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Especialistas têm questionado a colocação de determinadas palavras entre as conjunções, identi cando-as como advérbios ou palavras denotativas.

Referem-se àquelas tradicionalmente classi cadas como conjunções explicativas (pois, porquanto etc.), conjunções conclusivas (logo, portanto, assim, então
etc.) e parte das conjunções adversativas (contudo, entretanto e todavia). O argumento que justi ca esse ponto de vista é a possibilidade de essas palavras
se deslocarem no período (Escolhemos
um salão grande, contudo faltou espa- Oração coordenada sindética conclusiva
ço; Escolhemos um salão grande; fal-
tou, contudo, espaço.) e de aparecerem A oração conclusiva apresenta a consequência lógica de algo que foi dito ante-
junto de outras conjunções (Você estu-
dou bastante e, portanto, terá suces- riormente. Observe:
so.). A discussão é bastante complexa,
por isso optamos por não a trazer para Você entendeu a explicação, então não tenho com que me preocupar.
a sala de aula. Sugerimos, entretanto,
que você leia sobre o tema em Gramá-
tica da língua portuguesa, de Vilela e
Koch (São Paulo, Almedina, 2001). oração coordenada oração coordenada
assindética sindética conclusiva

É lógico! As conjunções e locuções conjuntivas conclusivas mais usadas são: portanto, então,
Você estudou a pontuação assim, por isso, logo, de modo que e pois. Podem vir no início das orações, sendo ante-
nas orações coordenadas. cedidas por vírgula, ou aparecer após um de seus termos, posição que, normalmente,
Crie um algoritmo que oriente exigirá seu isolamento por vírgulas e a separação das orações por ponto e vírgula.
o uso da vírgula nas orações Ocorreu a queda de uma barreira, portanto a viagem está cancelada.
adversativas e conclusivas.
Ocorreu a queda de uma barreira; a viagem, portanto, está cancelada.

Veja as orientações para esta atividade


Pois, com valor conclusivo, só pode aparecer no meio ou (mais raramente) no fim
no Suplemento para o professor. da oração: O relatório está finalizado; podemos, pois, avisar a direção.

Pontuação nas orações


Oração coordenada sindética explicativa

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
assindéticas Certas orações coordenadas têm valor explicativo ou de esclarecimento.
Em geral, as orações coor- Elas justificam a declaração anterior, que geralmente é uma ordem, um pedido ou a
denadas assindéticas são se-
paradas por vírgulas. O ponto
expressão de um ponto de vista. Veja.
e vírgula pode substituí-las Fique tranquilo, que os documentos já foram postados.
principalmente na separação
de orações longas em uma
enumeração ou daquelas com oração coordenada oração coordenada
assindética sindética explicativa
sujeitos diferentes. Quando
se deseja uma pausa maior, As principais conjunções explicativas são: pois, porque, porquanto e que. Aparecem
empregam-se os dois-pontos
no início das orações e costumam ser antecedidas por vírgula.
ou o travessão, os quais des-
tacam a oração que os suce-
de: Não demore vai cair uma Orações coordenadas NA PRÁTICA
tempestade.
1. Leia este webquadrinho da ilustradora cearense Juliana Braga.
Sabia?

JULIANA BRAGA
Na versão mais conhe-
cida do mito grego, Zeus
criou Pandora a fim de se
vingar de Prometeu, um titã
que havia roubado o fogo
dos deuses para dar ao ser
humano. Ela, que era esposa
de Epimeteu, irmão do titã,
abriu a caixa ou jarro com os
males do mundo, conforme
esperava Zeus, que a zera
muito curiosa. Na caixa so- Disponível em: <https://www.facebook.com/juhilustrasecomics/photos/a.1852
brou apenas a esperança. 66854973510/277902985709896/?type=3&theater>. Acesso em: 17 abr. 2020.

1a. No primeiro quadrinho, a perso-


a) O período escrito no webquadrinho aparece entre aspas por ser uma citação.
nagem movimenta o mouse, o que Aponte as similaridades estabelecidas entre seu conteúdo, relativo ao mito grego
corresponde à ideia de curiosidade. de Pandora, e os elementos da linguagem não verbal usados pela quadrinista.
No segundo, clica no ícone de comen-
tários, o que equivaleria à abertura da b) Considerando as imagens, qual é o contexto em que os males se espalham?
caixa. Na última, lê, em desespero,
os comentários, que equivaleriam aos c) Reescreva a primeira oração, incluindo nela um conector que evidencie a relação
“males do mundo”. semântica existente entre ela e a oração seguinte. Porque (como, já que etc.) Pandora
não resistiu à curiosidade...
1b. O contexto da internet e das redes
sociais, que permitem que os discur- d) Além de “e”, que outra conjunção poderia ser incluída na última oração para
sos de ódio se espalhem. explicitar a relação de sentido que estabelece com a oração anterior?
A conjunção então (portanto, assim, consequentemente etc.)
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2c. A ideia de que, ao fazer pinturas de outros povos, o artista está se apropriando delas e desconsiderando sua autoria. Benício quis evitar essa compreensão e, por
isso, introduziu a oração iniciada por “mas”. Comente que, algumas vezes, a contraposição feita pelas conjunções adversativas precisa acionar alguns pressupostos
para que a frase seja entendida. O contraste nem sempre é óbvio. Se achar necessário, apresente um novo exemplo: “Eu gosto de viajar, mas não sou rica”, que traz
2. Leia a transcrição de uma entrevista feita pelo youtuber Cristian Wariu com um como pressuposto a ideia de que viajar de-
pende de ter bastante dinheiro.
artista especializado em pinturas corporais.

WARIU
Cristian: Olá! Meu nome é Cristian Wariu Tseremey’wa. Sou
indígena do povo Xavante com ascendência Guarani-Nhandeva.
E bem... hoje é mais uma entrevista e dessa vez entrevistando
uma pessoa que tem muito o que falar sobre um assunto que
as pessoas pedem muito que é sobre pinturas indígenas. Então
é... vou aqui pedir pro Benício se apresentar.
Benício: Olá, todo mundo. É... eu sou Benício. Sou indígena
Pitaguary. É... sou comunicador indígena também, faço parte
da mídia índia e... sou estudante de Geografia na Universida-
de Federal, sou terapeuta holístico e sou artista plástico em
pinturas corporais indígenas.
2a. A possibilidade de se reinventar todo o tempo e a de
[...] ser resultado da soma de diferentes contribuições. Foto da entrevista de Cristian
Benício: Então, muitas pessoas... às vezes eu posto né? é... ou então alguns Wariu com Benício.
2d. Não, nesse caso opõem-se duas ideias
amigos que postam pinturas que eu faço... né? vários amigos que vão postando eu explícitas: a que indica a existência de gra-
pinto muita gente então as pessoas postam no Facebook ou então no Instagram... smos com signi cados conhecidos e a que
as pessoas “Ah o que significa?” Às vezes vem no meu no meu privado, perguntam, sugere gra smos inéditos.
mas assim tem muitas pinturas de outros povos e algumas eu conheço o significado 2f. O termo aparece como um elemento de co-
nexão entre diferentes períodos, favorecendo
e outras não e eu não faço pintura só do meu povo, eu faço pintura de vários povos a continuidade da fala, sem valor conclusivo.
mas eu sempre referencio — ah, essa pintura é do povo tal, essa pintura é do povo 2g. Provavelmente, ele sentiu necessidade de ex-
tal —, porque eu acho importante também esse processo de reconhecimento das plicar como suas pinturas são vistas por pessoas
outras culturas, não tomando para si, mas esse processo de que o que ééé bonito, o não indígenas, que são aquelas com curiosidade
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

acerca dos signi cados das pinturas corporais.


que é... é pode ser somado também é importante de se fazer com outras culturas, e Chame a atenção para o fato de que o tex-
quando as pessoas me perguntam “Ah, o que significa?” então tem pintura que eu to transcrito parece confuso e truncado, uma
crio na hora, então eu tenho esse processo criativo, então às vezes “Ah, não sei, não impressão que não existe quando o ouvimos,
estava pensando em nada”, mas às vezes tem pinturas que são bem significativas, uma vez que outros fatores interferem, princi-
palmente a entonação, que ajuda a construir o
que já são, vamos dizer assim, que já vêm carregando uma geração, né?, nessa sentido do que é dito.
tradição da pintura corporal. Então tem grafismo que já tem seus significados bem
enraizados, mas tem pinturas que são novas, elas vão se reinventando como toda
cultura né? se ela é dinâmica ela vai se transformando, ela vai se reinventando. Fala aí!
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=0d93R3TF8xs>. Acesso em: 17 abr. 2020. Alguns não indígenas ta-
2b. O respeito à cultura de outros povos, cuja autoria ele faz questão de indicar.
a) Na concepção de Benício, quais são as características de uma “cultura”? tuam em seus corpos gra-
b) Qual comportamento de Benício se evidencia em “e eu não faço pintura só smos indígenas. Qual é sua
do meu povo, eu faço de vários povos mas eu sempre referencio”? Explique. opinião sobre essa prática?
c) No trecho citado no item b, a conjunção “mas” introduz uma ideia que se opõe Leia orientações para essa atividade e
sugestão de atividade complementar
a outra, implícita. Qual é essa ideia implícita? no Suplemento para o professor.
d) Em “tem grafismo que já tem seus significados bem enraizados, mas tem pintu-
ras que são novas”, a conjunção “mas” também marca uma oposição entre uma 2i. Espera-se que os alunos concluam que a lin-
ideia explícita e outra implícita? Explique sua resposta. guagem é adequada. Os falantes empregam a
lingagem monitorada, sem gírias ou expressões
e) Que tipo de relação semântica “então” estabelece em “Então tem grafismo que informais, mantendo-se dentro do esperado para
já tem seus significados bem enraizados [...]”? Relação de conclusão, equivalendo
a logo, portanto.
a dicussão de um tema cultural, que levará co-
nhecimento a quem assistir à entrevista. Apro-
f) Observe, agora, este outro trecho: “Então, muitas pessoas...”. A palavra “então” veite para reforçar a ideia de que a linguagem
tem a mesma função analisada no item e? Justifique sua resposta. oral apresenta marcas próprias — repetições,
hesitações, interrupções, marcadores con-
g) O trecho examinado no item f é marcado por uma interrupção. O que pode ter versacionais (“né?”) —, resultantes do menor
Ou indica coexistência (as duas situa-
levado Benício a mudar o rumo do raciocínio? 2h. ções podem ocorrer juntas).
tempo de planejamento. Essas marcas não
correspondem a menor monitoramento; pelo
h) A conjunção ou pode sugerir a coexistência de duas situações ou a exclusão de contrário, muitas vezes derivam da tentativa
uma delas. Qual dessas funções a conjunção tem em “às vezes eu posto né? é... de produzir um discurso claro, preciso e condi-
zente com as variedades urbanas de prestígio.
ou então alguns amigos que postam pinturas que eu faço... né?”?
i) A linguagem empregada pelos interlocutores é adequada à situação de comu- Dica de professor
nicação? Justifique sua resposta.
Nos textos falados, pala-
vras como então e e costu-
A língua nas ruas Veja orientações para essa atividade no Suplemento para o professor. mam funcionar como conec-
tores, marcando a progressão
O tenista quer competir, mas, entretanto, não se sente recuperado. do discurso. Procure não exa-
Na segunda oração desse período, há uma redundância: as conjunções (mas e gerar nesse uso para o texto
entretanto) traduzem o mesmo sentido de oposição. não car monótono e tente
empregar outros recursos de
Forme pares de conjunções adversativas e, usando ferramentas de busca na internet, articulação que contribuam
verifique se é possível encontrar outros exemplos de seu uso. Anote o exemplo e o para que o interlocutor acom-
nome do documento (jornal Diário do Povo, por exemplo) em que o encontrou. panhe o raciocínio.

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