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Reality show da TV espanhola. (N.T.)
semanas havia roubado um pedacinho do seu coração. Estava
apaixonado?
Essa tarde dariam um passinho a mais. Depois de dois meses se
falando todos os dias, por fim iam se ver, se tocar, se cheirar…
Então, descobriria se realmente gostava dela.
Nesse momento, abre-se a porta da sala do chefe. Jaime Suárez,
com ar triunfante e a passos acelerados, avança até a mesa em que
Ángel está terminando seu artigo.
— Conseguimos! Confirmado: Katia vem hoje à tarde para uma
entrevista.
— Katia? “Aquela” Katia?
— Quantas cantoras você conhece que se chamem Katia, Ángel?
Katia havia se transformado, nas últimas semanas, em um
fenômeno pop. Qualquer adolescente tem em seu iPod a
canção Ilusionas mi corazón, número um nas listas de venda do mês
anterior. A jovem cantora havia irrompido de uma maneira
impressionante nas paradas musicais com seu primeiro single.
— Que legal! Vai fazer a entrevista?
— Não, Ángel, você vai fazer. Maite e Valeria não estão na
cidade. E eu já estou muito velho para esse tipo de entrevista. Você
vai se entender melhor com ela: têm quase a mesma idade.
Ángel só pôde forçar um sorriso. Justo essa tarde! A tarde que
tinha livre, a tarde em que havia marcado com Paula... “Jornalista
não tem horário, Ángel. Sempre temos que estar ao pé do canhão e
preparados”, costumava dizer seu chefe quando o via olhar o relógio
perto da hora de sair da redação.
— E a que horas ela vem? — perguntou o rapaz, preocupado.
— O agente dela disse às quatro.
Mentalmente, Ángel calculou o tempo que lhe tomaria fazer
aquilo e chegar depois ao seu encontro. Com um pouco de sorte, às
16h30, 16h45 teria terminado. Em quarenta minutos chegaria de
metrô, sem problemas, ao lugar onde havia marcado com Paula. Não
poderia ir para casa se trocar, mas isso não importava muito. Ele
sempre estava corretamente vestido: elegante, mas, ao mesmo
tempo, descontraído. Não era um costume, e sim seu estilo.
— Ok, chefe, eu cuido disso. Vou preparar a entrevista agora
mesmo.
— Perfeito, Ángel. Aqui está. — Uma pasta com fotos, entrevistas
anteriores, artigos sobre Katia e seu CD cai em cima da mesa do
jovem jornalista. — Entre na internet também e procure informação
sobre ela. Mas nada de MSN, ok?
O jovem sorri. Será que seu chefe sabia que, às vezes, quando
havia pouco trabalho, falava com Paula pelo computador da
redação?
— Vou fazer isso imediatamente.
Durante quase duas horas, Ángel se esquece do mundo e estuda
a fundo tudo que se relaciona com a cantora. Até ouve o CD algumas
vezes. Os minutos passam e a entrevista se aproxima. Também o
encontro com Paula. Às 15h45 acaba de preparar a entrevista.
Entra na sala de Jaime Suárez e entrega o trabalho realizado:
pessoal, mas não íntimo; perguntas sobre música, mas tratadas de
uma maneira diferente; uma entrevista muito bem cuidada, mas
com seu toque encantador . De qualquer maneira, Ángel sabe que
isso será só cinquenta por cento do que realmente sairá quando
estiver com ela. A melhor entrevista é a que surge da improvisação,
quando duas pessoas estabelecem uma conversa com tranquilidade.
O roteiro só serve para dar segurança, caso ocorra algum branco.
Seu chefe acaba de inspecionar o trabalho e sorri satisfeito:
— Está ótimo. Não há dúvida de que você será um grande
jornalista e logo sairá desta pequena redação.
O elogio de Jaime Suárez produz um grande sorriso em Ángel,
mas não pode fazê-lo evitar olhar o relógio com certa ansiedade.
— São 16h15, deve estar chegando — aponta o chefe.
Mas às 16h30 Katia não chegou. Nem às 16h45. Nem às cinco a
jovem cantora apareceu na redação. Ángel rói as unhas. Não pode
acreditar que aquilo esteja acontecendo. Cada vez mais nervoso, olha
o relógio a cada meio minuto.
Já tem certeza de que chegará tarde ao seu encontro com Paula.
Em uma tentativa desesperada, entra no MSN para ver se ela está
conectada e poder avisá-la de que vai se atrasar. Mas a garota não
está on-line.
Tensão. Nervosismo. São 17h15. “Droga, 17h30!”. Paula já deve
estar lá esperando por ele, com sua mochila das Meninas
Superpoderosas. “A rosa!”.
Nem se lembrou da rosa a tarde toda. No dia anterior, havia
comprado uma dúzia para sua mãe. Ninguém percebeu que, em vez
de doze rosas, havia treze. Uma a mais, para sua identificação
pessoal.
“Que clássico!”, havia dito ela. Sim, realmente Ángel se
considerava um clássico, mas adaptado à época em que vivia. Podia
ouvir tanto Metallica quanto Rihanna, tanto Laura Pausini como El
Barrio. Lia tanto Agatha Christie quanto Ruiz Zafón, Pérez Reverte
quanto Stephen King. Ficava bem tanto de blazer esportivo quanto
de jeans rasgados. Era um rapaz preparado para viver o que lhe
coubesse viver, e em qualquer circunstância. Tão indefinível quanto
imprevisível. Na faculdade sempre lhe diziam: hoje em dia, o que faz
vencer é a versatilidade, é ser multifacetado. E ele era.
— Ela chegou! — grita Jaime Suárez da porta da sala. — A
menina da recepção acaba de avisar.
Imediatamente o chefe corre para receber a convidada. Ángel
suspira e segue até a entrada da redação. Entram pela porta
conversando amigavelmente Jaime Suárez e o agente da garota,
Mauricio Torres, de terno e gravata. Katia só sorri, sem dizer nada.
— Desculpem o atraso. Tivemos uma entrevista em uma
emissora de rádio do outro lado da cidade que acabou muito tarde.
Só comemos um sanduíche.
— Não se preocupe. Sabemos como são essas coisas dos meios
de comunicação. Nem percebemos a hora.
Ángel, que já se juntara ao trio, arqueia as sobrancelhas, mas
tenta disfarçar sua contrariedade.
— Ah, Ángel, você está aqui — diz Jaime, pegando seu pupilo
pelo braço. — Este é Ángel Quevedo, o jornalista que vai entrevistar
Katia.
O jovem aperta a mão do agente e depois, um pouco confuso, dá
dois beijos na cantora; a princípio, também pretendia lhe dar a mão.
Katia é muito mais bonita pessoalmente do que nas fotos que
Ángel ficou examinando a tarde toda. Sua presença emana uma luz
e seu rosto transmite calma. Tem um sorriso imenso e seus olhos
não podiam ser mais azuis, certamente graças à escolha de lentes de
contato dessa cor. É pequenina, dessas pessoas que costumam sair
por aí dizendo que as coisas boas vêm em frascos pequenos. A única
coisa que poderia destoar naquela menina era seu cabelo rosa,
porém, nela, ficava como se fosse sua cor natural. Embora em suas
atuações costumasse usar roupas espalhafatosas mais próprias de
Punky Brewster que de uma cantora de sucesso, foi à entrevista
de jeans bem justinho, escuro, e uma camiseta vermelha e preta
bastante discreta. Nas mãos, um bolero jeanscombinando com a
calça.
— Bom, meninos, vamos deixá-los sozinhos para que se
concentrem na entrevista — diz o chefe, convidando o agente a
entrar em sua sala para dar mais privacidade ao trabalho de Ángel.
Jaime sabe que no cara a cara, a sós, seu garoto ganha muito.
Quando ficam sozinhos, Ángel convida a jovem a se sentar em
uma poltrona no fundo da redação. Ele aproxima outra e senta-se à
sua frente.
— Antes de mais nada, gostaria de me desculpar pelo atraso —
antecipa-se Katia. — Sinto muito, de verdade. Vi sua cara quando
seu chefe disse que não importava. Com certeza tem algum
compromisso.
— Não se preocupe, eu estava apenas preparando a entrevista —
mente Ángel.
A garota mira-o nos olhos e esboça um simpático sorriso.
— Bem, não vou mais insistir. Vamos começar. Quanto antes
começarmos mais cedo terminaremos.
Ángel assente e liga o gravador.
A entrevista corre exatamente como pretendia. Amena, divertida,
pessoal sem se imiscuir na vida de Katia. É até um pouco atrevida. A
verdade é que aquela jovem de vinte anos que aparenta ter dezesseis
faz Ángel esquecer durante quase uma hora que tem o encontro com
que sonha há dois meses. Uma conversa encantadora.
— Pronto, terminamos — diz o jornalista fechando a caderneta
em que ia anotando alguns dados importantes. Depois, aperta
o stop do gravador e o deixa em cima de sua mesa.
— Foi muito agradável — aponta ela, levantando-se do sofá. —
Só uma coisa, Ángel. Você tem carro?
Ele a olha surpreso.
— Não.
— Ok, então me diga aonde quer que o leve.
A cara do rapaz é de desconcerto absoluto.
— Como assim?
— Vamos… Não perca mais tempo. Vim com meu carro. Corra!
Depois venho buscar Mauricio.
Katia pega Ángel pela mão e ambos saem correndo da redação. E
continuam correndo pela rua. Param dois segundos para respirar e
continuam correndo até chegar ao Audi mais peculiar de toda a
cidade. Ángel fica boquiaberto quando vê aquele carro rosa de capota
preta.
— Combina com seu cabelo! — brinca, sorridente.
A menina não diz nada, mas também sorri.
No caminho, o jovem lhe conta por cima a história de como
Paula e ele ainda não tinham se visto. A menina de cabelo rosa e
olhos azuis muito claros ouve atentamente e dirige o mais depressa
que pode até o lugar onde Paula e Ángel deviam ter se encontrado há
mais de uma hora e quinze minutos.
— Espere! Pare aí um instante! — grita ele de repente.
Katia obedece e estaciona rapidamente em fila dupla. Ángel
desce correndo. Em dois minutos, volta com uma rosa vermelha na
mão.
— Um menino clássico — ela ri. E continua dirigindo como se
fugisse do diabo até o local do encontro.
Por fim, chegam.
— Fico por aqui. Muito obrigado, Katia — diz, descendo do carro
e pondo a cabeça pela janela.
— É o mínimo que podia fazer. Boa sorte, Ángel. E se ela não
desculpá-lo, eu faço um atestado.
A jovem de cabelo cor de rosa, número um em todas as paradas
musicais do país, pisca para ele, pisa no acelerador e se afasta dali.
Ángel corre até o lugar exato onde dois dias antes haviam
marcado o encontro.
Olha para um lado e para o outro, em volta e ao longe. Busca
entre as pessoas sentadas nos bancos próximos. Mas Paula não
está. Era de se esperar…
“Deve ter pensado que sou um babaca e que dei para trás”.
Olha no relógio. Tarde demais. Suspira. Torna a olhar para todos
os lados. Nada. Não há esperança.
— Meu rapaz… — Uma voz delicada, acompanhada de uma mão
em seu ombro, surpreende Ángel pelas costas.
O garoto se volta e se encontra diante de uma senhora com um
realejo e um recipiente cheio de casquinhas de sorvete.
— Pois não, senhora… — pergunta o jornalista meio
desconcertado.
— Está procurando alguém, não é?
— Sim! A senhora viu uma menina morena com uma mochila?
— Com essa descrição, vi muitas. Isto aqui está cheio de
meninas... Mas uma passou por mim há mais de uma hora olhando
o relógio. Entrou naquele café faz um tempo — diz a senhora
apontando a Starbucks. — O que não posso lhe garantir é que ainda
esteja lá.
— Muito obrigado, senhora!
Ángel corre o mais rápido que pode, ignorando os semáforos e
ouvindo um ou outro insulto de algum motorista ao atravessar a rua
quando não devia. Entra na Starbucks como se fosse um corredor de
cem metros rasos. Três jovens alemãs ou inglesas que estão na fila
para pedir sua bebida ficam olhando para ele. Então, vê a escada e,
subindo os degraus de dois em dois, chega até lá em cima, onde uma
jovem não consegue desviar e acaba caindo de bunda no chão. Ángel
consegue não atingi-la, mas, no impulso , cai de joelhos atrás dela. A
rosa cai de sua mão. Ao ver a mochila das Meninas Superpoderosas
e o olhar daquela menina a compreende que seu encontro com Paula
acaba de começar. Ele também olha para ela e sorri.
— Desculpe o atraso, meu amor. Muito prazer. Eu sou Ángel.
Paula tarda a reagir. À sua frente está o menino com quem está
falando há dois meses. Dois meses de brincadeiras, risos, emoticons,
músicas, jogos, palavras. Muitas palavras. Mas nunca haviam se
visto. Nem por foto. Nada. Porém, ela tinha certeza de que gostava
dele. E agora, ele está de joelhos ao seu lado. Como em um sonho.
Irreal. Ángel se levanta e estende a mão para ajudá-la a se levantar.
Paula mira-o nos olhos. É realmente bonito. Talvez mais do que
havia imaginado.
— Tudo bem, eu consigo — diz com seriedade.
Ángel não consegue parar de olhar para ela um segundo sequer.
É muito bonita. Mais, talvez, do que ele havia imaginado.
A menina se levanta, apoiando-se com as duas mãos. Ajeita a
saia e a camiseta, joga o cabelo para trás e desce a escada sem dizer
nada.
— Sinto muito — desculpa-se Ángel, seguindo-a de perto depois
de pegar a rosa do chão. — É que...
— Shhhhh, não diga nada — interrompe ela, voltando-se e
olhando para ele com um sorriso. — Você veio; tarde, mas veio. Isso
é o que importa.
O jovem jornalista não afasta seu olhar do dela. Tem vontade de
beijá-la.
— Isso é para mim, não? — pergunta ela, apontando para a rosa
que Ángel tem na mão.
Ele assente sem dizer nada e lhe entrega a rosa. Paula inspira o
aroma da flor e fecha os olhos. Quando os torna a abrir, sorri e pega
a mão dele. Ele, surpreso, aperta-a suavemente e também sorri. E
assim, de mãos dadas, saem do café.
Já é noite alta. Caminham pela cidade juntos, abraçados, como
um casal, à luz dos postes, com o brilho da lua em uma noite de céu
aberto e com o barulho dos carros e das motos ao fundo. Os ruídos
não impedem que eles se sintam sozinhos. Únicos. Em perfeita
harmonia. Como se só existissem Paula e Ángel. Ángel e Paula.
Como se fossem namorados desde sempre.
— Quer dizer, então, que teve que entrevistar Katia… — comenta
ela, caminhando de costas uns passos à frente, sem afastar os olhos
dele. Sim. É realmente bonito.
— Sim. Ela é muito simpática.
— Adoro aquela música. — E a menina começa a cantar com
sua voz suave Ilusionas mi corazón. Ángel sorri e cantarola a música
em sua cabeça.
— E além do mais, ela me deu uma carona.
— Você andou no carro da Katia?
— Sim, você precisava ver.
— Uma beleza?
— Demais! Um Audi esporte cor-de-rosa. Nunca vi nada igual.
— Não, bobo. Perguntei dela, se é tão bonita quanto parece nas
fotos e na TV.
Ángel não diz nada, pensa bem na resposta. Realmente, Katia
lhe pareceu muito melhor pessoalmente do que em todas as fotos e
vídeos que viu. Sinceramente, a pequena cantora é uma menina
linda.
— Normal. É uma menina normal — acaba respondendo.
— Está mentindo — resmunga ela, mas logo o sorriso torna a
iluminar seu rosto. — Com certeza é mais bonita que eu.
Ángel põe uma mão no queixo e o esfrega.
— Bem, já que você falou... talvez. De fato, quando chegamos
onde eu havia marcado com você, disse a ela que seguisse em frente,
que queria jantar com ela. Mas ela tinha outra entrevista...
— Babaca! — grita Paula, mostrando que está irritada e quase
batendo nele.
Ángel se esquiva e corre, divertido, afastando-se dela. Quando a
menina quase o alcança, ele acelera um pouco e escapa de novo. E
assim sucessivamente, até que finalmente se deixa pegar e se
abraçam. O primeiro abraço deles.
— Estou cansada. Você me fez correr muito. Não foi suficiente
me deixar uma hora em pé esperando, ainda tem que me fazer correr
atrás de você?
— Vamos sentar ali.
É um banco vazio em um pequeno coreto com uma fonte
iluminada atrás. Ouvem de fundo os jatos d’água caindo, regando o
chão da fonte cheio de moedas. Paula senta-se no banco e, quando
Ángel vai sentar ao seu lado, ela põe a mão para impedi-lo.
— Espere.
O jovem não entende. Ela ficou brava?
— Não quer que eu me sente ao seu lado?
— Desfile para mim.
Ángel não sabe se ri ou se leva na brincadeira.
— Está falando sério?
— Estou com cara de quem está brincando? Desfile. Quero ver
se a descrição que fez de si mesmo no MSN está certa.
O jovem ri, mas aceita, dando-se por vencido.
— Está bem. Mas depois você, ok? Prometa.
Paula aceita a condição. Cruza os dedos, beija-os e jura.
Ángel se coloca à frente dela e começa a caminhar em linha reta.
Nada mal. Paula cruza as pernas e olha com atenção.
— Jaqueta, fora — diz a ele.
Ángel tira a jaqueta, pendura-a no ombro e continua desfilando.
Vai e vem. Aproxima-se e se afasta. A luz que embeleza a fonte o
ilumina. Paula não tira os olhos dele nem por um momento.
Finalmente, o menino para diante dela esperando o veredicto.
— E então?
— Hummmm… É verdade, você tem ombros largos. Acho que
sim, que mede 1,83 m, como dizia. Também não acho que tenha
mentido quanto ao peso. Mas há uma coisa que você disse da qual
discordo.
— Qual? — pergunta curioso.
— Sua bunda é bonita, não “normal”, como você disse. Gostei.
Ángel não pode evitar uma gargalhada e se aproxima de Paula de
novo:
— Agora é sua vez. Você prometeu.
— Espere, ainda não acabei. Abaixe-se.
O jovem suspira. Não entende, mas obedece. Está com o rosto
bem na frente ao da menina.
— Olhe fixamente em meus olhos.
Ambos sustentam o olhar por alguns segundos. Segundos muito
longos. Segundos sem fim.
— Sim, são azuis — diz ela por fim.
Mas os olhos não se desviam. Continuam fixos, os de um nos do
outro. Os olhos cor de céu de Ángel. Os olhos cor de mel de Paula.
Um perdido no outro.
— Posso lhe pedir uma coisa? — pergunta Ángel.
Ela sorri.
— Não precisa, amor. Pode me beijar.
Paula aproxima seus lábios dos de Ángel e os roça levemente
com os seus antes de lhe dar um primeiro beijo rápido. Depois, outro
um pouco mais longo e profundo. O terceiro supera o segundo. E foi
assim que, com a luz da lua em uma noite aberta, com o barulho da
água de uma fonte como trilha sonora, Paula e Ángel se beijaram
pela primeira vez.
Capítulo Quatro