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RESUMO: O presente artigo expõe alguns caminhos percorridos por mim junto aos
discentes, para uma construção artística em Dança, trazendo-os como coreógrafos,
criadores, autores, pesquisadores e compositores. Trata-se de um trabalho que,
além de conjunto, foi desenvolvido de forma pessoal, partindo de um tema macro, o
livro Na minha pele, de Lázaro Ramos, para um tema, não micro, porém individual e
potente. Ao longo do ano de 2018 mergulhamos no vasto universo racial, passando
pelo preconceito e pela dor, até chegarmos à aceitação e empoderamento, deixando
os educandos completamente a vontade para se expressarem, criarem, utilizando
seu lugar de fala e fazendo seus corpos ocuparem lugares de resistência.
ABSTRACT: This paper work shows the pathways which other students and we
were together to reach an artistic construction in Dancing, those students are related
as authors, researchers, composers, creators and choreographers. It is a work writen
and developed beyond the group, it was writen by the personal perspective, and it
has as macro the book "Na Minha Pele" by Lázaro Ramos, and it does not have a
micro theme but personal and powerful. During the year of 2018 we dived in a huge
racial universe, passing by prejudice and pain, until we get the empowerment and
acceptance, and then it was possible to the teacher to feel comfortable to express
theirselves, create, being in their proper spot and using their bodies as a tool of
resistance.
1. INTRODUÇÃO:
2. DESENVOLVIMENTO:
i
Bacharela e Licenciada em Dança pela Universidade Federal de Viçosa, Pós Graduação em latu
Senso em Metodologia do Ensino de Arte pela Faculdade de educação São Luís. Artista educadora
contratada da rede Municipal de Juiz de Fora, pesquisadora do Grupo de estudos e pesquisa Corpo,
cultura e Diferença da UFJF. alexaalexandre@ymail.com
Pesquisa realizada pelos alunos - Fotografia 2
Porém, nesta fase, fizemos uma dinâmica diferente, relemos todas as falas
ofensivas encontradas e respondemos uma, duas, inúmeras vezes, até
encontrarmos respostas que englobassem respeito, cuidado e acima de tudo,
empoderamento. Por exemplo, em muitos relatos e conversas a questão “cabelo
duro”, surgiu como ofensa para muitas meninas. Como fazê-las entender e acima de
tudo, aceitar e amar seus cachos de verdade? Assim, em todas as respostas
apresentadas, conversamos sobre, discorremos longos diálogos sobre cachos,
representatividade, aceitação, cuidado, história, até mesmo penteados.
A esta altura nos aproximávamos do fim do ano, estávamos em meados de
outubro, escutar respostas como: “Meu cabelo não é duro, meu cabelo é crespo e
você não é obrigado a gostar, tá tudo bem”. Trouxe um misto de sensações,
entretanto, o mais importante foi notar que trilhamos o caminho certo.
O que a princípio, na visão do senso comum, seria apenas mais uma
apresentação de Dança para a Escola e para os eventos da Prefeitura, para nós,
nunca foi e se transformou em algo maior, único, profundo, reflexivo, tornando
alunos em autores, pesquisadores, leitores, coreógrafos, conhecedores iniciais de
um tema profundo, abrangente, importante, atual, transformando cada um deles,
como afirma Ferreira (2003), em aluno-criador, ser que ganha maior compreensão
de si, dos outros e de um mundo de possibilidades de mudanças.
Observando que de fato a compreensão alcançada por parte dos educandos,
tanto de si, como do mundo, era incontestável, imaginei encerrarmos a
apresentação com algo nosso, autoral, que pudesse deixar nossa marca na
memória do público. A ideia de compormos uma letra, parodiando com uma melodia,
foi aceita e comemorada, assim, mais uma vez em nossa famosa roda, todos, sem
exceção, citaram algo que aprenderam, ou marcou ao longo de toda esta
descoberta.
3. CONCLUSÃO:
Ficou evidente a relevância de tal pesquisa para a vida dos discentes, pois fez
com que estes se reconhecessem como agentes criadores, tirando-os assim, da
posição de alunos aprendizes, para construtores e colaboradores. A condução dada
ao longo das aulas trouxe o tom da construção de trabalho coletivo, tanto nas
pesquisas, como nas criações das células coreográficas. Todos os caminhos
percorridos ao longo deste processo foram de suma importância para a vida
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A composição da música foi uma parceria realizada com Bruno Nascimento, amigo que auxiliou na
melodia da canção.
pessoas dos educandos. Para além dos muros escolares, perceber que as
pesquisas familiares, as leituras, as rodas de conversa, os exercícios, os filmes, as
trocas, as concepções e os diálogos, deixaram claras para os discentes, suas
origens, suas raízes e que suas lutas, são lutas enfrentadas por muitos. E é
justamente no coletivo e nas tão mencionadas, rodas de conversa, que a empatia, o
amor, o respeito, a aceitação, o empoderamento e a resistência florescem.
Foi um trabalho duro, árduo, difícil, pesado, no qual inúmeras vezes marejei
meus olhos e me questionei se estava no caminho certo, pois romper com o
tradicional exige coragem, tornar os discentes agentes criadores de conhecimento, é
quebrar paradigmas, é ultrapassar fronteiras conteudistas e esta pesquisa é a prova
que não só podemos, mas devemos, pelos nossos discentes, transpassar tais
fronteiras.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: