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CENTRO UNIVERSITÁRIO DO VALE DO IPOJUCA - UNIFAVIP

CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

JOÃO JOABSON SOBRAL LINS

ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL:
Resumo dos capítulos I e II do primeiro livro

CARUARU
2024
Capítulo 1
Breve histórico dos primórdios da Orientação Profissional

1.1A necessidade da orientação

 A ideia e a prática da orientação sempre foram preocupações presentes ao longo da


história da humanidade, configurando geralmente um auxílio ou conselho de uma
pessoa mais experiente na resolução de problemas ou na escolha de caminhos, pois
sempre houve uma contínua busca do homem em relação à sua maneira de viver.

PRÉ-HISTÓRIA  ajuda mútua para a sobrevivência e estabilidade;

GRÉCIA ANTIGA  mestres acompanhavam o desenvolvimento dos seus discípulos,


descobriam talentos e indicavam caminhos;

IDADE MÉDIA  Igreja guiava o rumo do mundo pelos ditames do cristianismo

“Nem todas as pessoas poderiam exercer todas as ocupações, fazeres, artes ou ofícios”

Platão: a importância da determinação das aptidões individuais para a adaptação social.

Aristóteles: desenvolvimento da razão para a escolha de atividades em consonância


como os interesses do sujeito.

Santo Tomás de Aquino: a importância do desenvolvimento das potencialidades


humanas.

“A história da humanidade intercalou momentos em que as pessoas tinham


alguma possibilidade de escolher e tomar decisões com momentos nos
quais estavam submetidas a uma ordem superior que guiava seus passos. “
O Renascimento surge como possibilidade do resgate da experiência subjetiva, ou seja,
de poder assumir sua vida e determinar para si o que é certo ou que é errado, trazendo a
abertura da escolha e a insegurança da falta de uma referência segura a quem seguir.

 a questão da escolha profissional não se colocava como uma das

muitas tarefas da vida das pessoas, que se viam presas a


determinantes hereditários, ou seja, o seu futuro como trabalhador
estava marcado pela sua família de origem.

1.2 A possibilidade de fazer escolhas

 História da Tomada de Decisão:


- Desde a Pré-História, a necessidade de tomar decisões foi uma parte
fundamental da vida humana, pois cada dia era vivido como único e
decisões relacionadas à sobrevivência poderiam determinar a vida ou
morte.
- Ao longo da história, houve momentos em que as pessoas tinham
alguma liberdade de escolha e momentos em que estavam submetidas a
ordens superiores, como deuses ou sistemas sociais.

 Início da Reflexão sobre Escolha Profissional:


- Até o Renascimento, a maioria das pessoas tinha seu futuro ocupacional
determinado pela hereditariedade, sem muita consideração pelas
inclinações individuais.
- Alguns pensadores começaram a questionar essa determinação
hereditária das ocupações e propuseram que as pessoas possuíam
inclinações naturais para diferentes profissões.
 Mudanças no Renascimento:
- O Renascimento trouxe consigo uma nova mentalidade que valorizava a
singularidade e a autonomia individual.
- Surgiram novas áreas de conhecimento e exploração, como artes,
ciências, navegações e comércio.

 Desenvolvimento da Orientação Profissional:


- Antes do século XVIII, não havia uma necessidade percebida de
orientação profissional, pois as ocupações eram herdadas e não havia
mobilidade social significativa.
- Mudanças no modo de produção, como a revolução industrial,
juntamente com ideias liberais e o desenvolvimento da Psicologia, abriram
espaço para uma nova abordagem em relação às escolhas de carreira.

 Contribuições para a Orientação Profissional:


- Ao longo do século XIX, surgiram diversas iniciativas que contribuíram
para o desenvolvimento da orientação profissional, como palestras sobre o
mercado de trabalho e propostas de orientação em escolas.
- Autores como John Sydney Stoddard e Lysander S. Richards
publicaram obras que abordavam a reflexão e o planejamento do futuro
profissional.

 Desafios Iniciais:
- A emergência da orientação profissional enfrentou desafios, incluindo a
falta de uma base teórica sólida devido à priorização da prática sobre a
teoria.
- A rápida expansão da educação e do mercado de trabalho aumentou a
demanda por orientação profissional, criando uma necessidade urgente de
desenvolver métodos eficazes.

 A Emergência da Orientação Vocacional:


- A Orientação Vocacional surgiu como resposta às demandas
socioeconômicas do século XX, estabelecendo-se como uma disciplina que
auxilia as pessoas na escolha e realização de suas vocações.

“A Orientação Vocacional é um ‘invento’ da modernidade para auxiliar


pessoas que se perguntam por seu fazer presente e futuro. Como
intervenção, tem diversas particulares em relação, tanto ao marco
conceitual com o qual se trabalha, quanto também ao contexto em que se
exerce sua prática.”

- Utiliza conceitos e contribuições de diversas áreas do conhecimento,


como Psicologia, Sociologia, Filosofia, Economia e Pedagogia, para
oferecer suporte na tomada de decisão em relação à carreira.

Capítulo 2
Orientação Profissional: uma proposta de guia terminológico

2.1 Nomeação: delimitação do conceito e evolução da Orientação


Profissional

 Delimitação do conceito: O que é Orientação Profissional (OP)


- A Orientação se dividiu basicamente em três grandes áreas no começo: a
Orientação Educacional (OE), a Orientação Vocacional (OV) e a
Orientação Profissional (OP).

- A OE atuaria no interior das instituições educacionais sendo responsável


pelo auxílio ao indivíduo como um todo, ou seja, em todas as esferas do
seu desenvolvimento;

- A OV se consolidaria como um auxílio ao jovem que desejava ingressar


em um curso de nível superior;

- A OP seria o auxílio ao indivíduo para seu ingresso no mercado de


trabalho.

- Frank Parsons é tido como o precursor da Orientação mundial, pois foi


um dos primeiros a executar sistematicamente trabalhos de Orientação nos
Estados Unidos.

- Utilizou pela primeira vez o termo Vocational Guidance (Orientação


Vocacional) e lançou o livro Choosing a vocation, em 1909, tido como
marco inaugural das publicações na área de Orientação Vocacional.

 Terminologia da Orientação Profissional


- Parsons utilizou o termo Vocational Guidance (Orientação Vocacional)

- Surgiu na mesma época o termo Educational Guidance (Orientação


Educacional), que determinaria o trabalho de orientação no interior das
instituições de ensino e que visava ao desenvolvimento global do
indivíduo, não apenas um aspecto das suas relações com o mundo, como no
caso da Orientação Vocacional, que visava à orientação para as escolhas
vocacionais

- A ideia que estava embutida nessa nomeação era a da vocação como algo
a ser descoberto, portanto o trabalho de Orientação Vocacional seria o
diagnóstico das características das pessoas e a escolha das ocupações que
melhor se ajustassem a esse perfil

 Counseling

- Essa forma de entender e trabalhar em Orientação se modificou em


meados dos anos 1940 com as ideias de Counseling (aconselhamento), que
colocavam a Orientação não mais como um processo diagnóstico, mas sim
um processo de construção das escolhas vocacionais.

 Ideias Desenvolvimentistas: Um novo paradigma para a Orientação

- Nos anos 1950 surgem as ideias desenvolvimentistas

- Até esse momento a Orientação era focada nos momentos de escolha, a


partir de então ela seria um auxílio a qualquer pessoa em qualquer período
da vida, que necessitasse ajuda para o seu desenvolvimento vocacional, ou
seja, o orientador atuaria no auxílio do desenvolvimento da vida
profissional dos indivíduos, e não mais simplesmente no momento de
escolha de um caminho profissional.

- A ideia de descoberta da vocação é trocada pela do desenvolvimento


vocacional, dando base para o enfoque desenvolvimentista em Orientação
Profissional
 Distinção dos conceitos de Guindace e Counseling

- É importante frisar que o termo guidance é traduzido em português por


orientação e o termo counseling por aconselhamento, mas que isso pode
levar a interpretações errôneas. O guidance traz a ideia de uma orientação
mais diretiva e informativa, com o orientador trazendo informações,
guiando caminhos, sendo uma tradução mais adequada a ideia de assessoria
ou aconselhamento (no sentido de dar conselhos).

- Atualmente no Brasil, a utilização das nomenclaturas Orientação


Vocacional ou Orientação Profissional é associada ao trabalho de
psicólogos e pedagogos que auxiliam jovens nas escolhas que devem ser
efetuadas para o ingresso no mundo da educação (cursos técnicos, cursos
superiores, reescolha de cursos, pós-graduação) e, em geral, acontecem nas
escolas, consultórios e universidades.

- É crucial esclarecer essa distinção para evitar interpretações equivocadas


e garantir uma compreensão correta do papel do orientador na orientação
profissional.

 Qual é a importância de uma terminologia?

- Uma nomeação não é simplesmente um título sem significado, mas


carrega o pensamento das teorias dominantes em cada época e expressa a
identidade e as representações sociais vigentes.

- Toda e qualquer escolha de uma nomenclatura carregará uma tradição,


uma história e uma opção epistemológica, metodológica e sócio-histórica,
que será sempre parcial e criticável. Por isso a necessidade de marcar uma
posição fixa no que diz respeito ao termo a ser utilizado na prática da OP.

2.2 Precisões terminológicas: proposta de definição de alguns dos


principais termos-chave para Orientação Profissional

 Alguns termos-chave utilizados em Orientação Profissional

- Adaptabilidade de Carreira:

Significado socioeconômico: adaptação constante da pessoa ao mundo do


trabalho para responder às demandas que lhe são colocadas e poder, nele,
permanecer inserido.
Significado psicológico: prontidão para enfrentar as tarefas
desenvolvimentais previsíveis e as transições ocupacionais e constantes
crises não previsíveis.

Adaptação vocacional:

Significado socioeconômico: adaptação constante entre pessoa e mercado


de trabalho.
Significado psicológico: interação, na qual pessoas e realidade se
modificam para uma adaptação mútua e recíproca que deve resultar em
satisfação e êxito na carreira – base do enfoque desenvolvimentista em
Psicologia Vocacional.

Ajustamento vocacional:
Significado socioeconômico: combinação do perfil pessoal com o da
ocupação gerando um pleno desenvolvimento da pessoa no mundo do
trabalho e da economia de um país.
Significado psicológico: conceito mecanicista que pressupõe a combinação
entre as características pessoais (perfil vocacional) com as características
das profissões (perfil profissiográfico).

Aptidão:

Significado genérico: aptidão é sinônimo de vocação.


Significado psicológico: a aptidão teria relação com comportamentos
específicos, estáveis no tempo e unitários indicativos da facilidade ou
predisposição natural para aprender ou da capacidade de obter eficiência ou
executar uma tarefa com sucesso.

Capacidade:

Significado socioeconômico: possibilidade individual de vinculação e


realização de atividades em um dado trabalho.
Significado psicológico: potencialidade individual para o exercício de
qualquer função definida em relação a quanto uma pessoa já possui de
domínios aprendidos necessários para a realização de uma dada atividade
(dimensão passada), englobando tanto a habilidade (dimensão presente)
quanto a aptidão (dimensão futura), embora nem sempre fique clara a
fronteira entre esses conceitos

Carreira:
Significado sócio-histórico: percurso construído ao longo da vida pelo
vínculo a uma série de ocupações e profissões.
Significado psicológico: sequência evolutiva das experiências de trabalho
de uma pessoa em dado contexto ao longo do tempo, que se constitui em
um veículo de autorrealização psicológica

Comportamento vocacional:

Significado psicológico: respostas de uma pessoa ao escolher uma


ocupação e adaptar-se a ela, com caráter processual e acompanhando o
desenvolvimento da pessoa pela atualização de suas experiências.

- Entre outros tantos termos a serem percebidos, estudados e


compreendidos na teoria e na prática da OP.

2.3 Construção de uma definição: no caminho de uma concepção para a


Orientação Profissional

 Definições e os enfoques teóricos construídos

- Parsons primeiramente definiu a Orientação Profissional como o processo


especializado de ajuda para: A questão fundamental, que supera em
importância todas as outras, que é a questão do ajustamento

O ajustamento seria realizado por meio de:

“uma clara compreensão de si mesmo, de suas aptidões, capacidades,


interesses, ambições, recursos, limites e de suas causas”
- Brewer diz que a Orientação Profissional é um processo para “ajudar as
pessoas a escolher e se preparar para entrar e progredir nas ocupações”.

- Claparède postulava a Orientação Profissional como um processo que


“tem como fim guiar um indivíduo até a profissão que lhe ofereça mais
probabilidades de êxito, pois esta corresponde mais às suas atitudes
psíquicas e físicas”.
Myers (1941) e Mira y Lopez (1947), definindo a Orientação Profissional
como o:

“Processo de auxiliar os indivíduos a escolher uma ocupação, preparar-se


para isso, entrar e progredir nela. Ele está fundamentalmente interessado
em ajudar os indivíduos a tomar decisões e fazer escolhas relativas ao
planejamento do futuro e a construção de uma carreira. (MYERS, 1941, p.
19). Processo de auxílio a um indivíduo na escolha de uma profissão ou
carreira; de prepará-lo para ela, de fazê-lo ingressar e progredir nela.”

- Jones amplia esses princípios, acrescentando que a autonomia e a


aprendizagem de um processo de escolha são metas para a Orientação
Profissional, que deve ser oferecida para todos, em todos os contextos e
fases da vida.

 Elementos centrais para uma definição atual da OP

• é um processo de ajuda realizado por uma pessoa com conhecimentos


técnicos, que visa beneficiar outra pessoa ou grupo de pessoas que estejam
necessitados;
• objetiva trabalhar com o processo de escolha, as inserções ocupacionais e
a elaboração e o acompanhamento de um projeto profissional/ocupacional;
• deve ser realizado ao longo de toda vida, dirigido a todos os indivíduos e
realizado nos mais variados espaços sociais;
• visa ao auxílio à integração psicossocial dos indivíduos, via inserção
ocupacional/profissional, objetivando o desenvolvimento pessoal e social.

 Quatro princípios básicos da OP

– Antropológico: concepção de ser humano como sujeito de escolhas;


– Prevenção primária: projeto profissional/ocupacional como agente de
saúde;
– Desenvolvimento: agente ativador e facilitador do desenvolvimento;
– Intervenção social: agente de mudança social.

 Em síntese: a Orientação Profissional é um processo de ajuda de caráter


mediador e cooperativo entre um profissional preparado teórica e
tecnicamente com as competências básicas exigidas e desenvolvidas para
um orientador profissional e um sujeito ou grupo de sujeitos, que necessite
auxílio quanto à elaboração e consecução do seu projeto de vida
profissional/ocupacional com todos os aspectos envolvidos do seu
comportamento vocacional (conhecimento de seu processo de escolha,
autoconhecimento, conhecimento do mundo do trabalho e dos modelos de
elaboração de projetos).

- Não é uma intervenção focal, mas continuada, pois, visa auxiliar o bom
desenvolvimento ocupacional dos sujeitos, bem como o desenvolvimento
socioeconômico de cada nação.
2.4 Competências básicas para o orientador profissional

 As competências centrais são:

1) Demonstrar comportamento ético e conduta profissional apropriados na


realizaçã o de seus papéis e responsabilidades.
3) Demonstrar respeito e consideraçã o à s diferenças culturais dos clientes para
interagir efetivamente com todos os pú blicos-alvo.
4) Integrar teoria e pesquisa na prá tica do aconselhamento, do desenvolvimento
de carreira, da orientaçã o e da supervisã o.
5) Ter capacidade de elaborar, implementar e avaliar programas e intervençõ es de
aconselhamento e orientaçã o profissional.
6) Levar em consideraçã o suas pró prias capacidades e limitaçõ es.
9) Ter sensibilidade social e transcultural.
11) Demonstrar conhecimento dos processos de desenvolvimento de carreira ao
longo da vida.

2.5 Ensino, orientação (counseling) e psicoterapia

 Confusões conceituais e metodológicas

- O campo da Orientação Profissional, por conta de sua polissemia,


diversidade e interdisciplinaridade, tem causado confusões conceituais e
metodológicas, entre elas, a dimensão de atuação do orientador: ele
ensinaria, orientaria ou faria psicoterapia?

- As delimitações entre esses campos de intervenção são tênues e alguns


autores defendem que seria secundária a divisão, principalmente, entre
aconselhamento (guidance), orientação (counseling) e psicoterapia, pois ela
não se daria a priori e, sim, em função da demanda ou pedido de ajuda do
cliente.

 Segundo Stefflre (1976), Scheeffer (1976) e Hahn (1953):

- Não é possível distinguir claramente orientação de psicoterapia; os


orientadores praticam o que muitos psicoterapeutas chamam psicoterapia;
os psicoterapeutas praticam o que os orientadores consideram
aconselhamento ou orientação; e apesar de tudo que foi dito, psicoterapia,
aconselhamento e orientação são diferentes.

 Comparação entre ensino (teaching), orientação (counseling) e


psicoterapia (psychotherapy).
2.6 Código de ética e deontologia da Orientação Profissional

 Ética na prática da Orientação Profissional

- É se suma importância que um código deontológico estabeleça os deveres


profissionais de cada categoria, fundamentados em princípios éticos,
mesmo em áreas interdisciplinares como a Orientação Profissional, pois
cumprem a função de orientar o comportamento e a atuação profissional.

- O psicólogo, então, deve sempre buscar a realização desses princípios


que, se muitas vezes são complexos em sua operacionalização, devem ser
perseguidos o tempo todo

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