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Arthur Marcelo Fogaça Pinto

Estudo de caso: Projeto e Construção de


Mineroduto de Bauxita

Monografia de pós-graduação como requisito do CCE


para conclusão do curso de Engenharia de Dutos

Orientador: Renato Vieira, PhD


Coorientador: Paulo Montes

Belo Horizonte, abril de 2023


Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total
ou parcial do trabalho sem autorização da universidade, do
autor e do orientador.

Arthur Marcelo Fogaça Pinto


Resumo

Pinto Fogaça, Arthur Marcelo. Estudo de caso: Projeto e Construção de


mineroduto de bauxita. Belo Horizonte, 2023. 33p. Monografia de pós-
graduação – Departamento de Engenharia Mecânica, Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro.

O transporte dutoviário vem se consolidando como uma maneira eficiente e


de baixo custo operacional para o transporte de fluidos. Dessa forma, nos últimos
anos houve aumento considerável da malha instalada no Brasil, porém o
transporte de polpa de bauxita por mineroduto é um sistema pioneiro. Neste
trabalho será apresentado um estudo de caso comparando as fases de
engenharia e construção de um mineroduto de bauxita com gasodutos e
oleodutos. As semelhanças entre estes dutos e as particularidades de um
mineroduto de Bauxita serão abordadas neste estudo.

Palavras-chave
Mineroduto; transporte de bauxita; dutos de bauxita; mineroduto de bauxita.
Abstract

Pinto Fogaça, Arthur Marcelo. Estudo de caso: Projeto e construção de


mineroduto de bauxita. Belo Horizonte, 2023. 33p. Monografia de pós-
graduação – Departamento de Engenharia Mecânica, Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Pipeline transport has been consolidating itself as an efficient and low-cost


way to transport fluids. Thus, in recent years there has been a considerable
increase in the network installed in Brazil, but the transport of bauxite slurry by
pipeline is a pioneering system. In this work, a case study will be presented
comparing the engineering and construction phases of a bauxite pipeline with gas
and oil pipelines. The similarities between these pipelines and the particularities of
a Bauxite pipeline will be addressed in this study.

Keywords
Slurryline; bauxite transportation; bauxite pipeline; slurryline bauxite.
Sumário

1. Introdução .................................................................................................... 7
2. Localização primeiro mineroduto de bauxita ................................................. 8
2.1. Características do mineroduto de Bauxita ............................................. 9
3. Engenharia e Construção ........................................................................... 11
3.1. Engenharia conceitual ......................................................................... 11
3.2. Engenharia Básica............................................................................... 12
3.3. Inspeção de campo ............................................................................. 14
3.4. Acessos ............................................................................................... 15
3.5. Transporte de tubos............................................................................. 16
3.6. Canteiro / Double Joint ........................................................................ 18
3.7. Supressão vegetal / Abertura de Faixa ................................................ 19
3.8. Topografia / Planta e Perfil .................................................................. 20
3.9. Desfile de tubos ................................................................................... 21
3.10. Curvamento ......................................................................................... 22
3.11. Acoplamento........................................................................................ 24
3.12. Soldagem ............................................................................................ 25
3.13. Inspeção por ensaio não destrutivo (END) .......................................... 26
3.14. Revestimento....................................................................................... 27
3.15. Abertura de vala / Abaixamento ........................................................... 29
3.16. Teste Hidrostático ................................................................................ 29
3.17. Trepanação ......................................................................................... 31
3.18. Tie in.................................................................................................... 33
3.19. Recomposição de Faixa ...................................................................... 34
3.20. Sinalização .......................................................................................... 35
3.21. Obras Especiais .................................................................................. 37
3.21.1. Revestimento de concreto ............................................................ 37
3.21.2. Travessia de rios e córregos......................................................... 38
3.21.3. Travessias aéreas ........................................................................ 39
3.21.4. Furo direcional HDD (horizontal directional drilling) ...................... 40
3.21.5. Fibra ótica..................................................................................... 41
3.21.6. Proteção catódica ......................................................................... 42
3.21.7. Controle de erosão permanente ................................................... 43
Conclusão.......................................................................................................... 44
Referências bibliográficas .................................................................................. 45
Lista de figuras

FIGURA 1: FOTO TÍPICA DE CONSTRUÇÃO DE UM MINERODUTO ................................................. 7


FIGURA 2:LOCALIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO.......................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 3: ROTA DO MINERODUTO 244 KMS ............................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 4: FERRAMENTA PIG LIMPEZA ....................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 5 : INSPEÇÃO DE CAMPO............................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 6 : CONSTRUÇÃO DE ACESSO .....................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 7 : CANTEIRO TÍPICO DE TUBOS ..................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 8 : TRANSPORTE DE TUBOS ........................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 9 : SOLDAGEM DE DOUBLE JOINT SOBRE ROLETES NO PIPESHOP . ERRO! INDICADOR NÃO
DEFINIDO.
FIGURA 10 : SUPRESSÃO VEGETAL DE FAIXA ...........................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 11 : SERVIÇO DE TOPOGRAFIA....................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 12: TUBOS DESFILADOS AO LONGO DA FAIXA ...............ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 13: MÁQUINA HIDRÁULICA DE CURVAR TUBOS .............ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 14 : MANDRIL PARA CURVAMENTO DE TUBOS..............ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 15: PREPARAÇÃO DE BISEL PARA ACOPLAMENTO ........ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 16 : SOLDAGEM DO MINERODUTO ..............................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 17 : ATIVIDADE DE INSPEÇÃO END EM JUNTA SOLDADA .............. ERRO! INDICADOR NÃO
DEFINIDO.
FIGURA 18 : ATIVIDADE DE REVESTIMENTO DE JUNTAS INSPECIONADAS ... ERRO! INDICADOR NÃO
DEFINIDO.
FIGURA 19 : ATIVIDADE DE ABAIXAMENTO DE COLUNA ..............ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 20 : PREPARAÇÃO PARA O A LIMPEZA E TESTE.............ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 21 : BACIA.................................................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 22 : PREPARAÇÃO PARA A CALIBRAÇÃO ......................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 23: CONEXÕES PARA FIXAÇÃO DE MÁQUINA DE TREPANAÇÃO...... ERRO! INDICADOR NÃO
DEFINIDO.
FIGURA 24 : ETAPAS DO CORTE DA TUBULAÇÃO......................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 25 : PROCESSO DE BLOQUEIO POR TREPANAÇÃO ........ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 26: ETAPA DE ACOPLAMENTO DO TIE-IN ......................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 27: ETAPA DE RECOMPOSIÇÃO DE FAIXA ....................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 28: MARCO AÉREO COM PONTO DE TESTE INSTALADO .ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 29: MARCO TERRESTRE COM PONTO DE TESTE INSTALADO ......... ERRO! INDICADOR NÃO
DEFINIDO.
FIGURA 30: DETALHE CONCRETAGEM DE TUBOS .....................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 31: TRAVESSIA DE RIO A CÉU ABERTO.........................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 32: PASSAGEM AÉREA ...............................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 33: ETAPAS DE EXECUÇÃO DO FURO DIRECIONAL ........ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 34: INSTALAÇÃO DE FIBRA ÓTICA ................................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 35: RETIFICADOR DE PROTEÇÃO CATÓDICA .................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
FIGURA 36: TÉCNICAS DE CONTROLE DE EROSÃO ....................ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.
7

1. Introdução
Segundo a ANP, em seu Regulamento Técnico Nº 2/2011, item 4.2.1, dutos
terrestres podem ser definidos como uma instalação constituída por uma
sequência de tubos ligados entre si, incluindo os seus componentes (lançadores,
recebedores, válvulas, flanges, conexões, juntas, estojos, entre outros) e os seus
complementos (suportes, sistema de proteção catódica, junta de isolamento
elétrico, provadores de corrosão, instrumentação, entre outros). Esta instalação,
por sua vez, se destina ao transporte ou transferência de fluidos entre as fronteiras
de unidades operacionais geograficamente distintas. De fato, podemos dizer que
minerodutos são um meio de transporte de polpa de minério seguro e confiável.
São utilizados com o objetivo de transportar minérios com menor impacto
ambiental se comparado com os meios mais usuais de transporte como
ferroviário, rodoviário e fluvial. O minério a ser transportado por esses
equipamentos de uma planta de beneficiamento até outro local, pode ser de
diversos tipos, como minério de ferro, carvão, bauxita etc.

Figura 1: Foto típica de construção de um mineroduto

A estrutura dos Minerodutos é composta por um duto que transporta uma


polpa viscosa com 48% de água e 52% de sólidos como exemplo do minério de
bauxita. Esta polpa rica em minério fino é bombeada por centenas de quilômetros
até o processamento final. Além da água adicionada, o sistema de bombeamento
também utiliza energia elétrica para o transporte deste minério.
8

2. Localização primeiro mineroduto de bauxita


A Norsk Hydro é uma empresa global de alumínio com atividades de
produção, vendas e comércio em toda a cadeia de valor, desde bauxita, alumina
e geração de energia até a produção de alumínio primário e produtos laminados
e extrudados, além de reciclagem. Sediada na Noruega, a empresa possui 31.000
funcionários envolvidos em atividades em mais de 40 países em todos os
continentes. Enraizada em mais de um século de experiência na produção de
energia renovável, desenvolvimento de tecnologia e parcerias progressivas, a
Norsk Hydro está comprometida em fortalecer a viabilidade de seus clientes e
comunidades que atende. Sua filial mineradora conhecida como Mineração
Paragominas é uma Mina de Bauxita, situada no município de Paragominas - PA,
constituída por um sistema integrado de produção, que inclui atividades de
mineração e beneficiamento.
Fundado em 1965, o município de Paragominas, no sudeste do Pará, se
aproxima dos seus 60 anos como exemplo de cidade sustentável. Com atividades
econômicas relacionadas à pecuária, produção florestal, entre outros, a cidade
também é destaque no ranking dos municípios mineradores do Pará e do Brasil.

Figura 2: Localização do Empreendimento

O transporte do produto é realizado por um mineroduto de 244km de


extensão, até a Refinaria Alumina do Norte do Brasil S.A - Alunorte, em Barcarena,
no estado do Pará. A produção atual da MPSA é de 11.300.000 toneladas por
ano.
9

Figura 3: Rota do mineroduto 244 kms

A extração de bauxita na Hydro Paragominas completou 16 anos em março


de 2023. A mina, que é o primeiro elo da cadeia do alumínio, é uma das principais
em operação no Pará e tem trabalhado para ser uma grande aliada no
desenvolvimento da cidade.
O processamento da bauxita na Mineração Paragominas envolve diversas
etapas importantes, como a extração de minério na mina, a remoção de minerais
indesejáveis e adequação do tamanho das partículas de minério para atender as
especificações da planta de beneficiamento da mina, mineroduto e a refinaria
Alunorte, também da Hydro.
Durante este processo, é realizado um robusto controle de qualidade para
garantir a performance e atendimento às especificações da polpa entregue à
refinaria, envolvendo mais de 1.800 parâmetros analisados por ano no laboratório
da Mineração Paragominas. Entre as análises realizadas, destaca-se uma
simulação do refino da bauxita, reproduzindo em escala reduzida o processo ao
qual a bauxita será submetida na Alunorte.

2.1. Características do mineroduto de Bauxita

O mineroduto foi projetado para transportar volume máximo de 14.,850.000


toneladas por ano, em base úmida, operando durante 95% do tempo. A pressão
de trabalho é da ordem de 2000 psi. O mineroduto tem uma extensão plana
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aproximada (projeção horizontal) de 245,9 quilômetros construído por segmentos


de tubos com comprimento de doze metros, em aço carbono API 5L grau X70,
revestido externamente em um fabricante de tubos, com três camadas de
polímeros tal como, resina epóxi, elastômero e polietileno de alta densidade,
segundo normas internacionais. O diâmetro de 24 polegadas (610mm) e
espessura de parede destes tubos possuem uma variação entre 0,438 polegadas
e 0,969 polegadas.
A declividade máxima do mineroduto é de 15% e as curvas horizontais têm
raio mínimo de 40 vezes o diâmetro do tubo de 24 polegadas. Este mineroduto é
monitorado por sistema de detecção de vazamentos que fornece dados de
operação para o Sistema de Controle Supervisor e de Aquisição de Dados
(SCADA) através do Sistema de Telecomunicação por meio de fibra óptica. Para
avaliar os riscos associados à operação de suas instalações e tomar todas as
medidas para mitigar as consequências de eventuais falhas é necessário um
Sistema de Gerenciamento de Integridade de Duto funcional e abrangente, para
este fim a Mineração Paragominas realiza as campanhas de PIG para inspeção
do mineroduto. O termo PIG é referente a uma ferramenta de limpeza e inspeção
utilizada pela equipe de integridade de mineroduto conforme figura 4 abaixo.

Figura 4: Ferramenta PIG instrumentado


11

O mineroduto foi selecionado como a forma mais viável para o transporte da


polpa de bauxita, por ser mais adequado ambientalmente, mais econômico,
consagrado e utilizado no mundo inteiro para conduzir grandes volumes de
minerais e minérios. Em comparação com algumas alternativas de transporte, tais
como ferrovias, barcaças ou caminhões, o mineroduto, por ficar enterrado,
interfere menos na utilização do solo. Este mineroduto é pioneiro no mundo em
transporte de polpa de bauxita, tornando-se referência em termos de tecnologia.

3. Engenharia e Construção
3.1. Engenharia conceitual

Segundo [1] a etapa de realização do anteprojeto ou projeto conceitual é a


fase inicial de projeto de um mineroduto (em termos da engenharia de projeto),
sendo a transformação de uma série de dados em uma solução de engenharia
que envolve várias linhas de raciocínio e informações interdisciplinares. É o elo de
ligação das estratégias empresariais à engenharia propriamente dita. É a
engenharia de projeto desenvolvida para permitir uma avaliação das condições de
viabilidade técnica e econômica de um empreendimento, instalação ou
equipamento industrial. É a etapa em que se desenha e especifica o resultado da
análise de negócio que acabou de passar pela etapa do EVTE (estudo de
viabilidade técnica e econômica). É um momento em que é essencial para
estratégia empresarial fazendo o elo entre as diretrizes estratégicas e os projetos
de engenharia. Tem uma semelhança com o estudo de viabilidade, porém muito
mais profundo, a ponto de formar tomadas de decisão com parâmetros
necessários ao início dos projetos de engenharia. Na realização do projeto
conceitual o projetista utiliza de sua criatividade, capacidade intelectual,
diversificação do conhecimento e experiência pessoal na concepção da solução
do problema. Geram-se nesta fase um modelo gráfico, um resumo descritivo da
obra, o que garante um melhor dimensionamento do projeto de um mineroduto e
a definição de parâmetros econômico-financeiros e prazo para verificação com
relação às estratégias da empresa. O projeto conceitual deve fornecer os
parâmetros gerais do empreendimento para iniciar a engenharia básica. Nesta
etapa surge uma excelente oportunidade de verificar a viabilidade técnica e
econômica do empreendimento visto que as possíveis rotas do mineroduto podem
ser determinadas. O produto desta etapa forma um conjunto de definições de
parâmetros necessários para elaboração deste projeto de mineroduto, definições
12

estas decorrentes das decisões estratégicas e negócios da empresa. Alguns


exemplos de produtos resultantes desta etapa são:
 Limites de recursos disponíveis
 Limites legais
 Limites de prazo
 Políticas ambientais
 Sazonalidade de produção

Esta etapa da engenharia se insere no contexto de uma fase de


desenvolvimento do empreendimento e consiste na elaboração de atividades e
estudos que suportam a seleção de alternativas de implantação do
empreendimento, tais como: estudos de mercado, estudo da mistura de produtos,
determinação do volume de produção, análise das alternativas dos processos de
produção, determinação das necessidades de insumos e matérias primas, análise
dos fatores de localização, cronograma de implantação, estimativa de
investimentos, etc. Os estudos desta etapa devem demonstrar que o
empreendimento é tecnicamente viável. É nesta fase que as alternativas técnicas
devem ser estudadas. O objetivo desta etapa é realizar a seleção da alternativa
técnica para implantação. Esta seleção é formalizada no projeto conceitual, o qual
reúne a consolidação dos estudos de engenharia das diversas alternativas
analisadas e formaliza a engenharia da alternativa técnica selecionada para
implantação. O projeto conceitual de engenharia deve oferecer sustento ao
empreendedor na decisão de prosseguir ou não no desenvolvimento do
empreendimento e definir o escopo de engenharia para a próxima etapa, no que
se refere às ações necessárias à produção do projeto básico para a alternativa
selecionada. A seleção da alternativa para implantação constitui o fim da fase de
desenvolvimento.

3.2. Engenharia Básica

No estudo do arranjo físico do empreendimento desenvolvido no projeto


conceitual, o traçado do mineroduto considera várias unidades de produção, tais
como estações secundárias de bombeamento, estações de monitoramento de
pressão e válvulas, bem como as respectivas salas de controle.
A interligação de todas as unidades de produção obedece a uma série de
premissas, normas e recomendações que permitam estabelecer para cada
unidade no arranjo físico, qual a localização mais compatível com as funções que
13

a mesma deve desempenhar, quais as restrições impostas, etc. Para exemplificar,


uma estação de monitoramento de pressão ou mais devem estar locadas entre
duas estações de bombeamento. De maneira análoga, uma subestação de
energia elétrica deve estar próxima dos equipamentos e painéis principais que
serão alimentados por esta subestação e estas supostamente dentro do raio da
área industrial das estações de bombeamento. Desta forma, a fim de facilitar este
estudo, que muito influirá na futura operação, cada unidade deve ser analisada
individualmente, bem como seus fatores de localização. Uma vez definida a
localização relativa da unidade ao longo do traçado do mineroduto, será
importante determinar ainda os elementos BÁSICOS para seu dimensionamento
e a área requerida para sua instalação, definindo-se também os métodos
construtivos recomendados para sua execução. Assim, entra em “cena” a
elaboração do chamado “projeto básico”. Somente após definido estes três
parâmetros fundamentais do projeto básico (localização, dimensões e
características construtivas) é que será iniciado efetivamente o detalhamento do
projeto.
Um projeto básico [1] visa reunir as informações iniciais relativas a um
empreendimento, estudar as alternativas existentes e apresentá-las de forma
ordenada sob o aspecto de desenhos preliminares, memoriais descritivos e
critérios de projeto. A documentação técnica gerada no projeto básico permite em
geral a preparação de cronogramas e estimativas de custo de referência. Os
projetos básicos se destinam a consolidar diversos aspectos de engenharia de
uma planta, antes que sejam efetuados dispêndios importantes com a aquisição
de componentes e execução de obras, tais como:
 Permitir a obtenção das diversas aprovações em órgãos públicos ou
financeiros;
 Permitir a compra dos equipamentos e a contratação de serviços
necessários para a implantação do empreendimento ou instalação;
 Permitir a elaboração de cronogramas de implantação e estimativas de
custo de referência mais detalhados. Nesta etapa são desenvolvidas atividades
tais como: definição e especificação das características técnicas finais dos
produtos e processos de produção, elaboração dos fluxogramas de engenharia,
elaboração das memórias de cálculo, elaboração dos leiautes das unidades de
produção e utilidades, elaboração das especificações técnicas de compra dos
equipamentos, serviços e materiais, etc.
O projeto básico consiste, pois, na elaboração, a partir das informações
resultantes do projeto conceitual, de todas as atividades e dos documentos finais
14

de engenharia que permitam a elaboração de requisições técnicas para a compra


dos equipamentos, materiais, sistemas, obras e serviços e a geração de dados e
informações necessários ao desenvolvimento da engenharia de detalhamento
para a implantação do empreendimento. Os documentos produzidos nesta etapa
terão o nível de detalhe suficiente para a completa definição do escopo de
fornecimento de equipamentos e os subsídios essenciais ao desenvolvimento da
etapa posterior de engenharia detalhada. Compreende, em geral, as seguintes
atividades:
 Especificação, dimensionamento e arranjo de equipamentos e outros
componentes físicos, tais como bombas, válvulas, tanques, tubos, equipamentos
industriais, motores e geradores elétricos, transformadores, quadros elétricos de
distribuição e comando, válvulas, estruturas, utilidades etc.;
 Elaboração de especificações mecânicas, elétricas, civis, entre outras;
 Dimensionamento geral dos equipamentos;
 Especificação e seleção de materiais e componentes;
 Atendimento à normas, padrões técnicos e comerciais e critérios de
cálculos e de projeto;
 Orientação geral para o detalhamento.
Os serviços de engenharia relacionados nesta etapa deverão ser
desenvolvidos por equipe multidisciplinar, liderada em cada disciplina por
profissionais capacitados, conforme o exposto nos documentos referenciados.

3.3. Inspeção de campo

Segundo [2] em um projeto típico de tubulação, o construtor tem a


responsabilidade de levantar os limites da faixa de domínio, o eixo da vala, todos
os detalhes para os cruzamentos e “pontos especiais”, e o levantamento
executado. O Construtor também deve “projetar” as curvas como veremos em um
tópico específico. Como resultado, uma ou mais equipes de pesquisa serão
necessárias durante todo o tempo em que as equipes estiverem trabalhando no
projeto. A duração total da operação de pesquisa deve ser determinada após um
cronograma aproximado para todo o trabalho ter sido desenvolvido. Um
cronograma seria útil para determinar a duração. Às vezes, a empresa de
engenharia ou o proprietário podem optar por fornecer parte do escopo da
pesquisa. O plano de construção e a especificação de construção devem ser
revisado e compreendido o escopo do contratado e para garantir que esse custo
seja coberto na parte adequada da estimativa geral.
15

Figura 5: Inspeção de campo

3.4. Acessos

A equipe de operação de estrada e acesso deve incluir o custo para construir


ou melhorar as estradas de acesso ao longo do mineroduto, construir ou melhorar
pontes, construir e operar travessias de balsas, manutenção das estradas de
acesso durante a construção e concluir qualquer restauração que seja necessária
no escopo de trabalho do construtor. O primeiro passo é identificar as vias de
acesso necessárias e a extensão de cada uma delas. Em seguida, as estradas
devem ser classificadas como novas estradas, grandes melhorias nas estradas
existentes e pequenas melhorias nas estradas existentes.

Figura 6: Construção de acesso


16

O custo de construção de estrada de acesso pode ser estimado através do


desenvolvimento de equipes para executar o trabalho. Frequentemente, o custo
de melhorar, construir as estradas de acesso e pontes é estimado como um valor
de subcontratação por quilômetro ou por metro. Para manter as estradas de
acesso durante a construção, deve-se estimar o número de caminhões
basculantes, caminhões-pipa, carregadeiras frontais, motoniveladoras,
equipamentos de britagem e peneiramento etc. A duração das equipes de
manutenção depende do tempo as equipes de construção precisarão de acesso
em uma área específica. Pode ser aconselhável em alguns projetos dividir isso
em mais de uma operação.

3.5. Transporte de tubos

Esta etapa consiste em transportar os tubos seja da fábrica ou do porto até


os canteiros de tubos. O esforço para estimar com precisão o transporte e
armazenamento de tubos é bastante detalhado e moroso. No entanto, isso é
importante, pois a logística de dutos é uma atividade crítica no planejamento de
um projeto de construção de dutos. A estimativa de transporte de tubo depende
do escopo do trabalho do empreiteiro. Muitas vezes, o empreiteiro aceitará o
transporte dos tubos desde o descarregamento do navio no porto de entrada até
os canteiros na obra. Como o tubo geralmente é enviado em navios fretados que
são adequados para o transporte de tubos, e esses navios devem ser
descarregados em alguns dias para evitar demoras dispendiosas, o tubo
geralmente é transportado para um pátio de tubos provisório localizado próximo
ao porto de descarga.
O tubo é então transportado para vários pátios de tubos localizados ao
longo da rota do duto. O espaçamento desses pátios de tubos depende da
localização das rodovias e vias de acesso à faixa de domínio do duto.
17

Figura 7:Canteiro típico de tubos

Normalmente, os pátios de tubos estão localizados em um espaçamento em


média de 30 a 50 quilômetros. A logística dos tubos deve ser planejada de forma
que a quantidade correta de cada espessura de parede seja transportada para o
pátio de tubos correto e devidamente identificada através de cores
respectivamente a sua espessura. Os caminhões de transporte de tubos devem
ser equipados com suportes para acomodar os tubos adequadamente para
transportar os tubos sem danificar seu revestimento. A quantidade de tubos que
pode ser transportada em cada caminhão depende do peso, largura, altura e
comprimento permitidos por lei. O peso líquido permitido de cada caminhão
costuma ser de aproximadamente 20 toneladas métricas. Os tubos utilizados em
construção de minerodutos geralmente são fabricados com 12 metros de
comprimento, porém existem tubos com 18 metros de comprimento normalmente
não muito utilizados devido questões de logística.
18

Figura 8: Transporte de tubos

Tubos com comprimentos maiores gerarão alguns problemas de transporte


de tubos que devem ser resolvidos. A junção dupla é discutida com algum detalhe
abaixo. A duração da operação de transporte de tubos é determinada examinando
o cronograma para as remessas de tubos e as operações de soldagem ou junção
dupla de tubos principais. Geralmente é aconselhável transportar o tubo para os
pátios de tubos intermediários bem antes das datas em que serão necessários
para as equipes de soldagem. Frequentemente, alguns ou todos os caminhões de
transporte de tubos serão usados pela equipe de armazenamento de tubos. Além
disso, a subcontratação de empresas locais de transporte é frequentemente
realizada.

3.6. Canteiro / Double Joint

A junta dupla, também chamada de double joint, pode ser usada como um
método para aumentar o número total de quilômetros que podem ser abaixados
na vala por mês. Após a junção dupla do tubo, a equipe de soldagem de campo
da linha principal só terá que soldar o tubo a cada 24 metros, em vez dos 12
metros normais. Claro, há os custos adicionais de mobilizar o equipamento de
junta dupla e executar a operação de adição. Dependendo de muitas variáveis, a
junção dupla é uma opção que pode ser considerada se houver quantidade
suficiente, diâmetro grande, tubo de parede pesada e a infraestrutura rodoviária
pode acomodar caminhões que transportam tubos de 24 metros de comprimento,
opção esta não muito utilizada.
19

Figura 9: Soldagem de double Joint sobre roletes no canteiro

3.7. Supressão vegetal / Abertura de Faixa

A equipe de limpeza remove todas as árvores e arbustos para que o direito


de passagem possa ser nivelado. Esta atividade durante a construção do
mineroduto foi realizada mecanizada com ajuda de tratores esteira e
motoniveladoras. Um elemento de custo importante dessa operação é o descarte
ou os requisitos de manuseio do material depurado. Às vezes, as especificações
ou os requisitos do proprietário determinam que o material seja enterrado,
queimado, lascado, transportado ou que a madeira seja cortada e empilhada. No
caso do projeto de construção do mineroduto todo árvores foram cortadas,
empilhadas e transportada até a mina de Paragominas. A quantidade de mão de
obra e equipamentos deve ser suficiente para ficar à frente das operações de
classificação.
A largura da fixa de servidão do mineroduto é de 20 metros de largura, uma
variável muito importante no cálculo de área de abertura de faixa para os devidos
acessos.
20

Figura 10: Supressão vegetal de faixa

3.8. Topografia / Planta e Perfil

A classificação de dutos de polpa pode ser uma parte muito importante do


projeto. Devido às restrições de inclinação, pode haver uma quantidade
considerável de cortes laterais e, às vezes, até grandes cortes em taludes. Um
levantamento detalhado das quantidades escavadas deve ser feito para quaisquer
trabalhos com volumes significativos de nivelamento.
Por se tratar de um nível topográfico de maior complexidade, será
contratada empresa especializada para cálculos e demarcações das estacas, para
detalhamento do projeto. A empresa fará o mapeamento de dutos existentes, bem
como todas as obras especiais (travessia de dutos, travessias de cursos d'água,
travessias aéreas, entre outras).

Figura 11: Serviço de topografia


21

Os volumes de rocha também devem ser avaliados. Pode haver um


consultor geotécnico que estudou a rota ou uma avaliação pode ser feita
observando as condições da superfície, cortes de estradas próximas, escavação
na área e leitos e margens de rios. Como a rocha é muito mais cara para escavar
do que o solo comum, há muitos riscos envolvidos nessa avaliação. Também é
importante determinar se algum material deve ser transportado para fora da faixa
de domínio. Se for esse o caso, os locais de descarte devem ser localizados ou
devem ser feitas suposições razoáveis para estimar os custos envolvidos. Os
locais de descarte devem ser adequadamente preparados, mantidos e
restaurados após todo o material ser descartado. Normalmente, o material de
corte lateral é “fundido lateralmente” e não é rebocado. Em alguns projetos,
restrições ambientais ou regulamentos locais ditam que parte ou todo o material
escavado não pode ser moldado lateralmente. Isso afetará drasticamente o custo
e o cronograma para a classificação do direito de passagem. Para grandes cortes
em caixa, o material terá que ser transportado para fora da área de corte. Os
custos de nivelamento em terrenos difíceis podem sobrecarregar completamente
os outros custos de construção do duto, especialmente se houver rocha e/ou o
material tiver que ser transportado. Como resultado, métodos de construção
alternativos podem ser considerados em áreas com custos de nivelamento muito
altos. Alguns desses métodos incluem faixa de domínio estreita, perfuração
direcional horizontal, vãos aéreos e túneis. Algumas dessas áreas devem ser
consideradas como áreas especiais de construção para otimizar os custos globais.

3.9. Desfile de tubos

O desfile de tubos é uma das fases delicadas do processo de construção de


um mineroduto, pelo transporte de materiais pesados e de dimensões grandes e
pelo risco envolvido nos transbordos e posicionamentos. É umas das atividades
que uma equipe transporta os tubos dos pátios intermediários para as laterais das
valas. Normalmente os pátios de tubos estão localizados, estimadamente, em
intervalos de vinte a trinta quilômetros, mas o espaçamento é uma função de
acesso e logística. Os caminhões que transportam estes tubos devem ser
equipados com suportes para amarração do tubo adequadamente para rebocar o
tubo sem danificá-lo e até mesmo arranhar seu revestimento. Os reboques usados
para transportar tubos geralmente reboques de postes especialmente projetados
para transportar tubos comumente chamados de dolly. Eles são semelhantes aos
22

usados para transportar madeira de grandes comprimentos ou postes. A


quantidade de tubo que pode ser transportada em cada caminhão depende do
peso, largura, altura e comprimento permitidos por lei. O peso líquido permitido de
cada caminhão com seu reboque costuma ser de aproximadamente 20 toneladas
métricas. A largura legal é geralmente de cerca de 2,4 a 2,5 metros. Se os
caminhões de amarração estiverem transportando exclusivamente fora da
estrada, os limites legais podem ser estendidos um pouco. O tubo é fabricado em
comprimento de aproximadamente 12 metros em média. Existem tubos, sob
encomenda, com comprimento de 18 metros, porém esta particularidade dificulta
o processo de transporte ao longo da faixa de servidão.

Figura 12: Tubos desfilados ao longo da faixa

3.10. Curvamento

A atividade de curvamento é normalmente realizada após a vala ter sido


escavada e o tubo ter sido abaixado. No entanto, em algumas circunstâncias, a
vala não é escavada até pouco antes da operação de abaixamento. Essas
circunstâncias incluem valas instáveis e espaço de trabalho limitado. Se a vala
puder ser escavada antes, é preferível porque é mais fácil curvar o tubo para caber
na vala do que cavar a vala para encaixar o tubo que já foi curvado. Um
engenheiro de dobra e seus ajudantes medem cada junta do tubo e medem cada
curvatura lateral, dobra excessiva e dobra curva. Eles então marcam o local da
23

dobra, o grau da dobra e a orientação em que o tubo será soldado na tubulação


do tubo. O tubo é identificado para que a equipe de curvamento execute a
atividade de curvamento no tubo corretamente. O tubo é então transportado por
uma curta distância até a dobradeira com uma barra lateral. Duas barras laterais
podem ser necessárias se o tubo for de junta dupla. Além disso, a segunda barra
lateral pode ser usada para aumentar a produção da máquina de dobra. A dobra
é realizada com uma máquina hidráulica de curvar tubos, também chamada de
curvadeira hidráulica. Os tubos originais de fábrica são inseridos nesta curvadeira
hidráulica ajustada para o diâmetro exato do tubo a ser curvado e na sequência
um mandril é inserido dentro do tubo para evitar a flambagem do tubo sendo assim
determina-se a curva devidamente atendendo o projeto. Em circunstâncias
normais, uma curvadeira hidráulica com uma equipe experiente pode se manter à
frente da equipe de desfile de tubos.
O método de dobramento deve atender às condições mínimas de inspeção
do projeto e pode ser a frio ou a quente. Tubos destinados a curvatura devem ser
programados pela equipe de Topografia

Figura 13:Máquina hidráulica de curvar tubos

Em projetos com muitas curvas, pode ser necessária uma segunda


máquina. O número de curvas geralmente é expresso como uma porcentagem
das juntas do tubo que exigirão uma curvatura. Por exemplo, 20 por cento de
curvas em uma obra estima-se que o grupo de tubos coloque a uma taxa média
de 100 juntas por dia, exigirá uma média de 20 curvas por dia. O tempo necessário
para fazer cada curva é uma função do diâmetro do tubo, espessura da parede do
tubo, grau da curva, tipo e quantidade de equipamentos utilizados, experiência da
24

equipe etc. Normalmente, uma equipe pode curvar entre duas e quatro curvas por
hora.

Figura 14: Mandril para curvamento de tubos

3.11. Acoplamento

A operação de acoplamento normalmente acompanha a maioria das


operações no spread. Esta operação inclui a montagem do tubo em patins (às
vezes é feito pela equipe de dobra), polimento do tubo para prepará-lo para a
soldagem, pré-aquecimento do tubo, alinhamento do tubo, ajuste das braçadeiras
pneumáticas internas, soldagem do primeiro passe ou “cordão de longarina”,
movendo, manuseando e ajustando os skids (plataforma) de tubos de madeira
dura e soldando o segundo passe ou “passe quente” (isso às vezes é incluído com
a equipe de soldagem em vez da equipe de instalação de tubos). O alinhamento
e o cordão de longarina definem o ritmo para esta operação e para a maioria das
outras operações de construção de dutos. A taxa de progresso estimada depende
de muitos fatores. Isso inclui diâmetro do tubo, espessura da parede, grau do tubo,
comprimento médio das juntas do tubo, terreno, quantidade de curvas, condições
do solo, condições climáticas, altitude, horas por dia, distância de condução do
pátio, acesso ao direito de passagem, número e experiência da tripulação,
quantidade e tipo de equipamento, especificações de construção, regras de
trabalho, etc. 40 juntas por dia ou menos até mais de 300 juntas por dia para tubo
de pequeno diâmetro e condições muito boas.
25

Figura 15: Preparação de bisel para acoplamento

3.12. Soldagem

Segundo [3] soldagem é o processo de união de materiais usados para obter


a coalescência (união) localizada de metais e não-metais, produzida por
aquecimento até uma temperatura adequada com ou sem a utilização de pressão
e /ou material de adição.
Após a conclusão dos dois primeiros passes (raiz e passe a quente), os
passes de preenchimento e cobertura são concluídos pela equipe de soldagem.
Essa tripulação costuma ser chamada de ponteada. Um ou dois soldadores, com
suas máquinas de solda e ajudantes, são colocados na próxima solda disponível.
Um soldador é comumente utilizado para tubos pequenos, enquanto dois são
usados para tubos grandes. O número de soldadores será determinado pelo
progresso do grupo de tubos e a quantidade de metal de solda necessária para a
espessura específica da parede do tubo a ser soldada. O(s) soldador(es) inicia(m)
uma solda e completarão todos os passes de preenchimento e cobertura
necessários para a solda. Soldadores de dutos experientes devem ser capazes
de soldar aproximadamente 15 quilos de haste de solda por oito horas por dia. A
máquina de solda pode ser montada em reboques, patins, caminhões de solda ou
pequenos tratores. Depois que a soldagem em uma determinada solda é
concluída, esse grupo se deslocará para a próxima solda disponível. Se as
máquinas de solda forem montadas em reboques ou skids (plataformas
metálicas), pequenos tratores de reboque ou caminhões os moverão à frente.
26

Soldadores de reparo podem ser necessários para reparar qualquer solda defeitos
descobertos durante a inspeção de solda.

Figura 16: Soldagem do mineroduto

3.13. Inspeção por ensaio não destrutivo (END)

A fase logo na sequência da solda é o ensaio não destrutivo (END). Segundo


[4] ensaio é a avaliação da qualidade da solda executada de acordo padrões de
aceitação, apresentados na seção IX ASME Boiler and Vessel Code da norma de
soldagem Americam Petroleum Institute 1104, aplicam-se a imperfeições de solda
localizadas por métodos NDT, exame visual, radiografia (raios X), partículas
magnéticas, líquido penetrante, testes ultrassônicos e gamagrafia.
Neste tópico, vamos nos preocupar apenas com as radiografias, teste
ultrassônico e métodos de inspeção visual, uma vez que são usados com mais
frequência para testar a integridade da solda da tubulação. Como mencionado
anteriormente, a inspeção por ensaio não destrutivo (END) tem sido usado para
inspecionar o perímetro do tubo na solda recentemente em pelo menos dois
grandes projetos de construção de minerodutos.
O teste ultrassônico foi selecionado para acompanhar processos de
soldagem automática e foi usado para testar todas as soldas circunferenciais de
produção no projeto deste mineroduto. Um detalhe importante é que todas as
soldas de junção deste mineroduto em estradas, cruzamentos em locais povoados
foram 100% inspecionados por raios-X para cumprir o código de requisitos.
27

O ensaio não destrutivo tem várias vantagens sobre o raio X, e com certeza
que seu uso cresceu ao longo dos anos. Primeiro, é mais rápido, como uma
inspeção END de solda circunferencial é cerca de cinco vezes mais rápido que o
raio X, é mais seguro porque não há radiação para lidar com, e a inspeção END
ultrassônica fornece uma indicação de defeito em 3D comparado com a clássica
indicação de defeito na dimensão 2D dada ao ler o filme de raios-X. Essas
informações de defeitos mais extensas podem reduzir os custos de reparo, porque
saber a altura e a localização do defeito na parede do tubo podem permitir que os
técnicos de inspeção digam as equipes de reparo cujo passe de solda contém o
defeito. Isso poderia economizar tempo indo direto ao defeito para fazer o devido
reparo.

Figura 17: Atividade de inspeção END em junta soldada

3.14. Revestimento

Após finalizada a etapa de inspeção por ensaio não destrutivo e aprovação


desta conforme critérios de normas, todas as juntas de campo do mineroduto
devem ser revestidas. A aplicação do revestimento nestas juntas deve obedecer
aos parâmetros estabelecidos pelo projeto de engenharia detalhada. Um
procedimento executivo de aplicação deste revestimento deve ser elaborado pelo
montador e validado pela equipe de controle de qualidade para execução desta
atividade. Um procedimento conforme [5] de revestimento segundo de juntas deve
conter no mínimo os seguintes tópicos:
28

 especificação técnica no qual foi baseado o procedimento;


 materiais de revestimento qualificados, quando aplicável;
 especificação do sistema de revestimento, de modo a atender às
condições do projeto do mineroduto;
 características dos equipamentos e instrumentos de medição a
serem utilizados;
 plano de recebimento, armazenamento, manuseio e transporte dos
materiais de revestimento;
 método de aplicação do revestimento;
 método de inspeção e ensaio;
 método para execução de reparos no revestimento aplicado.

Recomenda-se que o material seja o mesmo do revestimento original dos


tubos, de maneira a garantir a continuidade das suas características de fábrica.
Materiais diferentes do revestimento original dos tubos podem ser utilizados,
desde que confiram uma qualidade compatível com ele. A equipe de aplicação
dos reparos de revestimento do tubo ou revestimento das juntas e componentes
deve ser treinada pelos fornecedores dos materiais de revestimento e de acordo
com os procedimentos de aplicação, inspeção e reparo. Nos trechos aéreos, deve
ser executada pintura externa nos tubos não revestidos (incluindo as juntas de
campo), atendendo às condições ambientais estabelecidas no projeto, nas cores
conforme norma [6]. Na transição do trecho enterrado para o aéreo deve ser
mantido o revestimento anticorrosivo no trecho aéreo, até que não haja contato
direto da parede metálica com o solo. Em caso de existência de isolamento
térmico, este deve ser mantido no trecho aéreo, de acordo com as orientações do
projeto.

Figura 18: Atividade de revestimento de juntas inspecionadas


29

3.15. Abertura de vala / Abaixamento

A operação de descida envolve levantar as longas cordas de tubo dos patins


e serpentear até o fundo da vala. Isso é feito usando uma série de tratores de
lança lateral e correias ou berços rolantes. O número e o tamanho das barras
laterais dependem do diâmetro, espessura da parede, comprimento a ser
abaixado e peso do tubo. Normalmente, o número de tratores está entre 4 e 8. é
útil conhecer a capacidade de elevação do tamanho do trator para ajudar a estimar
o número a ser atribuído a essa equipe. A seguir estão as capacidades de
elevação com contrapesos estendidos em 1,22 metros.

Figura 19: Atividade de abaixamento de coluna

3.16. Teste Hidrostático

O teste hidrostático tem por finalidade testar a resistência mecânica e a


estanqueidade da tubulação. Segundo [7] o ensaio de resistência mecânica tem
como objetivo verificar a resistência do trecho e aliviar as tensões decorrentes
durante a montagem e sumariamente o objetivo de se testar a estanqueidade é
verificar eventuais vazamentos. Antes do teste é feita uma limpeza no duto através
de procedimentos e equipamentos adequados.

Alguns detalhes importantes na realização dos testes hidrostáticos como


determinar se há um único teste ou mais testes necessários. Deve-se notar que a
opção de mais testes terá aproximadamente o dobro do custo direto e pode ter
um impacto significativo no cronograma de construção, aumentando assim as
durações das despesas gerais de campo. Uma análise bastante detalhada do
cronograma é necessária caso dois ou mais testes forem necessários.
30

Atenção especial para as fontes de água de enchimento e os locais de descarga


devem ser determinados ou assumidos. A água proveniente da limpeza é
depositada em bacias preparadas para recebê-la e posteriormente é feito o
descarte em local apropriado e autorizado.

A água utilizada nos testes hidrostáticos (TH) é captada de um rio num ponto
outorgado pelo órgão ambiental e ao final de cada etapa (limpeza/teste) retornará
para o local de origem.

Figura 20:Preparação para o a limpeza e teste

Figura 21: Bacia

Figura 22: Preparação para a calibração


31

3.17. Trepanação

Segundo [8] a etapa de trepanação é uma técnica na qual é realizada a


perfuração e corte de um duto em operação, para isso é necessária a instalação
de conexões soldadas na tubulação. Tais conexões são necessárias para a
instalação de uma válvula e máquina de perfuração e corte.

Figura 23: Conexões para fixação de máquina de trepanação

A figura acima mostra uma conexão soldada em um duto. A trepanação é


um método bastante atrativo, pois permite estender ou modificar sistemas já
existentes, substituir trechos ou partes defeituosas, instalar instrumentos e
dispositivos ao duto, sem a necessidade de interromper a operação, reduzindo
perdas e custos. A operação de trepanação consiste na soldagem das conexões,
instalação da máquina de corte e válvula, conforme etapa, abertura da válvula,
abaixamento da serra e realização do corte, etapa II, remoção da serra e parte
cortada, conforme etapa III, fechamento da válvula, remoção do produto residual
e retirada do equipamento de corte, etapa IV. Todas as etapas estão
exemplificadas conforme ilustrado na figura 24.
32

Figura 24: Etapas do corte da tubulação

Após o corte da tubulação, conforme etapa II da figura 24, em sequência será


acoplada uma máquina, conforme figura 25, com um balão na extremidade da
haste da válvula, que por sua vez quando inserido dentro da tubulação, o mesmo
é inflado ocasionando o bloqueio da linha em ambos os lados. Esta atividade
ocorrerá sempre em dois pontos da tubulação e entre estes dois pontos ocorrerá
o seccionamento.

Figura 25: Processo de bloqueio por trepanação


33

3.18. Tie in

A palavra tie-in na indústria de construção e montagem de minerodutos faz


referência a união da tubulação existente juntamente com a tubulação recém-
construída e testada através do processo de soldagem. As seções de tubulação
em cada conexão (baixa e alta pressão, quando instaladas) devem ser
seccionadas após o bloqueio e drenagem. Os trabalhos de acoplamento e
soldagem de juntas devem ser realizados conforme procedimento aprovado para
cada atividade. Deve-se ter cuidado especial com o esmerilhamento do chanfro
(extremidade dos tubos), devido à diferença de espessura da parede entre cada
extremidade do tubo. A equipe de engenharia deve aprovar o procedimento
técnico e alertar se for necessário tubo de transição de espessura de parede. A
junta deve ser inspecionada por método não destrutivo. A junta aprovada deve ser
revestida, os balões de bloqueio removidos e o tampão de parada inserido na
conexão permanente de alta pressão. Terminadas essas etapas, considera-se
concluído o novo trecho substituído. A equipe operacional monitorará
integralmente as atividades de teste até a data de tie-in.
As seções de tubos devem ser projetadas com uma sobreposição de pelo
menos três metros para facilitar o processo de ligação. Quaisquer soldas que
possam ser concluídas antes do abaixamento na vala devem ser feitas antes do
tie-in. Devem ser usados pelo menos três equipamentos, geralmente tratores
esteira com lanças laterais e guincho hidráulico, capazes de içar e alinhar o
mineroduto. Antes do início da soldagem da junta final deve ser realizado
alinhamento das extremidades dos tubos. Frequentemente, os tie-ins são
realizados dentro de uma vala e com surgimento de água na parte mais baixa
dela, então as bombas são necessárias na maioria dos trabalhos. Esta atividade
de tie-in, pelo fato de ser realizada dentro de uma vala necessitam de algumas
medidas de segurança como cortes nas paredes da vala para manterem
inclinadas ou utilização de escoramento metálico. As margens inclinadas são
preferíveis se a largura da faixa de domínio não for muito estreita. O trecho de
duto que será desativado permanecerá enterrado, onde será drenado, e suas
extremidades tamponadas.
34

Figura 26: Etapa de acoplamento do tie-in

3.19. Recomposição de Faixa

A operação de limpeza e recomposição de faixa de servidão reclassifica o


direito de passagem para os requisitos finais especificados. Às vezes, taludes
cortados devem ser restaurados. No entanto, é mais comum fornecer acesso
permanente ao longo do duto e não restaurar totalmente estes taludes. Esta
equipe inclui o descarte de rochas deixadas no direito de passagem, remoção e
travessias temporárias de equipamentos em córregos, restauração de cercas e
portões etc.
Segundo [9] a recuperação de áreas degradadas através da atividade
florestal, requer o uso de espécies de rápido crescimento e que sejam capazes de
melhorar o solo, depositando matéria orgânica e reciclando nutrientes. As
leguminosas arbóreas e arbustivas surgem como alternativas excepcionais para
tais finalidades. Nos processos de revegetação podem ser usadas duas técnicas
distintas: "restauração" e "reabilitação". A "restauração" refere-se a série de
tratamentos que buscam recuperar a forma original do ecossistema, isto é, sua
estrutura original, dinâmica e interações biológicas. Ela é geralmente
recomendada para ecossistemas raros e ameaçados: geralmente demanda mais
tempo e resulta em maiores custos. "Reabilitação" diz respeito a tratamentos que
buscam a recuperação de uma ou mais funções do ecossistema, que pode ser
basicamente econômica e/ou ambiental.
Equipes distintas e multidisciplinares instalarão marcadores, cabos de teste,
controle de erosão permanente e replantio ou hidrossemeadura.
35

Alguns equipamentos, como motoniveladoras e tratores de esteiras podem


ser utilizados nesta etapa final da restauração da faixa de servidão do mineroduto.
Deverão ser tomadas medidas que proporcionem a difusão das águas
pluviais na faixa de domínio ou o seu desvio para locais estabilizados, de modo a
minimizar os problemas associados ao fluxo concentrado de água, ou com
velocidades altas e associados à remoção da cobertura vegetal durante as
atividades de construção do duto.
A drenagem superficial deverá ser executada sempre que a faixa de domínio
apresentar declive longitudinal acima de 3%, quando o terreno for formado por
solos de pouca ou média coesividade e sempre que a faixa se estender por mais
de 100 m em declive contínuo.
A finalidade da drenagem é evitar processos de erosão que possam afetar
a estabilidade da faixa ou provocar a formação de sulcos e também assegurar a
proteção de cortes e aterros e do reaterro da vala do duto.

Figura 27: Etapa de recomposição de Faixa

3.20. Sinalização

Deve ser previsto pela equipe de Engenharia de Projetos a instalação de


sinalização específica da faixa, para entrega do trecho do Mineroduto. Segundo
norma [10] ao longo da faixa de servidão do mineroduto devem ser instalados, os
seguintes elementos para identificar as instalações e alertar o público sobre a
existência das mesmas como : marcos de limite de Faixa, marcos de sinalização
de mineroduto enterrado, marcos de leito de anodos, marcos para inspeção aérea,
placas de indicação de acesso, placas de identificação de instalações na
36

superfície da Faixa, placas de advertência e orientação com informações e


mensagens de prevenção de Incidentes dirigidas às comunidades vizinhas,
sinalização dos cruzamentos com linha de transmissão. Toda sinalização deve
obedecer, quando for o caso, as restrições previstas pelo órgão regulador do uso
do espaço público.

Figura 28: Marco aéreo com ponto de teste instalado

Figura 29: Marco terrestre com ponto de teste instalado


37

3.21. Obras Especiais

Segundo [10] obras especiais são quaisquer trechos de três ou mais soldas
que não forem feitas pela equipe principal chamada de ponteada. Estes
fechamentos de trechos abertos podem apresentar em rios, passagens aéreas,
estradas, regiões alagadas, locais com rochas, propriedades com impedimento
jurídico etc.

3.21.1. Revestimento de concreto

Ao longo do traçado do mineroduto houve várias travessias de cursos


d´água, estradas vicinais e rodovias sendo que para estas situações exige
abertura de vala perpendicular a estes obstáculos, se assim podemos dizer, e está
metodologia de construção é comumente conhecida pelos empreiteiros de
construção e montagem de minerodutos como corte a céu aberto e para tal o
projeto detalhado especifica tubos com revestimento de concreto contínuo para
controle de flutuabilidade. Isso pode ser realizado na maioria das vezes no
canteiro do próprio empreiteiro ou montar uma operação de conformação no
cruzamento para travessias muito grandes.

Figura 30: Detalhe concretagem de tubos


38

3.21.2. Travessia de rios e córregos

Esta operação abrange travessias fluviais a céu aberto. Estes podem ser
muito pequenos, cruzando para esforços muito grandes que dramaticamente de
trabalho para trabalho. As fotos abaixo mostram uma variedade de travessias de
rios. As travessias de rios são frequentemente programadas em torno dos fluxos
de água sazonais e em épocas ambientalmente sensíveis do ano. Como
resultado, às vezes o tubo precisa ser soldado por uma equipe especial em vez
das equipes principais. Além disso, devido ao alto custo da travessia, geralmente
é especificado e/ou prudente realizar um pré-teste as seções de tubo antes de
serem instaladas. Isso deve ser feito pelo teste equipe.

Figura 31: Travessia de rio a céu aberto


39

3.21.3. Travessias aéreas

Minerodutos possuem uma particularidade conforme [2] quanto ao seu grau


de inclinação com o intuito de se evitar uma possível sedimentação da polpa e por
este motivo em alguns relevos mais acidentados existem as travessias aéreas.
Estas sempre que possível devem ser evitadas.
As travessias aéreas em sua maioria podem ser desde vãos bastante
simples conforme foto abaixo até travessias com vários pilares de ancoragem. Um
detalhe específico nas travessias aéreas deve ser observado que se utiliza uma
pintura ou revestimento sobre o revestimento de tripla camada. O objetivo desta
nova camada de revestimento é para se evitar a degradação do revestimento
original sob ação de intempéries.

Figura 32: Passagem aérea


40

3.21.4. Furo direcional HDD (horizontal directional


drilling)

Segundo [11] perfuração horizontal direcional ou furo direcional ou ainda


chamada de HDD (horizontal directional drilling) é uma alternativa de construção
para cruzamentos, rios e travessias pelo método não destrutivo. Esta atividade é
necessária para se transpor rodovias, comunidades de grande população, rios
extensos etc. A maioria dos construtores de minerodutos não possui capacidade
interna para realizar perfuração direcional horizontal (HDD). Portanto, esta
atividade é geralmente subcontratada a uma empresa especializada. Além dos
fornecedores nacionais, há várias empresas internacionais de HDD que podem
ser mobilizadas para este tipo de construção de mineroduto.
Devemos sempre ter cuidado ao nos comprometermos com a empresa que
realizará o HDD com informações geotécnicas suficientes disponíveis. O maior
problema geotécnico é a perfuração em terreno rochoso. É difícil ou impossível
escarear o furo nessas condições e isso piora com furos de diâmetro maior.
Um detalhe importante na construção e montagem de minerodutos trata-se
da inclinação máxima que pode eliminar a capacidade de especificar HDD´s em
alguns locais. Para minerodutos com limitação de inclinação de 15 por cento, o
ângulo de entrada deve ser reduzido para cerca de 7 graus. A geometria pode não
funcionar para alguns cruzamentos.
A figura abaixo mostra as 3 etapas de realização de um furo direcional. A
primeira entrada I.D.1 é a realização do furo piloto, e como exemplo a travessia
de um rio navegável. A segunda etapa, I.D.2 é referente ao alargamento do furo e
será necessário tantas vezes até o diâmetro necessário para se atravessar o
mineroduto. Finalmente a etapa I.D.3 a coluna do mineroduto toda soldada,
inspecionada e revestida é atravessada por baixo do rio ficando disponível suas 2
extremidades para serem soldadas.
41

Figura 33: Etapas de execução do furo direcional

3.21.5. Fibra ótica

Fibra óptica é um filamento flexível e transparente fabricado a partir de vidro


ou plástico extrudado e que é utilizado como condutor de elevado rendimento de
luz, imagens ou impulsos codificados. Tem diâmetro de alguns micrometros,
ligeiramente superior ao de um fio de cabelo humano. Em minerodutos é muito
utilizada como meio de comunicação como transporte de dados entre as estações
de bombeamento.
Segundo [11] a etapa de instalação da fibra ótica consiste na reabertura de
vala ao lado do mineroduto já instalado e então aplicar uma tubulação de PEAD,
que vem de fábrica em bobinas O conduíte pode ser instalado no fundo da vala
ao longo do tubo (posição das 5 horas) ou depois que a vala foi parcialmente
aterrada (posição das 2 horas). Isso vai depender das especificações e/ou
preferência do contratante. Esta é uma operação relativamente pequena. O
conduíte normalmente é disponibilizado em bobinas que comportam algo como
800 a 1000 metros.
Os sistemas de conexões para estas fibras são bastante rápidos e fáceis de
instalar. O conduíte pode ser cortado e emendado sempre que necessário.
42

A performance desta equipe de instalação de fibra ótica será limitada pelo


progresso da abertura de vala pois uma pequena equipe tem uma velocidade de
instalação de conduítes maior do que a equipe de abertura de vala.

Figura 34: Instalação de fibra ótica

3.21.6. Proteção catódica

A proteção catódica é uma técnica muito utilizada para evitar corrosão


eletrolítica em minerodutos enterrados. Segundo [7] o princípio básico de
funcionamento desta técnica consiste na aplicação de uma corrente elétrica
(corrente contínua) na superfície do duto, com uma intensidade suficiente para
reduzir seu potencial eletroquímico a valores suficientemente baixos que resultem
na diminuição da taxa de corrosão do duto.
Geralmente este serviço é realizado por uma subcontratada especializada
pelo empreiteiro, que executa a engenharia, o fornecimento de material e a
instalação dos retificadores, pontos de testes etc. As leituras de resistividade do
solo podem ser bastante diferentes antes e depois da abertura de faixa / topografia
do terreno. Como resultado, é difícil obter uma cotação ou estimativa significativa
durante as fases de engenharia do projeto.
43

Figura 35: Retificador de proteção catódica

3.21.7. Controle de erosão permanente

A equipe permanente de controle de erosão instala vários dispositivos para


controlar a erosão na faixa de domínio da tubulação. Alguns desses dispositivos
incluem gabiões, sacos de areia, muros de contenção, estruturas de drenagem,
bermas de barragem de água na faixa de domínio, ressemeadura, plantio etc.
Este tipo de trabalho requer uma quantidade considerável de mão de obra
e pode ser um gasto considerável, principalmente em terrenos íngremes e áreas
com grandes cortes.

Figura 36: Técnicas de controle de erosão


44

4. Conclusão
Um suscinto significado para duto seria a designação da ligação de tubos
destinados ao transporte de petróleo, seus derivados, gás natural e minério em
forma de polpa. Eles são classificados em oleodutos, quando transportam
líquidos, ou seja, petróleo e seus derivados, gasodutos quando transportam gases
e minerodutos quando transportam por exemplo polpa de bauxita.
O processo de construção e montagem de dutos consiste na ligação de
vários tubos de comprimento e diâmetro variável. Após a confecção do duto, este
é enterrado a cerca de 1 metro de profundidade. Para a construção de dutos, as
indústrias contratam empresas especializadas, porém ficam responsáveis pela
supervisão dos serviços para que seja garantida a qualidade, o prazo e o custo.
Devido ao deslocamento permanente de máquinas, equipamentos, veículos
pesados, pessoas, alojamentos, alimentos e energia, por locais sem
infraestrutura de acesso, à medida que a matéria-prima vai se transformando no
produto final, uma obra de dutos é similar a uma obra de estrada de rodagem.
Diante do exposto acima este estudo mostra que todas as etapas de
projeto e construção de um oleoduto ou gasoduto são muito semelhantes as
etapas de construção de um mineroduto de bauxita. Alguns pontos relevantes
para a construção de um mineroduto de bauxita mesmo na fase de engenharia
será a classificação do minério de bauxita, especificamente se referindo a
granulometria deste minério, pois será fundamental na escolha do material e
espessura do tubo devido a taxa de desgaste anual impactando na vida útil do
projeto. Esta particularidade de minerodutos não é predominante na indústria de
óleo e gás por exemplo. Outra premissa muito importante no projeto e construção
de minerodutos é a inclinação do duto pois acima dos 15% do nível do solo
corrobora muito em uma possível sedimentação deste minério e consequências
como entupimentos localizados.
Referências bibliográficas

[1] Tamietti Prado, Ricardo. Projetos Industriais, Unileste.

[2] RELATÓRIO – SITE SURVEY. 105446-01-1013-RPT-J-0001, HYDRO,


Out. 2022.

[3] AMERICAN WELDING SOCIETY, Brazing manual. 3.ed., Miami, 1976

[4] ASME B31.4: PIPELINE TRANSPORTAION SYSTEM FOR LIQUID AND


SLURRIESES. Standard, American National, New York, NY, 2012.

[5] ABNT NBR 15280-2: DUTOS TERRESTRES PARTE 2: CONSTRUÇÃO E


MONTAGEM, 2014.

[6] ABNT NBR 6493: EMPREGO DE CORES PARA IDENTIFICAÇÃO DE


TUBULAÇÕES, Outubro 1994.
[7] FREIRE, J. L. F. ENGENHARIA DE DUTOS. ABCM, 2009
[8] SILVA GUIMARÃES TORRES, AYRON. SOLDAGEM DE REPARO EM
DUTOS DE TRANSPORTE PRESSURIZADOS E EM OPERAÇÃO. UFMG,
Departamento de Engenharia Mecânica, 2016.

[9] MINERODUTO PARA TRANSPORTE DE POLPA DE CAULIM" PLANO DE


CONTROLE AMBIENTAL - PCA Relatório Técnico CPM 016/01., IMERYS RIO
CAPIM CAULIM S/A, 03/2001.

[10] ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA DE PROTEÇÃO CONTRA EROSÃO.


AUSENCO, abril 2020.

[11] CIANCIARULLO, M.I. ECONSTRUÇÃO DE GASODUTOS E OLEODUTOS.


AED INTERCIÊNCIA, 2022

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