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EM
DETALHE A expressão matemática da equação de Noyes-Whitney é
dP dF
N$FV F 9 N$FV F
dW dW
Nas condições sink, teremos que C << C , de modo que
s
dF $ $
N FV F F0 N F V $W
dW 9 9
Este resultado, às vezes, é expresso como:
$F $ $P
N FV N$FV
$W 9 $W
Quando, porém, prevalecerem condições não-sink, é impossível desprezar C frente a
C , de modo que
s
dF dF $
9 N$FV F N dW
dW FV
F 9
A integração dessa expressão resulta em:
FV F $
ln N W
FV 9
que é precisamente a mesma equação vista anteriormente, desde que expressemos em função
REOLOGIA
Introdução
O termo reologia (do grego rheo = fluxo, logos = ciência) foi introduzido no século
passado por Bingham e Crawford para identificar a parte da físico-química que trata
da deformação dos sistemas líquidos, sólidos e semi-sólidos. No âmbito das ciências
biológicas e farmacêuticas, o estudo da reologia é indispensável para o entendimento
de diferentes fenômenos, muitos deles essenciais à vida, eficácia dos medicamentos e
dos processos tecnológicos. A reologia abrange diferentes propriedades associadas à
deformação da matéria, entre as quais: extrussibilidade, compressibilidade, ductibili-
dade, espalhabilidade, elasticidade, fluidez e viscosidade 11.
Em nosso dia-a-dia, entramos em contato com essas propriedades, sem muitas
vezes nos darmos conta disso. Por exemplo, quando vertemos o frasco que contém o
xarope (viscosidade/fluidez), ao forçarmos a saída do creme dental (extrussibilida-
de), quando retiramos o creme contido dentro de um pote (ductibilidade), e assim
11 Extrussibilidade, que corresponde ao processo de forçar uma massa semi-sólida através de um septo
furado ou de um orifício; compressibilidade , que é um termo bastante usual na tecnologia de obtenção
de comprimidos a partir de pós ou granulados; ductibilidade , propriedade esta associada à formação de
fios quando sistemas semi-sólidos são espichados, como é o caso da vaselina sólida; espalhabilidade ,
quando um corpo semi-sólido ou líquido espalha-se, sob aplicação de uma força, sobre uma superfície
sólida; elasticidade , fenômeno de deformação associado a fibras e a filmes poliméricos, geralmente no
estado de borracha, abaixo da denominada temperatura de transição vítrea; fluidez e viscosidade , pro-
priedades essas que constituem o tema principal deste capítulo.
Fundamentos de físico-química 237
Sistemas newtonianos
Quando uma força externa atua sobre a superfície de um corpo ou sistema líquido,
sólido ou semi-sólido, ocorre uma deformação do mesmo, que pode ser facilmente
apreciada a olho nu, ou, entre muitos casos, passar imperceptível aos nossos sentidos.
Em todo caso, a deformação observada corresponde a um deslocamento ou fluxo da
massa do sistema. Para fins didáticos, esse conceito pode ser exemplificado pelo ato
de espalhar um baralho de cartas sobre a superfície de uma mesa. Perante o efeito de
uma força neste caso, tangencial as cartas, que aqui equivalem a sucessivas cama-
das moleculares paralelas, sofrem um deslocamento. Contudo, pode-se ver que a
carta superior sofre o maior deslocamento, enquanto que a carta mais inferior de
todas permanece fixa na superfície da mesa (Figura 8.7). Ou seja, estamos perante
um gradiente de deslocamento denominado gradiente de cisalhamento D13, que cor-
responde à variação da velocidade de deslocamento (v) em função da altura da cama-
da molecular (r). Podemos expressar essa relação como
dY
' (8.22).
dU
A força F aplicada por unidade de área A, necessária para iniciar o fluxo de uma
camada molecular sobre a outra, é chamada força de cisalhamento ou tensão de empu-
xo (T). Nos chamados fluidos newtonianos, a magnitude do gradiente de cisalhamen-
to é proporcional à tensão de empuxo aplicada. Assim, se
dY )
' e T ; temos ' s T (8.23).
dU $
Introduzindo uma constante de proporcionalidade (H), podemos expressar essa
relação, denominada equação de fluxo de Newton, como:
T H ' (8.24),
logo
T
H (8.25),
'
onde, H é o coeficiente de viscosidade ou, simplesmente, viscosidade.
12 Ambos os termos derivam do fato de Issac Newton ter sido um dos pioneiros no estudo da deforma-
ção dos corpos, quando aplicada uma força externa ao sistema.
13 A utilização do símbolo D nesta seção não deve ser confundida com o coeficiente de difusão.
238 Netz e González Ortega
14 No sistema internacional, a unidade é o pascal segundo (Pa s). Para conversão de unidades, 100 cp =
H $ H (N / 57 (8.27),
Sistemas não-newtonianos
A viscosidade em sistemas não-newtonianos não é constante e depende, além da
temperatura, de diversos fatores como: forma de preparação, manuseio e tempo de
repouso, entre outros. Sistemas não-newtonianos são aqueles cujo comportamento
não é descrito pela equação de fluxo de Newton. Incluem-se, neste caso, dispersões
heterogêneas, sólidas e líquidas, tais como dispersões coloidais, emulsões, suspensões
líquidas, assim como produtos farmacêuticos, como pomadas e ungüentos. Ao con-
trário dos sistemas newtonianos, nos quais a viscosidade corresponde a um valor
inequívoco, em sistemas não-newtonianos o mais correto é falar em caracterização
reológica, embora a viscosidade possa ser determinada mediante diversos procedi-
mentos, alguns deles empíricos. Segundo suas características de deformação perante
uma força de empuxo, sistemas não-newtonianos são classificados em três grupos:
pseudoplásticos; plásticos e dilatantes (Figura 8.9)
Comportamento pseudoplástico
De modo análogo aos sistemas newtonianos, os sistemas com comportamento pseu-
doplástico mostram um reograma, onde a curva tem como origem o zero (Figura
T [N m-2]
Figura 8.9 Reogramas representativos de comportamentos não-newtonianos. (A) pseudoplástico,
(B) plástico e (C) dilatante.
240 Netz e González Ortega
8.9, A). Perante a menor tensão de empuxo possível, ocorrerá um deslocamento das
camadas moleculares. Porém, a relação entre força de empuxo (T) e gradiente de
cisalhamento (D) é praticamente não-linear em qualquer parte da curva. Conse-
qüentemente, a viscosidade de materiais pseudoplásticos é, na realidade, uma variá-
vel em todo o âmbito da força de cisalhamento aplicada (viscosidade diminui com o
aumento do cisalhamento). Este tipo de comportamento é fácil de ser encontrado
em dispersões de colóides hidrofílicos no estado de sol, como metilcelulose, hidroxi-
propilmetilcelulose, alginatos, ácido poliacrílico, bem como em gomas naturais (ará-
bica e adraganto) e mucilagens. Considerando aspectos de estrutura molecular, ob-
serva-se que a maioria das substâncias geradoras de sistemas pseudoplásticos é com-
posta por cadeias poliméricas lineares, que, quando hidratadas ou solvatadas, ten-
dem a estruturar-se de acordo com o sentido da força de cisalhamento aplicada. No
reograma de um sistema pseudoplástico, isto se manifesta como uma diminuição da
viscosidade, à medida que aumenta a força ou a tensão de cisalhamento.
A viscosidade é uma variável ao longo da tensão de cisalhamento aplicada no
sistema. Contudo, para fins práticos, existem dois métodos para poder comparar
comportamentos pseudoplásticos. O primeiro baseia-se na comparação da inclina-
ção correspondente a uma reta tangencial à curva de viscosidade e o segundo, mais
aceito, é calcular a viscosidade aparente (H) mediante a equação
TN = H D (8.28),
onde, N é uma constante específica, que se afasta de 1 à medida que o fluxo torna-se
não-newtoniano. À medida que N tende à unidade, o comportamento pseudoplásti-
co aproxima-se cada vez mais de um comportamento newtoniano. Se escrita na for-
ma logarítmica, é fácil perceber que a relação é linearizada (Equação 8.29).
log D = N log T log H (8.29).
Sendo uma função linear, o valor de N é dado pelo coeficiente angular
(inclinação), enquanto que a viscosidade aparente H é dada pelo coeficiente li-
near (interseção).
Comportamento plástico
U = (T ' I ) (8.30).
Alguns géis, ungüentos e cremes concentrados, bem como suspensões concentradas
e floculadas (veja o Capítulo 10), como o leite de magnésia, constituem um bom exem-
plo de comportamento plástico. No caso específico das suspensões, a magnitude do pon-
to de cisalhamento está diretamente relacionado com o grau de floculação do sistema.
Comportamento dilatante
Ao contrário do comportamento pseudoplástico, os sistemas que apresentam com-
portamento dilatante caracterizam-se pelo aumento da viscosidade, quando a tensão
de empuxo é aumentada (Figura 8.9, C). Este comportamento é típico de pastas e de
certas suspensões e ungüentos contendo um elevado percentual de sólidos insolúveis
suspensos. Também é possível encontrar este comportamento na areia da praia, onde
quanto maior o trabalho de tração aplicado, maior é a resistência ao deslocamento
(deformação), devido à separação parcial das fases líquida e sólida, que, em casos
extremos, provoca uma quase solidificação do sistema. Além desse comportamento
ser inverso aos vistos anteriormente, os sistemas dilatantes sofrem um aumento de
volume, o que explica o uso do termo.
A viscosidade de sistemas dilatantes comporta-se como uma variável em toda a
extensão da força de empuxo aplicada. Uma forma de quantificar a mesma é análoga
à adotada para sistemas pseudoplásticos, que nos leva a calcular a chamada viscosida-
de aparente (Hdil.)
TN = Hdil D (8.31).
Igualmente, valores de N próximos da unidade indicam um comportamento
quase newtoniano. Pelo contrário, valores cada vez maiores indicam que um com-
portamento dilatante é cada vez mais acentuado. A aplicação de logaritmos à equa-
ção anterior, leva-nos a uma representação linear, cuja análise e interpretação é simi-
lar àquela realizada para com sistemas pseudoplásticos.
Métodos de medição da viscosidade
Segundo o princípio de medição, é possível distinguir entre três tipos de viscosíme-
tros diferentes, a saber:
a) tipo Ostwald ;
b) de esferas ou de Höppler;
c) rotatórios ou reômetros.
Viscosímetro de Ostwald 16
O princípio de medição deste tipo deriva-se da Lei de Hagen-Poiseuille, a qual rela-
ciona o tempo de escoamento de corpo líquido através de um orifício capilar (Figura
8.10). Pela equação de Hagen-Poiseuille,
16Embora a teoria seja descrita sobre o viscosímetro de Ostwald, aplica-se de igual forma para outras
variações do mesmo, como é o caso dos viscosímetros de Ubbelohde e de Cannon-Fenske.
242 Netz e González Ortega
9 3 P U4
(8.32)
W 8H /
sendo V o volume de líquido escoado; t o tempo de escoamento; p a
pressão exercida pela coluna de líquido; r o raio do capilar e L o seu
comprimento, é possível isolar H, de modo que
3 P U 4W
H (8.33).
89/
Uma vez que a pressão (P) exercida pela coluna de líquido
corresponde a:
P=hRg (8.34),
Viscosímetro de Höppler
5 6P U HN (8.36).
4
) P U3 ( R HVIHUD
R OtTXLGR
)J (8.37),
3
onde r é o raio da esfera; H a viscosidade do líqui-
do; N a velocidade de queda da esfera; Resfera a den-
sidade da esfera; Rlíquido a densidade do meio líqui-
do e g a aceleração gravitacional.
No momento do equilíbrio entre as duas for-
ças, teremos
4
6P U H P U 3 ( R esfera R líquido ) J (8.38).
3
Isolando a viscosidade, essa equação transfor-
ma-se em:
e, finalmente,
2 U 2 ( R esfera R líquido ) J
H (8.40).
9 N
Sendo a velocidade da queda da esfera (N) igual ao quociente da distância (h)
pelo tempo (t), conhecendo ambos valores chegamos à relação:
2 P U 2 ( R esfera
R líquido ) J W
H H N ( R esfera R líquido ) W (8.41).
9P K
Viscosímetros rotatórios
⎛ ⎞
1 7 ⎜ 1 1 ⎟
h 7
H 4 P K ⎜⎜ 5 2 ⎟
52 ⎟
(8.42),
⎝ b a ⎠
onde
Bolha de ar é a velocidade angular (radianos s1); T o
7
torque (N · m); h a espessura da camada do mate-
Figura 8.12 Viscosímetro rotatório ou reômetro. rial a ser medido; Rb o raio do cilindro externo e Ra
o raio do cilindro interno.
Considerando as características constantes atreladas ao aparelho, como uma
constante geral Kv, teremos que:
7
H .v (8.43).
Tixotropia e reopexia