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Curso de Psicologia
SANTANA DE PARNAÍBA
ABRIL 2024
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SANTANA DE PARNAÍBA
ABRIL 2024
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO....................................................................................................................4
1. Fichamento do texto “A pesquisa qualitativa olhada para além dos seus
procedimentos” da Maria Aparecida Bicudo.........................................................................5
2. Fichamento do texto “Planejamento de Pesquisa” do Sérgio Vasconcelos de
Luna......11
3. Fichamento do texto “Pesquisa qualitativa versus pesquisa quantitativa: esta é a
questão?” do Hartmut
Günther...............................................................................................22
4. Fichamento do livro “Pesquisa social: teoria, método e criatividade” da Maria Cecília
Minayo........................................................................................................................................2
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APRESENTAÇÃO
1. A pesquisa qualitativa olhada para além dos seus procedimentos, Maria Bicudo.
o quê e o como” (p. 13). Porém aquelas perguntas se mostram procedentes se assumirmos a
complexidade do "ser sendo", ou seja, se concebermos que somos à medida que nos tornamos,
fazendo, acontecendo. Isso significa que o que "é" não se deixa aprisionar no instante do seu
conhecimento, que não é estático” (p. 13).
“Essa concepção permite que se fale em construção da realidade e construção do
conhecimento dando-se em um movimento de ser e de conhecer. De onde o epistemológico
não se separar, do ponto de vista do seu processo de produção, do ontológico. Porém, pode se
separar nos desdobramentos da compreensão do produzido, uma vez que este, o produzido, se
deixa captar na teia de expressões cujos significados se configuram e iluminam conforme os
contextos em que são olhados” (p. 13). “Essas considerações mostram-se pertinentes á
metacompreensão da pesquisa em qualquer região do inquérito. Ao particularizar uma região,
paradoxalmente, o campo de preocupação se amplia e aprofunda, conduzindo o pensar em
direção a complexidades das interrogações de fundo que a habitam” (p. 13 e 14).
“O tema deste livro é a pesquisa qualitativa, primordialmente aquela efetuada na
região de inquérito da Educação e das Ciências Humanas, em geral, ainda que possa também
abranger a produção de conhecimento em outras áreas” (p. 14) “Já de imediato chamamos a
atenção do leitor para o significado de qualitativo, adjetivo que modifica a modalidade de
pesquisa. No cotidiano acadêmico costuma-se opor pesquisa qualitativa à pesquisa
quantitava” (p. 14) “O qualitativo da pesquisa informa que se está buscando trabalhar com
qualidades dos dados à espera de análise” (p. 14) “Visando não se perder no emaranhado do
qualitativo/quantitativo, Roth afirma que "seria muito melhor falar a respeito da extensão em
que os pesquisadores fazem inferências sobre a generalibilidade ou transferibilidade dos
achados da pesquisa para outros contextos. Descrições de contextos e situações específicas
não são facilmente generalizáveis ou transferíveis para outros contextos, enquanto resultados
de pesquisar estatísticas admitem tais generalizações com maior facilidade” (Roth, 2005, p.
xxiv)” (p. 14).
“Ainda que tenhamos clareza da complexidade em que essa questão se enreda,
diremos pesquisa qualitativa” (p.14) “É comum que pesquisadores se refiram a essa
modalidade de pesquisa, dizendo apenas, em uma generalidade vazia, conforme tal e tal
autor/es está é uma pesquisa etnográfica, ou estudo de caso etc., em uma tentativa de
informar ao leitor sobre seus procedimentos e de legitimar a pesquisa efetuada” (p. 15)
“Entretanto, os títulos citados, que sustentam essa intenção, em sua maioria, fornecem um
panorama geral sobre pesquisa qualitativa e sobre algumas modalidades, sem adentrar
meandros pelos quais a complexidade da pesquisa fui e muitas vezes se enrosca” (p. 15).
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Do significado de pesquisa
“De um modo geral, fala-se sobre como fazer pesquisa, mas não se foca o que é
pesquisa (Guba e Licoln, 1985; Bogdan e Bilklen, 1994). Em trabalhos prévios (Bicudo,
2000, 2004, 2005) demoramo-nos na tentativa de trazer ao leitor significados possíveis de
pesquisa qualitativa, abordando a interrogação pelo viés de lógicas que sustentam
procedimentos investigativos, conforme a concepção de ciência assumida, e na tentativa de
explicar o que o termo "qualidade" indica” (p. 15 e 16)” Generalização e transferibilidade de
resultados são ações sustentadas por um raciocínio de inferência passível de ser efetuado a
partir de investigação denominada, grosso modo, de quantitativa e cujas análises são
efetuadas mediante contagem (que inclui mensuração) e cálculos estatísticos que se abrem às
interpretações” (p. 16) “Generalização, no sentido de que um estudo de caso apresentado na
investigação efetuada pode ser um representante, entendido no sentido matemático, de todos
os casos semelhantes. As transferências entendida no sentido de que ações efetuadas no
desenrolar daquela pesquisa específica podem ser efetuadas em outras situações como
possibilidade de sucesso de similares” (p. 16 e 17) “O que muda entre a pesquisa quantitativa
e a qualitativa, no que concerne à generalização e à transferibilidade, é a concepção de certeza
e a de repetição exata, ainda que probabilística, de ocorrências” (p. 17).
“a qualidade está no âmago da quantidade” (p.17) “no processo de contagem e
respectivos modos de expressão, houve uma cisão entre os atos, desdobrados em ideias de
unidades, numeração, contagem etc., apresentamos como produtos, levando a uma visão de
que a exatidão assim obtida e cálculos possíveis são tão e somente objetivos e exatos.
Entretanto, afirmar que a qualidade está no núcleo da quantidade não significa que toda
pesquisa pode ser quali-quantitativa concomitantemente, apenas por temos compreendidos
essa amarração de sentidos. A pesquisa quantitativa trabalha a partir do momento em que o
objeto investigado é assumido pelo investigador como contável/mensurável” (p. 17) “Uma
pesquisa quali-quantitativa deveria focar o processo pelo qual a qualidade é reunida e contada.
Outro modo de trabalhar quali-quantitativamente seria fazer uma pesquisa qualitativa, visando
compreender as características do fenônemo investigado, em temos de interrogação levantada
mediante procedimentos que trabalham com contextos e situações específicas” (p. 18)
“A pesquisa quali-quantitativa poderia, ainda, dada uma interrogação, trabalhar com
levantamento de aspectos apontados como relevantes pela teoria estudada, tomando-se uma
quantidade de sujeitos – amostra – considerada satisfatória segundo a técnica estatística
escolhida e com estudos qualitativos para investigar outras perspectivas que se anunciam
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como relevantes para a mesma interrogação. A pesquisa qualitativa, como o nome já indica,
trabalha com qualidade. Qualidade do quê? Do objeto/observado, fenômeno/percebido? Com
estas formulações já estamos apontando pares que já anunciam posturas em relação ao modo
de tomar um ou outro par de investigações. O par/objeto observado indica uma postura de
separação entre sujeito que efetua a observação e objeto observado. É como se a qualidade
fosse do objeto e se mostra passível de ser observada. O par fenômeno/percebido indica que a
qualidade é percebida, mostrando-se na percepção do sujeito. Há uma doação de aspectos
passíveis de serem percebidos em modos próprios de aparecer” (p. 18 e 19) “Não há uma
separação entre o percebido e a percepção de quem percebe, uma vez que é exigida uma
correlação de sintonia entendi como doação, no sentido de exposição, entre ambos. Nesta
perspectiva não se assume uma definição prévia do que será observado na percepção, mas
fica-se atento ao que se mostra” (p. 19).
“Uma vez expressado e comunicado, o percebido do sujeito já não é do sujeito, mas
está apresentado (dado) à comunidade, solicitando, então, procedimentos de análise e
interpretação. E aqui se abrem bifurcações possíveis resultantes de compreensão e de má
compreensão do modo de verem-se os pares fenômeno/percebido e objeto/observado. O par
fenômeno/percebido caracteriza a concepção fenomenológica de realidade e de conhecimento
e solicita que a descrição e o que expressão sejam analisados e interpretados. Não se tem, a
priori, um quadro de categorias de como se deve interpretar o relato, mas há que se ficar
atento ao rigor para não se cair prisioneiro do "achismo", pontificando-se sobre o que ali está
dito a partir de visões particulares” (p. 19 e 20)
“Dada à característica de pesquisa qualitativa, o fenômeno investigado é sempre
situado/contextualizado. Exploram-se as nuanças dos modos de a qualidade mostrar-se e
explicitam compreensões e interpretações. Sendo assim, os dados trabalhados não se
permitem generalizar e transferir para outros contextos. Admitem apenas tercerem-se
generalidades sustentadas por articulações efetuadas sucessivamente com os sentidos do que
está sendo expresso. São pesquisas que permitem compreender as características do fenômeno
investigado e que assim procederem dão oportunidade para abrirem-se possibilidades de
compreensões possíveis quando a interrogação do fenômeno é dirigida a contextos diferentes
daquele em que a investigação foi efetuada. Sustentam raciocínios articuladores importantes
para tomada de decisão políticas, educacionais, de pesquisa e aos poucos semeiam regiões de
inquérito com análises e interpretações rigorosas.” (p.21).
A interrogação
“Entendemos que o ponto crucial da pesquisa é constituído pela interrogação e seu
esclarecimento. Daí fazer sentido perguntarmo-nos constantemente o que a interrogação
interroga. O movimento efetuado para dar conta dessa busca auxilia a focar o o quê,
contribuindo para que pensemos reflexivamente no como proceder para corresponder ao
indagado. A interrogação é diferente da pergunta, que indaga, solicitando esclarecimento e
explicitações, do problema, que explicita a pergunta” (p. 22) A interrogação subjaz a essas
modalidades e que formular problemas, hipóteses e perguntas são maneiras de assumir
perspectivas a partir das quais a interrogação será perseguida (p. 23) “Mesmo para
pesquisadores que trabalham com teorias tradicionalmente formuladas e constituídas, ou não
tanto, no âmago da qual formulam suas perguntas e hipóteses, há sempre uma interrogação
que dirige seus olhares e opções, sustentando-os no movimento de investigação” (p. 24).
Referência: BICUDO, M. A. (2011). A pesquisa qualitativa olhada para além dos seus
procedimentos. In: 20/03/2018 (Org.). Pesquisa qualitativa segundo a visão fenomenológica.
1ªed.São Paulo:Editora Cortez, pp. 11-28. Disponível em:
http://www.mariabicudo.com.br/resources/CAPITULOS_DE_LIVROS/A%20pesquisa
%20qualitativa%20olhada%20par%20al%C3%A9m%20dos%20procedimentos.pdf
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função bem mais precisos, especialmente no que se refere à pesquisa quantitativa conduzida
segundo delineamentos estatísticos” (p. 9) “Durante muitos anos, a primazia quase absoluta
da pesquisa quantitativa tornou impensável que se dispensasse o uso de testes estatísticos para
encaminhar os resultados da pesquisa. Neste contexto, hipóteses eram derivadas do problema
formulado e faziam parte indispensável do projeto e do relatório de pesquisa. Particularmente
nas ciências humanas, quando começaram a ser introduzidos novos modelos de pesquisa, a
estatística inferencial teve seu uso drasticamente reduzido e, em decorrência, evidenciou-se a
existência de uma confusão estabelecida entre problema e hipótese. Em síntese, objetivos e
hipóteses de pesquisa não se confundem com o problema de pesquisa, mas dependem da
prévia formulação dele” (p. 10).
“Há pelo menos dois tipos de relevância a considerar: a teórica e a social. Inúmeros
textos têm discutido essa questão” (p.10) “A solução de grandes problemas nas ciências
exatas como nas humanas se dá como trabalho de criação coletiva, e em um espaço de tempo
que ultrapassa em muito aquele de um projeto individual de pesquisa” (p.10) “quanto maior a
clareza na formulação de um problema mais adequada poderá vir a ser as decisões
subsequentes em relação ao projeto. Por outro lado, o detalhamento de um problema de
pesquisa é um processo relativamente aberto e, com alguma frequência, o pesquisador ver-se-
á tentado ou mesmo instado a alterar a sua formulação em meio à coleta de dados. Portanto,
a insistência quanto à clareza da formulação do problema e da sua delimitação visa a obtenção
de parâmetros claros para as decisões metodológicas, mas não pode e não deve funcionar
como uma camisa de força que torne . o pesquisador insensível à realidade com que ele se
defronta” (p. 11).
“Inúmeros fatores podem comprometer a viabilidade da consecução de um projeto de
pesquisa” (p.12) “Lembro que Eco (1977) discute algumas dessas questões de forma
impecável, chegando mesmo a assumir um tom irônico e divertido. A primeira, e mais
empolgante, é exatamente a extensão que se confere ao problema em sua formulação ou, dito
de outra forma, que se permite que o problema assuma por não se imporem limites ao
formulá-lo” (p. 12) “ Formular um problema sob a forma de perguntas ajuda a encaminhar o
projeto, mas há perguntas e perguntas. Por exemplo, "como a criança aprende?" é uma
formulação que está muito longe de permitir o detalhamento de um projeto, assemelhando-se
mais a um tema geral, já que não permitem entrever, de imediato, procedimentos que gerem
informações passíveis de produzirem respostas. “Como" refere-se a um procedimento? A um
processo? De que criança se fala? Aprendendo o quê? Etc. Muitas vezes, a função da
pergunta falha por falta de compreensão do nível conceitual do problema formulado” (p. 12)
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“certos assuntos demandam grande conhecimento relativo a eles para que se possa
produzir mais conhecimento empírico a respeito deles. É preciso que se conheça um
determinado assunto por dentro para que se possam criar eventos críticos que levem os
entrevistados (por exemplo) a reverem suas posições ou mesmo a se disporem a revelar fatos.
Eco (1977) discute, com vários exemplos, a situação do indivíduo que deve fazer uma
pesquisa, mas tem um tempo delimitado para isto. A ameaça à viabilidade do projeto começa
quando o cronograma de execução não dá conta adequadamente das condições externas à
pesquisa, prendendo-se exclusivamente à (suposta ou real) capacidade de trabalho do
pesquisador”.
“informações, em geral, exigem interpretação de ambas as partes: de quem as emite
(seja porque a própria natureza da informação implica subjetividade, seja porque o indivíduo
pode não ter, de momento, uma formulação verbal como resposta) e de quem precisa registra-
la e/ou decodificá-la no momento da análise (aqui, de novo, evidenciasse a importância da
teoria). Essas distinções podem soar meramente formais, sobretudo se considerarmos que, nos
extremos, dificilmente haverá ambiguidade na discriminação entre uma informação tão
factual quanto sexo ou idade e uma avaliação tão subjetiva quanto ‘gosto/não gosto’. Mas
duas circunstâncias justificam sua consideração: em primeiro lugar, nem sempre a
comparação é feita entre extremos (ou nem sempre há o segundo termo para estabelecer-se a
comparação); em segundo e mais importante , não raro uma informação altamente opinativa é
tomada como factual” (p. 13)
“a esta altura, qual seja a primeira regra na escolha de fontes de informação: escolha
sempre a fonte mais direta possível. A segunda regra é: esteja preparado para assumir, na
análise das informações, as implicações da escolha feita. Certos problemas de pesquisa quer
pela sua própria natureza, quer pela habilidade do pesquisador na delimitação do problemas
de pesquisa não deixam muita margem de escolha quanto às fontes a serem consultadas”
(p.14) “O caso particular dos relatos verbais merece destaque neste item. Estudar um
fenômeno por meio de relatos verbais implica selecionar indivíduos que a) detenham a
informação; b) sejam capazes de traduzi-las verbalmente (especialmente no caso de
informações não factuais); c) e principalmente disponha-se a fazê-lo para o pesquisador. Essas
características dos indivíduos selecionados não deveriam constituir meros pressupostos; ao
contrário, o pesquisador deve estar preparado para avaliá-las durante a seleção de seus
sujeitos” [...] Muito poucas situações justificam a seleção de fontes indiretas, no entanto,
seu uso é frequente, e as razões alegadas nem sempre são convincentes” (p. 14).
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dado fenômeno que queremos estudar: quanto mais próxima a amostra estiver da população
nesses aspectos relevantes, maior será a probabilidade de que o que conhecermos dela valha
também para a população” (p. 17).
“Quaisquer que sejam os referenciais teóricos metodológicos do pesquisador, bem
como seus compromissos sociais, presume-se que ele inclua, entre seus objetivos para
pesquisar, o crescimento do conhecimento e a ampliação do poder explicativo de sua teoria.
Ora, para que isto ocorra é necessário que sua pesquisa vá além da constatação das
informações por ele coletadas, que suas conclusões possam superar os limites das condições
estudadas; em outras palavras, é preciso que ele possa conferir generalidade aos seus
resultados” (p.18) “O risco do acúmulo de informações descritivas não é característico de
nenhum esquema metodológico de pesquisa. Ao contrário, durante a vigência estrita dos
delineamentos estatísticos para a pesquisa, eram frequentes os estudos em que o autor se
contentava com a demonstração de uma hipótese, por exemplo, sem que fosse feito qualquer
esforço no sentido de contextualizar os resultados do ponto de vista teórico” (p.19).
“uma revisão de literatura é uma peça importante no trabalho científico e pode, por
ela mesma, constituir um trabalho de pesquisa (basta rever os critérios apontados para
caracterizar uma pesquisa e garantir que eles sejam atingidos)” (p. 20) “A normatização de
como deva ser elaborada uma revisão de literatura é duplamente arriscada. Por um lado,
porque há inúmeras razões pelas quais alguém se dispõe a escrevê-las, as quais condicionarão
muitas de suas características. Uma revisão de literatura que procure recuperar a evolução de
determinados conceitos enfatizará aspectos muitos diferentes daqueles contemplados em um
trabalho de revisão que tenha como objetivo, por exemplo, familiarizar o pesquisador com o
que já foi investigado sobre um determinado problema de interesse. Por outro lado e esta é a
questão mais delicada diferentes pessoas apresentam estilos diversos de organização de
material, que se refletem no modo de transmitir o produto, sem necessariamente afetar a sua
qualidade” (p.20)
“Embora cada leitor possa preferir um ou outro estilo, não há como discuti-los em
termos de certo ou errado. Entretanto, resguardadas as liberdades do autor no que diz respeito
a estilo, e respeitados os condicionantes dos objetivos que ele propõe, há que se reconhecer
que uma revisão de literatura, como qualquer trabalho escrito, é uma peça destinada à
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divulgação, à comunicação e, como tal, está sujeita a um mínimo de critérios e normas” (p.
20).
“Alguns objetivos da revisão de literatura: O termo "objetivo" foi empregado, aqui,
cuidadosa e deliberadamente [...] parece preferível falar em objetivos, já que assim se
estabelece um critério mais facilmente identificável da intenção do autor” (p.20)
“Determinação do "estado da arte": O objetivo deste tipo de trabalho é descrever o estado
atual de uma dada área de pesquisa: o que já se sabe, quais as principais lacunas, onde se
encontram os principais entraves teóricos e/ou metodológicos” (p. 20) “Revisão teórica A
expressão "revisão teórica" está sendo empregada com o intuito de opô-la à revisão de
pesquisa empírica” (p. 20) “Revisão de pesquisa empírica: Uma das funções mais importantes
desse tipo de revisão é a explicação de como o problema em questão vem sendo pesquisado,
especialmente do ponto de vista metodológico” (p.21) “Revisão histórica: Revisões históricas
são extremamente importantes, mas, infelizmente, raras. Seu principal objetivo é a
recuperação da evolução de um conceito, área, tema, etc. e a inserção dessa evolução dentro
de um quadro de referência que explique os fatores determinantes e as implicações das
mudanças” (p.21).
“Localização e identificação de material potencialmente relevante: Arquivos.
Bibliotecas contam com fichários com diferentes entradas (autor, assunto, periódicos, teses e
dissertações), a Capes (Coordenadoria de Capacitação de Pessoal do Ensino Superior MEC)
tem mantido um banco de teses e publicado a relação anual de teses defendidas em qualquer
área; o mesmo vem sendo feito, desde 1982, pela Associação Nacional de Pós-graduação em
Educação - ANPEd. Neste caso, apenas trabalhos em Educação” (p.21 e 22)” “Referências
citadas em artigos já encontrados. Cada pesquisador realiza seu próprio levantamento da
literatura e faz referência aos artigos utilizados no trabalho” (p.22)
“Serviços de levantamento bibliográfico: Algumas instituições (incluindo
universidades estrangeiras) mantêm um serviço de levantamento bibliográfico” (p.22) Outras
alternativas; é possível (embora extremamente improvável) que, após percorrer os caminhos
indicados acima, você não consiga encontrar literatura adequada ao seu problema, ou pelo
menos uma quantidade de artigos suficiente para uma boa revisão. Neste caso, há pelo menos
três caminhos não necessariamente excludentes. 1) Consultas a especialistas na área. Com
relação a essa possibilidade, cabe um alerta. Um especialista (que poderia
ser seu professor) provavelmente estará mais disponível para uma conversa do tipo "troca de
ideias entre pesquisadores" do que para uma conversa do tipo "ajude-me". 2) Analogias. Esta
não é uma boa solução, mas, de qualquer forma, a esta altura, a sua situação também não
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muito boa. 3) Se nada disso foi frutífero e se você continuar decidido a estudar o problema,
você estará autorizado a dispensar uma revisão de literatura e a proclamar a inexistência
desta” (p.22).
“Até onde r retroceder no tempo? A menos que se trate de uma revisão histórica, em
que o critério deveria ser o momento de aparecimento do conceito ou problema que se quer
estudar, é quase impossível responder a essa pergunta. É possível, contudo, lançar mão de
alguns critérios auxiliares. Frequência de pesquisas na área. Se a literatura for abundante, com
publicações regulares, é possível que o material dos últimos 4 ou 5 anos seja suficiente para
compor um quadro de referência para o problema. Disponibilidade de artigos de revisão
frequentes na área. a. A disponibilidade dessas revisões e o acesso a elas, na área de interesse,
reduzem consideravelmente a necessidade de retrocesso no tempo em busca de literatura. As
próprias revisões indicarão artigos ou pesquisas particularmente importantes, de forma que
bastará caminhar a partir deles” (p. 22 e 23).
“A melhor maneira de se organizar um texto é, indiscutivelmente, por meio de um
planejamento prévio da sequência de tópicos dentro do tema e das informações a serem
oferecidas dentro de cada tópico. Ou seja, trata-se de organizar uma sinopse ampliada do
texto, antes de ele ser escrito (sempre é possível reformulá-la posteriormente). É fácil discutir
pontos que tornam um trabalho inadequado do ponto de vista dos itens aqui analisados [...]
“dada à importância de explicar os objetivos da revisão e das vantagens de incluir
"aberturas" e "fechos" em cada subdivisão do trabalho. São esses elementos que ajudarão a
avaliar a adequação das informações oferecidas. Todavia, tudo isso pode ser feito de forma
rotineira, formal e sem funcionalidade” (p.23).
“Os vários textos citados nas referências discutem. a questão de fontes primárias e
secundárias de forma bastante completa” [...] “Uma fonte primária é o texto original” [...] “Há
variações no que se aceita como primário, dependendo do objetivo que se tem” (p. 25) “Uma
citação de um autor sobre outro autor é indiscutivelmente uma fonte secundária e há poucas
circunstâncias que a justifiquem” (p. 25) “É verdade que nosso acesso à bibliografia
internacional está aquém do desejável. Da mesma forma, determinados documentos podem
ser acessíveis apenas in loco, o que pode dificultar sua leitura. Em condições como estas, um
autor pode ser autorizado a recorrer a fontes secundárias. Mas apenas em condições como
estas” (p. 25). “Uma citação direta é uma transcrição literal de uma parte de um texto. Em
revisões históricas, essa transcrição assume uma função fundamental na medida em que
coloca o leitor em contato direto com o texto original, antes de se analisá-lo” (p. 25).
21
Referência: LUNA, V. S. (1997). Planejamento de pesquisa. (pp. 4-25). São Paulo: EDUC.
Disponível em:
http://franciscoqueiroz.com.br/portal/phocadownload/MetodologiadaPesquisa/luna%20sv
%20planejamento%20de%20pesquisa.pdf
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variáveis estranhas ou, ainda, a constatação de que não existem variáveis interferentes e
irrelevantes [...] Na segunda estratégia – da pesquisa quantitativa – tenta-se obter um controle
máximo sobre o contexto, inclusive produzindo ambientes artificiais com o objetivo de
reduzir ou eliminar a interferência de variáveis interferentes e irrelevantes”. “Abordagens
qualitativas, que tendem a serem associadas a estudos de caso, dependem de estudos
quantitativos, que visem gerar resultados generalizáveis, i.é, parâmetros. Desta maneira dilui-
se a controvérsia entre o estudo de caso, i.é, uma investigação aprofundada de uma instância
de algum fenômeno, e o estudo envolvendo um número estatisticamente significativo de
instâncias de um mesmo fenômeno, a partir do qual seria possível generalizar para outras
instâncias. Além do mais, num estudo de caso é possível utilizar tanto procedimentos
qualitativos quanto quantitativos”.
“Existe uma longa controvérsia sobre o valor relativo da natureza da ciência básica
versus aplicada. Por alguma razão pouco clara, a posição da primazia da pesquisa aplicada é
associada à pesquisa qualitativa e da pesquisa básica à pesquisa quantitativa. O fato de
considerar a distinção entre pesquisa aplicada versus básica pouca vantajosa no contexto do
avanço do conhecimento, torna uma eventual associação destas duas vertentes a pesquisa
qualitativa e a pesquisa quantitativa, respectivamente, ainda menos relevante” “são
características da pesquisa qualitativa sua grande flexibilidade e adaptabilidade. Ao invés de
utilizar instrumentos e procedimentos padronizados, a pesquisa qualitativa considera cada
problema objeto de uma pesquisa específica para a qual são necessários instrumentos e
procedimentos específicos. Tal postura requer, portanto, maior cuidado na descrição de todos
os passos da pesquisa: a) delineamento, b) coleta de dados, c) transcrição e d) preparação dos
mesmos para sua análise específica”.
“Mayring (2002) apresenta seis delineamentos da pesquisa qualitativa: estudo de caso,
análise de documentos, pesquisa-ação, pesquisa de campo, experimento qualitativo e
avaliação qualitativa [...] a pesquisa-ação independe da técnica, podendo ser utilizada com
experimento, observação ou survey. Observa-se, ainda, uma junção entre a pesquisa-ação e a
pesquisa participante (vide Brandão, 1985, 1987) [...] A análise de documentos é a variante
mais antiga para realizar pesquisa, especialmente no que diz respeito à revisão de literatura
[...] A pesquisa de campo é especialmente interessante do ponto de vista do método da
pesquisa qualitativa, ao mesmo tempo em que se constitui como exemplo de triangulação, i.é,
uma integração de diferentes abordagens e técnicas – qualitativas e quantitativas – num
mesmo estudo [...]O fato de qualificar experimento e avaliação com o adjetivo “qualitativo”
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Lembremo-nos do fato de que os conceitos teóricos não são simples jogo de palavras. Como
qualquer linguagem, devem ser construídos recuperando as dimensões históricas e até
ideológicas de sua elaboração. Cada corrente teórica tem seu próprio acervo de conceitos.
Para entendê-los, temos que nos apropriar do contexto em que foram gerados e das posições
dos outros autores com quem o pesquisador dialoga ou a quem se opõe” (p.21).
3. Pesquisa Qualitativa
“A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se ocupa, nas
Ciências Sociais, com um nível de realidade que não pode ou não deveria ser quantificado. Ou
seja, ela trabalha com o universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças,
dos valores e das atitudes” (p. 22) “O conjunto de dados quantitativos e qualitativos, porém,
não se opõem. Ao contrário, se complementam, pois a realidade abrangida por eles interage
dinamicamente, excluindo qualquer dicotomia” (p. 22)
“São apresentadas algumas abordagens metodológicas; ao Positivismo se lhe contesta,
sobretudo, a postura e a prática de restringir o conhecimento da realidade social ao que pode
ser observado e quantificado e de transferir para a utilização do método a questão da
objetividade. Aos adeptos da Sociologia Compreensiva as críticas enfatizam o empirismo e o
subjetivismo dos investigadores que confundem o que percebem e a fala que ouvem com a
verdade científica e o envolvimento emocional do pesquisador com seu campo de trabalho. A
abordagem da Dialética faria um desempate nas correntes colocadas anteriormente. Ela se
propõe a abarcar o sistema de relações que constrói, o modo de conhecimento exterior ao
sujeito, mas também as representações sociais que traduzem o mundo dos significados. A
Dialética pensa a relação da quantidade como uma das qualidades dos fatos e fenômenos.
Busca encontrar, na parte, a compreensão e a relação com o todo; e a interioridade e a
exterioridade como constitutivas dos fenômenos. Desta forma, considera que o fenômeno ou
processo social tem que ser entendido nas suas determinações e transformações dadas pelos
sujeitos” (p. 24 e 25).
4. O Ciclo da Pesquisa
“Diferentemente da arte e da poesia que se concebem na inspiração, a pesquisa é um
labor artesanal, que se não prescinde da criatividade, se realiza fundamentalmente por uma
linguagem fundada em conceitos, proposições, métodos e técnicas, linguagem esta que se
constrói com um ritmo próprio e particular. A esse ritmo denominamos ciclo da pesquisa, ou
seja, um processo de trabalho em espiral que começa com um problema ou uma pergunta e
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termina com um produto provisório capaz de dar origem a novas interrogações (p. 26) [...] O
processo de trabalho científico em pesquisa qualitativa divide-se em três etapas: (1) fase
exploratória; (2) trabalho de campo; (3) análise e tratamento do material empírico e
documental” “Portanto, o ciclo da pesquisa não se fecha, pois toda pesquisa produz
conhecimento e gera indagações novas. Mas a ideia do ciclo se solidifica não em etapas
estanques, mas em planos que se complementam” (p. 27).
2. A Construção do projeto
“Quando escrevemos um projeto, estamos mapeando de forma sistemática um
conjunto de recortes. Estamos definindo uma cartografia de escolhas para abordar a realidade
(o que pesquisar, como, por quê. Esta etapa de reconstrução da realidade, entendida aí
enquanto a definição de um objeto de conhecimento científico e as maneiras para investigá-lo,
traz em si muitas dimensões. Ao elaborarmos um projeto científico, estaremos lidando, ao
mesmo tempo, com pelo menos três dimensões importantes que são interligadas [...] A
dimensão técnica trata das regras reconhecidas como científicas para a construção de um
projeto” (p. 34) “A dimensão ideo1ógica se relaciona às escolhas do pesquisador. Quando
definimos o que pesquisar, a partir de que base teórica e como pesquisar, estamos fazendo
escolhas que são, mesmo em última instância, ideológicas (p. 34) A dimensão científica de
um projeto de pesquisa articula estas duas dimensões anteriores’ (p. 35
poderiam até mesmo inviabilizar sua realização. Outro papel importante é esclarecer para o
próprio investigador os rumos do estudo. Ao apresentar um projeto, o pesquisador assume
uma responsabilidade pública com a realização do que foi prometido. A pesquisa é uma
prática dinâmica, contudo, caso o pesquisador realize alterações, o mesmo, precisará
esclarecer e justificar as modificações daquilo que foi preconizado inicialmente.” (p. 35) “O
projeto de pesquisa deve, responder as seguintes perguntas: o que pesquisar? (definição do
problema, hipóteses, base teórica e conceitual); para que pesquisar? (propósitos de estudo,
seus objetivos); por que pesquisar? (justificativa da escolha do problema); como pesquisar?
(metodologia); por quanto tempo pesquisar? (cronograma de execução); com que recursos
(orçamento); a partir de quais fontes? (citações e referências)” (p. 37 e 38).
“Vários são os obstáculos que podem dificultar ou até mesmo inviabilizar essa etapa
da pesquisa. Sobre isso, faremos algumas considerações. Em primeiro lugar, devemos buscar
uma aproximação com as pessoas da área selecionada para o estudo. Essa aproximação pode
ser facilitada através do conhecimento de moradores ou daqueles que mantêm sólidos laços de
intercâmbio com os sujeitos a serem estudados [...] Destacamos como importante a
apresentação da proposta de estudo aos grupos envolvidos [...] Outro aspecto por nós
destacado se refere à postura do pesquisador em relação à problemática a ser estudada (p.55 e
56) “Entre as diversas formas de abordagem técnica do trabalho de campo, destacamos a
entrevista e a observação participante. Por se tratar de importantes componentes da realização
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“Quando chegamos à fase de análise de dados, podemos pensar que estamos no final
da pesquisa. No entanto, podemos estar enganados porque essa fase depende de outras que a
precedem. Às vezes, nossos dados não são suficientes para estabelecermos conclusões e, em
decorrência disso, devemos retomar à fase de coleta de dados para suplementarmos as
informações que nos faltam. Outras vezes, podemos dispor dos dados, mas o problema da
pesquisa, os objetivos e as hipóteses e/ou questões não estão claramente definidas. Nesse
caso, devemos redefinir esses aspectos da fase exploratória da pesquisa. Também pode
acontecer que não tenhamos uma fundamentação teórica bem estruturada e, devido a isso,
toma-se necessário reestudarmos os conhecimentos que embasam nossa pesquisa” (p.67 e 68)