionais da saúde
mental oferecem suporte através da discussão de casos e
assistência complementar à equipe principal de atendimento.

Ressaltamos que embora esse seja o modelo ideal, nem todas


as regiões do país contam com tal estrutura plenamente
atuante. Isso não deverá impedir que o indivíduo em sofrimento
psíquico recorra ao atendimento mais facilmente disponível na
ausência dos demais.

A tabela a seguir simplifica o fluxo em saúde mental que poderá


ser adotado na busca por atendimento:

41
QUAL SERVIÇO DE SAÚDE MENTAL DEVO BUSCAR?

URGÊNCIA PSIQUIÁTRICA

1- NA PRESENÇA DE URGÊNCIA CLÍNICA ASSOCIADA:

-UPA
-Hospitais gerais com pronto-atendimento/serviços de urgência
-SAMU (pacientes que se encontram em domicílio ou vias públicas, por
exemplo)

2- NA AUSÊNCIA DE URGÊNCIA CLÍNICA ASSOCIADA:

-CAPS
-Hospitais psiquiátricos
-Hospitais gerais com pronto-atendimento (na ausência dos outros serviços
especializados)

CASOS ESTÁVEIS OU COM SINTOMAS LEVES (SEM URGÊNCIA PSIQUIÁTRICA)

-UBS
-Consultórios

Observação: nos hospitais dia com atenção integral, pacientes


com quadros moderados permanecem em regime de
observação da equipe por 12h e pernoitam em casa, sob
supervisão.

42
BEATRIZ: A GAROTA "EXTRAVAGANTE"

Você chegou até aqui com muitas informações e orientações


sobre o transtorno bipolar. Chegou a hora de entender na
prática como esse quadro pode se manifestar sob diferentes
perspectivas. Por isso, você será apresentado a duas histórias
ilustrativas sobre o tema. Começaremos por Beatriz.

Beatriz, 35 anos, foi trazida por familiares para atendimento na


urgência psiquiátrica. Já no início da consulta, apresentava-se
com maquiagem colorida, roupas extravagantes e gesticulava
excessivamente.

Beatriz falava de forma acelerada, com o tom de voz elevado e


mudava de um assunto para o outro rapidamente. Por vezes era
difícil estabeler o sentido de suas falas. Logo em sua
apresentação apontou: "Eu só vim aqui porque minha mãe
mandou, mas quem precisava de atendimento era ela", "sua
camisa é bonita, adoro essa cor. Vermelho é a cor do amor, que
também é a cor do meu carro".

Durante a avaliação Beatriz falava praticamente sozinha, sendo


difícil direcionar as perguntas. Se irritava facilmente com sua
mãe quando contrariada e parecia a dona da razão. Relatou se
sentia muito energizada e que não precisava dormir, pois tinha
muitas tarefas a cumprir e não estava se sentindo cansada. Há
uma semana aproveitava a madrugada para faxinar a casa
enquanto ouvia suas músicas preferidas. Não se preocupava
em incomodar os vizinhos.

43
BEATRIZ: A GAROTA "EXTRAVAGANTE"

Sua mãe também relatou preocupação com o comportamento


recente de Beatriz, que se destoava do seu padrão. Descobriu
que a filha havia gastado mais de 5000 reais em um site de
roupas e começou a beber de maneira desenfreada, se
colocando em risco ao dirigir. Foi a primeira vez que Beatriz
apresentou esse tipo de comportamento.

Beatriz já havia tratado duas vezes de depressão ao longo da


vida. O seu último episódio depressivo aconteceu há pouco
mais de um mês, quando passou por avaliação médica e foi
iniciado um antidepressivo, escitalopram de 10 mg. O
comportamento atual de Beatriz lembrava muito o do seu pai.
que já havia sido internado em hospital psiquiátrico, embora
sua mãe não se recordasse do que se tratava.

Beatriz necessitou de tratamento hospitalar para estabilização


do quadro e atualmente encontra-se em eutimia, após receber
o diagnóstico de transtorno bipolar do tipo I. Ela segue
acompanhamento regular com psiquiatra e psicólogo.

Sua história ilustra um episódio clássico de mania e não


representa uma pessoa em particular.

44
MATHEUS: A PEREGRINAÇÃO
ATÉ A ESTABILIDADE

Matheus era um jovem engenheiro que aos 26 anos,


compareceu ao consultório queixando-se de tristeza e angustia
de longa data. Relatou fazer tratamento para depressão e
ansiedade desde os 15 anos, com múltiplos acompanhamentos
psicoterápicos e psiquiátricos.

Durante os 11 anos de tratamento, percorreu diferentes


profissionais e usou diferentes medicações antidepressivas.
Percebia que os medicamentos traziam certo alívio inicial, mas
logo após sentia-se mais irritado e inquieto, com dificuldades
para dormir e com múltiplas crises de ansiedade. Interrompia o
tratamento por conta própria e então procurava outros
profissionais quando as crises se intensificavam. Já havia
passado por sete psiquiatras.

Matheus descreve que o único momento do tratamento em que


se sentiu bem foi em uso de uma medicação antidepressiva
chamada venlafaxina. Nesse período, percebeu que estava
mais empolgado e energizado que o habitual. Chegou a se
matricular em uma pós graduação, envolveu-se em um
relacionamento extraconjugal e comprou duas viagens além de
suas possibilidades. As consequências negativas desse período
se estenderam para o relacionamento, equilíbrio financeiro e
trabalho.

45
MATHEUS: A PEREGRINAÇÃO
ATÉ A ESTABILIDADE

Após extensa investigação de sua história pregressa e atual, foi


possível identificar que Matheus era portador de transtorno
bipolar do tipo II, com predomínio de sintomas depressivos e um
episódio prévio de hipomania (período que o mesmo relatava
melhora). Alguns indícios demonstravam que a depressão de
Matheus era uma fase do transtorno bipolar.

Seu tratamento com antidepressivos levou a resposta atípica,


com piora dos sintomas, incluindo a indução de hipomania em
uso de antidepressivo. Como muitos pacientes, Matheus
acreditava que a elevação do humor e da energia na fase de
hipomania era a melhor fase do tratamento, quando na
verdade se tratava de uma instabilidade do humor.

Com o diagnóstico correto, foi possível ajustar seu tratamento


com estabilizadores de humor e alcançar a melhora dos
sintomas depressivos e ansiosos. Também foi fundamental o
trabalho da psicoterapia com abordagem em psicoeducação
individual e familiar. Matheus encontra-se em tratamento
regular e estável há mais de 06 meses.

A história de Matheus ilustra o caso de inúmeros pacientes em


episódio de depressão bipolar e não representa uma pessoa
em particular.

46
O PAPEL DO PROFISSIONAL DA SAÚDE

O transtorno bipolar é uma condição complexa inclusive entre


profissionais de saúde. Abordaremos aqui o papel de cada
profissional de saúde na condução do tratamento.

É papel do médico transmitir ao paciente as principais


informações sobre o quadro, realizar avaliações de
acompanhamento periódico e apontar estratégias
medicamentosas e não medicamentosas visando a
estabilidade. Cabe ainda estimular estratégias de estilo de vida
saudável como sono regular, prática de atividade física e evitar
exposição a substâncias psicoativas, fatores que reduzem o
estresse e contribuem para evitar recaídas.

Eventualmente, o paciente pode apresentar sintomas residuais


(que ainda não melhoraram com o tratamento), efeitos
colaterais desagradáveis com os medicamentos ou dificuldade
em arcar com os custos do tratamento. Por isso, o profissional
deve perguntar ativamente ao paciente e familiares sobre esses
e outros aspectos que julgar relevantes.

O médico deve criar um ambiente acolhedor e adotar postura


empática para que o paciente se sinta confortável para
transmitir preocupações, queixas ou inseguranças, impactando
diretamente na evolução favorável do quadro.

47
O PAPEL DO PROFISSIONAL DA SAÚDE

Para os pacientes em acompanhamento psicoterápico, é


importante que o psicólogo/terapeuta explore os sentimentos e
emoções envolvidos no processo de comunicação do
diagnóstico ao tratamento do transtorno bipolar.

Validar suas emoções e ao mesmo tempo facilitar a aquisição


de habilidades de enfrentamento contribuem para a
estabilização do paciente. Explorar a vida fora do tratamento e
mecanismos de fortalecimento da rede de apoio também é um
aspecto muito importante.

A psicoeducação poderá ser aplicada por todo profissional de


saúde devidamente capacitado, se estendendo não apenas ao
paciente, mas também aos familiares/rede de apoio desse
indivíduo.

Outros profissionais também podem fazer parte da equipe de


saúde, como: enfermeiro, técnico de enfermagem, terapeuta
ocupacional, fisioterapeuta e todo aquele que se fizer
necessário para o acompanhamento integral desse indivíduo.

48
O PAPEL DA REDE DE APOIO

O transtorno bipolar afeta não apenas o indivíduo, mas os seus


familiares e sua rede de apoio. Sentir-se sobrecarregado,
frustrado ou preocupado com o estigma decorrente da doença
é uma situação frequente.

Alguns familiares se sentem culpados por transmitirem a


"genética de risco" aos seus descendentes, enquanto outros se
culpam por comportamentos que possam ter levado aquele
indivíduo ao adoecimento psíquico. Há ainda aqueles que por
não compreenderem o quadro como uma condição médica, o
definem erroneamente como uma condição da personalidade
do sujeito. Por isso, é muito importante que essas pessoas sejam
ouvidas e orientadas corretamente sobre o TAB e sua
complexidade.

Também é recomendável que essa rede de apoio entenda a


fundo o transtorno. Conhecer as suas fases, identificar
potenciais gatilhos e compreender as formas de tratamento
reduzem o estigma e facilitam o acesso do paciente ao
tratamento adequado e precoce.

49
O PAPEL DA REDE DE APOIO

Outro ponto que merece destaque é a postura da rede de apoio


em cada fase do transtorno. Em períodos de estabilidade
(eutimia), é essencial estimular o paciente a manter o
tratamento conforme orientado pela equipe de saúde. É
justamente no período assintomático que a maioria dos
pacientes acaba interrompendo o tratamento, seja pelos seus
efeitos colaterais, seja por não considerar mais necessário o uso
dos medicamentos.

Encoraje o paciente a expressar seus sentimentos em relação


ao tratamento e a comunicar aos profissionais de saúde que lhe
acompanham situações que julgar necessário. A estabilidade
depende diretamente da manutenção do tratamento.

50
O PAPEL DA REDE DE APOIO

Em episódios de mania, o paciente poderá mostrar-se


grandioso e relatar situações que fogem da realidade, como
títulos e capacidades que não tem. Em episódios de hipomania,
por sua vez, essa grandiosidade pode se mostrar com o senso
de razão aumentado (a pessoa se sente a dona da verdade). O
paciente poderá ainda apresentar sintomas mistos, como
irritabilidade e impaciência, se tornando mais "briguento" que o
habitual.

É essencial que nesse momento não se tente discutir ou


confrontar diretamente o paciente, de maneira a não precipitar
atos violentos ou fragilizar a relação com o mesmo. Opte por
uma postura acolhedora e ofereça ao paciente o suporte
necessário, incluindo acesso à equipe de saúde mental que lhe
acompanhe ou a serviços de urgência.

Em períodos depressivos ou estados mistos, atente-se para


sinais de alarme, como o risco de suicídio. Frases como "queria
dormir e não acordar mais", "sou um peso na vida das pessoas",
"quero sumir", e mensagens de despedida são apenas algumas
das diversas formas de sinalizar o risco potencial de suicídio e
não devem ser subestimadas. Nesse período, maior vigilância
sobre o paciente, dificultar o acesso a métodos de autolesão e
supervisionar a medicação pode ser necessário.

Falar abertamente com o paciente sobre pensamentos de


morte ou de suicídio e oferecer escuta acolhedora, ao contrário
do que diz o senso comum, é fonte de alívio e pode salvar
vidas. Se você notar o risco potencial de suicídio, leve
imediatamente o paciente para avaliação da equipe de saúde
mental ou ligue para o Centro de Valorização da Vida (CVV-
188).

51
O PAPEL DO PACIENTE

Receber o diagnóstico de uma condição psiquiátrica é


desafiador. Porém, nenhuma das etapas do tratamento se
cumpre sem a adesão do paciente. Manter o tratamento em
períodos de crise muitas vezes acontece graças à rede de
apoio, uma vez que muitos indivíduos não compreendem nesse
momento a gravidade de sua condição.

Todavia, é na manutenção do tratamento, quando já se atingiu


a estabilidade (eutimia), que manter regularmente os cuidados
se torna ainda mais importante.

Para aderir ao tratamento, o paciente precisa entender a fundo


sobre o transtorno bipolar, suas fases e sua natureza crônica e
recorrente, demandando cuidado contínuo. Esse indivíduo
também precisa se sentir confortável com o uso da medicação
e idealmente deve adotar um estilo de vida saudável, evitando
estressores prolongados como privação de sono e consumo de
substâncias psicoativas.

Por isso é essencial que haja uma boa relação entre paciente ,
profissionais de saúde e rede de apoio, permitindo comunicar e
explorar as suas perspectivas de maneira empática.

52
AGRADECIMENTOS

Esse material foi produzido com a supervisão do psiquiatra


Lucas Machado Mantovani e não pretende esgotar um tema tão
complexo como o transtorno bipolar. Poderá ser utilizado como
passo inicial para que você compreenda mais a fundo essa
condição e saiba quais ferramentas utilizar na busca por uma
vida de estabilidade e realização.

Se você chegou até aqui, significa que de alguma forma esse


material lhe proporcionou informações importantes enquanto
paciente ou rede de apoio de um indivíduo portador de
transtorno bipolar.

Sabemos que não é uma jornada fácil, mas acreditamos que é


possível torná-la mais leve através da educação e
conhecimento sobre o quadro.

Se você, assim como eu, entende a educação em saúde é um


instrumento divisor de águas, compartilhe esse material com
quem ele possa ser útil.

E lembre-se: você não está sozinho!

Atenciosamente,

Luiz Eduardo de Freitas Xavier

53
SUGESTÕES DE LEITURA COMPLEMENTAR

As duas referências a seguir são também sugestões de leitura


complementar:

Moreno, Ricardo Alberto, et al. Aprendendo a viver com o


transtorno bipolar: manual educativo. Artmed Editora, 2015.

Site da ABRATA: https://www.abrata.org.br

54
REFERÊNCIAS

Bipolar disorder : an information guide / CAMH Bipolar Clinic staff


; [contributors, Sagar Parikh ... [et al.]]. -- Revised edition.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à


Saúde. Departamento de Ações Programáticas. Instrutivo
Técnico da Rede de Atenção Psicossocial (Raps) no Sistema
Único de Saúde (SUS) [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção Primária à Saúde, Departamento de
Ações Programáticas. Brasília : Ministério da Saúde, 2022.

Mondimore, Francis Mark. Bipolar disorder: A guide for patients


and families. JHU Press, 2014.

Shah N, Grover S, Rao GP. Clinical Practice Guidelines for


Management of Bipolar Disorder. Indian J Psychiatry. 2017
Jan;59(Suppl 1):S51-S66. doi: 10.4103/0019-5545.196974. PMID:
28216785; PMCID: PMC5310104.

Miklowitz DJ, Efthimiou O, Furukawa TA, Scott J, McLaren R,


Geddes JR, Cipriani A. Adjunctive Psychotherapy for Bipolar
Disorder: A Systematic Review and Component Network Meta-
analysis. JAMA Psychiatry. 2021 Feb 1;78(2):141-150. doi:
10.1001/jamapsychiatry.2020.2993. PMID: 33052390; PMCID: PMC75

Moreno, Ricardo Alberto, et al. Aprendendo a viver com o


transtorno bipolar: manual educativo. Artmed Editora, 2015.

55
REFERÊNCIAS

Roso MC, Moreno RA, Costa EM. Intervenção psicoeducacional


nos transtornos do humor: a experiência do Grupo de Estudos de
Doenças Afetivas (GRUDA) [Psycho-educational intervention in
mood disorders: an experience of Affective Disorders Study
Group]. Braz J Psychiatry. 2005 Jun;27(2):165. Portuguese. doi:
10.1590/s1516-44462005000200021. Epub 2005 Jun 13. PMID:
15962149.

Lam, Dominic, Peter Hayward, and Steven H. Jones. Cognitive


therapy for bipolar disorder: A therapist's guide to concepts,
methods and practice. Vol. 101. Hoboken, NJ: Wiley-Blackwell,
2010.

Relação Nacional de Medicamentos Essenciais Rename 2022


[recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência,
Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde,
Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos
Estratégicos. – Brasília : Ministério da Saúde, 2022. 181 p. : il.

Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Ciência, Tecnologia e


Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência
Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Componente
especializado da assistência farmacêutica: inovação para a
garantia do acesso a medicamentos no SUS. Brasília: Ministério
da Saúde; 2014. 164 p.

Yatham LN, Kennedy SH, Parikh SV, Schaffer A, Bond DJ, Frey BN, et
al. Canadian Network for Mood and Anxiety Treatments
(CANMAT) and International Society for Bipolar Disorders (ISBD)
2018 guidelines for the management of patients with bipolar
disorder. Bipolar Disord. 2018; 20(2):97-170

56

Você também pode gostar